O documento discute a anatomia, fisiologia e cicatrização da pele humana, incluindo as estruturas da pele, funções da pele, classificação e tipos de feridas, fatores que afetam a cicatrização e tratamentos para feridas.
2. ⦿ Também conhecida como sistema tegumentar;
⦿ A pele constitui cerca de 10% do peso corporal;
⦿ É o maior órgão do corpo;
⦿ É constituída de três camadas principais: a
epiderme, a derme e o tecido subcutâneo, as
quais possuem tipos de tecidos e funções
distintas.
Anatomia e fisiologia da pele
3. ⦿ Epiderme: camada mais externa, fina e avascular,
com regeneração entre 4 e 6 semanas. Função:
barreira física e manutenção da integridade da
pele. Contém 5 subcamadas: estrato córneo,
estrato lúcido, estrato granuloso, estrato
espinhoso e estrato germinativo.
4. ⦿ Derme: função de oferecer resistência, suporte,
sangue e oxigênio à pele. Contém vasos
sanguíneos, folículos pilosos, vasos linfáticos,
glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. É
composta de fibroblastos, colágeno e fibras
elásticas.
5. ⦿ Tecido subcutâneo: é composto de tecido
adiposo e conjuntivo e possui grandes vasos
sanguíneos, nervos e vasos linfáticos, contribui
para impedir a perda de calor, e constitui
reserva de material nutritivo.
8. ⦿ O termo ferida é utilizado como sinônimo de lesão
tecidual, deformidade ou solução de continuidade;
⦿ Pode atingir desde a epiderme, até estruturas mais
profundas, como fáscias e músculos;
⦿ As feridas podem ser causadas por fatores
extrínsicos e por fatores intrínsicos;
Classificação das feridas
11. ⦿Ferida profunda total: atinge o tecido
muscular e as estruturas adjacentes (tendões,
cartilagens, ossos, etc.).
Quanto a espessura:
12. ⦿Acidental ou traumática: ocorre de maneira
imprevista, sendo provocada por objetos
cortantes, contudentes, perfurantes,
lacerantes, inoculação de venenos,
mordeduras e queimaduras em geral.
Quanto a etiologia:
17. ⦿Fatores causais externos: feridas resultantes de
pressão contínua exercida pelo peso do corpo,
fricção, cisalhamento e umidade, como as
úlceras de pressão.
18. ⦿Agudas: geralmente são feridas traumáticas, há
ruptura da vascularização e desencadeamento
imediato do processo de hemostasia (cortes,
escoriações, queimaduras, etc.)
Quanto a evolução:
19. ⦿Crônicas: descritas como de longa duração ou
recorrência freqüente; ocorre um desvio na
seqüência do processo cicatricial fisiológico.
20. ⦿Feridas limpas: são feridas não infectadas,
livres de microrganismos patogênicos.
Quanto a presença de infecção
21. ⦿Limpas contaminadas: ocorrem em tecidos
de baixa colonização, sem contaminação
significativa prévia, ou durante o ato
cirúrgico, lesões com tempo inferior a 6h
entre o trauma e o atendimento inicial.
22. ⦿Contaminadas: feridas acidentais recentes e
abertas, colonizadas por flora bacteriana
considerável, cirúrgicas quando a técnica
asséptica é desobedecida, feridas que o
tempo de atendimento inicial foi superior a
6h.
23. ⦿Feridas infectadas: quando há contaminação
grosseira por detritos ou por microrganismos
como parasitas, bactérias, vírus ou fungos.
Apresentam evidências do processo
infeccioso, como tecido desvitalizado,
exsudação purulenta e odor característico.
24. São classificadas em 4 estágios:
⦿Estágio I: pele íntegra com sinais de
hiperemia, descoloração ou endurecimento.
⦿Estágio II: Perda parcial de tecido envolvendo
a epiderme ou derme, ulceração superficial
com presença de bolhas ou cratera rasa.
Quanto ao comprometimento
tecidual
25. ⦿Estágio III: perda total do tecido cutâneo,
necrose do tecido subcutâneo até a fáscia
muscular.
⦿Estágio IV: grande destruição tecidual, com
necrose, atingindo músculos, tendões e
ossos.
26. ⦿Feridas mecânicas: feridas traumáticas,
causadas por traumatismos externos, cortante
ou penetrante, inclui esmagamentos e cortes.
Tipos de feridas
33. ⦿Feridas contusas: produzida por ação
contundente de objetos rombos.
Caracterizam-se por traumatismos das partes
moles, hemorragias e edema.
34. ⦿Feridas perfurantes: produzidas por arma de
fogo, ou arma branca. Produzem pequena
abertura na pele, porém podem atingir
camadas teciduais profundas e órgãos,
causando hemorragia interna.
40. ⦿Úlceras vasculogênicas: são feridas crônicas
de origem vascular como as úlceras venosas e
arteriais, causadas por distúrbios circulatórios.
Tipos de feridas
41. ⦿Feridas vasculogênicas – pé diabético:
ferida crônica dos pés, resultante de
complicações da diabetes, como neuropatia
diabética e doença vascular periférica.
⦿Pode ocorrer diminuição da sensibilidade,
deformidades, diminuição do fluxo arterial,
que predispõem a ulceração dos pés.
44. ⦿Escoriações: a lesão surge
tangencialmente à superfície cutânea,
com arrancamento da pele.
45. ⦿ Equimoses e hematomas: na equimose
há rompimento dos capilares, porém sem
perda da continuidade da pele, sendo que
no hematoma, o sangue extravasado
forma uma cavidade.
46. Fase inflamatória:
⦿ Edema, eritema, calor e dor;
⦿ Começa no momento da lesão e dura de 4 a 6 dias;
⦿ O sangramento é controlado pela hemostasia;
⦿ As bactérias presentes são destruídas por leucócitos
granulocíticos, neutrófilos polimorfonucleares;
⦿ 4 dias após a lesão os macrófagos substituem os
leucócitos, atraindo para o local células necessárias
para a reparação tecidual.
Fases da cicatrização de feridas
47. ⦿ A fase inflamatória ocorrem em 3 etapas:
⦿ Fase trombocítica: formação de trombos,
agregação plaquetária e ativação da cascata de
coagulação.
⦿ Fase granulocítica: desbridamento da ferida e
defesa contra infecções, há grande concentração
de leucócitos, fazendo fagocitose das bactérias,
decomposição do tecido necrosado e a limpeza da
lesão.
48. ⦿Etapa macrofágica: atuação local dos
macrófagos, que influenciam no
desbridamento da ferida e na regulação das
outras fases da cicatrização.
49. Fase proliferativa:
⦿dura de 4 a 24 dias;
⦿Na ferida aberta, surge o tecido de granulação:
macrófagos, fibroblastos, colágeno imaturo,
vasos sanguíneos e substância matricial;
⦿ À medida que o tecido de granulação prolifera,
os fibroblastos estimulam a produção de
colágeno, que proporciona ao tecido sua força
de tensão e sua estrutura;
⦿A etapa final desta fase é a epitelização.
50. Fase de maturação:
⦿ duração entre 21 dias a 2 anos;
⦿ As fibras de colágeno se reorganizam, remodelam
e amadurecem, ganhando força de tensão;
⦿ O processo continua até que o tecido cicatricial
recupere cerca de 80% da força original da pele.
51. Primeira intenção:
⦿Cicatrização ideal de uma ferida;
⦿É feito a junção dos bordos da lesão por meio
de sutura ou aproximação;
⦿Reduz o potencial de infecção;
⦿Cicatriza em média em 10 dias;
⦿Ex: feridas cirúrgicas.
Tipos de cicatrização de feridas
53. Segunda intenção:
⦿ Tipo de cicatrização relacionada a ferimentos
infectados e a lesões com perda acentuada de
tecido;
⦿ Não é possível realizar a junção dos bordos;
⦿ Há necessidade de formação de tecido de
granulação no leito da lesão;
⦿ Ex: úlceras venosas, abscessos, etc.
55. Terceira intenção:
⦿ Existem fatores que retardam o processo de
cicatrização, como aplicação de drenos,
ostomias e feridas cirúrgicas infectadas;
⦿ Feridas que não foram suturadas inicialmente,
que se romperam ou tiveram que ser reabertas
para drenagens de exsudatos, e que após 3 a 5
dias serão ressuturadas.
57. ⦿ Hematomas;
⦿ Edema;
⦿ Condições de oxigenação e perfusão tissular;
⦿ Corpo estranho;
⦿ Tecido necrótico;
⦿ Infecção;
⦿ Ressecamento;
⦿ Estado nutricional;
Fatores que dificultam a cicatrização de feridas
59. ■ Ambiente seco: as feridas cicatrizam três a cinco
vezes mais rapidamente e com menos dor em
ambiente úmidos do que em ambiente secos. Em
um ambiente seco as células desidratam-se no
local da ferida e morrem. Isso gera a informação
de uma crosta sobre a ferida, que impede a
cicatrização. Manter a ferida hidratada com
curativos que retêm umidade potencializa a
migração celular e estimula a epitelização.
60. ■ TRAUMATISMO E EDEMA: As feridas cicatrizam
lentamente ou, as vezes, nem cicatrizam,
quando são repetidamente traumatizadas ou
privadas de irrigação sanguínea local por
edema. O edema interfere no transporte de
oxigênio e na nutrição celular da ferida.
61. ■ Infecção: Uma infecção sistêmica ou local pode
retardar ou prejudicar a cicatrização. A
presença de infecção – evidenciou-se por
drenagem purulenta ou exsudato, tumoração,
eritema ou febre – indica a necessidade de
realizar uma cultura bacteriológica da ferida.
62. ■ Necrose: O tecido morto e desvitalizado
(necrótico) pode prejudicar a cicatrização.
63. ⦿ É a proteção da lesão ou ferida, contra a ação de
agentes externos físicos, mecânicos ou biológicos;
⦿ É um meio que consiste na limpeza e aplicação de
uma cobertura estéril;
⦿ Tem a finalidade de promover a rápida cicatrização e
prevenir contaminação e infecção;
⦿ Preconiza-se a confecção de curativos úmidos,
considerando que a manutenção do meio úmido entre
ferida e cobertura favorece a cicatrização.
Curativos
64. ⦿ Objetivos do tratamento de feridas: mantê-la
úmida, limpa e salvo de trauma físico, preservando
a integridade cutânea.
⦿ A escolha do curativo: causa, gravidade,
condições da pele, tamanho e profundidade,
localização anatômica, volume de exsudato e risco
ou presença de infecção. Condições vasculares,
nutricionais e clínicas, relação custo-benefício.
Disponibilidade do curativo, durabilidade,
adaptabilidade e usos.
65. ⦿Manter a umidade entre ferida e curativo;
⦿Remover o excesso de secreção;
⦿Permitir a troca gasosa;
⦿Fornecer isolamento térmico;
⦿Ser impermeável às bactérias;
⦿Ser isento de partículas;
⦿Permitir a retirada do curativo sem trauma.
Objetivos na escolha do curativo
66. ⦿Tratar e prevenir infecções;
⦿Eliminar os fatores desfavoráveis que
retardam a cicatrização;
⦿Diminuir a incidência de infecções cruzadas.
67. ⦿Boa tolerância térmica;
⦿Boa absorção para garantir a drenagem das
secreções;
⦿Proteção contra infecções;
⦿Não adesão à ferida;
⦿Permeabilidade ao raio x;
⦿Ser econômico.
Requisitos do curativo
68. ⦿ Remover corpos estranhos;
⦿ Reaproximar bordas separadas;
⦿ Proteger a ferida contra contaminação e
infecções e promover a hemostasia;
⦿ Preencher espaços mortos e evitar a formação de
sero-hematomas;
⦿ Favorecer a aplicação de medicação tópica;
⦿ Fazer desbridamento mecânico e remover tecido
necrótico;
Finalidades do curativo
69. ⦿ Reduzir o edema;
⦿ Absorver e facilitar a drenagem de exsudatos;
⦿ Manter a umidade da superfície da ferida;
⦿ Fornecer isolamento térmico;
⦿ Promover e proteger a cicatrização da ferida;
⦿ Limitar a movimentação dos tecidos em torno da
ferida;
⦿ Dar conforto psicológico;
⦿ Diminuir a intensidade da dor.
70. ⦿ Curativos úmidos não são indicados em locais de
catéteres, fixadores, drenos e introdutores;
⦿ SF 0,9% limpa e umedece a ferida, favorece a
formação de tecido de granulação e amolece os
tecidos desvitalizados;
⦿ O calor é importante no processo de cicatrização
(SF 0,9% aquecido);
71. ⦿ Proteção da ferida;
⦿ Remoção de detritos;
⦿ Remoção de corpos estranhos;
⦿ Remoção de microorganismos da superfície da
lesão;
⦿ Remover excesso de exsudatos e de tecido
necrosado.
Objetivos da limpeza
72. Técnica limpa: recomendada para cuidados
locais de feridas abertas, maioria das feridas
crônicas, cirúrgicas e não cirúrgicas;
Técnica estéril: indicada para clientes com
infecção sistêmica e imunodeprimidos.
Técnicas de limpeza
73. ■ O desbridamento envolve a remoção de
tecido necrótico, para permitir a
regeneração do tecido saudável subjacente.
Dependendo do tipo de lesão, pode ser
usada uma combinação de técnicas de
desbridamento.
Desbridamento
74. ⦿ Desbridamento instrumental:
- conservador: realizada uma retirada seletiva
de tecido necrosado, sem atingir tecidos vivos;
- cirúrgico: retirada maciça de material
necrosado ou desvitalizado (proc. Médico).
⦿ Desbridamento mecânico: não seletivo, consiste
em remover tecidos necrosados e corpos
estranhos, feito por fricção com gaze ou esponja
macia, ou através do uso de instrumentos.
75. ⦿Desbridamento químico: ação de enzimas,
atóxicas não irritantes (colagenase, papaína).
⦿Desbridamento autolítico: desbridamento
natural da ferida, ocorre por autodesintegração
das células degeneradas pela ação de leucócitos
e enzimas, manter o local úmido (hidrocolóides,
ácidos graxos).
76. • Aberto - É aquele no qual utiliza-se apenas o
anti-séptico, mantendo a ferida exposta. Ex:
ferida cirúrgica limpa.
• Oclusivo - Curativo que após a limpeza da ferida
e aplicação do medicamento é fechado ou
ocluído com gaze ou atadura.
Tipos de curativo
77. ⦿ Compressivo - É aquele no qual é mantida
compressão sobre a ferida para estancar
hemorragias, etc.
⦿ Drenagens - Nos ferimentos com grande
quantidade de exsudato coloca-se dreno
(Penrose, Keer), tubos, cateteres ou bolsas de
colostomia.
78. ⦿ O curativo úmido:
- protege as terminações nervosas superficiais,
reduzindo a dor,
- acelera o processo cicatricial,
- previne a desidratação tecidual e a morte
celular;
⦿ O curativo seco:
- é recomendado em feridas cirúrgicas limpas,
com sutura direta. A troca é, geralmente, diária,
até a retirada dos pontos.
79. GEOVANINI, Telma et al. Manual de
curativos. São Paulo: Corpus. 2007.
HESS, C. T. Tratamento de feridas e
úlceras. 4ª ed. Rio de Janeiro, Reichman &
Affonso editores, 2002.
PIANUCCI, Ana. Saber cuidar:
procedimentos básicos de enfermagem. 2
ed. São Paulo: Senac, 2003.
Referencias