Aula 11 - Prevenção e Controle da Hanseníase e Tuberculose - Parte II.pdf
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptx
1. Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA)
“Uma lenta “caminhada”
até à morte”
Trabalho realizado por:
Filipe Libório, nº: 12
Gonçalo Oliveira, nº: 13
Ano Letivo 2021/2022
2. Índice
Introdução
O que é a ELA: Patogenia e Definição médica
O que causa a ELA? (A genética e a hereditariedade)
Métodos de diagnóstico
Sintomas comuns associados à ELA
Sinais progressivos da doença
O sistema nervoso e a ELA
O Sistema imunitário e o combate à ELA
Métodos de tratamento
Ação do fármaco Riluzol num doente com ELA
Pesquisas sobre a ELA
Viver com ELA
Curiosidades
Conclusão
3. Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Biologia com o intuito
de dar a conhecer mais sobre a esclerose lateral amiotrófica(ELA).
Iremos abordar todas as vertentes da doença, seja as suas causas, sintomas,
tratamentos e ainda mostrar a sua relação com o genoma humano e com o
nosso sistema imunitário.
Para este trabalho foram utilizadas diversas fontes cientificas que nos
permitiram entender melhor o funcionamento do nosso sistema nervoso e as
consequências das mutações genicas que possam causar um mau
funcionamento do mesmo.
4. O que é a ELA: Patogenia
e Definição médica
A Esclerose Lateral Amiotrófica
(ELA) é uma doença neurológica
degenerativa, progressiva e rara, sendo a
forma mais frequente de Doença do
Neurónio Motor (DNM).
Num paciente com ELA, os neurónios
motores que conduzem a informação do
cérebro aos músculos do nosso corpo,
passando pela medula espinhal, morrem
precocemente. Como resultado, esses
músculos, que são os que nos fazem
mexer (músculos estriados esqueléticos),
ficam mais fracos.
A esclerose lateral amiotrófica (ou
doença de Lou Gehrig) é a forma mais
comum de doenças dos neurónios
motores.
5. O que causa a ELA?
(A genética e a hereditariedade)
Apesar dos avanços médicos ao longo dos últimos
anos, ainda não é certa a verdadeira causa do
aparecimento da Esclerose Lateral Amiotrófica.
No entanto, tal como o Alzheimer e o Parkinson, a
ELA pode ser herdada, apesar de na sua
generalidade aparece em pessoas sem histórico
familiar da doença. Com doenças hereditárias, a
causa é uma alteração nos genes, chamada de
mutação. A mudança no DNA é refletida num erro na
formação de uma proteína. Ou a proteína não é
formada corretamente, ou não é feita por inteiro
devido ao corte pela alteração genética.
Os genes estão contidos nos cromossomas,
embalados no interior do núcleo de cada célula. As
instruções do código genético especificam como
sintetizar as proteínas, os blocos de construção de
todos os materiais da vida. Cada gene codifica uma
única proteína. As proteínas são as enzimas que
norteiam uma característica química da célula, os
motores moleculares que transportam as proteínas
para os seus lugares, as fibras moleculares que
contraem os músculos, os sinais que comandam as
atividades celulares.
Em alguns casos de ELA, mutações conhecidas na
enzima SOD1 fazem uma alteração nesta proteína.
Numa outra mutação, ligada a uma forma muito
rara, juvenil da ELA, uma proteína chamada ALSIN já
não é sintetizada.
6. O que causa a ELA?
(A genética e a hereditariedade)
Em algumas doenças os pesquisadores descobriram exatamente como a mutação produz um problema. Muitas
vezes, apesar de saber que existe uma mutação, os cientistas ainda não têm uma explicação clara de como essa
mutação resultante a doença. Para a ELA, embora a mutação seja conhecida em alguns casos hereditários, os
pesquisadores ainda estão trabalhando arduamente para resolver como a mutação faz com que os neurónios
motores e suas células circundantes têm sua função alterada e morrem.
• ELA Esporádica – a forma mais comum de ELA-90 a 95% de todos os casos.
• ELA Familiar – ocorrendo mais de uma vez em uma família e é responsável por 5 a 10% de todos os casos.
• Só 10% da ELA é herdada (também chamada esclerose lateral amiotrófica familiar ou ELA8). Destes, uma
mutação é conhecida por apenas cerca de 20 %. Isto significa que apenas cerca de 2% de todos os pacientes com
ELA têm a alteração genética SOD1.
Em 1991, pesquisadores ligaram a ELA familiar ao cromossoma 21. Em 1993, a equipe de pesquisa identificou o
defeito preciso, uma alteração no DNA para uma proteína designada como superóxido dismutase cobre-zinco
1(SOD1). Desde então, pesquisadores encontraram mais de 100 mutações em diferentes lugares das instruções
codificadas do DNA para sintetizar SOD1.
Esta proteína é uma enzima que normalmente protege as células contra os subprodutos prejudiciais dos
processos celulares. Mas, na ELA, a SOD1 defeituosa parece perder sua função protetora. Em vez disso, as
evidências apontam para uma nova característica tóxica adquirida pela enzima alterada, levando então à
degradação dos neurónios motores. Os cientistas ainda estão tentando descobrir os detalhes moleculares da
toxicidade adquirida.
7. O que causa a ELA?
(A genética e a hereditariedade)
Os pesquisadores estão tentando identificar os genes exatos responsáveis por outros casos herdados
de ELA. Encontrar diferentes famílias com a doença em várias gerações levou os cientistas a
investigar cromossomos diferentes, onde a mutação genética pode residir. Estas regiões suspeitas
estão em vários cromossomas, incluindo aqueles numerados 16, 18, e 20 (humanos possuem 23
cromossomas referidos por números).
“A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é portanto uma desordem degenerativa devastadora e
uniformemente letal dos neurónios motores que se sobrepõe clinicamente à demência
frontotemporal (FTD), onde 10% de casos de ELA que são transmitidos como traços dominantes têm
revelado numerosos genes mutações e variantes que ou causam estas perturbações ou influenciam o
seu fenótipo clínico. A compreensão evolutiva da arquitetura genética da ALS tem iluminado amplos
temas na fisiopatologia molecular tanto da ALS e FTD familiar como esporádica.
Os temas abrangem perturbações da homeostase proteica, alterações na biologia do ARN proteínas
de ligação, e defeitos na dinâmica citoesquelética, assim como numerosos a jusante eventos
fisiopatológicos, que irão levar portanto à evolução progressiva da doença.”
8. Métodos de diagnóstico
Não existe nenhum teste específico para esta doença. Por isso, o diagnóstico requer a realização de um exame neurológico bem como uma série de
análises que excluam outras patologias.
Devem-se afastar:
Compressões medulares, seja por tumores da medula espinal ou patologias raquidianas.
Miopatias, atrofia por escoliose cervical, disco intervertebral roto, malformações congênitas da coluna cervical e esclerose múltipla (devem ser excluídos
como causa da atrofia muscular).
Exames como Tomografia Computadorizada (CT) e Ressonância Magnética Raquidemular (RNM) e Eletroneuromielografia são elementos de peso
para corroborar os achados clínicos.
Por costume realizam-se ainda mais estudos eletrofisiológicos, como a eletromiografia (técnica de monitoramento da atividade elétrica das
membranas excitáveis das células musculares), análises laboratoriais ao sangue e urina, ressonância magnética, mielograma (exame
para avaliação da medula óssea, normalmente feito através de uma punção óssea) e biópsias a músculos e/ou nervos.
É bom lembrar que os sistemas sensitivos, os movimentos oculares voluntários e as funções intestinais e urinárias costumam ser normais.
9. Sintomas causados pela ELA
Falta de força muscular (fraqueza)
Atrofia muscular e atonia
Espasmos involuntários nos músculos
(fasciculações)
Cãibras
Fadiga
Músculos presos por aumento do seu tónus
(espasticidade)
Aumento da quantidade de saliva
Disfagia e Disartria
Sintomas mais
comuns
causados pela
ELA
10. Sinais progressivos da doença
Esta doença começa principalmente com o enfraquecimento, geralmente nas mãos e, menos
frequentemente, nos pés ou na boca e garganta. A fraqueza pode progredir mais num lado do corpo
do que no outro e apresenta-se, em geral, de forma ascendente, num braço ou numa perna. Os
músculos, geralmente aqueles nas mãos e pés, começam a se desgastar (atrofia). As cãibras
musculares também são frequentes e podem surgir antes da fraqueza, mas não ocorrem alterações
na sensibilidade. Perda de peso e sensação de cansaço incomum.
Com o tempo, a fraqueza aumenta.
Quando a esclerose lateral amiotrófica afeta os nervos motores no cérebro, o tônus muscular
normalmente aumenta e os músculos tendem a tornar-se rígidos e tensos, causando espasmos
musculares (chamado espasticidade). Os movimentos são rígidos e desajeitados. Quando os nervos
motores na medula espinhal são afetados, o tônus muscular diminui, fazendo com que os membros
pareçam soltos e flácidos. Quando a conexão entre nervos motores e os músculos é perdida, os
músculos contraem-se espontaneamente (chamado fasciculações).
11. Sinais progressivos da doença
Pode ficar difícil controlar as expressões faciais. A fraqueza dos músculos da garganta
pode causar alteração da fala e dificuldade em engolir (disfagia). Como é difícil engolir,
as pessoas, às vezes, babam e têm mais probabilidade de engasgar com líquidos.
Alimentos ou saliva podem ser inalados (aspirados) para dentro dos pulmões,
aumentando o risco de pneumonia (chamada de pneumonia por aspiração). A voz
geralmente soa nasal mas pode ser rouca.
Conforme os sintomas progridem, as pessoas podem não conseguir controlar as
respostas emocionais e podem rir ou chorar em situações impróprias.
Por fim, os músculos implicados na respiração ficam fracos, ocasionando problemas
respiratórios. Algumas pessoas têm necessidade de um ventilador artificial para
respirar.
12. Sinais progressivos da doença
A rapidez com a qual a esclerose lateral amiotrófica avança é variável:
Aproximadamente 50% das pessoas com a doença chegam a óbito em 3 anos depois dos
primeiros sintomas.
Aproximadamente 20% vivem 5 anos.
Aproximadamente 10% vivem 10 anos ou mais.
Poucas pessoas têm sobrevida superior a 30 anos.
13. O sistema nervoso e a ELA
O sistema nervoso é a parte do organismo que coordena todas as funções do corpo humano, armazena as informações e
permite ao corpo: reagir a variações e mudanças dos ambientes do meio (interno e externo); a difundir as modificações
que essas variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo
(homeostasia). É o sistema envolvido na coordenação e regulação das funções corporais. Os neurónios são a unidade
funcional deste sistema, são células nervosas especializadas que desempenham o papel de conduzir a transmissão de
impulsos nervosos e nas funções, como o pensamento, o controle da atividade muscular e a regulação das glândulas.
Portanto os neurónios são as unidades básicas do sistema que processa as informações e estímulos no corpo humano, o
neurónio é composto de um corpo celular, dendrites e axónio.
Os dendrites são ramificações citoplasmáticas, prolongamentos mais curtos quando comparados ao axónio, e apresentam-
se bastantes ramificados e numerosos. Eles estão relacionados com a função de receber e conduzir os impulsos em direção
ao corpo célula, já os axónios normalmente são únicos, com ramificações geralmente em sua extremidade. Esse
prolongamento pode atingir até 1 metro de comprimento e está relacionado com a transmissão do impulso nervoso, o qual
dá-se através de sinapses.
O sistema nervoso está dividido em 2 partes :o sistema nervoso central e o sistema nervoso Periférico.
As principais funções do SNC são: integrar e coordenar a entrada e saída dos sinais neurais e executar funções, como
pensar, aprender e memorizar.
O Sistema Nervoso Central, é constituído pelo encéfalo e pela medula espinal, no SNC é composto por duas substância
chamadas massas cinzenta e branca. A massa cinzenta é formada pelos corpos dos neurónios e neuroglias, e a massa
branca é formada por seus prolongamentos (dendritos, axônios e neuroglias) que são vias de transmissão do impulso
nervoso. Com exceção do bolbo e da medula, a massa cinzenta ocorre mais externamente e a massa branca, mais
internamente.
14. O sistema nervoso e a ELA
Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, protegendo o encéfalo; e a coluna vertebral,
protegendo a medula – também denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção
esquelética: dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna), entre as meninges aracnóide e pia-máter há
um espaço preenchido por um líquido denominado, líquido cefalorraquidiano ou líquor
O sistema nervoso periférico SNP é a parte do sistema nervoso que se encontra fora do sistema nervoso central SNC, conduz
impulsos de e para o encéfalo e medula espinhal. É composto por fibras (nervos), pelos 12 pares de nervos cranianos, 31 pares de
nervos espinais e os gânglios, que são os corpos dos neurônios e órgãos terminais, formando o sistema nervoso central. Sua
função é conectar o sistema nervoso central com as outras partes do corpo humano.
A ELA atua no sistema nervoso pois degenera de forma progressiva os neurónios motores localizados no cérebro e na medula
espinhal, estes que conduzem o impulso codificado no encéfalo (sistema nervoso central) até ao órgão efetor. Em outras
palavras, quando o humano levanta uma perna, está fazendo com que o cérebro envie esta mensagem para a perna, a fim de
movimentá-la. Como o próprio nome já diz, nervos motores são nervos que realizam o movimento e a sua degeneração leva a
paralisia motora irreversível pois sem estes a pessoa não consegue movimentar se.
15. O sistema imunitário e o combate à ELA
O sistema imunitário é constituído por um diverso
conjunto de órgãos, tecidos e células capazes de
reconhecer os elementos próprios e estranhos ao
organismo e de desenvolver ações que protegem o
organismo de agentes patogénicos e das células
cancerosas.
Uma característica importante do sistema imunitário é a
capacidade de "memória" em relação a substâncias
estranhas que invadiram anteriormente o organismo e às
quais ele reage rapidamente quando ocorrer nova infeção.
Engloba o conjunto de defesas contra microrganismos e
células estranhas ao nosso organismo e é constituído por
duas linhas de defesa: a específica e a não específica.
16. O sistema imunitário e o combate à ELA
Muitos “atores” de defesa imunitária são leucócitos, alguns dos quais
especializados em certas funções.
As células do sangue estão em suspensão no plasma e apresentam características
muito próprias.
17. O sistema imunitário e o combate à ELA
1. Hemácias- Células em forma de disco bicôncavos, o que lhes proporciona uma grande área. Não possuem núcleo
nem organelos citoplasmático. Contêm hemoglobinase a sua função é transportar O2 e CO2.
2. Glóbulos brancos:
Granulares:
-Neutrófilos: Possuem núcleo multilobado. Têm pouco tempo de “vida, algumas horas a dias. Fazem a fagocitose e
são os primeiros leucócitos a chegar aos tecidos afetados, atraídos pela quimiotaxia (processo de migração das
células em direção a um gradiente). químico.
Existem cerca de 3000 a 7000 por mm cúbico de sangue. Um neutrófilo circula na corrente sanguínea saindo por
diapedese ao ser atraído por um estímulo quimiotático para o local onde microrganismos invadem um tecido,
produzem citocinas que contribuem para a resposta inflamatória e defesa do tecido afetado e fazem a fagocitose.
-Basófilos:
Possuem núcleo multilobado. Quando ativados libertam substâncias como a histamina, que produzem um resposta
inflamatória.
Existem cerca de 20 a 50 por mm cúbico de sangue.
-Eosinófilos:
Reduzem a reação inflamatória, pela produção de enzimas que degradam as substâncias químicas produzidas pelos
basófilos.
Existem cerca de 100 a 400 por mm cúbico de sangue.
18. O sistema imunitário e o combate à ELA
Agranulares:
-Monócitos:
Têm o núcleo reniforme (forma de rim) e muito citoplasma, circulam no sangue durante poucas horas e depois
migram para os tecidos, aumentam de tamanho e transformam-se em macrófagos e fazem a fagocitose.
Os macrófagos são células de grandes dimensões, que vivem muito tempo. Existem cerca de 100 a 700 por mm
cúbico de sangue.
-Linfócitos:
Os linfócitos têm um núcleo relativamente grande e pouco citoplasma. Existem cerca de 1500 a 3000 por mm cúbico
de sangue.
Os linfócitos entre si distinguem-se pelos recetores existentes na membrana celular que lhes permite reconhecer
numerosas moléculas.
Atuam de forma diferente dos restantes leucócitos.
Linfócitos B:
Quando ativados, diferenciam-se em plasmócitos que produzem anticorpos, e diferenciam-se também em células de
memória.
Linfócitos T:
Contribuem para a ativação dos linfócitos B e destroem células infetadas por vírus e células tumorais.
Plaquetas- Corpusculos celulares muito pequenos resultantes da fragmentação de grandes células da medula
óssea chamadas megariocitos a sua função é a coagulação do sangue.
19. O sistema imunitário e o combate à ELA
Defesa não específica – A imunidade inata
A defesa não especifica ou imunidade inata refere-se ao conjunto de
processos em que o organismo previne a entrada de agentes estranhos,
reconhece-os e destrói-os. A resposta do organismo é sempre a mesma,
qualquer que seja o agente invasor e qualquer que seja o número de vezes
que este contacte com o organismo.
Processos mais importantes desta defesa
A primeira linha de defesa são as superfícies que entram em contacto com o
meio exterior e temos:
Barreiras anatómicas:
A pele, os pelos das narinas, as mucosas (forram as cavidades do corpo que
abrem para o exterior e segregam muco que dificulta a fixação de micro-
organismos e a sua multiplicação), as secreções e enzimas (por exemplo, as
glândulas sebáceas, sudoríparas e lacrimais).
20. O sistema imunitário e o combate à ELA
Pele –a pele é a nossa principal barreira, constituída por queratina impede a
entrada de microrganismos.
Muco- O muco reveste as mucosas e normalmente os invasores aderem a ele.
Cílios- “varrem” os microrganismos para fora do órgão.
Saliva, lágrimas e enzimas
As enzimas contidas na saliva e na lágrima possuem ação bactericida. Algumas
enzimas possuem o pH muito ácido, que impede a proliferação de
microrganismos na região, como é o caso do estômago e da vagina.
Comensais
No intestino e na vagina há numerosos microrganismos da flora normal que
impedem a proliferação de microrganismos externos, competindo por comida e
espaço.
21. O sistema imunitário e o combate à ELA
A segunda linha de defesa é constituída por:
Resposta inflamatória
É uma sequência complexa de acontecimentos que ocorre quando estes agentes
patogénicos conseguem ultrapassar as barreiras anatómicas. No tecido atingido
pelos agentes patogénicos, diversos tipos de células, como, por exemplo,
mastócitos e basófilos, produzem histamina e outros mediadores químicos que
provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e aumentam a sua permeabilidade,
como consequência aumenta a quantidade de fluido intersticial.
Estes mediadores químicos vão então, ativar o sistema imunitário, atraindo ao
local os "atores" da resposta. Este fenómeno designa-se por quimiotaxia. Os
neutrófilos e os monócitos deixam então os vasos sanguíneos e dirigem-se aos
tecidos infetados, por um fenómeno designado por diapedese. Os monócitos
transformam-se então em macrófagos, e estes juntamente com os neutrófilos vão
fagocitar os agentes patogénicos e os seus produtos. Os efeitos mais comuns de
uma reação inflamatória são: edema, rubor, calor e dor.
Quando os agentes patogénicos são particularmente agressivos é acionada uma
reação inflamatória sistémica, que ocorre em várias partes do organismo, resposta
sistémica. Temos então o aparecimento de febre e um aumento do número de
leucócitos em circulação.
22. O sistema imunitário e o combate à ELA
Interferões
Quando os vírus infetam os tecidos, determinadas células
do organismo, formam proteínas que se difundem e saem
da célula. Uma vez fora das células elas ligam-se à
membrana citoplasmática de outras célula vizinhas não
afetadas, estimulando-as a produzir proteínas antivirais
que inibem a replicação dos vírus. Estas proteínas são os
interferões e são moléculas importantes na limitação da
propagação de determinadas infeções virais. O
interferão estimula as células vizinhas a produzir as suas
próprias moléculas proteicas antivirais e forma-se um
cordão protetor.
O vírus em contacto com as proteínas antivirais torna-se
pouco efetivo na infeção das células.
23. O sistema imunitário e o combate à ELA
A defesa específica
Interatua com a primeira e a segunda linha de defesa e inclui o conjunto de
processos através dos quais o organismo reconhece os agentes patogénicos e
os destrói de uma forma dirigida e eficaz.
Este tipo de defesa é mais demorada, os mecanismos desta defesa são
mobilizados ao longo de vários dias, mas a resposta é extremamente eficiente
porque é específica e a resposta ao agente patogénico melhora a cada novo
contato com o organismo.
Na defesa específica intervém o sistema linfático constituído pelos órgãos
linfáticos primários e secundários ou periféricos e as células efetoras que são
os linfócitos.
24. O sistema imunitário e o combate à ELA
Órgãos linfáticos primários :
Timo e medula óssea vermelha– local de formação e maturação de linfócitos.
Órgãos linfáticos secundários:
Baço, amígdalas, gânglios linfáticos e tecido linfático que se distribui ao longo
do intestino delgado e apêndice – local de desenvolvimento da resposta
imunitária.
Todos os agentes estranhos ao indivíduo e que desencadeiam uma resposta
específica são designados antigénios. Estes podem ser macromoléculas livres ou
estruturas existentes na superfície das células originados de vírus, pólen,
hemácias de outros seres, tecidos enxertados, órgãos transplantados e parasitas.
25. O sistema
imunitário e o
combate à ELA
Células efetoras(Linfócitos):
Existem dois tipos de linfócitos, o T e o B.
Os linfócitos T formam-se na medula óssea
vermelha, mas amadurecem no Timo, e os
linfócitos B formam-se e amadurecem na
medula vermelha dos ossos.
Durante a maturação dos linfócitos B e T
adquirem recetores superficiais para
variados antigénios, passando a reconhecê-
los e tornando-se células
imunocompetentes, ou seja, células capazes
de resposta imunitária.
Depois de maturados os linfócitos passam
para a corrente sanguínea e deslocam-se
para os órgãos linfoides secundários ou, caso
haja uma resposta inflamatória, deslocam-
se para o local da inflamação para atuar no
agente estranho (antigénio).
Os linfócitos T e B não constituem, cada um
deles, uma população homogénea, cada tipo
possui vários subgrupos.
26. O sistema imunitário e o combate à ELA
“Apesar da grande heterogeneidade genética, ambiental e clínica na esclerose lateral amiotrófica, uma doença
neurodegenerativa e rapidamente fatal que visa os motoneurões, a neuroinflamação é uma descoberta comum. É marcada
por activação glial local, infiltração de células T e a activação do sistema imunitário sistémico.
O sistema imunitário tem um papel proeminente na patogénese de várias doenças crónicas, daí que alguns deles, incluindo
alguns tipos de cancro, sejam alvo com sucesso de abordagens imunoterapêuticas.
No entanto, várias terapias anti-inflamatórias ou imunossupressoras na esclerose lateral amiotrófica falharam. Isto levou a
um maior escrutínio sobre os processos imuno-mediados subjacentes à esclerose lateral amiotrófica. Talvez o maior
enigma seja que a patogénese da esclerose lateral apresenta características de três outras disfunções imunitárias distintas
- a inflamação excessiva, a auto-imunidade e respostas imunitárias ineficientes.
Estudos epidemiológicos e de associação a nível do genoma mostram apenas uma sobreposição mínima entre a esclerose
lateral amiotrófica e as doenças auto-imunes, pelo que normalmente se pensa que a inflamação excessiva é secundária à
agregação de proteínas, danos mitocondriais ou outras tensões.
Em contraste, vários esclerófilos laterais amiotróficos recentemente caracterizados como mutações ligadas à ELA,
incluindo as do TBK1, OPTN, CYLD e C9orf72, podem levar a respostas imunitárias ineficientes e/oudanos acumulados,
sugerindo que uma imunodeficiência inata também pode ser um desencadeador e/ou modificador desta doença.
Em tais casos, a imunossupressão não selectiva restringiria ainda mais as respostas imunitárias neuroprotectoras. Aqui
discutem-se várias camadas de neuroprotecção imunitária e neurotoxicidade na esclerose lateral amiotrófica.
É dada especial atenção às mutações individuais dos pacientes que afectam direta ou indiretamente o sistema imunitário,
e os mecanismos pelos quais estas mutações influenciam a progressão da doença.
O tema da imunidade na esclerose lateral amiotrófica é oportuno e relevante, porque é um dos poucos denominadores
comuns e potencialmente maleáveis nesta doença heterogénea. É importante notar que a progressão da esclerose lateral
amiotrófica tem estado recentemente intrinsecamente ligada aos perfis de células T e monócitos dos doentes, bem como
aos polimorfismos nos recetores de citocinas e quimiocinas. Para por esta razão, a estratificação precisa do paciente
baseada na imunofenotipagem será crucial para terapias eficientes.”
27. Métodos de tratamento
Atualmente não existe cura para esta doença. Foi aprovado nos Estados Unidos um
medicamento, Riluzol, que parece reduzir as lesões nervosas, aumentando a qualidade de vida
dos doentes. Contudo, este fármaco não permite reverter as lesões já existentes.
É igualmente importante recorrer a técnicas terapêuticas que possam aliviar sintomas como a
fadiga, as cãibras musculares, a espasticidade, a obstipação, a dor, a depressão e melhorar a
qualidade do sono. Quando a respiração se torna difícil pela fraqueza muscular, pode ser
necessário recorrer a assistência ventilatória durante a noite e/ou durante o dia.
Esta abordagem requer a participação de equipas multidisciplinares que incluam médicos,
farmacêuticos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas e, nalguns casos, assistentes sociais.
Deste modo, é possível conceber planos de suporte individualizados e ajustados às
necessidades de cada paciente.
28. Ação do Riluzol num doente com ELA
O riluzol é um derivado benzotiazol cujo mecanismo
neuroprotector é ainda desconhecido, ainda que parece que
diminui a ação neuroexcitatória do ácido glutâmico
bloqueando a sua transmissão.
Realizaram-se dois ensaios clínicos de características
semelhantes, aleatórios, duplamente cegos, multicêntricos e
controlados com placebo. Entre os dois estudos incluíram-se
mais de 1.100 doentes, obtendo-se resultados
estatisticamente significativos no prolongamento do tempo de
sobrevida.
No entanto, este efeito não se acompanhou de uma melhoria
na força muscular, nem da capacidade pulmonar, ou seja, o
riluzol não modifica os sintomas pré-existentes no doente.
O fármaco apresenta boa tolerância e efeitos secundários
leves e, como consequência disso, em 1996, a FDA aprovou a
sua comercialização e utilização no tratamento da ELA no EUA.
A aprovação do riluzol como primeiro agente para o
tratamento da ELA suscitou um número importante de
questões sobre a eficácia e custo do tratamento. Ainda que os
seus benefícios sejam escassos, trata-se de um ponto de
partida na farmacoterapia da ELA.
29. Resultados de pesquisas sobre a ELA
Atualmente existem diversos investigadores apoiados pelas melhores
universidades do mundo, que se dedicam ao estudo da ELA de modo a
encontrarem novos métodos de tratamento da mesma.
Em 2020, foi realizado um estudo por parte de investigadores da
prestigiada Universidade de Harvard nos Estados Unidos, tendo como
base um novo tratamento da ELA.
O estudo indica que foi combinada a administração de “seis gramas de
fenilbutirato de sódio e dois gramas de taurursodiol”, todos os dias,
durante 24 semanas, em pacientes com ELA. E os resultados mostraram
“uma redução em torno de 25% na velocidade da taxa de progressão do
declínio funcional nos pacientes que receberam a medicação, comparado
com placebo”.
Apesar dos resultados, o estudo ainda está na fase dois, mas, mesmo
assim o estudo mostra avanço no tratamento da ELA.
30. Sobrevida média de um paciente com
ELA
• A principal causa de morte na ELA é a insuficiência respiratória. Os doentes ficam mais suscetíveis a infeções
respiratórias, atelectasias (colapso de segmentos dos pulmões) e a má oxigenação sanguínea.
• Está descrito que a sobrevida média é de cerca de 5 anos nas formas medulares, sendo inferior na forma bulbar, e
pior nas formas respiratória e difusa. Existem formas muito rapidamente progressivas, mas também existem formas
lentamente progressivas nas quais os doentes sobrevivem 10 a 15 anos do início dos primeiros sintomas. Por vezes,
são observadas situações atípicas, de evolução ainda mais lenta da progressão, aspetos que devem ser
considerados.
• A evolução de cada caso é sempre imprevisível.
31. Viver com ELA (o caso
de Stephen Hawking)
O diagnóstico da Esclerose Lateral Amiotrófica é considerado por
muitas pessoas como uma declaração de incapacidade que
culmina numa morte angustiante.
Apesar dos seus sintomas incapacitantes e da baixa esperança de
vida após o diagnóstico da doença, muitos dos doentes com ELA
têm a esperança de viver mais do que lhes foi indicado, tendo
sido o caso de Stephen Hawking um dos mais mediáticos.
Apesar do seu diagnostico precoce (foi lhe diagnosticado aos 21
anos) e reservado, o famoso físico teórico e cosmólogo
britânico, Stephen Hawking superou qualquer das espectativas
médicas e viveu até aos seus 76 anos, ultrapassando a esperança
média de vida de um doente com ELA.
Stephen, mesmo paralisado e sem poder falar (devido a
complicações relacionadas com uma pneumonia associada à
ELA), tornou-se uma das maiores mentes de sempre, formulando
teorias acerca do funcionamento do nosso universo, tendo maior
relevância, o seu estudo sobre os buracos negros.
Mais que inspiração, Stephen é um caso de esperança para quem
vive com ELA pois mostra que é possível ultrapassar qualquer
prognóstico médico, e que com os avanços da medicina um dia
será possível curar a ELA…
32. Curiosidades
A ELA é mais comum em homens do que em mulheres e mais nos caucasianos do que nos indivíduos de raça
negra.
Embora possa surgir entre os 40 e os 75 anos, a maioria dos pacientes tem uma idade superior a 60 anos.
Contudo, esta doença pode manifestar-se em qualquer idade.
Estima-se que existam três a cinco casos de esclerose lateral amiotrófica por cada 100 mil pessoas.
A doença atinge principalmente pessoas do sexo masculino;
Cerca de 10% dos casos têm causa genética ou hereditária e os outros 90% correspondem à forma esporádica da
doença, em que não se consegue identificar a causa;
Apesar de a doença em geral não afetar a memória e a capacidade de pensamento, os pacientes podem
apresentar comprometimento nessas funções. Pesquisas mostram que até 50% dos pacientes podem ter algum
grau de comprometimento cognitivo ou comportamental, e aproximadamente 10% desenvolvem demência, além
de fraqueza muscular;
Estudos genéticos revelam que a ELA provavelmente não é uma doença única, mas um conglomerado ou
combinação de várias doenças relacionadas. Talvez esse seja a motivo da dificuldade de se encontrar um
tratamento que seja eficaz para todos os pacientes.
- Para promover a consciencialização sobre a doença esclerose lateral amiotrófica foi criado o “Ice Bucket
Challenge”, uma atividade que envolve despejar um balde de água gelada sobre a cabeça de uma pessoa este
projeto fez acelerar drasticamente a luta contra ALS pois os pesquisadores de ALS fizeram avanços científicos,
o atendimento às pessoas que vivem com ELA se expandiu e o investimento em pesquisa de doenças do governo
federal cresceu
33. Conclusão
Em suma, a esclerose lateral amiotrófica(ELA) é uma doença neurológica
degenerativa rara que não se sabe ao certo a sua origem, mas crê-se que pelo
menos 10% dos casos tenha origem genética.
Esta evolui de forma progressiva e ataca principalmente o sistema nervoso
central, nos neurónios motores, os mesmo que permitem realizar os
movimentos, por isso é que as pessoas com ela têm atrofia nos músculos,
falta de força muscular e incapacidade de realizar movimentos.
Apesar de atualmente ainda não existir cura para esta doença pode se tomar
um fármaco que quando tomado na fase inicial da doença permite prolongar
um pouco a sobrevivência dos doentes com ELA, mas com os avanços
científicos e na medicina espera-se encontrar uma cura concreta para a
doença.
34. Bibliografia e Webgrafia
Para a realização deste trabalho foram utilizados os seguintes recursos digitais:
Dissertação submetida à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve para a
obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas, realizado por Sílvia Guerrero Cavaco no ano de
2016;
https://www.cuf.pt/saude-a-z/esclerose-lateral-amiotrófica, a página web da CUF acerca da ELA;
https://www.apela.pt/page/17/o-que-e-a-ela, a página web da APELA (associação portuguesa da
esclerose lateral amiotrófica;
https://jornal.usp.br/radio-usp/pesquisa-mostra-pequeno-avanco-no-tratamento-da-ela/, noticia sobre
um estudo acerca da ELA.
Citações retiradas do artigo: Immunity in amyotrophic lateral sclerosis: blurred lines between
excessive inflammation and inefficient immune responses, Louis-Charles Be ́land,1,† Andrea
Markovinovic,2,*,† Hrvoje Jakovac,3 Fabiola De Marchi,Ervina Bilic,5,6 Letizia Mazzini,4 Jasna Kriz1
and Ivana Munitic2;
https://www.alert-online.com/br/news/health-portal/esclerose-lateral-amiotrofica-celulas-imunes-
desempenham-papel-inesperado, a pág web de um artigo sobre a imunidade e a ELA;
https://procuradaela.org.br/genetica-da-ela/, a página web da Associação pró-cura da ELA;
O manual de Biologia de 12ºano, “Terra, Universo de Vida”, publicado pela Porto Editora, e escrito por
AMPARO DIAS DA SILVA, MARIA ERMELINDA SANTOS, ALMIRA FERNANDES MESQUITA, LUDOVINA BALDAIA,
JOSÉ MÁRIO FÉLIX.
https://biologia12eportefolio.blogspot.com/p/imunidade-e-controlo-de-doencas.html, a página web de
resumos dobre Biologia
Citações retiradas do artigo: Genetics of Amyotrophic Lateral Sclerosis, publicado no site
www.perspectivesinmedicine.org;