O documento resume as principais características do Renascimento na Itália e sua expansão para outros países europeus. O Renascimento foi marcado pelo (1) retorno aos ideais clássicos da Grécia e Roma, (2) ênfase no ser humano e na razão, e (3) desenvolvimento das artes, ciências e literatura inspirados nestes novos valores.
2. • Por Renascimento entende-se o movimento de renovação literária,
intelectual e artística, dos séc. XV e XVI, cuja principal fonte de inspiração foi
o mundo clássico (grego e romano). Foi assim marcado por novos valores e
características.
O RENASCIMENTO
3. • Humanismo – nova mentalidade que, partindo do estudo das obras greco-
latinas e outros textos da Antiguidade, valoriza o Homem e as suas
capacidades. O Humanismo compreende assim uma visão antropocêntrica (o
homem no centro das preocupações e interesses) do mundo, ao contrário do
Teocentrismo (que colocava Deus no centro).
• Naturalismo – nova visão da Natureza, baseada na experiência e na
observação. Estas levam ao progresso das ciências: Biologia, Geografia,
Matemática, Astronomia, Medicina...
Características do Renascimento
4. • Classicismo – nova conceção de representação do Homem e do espaço,
fundamentalmente a nível artístico, inspirada nos modelos clássicos greco-
-romanos.
• Espírito crítico: Cada indivíduo tem o seu pensamento e emite livremente
opiniões que o refletem.
• Racionalismo – a razão como o motor do conhecimento e do Homem.
• Individualismo / Otimismo – o Homem, amante da glória e do triunfo na
vida terrena, graças a si e às suas capacidades.
5. A Itália era formada por várias
cidades autónomas, que
rivalizavam entre si para serem
as mais belas.
Florença (República)
Génova (República)
Reino de Nápoles
Milão (Ducado)
Veneza (República)
Estados Papais (Roma)
Itália
nos finais do século XIV
6. São várias as razões que explicam o aparecimento do Renascimento na
Itália:
• Económicas: o comércio florescente das cidades italianas e existência de
uma burguesia mercantil enriquecida e culta;
• Políticas: existência de príncipes ou burgueses mecenas e estados
independentes e rivais entre si.
• Sociais e mentais: poder da burguesia, classe dinâmica e progressista e
que tem uma mentalidade mais livre, bem como a reinterpretação de
textos clássicos.
• Tradição: existência de tradição da cultura greco-romana (vestígios de
monumentos, esculturas...).
8. • Outras: existência de sábios bizantinos fugidos de Constantinopla e
também de outros sábios europeus que se refugiavam em Itália, por
razões políticas e religiosas.
Mas também ocorrem mudanças a nível científico e técnico:
• Gutenberg cria a Imprensa, o que permite a reprodução
sistemática das obras escritas.
9. • Copérnico desenvolve a teoria do Heliocentrismo (em oposição ao
Geocentrismo).
Mudanças a nível científico
11. Pedro Nunes representado no
Padrão dos Descobrimentos
(Lisboa). Matemático que
contribuiu com medições
rigorosas aplicadas na
elaboração de mapas.
Duarte Pacheco Pereira
Geógrafo que escreveu em
português “Esmeraldo de
Situ Orbis”, obra que
continha as coordenadas de
todos os portos conhecidos.
Garcia de Horta representado
numa moeda de 200 escudos.
Botânico que se destacou por
ter escrito uma obra sobre a
aplicação medicinal das
plantas de Índia ocidental.
O contributo português
12. • Na filosofia pré-renascentista surgem-nos nomes como o de Petrarca, Dante
e Bocaccio, que têm em comum as críticas à sociedade do seu tempo. Os
filósofos do renascimento italiano são fundamentalmente quatro: Marcílio
Ficcino, Lourenço Valla, Pico de la Mirandola e Maquiavel.
Desenvolvimento cultural
“Precisando um príncipe de saber usar bem o animal, deve tomar como
exemplo a raposa e o leão; pois o leão não é capaz de se defender das
armadilhas, assim como a raposa não se sabe defender dos lobos. Deve,
portanto, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para espantar os
lobos.”
O Príncipe
13. Aos poucos, este movimento alarga-se a toda a Europa, provocando o
surgimento de novos filósofos. Destes se destaca:
• Erasmo de Roterdão (Holanda);
• Thomas More e Shakespeare (Inglaterra);
• Guilherme Budé, Ronsard, Rabelais…;
• Sá de Miranda, Damião de Góis, Garcia da Orta, Camões, Pedro Nunes,
Zurara (pré renascentista) e Gil Vicente (Portugal).
Desenvolvimento cultural
14. • A arte do séc. XV e XVI foi
marcada por uma nova estética e uma
nova sensibilidade, surgidas na Itália.
O regresso aos clássicos e à natureza
foram dois dos seus grandes objetivos.
• Para os renascentistas, apenas a
arte dos clássicos gregos e romanos é
que era harmoniosa, proporcionada e
bela, pois seguia regras racionais.
A arte do Renascimento
15. Como manifestações de classicismo na arte do Renascimento, podemos
destacar:
• A recuperação dos elementos arquitetónicos greco-romanos (colunas,
pilastras, capiteis, arcos de volta perfeita…).
• O recurso às ordens arquitetónicas clássicas.
• Adoção de temáticas e figuras da mitologia e da história clássica.
O classicismo na Arte
16. • O gosto pela representação do
corpo humano. O nu ressurge
glorificado, no Homem, a perfeição
divina das suas formas.
• O sentido de harmonia,
simetria e ordem.
• O Homem volta a ser entendido
como uma medida na arte,
tornando o classicismo uma forma
de humanismo artístico.
O Classicismo na arte
17. • O sentido de captação do real animou os artistas do Renascimento, que
representavam o ser humano e a Natureza com emoção. A procura do real
na arte levou à descoberta de duas revolucionárias técnicas:
• A perspetiva, conjunto de regras geométricas que permitem reproduzir,
numa superfície plana, objetos e pessoas com aspeto tridimensional.
• A pintura a óleo, que favorece a visualização do detalhe e cores ricas em
tonalidades.
• A capacidade técnica dos artistas do renascimento levou-os a produzir uma
obra original, que acabou por superar os modelos da Antiguidade.
O Naturalismo na arte
18. • O artista conquistou um novo
espaço pictórico, graças a:
• introdução de novos elementos
decorativos de cariz naturalista
(como conchas, cordas, paisagens),
• a perspetiva linear,
• o uso do ponto de fuga,
• recurso à ilusão ótica
possibilitada pela terceira dimensão.
Novas técnicas
19. • Leonardo da Vinci elevou a pintura a uma verdadeira arte.
• A arte redescobriu o homem e o indivíduo com características
verdadeiramente clássicas e ao mesmo tempo, inovadoras:
• A pintura a óleo (maior durabilidade e possibilidade de retoque);
• A terceira dimensão (criação da pirâmide visual, marcado pela
profundidade, pelo relevo e volume das formas – concretiza-se a
perspetiva linear ou, no caso de Leonardo, a perspetiva aérea.
• O sfumato.
A Pintura
20. • Concebida dentro dos princípios geométricos: composição em pirâmide,
• Substituição da madeira pela tela,
• Representação da natureza,
• Utilização da perspetiva,
• Uso da técnica do sfumato,
• Novas técnicas de pintura a óleo,
• Temáticas principais: religiosas, pagãs, anatomia humana - o nu - e o
retrato,
• Grandes pintores: Fra Angelico, Leonardo da Vinci, Botticeli, Rafael,
Miguel Ângelo e El Greco.
A Pintura
21. • Inspiração nas obras clássicas;
• Interesse pelas formas e proporções do corpo humano, possibilitada pela
perspetiva;
• Composição geométrica com estrutura piramidal;
• Grande realismo, vivacidade e espontaneidade;
• Expressão de sentimentos através dos traços fisionómicos e da realidade
anatómica;
• Entendida como arte em si e não um complemento da arquitetura;
• Recuperação da tradição romana de estátuas equestres;
• Principais escultores: Donatello; Ghiberte; Miguel Ângelo ou del Verrochio.
A Escultura
22. • Os escultores renascentistas
redescobrem a figura humana, que
representam com rigor anatómico
e expressão fisionómica.
• As formas rígidas medievais
dão lugar à espontaneidade e
ondulação das linhas.
23.
24. • O equilíbrio e a
racionalidade caracterizam
a escultura deste período.
• O individualismo está
presente na assinatura das
obras (ex. Miguelangelo,
scultore fiorentino).
25.
26. • A estrutura dos edifícios renascentistas é simplificada e racional. Para tal,
observam-se algumas regras ou princípios:
• A matematização rigorosa do espaço arquitetónico, conseguida a partir
da unidade padrão, com relações proporcionais entre as várias partes do
edifício. A forma ideal era a de um cubo ou de um paralelepípedo.
• Estabelece-se a perspetiva.
A Arquitetura
28. • Uso de elementos clássicos:
_ arco de volta perfeita e abóbadas
de berço,
_ frontões nas portas e janelas,
_ cúpulas,
_ decoração com motivos
naturalistas.
• Predomínio das linhas horizontais e
proporcionais;
A Arquitetura
29. • Equilíbrio geométrico (cubos e paralelepípedos justapostos) e simetria de
colunas;
• Arquitetura fundamentalmente religiosa, mas também civil.
• Grandes arquitetos: Brunelleschi – Igreja de Santa Maria das Flores em
Florença, Bramante – Tempietto de S. Pedro e Miguel Ângelo – Catedral de S.
Pedro.
A Arquitetura
30. A Arquitetura
Basílica de S. Pedro
(Roma, finais do século XVI)
ARCO DE VOLTA
PERFEITA
FRONTÃO TRIANGULAR
COLUNAS
CORNIJA
CÚPULA
31. • Os edifícios da época de D. Manuel I (1495-1521) foram construídos segundo
a planta e a estrutura da arquitetura gótica, mas com uma decoração muito
mais rica e variada - motivos naturalistas (como troncos de árvores, folhas de
loureiro, cachos de uvas), marítimos (cordas, redes, conchas, algas) e,
também, as próprias divisas do monarca (a cruz de Cristo, a esfera armilar).
O Manuelino
32. O Manuelino
O que persiste do gótico O que é novo
Abóbadas sobre
cruzamento de ogivas e
arcos quebrados
Abóbadas ao mesmo
nível a cobrir as três
naves
Ao nível da
estrutura
Arcobotantes
Verticalidade
Planta de cruz latina
Iluminação lateral
Maior unificação do
espaço
Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa
Igreja dos Mosteiro dos
Jerónimos, Lisboa
33. A decoração
Esfera armilar
Cruz de Cristo
Coroa e escudo
real (símbolo do
poder do rei)
Capela de S. Miguel - Universidade de
Coimbra (1517-1522)
Igreja de N. Senhora da
Conceição, Golegã
34. A decoração
Janela da Sala da Capítulo (Diogo de
Arruda, Convento de Cristo, Tomar, 1510-
1518)
A
B
C
D E
F
G
CRUZ DA ORDEM DE CRISTOA
B ESFERA ARMILAR
C ARMAS DE D. MANUEL I
D CABOS
E FRAGMENTOS DE ALGAS
F CORRENTES DE ÂNCORAS
G CORDAS RETORCIDAS
35. A arquitetura renascentista
• Influência da estética clássica e resultado das dificuldades económicas no
reinado de D. João III, a exuberância manuelina é substituída por uma certa
severidade nas formas, a que não são estranhos os ecos passados por
Francisco de Holanda ou D. Miguel da Silva.
• Como marcas do classicismo em Portugal podemos destacar:
• A simplicidade das nervuras das abóbadas de cruzaria;
• A utilização das abóbadas de berço e as modernas coberturas planas;
• A igreja-salão.
36. A arquitetura renascentista
• Influência da estética clássica e resultado das dificuldades económicas no
reinado de D. João III, a exuberância manuelina é substituída por uma certa
severidade nas formas, a que não são estranhos os ecos passados por
Francisco de Holanda ou D. Miguel da Silva.
• Como marcas do classicismo em Portugal podemos destacar:
• A simplicidade das nervuras das abóbadas de cruzaria;
• A utilização das abóbadas de berço e as modernas coberturas planas;
• A igreja-salão.
37. A arquitetura renascentista
• A substituição dos contrafortes por pilastras
laterais e delimitação das naves por arcadas
redondas;
• A multiplicidade de frontões, colunas e
capiteis;
• O aparecimento dos edifícios de planta
centrada.
• Na arquitetura civil, destaca-se a Casa dos Bicos; a Quinta da Bacalhoa…
38. A escultura manuelina
• As obras eram ligadas à arquitetura, o que se explica pela persistência do
gótico em Portugal.
• Entre finais do séc. XV e a segunda metade do séc. XVI verificou-se um forte
surto escultórico, multifacetado.
• Pias batismais, túmulos, portais e altares transmitem essa obra onde os vários
estilos se fundem em pleno.
• Destacam-se nomes como o de Diogo
Pires, o Velho e Diogo Pires, o Moço; João de
Castilho ou Nicolau Chanterenne.