FUNDAMENTOS E TEORAS DA ENFERMAGEM PARA ALUNOS DE CURSO TÉCNICO
Avaliação da pressão intra-cuff em UTI
1. INTRODUÇÃO
Comumente se encontra em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
pacientes sob ventilação mecânica (VM) com o objetivo de manter a
ventilação pulmonar adequada através de uma prótese traqueal
artificial, sendo as mais comuns as endotraqueais e as cânulas de
traqueostomia (ARANHA et al, 2003). Estes tipos de próteses
possuem na sua parte distal como característica um balonete,
também chamado de “cuff” que por definição é um manguito
preenchido por ar localizado ao redor da traqueostomia ou tubo
orotraqueal que se encaixa no interior da traquéia. Estima-se que
valores entre 20 a 30 cmH2O são considerados seguros para evitar
lesões. Entretanto, quando hiperinsuflado pode ocasionar o edema
celular, perda de cílios e descamação do epitélio e quando a
pressão for insuficiente aumenta o risco de broncoaspiração de
secreções, podendo levar as infecções pulmonares (JULIANO et al,
2007), tais quais: a pneumonia associada à ventilação mecânica
(PAV). A mucosa traqueal recebe diretamente a pressão transmitida
pelo cuff e para evitar lesões é necessário observar o grau de
pressão transmitido do cuff para a parede da traquéia. Objetivo:
demonstrar que através da implantação da rotina de mensuração da
pressão intra-cuff, obtém-se controle fidedigno para manter as
medidas dentro dos parâmetros considerados seguros, evitando
assim, um maior tempo de internação, menor custo com materiais e
medicamentos e atenuação das complicações de morbidade e
mortalidade.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo prospectivo e descritivo das
mensurações da pressão do cuff, verificando-se o percentual de
inadequação na UTI adulto da Fundação Centro de Controle de
Oncologia do Estado do Amazonas (FCECON).
As medidas foram coletadas no período matutino e quando
necessário ajustadas a 25 cmH2O. Para obtenção da pressão do
cuff, utilizou-se o aparelho específico denominado Cuffômetro,
marca VBM, modelo CE 0123, com graduação de 0 a 120 cmH2O
(Fig.: 1) que obtêm as pressões do balonete sendo um método
simples, seguro e rápido para a medição e calibração da pressão do
cuff. A pesquisa foi realizada através da mensuração do cuff (Fig.:
2) em dois pacientes (paciente 1 e paciente 2), com registro e
tabulação dos dados inerentes às pressões.
Figura 1: Mensuração via cuffômetro
Fonte: Arquivos do pesquisador.
Figura 1: Cuffômetro
Fonte: Arquivos do pesquisador.
AVALIAÇÃO DA PRESSÃO INTRA-CUFF EM PACIENTES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DA FCECON
BARBOSA, H. N. ²; XAVIER , D. S. ²; BAHIA, B. L. ² ; ROCHA, P. M. N. ²; MENDONÇA, D. ²; GLORIA, D. S. ²
Fisioterapeuta, Mestre em Terapia Intensiva¹
Fisioterapeuta , especializando (a) em Fisioterapia Intensiva²
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
ARANHA, A.G.A; FORTE V; PERFEITO, J.A.J; LEÃO, L.E.V; IMAEDA, C.J. Estudo das pressões no interior dos balonetes de tubos traqueais. Rev. Brasileira
Anestesiologia. V. 53(6), P .728-36, 2003
HARINGER , Deborah Motta de Carvalho. Pneumonia associada à ventilação mecânica. Pulmão RJ 2009; Supl 2:S37-S45.
JULIANO, S.R.R; CIVIDANES, J.P; HOULY, J.G.S; GEBARA, O.C.E; CATÃO, E.C. Medidas dos níveis de pressão do balonete em unidade de terapia
intensiva: considerações
sobre os benefícios do treinamento. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. V. 19(3), P. 317-21, 2007.
MORIIS LG, ZOUMALAN, R.A; ROCCAFORTE; J.D; AMIN, M.R. Monitoring tracheal tube cufF pressures in the intensive care unit: a comparison of
digital palpation and manometry. Ann Otol Rhinol Laryngol. V. 116(9), P. 639-42, 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através da coleta dos dados foram obtidos os seguintes resultados:
O Gráfico 1 demonstra os valores pressóricos intra-cuff obtidos pós
mensuração por cuffomêtro dos pacientes durante 7 dias sob VM.
Evidenciando uma notória discrepância ao considerar o valor obtido com o
valor predito de normalidade para pressão intra-cuff.
Ao analisar o paciente 1 conforme demonstrado no gráfico 1, observa-se
uma constante variação pressórica variando de menor valor em 10 cmH2O
e em maior valor 45 cmH2O e obtendo como média pressórica 19,57
cmH2O. Já o paciente 2 apresenta uma variação pressórica de 12 cmH2O
em menor valor e 45 cmH2O em maior valor, adquirindo como média
pressórica 23,71 cmH2O. É válido também observar que ambos os casos
obtiveram medidas aquém do esperado, sobressaindo-se os valores
abaixo do nível esperado, onde somente o terceiro dia e o paciente 2 no
quarto dia se enquadrou nos valores normais.
Conforme Juliano (2007), esses valores não devem ultrapassar 20 e 30
cmH2O e durante a (VM), a pressão do cuff deve ser baixa o suficiente
para permitir a perfusão da mucosa e alta o suficiente para prevenir o
vazamento de ar e impedir a aspiração das secreções. Pressões
superiores a 30 cmH2O podem gerar lesões na parede da traquéia
dificultando o desmame ou decanulação e pressões menores que 20
cmH2O podem levar a broncoaspiração.
Para Haringer (2009), o esforço a ser feito para evitar a aspiração de
bactérias da orofaringe ao redor do cuff é manter a pressão do
cuff em pelo menos 20 cmH2O e afirma que é um dos fatores de riscos
modificáveis para se evitar a PAV.
Morris (2007) conclui que a maneira de evitar ou minimizar futuras lesões
é a insuflação do cuff com pressão mínima, sendo suficiente para vedar a
traquéia e não permitir o escape de ar durante a ventilação, contudo, é
importante não ultrapassar os valores preditos e/ou respeitar a pressão de
25 cmH2O, o qual é valor limite da perfusão da mucosa traqueal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A participação e a conscientização da equipe médica na observação dos
níveis pressóricos são Importantes para evitar ou minimizar os possíveis
efeitos deletérios do cuff que podem variar de um edema traqueal até uma
PAV. Diminuindo assim, os custos e os dias de internação, a medicação,
a morbidade e a mortalidade.
Sugere-se a necessidade da vigilância das pressões do balonete através
da implantação de uma rotina de mensuração, como meio profilático.