2. Biografia de José de
Alencar• José de Alencar foi romancista,
jornalista, advogado e político
brasileiro. Foi um dos maiores
representantes da corrente
literária indianista. Destacou-
se na carreira literária com a
publicação do romance "O
Guarani",. Seu romance "O
Guarani" serviu de inspiração
ao músico Carlos Gomes, que
compôs a ópera O Guarani.
3. • José de Alencar consolidou o romance
brasileiro, ao escrever movido por
sentimento de missão patriótica. José de
Alencar criou uma literatura nacionalista
onde se evidencia uma maneira de sentir e
pensar tipicamente brasileiras. Suas obras
são especialmente bem sucedidas quando o
autor transporta a tradição indígena para a
ficção. Tão grande foi a preocupação de José
de Alencar em retratar sua terra e seu povo
que muitas das páginas de seus romances
relatam mitos, lendas, tradições, festas
religiosas, usos e costumes observados
pessoalmente por ele, com o intuito de, cada
vez mais, abrasileirar seus textos.
4. • José de Alencar (1829-1877) nasceu em Mecejana,
Ceará no dia 1 de maio de 1829. Filho de José
Martiniano de Alencar, senador do império, e de Ana
Josefina. Em 1838 mudam-se para o Rio de Janeiro.
Com 10 anos de idade ingressa no Colégio de Instrução
Elementar. Com 14 anos vai para São Paulo, onde
termina o curso secundário e ingressa na Faculdade de
Direito do Largo de São Francisco.
• Em 1847 escreve seu primeiro romance "Os
Contrabandistas". Em 1950 conclui o curso de Direito.
Pouco exerceu a profissão. Ingressou no Correio
Mercantil em 1854. Na seção "Ao Correr da Pena"
escreve os acontecimentos sociais, as estreias de peças
teatrais, os novos livros e as questões políticas. Em
1856 passa a ser o redator chefe do Diário do Rio de
Janeiro, onde em 1 de janeiro de 1857 publica o
romance "O Guarani", em forma de folhetim,
alcançando enorme sucesso, e logo é editado em livro.
5. • Em 1858 abandona o jornalismo para ser chefe da
Secretaria do Ministério da Justiça, onde chega à
Consultoria. Recebe o título de Conselheiro. Nessa
mesma época é professor de Direito Mercantil. Foi
eleito deputado pelo Ceará em 1861, pelo partido
Conservador, sendo reeleito em quatro
legislaturas. Na visita a sua terra Natal, se encanta
com a lenda de "Iracema", e a transforma em livro.
• Famoso, a ponto de ser aclamado por Machado de
Assis como "o chefe da literatura nacional", José
de Alencar morreu aos 48 anos no Rio de Janeiro
vítima da tuberculose, em 12 de dezembro de
1877, deixando seis filhos, inclusive Mário de
Alencar, que seguiria a carreira de letras do pai.
6. Resumo do Enredo
Besita, moça pobre, porém das mais belas da região, é
objeto de desejo tanto de Luis Galvão, jovem fazendeiro,
quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis
Galvão. A moça corresponde ao amor do rico fazendeiro,
mas este não tem interesse em desposar Besita, pois ela
é pobre.
Influenciada por seu pai, Besita acaba casando-se com
Ribeiro. Esse, logo após a noite de núpcias, parte em
viagem para resolver problemas relacionados a uma
herança de família e ficam anos afastados. Durante o
período em que Ribeiro não se encontra pela região, Luis
procura Besita, que o recebe achando tratar-se de seu
marido. Desse encontro nasce Berta.
7. Uma tarde, Ribeiro retorna e, ao encontrar sua
esposa com uma filha, descontrola-se e assassina
Besita. Jão não consegue evitar a morte dela, mas
consegue salvar Berta, que passa a viver com nhá
Tudinha e seu filho Miguel. Zana, uma negra que vivia
com Besita, enlouquece após presenciar o assassinato
desta. Jão torna-se capanga dos ricos da região,
cometendo várias mortes e tornando-se o temido o
Jão Fera.
Quinze anos depois de assassinar sua esposa, Ribeiro
retorna irreconhecível e com o nome de Barroso.
Com o propósito de vingar-se de Luis Galvão, ele
contrata Jão Fera, que não o reconhece. Porém, Berta
descobre os intentos de Ribeiro e consegue salvar
Luis.
8. Em uma segunda tentativa, dessa vez com a ajuda de
alguns escravos da Fazenda das Palmas, Ribeiro
incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho,
Luis leva uma pancada na cabeça. Quando está para
ser lançado ao canavial em chamas, Luis é salvo por
Jão, que mata os responsáveis pelo incêndio, com
exceção de Ribeiro.
Após isso, Jão Fera é preso em Campinas. Sabendo da
ausência desses, Ribeiro planeja outra vingança, dessa
vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com
Zana, mas nesse momento chega Jão (que tinha se
libertado) e mata Ribeiro de forma violenta. Brás,
sobrinho de Luis com problemas mentais, leva Berta
para ver a cena. Ela foge horrorizada e João, sabendo
que a moça o desprezava a partir de então, entrega-
se a polícia.
9. Convém neste ponto relatar a relação entre
Brás e Berta. O jovem Brás possui problemas
mentais e é completamente excluído em sua
família. Apesar de Brás ser apaixonado por
Berta, ela não pode corresponder aos
sentimentos do rapaz, resolvendo então
ensinar o abecedário e rezas a ele. Porém, o
menino tem grandes dificuldades em aprender,
tendo apenas decorado o acento "til", que o
encantava. Para facilitar o aprendizado, Berta
se autonomeia Til e passa a ensinar Brás
relacionando cada coisa com nomes de
pessoas que ele conhecia.
10. Em certo momento, Luis decide contar toda a
verdade para sua esposa, D. Ermelinda. Em um
primeiro momento ela se entristece, mas depois
passa a apoiar o marido e decide que ele deve
reconhecer Berta como filha. Dessa forma, os dois a
procuram e contam tudo, omitindo as partes
desagradáveis.
Jão foge mais uma vez da prisão e vai procurar
Berta. Desconfiada que Luis Galvão e sua esposa
escondem algo, ela implora a Jão que conte toda a
verdade sobre a história de sua mãe Besita, o que
Jão faz. Berta se emociona com a história e abraça
Jão, dizendo que ele sempre cuidou dela, sendo,
então, seu pai.
11. Luis quer que Berta vá morar com ele, mas ela
nega e pede que ele leve Miguel. Todos
partem e Berta fica na fazenda com Jão Fera e
Brás.
12. Personagens
• Berta, Inhá ou Til: é a personagem principal
do livro, filha bastarda de um fazendeiro
com uma pobre moça da vila. Til foi criada
por nhá Tudinha. Altruísta preocupa-se com
todos, é caridosa e não se afasta das
pessoas marginalizadas. A dualidade dessa
personagem fica explícita no modo como é
chamada: Miguel a trata por “Inhá”, e Brás
a trata por “Til”.
Miguel: é irmão de criação de Berta, filho de
nhá Tudinha, jovem que se mostra desde o
principio apaixonado por Inhá.
13. Luis Galvão: é o dono da Fazenda
Palmas, muito jovial e alegre, que na
juventude foi homem de muitas
aventuras amorosas e enrascadas –
numa dessas desonrou Besita recém-
casada com Barroso a qual ficou
grávida– sempre protegida por seu
camarada (“especie de capanga”) Jão
Fera.
Linda: é filha de Luis Galvão e D.
Ermelinda, menina educada aos moldes
da corte, mas que junto ao irmão Afonso
faz amizade com os jovens simples Berta e
Miguel.
14. • Afonso: irmão de Linda, possui o mesmo
espirito alegre e conquistador do pai
Luis, acaba gostando de Berta (sem
saber ser esta seu irmão de sangue).
Jão Fera ou Bugre - terrível homem, de
feições assustadoras e fama de matador
(que na verdade é), segundo uma
interpretação do livro podemos
considerar que a vida o tornou assim (foi
cheio de desilusões e sofrimentos).
15. • Brás - um sobrinho de Luis Galvão,
sofria de ataques epiléticos e era
retardada mental, na casa grande sua
presença era desprezada. Ele
apaixonou-se por Berta que nunca o
destratara e propôs-se a ensinar-lhe o
abecedário e rezas.
Zana – negra que trabalhava para Besita e
presenciou toda a historia de Berta e do
assassinato de sua mãe, por isso
enlouquecera e todos os dias repetia suas
ações no dia da morte de Besita
(reproduzindo os fatos daquele fatídico
dia).
16. • Barroso ou Ribeiro – casou-se
com Besita, mas na noite de
núpcias a abandonou para
resolver negócios relacionados a
uma herança que recebera.
D. Ermelinda – esposa de Luis Galvão,
muito elegante e educada, mas não
muito bela. Ao descobrir sobre o
passado de seu marido se entristece,
mas quando ele confessa (no final do
romance) ela o apoia a reconhecer
Berta como filha.
17. Tempo
• O tempo é
predominantemente
psicológico, ou seja, o
romance não segue uma
narrativa linear e o narrador
manipula o tempo conforme
as circunstâncias. Assim, o
narrador pode ir ao passado e
ao futuro sem obedecer a ás
ordens do tempo cronológico.
18. Espaço
•
A ação de "Til" ocorre na Fazenda das Palmas, localizada
na região de Campinas, interior do estado de São Paulo, e
transcorre temporariamente a partir de 1826.
• O livro é dividido em duas partes. A primeira serve como
apresentação das personagens e das tramas e é nela que
conhecemos Berta, personagem central do romance e
típico arquétipo da heroína romântica. Nessa primeira
metade da obra, o que mais chama a atenção é a
contrariedade do comportamento de Berta (cujo apelido
é Til): sempre movida por boas intenções, ela usa de sua
influência e bondade para manipular as outras
personagens.
19. • Já na segunda metade do romance temos o
desembaraço das tramas apresentadas e suas
revelações. Os cenários deixam de ter uma
descrição objetiva e material para adquirir um
significado mais subjetivo, relacionado ao passado
oculto das personagens. É nessa parte do livro que
acompanhamos Berta em seu descobrimento sobre
a morte de sua mãe e suas consequências. Em um
final surpreendente, Berta abre mão de sua própria
felicidade em prol das demais personagens.
20. Foco narrativo
• O romance é narrado em terceira
pessoa e o narrador é onisciente
neutro, ou seja, ele conhece todos os
pensamentos e planos das
personagens e os revela ao leitor,
mas não há intromissões autorais
diretas (o autor falando com uma
voz impessoal, na terceira pessoa,
dentro do próprio romance). A
característica principal da onisciência
é que o narrador sempre descreverá
a narrativa, mesmo em uma cena, da
forma como ele a vê, e não como
suas personagens a veem.
21. Estilo
• O estilo de Alencar em Til não é diferente daquele
já experimentado em outras obras como Iracema: é
carregado de sentimentalismo, muitas descrições e
uso exagerado de adjetivos.
• Uso de neologismos e palavras regionais.
• A leitura provoca no leitor sentimentos
controversa: conformismo, piedade, indignação,
raiva e até mesmo o paradoxo de satisfação por
uma vingança.
•
22. • O viço da saúde rebentava-lhes no encarnado das
faces, mais a veludadas que a açucena escarlate
recém-aberto ali com os orvalhos da noite fresco
sorrisos dos lábios, como nos olhos lúmpidos e
brilhantes, brotava-lhes a seiva d’alma. Ela,
pequena, esbelta, ligeira, buliçosa, saltitava sobre
a relva, gárrula e cintilante do prazer de pular e
correr: saciando-se na delícia inefável de se
difundir pela criação e sentir-se flor no regaço
daquela natureza luxuriante.
•
23. Verossimilhança
• Valorização do interior do país
• História do Brasil fazendeiros, capangas,
escravos, lavouras de cana e café.
24. Em seus romances regionalistas, José de Alencar
tenta caracterizar melhor os grupos sociais do
Brasil do século XIX detalhando melhor alguns
aspectos culturais. Dessa forma, vemos em Til os
costumes, festas e comemorações dos negros,
que dançavam animadamente nas senzalas, e do
povo rural. Essa vivacidade da vida no campo
contrasta diretamente com o abandono e
marginalização que sofrem esse povo.
25. Apesar de Alencar defender uma ideia de que o campo
é que é uma área propícia para se desenvolver uma
cultura autenticamente brasileira, ele sabe que o
futuro se dará nas cidades. Tanto que, ao final de Til,
todas as personagens vão embora para a cidade e
Berta, que em sua bondade resolve ficar para amparar
os marginalizados (Jão, Brás e Zana), resta sozinha:
“Como as flores que nascem nos despenhadeiros e
algares, onde não penetram os esplendores da
natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os
abismos da miséria, que se cavam nas almas,
subvertidas pela desgraça. Era a flor da caridade, alma
sóror”.
26. Movimento literário
Características do Romantismo presentes na
obra.
•Valorização dos elementos da cultura em
formação
•Enaltecimento da pátria
•Idealização da natureza
- Subjetivismo
27. A literatura romântica teve um papel social
importantíssimo no processo de independência do
Brasil. Alencar, consciente da função social da
literatura, buscou em seus romances traçar um retrato
no tempo (romances indianistas e históricos) e no
espaço (romances regionalistas e urbanos). Dessa
forma, podemos dizer que "Til", como um dos mais
destacados romances regionalistas de Alencar, é um
retrato do Brasil rural do século XIX.
Porém, como autor romântico, Alencar não deixa de
idealizar a realidade, em maior ou em menor grau, em
todas as suas obras. Assim, tanto nos romances
históricos, quanto nos indianistas e regionalistas, temos
em comum o desejo de fuga da realidade presente
para outros tempos e outros lugares mais felizes.
28. Conclusão
• O texto é muito bom e interessante, fala
do cotidiano numa fazenda do interior
paulista do século XIX. Berta, também
conhecida pelo apelido Til, é a típica
heroína romântica de alma bondosa que
se sacrifica em prol de todos.