O documento discute linguagens documentárias, explicando como elas se diferenciam de línguas naturais e são estabelecidas por convenção para organizar e recuperar informações de forma homogênea e estática. O livro referenciado aborda o tema em quatro capítulos, tratando de conhecimento, informação e linguagem, aspectos das linguagens documentárias e suas relações com semântica lingüística.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
1º SEM. / 3º PERÍODO / 2009
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
DOCENTE: Ms. ANDRÉ MARQUES DO NASCIMENTO
CARLA L. FERREIRA
FICHAMENTO
TEMA: LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS
REFERÊNCIA:
CINTRA, Anna Maria Marques. et al. Para entender as linguagens documentárias. 2. ed.
rev. e ampl. São Paulo: Polis, 2002. 92 p. (Coleção Palavra-Chave).
O texto das autoras inicia-se demonstrando como as línguas naturais (LN) variam
de cultura para cultura, possuem significantes e significados diferentes de uma tradição à
outra, obedecendo, primeiramente, aos padrões de cada cultura, condições socio-históricas
que tornam cada forma de entendimento e linguagem própria, particular e, em sua essência,
verdadeira também. Um exemplo, que as autoras dão, é a forma de perceber as cores do arco-
íris (quantas cores, quais cores) ou a forma como diferentes povos falam que sentem dor de
cabeça. Apesar de que isso não queira dizer que mesmas comunidades falem ou se expressem
de uma mesma forma, pois é possível que existam diversos dialetos ou formas de linguagem
dentro de uma mesma cultura/povo, nem que isso impeça a comunicação entre esses povos.
A linguagem documentária (LD), ao contrário da língua natural, não se pode dizer
que sejam signos, pois lhe falta a unidade característica do signo: significante e significado,
segundo tradições e culturas próprias. A LD é estabelecida por convenção, sendo, portanto,
homogênea e estática, ainda com traços de influências culturais, indiretamente; como dizem
as autoras, a função da LD é tratar o conhecimento dispondo-o como informação (p. 16).
Para as autoras, três aspectos merecem destaque, no que se refere à linguagem,
que são: a demarcação, a significação e a comunicação, é isso que permite que todas as
práticas humanas sejam tipos de linguagens, uma idéia de Kristeva (1969).
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2. O livro é organizado em quatro capítulos, tratando, respectivamente sobre:
conhecimento, informação e linguagem; aspectos das linguagens documentárias; relações
intervenientes das LDs e conceitos de semântica lingüística e linguagens documentárias.
No primeiro capítulo, as autoras traçam definições variadas de informação,
falando sobre comunicação, sociedade da informação e falam também sobre o histórico das
revistas científicas, a produção do conhecimento e o processo pelo qual são feitos as
referências do documento, e outros documentos sobre aquele documento, uma forma de
representá-lo, armazená-lo e conservá-lo, e ainda fazer com que seja haja um ponto de busca
para que se consiga acessá-lo posteriormente. Ainda no primeiro capítulo, no tópico
subseqüente, as autoras apresentam as características gerais de linguagem, dentre elas, que
apesar de um objeto recente da ciência, ela sempre foi considerada o meio de articulação do
homem na sociedade. Assim, as autoras comentam sobre algumas definições, mesmo
cronologicamente, de linguagem, associando comunicação, língua natural.
No segundo capítulo, elas falam sobre a história da documentação, das linguagens
documentárias, sua definição, enquanto um conjunto de termos, providos ou não de regras
sintáticas, utilizadas para representar conteúdos de documentos técnico-científicos com fins
de classificação ou busca retrospectiva de informações (Gardin et AL, 1968, p. 35);
basicamente neste capítulo as autoras falam sobre o que é, e a história da linguagem
documentária, adentrando o leitor no tema.
É sobre as relações intervenientes da linguagem documentária de que trata o
terceiro capítulo, e nele as autoras delineiam relações que organizam sistematicamente, para
que se permita a utilização, organização e recuperação da informação.
A respeito da significação, da relação da linguagem documentária com a
lingüística, semântica e sintaticamente, a definição de vocabulário, por exemplo, e outros
termos relacionados que fazem jus à explicação das autoras no quarto capítulo.
Finalizando o livro, da página 87 à 92, tem-se as referências que trazem um
auxílio sobre o tema, de forma maior ou menor aprofundada.
CITAÇÕES
“A função da LD é tratar o conhecimento dispondo-o como
informação. Em outras palavras, compete às LDs transformar estoques de conhecimentos em
informações adequadas aos diferentes segmentos sociais.” (p. 17)
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3. “A prática da linguagem é marcada por uma tendência natural do
homem: compreender, governar e modificar o mundo.” (p. 27)
“Na comunicação, observa-se que todo falante assume o duplo papel
de destinador e destinatário de mensagens, pois ao mesmo tempo em que é capaz de emiti-las,
sabe decifrá-las. Ou seja, na situação natural de comunicação, o falante não emite mensagem
que ele não seja capaz de decifrar.” (p. 29)
“Grande parte das discussões teóricas sobre LDs inserem-se no âmbito
da Análise Documentária que, por sua vez, se define como uma atividade metodológica
específica no interior da Documentação, que trata da análise, síntese e representação da
informação, com o objetivo de recuperá-la e disseminá-la.” (p. 34)
“De fato, a linguagem construída neutraliza as diferenças existentes na
relação entre a palavra e seus significados em LN. Nela não podem coexistir, por exemplo,
duas ou mais palavras que se refinam a um mesmo conceito, ou uma palavra para designar
vários conceitos, sem que o fato seja suficientemente registrado, e seja devidamente
controlado. Por essa razão as linguagens documentárias integram vocabulários controlados.”
(p. 67)
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