Este documento descreve o caso de uma paciente de 42 anos com edema, ganho de peso e espuma na urina. Exames revelaram síndrome nefrótica e biópsia renal mostrou glomerulonefrite mesangial proliferativa discreta. A paciente foi tratada com diuréticos e aguarda resultado da biópsia para decidir sobre corticoterapia.
1. Universidade Federal de São Paulo
Escola Paulista de Medicina
Disciplina de nefrologia
Eduardo Henrique Costa Tibali – R3 nefrologia
12/11/2013
2.
Identificação: ADRF, feminino, 42 anos, coordenadora
pedagógica, natural e procedente de SP e divorciada.
HPMA: paciente refere que há 3 semanas iniciou quadro de
inchaço nas pernas, que depois progrediu para braços,
antebraços e face; o inchaço era pior pela manhã. Além
disso, descreve astenia, ganho de 14 kg de massa corpórea e
aparecimento de espuma na urina no mesmo período.
3. Geral: nega febre.
Cabeça e pescoço: inchaço já referido. Nega cefaleia e
alterações visuais.
Respiratório: nega tosse, dispneia e sibilância.
Cardiovascular: nega DPN, ortopneia, palpitações e dor
torácica.
TGI: sem alterações do hábito intestinal. Nega diarreia e
vômitos.
Urogenital: sem alterações.
Osteoarticular: sem alterações.
Neurológico: episódio de pré-síncope há 1 semana.
4.
Nega HAS, DM, dislipidemia e tireoidopatias.
Nega etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas.
Nefrolitíase em 2013, mas sem investigação subsequente.
Episódio semelhante em 2006:
Atendimento no Hospital Santa Catarina
Biópsia renal com diagnóstico de @#$#@%
Tratamento: metilprednisolona 60 mg por 3 meses com
desmame progressivo.
2007: recaída → metilprednisolona 20 mg com desmame
progressivo durante 2 anos.
2010: edema e espuma na urina, mas com remissão
espontânea.
5. Geral: BEG, COTE, corada, hidratada, eupneica,
acianótica, anictérica, afebril ao toque, boa perfusão
periférica e sem linfonodomegalias. Obesidade grau 1.
Sinais vitais: PA=120x90 mmHg / FC=84 bpm / FR=18 irpm
/ SatO2=98% (ar ambiente)
ACV: bulhas rítmicas, normofonéticas em 2 tempos e sem
sopros.
AR: MV+ bilateralmente sem RA.
Abdome globoso, RHA+, indolor, sem massas ou
visceromegalias.
Extremidades: edema 3+/4+ nos membros inferiores;
panturrilhas livres. Ausência de edema nos membros
superiores e em face.
6.
RD = 10 cm (EP = 1,8 cm)
RE = 10 cm (EP = 1,9 cm)
Ausência de fatores obstrutivos
8. 31/10: furosemida 20 mg-2x / diurese=1100 mL / peso=84,1 kg
01/11: indicada a biópsia renal / diurese=1200 mL / peso=84,1 kg
02/11: mantida sem corticoterapia / diurese=1300 mL / peso=83,8
kg
03/11: mantida sem corticoterapia; aguarda biópsia renal /
diurese=1300 mL / peso=83,6 kg
04/11: biópsia renal - aguardo o laudo oficial / mantém edema 2+
de mmii
05/11: alta hospitalar após o resultado da biópsia.
15.
Glomerulite mesangial proliferativa discreta
Ausência de sinais de cronicidade
Estrutura cortical parenquimatosa
preservada
IF: depósitos mesangiais de IgM
Obs: laudo compatível com a biópsia prévia.
16.
17.
Principal apresentação: síndrome nefrótica.
Mínimas alterações na M.O.
GN proliferativa mesangial idiopática
Nefropatia por IgM
Nefropatia por C1q
Variantes da doença por lesões mínimas ou
da GESF (condições separadas?)
19.
Resposta inespecífica ao dano glomerular
Proliferação celular mesangial focal
▪ (< 50% do glomérulo na M.O.)
Proliferação celular mesangial difusa
▪ (> 50% do glomérulo na M.O.)
Padrão também observado em outras doenças
▪ Nefrite lúpica
▪ Nefropatia por IgA
▪ GN pós-infecciosa leve
20.
Resposta inespecífica ao dano glomerular
Forma idiopática:
▪ Sem depósitos imunes
▪ Depósitos de IgM focais ou difusos no mesângio
Principais manifestações
Hematúria
Proteinúria
21.
Hematúria
Micro ou macroscópica
Geralmente autolimitada
Pode ocorrer após IVAS (não estreptocócica),
assim como a nefropatia por IgA.
Prognóstico renal excelente
22.
Síndrome nefrótica
M.E.: fusão difusa dos processos podocitários.
Idiopática
▪ 3-5% com proliferação celular mesangial difusa e sem
evidências de GESF na M.O.
> 50% dos casos têm boa resposta à prednisona
em tempo < 8 semanas.
▪ Não-respondedores: geralmente têm remissão
espontânea em 1 ano.
Provavelmente mais grave que a forma habitual
da doença por lesões mínimas
24.
GN proliferativa mesangial
Depósitos de IgM e complemento
Depósitos eletrodensos
Menor resposta aos corticoides
Possível resposta à ciclofosfamida
Possível resposta à ciclosporina, talvez
melhor que a CFF (estudos com N baixo).
Presença de IgM: fator de pior prognóstico?
25.
Evolução para DRC dialítica
23% em 15 anos
É uma doença à parte?
Depósitos de IgM aparecem com igual
distribuição em DLM, GESF e GN proliferativa
mesangial.
A deposição de IgM é um evento secundário?
27.
GN com proliferação mesangial
Depósitos mesangiais de C1q (IF)
Obrigatório: sem evidência de LES como causa!
Depósitos eletrodensos mesangiais (M.E.)
Inicialmente: subgrupo da GESF primária.
Pode estar associada a:
Doenças por lesões mínimas
GESF
GN proliferativa
28.
Apresentações
Hematúria assintomática
Proteinúria leve a moderada
Síndrome nefrótica
Grande porcentagem dos casos com DRC
concomitante
Um percentual menor de casos com urina I sem
alterações
29.
Nefropatia por C1q + GESF = maior chance de
progressão para DRC terminal
Sem protocolos de tratamento estabelecidos
Tratar a lesão concomitante (DLM ou GESF, por
exemplo).