O documento apresenta o projeto político pedagógico do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos Santana/Tucuruvi para o ano de 2023. Ele descreve o funcionamento da escola, os níveis de ensino oferecidos, a matriz curricular, o perfil dos estudantes e professores, e propõe atividades curriculares e complementares para o ano letivo.
1. 1
DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
JAÇANÃ / TREMEMBÉ
Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos
CIEJA Santana/Tucuruvi
Projeto Político Pedagógico
2023
2. 2
ÍNDICE
1. IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE ........................................................................................... 3
2. PREFÁCIO......................................................................................................................................... 4
3. REGIME DE FUNCIONAMENTO .......................................................................................... 5
3.1. NÍVEIS DE ENSINO............................................................................................................................7
4. QUADRO DE PROFISSIONAIS DA UNIDADE............................................................................ 10
5. ESPAÇO FÍSICO...............................................................................................................................12
6. ESTUDANTES DO CIEJA E SEU PERFIL............................................................................13
7. PROFISSIONAIS DO CIEJA E SEU PERFIL ...............................................................................19
8. EQUIPAMENTOS DE SAÚDE, ESPORTE, LAZER E CULTURA DO ENTORNO................23
9. PROPOSTA CURRICULAR........................................................................................................... 24
a) Avaliações Internas e Externas ....................................................................................... 24
b) Metas de Aprendizagem................................................................................................... 24
c) Prioridades e Objetivos Educacionais ..............................................................................24
d) Normas de Convívio e Mediando Conflitos: Vivendo e Convivendo ................................27
e) Articulações locais com o Equipamentos Sociais ............................................................27
f) Estratégias de atendimento aos educando com deficiência, TGD e Altas
Habilidades/Superdotação ...............................................................................................29
g) Plano de Gestão ..............................................................................................................31
h) Plano de implementação da Proposta Curricular e Currículo da Cidade ........................32
i) Projetos de ação para as Atividades Curriculares desenvolvidas no Cotraturno Escolar......41
10. FORMAÇÃO DA CIDADE:
Instrução Normativa nº 8 de 04 de abril de 2022
Instrução Normativa nº 54 de 13 de dezembro de 2022 .......................................................43
11. PRIMEIROS SOCORROS E CIPA.................................................................................................43
12. ANEXOS .............................................................................................................................................45
3. 3
E-mail: ciejasantanatucuruvi@sme.prefeitura.sp.gov.br
Blog: http://ciejasantanatucuruvi.blogspot.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/ciejasantanatucuruvioficial/
CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
CIEJA SANTANA/ TUCURUVI
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 2023
1. Identificação da Unidade
Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos – CIEJA Santana/Tucuruvi
Diretoria Regional de Educação Jaçanã / Tremembé
Rua Cel. João da Silva Feijó, 34 – Parque do Mandaqui.
CEP: 02422-018
Fone: 2233-2170 / 2233-0025
FORMAS DE CONTATO ON-LINE
DECRETO DE CRIAÇÃO: 38.817 de 16 de Dezembro de 1999.
DECRETO DE FUNCIONAMENTO: 53.676 de 28 de Dezembro de 2012.
Parecer do C.M.E.: 10/2002 de 07/11/2002.
4. 4
2. Prefácio
Projeto Político Pedagógico (PPP) - o que traduz esse nome? Pensamos ser um esforço
coletivo de planejamento e ações concretas para o alcance de metas de aprendizagem e
desenvolvimento que trilharão nosso percurso durante todo o ano de 2023. Muito já
caminhamos e construímos nesse trajeto, porém como escola é movimento e plural, nosso
Projeto necessariamente deve acompanhar essa dinâmica, sendo flexível e cumprindo a sua
função que é dar vida ao que acontece na escola. Ao fazermos referência à Projeto projetamos
aprendizagens, experiências que possam ser significativas e aonde queremos chegar.
Escrever o PPP de forma coletiva é um movimento Político ao considerarmos a escola
como espaço de construção de saberes, formando cidadãos conscientes, que atuam na
sociedade, provocando mudanças, alterando os rumos de nossa história, além de caracterizar
uma ação coletiva, lembrando que o “eu” deva ser substituído pelo “nós”.
É também Pedagógico porque nos conduz, trazendo propostas, atividades, projetos
educativos e propositivas pedagógicas contemporâneas que agreguem a aprendizagem.
Por essa razão é tão importante a participação de todos nesse percurso garantindo a
riqueza da pluralidade presente no CIEJA e ao mesmo tempo considerando a singularidade da
nossa realidade.
Tudo isso, revela a identidade do CIEJA Santana/ Tucuruvi, nossas concepções estão
explicitadas no nosso fazer e agir, envolvendo desde o atendimento que se faz na entrada da
escola, aos cartazes informativos espalhados pelos corredores, na relação entre os estudantes e
professores, funcionários e equipe gestora, bem como até o trabalho desenvolvido em sala de
aula. Atendendo jovens, adultos e idosos, pessoas com e sem deficiência é uma marca do
trabalho do CIEJA, contemplando as mais diversas histórias de vida e apostando em uma
educação que considera essa diversidade.
O PPP é um documento escrito com a participação de todos, podendo ser repensado a
cada momento do nosso percurso, por isso que é tão importante que ele NÃO SEJA UM
DOCUMENTO ENGESSADO, INFLEXÍVEL.
Convidamos a todos a mergulharem conosco nesse processo, a lerem o nosso PPP e
conhecerem nossas ideias, projetos, concepções que delinearão nosso ano letivo de 2023.
5. 5
3. Regime de Funcionamento
Para ingressar no CIEJA é necessário realizar um cadastro em nosso blog:
http://ciejasantanatucuruvi.blogspot.com.br/, de qualquer lugar que você esteja e tenha um
acesso à internet ou caso encontre alguma dificuldade, basta nos procurar com
comprovantede escolaridade e comprovante de endereço que os funcionários da secretaria
realizarão o seu cadastro. A secretaria do CIEJA receberá sua inscrição com seus dados e
entrará na lista organizada automaticamente por ordem de recebimento, assim que surgir a
vaga no Módulo e horário de sua escolha, a secretaria da nossa Unidade entrará em contato
para a efetivação da matrícula.
A seguir, montamos um passo a passo para a realização do cadastro:
6. 6
Para aqueles que não têm comprovante de escolaridade, aplicamos uma Prova de
Classificação, validando como um documento oficial para o seu acesso à escola. Essa prova
foi construída pensando naqueles que estão há muito tempo afastados da escola, mas que
por se tratarem de pessoas com historicidade e grandes vivências, poderão realizá-la.
Dividimos aprova em 2 etapas: um preenchimento de ficha inicial com dados elementares
como nome, telefone, endereço e porque o estudante decidiu retomar seus estudos; e na
sequência, se o candidato realizar de forma tranquila essa etapa, passamos para a etapa
seguinte que compreende situações problema, interpretação de texto, articulação de
informações com o cotidiano e produção textual, envolvendo todas as áreas do
conhecimento.
É importante registrarmos que nossa Prova de Classificação foi construída retratando
a realidade em que vivemos, situações de desigualdades, a luta dos trabalhadores formais e
informais e apresentamos Carolina Maria de Jesus, muitas vezes esquecida em nossa
literatura.
Muitos são os estudantes que nos procuram para a realização da Prova de
Classificação, dentre muitas histórias, ressaltamos que muitos estudantes se identificam no
momento em que realizava a prova sentindo forte identificação com a história de vida da
Carolina Maria de Jesus. Muitos conseguem aproximar os exercícios à sua realidade.
Acreditamos que a Prova de Classificação, para muitos, é uma porta de entrada e é
de extrema importância que os estudantes se sintam representados e que a prova, não seja
encarada como uma barreira.
É importante também lembrarmos que dentro dessa diversidade há estudantes
que mesmo há muito tempo fora da escola, trazem seus conhecimentos acumulados
conseguindo transpor para a aprendizagem formal. Dessa forma, respeitamos o direito
de que ele dê continuidade aos seus estudos, avançando inclusive de módulo. A partir
de um olhar apurado dos professores, ou até mesmo pela manifestação do próprio
estudante, garantirmos o direito da realização da Prova de Reclassificação. Essa prova é
construída com o conteúdo anual, compreendendo todas as áreas do conhecimento, do
Módulo em que ele está cursando. Há questões de múltipla escolha, dissertativas e
produção textual. Após correção e análise da Comissão de Reclassificação, a partir de
critérios pré-estabelecidos o estudante é considerado Reclassificado para o próximo
Módulo ou Não Reclassificado, permanecendo assim no Módulo em que se encontra.
7. 7
O CIEJA Santana/Tucuruvi atende jovens, adultos e idosos, pessoas com e sem
deficiência na modalidade EJA. Somos uma escola regular da Prefeitura de São Paulo
organizada em módulos (etapas) anuais sequenciais e progressivas que compreende o
Ensino Fundamental. Atende maiores de 15 anos de idade, nos períodos diurno e
noturno, em grupos de classe com até 20 (vinte) estudantes, de segunda à sexta-feira
no período das 7h15 às 22h30 (horário aprovado pelo Conselho do CIEJA) , de
fevereiro a dezembro com no mínimo 200 dias letivos de encontros diários de2h15min, e
complementação de carga horária com atividades de efetivo trabalho pedagógico
extraclasse.
A seguir trazemos o número de vagas oferecidas e nosso quadro atual:
VAGAS OFERECIDAS 314 VAGAS
NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS 243 ALUNOS
ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA 28 ALUNOS
ESTUDANTES MENORES 44 ALUNOS
3.1 Níveis de ensino:
Módulo I Modulo II
Compreende o 1o
, 2o
e 3º ano do
Ciclo I – Ensino Fundamental.
Compreende o 4o
e 5º ano do
Ciclo I – Ensino Fundamental
Módulo III Módulo IV
Compreende o 6o
e 7o
ano do Ciclo II
do Ensino Fundamental.
Compreende o 8o
. e 9o
. ano do
Ciclo II – Ensino Fundamental.
8. 8
Os componentes curriculares contemplam as áreas de conhecimento:
Linguagens e Códigos – (Língua Portuguesa, Inglês)
Ciências da Natureza e Matemática – (Ciências e Matemática)
Ciências Humanas – (História e Geografia)
Informática,
Arte,
Educação Física. (vide Matriz Curricular abaixo).
9. Prefeitura do Município de São Paulo
Secretaria Municipal de Educação
Diretoria Regional de Educação “Jaçanã / Tremembé”
Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos – CIEJA “Santana / Tucuruvi”
Matriz Curricular
Organização Curricular Ciclo I Ciclo II
Total da
Carga
Horária
Base
Nacional
Comum
Áreas do
Conhecimento
Componente
Curricular
Módulo I – Alfabetização Módulo II – Básico
Módulo III –
Complementar
Módulo IV - Final
Em
Classe
h/a
Extra
Classe
Total
de
horas
Em
Classe
h/a
Extra
Classe
Total
de
horas
Em
Classe
h/a
Extra
Classe
Total
de
horas
Em
Classe
h/a
Extra
Classe
Total
de
horas
Matemática Matemática 3 2 150h 3 2 150h 2 2 120h 2 2 120h 540h
Ciências da Natureza Ciências 2 1 90h 2 1 90h 2 1 90h 2 1 90h 360h
Ciências Humanas
História 2
2 180h
2
2 180h
2
2 180h
2
2 180h 720h
Geografia 2 2 2 2
Linguagens e Códigos
Língua
Portuguesa
3
4 300h
3
4 300h
3
4 300h
3
4 300h 1200h
Arte 1 1 1 1
Educação
Física*
2 2 2 2
Total da Base Nacional Comum 15 9 720h 15 9 720h 14 9 690h 14 9 690h 2820h
Parte
Diversificada
Língua Estrangeira
Moderna
Inglês** - - - - - 1 - 30h 1 - 30h 60h
Informática 2 - 60h 2 - 60h 2 - 60h 2 - 60h 240h
Total da Parte Diversificada 2 - 60h 2 - 60h 3 - 90h 3 - 90h 300h
Total da Carga Horária 17 9 26 17 9 26 17 9 26 17 9 26
780h 780h 780h 780h 3.120h
Carga horária total do curso para cada módulo: 780h + 50h (socialização)= 830h x 4 módulos 3.320h
Componentes curriculares tratados de forma interdisciplinar
*Aulas fora do horário de funcionamento do turno
**Desenvolvido integrado à Área de Linguagens e Códigos
Atividades Complementares
Módulos I e II Módulos III e IV
Nº de horas-aula Carga Horária Nº de horas-aula Carga Horária
Itinerários Formativos Informática (Qualificação Profissional) 2 60h 2 60h
Oficinas de Estudos Projetos / Recuperação / Reposição 3 90h 3 90h
Total 5 150h 5 150h
Total Geral – 150h x 4 módulos = 600h
*Atividades optativas de acordo com o Projeto Político-Pedagógico do CIEJA
15
10. 10
I – Estudo diagnóstico da comunidade
a) Estudantes do CIEJA e seu perfil:
Em Março de 2023 fizemos uma atualização do perfil socioeconômico cultural dos nossos
estudantes. Tais dados tem por objetivo repensarmos nossa prática e delinearmos novas
possibilidades.
A seguir, apresentamos um recorte dessa pesquisa e algumas propositivas pensadas a partir
da mesma.
Acreditamos que as razões que levam as pessoas a retornarem aos estudos são as mais
diversas, motivados por questões profissionais, sociais, pessoais, etc. De acordo com o gráfico a
seguir, indica que 31,3% possuem ânsia de aprender a ler e escrever. É importante ressaltarmos que
esse dado é relevante para o nosso trabalho, uma vez que há alunos que serão matriculados nos
mais diversos módulos, a partir de uma documentação escolar apresentada, porém, nem todos
possuem o domínio da leitura e escrita. Se assim o é, no CIEJA temos que a busca de garantirmos
esse direito com ações que viabilizem e efetivem o atendimento dessa necessidade.
Perguntamos também aos nossos alunos, há quanto tempo estavam afastados da escola e
41,3% responderam que estavam sem estudar há mais de 10 anos. Para nós do CIEJA isso nos
desafia a acolhê-los de maneira apropriada, receptiva e respeitosa, que considere suas histórias,
seus saberes e suas singularidades. Para, além disso, é também evidente as dificuldades que
encontramos ao propormos linguagens diferenciadas para a aprendizagem, ao que muitas vezes,
boa parte deles, se mostram resistentes a essa nova forma de educar e aprender. Buscamos um
trabalho voltado para o diálogo e repertoriá-los por meio de múltiplas linguagens, mas ouvimos com
frequência o questionamento que só se aprende com métodos tradicionais fazendo um resgate da
escola em que viveram.
11. 11
Para nós, isso revela o quanto em alguns casos, a escola regular pode apresentar um aspecto
excludente, atribuindo ao CIEJA à incumbência de acolhê-los fazendo a diferença em sua realidade.
O gráfico também aponta que 30% estão fora da escola há menos de 1 ano, evidenciando o número
crescente de jovens com 15, 16 e 17 anos no CIEJA demarcando o fenômeno da juvenilização da EJA.
Acreditamos ser importante também sabermos a quantidade de homens e mulheres que estudam no
CIEJA. De acordo com o gráfico 62% é formado de um público feminino e 36,7% de público masculino.
Trabalhamos intensamente com conscientização do papel da mulher na sociedade. Não ao
sexismo, não a violência, não a desigualdade de direitos, sim ao feminismo que representa e
empodera as mulheres. As atividades realizadas abordam nas mais diversas áreas, de forma
recorrente, temas que intencionam a reflexão não só das mulheres, mas também dos homens.
Gráficos, vídeos, imagens, debates, cartazes permeiam nossas discussões.
12. 12
Estudar sobre as mulheres na sociedade e as opressões que carregam é de extrema
importância e deveria ocorrer em todos os espaços públicos e privados, assim como em todas as
faixas etárias, mas para além de um olhar teórico sobre o estudo da vida das mulheres na sociedade,
se faz necessário também um olhar humano no âmbito do desenvolvimento das mulheres nos
espaços escolares, já que sabemos que, devido a história da opressão das mulheres pelos homens,
mulheres e meninas em diversos contextos diferentes foram proibidas de frequentarem espaços
escolares ou instituições de ensinos.
Em uma sociedade machista e patriarcal, que exclui mulheres das esferas públicas e do
exercício da sua cidadania, os estudos e acesso à educação se tornam segundo plano na vida de
muitas mulheres, já que foram socializadas para o cuidado do lar e filhos. Quando fazemos recortes
de classe e raça, essa situação piora, pois percebemos que mais mulheres ficam fora da escola.
Guacira Lopes Louro em seu livro – Mulheres na Sala de Aula relata que “não se pode esquecer que,
de um modo geral, as meninas das camadas populares estavam, desde muito cedo, envolvidas nas
tarefas domésticas, no trabalho da roça, no cuidado dos irmãos menores, e que essas atribuições
tinham prioridades sobre qualquer forma de educação escolarizada para elas.”
Não é preciso ter um olhar atento para perceber que o público do Cieja Santana/Tucuruvi é,
em sua maioria, de mulheres e quando vamos dialogar com elas sobre a história de vida de cada
uma, compreendemos que as histórias se encontram em muitos momentos de suas vidas, ou seja, os
atravessamentos são muito parecidos – mulheres deixam de estudar para cuidar e dedicar a vida à
outras pessoas, como marido, filhos e casa, ou foram proibidas de estudar pelos maridos, pais e
filhos. Nesse momento, passamos a entender que as práticas de exclusão são e foram muito
efetivas.
Quando falamos de mulheres da EJA, partimos do pressuposto que elas trazem consigo uma
enorme bagagem, de seus diferentes contextos vividos e seus percursos até a chegada na escola
novamente. A partir desse contexto, a escola tem um papel fundamental na vida dessas pessoas,
pois passa a ser um agente de transformação e empoderamento em suas vidas ao oportunizar que
compreendam o mundo de outras formas e possam, a partir de suas aprendizagens, ter voz ativa na
sociedade, fazendo suas escolhas e sendo as protagonistas de suas próprias vidas.
Considerando o Currículo da Cidade e a Matriz de Saberes no que diz respeito aos princípios
éticos, políticos e estéticos definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (2013, p. 107-108),
orientados para o exercício da cidadania responsável, que levem à construção de uma sociedade
mais igualitária, justa, democrática e solidaria, é imprescindível que a escola fortaleça a autonomia
das mulheres (alunas, mães, professoras, diretoras, coordenadoras e todas as funcionárias) na luta
13. 13
em defesa de seus direitos por meio da formação política, da mobilização comunitária e do
estabelecimento de canais de diálogo e denúncia das violações que sofrem cotidianamente.
Além do trabalho em todas as áreas do Conhecimento, esse tema será fortemente abordado
na Oficina da profa. Carla Tiemi entitulada: “Mulheres, Vida e Trabalho – Uma por todas e todas por
uma”.
Retomando nosso perfil do estudante, na sequência temos a declaração de cor ou raça
revelando que 38% dos alunos se autodeclararam pardos, 19,3% pretos e 37,3% brancos.
É válido ressaltar que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
para formar a classificação de negros (entendido aqui como categoria), é somada a população preta
à população parda tendo o percentual da autodeclaração de negros no Brasil. Tomando essa
informação como base, temos uma totalidade de 57,3% de estudantes negros no CIEJA. Tal
informação pode ser observada por meio do gráfico:
O ensino de cultura e história afro-brasileira e africana, apesar de sua obrigatoriedade, desde
a promulgação da lei 10.639 de 2003 trouxe diversos avanços dentro do ambiente escolar, porém
não foram capazes de mitigar o racismo existente em nossa sociedade. Herança de uma sociedade
escravocrata, meritocrática e colonial, o racismo, em suas diversas apresentações (estrutural,
institucional, recreativo, etc) e demonstrações atinge de forma brutal grande parte do corpo discente
do CIEJA, composto por estudantes pretos e periféricos, em sua grande maioria.
Mais do que tratar sobre o racismo e seus terríveis impactos em nossa sociedade, é
importante instrumentalizar condições para que nossos estudantes não apenas compreendam as
raízes históricas e culturais de seus antepassados, os impactos do secular racismo em nossa
sociedade, mas que, principalmente, possam desenvolver uma consciência crítica para a vivência de
práticas e posturas antirracista efetivas.
14. 14
Outro dado importante foi detectarmos os bairros onde residem nossos estudantes a partir do
gráfico temos a dimensão de que os alunos que compõem a nossa escola se deslocam até mesmo
de grandes distâncias em busca de seus estudos. Tivemos também uma concentração maior nos
bairros: Lauzane, Jardim Peri e Parque do Mandaqui.
Com esses dados em mãos nosso próximo passo deve se concentrar no mapeamento do
entorno. Irmos a campo e conhecermos os bairros que nossos alunos residem, conhecendo as
virtudes e deficiências que cada bairro oferece nos dando a dimensão da realidade em que estão
inseridos os estudantes do CIEJA. Aguçando nossos sentidos, olhando para a realidade concreta,
desnaturaliza pré-conceitos daquilo que não se conhece e nos auxilia a pensarmos em um currículo
cada vez mais próximo do público que de nossa escola fazem parte.
Perguntamos também sobre a preferência religiosa: 45,3% dos estudantess do CIEJA são
evangélicos, 34,7% são católicos, enquanto que 8,7% declararam não possuir religião. Essa
informação é relevante para discutirmos entre as áreas como abordarmos determinados temas, como
apresentamos as formas científicas que algumas questões perpassam sem ferirmos e/ou
confrontarmos/desrespeitarmos a pluralidade religiosa presente em cada turma, sem
desconsiderarmos de que a escola é laica (não sofrendo influência ou controle por parte de nenhuma
instituição religiosa).
15. 15
Durante o primeiro bimestre, os professores do CIEJA ao abordarem questões como
fenômenos naturais associados ao aquecimento global se depararam com falas recorrentes de que o
desabamento e consequentes mortes são da “vontade de Deus”. Além disso, percebemos que
estudantes que não são evangélicos pertencentes a religiões de origens africanas, sentem-se
desconfortáveis ao se posicionar por sentirem que há uma intolerância religiosa.
A importância em trabalhar a questão da intolerância religiosa na escola reside na
necessidade de discutir a violência contra manifestações religiosas de várias matrizes, mas
principalmente das religiões de matrizes africanas como Umbanda e Candomblé, que são a maioria
das vítimas de intolerância segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos (MMFDH).
Em 2003, foi sancionada no Brasil a Lei 10.639, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação e torna obrigatória no currículo da rede de ensino a “História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana’’. Assim, faz parte do Currículo ressignificar a história do povo negro no Brasil, associado
apenas à escravidão, período trágico e fundante de nossa história.
Recuperar a Arte, a Historicidade e a Religiosidade dos grupos que formaram e formam a
identidade do povo brasileiro fazem parte do processo de combate à intolerância de todas as práticas
religiosas aceitas em nosso país. Refletir sobre a origem dos preconceitos é, também, parte do
processo de combater a violência contra as manifestações de fé das pessoas.
Passando para o campo profissional, 58% diz exercer algum tipo de trabalho e 36% só estudam
atualmente. Tais dados em comparação com o ano anterior, tivemos uma redução significativa de
alunos fora do mercado de trabalho, atribuímos tal fato ao cenário pandêmico da qual vivemos nos
últimos 2 anos.
16. 16
Pensarmos que temos a incumbência de ofertar um currículo que desenvolva todas as
dimensões e levarmos em consideração uma educação que abarca os saberes e respeita a
diversidade, é também contribuirmos para a realização de projetos de vida e consequente construção
de uma sociedade mais igualitária. Na EJA, como aponta o gráfico, temos uma grande maioria de
trabalhadores, desse modo, há de se pensar em um currículo que também aborde temas voltados ao
mundo do trabalho, instrumentalizando os estudantes sobre seus direitos, situação sócio-histórica e
suas conquistas, transpondo o que se aprende na escola para o dia a dia, temas que serão
abordados em nossas Oficinas no contraturno. Abordaremos mais detalhadamente esse tema ao
longo do nosso PPP.
Um dado igualmente importante é observarmos que 77,7% dos nossos estudantes realizam
trabalhos mais braçais como encanador, diarista, eletricista, cabeleireiro, pedreiro, entre outros. Há
de se pensar em práticas que considere esse dado, repertoriando-os, aumentando sua criticidade
fazendo-os ler para além das linhas, instrumentalizando-os para sua vida profissional.
17. 17
Pensarmos em uma educação que prima à equidade, há de se considerar a multiplicidade de
aprendizagens na hora de planejarmos, e os objetivos distintos, trazendo sempre o estudante como
co-autor na construção desse currículo. Essa construção, não pode estar desconectada dos
processos de leitura, perguntamos aos estudantes se eles gostam de ler: 65,3% afirmaram ter
desenvolvido o gosto pela leitura, porém temos 14% que apontam não gostar de ler, em contrapartida
20,7% afirmaram que estão no processo de aquisição da leitura. Nosso desafio é o de diminuirmos
cada vez mais esse percentual de não leitores, conquistando-os, apresentando-lhes a leitura nos
mais diversos gêneros, trazendo-a como ferramenta importante para o desenvolvimento de
habilidades e competências. Assim como, um trabalho intensivo de alfabetização nos módulos iniciais
e ofertando as oficinas de alfabetização e letramento para todos aqueles que necessitam desse apoio
nos mais diversos módulos.
Além disso, investimos em algumas plataformas mais atrativas para a leitura, com espaços
educativos espalhados por toda a escola, com livros de fácil acesso aos estudantes.
18. 18
Em relação aos gêneros preferidos, temos uma diversidade deles escolhidos pelos alunos, o
que nos remete a pensarmos em ações que continuem propiciando essa diversidade com rodas de
leitura, incentivo ao empréstimo de livros da Sala de Leitura, Saraus, entre outros.
Sobre a leitura um dado preocupante é que muitos estudantes vão em busca das redes sociais
como fonte de informação, ressaltamos que nem sempre o que está disponível na internet é fonte
confiável, muitas vezes formando opiniões equivocadas, fazendo-se necessário desenvolver um
trabalho crítico a respeito disso. Outro dado é que 28,7% dizem ter a bíblia como gênero preferido,
não buscando outras fontes de leitura.
FOTOS DOS ESTUDANTES SENTADOS
NOS ESPAÇOS DE LEITURA
19. 19
Na sequência os alunos nos informaram que 61,3% possuem computador em casa com
acesso à internet. É produtivo termos essa porcentagem dado que a tecnologia pode servir como
uma importante ferramenta em todas as áreas. É fundamental, investirmos em ações, não só nas
aulas de Informática e de Itinerário Formativo, mas também pensarmos em formas de trazermos essa
tecnologia como nossa aliada. Por essa razão o PEA escolhido por todo o grupo neste ano de 2023 é
sobre: Letramento digital: “Tô no mundo, tô na vida”. Formas de Ver e transformar o mundo na
contemporaneidade.
Pensando em um processo histórico, o uso de celulares é algo recente em nossas vidas.
Atualmente as pessoas usam o celular não só para comunicação telefônica, isso fica explícito no
gráfico sendo 88,7% utilizam a internet pelo celular para acessar redes sociais, fazer pesquisas,
aprofundarem seus conhecimentos, entre outros. Durante a pandemia com o recebimento dos tablets
para o acompanhamento das aulas, ficou evidente a dificuldade dos nossos estudantes com o uso da
tecnologia, portanto temos intensificado nosso trabalho a fim de propiciarmos uma maior autonomia
aos estudantes.
Ainda sobre as diferentes linguagens, 84% dos nossos alunos ouvem músicas com frequência,
ou seja, a música pode ser uma poderosa estratégia para acessarmos alunos com diferentes perfis,
possibilitando identificação e significação para os conteúdos que apresentamos.
Perguntamos também o que contribuiria para a aprendizagem de nossos alunos, ao que 54%
revelaram que as múltiplas linguagens (música, filmes, teatro, entre outras) auxiliam no processo de
assimilação dos conteúdos de forma mais significativa. Tal dado se faz importante para que
pensemos em uma escola cada vez mais dinâmica, participativa, trazendo as mais diversas
linguagens para nossas aulas.
L
20. 20
Retomando nossa pesquisa, ao serem consultados sobre quais instrumentos de avaliação
consideram importantes, 37,3% relataram ser favoráveis as provas escritas, sendo que uma
porcentagem muito próxima, 34,7%, apontou como relevante exercícios realizados em sala. Já 32,7%
consideram trabalhos e pesquisas como significativos no processo de aprendizagem.
A partir dessa atualização do perfil, discutimos o quanto os estudantes possuem carência às
questões de ensino e aprendizagem não vividas na idade escolar, eles sentem falta de elogios,
correção de cadernos, ou seja, há um desejo latente de serem vistos e viverem essa experiência.
Para, além disso, nós mostramos a todo o momento que há inúmeras possibilidades para uma
aprendizagem significativa, mostrando diversas linguagens em atividades que contemple o coletivo
exemplificando que a educação pode ser diferente às experiências escolares vividas outrora.
21. 21
b) Profissionais do CIEJA e seu perfil:
Acreditamos que ao conhecer com quem trabalhamos, estreitamos os vínculos,
ampliamos as possibilidades e fortalecemos o trabalho coletivo. Por essa razão saber um
pouco mais sobre os profissionais da nossa unidade, como escolheram a profissão, quais
fatores atravessam suas trajetórias é enriquecedor para as relações interpessoais.
Fazendo um levantamento da experiência do grupo na educação, temos uma maior
parcela atuando entre 10 a 15 anos na educação, assim como também temos outra
porcentagem do grupo que atua ha mais de 15 anos. Além disso, temos também que está
chegando agora nesta modalide, com novas ideias, propostas, promovendo uma interação
de experiências. Esse fator é importante porque é nas diferenças que crescemos e
aprendemos. As trocas de experiências, compartilhamento de saberes, enriquecem ambos
os lados, as parcerias se materializam e todos saem ganhando.
Perguntamos também desse tempo na educação, quantos anos são dedicados a
EJA e percebemos uma diversidade de experiências dedicadas a essa modalidade tão
singular. Estar na EJA é ter a ciência de que somos diversos, é olhar para cada um e para
todos, é buscar caminhos de aprendizagem que atenda a todos de forma integral, inclusiva
e equânime.
22. 22
No cotidiano profissional, os maiores desafios encontrados na comunidade
educacional são a diversidade presente no contexto escolar, 78,6%, revelam que os
desafios referem-se à realidade peculiar do CIEJA, que recebe tanto alunos jovens,
egressos do ensino regular, quanto trabalhadores, idosos e pessoas com deficiência.
Assim como, 57,1% apontam que o trabalho com os PCDs ainda é um desafio. O
suporte dado pelas estagiárias do Programa Aprender sem Limites, auxilia o trabalho e
qualifica a ação pedagógica. O trabalho com os PCDs, em boa parte dos casos demanda
uma ação individualizada e que geralmente é feito tête à tête. Em 15 de Março deste ano, a
Coordenação Pedagógica em conjunto com a PAEE elaborou uma formação para as
estagiárias, tratando assuntos como atividades flexibilizadas, como abordar os PCDs,
atualização dos estudantes que aqui estudam trazendo suas dificuldades, mas, sobretudo
suas potencialiadades. O objetivo desse trabalho é a eliminação de barreiras e proporcionar
a autonomia dos estudantes.
Para, além do apoio das estagiárias, da PAEE no trabalho colaborativo com os
professores, cada educador precisa pensar nas diferentes necessidades educacionais dos
estudantes e preparar adequações de atividades que garantam o acesso ao currículo de
forma equânime e significativa. Deste modo, com vistas a um processo avaliativo capaz de
abarcar os múltiplos estilos cognitivos presentes em nossa realidade escolar, a grande
maioria dos professores prioriza aspectos relacionados ao dia a dia da sala de aula com
relação às práticas pedagógicas, como debates, exercícios e a própria participação dos
estudantes promovendo o DUA como ferramenta fundamental para a inclusão de todos.
23. 23
Diante de tanta diversidade, todos os recursos se fazem importantes na contribuição
da prática pedagógica. A troca de experiência entre os colegas é de suma importância,
assim como também o acesso aos materiais pedagógicos.
A comunidade educativa também aponta que os recursos tecnológicos são
importantes nesse processo. Porém, não podemos deixar de mencionar que recebemos
equipamentos há mais de 2 anos e que os mesmos estão estocados em nosso laboratório
de informática sem a devida instalação.
Destacamos que 100% do grupo acredita que a troca de experiências entre os colegas
é fator prepoderante que contribui para a sua prática pedagógica.
Sobre o perfil dos professores, o grupo é formato majoritariamente por pessoas de
formação de nível superior, além disso, 71,4% possuem especialização em diversas áreas,
ainda temos 21% que possuem mestrado. Esse dado é revelador do perfil de toda a equipe,
são pessoas comprometidas com as demandas da educação, vivem uma busca constante
de referenciais teóricos que possam respaldar a prática pedagógica se faz necessário ainda
24. 24
dizer, que praticamente 86% do grupo investiu em seu capital cultural realizando vários
cursos nos últimos anos, o que configura o como um grupo que age e interage com os
estudantes de maneira a impactá-los por estarem subsidiados e respaldados
constantemente por referencial teórico de boa qualidade.
Visto que os desafios para a realização do trabalho são grandes e frequentes, como
por exemplo: elevado índice de evasão escolar, presença de faixas etárias distintas,
estudantes com deficiência, alunos que cumprem medidas socioeducativas, dificuldades
de aprendizagem como também alunos que trazem uma riqueza em suas vivências, faz-se
necessário o investimento permanente em nossa formação.
Discutimos com frequência sobre as demandas do ponto de vista legal, e os
educadores entendem que os espaços de discussão coletiva (JEIF), são prioritariamente
destinados à busca de maiores e melhores conhecimentos da área da Educação, bem como
temas relacionados à legislação. Por causa dessa formação permanente e engajada, 85,7%
sentem-se confortáveis para discutir temas sobre Direitos Humanos e Violência, 28,6% para
discutirem temas ligados às questões de gênero, História e Cultura Afro-brasileira, História e
Cultura Indígena, ou seja, boa parte dos professores tem embasamento teórico para discutir
diferentes temáticas em sala de aula.
25. 25
A seguir trazemos o quadro de Profissionais do CIEJA:
Nome RF Cargo Escolaridade
Valéria Aparecida de Mello 680.855.7 Auxiliar Técnico de Educação
Serviço de
Secretária
Ensino Superior
Ana Amélia Hipolito Reis da
Silva
619.243.2 Auxiliar Técnico de
Educação
Ensino Fundamental
Ana Cristina do Nascimento 622.152.1 Agente Escolar Ensino Fund.
Incompleto
Daniel Alves do Nascimento 773.483.2 Auxiliar Técnico de Educação Ensino Superior
Maria José Meschke Costa 715.181.1 Agente escolar Ensino Fundamental
Israel da Silva Ramos 699.204.8 Agente de apoio – Vigia Ensino Fundamental
Rita Maria Nunes 738.133-6 Auxiliar Técnico deEducação Ensino Superior
Sueli Cardoso Manoel 557.473.1 Agente Escolar Superior Incompleto
Sueli Vieira Stopa 774.798.5 Auxiliar Técnico de Educação
Serviço de
secretaria
Ensino Superior
Terceirizada RC Company
Nome Cargo
Ana Paula Teixeira de Andrade Auxiliar de Serviços Gerais
Lucia Martins Barbosa Araújo Auxiliar de Serviços Gerais
Renata Rose dos Santos Auxiliar de Serviços Gerais
Roseli de Fátima da Silva Auxiliar de Serviços Gerais
Contamos ainda com o Programa Operação Trabalho, na modalidade Busca Ativa
Escolar. O Projeto POT – Busca Ativa é destinado preferencialmente às mães cuidadoras, irmãs,
avós ou guardiãs legais responsáveis pela proteção e cuidado dos estudantes matriculados nas
UEs da Rede Municipal de Ensino e/ou mulheres da comunidade escolar.
O novo programa – busca ativa ABAEs (Agente Busca Ativa Escolar) colabora com a
Equipe Gestora no acompanhamento da frequência escolar diárias dos estudantes matriculados
na UE.
ABAEs (Agente Busca Ativa Escolar)
Nome RG
Keila Nazaré de Menezes Gonçalves 41.219.337-1
26. 26
A seguir trazemos o quadro da Equipe Gestora e Docente da nossa Unidade Educacional:
Equipe Gestora
Nome RF Cargo Escolaridade
Patricia Christiane Hypoliti 779.803.2 Coordenador Geral Especialização
Adriana Aparecida de Araújo 778.999.8 Assistente do Coord. Geral Ensino Superior
Cirley Pinheiro M. Santana 782.603.6 Assistente
Educacional
Pedagógico e Especialização
Viviane Lemos de J. Moreiras 780.836.4 Assistente Pedagógico e
Educional
Mestrado
Nome RF Cargo Escolaridade
Carla Tiemi Taniguchi
841.641.9
Prof. de Ens. Fund. II e
Médio -Arte
Especialização
Douglas DubisnkasTakenaka
772.196.0
Prof. de Ens. Fund. II e Médio
–História Ensino Superior
Eduardo Parladore Aliotti 822.004.2
Prof. de Ens. Fund. II e
Médio – Educação Física
Especialização
Lis Regia Pontedeiro de
Oliveira
792.349.0
Prof. de Ens. Fund. II e Médio
–História
Mestrado
Luciana Lima Santezi 820.970.7 Prof. de Educação Infantil e
Fund. I
Especialização
João Batista Vitor Neto 752.870.1
Prof. Ens. Fund. II e
Médio –Ciências
Especialização
Maria Batista Morais Xavier 730.308.4
Prof. Ens. Fund. II e
Médio –Inglês
Especialização
Marta dos Santos
795.701.7
Prof. de Educação Infantil e
Fund. I
Especialização
Natália Aparecida S. Reis
802.046.9
Prof. Ens. Fund. II e Médio –
Português/ Inglês
Especialização
Patricia Palma Parlangeli
722.852.0
Prof. de Educação Infantil e
Fund. I
Especialização
Ricardo José Pellegrini
808.513.7 Prof. Ens. Fund. II e Médio –
Matemática
Especialização
Valéria Pereira Velosa
750.927.8
Prof. de Ens. Fund. II e
Médio –
Português
Mestrado
27. 27
c) Equipamentos de Saúde, Esporte, Lazer e Cultura do Entorno
Quando falamos da relação da comunidade com a escola, é importante que
tenhamos troca, parcerias, trabalho em conjunto.
Neste sentido, as parcerias realizadas com a comunidade têm como meta, oferecer
novas perspectivas, transformando o espaço escolar em espaço de convívio, por meio das
relações extramuros, exemplificando, o que acontece na escola tem que refletir na
comunidade e vice-versa. Essas relações devem ser alimentadas a fim de que nossos
estudantes tenham acesso aos mais diversos espaços, havendo assim um sentimento de
pertencimento tanto por parte dos estudantes como da comunidade em relação à escola.
Os equipamentos de saúde, esporte, lazer e cultura do nosso entorno são: UBS
Lauzane, Centro Esportivo Mandaqui - Mini Balneário Com. Gastão Moutinho, Biblioteca
Pública Pedro Nava, Parque Alberto Lofgren – Horto Florestal, Fábrica de Culturas, Corpo
de Bombeiros. Em diversos
momentos, nossa escola tem
atividades desenvolvidas em
parcerias com os equipamentos
citados.
Um deles é que
conseguimos estabelecer uma
parceria com o Mini Balneário
para que nossos estudantes possam usufluir de mais esse equipamento. Para isso, todos
os estudantes estão realizando o cadastro e exame médico para utilizarem quando
quiserem as dependências do lugar. Além disso, algumas Oficinas e Educação Física
ocorrerão neste espaço, já que não temos quadra esportiva no CIEJA. O equipameto
possui piscina, sala propícia para a Oficina de Dança, instrumentos para ginástica, entre
outros, o espaço será utilizados 3 vezes por semana.
28. 28
Outra parceria estabelecida é a utilização do palco e da quadra da EMEF
Comandante Gastão Moutinho,
dividimos muro com a escola e esse
espaço amplia as possibilidades de
realizarmos palestras, Oficinas que
mexem com o corpo. Corpos da EJA
que já passaram por diversas
negligencias... Pensamos em uma
educação que privilegia mente e corpo
abarcando aos estudantes em sua
integralidade.
Quando pensamos o CIEJA na
comunidade e a comunidade no CIEJA, é trazer a comunidade pra dentro da escola, é
29. 29
também pensar em ações que promovam essa transformação do entorno, é possibilitar
sua participação.
Pensando nisso, convidamos o Bombeiro Soldado Ferretti, lotado no Quartel de
Bombeiros Casa Verde (II Grupamento). Ferretti abordou para professores e funcionários
da escola o uso dos extintores e caso de incêncido.
30. 30
Atrelados a isso, ressaltamos também o trabalho ativo e direcionado pela CIPA
(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) tanto para a formação de professores e
funcionários no Horário Coletivo, como também de estudantes durante as aulas trazendo
informações relevantes quanto à prevenção de doenças, pandemais, epidemias, cuidados
necessários com a saúde e bem estar, e os procedimentos de Primeiros Socorros (em
anexo encontra-se o Manual de Normas e Procedimentos da SME, pág. 446 a 451). Como
já mencionamos, todos os funcionários participam das formações e estão aptos a prestar
os primeiros socorros caso haja necessidade.
Estar na Educação de Jovens e Adultos é olhar para um universo de historicidades
e reconhecê-las, agregando valor a cada um que chega até aqui com o sonho de concluir
seus estudos. Por essa razão, estar e um ambiente bem aonde se privilegia a escuta, um
ambiente bem cuidado, limpo, organizado de que se orgulha ressignifica o sentimento de
pertença e os benefícios atingem a todos.
No início desse ano, preparando tudo para o retorno dos estudantes! O CIEJA está de cara
nova! A fachada está lindaa!!! Os muros foram grafitados por artistas periféricos que
pacientemente ouviram nossos anseios e a necessidade de expressarem nos muros da escola
representatividade da diversidade das pessoas que daqui fazem parte!
31. 31
d) Estratégias de Atendimento aos Educandos com Deficiência, Transtornos Globais do
Desenvolvimento e Altas Habilidades/Superdotação
Uma característica marcante na modalidade CIEJA é o atendimento aos estudantes
com as mais diversas deficiências, atualmente temos 28 estudantes matriculados e a
presença da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) e de um olhar apurado da
Professora de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) é primordial para uma
educação inclusiva de qualidade.
Notamos então que há uma iminente procura das famílias tanto de jovens, ainda
menores de idade, como também tem crescido o número de matrículas das pessoas com
deficiência. Pensando em cada vez mais oferecer um trabalho de qualidade para todos,
após a efetivação da matrícula, os responsáveis e os estudantes, passam por uma
conversa com a coordenação pedagógica do CIEJA. Esse momento é de fundamental
importância para conhecermos um pouco da história desse estudante, obtermos
informações sobre suas especificidades, assim como também passarmos informações do
32. 32
funcionamento de nossa escola e tirarmos possíveis dúvidas.
No caso específico de estudantes com deficiência, a fim de que proporcionemos um
melhor acolhimento, a partir dessa conversa, a coordenação acorda com a família alguns
dias para o seu início, para que seja passado à equipe CIEJA que receberemos um novo
estudante e todos se prepararem para sua chegada.
A PAEE (Professora de Atendimento Educacional Especializado) Patrícia Parlangeli
realiza um trabalho de Sondagens de Aprendizagem para mapear as habilidades e
dificuldades de cada PcD, que caracteriza público para o AEE (Atendimento Educacional
Especializado). Como o de costume, a ideia é de que posteriormente as sondagens
sejam projetadas para a Equipe Docente e Gestora e de forma colaborativa pensando
nas formas de atendimento desses estudantes, bem como as necessidades pedagógicas,
e de que maneira podemos favorecer um processo de equidade diante da aprendizagem.
Contemplamos outra ação com a escuta das famílias dos PcDs, através das
Anamneses, possibilitando ampliar o olhar, sobre o cotidiano dos estudantes, bem como
pensar em possíveis intervenções pedagógicas que favoreçam o acesso ao currículo e
como essas ações possam reverberar no cotidiano da sala de aula. É importante
mencionarmos que aprendemos com a pandemia que é possível também realizarmos
esses atendimentos por meio de vídeochamada, principalmente para aquelas famílias que
são impossibilitadas de virem pessoalmente ao CIEJA ou por afazeres domésticos,
profissionais, bem como por se ocuparem com os cuidados com a família. Por outro lado,
se faz um momento muito significativo, pois algumas famílias mostram um pouco do
ambiente familiar, aonde o estudante vive, suas rotinas, etc.sendo um grande aliado para
a construção do Plano de Atendimento Educacional Especializado.
Ainda pensando em um trabalho inclusivo, a PAEE vem desenvolvendo o Trabalho
Colaborativo nas turmas do período da manhã, para conhecer os novos estudantes,
observar as necessidades pedagógicas e evidenciar as potencialidades de cada
estudante. Concomitante a isso está montando os horários de Articulação com os
professores da sala regular, em parceria com as coordenadoras pedagógicas.
É importante mencionarmos que a Articulação com os professores da Sala Regular,
em parceria da PAEE com as coordenadoras Pedagógicas (Viviane e Cirley) se mantém,
possibilitando momentos de reflexão e construção de forma colaborativa das atividades
adequadas, pois se constituem em possibilidades educacionais de atuar frente às
dificuldades de aprendizagem dos estudantes. Pressupõe que se realize a adequação do
currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades das
33. 33
PcDs, prevalecendo um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que
atenda realmente a todos os educandos.
O material construído pela professora do AEE em elaborar portfólios individuais
das PcDs, como instrumento de consulta e para registrar os avanços dos mesmos diante
do processo de aprendizagem, sendo composto por: Ficha de matrícula na SRM, laudo
médico, anamnese, sondagem de aprendizagem, registros, PDIs, carômetro e
encaminhamentos, são um forte aliado para os planejamentos de aulas dos educadores,
bem como pensarmos em um trabalho cada vez mais inclusivo e que atenda as
especificidades dos nossos educandos.
Temos como meta a formação de uma rede de apoio que envolva profissionais das
áreas de Saúde, Assistência Social e Trabalho, sempre que necessário, para o
desenvolvimento e progresso do estudante. Exemplo: CEFAI, DICEU, UBS, Emprego
Apoiado, APD (Acompanhamento da Pessoa com Deficiência) etc., com isso favorecer
atitudes pró-ativas das famílias com o intuito de participação no processo educativo e
também buscando recursos na comunidade.
A construção dos PDIs (Plano de Desenvolvimento Individual) é realizada por toda
equipe escolar, com o objetivo de registrar os avanços pedagógicos, bem como as
intervenções quando necessárias.
Além disso, há também o atendimento no contraturno dos estudantes organizados
em grupos distintos, objetivando um trabalho qu propicie uma maior autonomia das
atividades de vida diária, bem como na sala de aula. O trabalho é desenvolvido
respeitando as especificiadadades e agrupando-os a partir de suas reais necessidade bem
como suas potencialidades.
34. 34
A SRM contempla novas formas de ensinar e aprender. As atividades são
potencializadas, por meio da ludicidade, manifestações artísticas e dinâmicas e o trabalho
pedagógico se desenvolvem a partir de temas de interesse dos estudantes.
35. 35
Percebemos também uma necessidade latente e alguns estudantes com deficiência
de demonstrarem o desejo de se sentirem incluídos de forma integral em nossa
sociedade. A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é um tema que
tem ganhado cada vez mais destaque, pois além de ser uma questão de direitos
humanos, pode trazer benefícios tanto para o trabalhador quanto para a empresa.
Tal tema, tem sido debatido entre os CIEJAs e a DIEJA na perspectiva de
estabelercermos parcerias para a inclusão das PcDs no Mundo do Trabalho.
A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho pode trazer benefícios
para a empresa, como aumento da diversidade e criatividade no ambiente laboral, além de
permitir que a empresa cumpra sua responsabilidade social e se comprometa com a inclusão
social. Para o trabalhador com deficiência, o emprego representa uma oportunidade de
autonomia financeira, melhoria da autoestima e possibilidade de crescimento profissional e
pessoal.
O princípio fundamental da educação inclusiva no CIEJA Santana/ Tucuruvi é o de
que todos os estudantes podem e devem aprender juntos; independentemente de
qualquer dificuldade ou diferença, sempre que for possível, reconhecendo as
diversidades e acomodando vários estilos e ritmos de aprendizagem, assegurando uma
educação equânime e de qualidade.
II - Proposta Curricular
a) Avaliações internas e externas
As avaliações externas vêm ocorrendo no formato digital. A Avaliação da EJA,
necessita de toda uma organização por parte da escola para que consigamos realizar a
36. 36
prova em tempo hábil com todo o público alvo. Enfrentamos algumas dificudades porque
as provas não vêm com as devidas adequações pensando nos estudantes com deficiência
e/ou com dificuldades de aprendizagem e leitura. Ela se revela um instrumento pensado
somente para os estudantes sem deficiências e/ou dificuldades.
Realizamos sondagens em todos os módulos para sentirmos a real necessidade
das turmas. E foi a partir dos resultados desse trabalho que sentimos a necessidade de
reorganizarmos as turmas. É importante ressaltramos que em todas as turmas temos
estudantes com e sem deficiência com menor e maior idade. E foi a partir das reais
necessidades que realizamos os agrupametos por turma quando necessário. A partir daí,
considerando-se as especificidades de cada Área do Conhecimento, os professores, junto
à coordenação, estão repensando formas mais diversas de abordagens do currículo,
considerando sempre o DUA e/ou as adequações necessárias para que TODOS possam
acessar o currículo de maneira significativa.
37. 37
b) Metas de Apredizagem e Desenvolvimento
O CIEJA tem como meta principal o desenvolvimento da capacidade leitora,
escritora, autônoma e reflexiva dos estudantes, bem como buscar possibilidades para seu
crescimento cultural e social. Buscar o desenvolvimento de práticas acerca das questões
originária das relações étnicas raciais, entendendo e valorizando as diferentes culturas,
buscando desconstruir formas de pensamento cristalizadas que estimulam estereótipos,
preconceitos, discriminações, ajudando a transformar a sociedade e integração dos
deficientes no cotidiano escolar, valorizar a cultura e o conhecimento dos estudantes.
Pensando nisso, neste ano pensamos no redimensionamento do nosso PPP e por meio
das demandas chegamos aos temas relevantes que perpassam a socidade, nossos
estudantes, o trabalho realizado em sala de aula. Explicaremos com mais detalhes no
próximo item.
c) Prioridades e Objetivos Educacionais
Com um histórico recente de um cenário pandêmico, percebemos o quanto ainda
estamos vivendo os efeitos desse período, sendo das mais diversas áreas, econômica,
emocional, social e psicológico.
Percebemos uma sociedade mais violenta, elevando o número de casos de
feminicídios, racismo, intolerância religiosa, etarismo além das tristes notícias sobre os
ataques aos espaços escolares.
Diante disso, debatemos o nosso papel quanto escola diante desse cenário, e a
partir das demandas que surgiram dos próprios estudantes redimensionamos o nosso
PPP para que o trabalho deste ano seja permeado pelos contextos sociais e econômicos
que atravessam o cenário atual.
É importante mencionarmos que levamos ao grupo questionamentos a partir das
demandas que foram trazidas por eles desde o início deste ano. E após muitas discussões
acaloradas vimos a necessidade e urgência desses temas continuarem fazendo parte do
nosso trabalho e intensificarmos algumas temáticas. E por que escolhemos trabalhar tais
temas em detrimento de outro? Porque a partir de um olhar sensível aos estudantes e aos
dados que obtivemos a partir de seu perfil, percebemos que uma cultura de paz é construída
cotidianamente na promoção do respeito às diversidades. Não educamos para a paz sem um
trabalho processual e o que estamos vendo em nossa justamente sociadade é a intolerância
à diversidade.
38. 38
Diante do exposto chegamos a conclusão de que tais temas devem perpassar todas as
áreas do conhecimento, com naturalidade, profundidade, argumentação, abertura ao diálogo
e que tais temas deveriam ser publicizados para toda a comunidade escolar. Aonde TODOS
tivessem acesso ao trabalho que aqui é desenvolvido. E foi aí que inúmeras ideais foram
tomando corpo, uma delas foi a construção de um painel coletivo, com vídeos idealizados e
criados pelo grupo de professores, além disso, pensamos em um painel interativo para que
estudantes, funcionários e todos que por aqui passam, pudessem manusear e ter acesso aos
conteúdos.
Pensamos em nosso PPP como um grande guarda-chuva e dele saem os mais
variados temas, aonde os estudantes possam acessá-los por meio de seus celulares, através
da leitura de QRCode. Outro ponto a destacar é que pensarmos em QRCodes e no acesso
aos tablets tem forte relação com o nosso PEA deste ano, aonde estudaremos sobre o
Letramento Digital.
Além disso, anexamos ao mural, tablets posicionados em três alturas diferentes, para
que estudantes, com alta estatura, média ou até mesmo usuário de cadeira de rodas, possam
acessá-los para a visualização de todos os vídeos. Mas não é só isso, disponibilizamos
também, grandes envelopes, coloridos com interrogações indagando a todos o que devemos
discutir na escola? O conteúdo de cada um desses envelopes contém imagens, frases que
levam a reflexão, e no verso de cada um dos cards, também disponibilizamos o QRCode dos
vídeos para que os estudantes possam levar para seu convívio social, disseminando o debate
e a reflexão sobre a diversidade que nos compõem. Por que trabalhamos esses temas?
Porque o CIEJA é lugar de TODOS!
Protótipo do nosso painel interativo Resultado do nosso planejamento – Painel Interativo
40. 40
Na sequência colocamos os QRCodes dos vídeos idealizados pelos professores do
CIEJA para que vocês possam assití-los, basta apontar a câmera do seu celular para cada
um deles e vir com a gente nesse movimento dinâmico, assim como tem sido as aulas com o
uso do Painel Interativo como apoio pedagógico para as discussões.
Algumas ideias já estão sendo idealizadas a partir do efeito do Mural Interativo,
uma delas é dar corpo aos projetos que aqui nascem. Nossa proposta é a de que cada
Área do Conhecimento faça suas contribuições sobre os temas e que para, além disso,
consigamos promover a interlocução não só entre as áreas, mas também entre todos os
módulos.
O trabalho com a EJA requer um olhar diferenciado, para um público que já passou
por inúmeras situações excludentes, que chegam até o CIEJA com o sentimento de não
pertencimento, somente com um trabalho diário de acolhimento e empatia, esse
sentimento se transforma, estreitando os vínculos e a aprendizagem acontece.
Desse modo, para que possamos garantir o direito e o fortalecimento das
aprendizagens, em um momento tão ímpar da educação, faz-se mais do que necessário
pensarmos em múltiplas linguagens para o acesso de TODOS.
Racismo
Idoso na
Sociedade
LGBTQIA+
Intolerância
Religiosa
Violência
contra Mulher
Pessoas com
Defiência
Letramento
Digital
41. 41
d) Normas de Convívio e Mediando Conflitos: Vivendo e Convivendo
Viver é conviver, a máxima citada faz todo sentido na realidade do CIEJA, como já
mencionamos, aqui estudam jovens, adultos e idosos, pessoas com e sem deficiência.
Essa diversidade carrega em si um problema e também um desafio, coexistir
respeitando as diferenças de tempos de aprendizagem e estilos cognitivos, diferenças de
gerações, hábitos e valores, não é uma tarefa fácil e por vezes acaba surgindo alguns
conflitos.
O diálogo nessas situações surge como principal mediador para a solução desses
impasses, primando pelo respeito e tolerância. Buscamos ouvir os envolvidos no conflito
individualmente para que se sintam à vontade para colocar sua versão do ocorrido. Após
ouvirmos os dois lados, buscamos a solução em conjunto com eles para que todos se
sintam corresponsáveis.
Em caso de reincidência, chamamos novamente para o diálogo, e realizamos o
registro da ocorrência, solicitando que tomem ciência por meio de suas assinaturas e de
forma conjunta assumam o compromisso de conviver de forma respeitosa.
No caso de estudantes menores, primeiro estabelecemos um diálogo com eles, e
caso seja necessário entramos em contato com seu responsável legal para que tome
conhecimento do ocorrido.
Viver e conviver pressupõe respeito, mediação e escuta sensível, tais ações têm
contribuído para a prevenção e resolução de conflitos que surgem no CIEJA. Além
disso, temos na unidade a Comissão de Mediação de Conflitos, conforme Decreto nº
56.560/2015 (em anexo, membros da Comissão).
e) Articulações locais com os Equipamentos Sociais
Nossas concepções estão em toda parte, inclusive nos cartazes que colocamos
no CIEJA, respeito à diversidade e a garantia da representatividade. Cartazes que
asseguram o direito de serem chamados pelo Nome Social, quando for o caso, bem como
o acesso aos banheiros da escola.
42. 42
Temos recebido homens e mulheres trans do Centro de Acolhida João Nery e do
Centro de Acolhida Casa Florescer II. A Coordenadora Pedagógica Viviane entrou em
contato com os dois centros de acolhida para conhecer
um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido e
estabelecer parcerias para futuras matrículas.
Percebemos que o ingresso desse público no
CIEJA criou a demanda de um trabalho mais efetivo
com os estudantes, desse modo, oportunizamos uma
visita do Advogado Rafael Oliveira. Rafael é o primeiro
Presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de
Gênero da OAB Santana, Advogado do CCLGBTI
Norte Luana Barbosa dos Reis, Pós-Graduado em
Direito Penal e Processual Penal. Pós-Graduando em
Direito Homoafetivo e de Gênero. Rafael trouxe várias informações esclarecedoras onde
os estudantes puderam se colocar e tirar suas dúvidas. Foi uma conversa necessária para
a nossa formação e dos nossos estudantes. LGBTQIA+ conhecer, aprender e respeitar
todos os corpos.
43. 43
E neste ano de 2023, continuaremos a mergulhar nesse tema, conforme já mencionamos,
pois informação e conhecimento são os melhores instrumentos contra a ignorância e o
preconceito: SOMOS FEITOS DE MUITOS e respeitamos todas as individualidades. O CIEJA é um
lugar de todas, todos e todes.
Um equipamento social que faz parte do cotidiano da escola é o trabalho realizado pelo
Conselho Tutelar. Mas para além de prestarem serviços visando auxiliar-nos na baixa frequência
dos estudantes, há de se ter a dimensão da relevância da sua atuação nos mais diversos casos.
Para isso, convidamos a Conselheira Municipal dos Direitos da Juventude da Prefeitura de São
Paulo, Isabela Alexandre Netto. A palestrante veio em nossa Unidade Escolar em dois momentos,
uma para dar uma formação para toda a equipe docente e gestora e a convidamos a rertornar para
uma conversa com os nossos estudantes. Isabela tratou sobre Educação Social para Mulheres e
Crianças em situação de Violência, gerando muito debate e esclarecimentos.
CIEJA
SANTANA/TUCURUVI
44. 44
Outra articulação com os equipamentos sociais é o de recebermos anualmente estudantes
com deficiência de Residências Terapêuticas, Casas de Acolhida, etc. Estamos planejando uma
visita e ação na COTIC - Centro Organizado de Tratamento a Criança em nossa próxima Reunião
Pedagógica. A ideia partiu de um professor ao dizer que além de recebermos muitos estudantes
dessa intituição, também moram lá muitos ex-alunos. Essa ação, estreita vínculos, fortalece o
nosso trabalho e nos aproxima da realidade vivida por esses estudantes.
f) Estratégias de Atendimento aos Educandos com Deficiencia, Transtornos Globais do
Desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
A formação continuada se dá em todo momento no CIEJA, em Setembro de 2022
tivemos mais uma Semana de Educação Inclusiva, considerando uma abordagem
integral da inclusão.
Faz parte do senso comum considerar que Inclusão seja apenas um assunto que
envolva simplesmente o atendimento à Pessoas com Deficiência, porém, ao pensar
sobre as vulnerabildades econômica, social, e até mesmo física dos estudantes do
CIEJA, além de tomarmos as concepções do Currículo da Cidade, temos a consciência
de que ao trabalhar essa temática, não se deve restringir a abordagem a uma única
faceta desse tão relevante tema.
Podemos ver claramente os efeitos perversos da exclusão na vida da Pessoa com
deficiência, e em grande parte das vezes, isso não é restrito somente a esse grupo, a
exclusão e suas consequências, atinge também o negro, o pobre, o gay, e em alguns
casos, essas questões atingem as pessoas de maneira duplicada, o que faz com que os
esforços para lidar com as barreiras por elas impostas, exijam dos estudantes ainda
muito mais recursos.
Pensando nisso, na Semana Inclusiva do CIEJA Santana/Tucuruvi, convidamos
pessoas que pudéssem trazer aos nossos estudantes, uma perspectiva positiva de
maneiras pelas quais, se é possível encontrar caminhos e desenvolver habilidades, que
possivelmente trarão oportunidades para auxiliá-los na difícil tarefa de transpor as
barreiras da exclusão.
A concepção inclusiva foi desde a criação do convite, até as pessoas convidadas
para enriquecer a nossa semana. No ano passado, descobrimos entre muitos talentos,
um em específico do estudante Gil Silva do Módulo 3 Vespertino, um artista nato para
45. 45
desenhos. Fizemos a proposta para que ele desenhasse o nosso convite, solicitando que
ele retratasse a diversidade do CIEJA. Eis o resultado do seu trabalho!
Gil, ainda é estudante do CIEJA neste ano, está em seu último módulo aqui com a
gente. Tê-lo aqui todos os dias, enriquece o nosso fazer pedagógico. Em nosso primeiro
Encontro Síncrono com a DIPED, o formador André Uga, entre muitas coisas que
debatemos ele nos surpreendeu com as avaliações que o CIEJA Santana/ Tucuruvi
possui no Google, uma delas é justamente do nosso estudante Gil Silva. Ler suas
palavras nos motiva, nos impulsiona em nosso trabalho:
Depois de 42 anos com o incentivo de minha esposa e filhos, voltei a estudar. E
para a minha felicidade encontrei uma escola excelente em todos os aspectos.
Logo que cheguei para me matricular, fui tão bem atendido pela Dona Ana
(secretária), Durval (inspetor) e outros funcionários que não lembro os
nomes, que já queria começar no mesmo dia, saí de lá tão contente que
não via a hora de voltar para começar a estudar. No primeiro dia de aula,
fui muito bem recebido pelos professores e alunos, me senti em casa,
parecia que já os conhecia há muito tempo. Eu só tenho a agradecer aos
professores pelo excelente método de ensino, pela paciência e por fazer
com que sejamos uma equipe. Que Deus nos abençoe e nos proteja
sempre
47. 47
Recebemos Ana Lúcia Gerner gerente da Residência Terapêutica aonde vários de
nossos estudantes moram, e Renato Rodrigues de Almeida e Layna Ghirardello
referências desses mesmos estudantes no CAPS. Nesse encontro recebemos
orientações sobre os Serviços Residencias Terapêuticos (SRTs), além de conhecermos
um pouquinho mais sobre o Trabalho das SRTs e do CAPs. Conhecer suas rotinas, um
pouquinho sobre o ambiente em que eles vivem, as relações que estabelecem uns com
os outros dentro e fora da residência, nos dão subsídios para um trabalho mais
qualitativo.
48. 48
Recebemos também a profª Flavia Valéria Valderino que tratou sobre as
diferenças de igualdade e equidade no combate ao racismo. A professora falou sobre o
respeito ao outro, sobre a importância de cada um de nós termos uma postura
antiracista. Flavia abordou muitos temas urgentes e necessários para a construção de
uma cultura de paz.
49. 49
O trabalho com a diversidade requer a inclusão diária de debates,
aprofundamento teórico e o compartilhamento de viviências... Recebemos também para
enriquecer a conversa a Professora Herbe Discórdia para tratar sobre o tema gênero,
sexualidade e sexo por uma Educação Humanizadora. Herbe se define como travesti,
traz sua história de vida e as dificuldades de ser quem na sociedade em que vivemos.
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Em tempos de que a Saúde Mental anda abalada, é urgente também termos um
olhar generoso com cada um de nós. Para tanto, recebemos a Profa. Dra. Luciana
Gonzaga Cardoso com a temática “Estilo e qualidade de Vida profissional da Educação
na Perspectiva da promoção da Saúde e Prevenção de Doeças”, debatendo sobre o
estio e qualidade de vida. Luciana começa nos indagando: “Ser professor é um fator de
risco para a saúde”?
Apresenta que a nossa capacidade e prevenir doenças depende do conhecimento
que temos sobre os fatores de risco. E qual a importância de conhecermos esses
fatores? Para que possamos atuar diretamente nos fatores modificáveis que está
diretamente ligado ao nosso estilo de vida, uma vez que os fatores não modificáveis
estão postos (raça/cor, fatores genéticos, histórico familiar, etc).
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A educação se faz de múltiplas formas e a vinda da Profª Silvania Francisca de
Jesus com o tema – “Círculos de Cultura: Intervenções Interculturais” trouxe a
Pedagogia Griô envolvendo professores e estudantes. Buscando a musicalidade em
nossos nomes, valorizando a nossa ancestralidade e história de vida e todos os saberes
e fazeres tradicionais da nossa comunidade.
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Tivemos a presença do escritor, psicólogo e Psicanalista com Paralisia Cerebral,
Emílio Figueira. Com uma formação para os estudantes, Emílio apresentou a Plataforma
Audima criada por ele para pessoas com baixa visão dificuldade de aprendizagem, além
de trazer toda a sua história de vida de luta e superação. A presença de Emílio em nossa
escola traz representatividade, exemplo admiração.
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Tivemos também a participação do Professor Dr. Álvaro de Azevedo Gonzaga,
escritor e advogado de Direitos Humanos, autor do livro Decolonialismo Indígena. O
professor explanou sobre a origem dos povos guaranis e de sua etnia. Seu trabalho é
pautado nos direitos humanos dos povos indígenas e demais grupos marginalizados e
fragilizados dentro de um sistema que protege uma minoria marginalizada. Pauta
importante quando se pensa em uma escola inclusiva que abrange toda a diversidade.
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Por fim, tivemos a riqueza de receber o cineasta, produtor e deficiente visual
Marçal Souza, diretor do filme Colegas. Marçal apresentou aos estudantes os desafios e
a possibilidade de vencê-los mesmo diante das dificuldades. O cineasta, não se limita à
cegueira, ele lança mão de recursos mentais e tecnológicos para dar conta das
atividades profissionais diárias. Marçal representa que o capacitismo não deve ser
evidenciado, uma vez que qualquer pessoa, tendo deficiência ou não é capaz de
desenvolver habilidades para viver em plenitude. Muitos estudantes ficaram impactados
com suas palavras.
A semana de educação Inclusiva é uma janela que se abre no Cieja, embora nossa
rotina esteja repleta de atividades inclusivas, essa semana em particular, nos faz
debruçar sobre o tema com mais intensidade, provoca um movimento didádico
pedagógico sobre eliminação de barreiras, nos aproxima de exemplos de superação e
nos possibilita vivenciarmos nesses dias, quebras de paradigmas a respeito de temas
delicados, como por exemplo a questão da sexualidade dos PCDs ou até mesmo a
questão do capacitismo, atitude irrefletida da maioria das pessoas ao lidar com PCDs:
comportamento que acaba provocando estagnação e prejudica a constatação de
avanços conquistados por eles e pelos esforços engendrados nos atendimentos nas UEs.
Tratar de temas sobre a diversidade como já mencionamos é abarcar a TODOS,
por essa razão privilegiamos convidados que trouxesse representatividade, apresentasse
55. 55
aos estudantes e toda a equipe como é viver em uma sociedade múltipla. Quebrar
comportamentos cristalizados, é um chamamento para a reflexão!
Iniciamos este ano com vários temas já sendo debatidos. Revisitar o nosso PPP e
redimensioná-lo faz parte dessa construção que é contínua, dialógica e processual.
g) Plano de Gestão
Temos por concepção e prática, que as relações desenvolvidas no dia a dia da
escola devam primar pelo respeito, pela dialogicidade, envolvendo toda a comunidade
escolar integrada a esse processo. Viver uma gestão democrática pressupõe espaço de
escuta atenta e fala pontual, que dividi com todos a corresponsabilidade das ações que
regem o funcionamento da Unidade Educacional. Nesse sentido, nossa identidade vai
tomando corpo, delineando assim uma gestão acolhedora e democrática.
Compreendemos que estar no CIEJA pressupõe o convívio com a multiplicidade de
historicidades que envolvem estudantes, corpo docente e todos os funcionários que desse
universo fazem parte. Desse modo, abarcamos as diferenças sociais, étnicas, culturais,
religiosas e de gênero. Tendo em vista o explicitado acima, as ações que evidenciam um
trabalho coletivo e humanista é o de propiciar um ambiente acolhedor para todos aqueles
que trabalham e que estudam em nossa escola. É também promovermos momentos de
participação em Conselhos do CIEJA e APM, Conselho de Classe Participativo, Reunião
de Pais e espaço aberto para sugestões e ou críticas com vistas a melhorarmos o nosso
trabalho, Reuniões regulares com funcionários com o objetivo de formarmos uma equipe
coesa e motivada, onde cada um é parte do todo, considerando as especificidades e os
talentos de cada um. Uma gestão que privilegia a escuta e considera a fala do outro para
repensar e redimensionar as ações valoriza os profissionais que fazem parte desse
espaço que é coletivoe feito por todos.
Na primeira Reunião de Organização com Funcionários no ínicio deste ano, foram
feitas algumas perguntas e obtivemos as respostas a seguir:
- O que pensamos quando falamos de escola?
Troca de conhecimento;
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Local de aprendizado;
Local de convivência com o ser humano;
Acolhimento
Abrir horizontes/ possibilidades;
Ensinar e aprender.
- O que pensamos quando falamos de estudantes?
São fundamentais para o nosso trabalho;
São os principais sujeitos da nossa ação possibilitando uma sociedade
mais consciente e crítica.
- Que cidadão queremos ajudar a formar?
Que saibam seus direitos deveres;
Que sejam pessoas que acrescentem na socidade.
- Queremos contribuir para a formação desses estudantes para a construção
de que tipo de socidade?
Para uma sociedade mais justa e equânime;
Que seja mais coletiva onde todos auxiliem a todos;
Que as pessoas tenham moradia digna e trabalho.
Por fim, os funcionários afirmaram que o CIEJA é um espaço de transformação.
Quando nos deparamos em situações de conflito que ocorrem nas mais diversas
instâncias da escola, a mediação é algo presente em nossas ações.
Conceber uma educação equânime é contemplar toda essa diversidade presente
no CIEJA Santana/ Tucuruvi, esse território múltiplo, transformador, coletivo e inclusivo.
Em anexo o nosso Plano de Trabalho.
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h) Plano de Implementação da Proposta Curricular e Currículo da Cidade
A interlocução entre os pares é sempre algo almejado, uma vez que a interdisciplinaridade
só enriquece o trabalho.
No início do ano letivo, em razão da tragédia ocorrida no litoral norte de São Paulo, a
professora Lis Regia Pontedeiro de Ciências Humanas começou a tratar do assunto a partir das
perspectivas históricas, geográficas e até filosóficas que se relacionavam ao tema.
Foram tratadas questões como ocupação irregular de terras, desigualdades sociais,
solidariedade, ganância (abuso na cobrança de itens essenciais) e finalmente, as alterações
climáticas.
Discutimos o quanto as atividades humanas impactaram e favoreceram o evento. Se
chuvas são um fenômeno natural e desejado, o excesso de precipitação causa mortes e
desastres. Buscando as possíveis causas do ocorrido, chegamos a algumas conclusões, a partir
de pesquisas e investigações. As mudanças climáticas seriam consequências do Aquecimento
Global, intensificado fortemente a partir da Revolução Industrial, no século XVIII.
Foram realizadas atividades que envolveram trechos de documentários, textos sobre o
tema, pesquisas na internet e debates.
Finalmente, optamos por registrar todo esse processo em forma de maquete. Assim, no
dia 7 de março, durante todo o período da manhã, no primeiro horário, a sala 4B, dividida em
dois grupos, criou e produziu duas maquetes que representam o fenômeno do Aquecimento
Global.
O processo de criação teve resistência no início: o desconhecido, sair do ambiente “lousa e
caderno”, criou desconforto. O medo de errar, de “não fazer direito” também se fizeram
presentes. Mas com o passar do tempo, os estudantes começaram a arriscar, trocando ideias
entre si e assim, começaram a surgir bonecos de isopor, animais de massinha de modelar, sol de
e.v.a, entre outras representações. Quando percebemos, estávamos todos engajados e
envolvidos querendo fazer o melhor projeto, a melhor apresentação.
A experiência foi muito proveitosa e gratificante apesar do imenso trabalho e esforço de
todos. Contamos o tempo todo com o apoio da professora Patricia Parlengelli que ajudou e
incentivou a participação dos alunos PcDs. Trabalhamos a empatia, a solidariedade e a troca de
ideias entre estudantes de diferentes idades e com diferentes histórias e olhares.
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A discussão a respeito da moradia, trouxe várias reflexões, inclusive a questão
uniparental, aonde as mulheres são em sua grande maioria responsáveis pela casa. Se assim o
é, iniciou-se um debate sobre os riscos das moradias, muitas “optam” em morar em locais de
59. 59
risco, por não terem recursos que as tirem dessa condição. A vulnerabilidade econômica e
social, atinge corpos, afetam famílias e tratar sobre tais temas na escola, faz com que grupos se
unam para tentar modificar a realidade que assola suas vidas. Diante disso, o conhecimento é
de fundamental importância para reverter situações degratantes.
De forma, conjunta e interdisciplinar a esse trabalho, a questão da uniparentalidade foi
também utilizada pelas professoras Lis Pontedeiro e Luciana Santezi trouxeram Carolina
Maria de Jesus para o debate, mulher negra, periférica, provedora da sua família e residência
na favela, criando forte identificação com as nossas estudantes mulheres.
Concomitante a esse trabalho, trazendo o aquecimento global e as consequências
para o nosso planeta, mas principalmente à vida das pessoas que vivem em situações de
risco, o prof. Ricado Pellegrini, iniciou um trabalho com os estudantes de construção de um
pluviômetro caseiro. A ideia era o de conscientizar os estudantes sobre as últimas notícias de
desabamentos em encostas causados pelos fortes índices de chuva.
A medição da quantidade de chuva de um determinado local é dada através do índice
pluviométrico, que consiste numa medição em milímetros, por exemplo, quando se fala que
choveu 10 milímetros na cidade, em determinado período. Esse índice é obtido através de
estações meteorológicas espalhadas em diferentes pontos munidas de um aparelho chamado
pluviômetro.
O pluviômetro é um instrumento que recolhe a água da chuva e determina o valor da
precipitação, medida em milímetros.
Observe a imagem de um pluviômetro caseiro, simples de fazer, porém muito eficiente.
Acompanhe algumas imagens do processo de construção do pluviômetro e
interação dos estudantes.
60. 60
A seguir disponibilizamos o QRCode desse trabalho, com mais imagens e vídeos
protagonizados pelos nossos estudantes.
Ressaltamos também o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo prof. João
Batista Vitor Neto de Ciêncais da Natureza, tratando sobre as habitações em um
trabalho interdisciplinar com o prof. Douglas Dubinskas Takenaka de Ciências Humanas
ao abordarem a questão dos tipos de habitação, trazendo todo um contexto
histórico/social das moradias e de urbanização. A inclusão da aplicabilidade desses
conhecimentos e conceitos culminou na construção de maquetes das mais diversas
moradias. Percebemos que muitos estudantes, acabam construindo tipos de moradias
idealizadas, distantes das moradias que fato habitam. Conceitos matemáticos,
geométricos estão sendo aplicados, assim como também uma aproximação com a
profissão desempenhada de muitos estudantes na construção civil.
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Uma proposta curricular inclusiva que abarca toda a diversidade presente em
nossa escola é a de ter um olhar sensível para todas as faixas etárias. Uma delas é
tratar a questão do Idoso na Contemporaneidade. Temos uma parcela significativa
31,3% de estudantes com mais de 50 anos de idade, conforme gráfico a seguir:
Ao longo da história, diversas sociedades têm passado por processos sociais e
biológicos nos quais desempenham processos importantes na diminuição ou aumento na
expectativa de vida das pessoas. Na sociedade contemporânea esses mecanismos tem
contribuído para a longevidade da população, destacando-se dentre eles, o desenvolvimento
das vacinas, atividade física, mudança nos hábitos alimentares, acesso a cuidados como o
Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesse sentido é perceptivo a melhora na qualidade de vida de milhares de idosos
durante o processo de envelhecimento, contribuindo para que gerações possam se libertar
de amarras e conceitos aprisionadores da sociedade. Portanto, como espaço crítico e de
reflexão, a escola assegura a este público, o acesso a sua permanência sem conceitos e
preconceitos, proporcionando experiências significativas, acolhedoras e mais adequadas
para mudanças sociais correspondentes às suas fases de vida.
Há de se considerar também, que apesar dos avanços e da longevidade para alguns,
há ainda aqueles que como fora relatado por parte de nossos estudantes, há o sentimento
de não pertencimento à sociedade quando se alcança certa idade. É uma invisibilidade
vivida, sentida na carne como pudemos ouvir nas palavras de uma estudante: “me sinto
invisível tendo a idadade que tenho”. Tais palavas mexem não só com ela, mas com todos,
para onde estamos caminhando? Qual parcela da sociedade tem o direito de ter visibilidade
em detrimento de outras? A escola precisa e deve estar junto com TODOS. A equidade
deve fazer parte de nossas propostas curriculares valorizando e atendendo a cada um em
sua especificidade.
63. 63
Trazemos para a discussão também a importância de abarcarmos em nossa proposta
curricular a inserção do letramento digital. A demanda da contemporaneidade exige essa
habilidade e consciência crítica diante de fakenews, de golpes espalhadas por
cibercriminosos para aplicar ciladas na internet é o phishing. Utilizado para roubar dados
pessoais, dinheiro ou instalar um malware (software malicioso) no dispositivo das vítimas,
esse tipo de fraude eletrônica vem crescendo. Inspirado na palavra inglesa "fish", que
significa pescar, o golpe usa o artifício de atrair a vítima com mensagens "bombásticas".
Alguns exemplos são a promessa de revelar informações pessoais (violando a privacidade
da pessoa) ou cobranças de regularização de pendências financeiras.
Temos um público de jovens e adolescentes que já nasceram nessa era dital, porém
há adultos, como nós e idosos que estão longe de dominar as novas TICs.
O letramento digital é o processo de aquisição de habilidades e conhecimentos que
permitem que uma pessoa navegue, compreenda, produza e utilize informações geradas em
ambientes digitais. É uma competência essencial para a vida contemporânea, já que a tecnologia
da informação e comunicação (TIC) está cada vez mais presente nas atividades cotidianas.
Na escola, o letramento digital se torna ainda mais importante, pois é onde os
estudantes podem ter acesso a dispositivos digitais e ao uso de tecnologia, assim como
desenvolver competências e habilidades para se tornarem usuários críticos e responsáveis na
sociedade.
Para incluir o letramento digital na escola, é importante que os professores estejam
formados e atualizados na área, para que possam curadorar conteúdos digitais de qualidade aos
estudantes. Além disso, inserir a tecnologia em projetos interdisciplinares e em sala de aula pode
tornar o aprendizado mais dinâmico e cativante.
É necessário, também, desenvolver a consciência crítica digital nos alunos, fazendo
com que deem atenção aos perigos do ambiente virtual, como bullying e cyberbullying,
exposições indevidas ou falta de privacidade.
Por fim, é importante ressaltar que o letramento digital na escola se dá como uma
forma de ampliar o acesso a informações e conhecimentos, e ainda, de promover a inclusão
digital, permitindo que jovens, idosos tenham acesso ao mundo digital de forma saudável e
consciente. Para as pessoas com deficiência, o acesso às tecnologias pode ser essencial para
melhorar a qualidade de vida, garantir a independência e promover a inclusão social e
profissional. Existem diversas tecnologias disponíveis para atender às necessidades de quem tem
deficiência.
64. 64
Temos discutido também sobre a necessidade de respeito a todas as regionalidades,
pensando nisso, iniciamos um trabalho voltado a construção de um iventário pessoal. Por que
fazer um inventário pessoal?
Grande parte dos estudantes do CIEJA Santana/Tucuruvi veio de diferentes regiões do
Brasil, em sua maioria de estados nordestinos, muitas vezes deixando para trás seus familiares e
suas memórias afetivas. Esses educandos, muitas vezes, sofreram e sofrem com os
preconceitos constantemente disseminados contra a linguagem, a arte, a cultura, a religião, a
alimentação, entre outros aspectos, comuns às pessoas oriundas do Nordeste. Portanto, o
resgate dos traços que compõe a singularidade de cada indivíduo busca fortalecer e valorizar
essa identidade, contribuindo para que um se veja no outro e enxergue a beleza e a riqueza
dessas vivências e tradições.
O inventário pessoal de cada educando, além de valorizar sua experiência e formação
individual, possibilitará criar um quadro social de cada região, compondo um retrato da
diversidade brasileira presente no CIEJA.
O fortalecimento da própria identidade pode favorecer a autoestima e a autoimagem,
ajudando principalmente os migrantes nordestinos a lidar com os estigmas que os depreciam,
propiciando, dessa forma, combater as visões elitistas e valorizar as pluralidades culturais e
regionais.
Para tanto, o trabalho extraclasse do 1º Bimestre, a professora Valéria Velosa de
Linguagens e Códigos, tem desenvolvido junto aos estudantes um trabalho voltado para a
valorização das linguagens regionais. Tem sido um momento rico e de troca que culminará numa
exposição dessa atividade.
Temos também como proposta curricular o enriquecimento através das saídas
pedagógicas tanto a nós educadores quanto aos estudantes, por essa razão temos a
intencionalidade de realizarmos saídas durante o ano, porque a aula ocorre dentro e fora da
escola. Temos uma cidade educadora que nos oferece múltiplas possibilidades de
aprendizado. Temos algumas saídas já programadas para o 1º Semestre como uma visita ao
MAM (Museu de Arte Moderna), ao SESC para visitar uma exposição de Arte em quatro
estações voltada para a arte e pensamento artístico.
Outra ideia que apostamos é a de trazermos formadores para o debate, sendo
uma ferramenta pedagógica importante. Em 2023 não será diferente, já iniciamos esse
processo, um de nossos convidados foi o educador Bruno Fisher que nos convidou a
refletirmos sobre a possibilidade de ultrapassar as ações pedagógicas mecanizadas de
65. 65
“didatismo” sobre filmes que são apresentados aos estudantes e demonstra estragégias de
trabalhar o cinema como ferramenta na escola. A formação ficou com um gosto de quero
mais e no mês de maio o receberemos novamente para uma oficina sobre produção de
cinema e como instrumentalizar os estudantes para fazer o processo de criação fazendo uso
de tecnologias.
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Receberemos também Claudia Mogadouro que abordará com profundidade o
tema cinema na escola. Claudia é Professora na empresa CINEDUC SP, Trabalhou na
empresa NCE/USP, possui Especialização em Mídias na Educação,
Estudou na instituição de ensino USP – ECA, Estudou na instituição
de ensino HISTORIA-FFLCH USP, Estudou na instituição de
ensino FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e faz parte de
grupos de cinema como Janela Aberta.
i) Projetos de ação para as atividades curriculares desenvolvidas no cotraturno escolar
Os Projetos que acontecem no âmbito escolar são ações de atividades curriculares
desenvolvidas também no contraturno escolar no formato de Oficinas conforme o quadro
abaixo, visando a recuperação das apredizagens dos estudantes e atender as mais
diversas demandas a partir do levantamento realizado junto as turmas no início deste ano.
Por essa razão temos desde oficinas voltadas para a alfabatização e letramento de leitura
escrita e matemática, até a instrumentalização para o mundo do trabalho por meio de
oficinas de informática, inglês e Imprensa Jovem. Temos também, oficinas intimamente
ligadas ao movimento do corpo e consequente o beneficiamento da saúde mental. Há
também a inclusão de discussões sistemáticas sobre o Projeto Mulheres, Vida e Trabalho.
A participação nas Oficinas tem crescido gradualmente, para tanto temos investido
tanto na divulgação por meio de cartazes quanto na realização de propaganda nas turmas,
apresentando a importância de mais essa ferramenta para o aprendizado e recuperação
continuada.
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CIEJA abarca um universo de histórias, é local de encontros, realização de sonhos, é
espaço de luta! A educação se faz a muitas mãos, o que projetamos coletivamente se amplia num
movimento constante de ir e vir, é processual, é dialógico e dialético. Presenciamos diariamente as
mudanças, muitas vezes a passos discretos, mas paulatino. Há momentos que percebemos
mudanças a passos largos, todas são significativas, cada história, cada sorriso, cada
individualidade se faz presente. Entendemos a educação como construção... em que medida? Um
pouco a cada dia! Muitos projetos estão sendo gestados, uns já tomaram corpo, outros surgirão a
partir desse movimento e interação dentro e fora da escola, o encontro de pessoas faz isso esse é
nosso Projeto que é político que é pedagógico que é feito pela gente e para gente!
Abril/2023
Assinaturas da Equipe Gestora do CIEJA
Santana/Tucuruvi