As tendinopatias estão entre as disfunções traumato-ortopédicas e esportivas mais comum do que se imagina em atletas de futebol na faixa dos 25 anos de idade. Essa elevada taxa de incidência de lesões têm sido objeto de crescente interesse epidemiológico levando a vários estudos a investigar a frequência dessas lesões em jovens jogadores de futebol. Entretanto, os resultados desses estudos são de difícil comparação por causa das diferenças de métodos aplicados entre um dos problemas. A dor na região do tendão de Aquiles e no tendão patelar é um dos marcadores entre esses indivíduos, porém, esses distúrbios de tendões também podem ocorrer em indivíduos fisicamente inativos. Como resultado, verifica-se que a atividade física nem sempre é diretamente associada à histopatologia e que o exercício físico pode ser mais importante para provocar os sintomas do que para ser a causa da lesão. Atualmente o termo tendinopatia é o mais aceito para caracterizar a lesão tendinea, uma vez que o diagnóstico preciso do tipo de lesão é difícil de ser obtido clinicamente, Abate e colaborares² sugerem, a partir de uma revisão de literatura, que os processos inflamatórios e degenerativos do tendão não são mutuamente excludentes, e que, provavelmente, ambos os processos ocorrem na cascata de evolução da tendinopatia. O objetivo desta presente revisão de literatura foi verificar os tipos de tratamento atuais para as tendinopatias clássicas em jogadores jovens de futebol. Foi encontrado uma grande variedade e formas de tratamento descrito na literatura. As tendinopatias não são uma patologia fácil de se tratar e atualmente, existem muitas teorias que têm procurado para explicar a origem da dor. Um ponto que tem sido demonstrado é que o tratamento conservador utilizando exercícios excêntricos, com ou sem dor, incluindo a proteção, repouso relativo, gelo, compressão e elevação, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE) e analgésicos estão indicados na fase aguda e modalidades de exercício de reabilitação (PRICEMM). Outras modalidades de fisioterapia incluem ultrassons, mas há pouca evidência da sua eficácia no tratamento das lesões tendineas.
TENDINOPATIAS: UMA REVISÃO DE TRATAMENTO NA LITERATURA ATUAL EM ATLETAS JOVENS DE FUTEBOL
1. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO À
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ NO CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO LATO SENSU DE MEDICINA DO ESPORTE E
ATIVIDADE FÍSICA.
TENDINOPATIAS:
UMA REVISÃO DE TRATAMENTO NA
LITERATURA ATUAL EM ATLETAS JOVENS DE
FUTEBOL
Aluno: Deivison C. Aquino
Orientador: Prof. Dr. Alexandre
Evangelista
2. TENDINOPATIAS:
UMA REVISÃO DE TRATAMENTO NA LITERATURA ATUAL EM
ATLETAS JOVENS DE FUTEBOL
As tendinopatias estão entre as disfunções traumato-
ortopédicas e esportivas mais comum em atletas de futebol na
faixa dos 25 anos de idade.
O futebol é um dos esportes mais populares do mundo
com uma estimativa de 200 milhões de atletas licenciados no
mundo (FIFA).
KELLER, NOYES e BUNCHER (1987) afirmam que o futebol é
responsável pelo maior número de lesões desportivas do mundo
responsáveis por 50% a 60% das lesões somente na Europa.
3. TENDINOPATIAS:
UMA REVISÃO DE TRATAMENTO NA LITERATURA ATUAL EM
ATLETAS JOVENS DE FUTEBOL
A idade dos atletas tem sido um fator importante nos
estudos de exposição à fatores de risco de lesões no futebol
(CHOMIAK et al., 2000; INKLAAR, 1994; KAKAVELAKIS et al.,
2003; KELLER, NOYES & BUNCHER, 1987). INKLAAR (1994);
A incidência de lesões aumenta com a idade e, atletas com
idade entre 16 e 18 anos, apresentam incidência de lesões
similares a de atletas adultos (SCHMIDT-OLSEN et al., 1991).
4. TENDÕES
• Os tendões são estruturas
anatômicas que unem os
músculos aos ossos, dando
movimento aos mesmos.
Figura 1 – Morfologia do Tendão. Tendões anormais apresenta
desordem de colágeno, aumento da matriz extracelular
(glicosaminoglicanos), neovasos e aumento de fibroblastos. Fonte:
Adaptada de Wilson e Best(2005)
5. TENDINOPATIA
• A tendinopatia é uma
lesão de sobrecarga ou
por esforço repetitivo,
que afeta um ou mais
tendões, gerando muita
dor, inflamação e até
deformidades ósseas
quando crônicas.
6. CARACTERÍSTICAS DO TENDÃO
PATOLÓGICO
Figura 2 - Neovascularização em tendão patelar – USS Doppler
Fonte: Gisslén e Alfredson(2005)
• Neovascularização;
• Aumento de Colágeno tipo II,
III;
• Diminuição Colágeno Tipo I;
• Aumento de Proteogricanos;
• Aumento de
Glicosaminoglicano;
• Aspecto Mucoide;
• Hipercelularidade;
• Aumento de Tenocitos
(circulares);
• Desorganização paralela as
7. CICLO DE PROGRESSÃO DAS
TENDINOPATIAS
Mecanismo de sobrecarga do
tendão (magnitude ,frequência e
duração)
Resposta
Tecidual
Sobrecarga
adequada
Sobrecarga
Inadequada
Adaptaçã
o
Susceptibilidade
Tecidual
Permanência da sobrecarga
Lesão por esforço
repetitivo
Ruptura ParcialSecção
Total
Intervenç
ão
Fonte: Adaptado de Silva e colaboradores
(2008)
8. CLASSIFICAÇÃO DAS TENDINOPATIAS
• Paratendinite – Inflamação causada por fricção do tecido
tendineo;
• Tendinite – Inflamação pura e simples do tendão
(rupturas);
• Tendinose – Degeneração do tendão sem sinais clínicos
ou histológico de processo inflamatório;
• Paratendinite com Tendinose – Inflamação da bainha do
tendão associada a degeneração intratendinea.Fonte: Khan e colaboradores (2000)
9. EXAME
• O diagnóstico na
maioria das causas de
tendinopatia é clínico
- principalmente com
base na história e
exame. Na maioria dos
casos, o tendão é
prontamente palpável.
10. INVESTIGAÇÃO DAS TENDINOPATIAS
RADIOGRAFIA
Embora não seja um teste vital
para avaliar estruturas tendinosas,
A radiografia pode ajudar a excluir
outra patologia, tais como tumores
ósseos ou calcificação dos tecidos
moles. Em esqueletos imaturos,
podemos ver também lesões
apofisárias.
11. INVESTIGAÇÃO DAS TENDINOPATIAS
ULTRASSOM
É o teste mais utilizado no
momento devido à sua
confiabilidade e facilidade. Esta
modalidade fornece uma boa
imagem da condição das fibras de
colágeno, bem como os novos
vasos em torno do tendão. Um dos
principais benefícios da USS é que
ele é uma exploração dinâmica que
pode complementar o exame
Fibras hipoecoicas profundas no tendão
patelar
12. INVESTIGAÇÃO DAS TENDINOPATIAS
MRI
É menos utilizada para a avaliação da
tendinopatia, mas pode fornecer informação
considerável. A principal vantagem desta
modalidade é de fornecer dados sobre o
estado das outras estruturas articulares e é
vital para o diagnóstico diferencial. A
principal vantagem de MR sobre ecografia é
que ela fornece uma imagem reprodutível
do tendão a partir de múltiplos ângulos.
Sinal aumentado e desgaste de tendão
patelar
13. TRATAMENTO DAS TENDINOPATIAS
EXERCICIOS EXCENTRICO - Parece ser um
dos tratamentos mais eficazes. A sua
eficácia em pacientes jovens atléticos foi
demonstrada num número de patologias
do tendão incluindo o tendão de Aquiles
e o tendão Patelar. A sua eficácia em
pacientes mais velhos, mais sedentário é
menos claro.
EXERCICIO ISOMÊTRICO - Atualmente há
um grande interesse no exercício
isométrico para controlar a dor na
tendinopatia. Alguns estudos
preliminares têm mostrado que
isométrica regular pode reduzir a dor
14. TRATAMENTO DAS TENDINOPATIAS
ANTI-INFLAMATÓRIO NÃO ESTERÓIDE
É um tratamento meio controverso. Como não há nenhum
componente inflamatório significativo, é provável que qualquer
eficácia é devida a um efeito analgésico.
No caso das tendinopatias agudas, é debatido se é ou não é
útil para bloquear a resposta à dor imediata, o efeito analgésico
pode permitir que o atleta continue treinando.
No que diz respeito ao tendinopatia crônica, o tratamento é
incerto. O efeito analgésico pode ter algum valor quando se inicia
o exercício excêntrico.
15. TRATAMENTO DAS TENDINOPATIAS
CORTICOSTERÓIDES
Apesar da ausência de inflamação.
O principal problema é o risco de ruptura do
tendão. Rupturas do tendão foram descritos após infiltrações
de corticosteroides PRINCIPALMENTE no tendão de Aquiles.
Estudos têm mostrado que, enquanto injeções de
esteróides podem ser muito eficazes na consulta de
acompanhamento de três meses, em um ano, eles são piores
do que não fazer nada. Depende da avaliação clinica.
16. TRATAMENTO DAS TENDINOPATIAS
PLASMA RICO EM PLAQUETAS
A utilização desta técnica para tratar tendinopatia
tornou-se muito popular.
Existe relatados que ocorre uma melhora por meio da
regeneração de colágeno e a estimulação da angiogênese.
A literatura, até agora, não conseguiu demonstrar que
esses tratamentos são eficazes para patologias tendinosas
crônicas.
17. TRATAMENTO DAS TENDINOPATIAS
CÉLUAS TRONCO
Há também grande interesse em pesquisas sobre o
papel que as células-tronco podem desempenhar no
tratamento de lesões do tendão.
Entretanto, este não é um tratamento amplamente
utilizado atualmente.
18. TRATAMENTO DAS TENDINOPATIAS
CIRURGIA
Tem como objetivo promover a reparação do
tendão. A abordagem tradicional é para excisar aderências
fibróticas, remover nódulos degenerados, e fazer várias
incisões longitudinais no tendão de localizar e lesões intra-
tendinosa.
Não existem estudos de nível que comparam
diferentes técnicas cirúrgicas. A cirurgia só deve ser
considerada até que os tratamentos não-cirúrgicos não
tiver êxito. Geralmente é sugerido um mínimo de três a seis
meses de tratamento não-cirúrgico.
19. REABILITAÇÃO
Existe um grande número de intervenções de reabilitação
fisioterapêutica utilizadas no tratamento da tendinopatia.
• Crioterapia;
• Calor;
• Terapia Manual;
• Hidroterapia;
• Ondas de choque
extracorpóreo;
• Laser;
20. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tendinopatias são acometimentos que precisam de
um diagnóstico preciso e de uma avaliação completa que
inclua minimização dos fatores de riscos.
Nas mais diversas tendinopatias, o exercício excêntrico
tem se mostrado como uma das alternativas de intervenção
conservadora com uma vantagem de não gerar custos e poder
ser realizada em ambientes que não necessariamente
demande uma estrutura clinica complexa.
Devido à natureza do tecido e da patologia do tendão, o
tempo é um fator que deve ser considerado e respeitado.