2. Infertilidade
Redução da capacidade ou incapacidade total que um ou
ambos os membros de um casal tem para conceber;
Período de tempo mínimo de 1 ano;
Casal com vida sexual activa cuja regularidade varia entre 3
a 5 vezes por semana;
Mulher tem até 35 anos de idade;
A nenhum membro do casal seja conhecida uma causa
atribuída à infertilidade;
Casal que tenha tido 3 abortos consecutivos.≥
3. Infertilidade
A prevalência da infertilidade conjugal é de 15-20% na
população em idade reprodutiva.
Causas:
disfunções endócrinas, doenças cardiovasculares,
hematológicas, respiratórias, auto-imunes, gastrointestinais,
neurológicas, psiquiátricas, ou antecedentes de infertilidade na
família.
Factores associados aos actuais estilos de vida, como o
medicação ou drogas, álcool, tabaco, algumas profissões,
sedentarismo, frequência das relações sexuais, stress ou
alimentação.
4. Inicialmente…
Há uma disponibilidade diminuída da hormona (GnRH) chave
na regulação do sistema reprodutivo, que através da hipófise
liberta as gonadotrofinas, hormonas folículo-estimulantes
(FSH), e hormonas luteinizantes (LH). Estas promovem o
desenvolvimento e impulsionam a maturação dos folículos, e
nestes casos, desregularizadas, afectam particularmente o
ovário, e causam ciclos menstruais irregulares ou até mesmo
anovulação;
Contudo, esta suposição não é resposta a todos os casos de
infertilidade, já que evidência indica que os efeitos da
obesidade na fecundidade ocorrem mesmo em casos cujos
ciclos menstruais são regulares;
6. “Collaborative Perinatal Project”
Entre 1959 e 1965;
Objectivo de investigar o desenvolvimento e consequência de
complicações durante a gravidez e período perinatal;
Participação de cerca de 55,000 mulheres;
Factores de risco - idade, raça, IMC, hábitos tabágicos,
ocupação e paridade, demografia, e historial ginecológico e
reprodutivo;
Comparadas mulheres que demoraram 3 meses para≤
engravidar, com as que demoraram 3 meses.≥
8. “Collaborative Perinatal Project”
Probabilidade de engravidar reduz-se:
Multíparas
8% em mulheres com excesso de peso;
18% em mulheres com obesidade.
Nulíparas
16% para mulheres com excesso de peso e;
34% para obesas.
9. Sindrome do Ovário Poliquístico
. O SOP caracteriza-se pelo hiperandrogenismo, anovulação
crónica e até oligomenorreia.
Complicações:
hiperinsulinemia, o hirsutismo, a intolerância à
glucose, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares e claro, a
infertilidade.
Aproximadamente metade das mulheres com SOP ou têm
excesso de peso ou são obesas, com relevância no aspecto
físico andróide.
10. Muitas das características do síndrome metabólico são
encontradas nas mulheres que sofrem de SOP.
Hiperinsulinemia, ou insulino-resistência, pode favorecer ao
aparecimento hiperandrogénico em mulheres com SOP.
Insulina actua ao nível da função hormonal gonadotrófica, e
um aumento da sua disponibilidade ao nível do tecido ovárico,
pode contribuir para uma síntese excessiva de androgénio.
11.
12. Mulheres obesas com SOP
em tratamentos de infertilidade…
precisam de maior estimulação por parte das gonadotrofinas;
têm menores quantidades de ovócitos;
têm maiores probabilidades de aborto, e ainda;
maiores probabilidades de morte-fetal durante a gravidez.
Alguns dos tratamentos de infertilidade a que as mulheres obesas
com SOP são sujeitas, têm menor taxa de eficiência, e que o
factor que mais contribui para esta situação é a hiperinsulinemia.
13. A perda de peso em mulheres obesas com SOP, reduz a
gordura visceral e total, melhora a regularidade dos ciclos
menstruais, reduz as concentrações de androgénio e insulina,
e aumenta a sensibilidade e tolerância à mesma.
Recomenda-se dietas hipoenergéticas, por serem eficazes no
restabelecimento do equilíbrio hormonal, como por exemplo
na redução do hiperandrogenismo, de forma a melhorar as
capacidades para engravidar, quer espontaneamente, quer por
via de tratamentos de infertilidade.
15. Leptina
Hormona produzida pelo tecido adiposo, cuja concentração é
proporcional à quantidade existente deste tecido.
Actua na regulação da homeostasia do organismo em termos
energéticos e ingestão alimentar;
É estimulada pelos glicocorticóides, insulina, e estrogénios, e
inibida pelos androgénios;
As suas concentrações variam para cada indivíduo,
dependendo da prática de exercício físico, o tipo de
alimentação, o IMC, a idade e até mesmo o género.
16. Em indivíduos com excesso de peso, há uma evolução para a
disfunção da leptina;
Resistência à leptina, alterando o equilíbrio energético, e
contribuindo para o desenvolvimento da obesidade;
A nível pancreático, inibe a produção de insulina e antagoniza
a sua acção, afectando o metabolismo da glucose.
Deficiência em leptina e adiposidade em excesso conduzem a
uma resistência à insulina e diminuída capacidade de
conceber;
17. A leptina afecta a fertilidade porque altera a produção das
hormonas GnRH e gonadotrofinas, para alem de participar nos
mecanismos complexos do sistema reprodutivo,
principalmente o ovário, endométrio, e desenvolvimento
embrionário.
Outras adipocinas, como a resistina e a adiponectina também
parecem deter uma participação na regulação do metabolismo,
e de alguma forma contribuir para a fertilidade feminina,
embora seja necessária mais investigação neste sentido.
19. Alguns especialistas defendem que não se deveria permitir que
mulheres com IMC >35kg/m2
tivessem acesso a tratamentos de
infertilidade ou engravidassem, até que baixassem o IMC.
Aplicação do ensino de estilos de vida mais saudáveis que
incentivem à perda de peso;
Abordagem deve ser agressiva e objectiva;
Complementada com a intervenção de estratégias
farmacológicas, que inclui o uso de medicamentos auxiliares à
perda de peso, métodos contraceptivos e ácido fólico durante o
período de perda de peso, ou seja, o período pré-concepcional.
20. Amostra de 11 mulheres anóvulas
perderam > 5% do seu peso inicial
9 delas tinham melhorado na regularidade da função
reprodutiva e;
5 delas conseguiram engravidar.
Outra amostra de 35 mulheres, das que perderam
até 10% do seu peso inicial
80% melhorou o funcionamento do sistema reprodutivo, e;
29% conseguiu conceber
21. Estratégias farmacológicas
Metformina - ~ 1% para perda de peso, ou seja cerca de 5kg
em 8 meses.
Orlistat - ~ menos 5% do peso inicial em apenas 3 meses.
Métodos contraceptivos
Ácido fólico
22. E porquê a escolha de IMC 35 kg/m2
?
Em mulheres com IMC 30kg/m2, há um aumento≥
significativo de riscos prejudiciais durante o desenvolvimento
fetal.
Múltiplas anomalias, entre elas a Espinha Bífida, defeitos
cardiovasculares congénitos, fissuras orofaciais, anencefalias,
entre outras.
De facto, este risco aumenta em cerca de 7% por cada unidade
de IMC aumentada acima dos 25kg/m2
.
24. Em homens obesos…
Níveis séricos de testosterona estão desproporcionalmente
relacionados com o IMC;
Níveis reduzidos da hormona SHBG;
A hormona inhibin B está presente em menores quantidades
em IMC´s mais elevados;
Hormonas FSH, e LH também em valores reduzidos;
Estradiol elevado com o aumento do IMC.
25. A qualidade do sémen é reduzida em populações onde a
prevalência de infertilidade é superior. Estudos tentam
comprovar que uma alimentação pobre em nutrientes essenciais,
e o sedentarismo estejam entre as causas desta alteração da
composição do sémen, e que podem, em muitos casos contribuir
para a prevalência da infertilidade.
26. Sedentarismo
Estudo dividiu em 3 escalões de A.F. ocupacional
(sedentário, activo, indeterminado)
60% tinha qualidade de sémen pobre e;
~ 40% com sémen de boa qualidade.
Estudo subdividiu em 2 grupos
(concentração de espermatozoides normal-baixo e normal-elevado)
59% dos homens tinha menor concentração de espermatozóides;
22% destes homens com normal-elevada concentração.
27. Sugere-se que homens com
valores mais elevados de
IMC apresentam menor
densidade de esperma,
limitando a sua capacidade
de conceber.
28. Roux-en-Y bypass gástrico
Um grupo de 6 homens com obesidade morbida (IMC 40 kg/m≥ 2
),
submetidos ao bypass, e com infertilidade secundária.
Com perda de peso entre os 60 e os 80 kg;
Em dieta normocalórica e suplementação para ferro, cálcio,
vitamina B12 e ácido fólico;
Com valores analíticos à glucose, ureia, glutamina transferase,
transaminases e creatinina, normais;
O tempo médio entre a cirurgia e a primeira consulta de
infertilidade rondava os 16,8 meses.
29. Pode existir um bloqueio no desenvolvimento de uma fase da
espermatogénese que não se relaciona com a acção hormonal.
Sugere-se a possibilidade dos nutrientes absorvidos serem
insuficientes aos necessários para a espermatogénese, ou que
este efeito seja irreversível no sistema reprodutivo masculino.
31. Baixa libido, resultante da actividade reduzida de dopamina e
elevados níveis de serotonina no cérebro, que é consequência
da sobrealimentação, e que levam a uma disfunção sexual.
Consumo crónico excessivo de gorduras ou açúcares poderá
causar efeitos psicofarmacológicos, podendo levar o indivíduo
a confundir o desejo sexual com a vontade de comer, tendo
como consequência uma menor frequência da prática sexual.
32. Indivíduos obesos apresentam uma menor fecundidade devido
à interligação de factores psicológicos, psicossociais, e até
sociobiológicos;
A redução da mobilidade física, da função psicossocial e do
bem-estar emocional, são uma realidade entre a população
obesa, que resultam em dificuldades e insatisfação no acto
sexual, diminuindo a frequência dos mesmos.
33. O desejo sexual diminui com o aumento do IMC.
A mesma tendência no prazer sexual, na performance durante
o acto sexual e frequência dos encontros sexuais.
Quanto maior a severidade da obesidade, menor qualidade de
vida sexual, e que a perda de peso e mudança de estilo de vida
melhora a função sexual em ambos os sexos, para alem de que
nos homens, 1/3 melhora na disfunção eréctil.
35. Obesidade
Para 2015, prevê-se que aproximadamente 2,3 biliões de
indivíduos venham a ter excesso de peso, e que mais de 700
milhões possam sofrer de obesidade, destacando o aumento da
sua prevalência em países com economias emergentes e em
desenvolvimento;
O tratamento da obesidade e da infertilidade, traz custos muito
elevados para governos e indivíduos, e nem sempre os
resultados são os melhores.
Estima-se que hajam entre 60 a 80 milhões de casais inférteis e
que, possivelmente boa parte destes casos é causada pela
obesidade.