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AZEVEDO. Luis. O Cortiço. São Paulo, Ediouro, 2004

Tema
Denúncia social do Rio de Janeiro do fim do século XIX.
Personagens
Principal: O Cortiço.
Características:
O Cortiço como protagonista é um exemplo de personificação de algo que
éinanimado e abstrato. Caracteriza-se assim por haver referências no texto
como:
“Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia...”; “Eram cinco
damanhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade
deportas e janelas alinhadas.”. E dessa maneira fica evidente o quanto o meio
erao delimitador e orientador das ações humanas. O cortiço era o principal e
únicoresponsável por todas as circunstâncias nele existentes referente aos
hábitos eatitudes de seus moradores.

Personagens e suasCaracterísticas
João Romão – esperto, miserável, inescrupuloso (chegando, muitas vezes a
margear a desumanidade), ganancioso, empreendedor, enganador e invejoso.
É o dono do cortiço no qual se ambienta o livro. É “marido” de Bertoleza. “...
deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber,
enganando os fregueses, roubando nos pesos e nas medidas...”.
(Inocêncio
Solimões)
Bertoleza – trabalhadora, submissa, sonhava com a liberdade por meio
de uma carta de alforria. É enganada por João Romão quando este falsifica
sua carta de alforria. Representa o arquétipo da mulher ideal nos moldes da
época, acrescido do fato de ser negra e escrava. “E, no entanto, adorava o
amigo, tinha por ele o fanatismo irracional das caboclas do Amazonas pelo
branco a que se escravizam, (...) são capazes de matar-se para poupar do seu
ídolo a vergonha do seu amor.”
“... às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias...” (Inocêncio
Solimões)
Jerônimo – nostálgico, forte, trabalhador, dedicado e honesto. É casado
com Piedade, mas sucumbe à malemolência de Rita Baiana. “... a força de
touro que o tornava respeitado e temido por todo pessoal...”, “... grande
seriedade do seu caráter e a pureza austera dos seus costumes...”. “... um
pulso de Hércules...”. (Inocêncio Solimões)
Piedade – submissa, honesta e trabalhadora. Era esposa de Jerônimo, e,
assim como Bertoleza, se assemelha nos aspectos psicológicos. “Piedade
merecia bem o seu homem, muito diligente, sadia, honesta, forte, bem
acomodada com tudo e com todos, trabalhando de sol a sol e dando sempre
tão boas contas da obrigação, que os seus fregueses de roupa, apesar daquela
mudança para Botafogo, não a deixaram quase todos.” (Inocêncio Solimões)
Firmo – gastador, vadio, galanteador, charlatão e presunçoso. Amigo de
Rita Baiana, é descrito como “um mulato pachola, delgado de corpo e ágil
como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele
se quebrando nos seus movimentos de capoeira”. “...Era oficial de torneiro,
oficial perito e vadio: ganhava uma semana para gastar num dia...”. (Inocêncio
Solimões)
Rita Baiana – malemolente, sensual, alegre e assanhada. É objeto de
desejo da maioria dos homens do cortiço. “E toda ela respirava o asseio das
brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta,
saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a
esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam
a sua fisionomia com um realce fascinador.” (Inocêncio Solimões)
Pombinha – amiga, inteligente e pura. Representa o extremo oposto de
Rita Baiana, com sua beleza imaculada. “A filha era a flor do cortiço (...) Bonita,
posto que enfermiça e nervosa ao último ponto: loura muito pálida, com uns
modos de menina de boa família”. “...era muito querida por toda aquela gente.”
“Era quem escrevia cartas (...) quem tirava as contas; quem lia os jornais...”
(Inocêncio Solimões)
Léonie – prostituindo-se, independe dos homens. “... com as suas roupas
exageradas e barulhentas de cocote à francesa, levantava rumor quando lá ia e
punha expressões de assombro em todas as caras.” (Davi Pinheiro)
Miranda – invejoso, ganancioso, rico, esperto, oportunista, não era feliz
no casamento, entretanto, continuou casado pois dependia do dote de sua
esposa, D. Estela. “... o Miranda pilhou-a em flagrante delito de adultério; ficou
furioso e o seu primeiro impulso foi de mandá-la para o diabo junto com o
cúmplice; mas a sua casa comercial garantia-se com o dote que ela trouxera...”
(Davi Pinheiro)
D. Estela – adultera e presunçosa. “...senhora pretensiosa e com
fumaças de nobreza...”
(Davi Pinheiro)
Zulmira – vivia para satisfazer a vontade do pai. “...pálida, magrinha, com
pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios
(...) olhos grandes, negros, vivos e maliciosos.” (Davi Pinheiro)
Henrique – estimado de Dona Estela. “Dona Estela, no cabo de pouco
tempo, mostrou por ele estima quase maternal...” (Davi Pinheiro)
Botelho – antipático e parasita.“... muito macilento, com uns óculos
redondos que lhe aumentavam o tamanho da pupila e davam-lhe à cara uma
expressão de abutre...”.
“...via-se totalmente sem recursos e vegetava à sombra do Miranda...” (Davi
Pinheiro)
Tempo
Em "O Cortiço", o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e
desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem
precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o
desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão.
Espaço
São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de
casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a
mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um
organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português
João Romão.
O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do
comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia
ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no
cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como
meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano
funciona como elemento corruptor do homem local.
Clímax
O clímax da história é marcado pela briga entre Piedade e Rita Baiana.Quando
as duas brigam violentamente por causa de Jerônimo, marido de Piedadeque
está apaixonado por Rita, esta briga envolve todo o cortiço e a disputaentre
brasileiros e portugueses fica evidente. No mesmo momento em quebrasileiros
e
portugueses
iniciam
uma
briga
para
defender
as
suas
respectivasconterrâneas, o cortiço é invadido pelos moradores do cortiço
vizinho, quechegam armados de paus e navalhas com a intenção de vingar a
morte de Firmo. Umaoutra briga, ainda mais violenta que a primeira se inicia e
só termina quandotodos os moradores se dão conta de que há um incêndio no
cortiço. E é após esteevento que toda a estrutura do cortiço é melhorada por
João Romão, pois com odinheiro do seguro que ele fez na ocasião do primeiro
incêndio, ele reforma ascasas destruídas pelo fogo e também melhora as
outras casas do cortiçocolocando passeio e iluminação, a partir daí o cortiço
aristocratiza-se poisJoão começa a receber moradores de classesocial
emergente como alfaiates e artistas.
Esta passagem tem a participação de uma amplitude de personagens e
podeser observada na transcrição de trechos abaixo:
“ (...)E pegaram-se logo a unhas e dentes(...)”
“(...) Por algum tempo lutaram de pé, engalfinhadas, no meio de
grandealgazarra dos circunstantes. João Romão acudiu e quis separá-las;
todosprotestaram. A família do Miranda assomou à janela, tomando ainda o
café dedepois do jantar, indiferente, já habituada àquelas cenas. Dois
partidostodavia se formavam em torno das lutadoras; quase todos os
brasileiros erampela Rita e quase todos os portugueses pela outra.(...).

“(...)E as palavras "galego" e "cabra" cruzaram-se detodos os pontos, como
bofetadas. (...)E o rolo a ferver lá fora, cada vez maisinflamado com um terrível
sopro de rivalidade nacional. Ouviam-se, num clamorde pragas e gemidos,
vivas a Portugal e vivas ao Brasil. De vez em quando, opovaréu, que
continuava a crescer, afastava-se em massa, rugindo de medo, mastornava
logo, como a onda no refluxo dos mares. A polícia apareceu e não seachou
com ânimo de entrar, antes de vir um reforço de praças, que um
permanentefora buscar a galope.
E o rolo fervia.
Mas, no melhor da lata, ouvia-se na rua um coro de vozes que seaproximavam
das bandas do "Cabeça-de-Gato". Era o canto de guerra doscapoeiras do outro
cortiço, que vinham dar batalha aos carapicus, pra vingarcom sangue a morte
de Firmo, seu chefe de malta.(...)
(...)Um só impulso os impelia a todos; já não havia ali brasileiros eportugueses,
havia um só partido que ia ser atacado pelo partido contrário; osque se batiam
ainda há pouco emprestavam armas uns aos outros, limpando com ascostas
das mãos o sangue das feridas. Os cabeças-de-gato assomaram afinal
aoportão. Uns cem homens, em que se não via a arma que traziam. (...)
(...)As navalhas traziam-nas abertas e escondidas na palma da mão. (...)
(...)Os carapicus enchiam a metade do cortiço. (...)
(...)E a batalha principiou(...) Desferiram-se navalhas contra navalhas,jogaramse as cabeçadas e os voa-pés.(...). De parte a parte esperavam que ocansaço
desequilibrasse as forças, abrindo furo à vitória; mas um fato veioneutralizar
inda uma vez a campanha: imenso rebentão de fogo esgargalhava-se deuma
das casas do fundo, o número 88. E agora o incêndio era a valer. (...)
(...)A Bruxa conseguira afinal realizar o seu sonho de louca: o cortiçoia arder;
não haveria meio de reprimir aquele cruento devorar de labaredas. Oscabeçasde-gato, leais nas suas justas de partido, abandonaram o campo, semvoltar o
rosto, desdenhosos de aceitar o auxílio de um sinistro, e dispostosaté a
socorrer o inimigo, se assim fosse preciso. E nenhum dos carapicus osferiu
pelas costas. A luta ficava para outra ocasião. E a cena transformou-senum
relance; os mesmos que barateavam tão facilmente a vida apressavam-se
agoraa salvar os miseráveis bens que possuíam sobre a terra. (...)

(...) Os sinos da vizinhança começaram a badalar. (...)

Conflitos Principais
I)
Ambição x inveja: a inveja ea ambição são sentimentos muito fortes
fincados na alma de alguns personagenscomo João Romão, Miranda e Botelho
e para eles tudo era possível em nome dasatisfação desses dois sentimentos.
Ex.: “Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna,sem
precisar roer nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico trêsvezes do
que ele, não teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda dealgum
fazendeiro freguês da casa!” – Miranda inconformado com o progresso
docortiço;
“...aquele sovina que nunca saíra dos seus tamancos e da sua camisa
deriscadinho de Angola; aquele animal que se alimentava pior que os cães,
parapôr de parte de tudo, que ganhava ou extorquia; aquele ente atrofiado
pelacobiça e que parecia ter abdicado dos seus privilégios e sentimentos de
homem;aquele desgraçado, que nunca jamais amara senão o dinheiro,
invejava agora oMiranda, invejava-o deveras, com dobrada amargura do que
sofrera o marido deDona Estela, quando, por sua vez, o invejara a ele.” – João
Romão ao saber dotítulo de Barão concedido ao Miranda;
“A virtude, a beleza, o talento, a mocidade, a força, a saúde, eprincipalmente a
fortuna, eis o que ele não perdoava a ninguém, amaldiçoandotodo aquele que
conseguia o que ele não obtivera; que gozava o que ele nãodesfrutara; que
sabia o que ele não aprendera.” – Descrição do personagemBotelho.
II)
Dinheiro x boas maneiras: Miranda não podia seconformar com o progresso
visível do cortiço e com ele a sucessiva ascensão deseu vizinho: “...custava-lhe
a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro “aqueletipo! Um miserável, um sujo
que não pusera nunca um paletó, e que vivia de camae mesa com uma
negra!”;
“Sem nunca ter vestido um paletó, com vestiria uma casaca?... Com
aquelespés, deformados pelo diabo dos tamancos, criados à solta, sem meias,
comocalçaria sapatos de baile?... E suas mãos, calosas e maltratadas, duras
como asde um cavouqueiro, como se ajeitariam com a luva?...Como deveria
tratar asdamas e cavalheiros, em meio de um grande salão cheio de espelhos
e cadeirasdouradas?... Como se arranjaria para conversar, sem dizer
barbaridades?...” –João Romão pensando em fazer parte da classe mais alta
da sociedade.
III)
Riqueza x Pobreza: esse éum drama que aflige apenas aqueles que um
dia foram pobres e são capazes deesforços inimagináveis para manter a
posição social adquirida. Ex.: “Prezava,acima de tudo, a sua posição social e
tremia só com a idéia de ver-se novamentepobre, sem recursos e sem
coragem para recomeçar a vida...” – pensamento deMiranda ao lembrar-se das
traições da esposa e imaginar-se separado sem odinheiro do dote que ela
trouxera.
IV)
Novo x Velho: o feitiçovivido por Jerônimo ao se apaixonar por Rita
Baiana sem se importar nunca maiscom os atrativos de sua esposa e assim
deixando de lado todos os hábitos epreferências antigos.
Ex.: “...envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios
damestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível,
simples,primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente
e muitode mulher” – o dia em queJerônimo se apaixonou por Rita Baiana;
“e quando a infeliz se aproximou do marido, este, fora de costume,notou-lhe o
cheiro azedo do corpo.” – e a partir do feitiço por Rita Baiana,Jerônimo nota na
mulher coisas que até então passaram desapercebidas; “Oportuguês
abrasileirou-se para sempre; fez-se preguiçoso, amigo dasextravagâncias e
dos abusos, luxurioso e ciumento; fora-se-lhe de vez oespírito da economia e
da ordem...” – Os novos hábitos e agora permanentes queJerônimo passou a
ter após a sua união com Rita Baiana.
V) Homens x Animais: a questão sexual é sempre levada aonível do mundo
animal fortalecendo a ênfase do desejo sobre a razão.
Ex.: “E viu o Firmo e o Jerônimo atassalharem-se, como dois cães
quedisputam uma cadela da rua; e viu o Miranda, lá defronte, subalterno ao
lado daesposa infiel, que se divertia a fazê-lo dançar a seus pés seguro
peloschifres; e viu o Domingos, que fora da venda, furtando horas ao sono,
depois deum trabalho de burro, e perdendo o seu emprego e as economias
juntadas comsacrifício, só para ter um instante de luxúria entre as pernas de
umadesgraçadinha...”; “habituou-lhe a carne ao cheiro sensual daquele seu
corpo decobra...”. Também aqui existe sempre uma relação entre homens e
animais queexacerbam a influência do naturalismo na obra do autor. Ex.: “...o
grosseirorumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais
cansados.”
Conflitos Secundários
I)
Portugueses xBrasileiros: havia naquela época muitos portugueses
vindo para o Brasil eestava sempre entre linhas um problema travado por conta
das nacionalidades.Esse problema se evidencia e se expõe claramente durante
a briga entre Piedadee Rita Baiana.
Ex.: “Dois partidos todavia se formavam em torno das lutadoras;quase todos
os brasileiros eram pela Rita e quase todos os portugueses pelaoutra.”
II)
Destino x Desgraça: odesenrolar da trama coloca o destino contra todos
os valores morais e desgraçaa vida das mulheres inocentes e puras com um
fim triste e repugnante: “homensmalvados abusavam dela, muitos de uma vez,
aproveitando-se da quase completainconstância da infeliz” – descrição no fim
do livro da situação em que ficouPiedade;
“...o cortiço estava preparando uma nova prostituta naquela pobre menina
desamparada...” – intenção de Pombinha e Léonie em seduzirem a Senhorinha
paraseguir a vida como elas.
III)
Menina x Mulher:Pombinha após a sua tão sonhada transformação em
mulher se dá conta do podersem limites de uma mulher sobre um homem.
Ex.: “Como que naquele instante omundo inteiro se despia à sua vista.....ela
compreendeu e avaliou a fraquezados homens, a fragilidade desses animais
fortes, de músculos valentes, de patasesmagadoras, mas que deixavam
encabrestar e conduzir humildes pela soberana edelicada mão da fêmea.”

Desfecho
Delatada por João Romão, os antigos donos de Bertoleza diligenciam para
capturar a escrava fugida. Procurada pelos policiais, a negra se suicida.
Observe o exagero da cena, e a ironia do desfecho.
"A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos
espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada
para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres.
Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto,
e entes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo
rasgara o ventre de lado a lodo.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa
lameira de sangue.
João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com
os mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de
abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de
sócio benemérito."
Narrador
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem
conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador
tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos
personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista,
as influências do meio, da raça e do momento histórico.
O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade,
como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele
criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a
realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente
tendenciosa.
Enredo
João Romão, ganancioso comerciante de origem portuguesa, é dono de uma
pedreira, uma taverna e um terreno razoável, onde constrói casas de baixo
preço para alugar.
Amiga-se com Bertoleza, ex-escrava, forte, supostamente alforriada que se
submete a todas as privações impostas por ele.
A poucos metros da venda, havia um sobrado ocupado por Miranda, Estela e
Zulmira, uma família economicamente segura.
Morar ali, no cortiço, incomodava Miranda que, com seu ar de fidalguia e seu
título de comendador, incomodava J.R..
Um operário é contratado para trabalhar na pedreira e muda-se para o cortiço
com sua mulher, Piedade. Interessando-se por Rita Baiana, beleza máxima do
cortiço.
Rita, por sua vez, tinha compromisso com Firmo, mulato garboso e capoeirista
hábil, morador de um cortiço vizinho. Este briga com o operário, Jerônimo e
leva a melhor, fere-o com uma navalha.
Enquanto isso, um agregado na casa de Miranda, Botelho, procura estimular o
interesse de J.R. por Zulmira.
Rita e Jerônimo vivem juntos, a esta altura e o último pensa apenas em se
vingar de Firmo, assassinando-o a pauladas, após tê-lo atraído para uma
cilada. Isso faz com que os colegas de Firmo ataquem os “carapicus” do cortiço
de J.R.. A luta só é interrompida graças a um incêndio provocado.

Desse incêndio nasce um cortiço novo e mais próspero e por isso J.R. passa a
manter boas relações com a família Miranda. Só restava o empecilho de
Bertoleza. Por isso, Botelho descobre o dono da escrava, cujo dinheiro da
alforria fora embolsado por J.R..
Diante da ameaça de voltar ao cativeiro, Bertoleza suicida-se e J.R. casa-se
com Zulmira e ascende socialmente.
Gênero literário: Romance naturalista
Tipo Textual: Narrativo
Linear

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Língua portuguesa ficha literaria o cortiço

  • 1. AZEVEDO. Luis. O Cortiço. São Paulo, Ediouro, 2004 Tema Denúncia social do Rio de Janeiro do fim do século XIX. Personagens Principal: O Cortiço. Características: O Cortiço como protagonista é um exemplo de personificação de algo que éinanimado e abstrato. Caracteriza-se assim por haver referências no texto como: “Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia...”; “Eram cinco damanhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade deportas e janelas alinhadas.”. E dessa maneira fica evidente o quanto o meio erao delimitador e orientador das ações humanas. O cortiço era o principal e únicoresponsável por todas as circunstâncias nele existentes referente aos hábitos eatitudes de seus moradores. Personagens e suasCaracterísticas João Romão – esperto, miserável, inescrupuloso (chegando, muitas vezes a margear a desumanidade), ganancioso, empreendedor, enganador e invejoso. É o dono do cortiço no qual se ambienta o livro. É “marido” de Bertoleza. “... deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber, enganando os fregueses, roubando nos pesos e nas medidas...”. (Inocêncio Solimões) Bertoleza – trabalhadora, submissa, sonhava com a liberdade por meio de uma carta de alforria. É enganada por João Romão quando este falsifica sua carta de alforria. Representa o arquétipo da mulher ideal nos moldes da época, acrescido do fato de ser negra e escrava. “E, no entanto, adorava o amigo, tinha por ele o fanatismo irracional das caboclas do Amazonas pelo branco a que se escravizam, (...) são capazes de matar-se para poupar do seu ídolo a vergonha do seu amor.” “... às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias...” (Inocêncio Solimões) Jerônimo – nostálgico, forte, trabalhador, dedicado e honesto. É casado com Piedade, mas sucumbe à malemolência de Rita Baiana. “... a força de touro que o tornava respeitado e temido por todo pessoal...”, “... grande seriedade do seu caráter e a pureza austera dos seus costumes...”. “... um pulso de Hércules...”. (Inocêncio Solimões) Piedade – submissa, honesta e trabalhadora. Era esposa de Jerônimo, e, assim como Bertoleza, se assemelha nos aspectos psicológicos. “Piedade
  • 2. merecia bem o seu homem, muito diligente, sadia, honesta, forte, bem acomodada com tudo e com todos, trabalhando de sol a sol e dando sempre tão boas contas da obrigação, que os seus fregueses de roupa, apesar daquela mudança para Botafogo, não a deixaram quase todos.” (Inocêncio Solimões) Firmo – gastador, vadio, galanteador, charlatão e presunçoso. Amigo de Rita Baiana, é descrito como “um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira”. “...Era oficial de torneiro, oficial perito e vadio: ganhava uma semana para gastar num dia...”. (Inocêncio Solimões) Rita Baiana – malemolente, sensual, alegre e assanhada. É objeto de desejo da maioria dos homens do cortiço. “E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador.” (Inocêncio Solimões) Pombinha – amiga, inteligente e pura. Representa o extremo oposto de Rita Baiana, com sua beleza imaculada. “A filha era a flor do cortiço (...) Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao último ponto: loura muito pálida, com uns modos de menina de boa família”. “...era muito querida por toda aquela gente.” “Era quem escrevia cartas (...) quem tirava as contas; quem lia os jornais...” (Inocêncio Solimões) Léonie – prostituindo-se, independe dos homens. “... com as suas roupas exageradas e barulhentas de cocote à francesa, levantava rumor quando lá ia e punha expressões de assombro em todas as caras.” (Davi Pinheiro) Miranda – invejoso, ganancioso, rico, esperto, oportunista, não era feliz no casamento, entretanto, continuou casado pois dependia do dote de sua esposa, D. Estela. “... o Miranda pilhou-a em flagrante delito de adultério; ficou furioso e o seu primeiro impulso foi de mandá-la para o diabo junto com o cúmplice; mas a sua casa comercial garantia-se com o dote que ela trouxera...” (Davi Pinheiro) D. Estela – adultera e presunçosa. “...senhora pretensiosa e com fumaças de nobreza...” (Davi Pinheiro) Zulmira – vivia para satisfazer a vontade do pai. “...pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios (...) olhos grandes, negros, vivos e maliciosos.” (Davi Pinheiro) Henrique – estimado de Dona Estela. “Dona Estela, no cabo de pouco tempo, mostrou por ele estima quase maternal...” (Davi Pinheiro)
  • 3. Botelho – antipático e parasita.“... muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho da pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre...”. “...via-se totalmente sem recursos e vegetava à sombra do Miranda...” (Davi Pinheiro) Tempo Em "O Cortiço", o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão. Espaço São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão. O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local. Clímax O clímax da história é marcado pela briga entre Piedade e Rita Baiana.Quando as duas brigam violentamente por causa de Jerônimo, marido de Piedadeque está apaixonado por Rita, esta briga envolve todo o cortiço e a disputaentre brasileiros e portugueses fica evidente. No mesmo momento em quebrasileiros e portugueses iniciam uma briga para defender as suas respectivasconterrâneas, o cortiço é invadido pelos moradores do cortiço vizinho, quechegam armados de paus e navalhas com a intenção de vingar a morte de Firmo. Umaoutra briga, ainda mais violenta que a primeira se inicia e só termina quandotodos os moradores se dão conta de que há um incêndio no cortiço. E é após esteevento que toda a estrutura do cortiço é melhorada por João Romão, pois com odinheiro do seguro que ele fez na ocasião do primeiro incêndio, ele reforma ascasas destruídas pelo fogo e também melhora as outras casas do cortiçocolocando passeio e iluminação, a partir daí o cortiço aristocratiza-se poisJoão começa a receber moradores de classesocial emergente como alfaiates e artistas. Esta passagem tem a participação de uma amplitude de personagens e podeser observada na transcrição de trechos abaixo: “ (...)E pegaram-se logo a unhas e dentes(...)”
  • 4. “(...) Por algum tempo lutaram de pé, engalfinhadas, no meio de grandealgazarra dos circunstantes. João Romão acudiu e quis separá-las; todosprotestaram. A família do Miranda assomou à janela, tomando ainda o café dedepois do jantar, indiferente, já habituada àquelas cenas. Dois partidostodavia se formavam em torno das lutadoras; quase todos os brasileiros erampela Rita e quase todos os portugueses pela outra.(...). “(...)E as palavras "galego" e "cabra" cruzaram-se detodos os pontos, como bofetadas. (...)E o rolo a ferver lá fora, cada vez maisinflamado com um terrível sopro de rivalidade nacional. Ouviam-se, num clamorde pragas e gemidos, vivas a Portugal e vivas ao Brasil. De vez em quando, opovaréu, que continuava a crescer, afastava-se em massa, rugindo de medo, mastornava logo, como a onda no refluxo dos mares. A polícia apareceu e não seachou com ânimo de entrar, antes de vir um reforço de praças, que um permanentefora buscar a galope. E o rolo fervia. Mas, no melhor da lata, ouvia-se na rua um coro de vozes que seaproximavam das bandas do "Cabeça-de-Gato". Era o canto de guerra doscapoeiras do outro cortiço, que vinham dar batalha aos carapicus, pra vingarcom sangue a morte de Firmo, seu chefe de malta.(...) (...)Um só impulso os impelia a todos; já não havia ali brasileiros eportugueses, havia um só partido que ia ser atacado pelo partido contrário; osque se batiam ainda há pouco emprestavam armas uns aos outros, limpando com ascostas das mãos o sangue das feridas. Os cabeças-de-gato assomaram afinal aoportão. Uns cem homens, em que se não via a arma que traziam. (...) (...)As navalhas traziam-nas abertas e escondidas na palma da mão. (...) (...)Os carapicus enchiam a metade do cortiço. (...) (...)E a batalha principiou(...) Desferiram-se navalhas contra navalhas,jogaramse as cabeçadas e os voa-pés.(...). De parte a parte esperavam que ocansaço desequilibrasse as forças, abrindo furo à vitória; mas um fato veioneutralizar inda uma vez a campanha: imenso rebentão de fogo esgargalhava-se deuma das casas do fundo, o número 88. E agora o incêndio era a valer. (...) (...)A Bruxa conseguira afinal realizar o seu sonho de louca: o cortiçoia arder; não haveria meio de reprimir aquele cruento devorar de labaredas. Oscabeçasde-gato, leais nas suas justas de partido, abandonaram o campo, semvoltar o rosto, desdenhosos de aceitar o auxílio de um sinistro, e dispostosaté a socorrer o inimigo, se assim fosse preciso. E nenhum dos carapicus osferiu
  • 5. pelas costas. A luta ficava para outra ocasião. E a cena transformou-senum relance; os mesmos que barateavam tão facilmente a vida apressavam-se agoraa salvar os miseráveis bens que possuíam sobre a terra. (...) (...) Os sinos da vizinhança começaram a badalar. (...) Conflitos Principais I) Ambição x inveja: a inveja ea ambição são sentimentos muito fortes fincados na alma de alguns personagenscomo João Romão, Miranda e Botelho e para eles tudo era possível em nome dasatisfação desses dois sentimentos. Ex.: “Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna,sem precisar roer nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico trêsvezes do que ele, não teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda dealgum fazendeiro freguês da casa!” – Miranda inconformado com o progresso docortiço; “...aquele sovina que nunca saíra dos seus tamancos e da sua camisa deriscadinho de Angola; aquele animal que se alimentava pior que os cães, parapôr de parte de tudo, que ganhava ou extorquia; aquele ente atrofiado pelacobiça e que parecia ter abdicado dos seus privilégios e sentimentos de homem;aquele desgraçado, que nunca jamais amara senão o dinheiro, invejava agora oMiranda, invejava-o deveras, com dobrada amargura do que sofrera o marido deDona Estela, quando, por sua vez, o invejara a ele.” – João Romão ao saber dotítulo de Barão concedido ao Miranda; “A virtude, a beleza, o talento, a mocidade, a força, a saúde, eprincipalmente a fortuna, eis o que ele não perdoava a ninguém, amaldiçoandotodo aquele que conseguia o que ele não obtivera; que gozava o que ele nãodesfrutara; que sabia o que ele não aprendera.” – Descrição do personagemBotelho. II) Dinheiro x boas maneiras: Miranda não podia seconformar com o progresso visível do cortiço e com ele a sucessiva ascensão deseu vizinho: “...custava-lhe a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro “aqueletipo! Um miserável, um sujo que não pusera nunca um paletó, e que vivia de camae mesa com uma negra!”; “Sem nunca ter vestido um paletó, com vestiria uma casaca?... Com aquelespés, deformados pelo diabo dos tamancos, criados à solta, sem meias, comocalçaria sapatos de baile?... E suas mãos, calosas e maltratadas, duras como asde um cavouqueiro, como se ajeitariam com a luva?...Como deveria tratar asdamas e cavalheiros, em meio de um grande salão cheio de espelhos e cadeirasdouradas?... Como se arranjaria para conversar, sem dizer barbaridades?...” –João Romão pensando em fazer parte da classe mais alta da sociedade.
  • 6. III) Riqueza x Pobreza: esse éum drama que aflige apenas aqueles que um dia foram pobres e são capazes deesforços inimagináveis para manter a posição social adquirida. Ex.: “Prezava,acima de tudo, a sua posição social e tremia só com a idéia de ver-se novamentepobre, sem recursos e sem coragem para recomeçar a vida...” – pensamento deMiranda ao lembrar-se das traições da esposa e imaginar-se separado sem odinheiro do dote que ela trouxera. IV) Novo x Velho: o feitiçovivido por Jerônimo ao se apaixonar por Rita Baiana sem se importar nunca maiscom os atrativos de sua esposa e assim deixando de lado todos os hábitos epreferências antigos. Ex.: “...envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios damestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples,primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muitode mulher” – o dia em queJerônimo se apaixonou por Rita Baiana; “e quando a infeliz se aproximou do marido, este, fora de costume,notou-lhe o cheiro azedo do corpo.” – e a partir do feitiço por Rita Baiana,Jerônimo nota na mulher coisas que até então passaram desapercebidas; “Oportuguês abrasileirou-se para sempre; fez-se preguiçoso, amigo dasextravagâncias e dos abusos, luxurioso e ciumento; fora-se-lhe de vez oespírito da economia e da ordem...” – Os novos hábitos e agora permanentes queJerônimo passou a ter após a sua união com Rita Baiana. V) Homens x Animais: a questão sexual é sempre levada aonível do mundo animal fortalecendo a ênfase do desejo sobre a razão. Ex.: “E viu o Firmo e o Jerônimo atassalharem-se, como dois cães quedisputam uma cadela da rua; e viu o Miranda, lá defronte, subalterno ao lado daesposa infiel, que se divertia a fazê-lo dançar a seus pés seguro peloschifres; e viu o Domingos, que fora da venda, furtando horas ao sono, depois deum trabalho de burro, e perdendo o seu emprego e as economias juntadas comsacrifício, só para ter um instante de luxúria entre as pernas de umadesgraçadinha...”; “habituou-lhe a carne ao cheiro sensual daquele seu corpo decobra...”. Também aqui existe sempre uma relação entre homens e animais queexacerbam a influência do naturalismo na obra do autor. Ex.: “...o grosseirorumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais cansados.” Conflitos Secundários I) Portugueses xBrasileiros: havia naquela época muitos portugueses vindo para o Brasil eestava sempre entre linhas um problema travado por conta das nacionalidades.Esse problema se evidencia e se expõe claramente durante a briga entre Piedadee Rita Baiana. Ex.: “Dois partidos todavia se formavam em torno das lutadoras;quase todos os brasileiros eram pela Rita e quase todos os portugueses pelaoutra.”
  • 7. II) Destino x Desgraça: odesenrolar da trama coloca o destino contra todos os valores morais e desgraçaa vida das mulheres inocentes e puras com um fim triste e repugnante: “homensmalvados abusavam dela, muitos de uma vez, aproveitando-se da quase completainconstância da infeliz” – descrição no fim do livro da situação em que ficouPiedade; “...o cortiço estava preparando uma nova prostituta naquela pobre menina desamparada...” – intenção de Pombinha e Léonie em seduzirem a Senhorinha paraseguir a vida como elas. III) Menina x Mulher:Pombinha após a sua tão sonhada transformação em mulher se dá conta do podersem limites de uma mulher sobre um homem. Ex.: “Como que naquele instante omundo inteiro se despia à sua vista.....ela compreendeu e avaliou a fraquezados homens, a fragilidade desses animais fortes, de músculos valentes, de patasesmagadoras, mas que deixavam encabrestar e conduzir humildes pela soberana edelicada mão da fêmea.” Desfecho Delatada por João Romão, os antigos donos de Bertoleza diligenciam para capturar a escrava fugida. Procurada pelos policiais, a negra se suicida. Observe o exagero da cena, e a ironia do desfecho. "A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e entes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lodo. E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com os mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito." Narrador A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos
  • 8. personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico. O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa. Enredo João Romão, ganancioso comerciante de origem portuguesa, é dono de uma pedreira, uma taverna e um terreno razoável, onde constrói casas de baixo preço para alugar. Amiga-se com Bertoleza, ex-escrava, forte, supostamente alforriada que se submete a todas as privações impostas por ele. A poucos metros da venda, havia um sobrado ocupado por Miranda, Estela e Zulmira, uma família economicamente segura. Morar ali, no cortiço, incomodava Miranda que, com seu ar de fidalguia e seu título de comendador, incomodava J.R.. Um operário é contratado para trabalhar na pedreira e muda-se para o cortiço com sua mulher, Piedade. Interessando-se por Rita Baiana, beleza máxima do cortiço. Rita, por sua vez, tinha compromisso com Firmo, mulato garboso e capoeirista hábil, morador de um cortiço vizinho. Este briga com o operário, Jerônimo e leva a melhor, fere-o com uma navalha. Enquanto isso, um agregado na casa de Miranda, Botelho, procura estimular o interesse de J.R. por Zulmira. Rita e Jerônimo vivem juntos, a esta altura e o último pensa apenas em se vingar de Firmo, assassinando-o a pauladas, após tê-lo atraído para uma cilada. Isso faz com que os colegas de Firmo ataquem os “carapicus” do cortiço de J.R.. A luta só é interrompida graças a um incêndio provocado. Desse incêndio nasce um cortiço novo e mais próspero e por isso J.R. passa a manter boas relações com a família Miranda. Só restava o empecilho de Bertoleza. Por isso, Botelho descobre o dono da escrava, cujo dinheiro da alforria fora embolsado por J.R.. Diante da ameaça de voltar ao cativeiro, Bertoleza suicida-se e J.R. casa-se com Zulmira e ascende socialmente. Gênero literário: Romance naturalista Tipo Textual: Narrativo