1. 11
Educação Ambiental: tendênciasEducação Ambiental: tendências
e espaços de inserçãoe espaços de inserção
Leonardo Kaplan, Maryane Saisse e Jade PrataLeonardo Kaplan, Maryane Saisse e Jade Prata
2. 22
Organização do MinicursoOrganização do Minicurso
Aula 1 – 11/06 – IntroduçãoAula 1 – 11/06 – Introdução
Aula 2 – 12/06 – Educação Ambiental na gestãoAula 2 – 12/06 – Educação Ambiental na gestão
ambiental públicaambiental pública
Aula 3 – 13/06 – Educação Ambiental na escolaAula 3 – 13/06 – Educação Ambiental na escola
Aula 4 – 13/06 – EA e movimentos sociaisAula 4 – 13/06 – EA e movimentos sociais
3. 3
Breve histórico da questão ambientalBreve histórico da questão ambiental
Anos 1960/1970/1980: movimento ambientalistaAnos 1960/1970/1980: movimento ambientalista
e as críticas à sociedade urbano-industriale as críticas à sociedade urbano-industrial
capitalista (desenvolvimentismo)capitalista (desenvolvimentismo)
Questão ambiental passa a compor a agendaQuestão ambiental passa a compor a agenda
política internacional e o debate se torna públicopolítica internacional e o debate se torna público
Consequência de catástrofes de grandesConsequência de catástrofes de grandes
proporções e de lutas sociais (Guerra Fria,proporções e de lutas sociais (Guerra Fria,
ditaduras, testes nucleares, metais pesados naditaduras, testes nucleares, metais pesados na
baía de Minamata/Japão, Chernobyl, Exxonbaía de Minamata/Japão, Chernobyl, Exxon
Valdez, Césio em Goiânia, etc)Valdez, Césio em Goiânia, etc)
4. 4
Conferências Internacionais sobre Meio Ambiente eConferências Internacionais sobre Meio Ambiente e
outros eventosoutros eventos
1972: I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio1972: I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano, Estocolmo/Suécia (Ambiente Humano, Estocolmo/Suécia (Os limites doOs limites do
crescimentocrescimento, Clube de Roma), Clube de Roma)
1975: I Seminário Internacional de Educação Ambiental,1975: I Seminário Internacional de Educação Ambiental,
Belgrado/SérviaBelgrado/Sérvia
1977: I Conferência Intergovernamental sobre Educação1977: I Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental, Tbilisi/GeórgiaAmbiental, Tbilisi/Geórgia
1985: Parecer 819/85 do MEC - inclusão de conteúdos1985: Parecer 819/85 do MEC - inclusão de conteúdos
ecológicos no 1º e 2º grausecológicos no 1º e 2º graus
1988: Conferência Internacional sobre Conscientização1988: Conferência Internacional sobre Conscientização
Pública para a Sustentabilidade, Thessaloniki/GréciaPública para a Sustentabilidade, Thessaloniki/Grécia
♦ 1988: Constituição Federal: art. 225, inc. VI (“Poder1988: Constituição Federal: art. 225, inc. VI (“Poder
Público, promover a Educação Ambiental em todos osPúblico, promover a Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino”)níveis de ensino”)
1992: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio1992: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento, Rio/BrasilAmbiente e o Desenvolvimento, Rio/Brasil
5. Políticas Públicas de Educação AmbientalPolíticas Públicas de Educação Ambiental
1994: I PRONEA (Programa Nacional de EA) –1994: I PRONEA (Programa Nacional de EA) –
MEC/MMA/MINC/MCTMEC/MMA/MINC/MCT
1999: PNEA (Política Nacional de EA) – Lei 9.795/991999: PNEA (Política Nacional de EA) – Lei 9.795/99
2005: 3º ProNEA (Programa Nacional de EA)2005: 3º ProNEA (Programa Nacional de EA)
2006: ProFEA (Programa Nacional de Formação de Educadores2006: ProFEA (Programa Nacional de Formação de Educadores
Ambientais)Ambientais)
6. 6
Diferentes perspectivas ambientalistasDiferentes perspectivas ambientalistas
Correntes ambientalistas Concepção Frase Exemplo
Ecocêntricos (“Ecologia
Profunda”)
Preservacionismo; Anti-humanismo “A espécie humana é apenas
mais uma”
Aldo Leopold;
UICN
Zeristas Crescimento populacional zero;
Neomalthusiana
“Degradação ambiental
causada pelas altas taxas
demográficas”
Paul Ehrlich
Verdes “Anarquistas”; Liberais;
descentralização; ativismo; pacifismo
“Nem à direita, nem à
esquerda, estamos à frente”
Partido Verde;
ONGs
(Greenpeace,
WWF, etc); redes
de EA
Compatibilistas Compatibilizar desenvolvimento
econômico e preservação ambiental
“Desenvolvimento
sustentável”
Empresas e ONGs
Neoliberais Economia de mercado; autonomia
frente o Estado
“Responsabilidade social”,
“Parcerias Público-Privadas”
PSDB, PT
Socialistas Problemas sociais e ambientais
vinculados ao capitalismo
“Socialismo ou barbárie” Foster, Löwy,
Chesnais, etc
7. Desfazendo alguns nós: concepções de naturezaDesfazendo alguns nós: concepções de natureza
NaturalistaNaturalista (“mito da natureza intocada”): “Natureza(“mito da natureza intocada”): “Natureza é tudo
aquilo que não foi construído pelo homem, que existe por si
próprio e que não precisa dele para existir.””
TudoTudo: “: “Tudo faz parte da natureza, natural ou artificial, não
existe nada sem a natureza, toda matéria que ocupa lugar no
espaço faz parte da natureza, ela é a fonte de tudo que
vivemos e conhecemos. O plástico da caneta vem do petróleo
que é uma obra da natureza extraída do mar.”
InclusivaInclusiva: “Nós, seres humanos, homens e mulheres, também
fazemos parte da natureza.”
Meio ambienteMeio ambiente: “É o lugar onde vivemos, ela é tudo que nos
rodeia.”
PreservacionistaPreservacionista: “É o que o ser humano está destruindo
pouco a pouco até chegar a extinção.”
8. Desfazendo alguns nós: concepções de naturezaDesfazendo alguns nós: concepções de natureza
Ligada à valores e sentimentosLigada à valores e sentimentos: “Natureza é a paixão do mundo, é cheia
de vida, alegria, bem estar, diversão, saúde, ar puro, esperança, cor e luz.”
Ligada à sobrevivênciaLigada à sobrevivência: “: “é um meio de sobrevivência, não só para nós,
mas também para os animais. É a base de tudo, é importante para nós, é ela
que nos permite viver”
Criação divinaCriação divina: “É a mais perfeita criação de Deus. Cada coisa que existe
faz parte da natureza criada por Deus.”
Natureza instintivaNatureza instintiva: “Os animais, inclusive o homem, possuem sua
natureza, instintos. É a personalidade de cada um de nós.”
Fontes: Falcão e Roquette (2009) – “As representações sociais de natureza e
sua importância para a educação ambiental: uma pesquisa em quatro
escolas”;
Cardoso (2008) – “Representações sociais de natureza: o jogo institucional
na formação de professores de Biologia”
9. 9
Diferentes perspectivas ambientalistasDiferentes perspectivas ambientalistas
e de educação ambientale de educação ambiental
(Con)formação e institucionalização do campo da
EA: contradições e disputas internas do
ambientalismo e determinações da agenda
internacional (Batista, 2007)
EA Conservadora x EA Crítica, Transformadora e
Emancipatória
10. Desfazendo alguns nós (II): qualificando oDesfazendo alguns nós (II): qualificando o
homem na naturezahomem na natureza
♦ O ser humano é social, histórico, político, cultural e biológicoO ser humano é social, histórico, político, cultural e biológico
11. Desfazendo alguns nós (II): qualificando o homemDesfazendo alguns nós (II): qualificando o homem
na naturezana natureza
O ser humano é social, histórico, político, cultural e biológicoO ser humano é social, histórico, político, cultural e biológico::
“O ser humano é, no sentido mais literal, um animal político/ser
social [zoon politikon],, não apenas um animal social, mas também
um animal que somente pode isolar-se em sociedade. (...) O ser
humano só se individualiza pelo processo histórico. Ele aparece
originalmente como um ser genérico, ser tribal, animal gregário –
ainda que de alguma forma como zoon politikon em sentido político.
(...) a vida dos seres humanos sempre esteve baseada na produção,
‘de uma ou de outra maneira’, na produção social, cujas relações
chamamos justamente de relações econômicas.”
(Marx, K. Formas que precederam a produção capitalista.(Marx, K. Formas que precederam a produção capitalista. In:In:
Grundrisse, 2011 [1857-1858], pp. 40, 407, 400-401)Grundrisse, 2011 [1857-1858], pp. 40, 407, 400-401)
12. 12
EA Crítica x EA ConservadoraEA Crítica x EA Conservadora
Fonte: Adaptado de Layrargues (in: Loureiro et al., 2006: 98);
Loureiro, 2006: 111-112
Características Crítica Conservadora
Visão de homem Situado histórica e
socialmente
Abstrato, Genérico
Visão de Sociedade Conflituosa e desigual Conjunto de indivíduos
Papel da educação Problematizador e
transformador
Instrumental e viés
comportamentalista
Foco Compreensão e
transformação da
dinâmica social
Mudanças de
comportamentos,
atitudes e valores morais
individuais
13. 13
SustentabilidadeSustentabilidade
Dimensões ambiental, econômica, social, culturalDimensões ambiental, econômica, social, cultural
e políticae política
Conceito polissêmico: sentidos dependem deConceito polissêmico: sentidos dependem de
quem diz, diz para quem, onde e em quaisquem diz, diz para quem, onde e em quais
circunstânciascircunstâncias
Desenvolvimento sustentável: perspectiva deDesenvolvimento sustentável: perspectiva de
compatibilizar o desenvolvimento (capitalista)compatibilizar o desenvolvimento (capitalista)
com a preservação ambientalcom a preservação ambiental
Responsabilidade social: marketing verdeResponsabilidade social: marketing verde
14. 14
(In)Sustentabilidade no capitalismo:(In)Sustentabilidade no capitalismo:
sustentabilidade condicionada àsustentabilidade condicionada à
dinâmica do capitaldinâmica do capital
Apropriação dos recursos naturais:Apropriação dos recursos naturais:
valor de troca x valor de usovalor de troca x valor de uso
Falha no metabolismo homem-Falha no metabolismo homem-
naturezanatureza
Desigual distribuição dos lucros eDesigual distribuição dos lucros e
custos entre os paísescustos entre os países
15. 15
(In)Sustentabilidade no capitalismo: sustentabilidade(In)Sustentabilidade no capitalismo: sustentabilidade
condicionada à dinâmica do capitalcondicionada à dinâmica do capital
Valor de uso:Valor de uso: definido a partir da utilidade social de uma coisa, de uma
dada mercadoria, é determinado “pelas propriedades materialmente
inerentes à mercadoria” (Marx, 2011, p. 58), isto é, por suas
qualidades físicas, tendo, portanto, uma relação qualitativa
(referente ao tipo de uso e à necessidade social deste uso).
Valor de troca: "relação quantitativa entre valores-de-uso de
espécies diferentes, na proporção em que se trocam, relação que
muda constantemente no tempo e no espaço” (ibidem), não tendo
relação com a satisfação das necessidades humanas básicas e sim
voltada para o lucro de pequena parte da sociedade (da classe que
detém os meios de produção), a partir da extração da mais-valia
daqueles que trabalham para produzir as mercadorias.
Mercantilização via exploração, extração de mais-valia, lucro,
acumulação de capital, degradação ambiental X modos de vida mais
equilibrados com a natureza têm sido ameaçados de extinção e
expropriados
16. Esquema explicativo da produção de mercadorias no capitalismo
Adaptado de Harvey, 2010, A companion to Marx's Capital
17. ““Falha metabólicaFalha metabólica””
““Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a
natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona,
regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a
natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu
corpo – braços e pernas, cabeça e mãos -, a fim de apropriar-se dos recursos da
natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a
natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria
natureza. (...) é atividade dirigida com o fim de criar valores-de-uso, de
apropriar os elementos naturais às necessidades humanas; é condição
necessária do intercâmbio material entre o homem e a natureza; é condição
natural eterna da vida humana, sem depender, portanto, de qualquer forma
dessa vida, sendo antes comum a todas as suas formas sociais.” (MARX, O Capital,
Livro 1, vol. 1, pgs. 211 e 218)
“A grande propriedade fundiária reduz a população agrícola a um mínimo sempre
declinante e a confronta com uma sempre crescente população industrial amontoada
nas grandes cidades; deste modo, ela produz condições que provocam uma falha
irreparável no processo interdependente do metabolismo social, um metabolismo
prescrito pelas leis naturais da própria vida. Isto resulta num esbulho da vitalidade
do solo, que o comércio transporta muitíssimo além das fronteiras de um único país.
(Liebig.)... A indústria de larga escala e a agricultura de larga escala feita
industrialmente têm o mesmo efeito. Se originalmente elas se distinguem pelo fato
de que a primeira deixa resíduos e arruína o poder do trabalho e portanto o poder
natural do homem, ao passo que a última faz o mesmo com o pode natural do solo,
elas se unem mais adiante no seu desenvolvimento já que o sistema industrial
aplicado à agricultura também debilita ali os trabalhadores, ao passo que, por seu
lado, a indústria e o comércio oferecem à agricultura os meios para exaurir o solo.”
(MARX, O Capital, Livro 2, vol. 3, apud FOSTER, 2005, p. 219).
18. ““Falha metabólica”Falha metabólica”
““Com a preponderância cada vez maior da população urbana que seCom a preponderância cada vez maior da população urbana que se
amontoa nos grandes centros,amontoa nos grandes centros, a produção capitalistaa produção capitalista, de um, de um
lado, concentra a força motriz histórica da sociedade, e, de outro,lado, concentra a força motriz histórica da sociedade, e, de outro,
perturba o intercâmbio material entre o homem e a terra,perturba o intercâmbio material entre o homem e a terra,
isto é, a volta à terra dos elementos do solo consumidos peloisto é, a volta à terra dos elementos do solo consumidos pelo
ser humanoser humano sob a forma de alimentos e de vestuário, violandosob a forma de alimentos e de vestuário, violando
assim a eterna condição natural da fertilidade permanente do solo.assim a eterna condição natural da fertilidade permanente do solo.
Com isso, destrói a saúde física do trabalhador urbano e a vidaCom isso, destrói a saúde física do trabalhador urbano e a vida
mental do trabalhador do campo. Mas, ao destruir as condiçõesmental do trabalhador do campo. Mas, ao destruir as condições
naturais que mantêm aquele intercâmbio, cria a necessidade denaturais que mantêm aquele intercâmbio, cria a necessidade de
restaurá-lo sistematicamente, como lei reguladora da produção erestaurá-lo sistematicamente, como lei reguladora da produção e
em forma adequada ao desenvolvimento integral do homem. (...) Eem forma adequada ao desenvolvimento integral do homem. (...) E
todo progresso da agricultura capitalista significa progressotodo progresso da agricultura capitalista significa progresso
na arte de despojar não só o trabalhador, mas também ona arte de despojar não só o trabalhador, mas também o
solosolo; e todo aumento da fertilidade da terra num tempo dado; e todo aumento da fertilidade da terra num tempo dado
significa esgotamento mais rápido das fontes duradouras dessasignifica esgotamento mais rápido das fontes duradouras dessa
fertilidade. (...)fertilidade. (...) A produção capitalista, portanto, sóA produção capitalista, portanto, só
desenvolve a técnica e a combinação do processo social dedesenvolve a técnica e a combinação do processo social de
produção, exaurindo as fontes originais de toda a riqueza: aprodução, exaurindo as fontes originais de toda a riqueza: a
terra e o trabalhador.terra e o trabalhador.” (Marx, O Capital, Livro 1, vol. 1, pp. 570-” (Marx, O Capital, Livro 1, vol. 1, pp. 570-
571)571)
19. 19
Modelo econômico de exportação de commoditiesModelo econômico de exportação de commodities
Qual o peso das commodities na economia brasileira?Qual o peso das commodities na economia brasileira?
IPEA (2011): 47,8% (2011; 2005: 29%). Manufaturados caem deIPEA (2011): 47,8% (2011; 2005: 29%). Manufaturados caem de
55,1% para 36%55,1% para 36%
Exportação: 69,4% (2010)Exportação: 69,4% (2010) Fonte: Estadão, 13 de abril de 2011.Fonte: Estadão, 13 de abril de 2011.
Fonte: BNDES/GT do
Investimento (Carta Capital,
20/04/2011)
Fonte: FIESP (Carta Capital,
23/03/2011)
20. Gastos do governo federal em 2012
Fonte:
www.auditoriacidada.org.br/r-
753-bilhoes-para-a-divida-em-
2012
25. 25
Concepções liberais como eixos deConcepções liberais como eixos de
açõesações
Sociedade civil:Sociedade civil: harmonizada; conciliação de classes;harmonizada; conciliação de classes;
espaço dos consensos, liberdade, democracia, eficiênciaespaço dos consensos, liberdade, democracia, eficiência
Estado:Estado: reduzido a governo; autoritário, burocrático ereduzido a governo; autoritário, burocrático e
ineficiente; descentralização e eficiência administrativa;ineficiente; descentralização e eficiência administrativa;
governabilidade via parcerias público-privadas; políticasgovernabilidade via parcerias público-privadas; políticas
sociais focalizadassociais focalizadas
Sustentabilidade:Sustentabilidade: condicionada à dinâmica da expansãocondicionada à dinâmica da expansão
e acumulação do capitale acumulação do capital
Parcerias público-privadas:Parcerias público-privadas: estruturadoras dasestruturadoras das
políticas públicas e ações das empresas, ONGs epolíticas públicas e ações das empresas, ONGs e
instituições públicasinstituições públicas
26. 26
Qual o impacto da humanidadeQual o impacto da humanidade
sobre o meio ambiente?sobre o meio ambiente?
Todos somos igualmenteTodos somos igualmente
responsáveis?responsáveis?
29. 29
Entre 1970 e 2000, 35% da biodiversidade foi
extinta e um terço da população continua a viver
na miséria.
Os EUA são responsáveis por 30% de todo o
consumo mundial, enquanto a África representa
1% do PIB, 5% do consumo mundiais e 3% do
total de emissões de gases responsáveis pelo
aquecimento global, com mais da metade da
população vivendo abaixo da linha da pobreza.
Desde 1980, o padrão de consumo concentrado
em menos de 20% da população total gerou uma
demanda de recursos naturais 25% acima da
capacidade de suporte do planeta (Loureiro,
2012).
30. Ampliando o olhar para a realidade macro: todos
gastam a mesma quantidade de energia?
Montagem de fotos noturnas das diversas regiões da Terra
32. Alemanha: Família Melander, de Bargteheide
Gasto semanal com alimentos: 375,39 euros (R$ 999,72)
Estados Unidos: Família Revis, da Carolina do Norte
Gasto semanal com alimentos: 341,98 dólares (R$ 581,76
Equador: Família Ayme, de Tingo
Gasto semanal com alimentos: 31.55 dólares (R$ 53,73)
Chade: Família Aboubakar, do Campo de Refugiados de
Breidjing
Gasto semanal com alimentos: 685 francos (R$ 2,09)
33. Consumo de água no mundo:
70% - Agroindústria
23% - Indústria
7% - Domicílios
O que significa a tão propalada frase do cada um fazer a sua parte?
É na vida do indivíduo que se materializam as
relações sociais, ou seja, as práticas ditas
individuais são na realidade práticas
sociais. Nesta perspectiva “cada um fazer a
sua parte” não significa apenas tomar
determinadas atitudes na dimensão particular da
nossa vida: é preciso também ter uma
participação política na vida da sociedade.
34. O papel da reciclagemO papel da reciclagem
Categorias de argumentos sobre a problemática dosCategorias de argumentos sobre a problemática dos
resíduos sólidos:resíduos sólidos: (1) saúde pública(1) saúde pública,, (2) custos de(2) custos de
recolhimento e processamentorecolhimento e processamento,, (3) estética(3) estética,, (4) ocupação(4) ocupação
de espaço em depósitosde espaço em depósitos,, (5) esgotamento dos recursos(5) esgotamento dos recursos
naturaisnaturais
Em 2002, 73% das latas de alumínio eram recicladas, no BrasilEm 2002, 73% das latas de alumínio eram recicladas, no Brasil
Composição média do lixo domiciliar: 65% matéria orgânica, 25% papel,Composição média do lixo domiciliar: 65% matéria orgânica, 25% papel,
4% metal, 3% vidro, 3% plástico,4% metal, 3% vidro, 3% plástico, 1% alumínio1% alumínio
Cai o argumento de prolongar a vida útil dos depósitos de lixoCai o argumento de prolongar a vida útil dos depósitos de lixo
Apenas 25% do fluxo de resíduos pode ser efetivamente recicladoApenas 25% do fluxo de resíduos pode ser efetivamente reciclado
Os ¾ restantes terão de receber necessariamente o tratamentoOs ¾ restantes terão de receber necessariamente o tratamento
convencionalconvencional
Reservas mundiais de bauxita: 31 bilhões de toneladasReservas mundiais de bauxita: 31 bilhões de toneladas
Seis países detêm 80% (Austrália, Guiné, Brasil, Índia, Jamaica e China)Seis países detêm 80% (Austrália, Guiné, Brasil, Índia, Jamaica e China)
Brasil é o 6º com 2,4 bilhões de toneladas (7,7%)Brasil é o 6º com 2,4 bilhões de toneladas (7,7%)
Em 1991, 37% das latinhas eram recicladas; em 1999, 73%Em 1991, 37% das latinhas eram recicladas; em 1999, 73%
35. O papel da reciclagemO papel da reciclagem
Cada 1 ton de alumínio reciclado economiza 5 ton deCada 1 ton de alumínio reciclado economiza 5 ton de
bauxitabauxita
86.409 ton de Al recicladas no Brasil em 199986.409 ton de Al recicladas no Brasil em 1999
economizaram 432.045 ton de bauxita = 0,0179% daseconomizaram 432.045 ton de bauxita = 0,0179% das
reservas brasileirasreservas brasileiras ee 0,0138%0,0138%no mundono mundo
E se fossem 100% das latinhas recicladas? = 0,019% noE se fossem 100% das latinhas recicladas? = 0,019% no
mundomundo
Considerando desde 1991 = 1.637 mi de ton = 0,052%Considerando desde 1991 = 1.637 mi de ton = 0,052%
no mundono mundo
Com isso, cai o segundo argumentoCom isso, cai o segundo argumento
O Al é o metal mais abundante na Terra e, junto do Fe,O Al é o metal mais abundante na Terra e, junto do Fe,
chega a ser considerado praticamente ilimitado (222chega a ser considerado praticamente ilimitado (222
anos de longevidade das reservas)anos de longevidade das reservas)
Sendo assim, por que essa preocupação com oSendo assim, por que essa preocupação com o
alumínio?alumínio?
36. O papel da reciclagemO papel da reciclagem
Muito além da geração de rendaMuito além da geração de renda
150 mil sucateiros vivem dessa atividade geradora de renda,150 mil sucateiros vivem dessa atividade geradora de renda,
que chega a superar o salário mínimo, respondendo por 50% doque chega a superar o salário mínimo, respondendo por 50% do
suprimento de sucata de alumínio à indústria da reciclagemsuprimento de sucata de alumínio à indústria da reciclagem
Os ganhos estão mal distribuídosOs ganhos estão mal distribuídos
Quem ganha com a reciclagem? Quanto? (Exemplo em SP)Quem ganha com a reciclagem? Quanto? (Exemplo em SP)
66% (R$ 215 mi) indústria da reciclagem (empresas), 11% (R$ 3666% (R$ 215 mi) indústria da reciclagem (empresas), 11% (R$ 36
mi) Prefeitura, 10% (R$ 32 mi) sucateiros, 13% (R$ 43 mi)mi) Prefeitura, 10% (R$ 32 mi) sucateiros, 13% (R$ 43 mi)
catadorescatadores
Catadores e sucateiros atuam como operários terceirizados,Catadores e sucateiros atuam como operários terceirizados,
desprovidos de quaisquer benefícios trabalhistas, recebendodesprovidos de quaisquer benefícios trabalhistas, recebendo
remuneração mínima necessária à sobrevivência dos dois ladosremuneração mínima necessária à sobrevivência dos dois lados
(catadores e indústria)(catadores e indústria)
Ausência de políticas públicas agrava esse quadro (fica a cargoAusência de políticas públicas agrava esse quadro (fica a cargo
do mercado)do mercado)
Catadores como intermediários entre os consumidores e asCatadores como intermediários entre os consumidores e as
indústriasindústrias
Estão sendo eliminados do processo (90% em 1992, 35% emEstão sendo eliminados do processo (90% em 1992, 35% em
2000)2000)
Cai o quarto argumentoCai o quarto argumento
37. O papel da reciclagemO papel da reciclagem
O que podemos fazer, então? Sentar e chorar?O que podemos fazer, então? Sentar e chorar?
““(...) o verdadeiro cidadão consciente e responsável não é aquele que(...) o verdadeiro cidadão consciente e responsável não é aquele que
escolhe consumir preferencialmente produtos recicláveis, ou queescolhe consumir preferencialmente produtos recicláveis, ou que
se engaja voluntariamente nos programas de reciclagem, masse engaja voluntariamente nos programas de reciclagem, mas
aquele que cobra do Poder Público, por meio de processosaquele que cobra do Poder Público, por meio de processos
coletivos de pressão, que o mercado ponha um fim nacoletivos de pressão, que o mercado ponha um fim na
obsolescência planejada e na descartabilidade, e, sobretudo, queobsolescência planejada e na descartabilidade, e, sobretudo, que
exige do Estado a implementação de políticas públicas queexige do Estado a implementação de políticas públicas que
destruam os mecanismos perversos de concentração de renda,destruam os mecanismos perversos de concentração de renda,
propiciando, assim, a possibilidade do grupo social dos catadorespropiciando, assim, a possibilidade do grupo social dos catadores
e sucateiros repartir igualitariamente os ganhos oriundos dae sucateiros repartir igualitariamente os ganhos oriundos da
economia proporcionada pela reciclagem do lixo(...)”economia proporcionada pela reciclagem do lixo(...)”
““Se a educação ambiental pode ao mesmo tempo reverter tanto aSe a educação ambiental pode ao mesmo tempo reverter tanto a
degradação ambiental como a opressão social e a exploraçãodegradação ambiental como a opressão social e a exploração
econômica, por que não fazê-lo?”econômica, por que não fazê-lo?”
38. Riscos ao se desconsiderar os aspectos sociais,Riscos ao se desconsiderar os aspectos sociais,
históricos, políticos e culturais dos seres humanoshistóricos, políticos e culturais dos seres humanos
Foco nas ações individuaisFoco nas ações individuais
Foco na mudança de comportamentos/atitudes/valoresFoco na mudança de comportamentos/atitudes/valores
(individuais) – “Conscientização” (missionária)(individuais) – “Conscientização” (missionária)
Neomalthusianismo – combate ao crescimentoNeomalthusianismo – combate ao crescimento
populacional, com criminalização da pobrezapopulacional, com criminalização da pobreza
Determinismo biológicoDeterminismo biológico
Racismo ambiental (Ex.: Floresta da Tijuca)Racismo ambiental (Ex.: Floresta da Tijuca)
39.
40.
41.
42. Referências bibliográficas
♦DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia,
2004.
♦DIEGUES, A. C. O mito moderno da natureza intocada. 3. ed. São Paulo: Hucitec,
2001.
♦ FOSTER, J. B. A ecologia de Marx: materialismo e natureza. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2005.
♦LOUREIRO, C. F. B. O movimento ambientalista e o pensamento crítico: uma
abordagem política. 1. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2003.
♦LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. São
Paulo: Cortez, 1. ed. 2004.
♦LOUREIRO, C. F. B. Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. 1.
ed. São Paulo: Cortez, 2006.
♦ LOUREIRO, C. F. B. Sustentabilidade e Educação: um olhar da ecologia
política. São Paulo: Cortez, 2012.
♦ PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da