O documento analisa as origens psicológicas do efeito de terceira pessoa, ou seja, a tendência das pessoas de esperar que a mídia seja mais eficaz em terceiros do que em si mesmas. Os resultados mostram que tanto o "otimismo irreal" quanto o "impacto impessoal" contribuem para o efeito de terceira pessoa, dependendo do gênero midiático. As atitudes negativas gerais em relação à influência da mídia não tiveram influência significativa. Estudos futuros devem considerar o e
2. 1. Referência
Brosius, Hans-Bernd, and Dirk Engel. 1996. “The Causes of Third-Person Effects: Unrealistic Optimism,
Impersonal Impact, or Generalized Negative Attitudes Towards Media Influence?” International Journal of
Public Opinion Research 8(2): 142–62.
2. Objetivo do artigo
O presente estudo analisa as origens psicológicas (otimismo irreal, impacto
impessoal e atitudes negativas generalizadas em relação ao efeitos da mídia) do efeito
de terceira pessoa, ou seja, a tendência das pessoas de esperar que a
mídia seja mais eficaz em terceiros do que em si mesmos.
A discussão gira em torno da questão de saber se diferentes projetos
experimentais poderiam esclarecer as explicações teóricas, ou se os
efeitos de terceira pessoa poderiam ser causados por combinações de
mecanismos psicológicos, e não apenas por um desses mecanismos.
3. OTIMISMO IRREAL
Se os efeitos de mídia para um problema são apresentados como benéficos (NO SENTIDO DE
"obtendo ideias da mídia"), o efeito de terceira pessoa será menor do que no caso de os efeitos, para
o mesmo problema, serem apresentados negativamente como geralmente são (NO SENTIDO DE
'sendo influenciados pela mídia').
H1
A extensão do efeito de terceira pessoa é influenciada pelo grau de atividade atribuído ao
entrevistado.H2
O termo se refere à observação mais geral de
que as pessoas têm uma imagem mais positiva
de si mesmas do que de outras. Eles acreditam
que as experiências negativas ocorrem para si
mesmas com menos frequência do que para os
outros, enquanto também pensam que suas
próprias chances de experiências positivas
estão acima da média.
Quase todos os estudos conhecidos usam o
negativo 'sendo influenciado' em sua formulação
de pergunta. Os autores assumem que, apenas
com essa redação, os efeitos da mídia são
percebidos negativamente, o que coloca em
movimento o otimismo irreal
4. IMPACTO IMPESSOAL
Quanto maior a proximidade psicológica sugerida na formulação da pergunta, menor será o
efeito de terceira pessoa.H3
Tyler e Cook (1984) distinguem dois tipos de julgamentos. Os JULGAMENTOS DO NÍVEL SOCIAL baseiam-
se na experiência de outras pessoas com fenômenos sociais, como eventos no bairro, informações nos
meios de comunicação de massa e estatísticas oficiais. JULGAMENTOS DE NÍVEL PESSOAL referem-se à
própria experiência com os mesmos fenômenos sociais.
A capacidade das pessoas de distinguir entre o
nível pessoal e o social ao fazer julgamentos pode ser
aplicada a seus julgamentos sobre os efeitos da mídia.
É possível concluir que: quanto menos
especificamente os outros são descritos em estudos de
efeito de terceira pessoa, mais julgamentos no nível da
sociedade devem ser esperados. Quanto mais
semelhantes entre os outros e o entrevistado, mais
julgamentos pessoais devem ser feitos.
5. ATITUDES NEGATIVAS GENERALIZADAS EM RELAÇÃO A INFLUÊNCIA DA MÍDIA
Em comparação com outros, o efeito de terceira pessoa é maior para pessoas que geralmente
percebem os efeitos da mídia como fortes e negativos.H4
Vários autores referiram-se ao
chamado fenômeno da mídia hostil
como uma possível explicação para a
existência de um efeito de terceira
pessoa. Em pesquisas anteriores
descobriram que os entrevistados
fortemente envolvidos em uma
questão percebem a cobertura da
mídia sobre essa questão como
tendenciosa contra a posição que
assumem, independentemente de
como a mídia realiza a cobertura.
POR DEFINIÇÃO, OS EFEITOS SÃO SEMPRE
NEGATIVOS
6. MÉTODO
• H1/H2/H3 podem ser testadas por variações na formulação da questão -
diferentes formulações foram utilizadas para medir estimativas de influência
em si e em outras.
• Psicologicamente próximos x psicologicamente distantes
• Impacto | Influência x Estímulo | Transmissão de ideias
• Experimento com questionários (8 versões)
• Entrevistados de todos os estratos sociais, usando um sistema simples de
cotas (4 p/ idade e educação)
• Variáveis independentes:
a probabilidade de benefício do efeito descrito
o enquadramento do eu (ativo versus passivo)
a distância psicológica entre o seu e outros (próximos vs. remotos)
• Atitudes dos entrevistados em relação aos efeitos da mídia em geral
• 4 gêneros de mídia diferentes para medir o ETP
Comerciais de TV
Anúncios de campanha
Notícias de TV
Programas musicais de rádio
7. 1ªP : "A propaganda me influencia quando vou às compras". 3ªPPD : "A propaganda influencia meus amigos e
conhecidos quando vão às compras." 3ªPDR : "Publicidade influencia outras pessoas quando vão às compras."
1. Entrevistado ativo, possibilidade de vantagem positiva
2. Entrevistado ativo, possibilidade de vantagem negativa
3. Entrevistado passivo, possibilidade de vantagem positiva
4. Entrevistado passivo, possibilidade de vantagem negativa
Primeira pessoa: "Eu me deixo estimular pela publicidade quando vou às compras". Terceira pessoa, a pouca
distância: "Meus amigos e conhecidos se deixam estimular pela publicidade quando vão às compras". Terceira
pessoa, distância remota: "Outras pessoas se deixam estimular pela publicidade quando vão às compras".
1ªP : "Eu me deixo influenciar pela publicidade quando vou às compras". 3ªPPD: "Meus amigos e conhecidos se
deixam influenciar pela publicidade quando vão às compras". 3ªPDR: "Outras pessoas se deixam influenciar
pela publicidade quando vão às compras".
1ªP : "A propaganda me estimula quando vou às compras". 3ªPPD : "A propaganda estimula meus amigos
e conhecidos quando vão às compras". 3ªPDR : "A propaganda estimula outras pessoas quando vão às
compras".
8. PROCEDIMENTO
• Os entrevistados receberam o questionário impresso para preenchimento.
• 46 entrevistadores. Função: Selecionar entrevistados de acordo com as cotas e
orientá-los brevemente. Os entrevistados preencheram o questionário sozinho, mas o
entrevistador orientava e tirava dúvidas.
• Dados coletados entre 16/DEZ/94 e 2/MAR/95.
• 181 questionários preenchidos foram devolvidos. Havia entre 20 e 24 deles para cada
uma das 8 versões experimentais. 91 entrevistados (- de 40 anos) e 90 (+ de 40
anos); 97 pessoas pertenciam ao grupo com baixa escolaridade formal e 84 tinham
ensino superior.
Além dos quatro pares de itens visando o efeito de terceira pessoa e as consultas
sociodemográficas usuais, o questionário incluiu o seguinte:
• doze perguntas do EPI (Eysenck e Eysenck 1985) pertencentes à escala de extroversão;
• dez perguntas que medem a força da personalidade (Noelle-Neumann 1983, Weimann 1994);
• um número de questões que medem o uso de TV, rádio e jornais, incluindo a frequência de exposição,
conteúdos preferidos, credibilidade e meio preferido;
• duas perguntas sobre a força percebida e a negatividade dos efeitos da mídia em geral para testar a H4.
9.
10.
11. A H1 previu que a probabilidade de benefício do efeito midiático descrito foi responsável pela
existência do efeito de terceira pessoa. Isso foi confirmado para gêneros de média ou alta
credibilidade. Para comerciais de TV e anúncios publicitários, no entanto, o tamanho do efeito de
terceira pessoa não pode ser influenciado por diferenças na probabilidade de benefício.
Quem presta atenção às notícias e aprende com isso, é
considerado bem informado e, portanto, bem educado.
Os entrevistados querem preservar a concepção
positiva de si e não estão mais dispostos a admitir
uma "influência" sobre si mesmos pelas notícias. A H2,
afirmando uma influência da atividade atribuída dos
entrevistados sobre o tamanho do efeito de terceira
pessoa, não pôde ser confirmada.
A H3 previu que a força do efeito de terceira
pessoa dependia da distância psicológica dos
entrevistados em relação às terceiras pessoas.
Isto foi confirmado para três dos quatro gêneros.
Havia apenas um apoio mínimo
para a H4, postulando uma
correlação entre o efeito de
terceira pessoa e as atitudes
negativas generalizadas em
relação aos efeitos da mídia. Os
efeitos na terceira pessoa foram
geralmente maiores para as
pessoas + velhas e para aquelas
com nível menor de escolaridade,
em comparação com as pessoas
mais jovens e com melhor nível de
maior de escolaridade.
DISCUSSÃO
12. ue conclusões podem ser
tiradas para a aplicabilidade
dos conceitos descritos no
início?
Q
13. Em suma, os resultados não identificam uma causa psicológica única ou
inequívoca para o efeito de terceira pessoa. A probabilidade de um benefício
afeta principalmente a autopercepção, a distância psicológica, principalmente
a percepção dos outros. Isso sugere que tanto o "otimismo irreal" quanto o
"impacto impessoal" são responsáveis pelo surgimento de um efeito de
terceira pessoa.
A forma como os operacionalizamos, as atitudes negativas
generalizadas em relação à influência da mídia não tiveram uma
influência significativa. Estudiosos da comunicação trabalhando na
área do efeito de terceira pessoa devem lidar com as bases
psicológicas do efeito não apenas em termos dos efeitos dos meios
de comunicação de massa, mas também, por exemplo, em termos de
uso da mídia.
É desejável que estudos futuros de efeitos de mídia e uso de mídia também considerem o efeito
como uma variável independente ou interveniente. A diferença entre as estimativas de efeito
em si e nos outros pode ser incluída como uma variável de personalidade.