1. Plantas daninhas:
Biologia, importância e controle
Prof. Ednei Pires
Especialista em Educação Ambiental
Engenheiro agrônomo
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2. Conceitos
- Planta que ocorre onde não é desejada (SHOW, 1956);
- Plantas cujas vantagens ainda não foram descobertas;
- Interferem com os objetivos do homem ,em determinada
situação, (FISHER, 1973).
Conceito geral
Plantas que interferem no desenvolvimento e manejo de outras
plantas desejáveis, num determinado período, reduzindo a
produção e qualidade de seus produtos.
4. Matologia
Nenhuma espécie de planta, “isolada”, pode ser
considerada daninha
Conhecimento da flora infestante
Aproveitamento de características desejáveis das
plantas daninhas
Manejo de um banco de sementes
5. Origem das plantas daninhas
O homem é, provavelmente, o responsável pela
evolução das plantas daninhas, assim como é também
pelas plantas cultivadas (MUSICK, 1970).
Plantas daninhas comuns não possuem habilidade de
sobreviver em condições adversas.
Verdadeiras apresentam características especiais de
reprodução, além de uma ampla diversidade genética.
6. Importância das plantas espontâneas
Proteção e enriquecimento do solo
Reduz a germinação de novas espécies daninhas
Fixação de N através de bactérias em simbiose
Espécies que apresentam valor culinário -Beldroega (Portulaca oleracea),
serralha (Sanchus oleracea) e o carurú (Amaranthus retroflexus).
Fotos: Escola Superior Agrícola de Coimbra
7. • Espécies que produzem óleos essenciais - patchouli
(Pogostemon pacthouli) e a lavanda (Lavandula spp).
• Espécies de valores cosméticos ou farmacêuticos-
quebra-pedra (Phyllanthus niruri).
• Plantas de uso forrageiro etc.
Importância das plantas espontâneas
12. Barba de bode (Aristilla pallens)
Terra de queimadas, pobre em fósforo (P), cálcio e potássio (K), solos
com pouca água
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13. Picão branco (Galinsoga parviflora)
Solo com excesso de nitrogênio e deficiente em
micronutrientes. É beneficiado pela deficiência de cobre
21. Prejuízos causados pelas plantas daninhas
• Competição com a cultura
• Redução de 30 a 40% na produção agrícola mundial
(LORENZI, 1991)
• Causam danos às plantas cultivadas, muito maiores
que as pragas e doenças (MUZIK, 1970)
KISSMANN, 1997 (Cyperus rotundus) - tiririca
22. Alergias – grama-seda (Cynodon dactylon) e capim-gordura
(Melinis minutiflora).
Dermatites e irritações da pele - urtiga (Jathopha urens).
Prejuízos causados pelas plantas daninhas
23. Aumento do custo de controle ou inviabilização da atividade
agrícola - grama-seda (Cynodon dactylon), tiririca (Cyperus
rotundus).
Na pecuária - competem com o pasto, provocam danos aos
animais, conferem gosto ao leite e podem provocar a morte de
animais.
Prejuízos causados pelas plantas daninhas
24. Plantas de duplo aspecto Mamona
(Ricinus communis)
Intoxicações alimentares
Produção de biodisel
25. Classificação das plantas daninhas
Quanto ao hábito de crescimento
Herbáceas – plantas tenras de baixo porte
Arbustivas – ramificações desde a base
Arbóreas – ramificações bem definidas
Trepadeiras – utilizam outras plantas como
suporte
Blainvillea acmela (L.) canela-de-urubu, erva-palha
26. Quanto ao desenvolvimento
Hemieptífitas – inicia seu desenvolvimento como trepadeira e,
posteriormente emite sistema radicular. Ex: Philodendron sp.
Epífitas - crescem sobre outras sem a utilização de fotoassimilados da
hospedeira. Ex: Bromélias e orquídeas
Parasitas – cresce sobre outra, beneficiando-se dos fotoassimilados.
Classificação das plantas daninhas
Philodendron sp
27. Características que conferem
agressividade às plantas daninhas
Elevada capacidade de produção de disséminulos
Amaranthus retroflexus 117.400 sementes por planta.
Cyperus rotundus – um tubérculo em 60 dias produz
126, e cada possui em média 10 gemas. Produz
centenas de sementes viáveis (SILVA et al., 2009).
28. Manutenção da viabilidade - mesmo em condições desfavoráveis
Capacidade de emergir a grandes profundidades
- Avena fatua (Aveia branca), até 17 cm de profundidade
- Ipomea sp. (Corda de viola), até 12 cm
- Euphorbia heterophylla (Amendoin bravo), até 20 cm
Características que conferem
agressividade às plantas daninhas
29. Desuniformidade no processo germinativo e grande longevidade dos
dissemínulos
Sementes de 107 espécies daninhas foram enterradas em cápsulas porosas,
de 20 a 100 cm de profundidade.
- Um ano depois observou-se que 71 estavam viáveis;
- após 10 anos 68;
- após 20 anos 57;
- 30 anos 44
- 38 anos 36 espécies.
(KLINGMAN et al.,1982).
Características que conferem
agressividade às plantas daninhas
31. Mecanismos alternativos de reprodução – além das sementes,
rizomas, estolões, tubérculos etc.
Características que conferem
agressividade às plantas daninhas
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32. Rápido crescimento inicial –
muitas crescem e se desenvolvem
mais rápido que as culturas
Facilidade de dispersão de
propágulos a grandes distâncias -
água, vento, animais, máquinas etc.
Características que conferem
agressividade às plantas daninhas
34. Alelopatia
• Fenômeno de produção de compostos químicos em
comunidades vegetais (aleloquímicos).
– Liberados diretamente para o ambiente:
• Por lixiviação,
• Exsudação radicular,
• Volatilização e
• Decomposição dos resíduos vegetais;
– Indiretamente – por meio da decomposição da microbiota.
(PIRES et al., 2001)
35. Efeito dos aleloquímicos
Compostos secundários que, lançados no ambiente, afetam:
o crescimento, o estado sanitário, o comportamento ou a biologia da
produção de organismos de outras espécies (SILVA et al.,2009)
Os aleloquímicos atuam contra a ação de microorganismos,
vírus, insetos e predadores;
Inibindo as suas atividades, seja estimulando o crescimento e
desenvolvimento das plantas (WALLER, 1999).
36. Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas
O extrato de plantas verdes
do capim-marmelada
(Brachiaria plantaginea),
afeta o desenvolvimento da
soja tanto no crescimento,
quanto na capacidade de
nodulação (ALMEIDA, 1988).
37. Soluções da parte subterrânea de grama-seda (Cynodon dactylon), tiririca
(Cyperus rotundus) e (Sorghum halepense), inibiram a germinação e o
desenvolvimento do tomateiro (CASTRO et al., 1983) e o desenvolvimento
inicial de plântulas de arroz (CASTRO et al.,1984).
Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas
38. • Café – produz a xantina cafeína (substância com mecanismo de
defesa contra plantas daninhas). (FERREIRA e ÁQUILA, 2000)
Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas
Extratos de casca de café (Coffea arabica L.) inibe a germinação e crescimento de pepino
(Cucumis sativus L.)
39. • Na silvicultura, o gênero Eucalyptus, tem
várias espécies consideradas alelopáticas.
(FERREIRA e ÁQUILA, 2000)
Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas
40.
41. Alelopatia entre culturas
Importante na consorciação e rotação de culturas.
– A colza reduz estande da cultura da soja plantada em sucessão.
– O exsudado radicular de sorgo, reduziu a área foliar de alface em 68,4%
(BARBOSA, 1996)
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42. Alelopatia das coberturas mortas
No plantio direto (cobertura morta):
-pode reduzir a germinação,
-reduzir o vigor vegetativo,
-provocar o amarelecimento e clorose das folhas,
-redução do perfilhamento,
-morte de plantas daninhas na fase inicial de
desenvolvimento
43. Competição entre plantas daninhas e culturas
• Locatelly e Doll (1977), definem competição como a luta
que se estabelece entre cultura e plantas daninhas por
água, luz, nutrientes e dióxido de carbono.
45. PAI – período anterior à interferência – espaço de tempo, após a semeadura
ou plantio, em que a cultura pode conviver com a comunidade de plantas
daninhas.
PCPI – período crítico de prevenção da interferência – período em que a
cultura deve ser mantida livre de plantas daninhas, até o momento em que
elas não mais interfiram na produtividade da cultura.
PTPI – período total de prevenção da interferência – este deve ser o período
de capinas.
50. Métodos de controle de plantas
daninhas
Desde o arranque manual de plantas até o uso de
equipamentos de microondas para exterminar as sementes
no solo (DEUBER, 1992)
Contrlole – deve ser feito até o nível, em que, o incremento
de produtividade justifique a operação (SILVA et al.,2009)
51. Controle preventivo de plantas daninhas Práticas que
evitam a introdução, o estabelecimento e a
disseminação de plantas daninhas:
Utilizar sementes de elevada pureza
Limpar cuidadosamente máquinas, grades e
colheitadeiras
Inspecionar mudas adquiridas com torrão, estercos e
compostos de outras áreas
Limpeza de canais de irrigação
Colocar animais comprados em quarentena
52. Exemplos de disseminação de plantas daninhas
• Tiririca (Cyperus rotundus) – estercos, mudas
de torrões, ferramentas, implementos
agrícolas etc.
53. Picão-preto (Bidens pilosa) e o capim-carrapicho
(Cenchrus echimatus), por meio de roupas e
sapatos de operadores, pêlos de animais etc.
Exemplos de disseminação de plantas daninhas
54. Controle cultural
Rotação de culturas – cada cultura geralmente é infestada por espécies
daninhas que apresentam exigências ou hábito de crescimento idênticos aos
seus.
Variação no espaçamento – entre linhas ou na densidade de plantas na linha.
Cobertura verde – promove a redução do banco de sementes e melhoria das
condições fisico-químicas do solo.
Cobertura morta – favorece a microbiota do solo, responsável pela eliminação
de sementes, por meio da deterioração e perda de viabilidade.
55. Controle mecânico
• Arranque manual ou monda
• Capina manual
• Roçagem
• Cultivo mecanizado
- Dificuldade de limpa nas linhas das culturas
- Baixa eficiência sob chuva
- Ineficiente no controle de plantas que se desenvolve por
partes vegetativas
56. Controle físico
• Inundação
• Cobertura do solo com palhada espessa
• Solarização (filme de polietileno)
• Queima das plantas daninhas jovens com lança-
chamas
• Queima da vegetação infestante
57. Controle biológico
Uso de inimigos naturais (fungos, bactérias, vírus,
insetos, aves etc.), capazes de reduzir a
população de plantas daninhas.
O parasita deve ser específico, pois, uma vez
eliminado o hospedeiro, ele não deve parasitar
outras espécies.
58. Nos EUA, o fungo Coletrotrichum gloeosporeoides pode ser
usado para controlar o anjiquinho (Aeschynomene virginica) em
soja e milho, o herbicida natural recebe o nome de Collego.
Em pomares de citros, para controlar Morremia odorata, tem
sido usado o Phythophthora palmívora, com o nome de Devine.
Carneiros tem sido usados para controlar ervas em cafezais e
pomares.
(SILVA et al., 2009)
60. Técnicas de redução no inicio do cultivo
Manejo em pré- semeadura ou transplante da mudas.
Planejar o uso de glebas associado a um programa de
solarização dos talhões no período de altas temperaturas;
Antecipado aos plantios.
61. Uso de papel em canteiros de mudas de cebola
• O sistema é capaz de reduzir a infestação de
daninhas nos canteiros em 95%;
• Reduzindo, consequentemente, a mão de
obra para arranque manual das espontâneas;
Disponível em: http://cultivehortaorganica.blogspot.com.br/2013/01/uso-de-papel-
em-canteiros-de-mudas-de.html
62. Com gramatura de 80g/m², que é colocado sobre o canteiro.
Em seguida é feita a aplicação do composto, um tipo de adubo
orgânico com cerca de 15 kg/m² que deve ser espalhado
uniformemente sobre o papel, formando uma camada de 3 a 4
cm de altura.
Só depois é feita a semeadura da cebola, e para isto são utilizados
2,5 g/m² de sementes viáveis cobertas com uma camada de 1 cm
de serragem e irrigadas
É utilizado um papel kraft pardo
65. Recomendações no preparo do solo
Fazer o preparo do solo três semanas antes do plantio;
Permitir a germinação, o crescimento inicial das plantas
espontâneas;
Realizar o controle pós-emergente por meio de capina
manual, gradagem ou encanteiramento, todos de forma
superficial;
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66. Controle pelo fogo
Usa se bicos aplicadores a gás;
Reduz a presença das plantas espontâneas
emergidas ou em processo de germinação;
Link: Uso_de_fogo_no_controle_de_plantas_invasoras.mp4
67. Capina seletiva
Arrancar aquelas plantas espontâneas que vêm
amadurecendo;
Manter apenas as plantas jovens.
Eliminar somente as espécies mais agressivas e/ou que
estejam interferindo biologicamente.
A matéria orgânica capinada é deixada sobre o solo.
A análise do período crítico de interferência
68. Fontes de sementes de plantas espontâneas
• Esterco de gado
Em 1 kg de esterco foram
contadas 42 sementes viáveis.
Ançarinha-branca (Chenopodium album)
O uso de compostagem pode aliviar esse problema, pois, as temperaturas normalmente
alcançadas durante o processo são suficientes para matar a maioria das sementes.
69. • Água da irrigação
Fontes de sementes de plantas espontâneas
71. Banco de Sementes do Solo (BSS)
• Reserva de sementes e propágulos presentes no solo;
• É influenciado pelas práticas culturais;
• É um fator potencial da infestação no futuro;
• Apenas 1 a 9% das sementes germinam no mesmo ano;
– Depende do nível de dormência
– Distribuição no perfil do solo
– Estímulos para germinar
72. IN nº 007 do MAPA, de 17 de maio de 1999
• Recomenda adotar mais de uma medida:
– Emprego de cobertura vegetal, viva ou morta, no solo;
– Meios mecânicos de controle;
– Rotação de culturas;
– Alelopatia;
– Controle biológico;
– Cobertura inerte, que não cause contaminação e
poluição, a critério da certificadora;
– Solarização;
– Sementes e mudas isentas de plantas invasoras.
73. Considerações finais
A necessidade do manejo sustentável em sistemas agrícolas,
impõe restrições ao uso exclusivo dos modelos convencionais
de controle de plantas daninhas;
Neste contexto, o conhecimento da biologia e da importância
das plantas daninhas, permite a elaboração de um plano de
manejo racional;
Ao uso de herbicidas, podem ser associados, com sucesso,
métodos que proporcionem à cultura, máxima vantagem sobre
a espécie daninha e com menor impacto ambiental.
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