O documento resume o romance "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, situando-o no contexto do naturalismo brasileiro. Narra a história de João Romão, um ambicioso português que constrói um cortiço no Rio de Janeiro e enriquece explorando os moradores pobres. O cortiço é palco de conflitos entre os diversos personagens de diferentes origens sociais e raciais.
4. Aluísio de Azevedo nasceu em São Luís,
Maranhão, em 14 de abril de 1857. Após concluir
seus estudos na terra natal, transfere-se em 1876
para o Rio de Janeiro, onde prossegue seus estudos
na Academia Imperial de Belas-Artes. Começa,
então, a trabalhar como caricaturista para jornais.
5. Com o falecimento do pai em 1879, Aluísio de Azevedo
retorna ao Maranhão para ajudar a sustentar a família,
época em que dá início à carreira literária movido por
dificuldades financeiras. Assim, publica em 1880 seu
primeiro livro, Uma lágrima de mulher. Com a questão
abolicionista ganhando cada vez mais espaço no final
do século XIX, publica em 1881 o romance "O mulato",
obra que inaugurou o Naturalismo no Brasil e que
escandalizou a sociedade pelo modo cru com que trata
a questão racial. Devido ao sucesso que a obra obteve
na corte, Aluízio volta à capital imperial e passa a
exercer o ofício de escritor, publicando diversos
romances, contos e peças de teatro.
6.
João Romão, português, bronco e ambicioso, ajuntando dinheiro
a poder de penosos sacrifícios, compra pequeno estabelecimento
comercial no subúrbio da cidade (Rio de Janeiro). Ao lado morava
uma preta, escrava fugida, trabalhadeira, que possuía uma
quitanda e umas economias. Os dois amasiam-se, passando a
escrava a trabalhar como burro de carga para João Romão. Com o
dinheiro de Bertoloza (assim se chamava a ex-escrava), o
português compra algumas braças de terra e alarga sua
propriedade. Para agradar a Bertoleza, forja uma falsa carta de
alforria. Com o decorrer do tempo, João Romão compra mais
terras e nelas constrói três casinhas que imediatamente aluga. O
negócio dá certo o novos cubículos se vão amontoando na
propriedade do português. A procura de habitação é enorme, e
João Romão, ganancioso, acaba construindo vasto e
movimentado cortiço. Ao lado vem morar outro português, mas
de classe elevada, com certos ares de pessoa importante, o Senhor
Miranda, cuja mulher leva vida irregular. Miranda não se dá com
João Romão, nem vê com bons olhos o cortiço perto de sua casa.
7. No cortiço moram os mais variados tipos: brancos,
pretos, mulatos, lavadeiras, malandros, assassinos,
vadios, benzedeiras etc. Entre outros: a Machona,
lavadeira gritalhona, "cujos filhos não se pareciam uns
com os outros"; Alexandre, mulato pernóstico;
Pombinha, moça franzina que se desencaminha por
influência das más companhias; Rita Baiana, mulata
faceira que andava amigada na ocasião com Firmo,
malandro valentão; Jerônimo e sua mulher, e outros
mais. João Romão tem agora uma pedreira que lhe dá
muito dinheiro. No cortiço há festas com certa
freqüência, destacando-se nelas Rita Baiana como
dançarina provocante e sensual, o que faz Jerônimo
perder a cabeça. Enciumado, Firmo acaba brigando
com Jerônimo e, hábil na capoeira, abre a barriga dó
rival com a navalha e foge.
8. Naquela mesma rua, outro cortiço se forma. Os
moradores do cortiço de João Romão chamam-no de
"Cabeça-de-gato"; como revide, recebem o apelido de
"Carapicus". Firmo passara a morar no "Cabeça-de-
Gato", onde se torna chefe dos malandros. Jerônimo,
que havia sido internado em um hospital após a briga
com Firmo, arma uma emboscada traiçoeira para o
malandro e o mata a pauladas, fugindo em seguida
com Rita Baiana, abandonando a mulher. Querendo
vingar a morte de Firmo, os moradores do "Cabeça-de-
gato" travam séria briga com os "Carapicus".
9. Um incêndio, porém, em vários barracos do cortiço de
João Romão põe fim à briga coletiva. O português,
agora endinheirado, reconstrói o cortiço, dando-lhe
nova feição e pretende realizar um objetivo que há
tempos vinha alimentando: casar-se com uma mulher
"de fina educação", legitimamente. Lança os olhos em
Zulmira, filha do Miranda. Botelho, um velho parasita
que reside com a família do Miranda e de grande
influência junto deste, aplaina o caminho para João
Romão, mediante o pagamento de vinte contos de réis.
E em breve os dois patrícios, por interesse, se tornam
amigos e o casamento é coisa certa. Só há uma
dificuldade: Bertoleza. João Romão arranja um piano
para livrar- se dela: manda um aviso aos antigos
proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro.
11. Bertoleza
Submissa à João Romão
Trabalhadora
Honesta
Sonhava com a liberdade
Miranda
Covarde
Oportunista
Era infeliz na vida conjugal
12. Dona Estela
Adúltera
Presunçosa
Esposa de Miranda
Zulmira
Filha de Miranda e Estela
Sofre por ser o fruto desta união – o pai nãoacreditava
que era sua filha, a mãedesprezava por ser filha de
Miranda.
Era fraca e bem magrinha e depois torna-sebela fronte
aos padrões realistas – olhos, pele,quadris.
13. Jerônimo
Sério
Forte
Trabalhador
Dedicado
Honesto
Pai de família
Piedade
Esposa de Jerônimo
Submissa
Honesta
Trabalhadora
14. Botelho
Antipático
Parasita – vivia sob o teto de Miranda
Léonie
Protistuta (à La Francesa)
Homossexual
Independente dos homens
15. Firmo
Charlatão
Gastador
Prusunçoso
Galanteador
Pernóstico
Isabel
Mãe de Pombinha – sonhava voltar a vida quetinha
antes do marido falecer;
Era honesta
Deu o de melhor a filha
16. Piedade
Esposa (e/ou Ex-esposa ) de Jerônimo;
Submissa;
Trabalhadora;
Amava Jerônimo com todas suas forças;
Honesta
Rita Baiana
Alegre
Assanhada
Dançarina
Sensual ao extremo - baseado em descriçõessuas
17. Pombinha
“Era a flor do cortiço”
Filha de Isabel
Casou-se com o Costa e depois fugiu comLéonie
Corrompida pelo determinismo
18. Cronológico
“Chegaram em casa ás nove horas da noite.
Piedade levava o cor~ção feito em lama;nãodera palavra
durante o caminho e,logo que recolheu a pequena, encostou-
se á cômoda, soluçando”
Psicológico
``... Na manhã imediata, a despeito de fazer-se forte, torceu o
naris ao pobre almoço que Dona Isabel lhe apresentou
carinhosamente...``
19. São dois os espaços explorados na obra.
O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-
arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa
a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas.
Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão
a pedreira e a taverna do português João Romão.
O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o
sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de
sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente
do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no
cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante
natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o
sol abrasador do litoral americano funciona como
elemento corruptor do homem local.
20. Narrador
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador
onisciente (que tem conhecimento de tudo), como
propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder
total na estrutura do romance: entra no pensamento dos
personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se
fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do
momento histórico.
O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de
imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à
semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No
entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de
representar a realidade de forma objetiva já configura uma
posição ideologicamente tendenciosa.
21. A linguagem é um pouco arcáica e tem marcas
donaturalismo e do meio (Cortiço).
Ela acompanha o grau de instrução daspersonagens.
Ela transmite ao leitor, com veracidade,
imagensdaquilo que ele acaba de ler.
22. “No cortiço há festas com certa frequência, destacado-
se nelas rita Baiana como dançarina provocando e
sensual, o que faz Jerônimo perder a cabeça.
Enciumado, Firmo acaba brigando com Jerônimo e ,
hábil na capoeira, abre a barriga do rival com a
navalha e foge``.
23. Focaliza as aglomerações residenciais da ralé dos
pobres do Rio, semelhante às nossas favelas
atuais.
Aluísio Azevedo, para fazer seu painel, vale-se de
dois microcosmos o Cortiço e o Sobrado. O
primeiro representa as camadas baixas da cidade,
os trabalhadores e os marginalizados, e a nova
Burguesia que surgia na Corte. O segundo
representa um mundo em decadência, o da
Aristocracia, da Burguesia ociosa, que vivia de
rendas, de heranças e de dotes
.
24. O Naturalismo é um movimento literário conhecer por ser a
radicalização do realismo , baseando-se na observação fiel da
realidade e e na experiência, mostrando que o individuo é
determinado pelo ambiente e pela hereditariedade.
* Cientificismo: analise do homem e a sociedade. Além de
Descrições minuciosas.
* Temática sobre miséria, adultério, crimes, problemas sociais,
sexuais e etc. Os temas são tratados como Patologias
(doenças).
* Vontade de reformar a sociedade, denunciando seus
problemas.
* O Homem é retratado por uma visão Animalizada, ou seja,
não há o psicológico (tão característico do Realismo) e sim os
Instintos, o Macho e a Fêmea.
25.
26.
27. Em geral a Tese desse Romance Naturalista é que o
Meio, o Período e a Hereditariedade influenciam no
indivíduo degradando-o e levando ao destino a que é
determinado (isto é o determinismo), mostra a
sociedade doente do Rio de Janeiro na época do
Segundo Reinado, as relações sociais e as suas
degradações.