3. 8.1 DOMÍNIOS DISCURSIVOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
A comunicação verbal só é possível
por algum gênero textual – opinião
da maioria dos autores que tratam a
língua e seus aspectos discursivos e
enunciativos.
4. Gênero textual é empregado como
uma noção propositalmente vaga
para referir os textos materializados
que encontramos em nossa vida
diária e que apresentam
características sociocomunicativas
definidas por conteúdos,
propriedades funcionais, estilo e
composição característica.
5. Gêneros textuais são tipos
específicos de texto de qualquer
natureza, literários ou não. Tanto na
forma oral como na escrita, os
gêneros textuais são caracterizados
por funções específicas e
organização retórica mais ou menos
típica. São reconhecíveis pelas
características funcionais e
organizacionais que exibem e pelos
contextos onde são utilizados.
6. Exemplos de gêneros textuais:
Carta pessoal, comercial, bilhete,
diário pessoal, agenda, anotações,
romance, resenha, blog, E-mail,
bate-papo (Chat), Orkut, vídeo-
conferência, Second Life (Realidade
virtual), Fórum, Aula expositiva, Aula
virtual, Reunião de condomínio,
debate, Entrevista, Lista de
compras, Piada, Sermão, Cardápio,
Horóscopo, Instruções de uso,
Inquérito policial, Telefonema etc.
7. A riqueza e a variabilidade dos
gêneros textuais se tornaram
possíveis graças às várias
instâncias de atuação humana.
Podemos afirmar que a existência de
um espaço social construído sob o
título amplo de “jornalismo”, por
exemplo, nos fez leitores de notas,
notícias etc.
8. Domínios discursivos são, portanto,
instâncias, esferas ou instituições
sociais que organizam as diversas
formas de produção dos gêneros de
texto, com suas respectivas
estratégias de compreensão. Os
domínios são práticas discursivas
dentro das quais se pode identificar
um conjunto de gêneros textuais.
9. Todos os Domínios Discursivos
possuem seus gêneros
representativos:
Jornalístico: notas, notícias,
reportagens, artigos de opinião etc.
Literário: poemas, contos, crônicas,
romances, fábulas, lendas etc.
Publicitário: propagandas,
comerciais, anúncios classificados,
cartazes etc.
10. Científico: textos didáticos, ensaios,
monografias, teses, verbetes etc.
Religioso: ladainhas, cânticos,
orações, sermões, homilias
(pregação) etc.
Jurídico: portarias, decretos, leis,
contratos, procurações, atas,
ofícios, atestados etc.
Interpessoal: bilhetes, telegramas,
cartas, cartões, convites etc.
11. 8.2 TIPOLOGIA TEXTUAL
Tipo textual designa uma espécie de
sequência teoricamente definida pela
natureza linguística de sua
composição (aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações
lógicas). Abrangem cerca de meia
dúzia de categorias conhecidas
como: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção.
12. 8.2.1 Texto Descritivo
É o discurso que apresenta as
características do objeto descrito,
permite ao leitor ver o que está sendo
descrito. A sequência descritiva é
largamente empregada na
comunicação oral cotidiana para
identificar e caracterizar uma pessoa,
uma paisagem, por exemplo e em
diferentes gêneros textuais escritos.
13. A Natureza da Descrição
Descrever é usar a linguagem para
construir verbalmente imagens de
seres (animados ou inanimados), de
cenas ou processos, a partir de
determinado ângulo de visão. A
descrição coloca em primeiro plano
a existência dos seres com seus
atributos permanentes ou
transitórios.
14. Se o objeto é focalizado fixamente
(coisa, pessoa, paisagem, ambiente),
o efeito é a criação de um quadro
estático.
Se o objeto é visualizado em seus
deslocamentos no espaço e em suas
transformações no tempo, o efeito é
dinâmico.
15. Recorte da realidade captada pelos
sentidos, o texto descritivo é
produto de um ato de observação de
um locutor-descritor que vê e quer
fazer ver e que submete o objeto
descrito a operações muito
próximas da fotografia e do cinema.
16. Sequências textuais descritivas são
usadas em diferentes situações
comunicativas: na caracterização de
personagens e do espaço narrativo,
em relatos de experiências e de
pesquisas, em reportagens, guias
turísticos, catálogos, anúncios.
17. Organização do Discurso Descritivo
o objeto, representado no texto como
tema nuclear da descrição;
o observador-descritor, com seu
ângulo de visão e predisposição em
relação ao objeto;
os dados pertinentes ao tema-núcleo,
que o locutor seleciona em função de
seus conhecimentos de mundo e de
linguagem, dos conhecimentos que
pressupõe em seu destinatário e dos
efeitos de sentido pretendidos.
18. Tema-núcleo: geralmente está no título
ou no início da sequência, corresponde
a um nome que designa o objeto da
descrição e funciona como tópico
discursivo organizador do texto.
Ancoragem: processo de introdução do
tema-núcleo, pode incluir a delimitação
e localização do objeto no espaço e sua
distinção em relação a outros da
mesma classe ou de classes similares.
19. Expansão do tópico discursivo:
são destacados dados pertinentes
ao tema núcleo, como aspectos,
propriedades e qualidades do
objeto. Esse processo pode
determinar a decomposição do
tópico em dois ou mais
subtópicos.
20. Na operação de expansão, o tópico
discursivo é sucessivamente
retomado por repetição ou por
substituição lexical (anáforas
nominais), resultando na
manutenção temática e, ao mesmo
tempo, o destaque de novos
ângulos do objeto descrito.
21. O objetivo comunicativo e o gênero
do texto orientam o olhar do locutor,
determinando os aspectos a serem
selecionados e o grau de
objetividade ou subjetividade, tendo
importância não só o anglo de visão
(de longe e de fora, de perto ou de
dentro etc.), mas também o efeito de
sentido.
22. Marcas Linguísticas do Discurso
Descritivo
Presença de organizadores textuais
que situam o objeto-tema e suas
partes no espaço ou em relação a
outros que estão próximos ou
pertencem a classes ou categorias
afins.
23. Nas descrições estáticas, frequência
de verbos de ligação, de verbos
indicadores de situação no espaço
ou de propriedades, atitudes,
qualidade; nas descrições
dinâmicas, verbos que expressam
transformação ou movimento.
24. Uso de frases nominais (frases sem
verbo) ou apenas com verbos em
formas nominais, especialmente no
gerúndio ou particípio.
Uso frequente de sintagmas adjetivos
(adjetivos, locuções, expressões e
orações adjetivas desenvolvidas e
reduzidas de gerúndio e particípio),
modificando substantivos como
adjuntos ou predicativos.
25. Frequência de substantivos
denotativos de qualidades.
Emprego frequente de substantivos
em oposição para retomar outros
substantivos.
Coordenação e enumeração
frequentes.
26. Economia de articuladores e de
termos de ligação.
Emprego de figuras de base
analógica (metáforas, comparações,
analogias, sinestesias) e de base
metonímica (metonímia, sinédoque,
antonomásia).
27. Exemplo 1- descrição subjetiva
Chegamos, e então aquilo tudo está
acontecendo de maneira urgente, o
mato, a água, as pedras, o ar. Aquilo
está havendo naquele momento,
como o movimento de um grande
animal bruto e branco morrendo,
cheio de uma espantosa vida
desencadeada, numa agonia
monstruosa, eterna, chorando,
clamando.
28. E até onde a vista alcança, num
imenso, há montes de água
estrondando nesse cantochão, árvores
tremendo, ilhas dependuradas,
insanas, se toucando de arco-íris,
nuvens voando para cima, como o
espírito das águas trucidadas
remontando para o sol, fugindo à
torrente estreita e funda onde todas
essas cachoeiras juntam
absurdamente suas águas esmagadas,
ferventes, num atropelo de espumas
entre dois muros altíssimos de rocha
(Rubem Braga).
29. Exemplo 2 - descrição objetiva
Estavam no pátio de uma fazenda
sem vida. O curral deserto, o
chiqueiro das cabras arruinado e
também deserto, a casa do vaqueiro
fechada, tudo anunciava abandono.
Certamente o gado se finara e os
moradores tinham fugido.
Fabiano procurou em vão perceber
um toque de chocalho. Avizinhou-se
da casa, bateu, tentou forçar a porta.
30. Encontrando resistência, penetrou
num cercadinho cheio de plantas
mortas, rodeou a tapera, alcançou o
terreiro do fundo, viu um barreiro
vazio, um bosque de catingueiras
murchas, um pé de turco e o
prolongamento da cerca do curral.
Trepou-se no mourão do canto,
examinou a caatinga, onde avultavam
as ossadas e o negrume dos urubus.
Desceu, empurrou a porta da
cozinha.
31. Voltou desanimado, ficou um instante
no copiar fazendo tenção de
hospedar ali a família. Mas chegando
aos juazeiros, encontrou os meninos
adormecidos e não quis acordá-los
(Graciliano Ramos).
32. ATIVIDADE - ANÁLISE
A cidade das serras e cachoeiras. Assim é
conhecida a pequena Carrancas. Com menos
de cinco mil habitantes, o município possui
algumas das mais belas cachoeiras de Minas.
As águas são emolduradas pelos paredões
das quatro serras que cercam a cidade,
formando uma paisagem que impressiona os
visitantes. Mas os encantos da cidade não
param por aí. Grutas, poços de águas
cristalinas e cânions são alguns dos vários
atrativos reservados aos turistas.
33. E não são apenas as belezas naturais
que fazem de Carrancas uma das 7
Maravilhas de Minas. Festas típicas,
com traços fortes da cultura regional e
do folclore mineiro atraem pessoas de
todas as partes do país durante o ano
inteiro.
34. Localizada no sul de Minas, a
286 km de Belo Horizonte, Carrancas
surgiu de um pequeno povoado
formado por bandeirantes paulistas e
de Taubaté durante o século 18.
Grandes rivais na disputa pelo ouro,
grupos dos dois lados resolveram se
instalar nas terras que margeiam o
rio Grande. Carrancas é considerada
uma das cidades pertencentes ao
caminho velho da Estrada Real e tem
reconhecido seu grande potencial
para o ecoturismo.
35. A cidade agrada a todos os
gostos. Para os que querem
descansar, muita calmaria à beira
dos lagos e rios e no aconchego das
confortáveis pousadas. Para os que
buscam aventura, esportes radicais,
que podem ser praticados nas serras
e cachoeiras, encontram emoção e
adrenalina à flor da pelo. Como se vê,
são muitos os motivos para visitar
Carrancas (Nayara Menezes, Água
pra todos os lados).
37. “O sistema judicial não quer saber se
o réu é culpado ou inocente. Todo
réu, independentemente do que fez,
merece a melhor defesa que possa
ter. só há uma verdade. A minha
versão. Aquela que crio nas mentes
dos 12 indivíduos do júri. Se quiser,
pode chamar de ilusão da verdade”
(William Diehl – advogado).