2. UNIDADE 1 – PLANTAS DANINHAS
Planta daninha é uma espécie vegetal que aparece onde
você não quer que ela se desenvolva, causando problemas
relacionados a alguma atividade humana, como a
agricultura ou o paisagismo.
O conjunto de espécies vegetais designadas por plantas
daninhas, plantas invasoras ou plantas ruderais, são
aquelas consideradas indesejáveis em uma cultura
agrícola, sejam elas espécies cultivadas ou silvestres.
Qualquer espécie silvestre pode ser considerada daninha e
qualquer espécie cultivada que não foi semeada no local
pelo ser humano e que prejudique a lavoura também é
considerada daninha, como, por exemplo, quando
gramíneas forrageiras utilizadas em pastagens invadem
outras culturas, prejudicando o manejo e a produtividade
delas.
3. UNIDADE 1 – Características das
plantas daninhas
Rápido desenvolvimento das mudas.
Rápida maturação reprodutiva e desenvolvimento de
propágulos: as espécies florescem rapidamente e produzem
uma grande quantidade de sementes.
Capacidade de reprodução sexuada e vegetativa: a maioria das
plantas daninhas produz sementes e também se reproduz
assexuadamente.
Plasticidade ambiental: capacidade de crescer e tolerar
diferentes condições edafoclimáticas.
Plantas daninhas geralmente são autocompatíveis.
São resistentes a fatores ambientais prejudiciais. Maior parte
das sementes de plantas daninhas possuem mecanismos de
dormência, possibilitando sua resistência a condições adversas.
Também pode não haver requisitos especiais para que a
germinação ocorra.
4. UNIDADE 1 – Características das
plantas daninhas
Geralmente, as sementes de plantas daninhas possuem o
mesmo tamanho e formato da semente cultivada, dificultando
sua separação.
Algumas plantas daninhas anuais produzem sementes mais de
uma vez e essa produção pode não ser afetada pelas
condições ambientais. Além disso, possuem diferentes
mecanismos de dispersão.
Suas raízes e órgãos vegetativos apresentam reservas
energéticas, permitindo sua sobrevivência em condições de
estresse ambiental ou cultivo intensivo.
Muitas plantas daninhas possuem adaptações morfológicas
que inibem a herbivoria e dificultam o manejo, como os
espinhos, ou apresentam sabor e odor repulsivos aos animais.
Possuem grande habilidade competitiva por nutrientes, luz e
água.
Plantas daninhas são resistentes, incluindo resistência aos
herbicidas.
9. UNIDADE 1 – Causas das
adaptações evolutivas das plantas
daninhas
Aumento da seleção de sementes, que se tornam inaptas em
crescer fora do solo arado e preparado e dependem de
semeadura.
Abandono da área cultivada, causando regressão do cultivar a
características selvagens.
Nivelamento das condições ambientais do cultivo, favorecendo
genótipos adaptados ao controle dos fatores ambientais.
Aumento das monoculturas, que selecionaram conjuntamente
plantas daninhas especializadas.
Colheita combinada da cultura e das espécies daninhas,
levando a modificações que permitiram a espécie daninha ser
colhida em conjunto à lavoura.
Redução da habilidade competitiva de culturas tratadas com
reguladores de crescimento químicos.
Uso extensivo de herbicidas, que levou ao desenvolvimento de
10. UNIDADE 1 – Colonização das
lavouras
O processo de hibridação ocorre pelo cruzamento entre a
espécie domesticada e suas formas silvestres (nativas),
causando a evolução da invasividade e gerando uma espécie
potencialmente daninha
Quando ocorre o processo de introgressão, que é o
retrocruzamento de um híbrido natural com um de seus
parentais, pode haver o surgimento de uma variedade com
ganhos adaptativos e capacidade invasiva (planta daninha) e
não necessariamente com características de interesse
agronômico.
Nem sempre a hibridação gera espécies invasivas, mas,
quando ocorre, as plantas vão possuir as mesmas
características adaptativas do cultivo, além de ocorrer a
mimetização das sementes, já que elas são híbridas,
dificultado a colheita e separação das sementes da cultura de
interesse. Isso torna árduo o trabalho de pós-colheita e leva a
perda de qualidade do produto.
11.
12. UNIDADE 1 – Classificação de plantas daninhas
Sistemática vegetal é a ciência que engloba
a taxonomia, a qual descreve, identifica, dá
nome e classifica as espécies vegetais em
conjunto as suas relações genéticas,
criando sua filogenia, ou sua história
evolucionária
As plantas são classificadas baseadas em
critérios de ancestralidade e similaridade e
os cientistas criaram chaves para
identificação das espécies baseado nas
características morfoanatômicas das
plantas.
13. UNIDADE 1 – Classificação de plantas daninhas
Para identificação de uma espécie, analisamos todos os caracteres
morfológicos disponíveis quando a espécie é coletada, mas a
morfologia da flor é a parte mais importante na classificação.
O número de peças florais, disposição do ovário, número e
placentação dos óvulos, abertura das anteras e até o formato do
pólen podem ser utilizados para identificação.
Além disso, a morfologia das folhas, disposição das mesmas nos
caules, presença de pilosidade, espinhos, cerosidade, a cor e a
textura são características importantes que precisam ser avaliadas.
Com relação às plantas daninhas, é muito importante também que
você saiba identificar a espécie pela plântula, o que vai facilitar a
elaboração de um plano de manejo antes que essa espécie se
torne prejudicial para o cultivo.
14.
15.
16. UNIDADE 1 – Nomenclatura de plantas daninhas
A nomenclatura botânica é essencial para a
correta identificação de uma espécie vegetal.
Existem regras bem definidas pelo Código
Internacional de Nomenclatura Botânica, sendo
que o nome da espécie sempre será binomial,
com o gênero começando em letra maiúscula,
seguido do epíteto específico.
O nome científico da espécie sempre será ou
sublinhado ou em itálico, nunca capitalizado.
Exemplo: Jatropha urens, Jatropha é o gênero
ao qual a planta pertence e urens é o epíteto
específico, que dá identidade aquela espécie.
17.
18.
19. UNIDADE 1 –
Classificação quanto ao habitat
Plantas daninhas terrestres: são as espécies mais comuns, que
crescem no solo da lavoura ou em ao redor dele.
Plantas daninhas aquáticas: são plantas modificadas para viver no
ambiente aquático, sendo classificadas de acordo com a localização
no ambiente
aquático. As algas, mesmo não sendo parte do grupo das plantas,
também são
consideradas plantas daninhas aquáticas.
• Flutuantes: crescem sob a superfície da água e possuem raízes
livres, geralmente
não se fixando em nenhuma estrutura.
• Emergentes: geralmente possuem crescimento ereto e suas raízes
são fixas no
solo úmido.
• Submersas: crescem completamente dentro da água, com
algumas espécies
emitindo folhas na superfície.
• Marginais: crescem ao redor do ambiente aquático e podem
invadir e crescer
20.
21. UNIDADE 1 –
Classificação _ Ciclo de vida
• Plantas anuais: são as plantas que completam seu
ciclo de vida em menos de um ano ou em uma estação
e crescimento. Geralmente, são caracterizadas por uma
grande produção de sementes, crescimento rápido e de
fácil manejo, comparado com as perenes.
• Anuais de verão: germinam na primavera, crescem e
florescem no verão e completam o ciclo de vida no
outono, com duração que varia de 40 a 160 dias.
• Anuais de inverno: germinam no outono ou no início
do inverno e florescem e frutificam na primavera ou
início do verão, com ciclos em média mais curtos (80
dias). A maioria das anuais de inverno pertencem a
Classe Eudicotyledonae.
Algumas espécies daninhas completam mais de um
ciclo por ano, como a Galinsoga parviflora (picão-
22. UNIDADE 1 –
Classificação _ Ciclo de vida
• Plantas bianuais: são espécies que demoram mais de
um ano e menos de dois para completarem o ciclo de
vida. São plantas que podem ser facilmente
manejadas, desde que se interrompa a produção de
sementes. Exemplos de bianuais são a Arctium minus
(bardana-menor) e Melilotus alba (melilotobranco).
• Plantas perenes: são plantas divididas em dois
grandes grupos. As perenes simples se propagam por
sementes e por reprodução assexuada, sendo a
reprodução sexuada preferencial e a vegetativa rara. Já
as perenes complexas são espécies que também se
reproduzem de ambas as formas, mas possuem
mecanismos de reprodução assexuada bem definidos,
incluindo estolões, rizomas, tubérculos e bulbos. As
complexas são as de maior dificuldade de controle, se
23. UNIDADE 1 –
Classificação _ hábito de crescimento
• Herbáceas: são espécies de pequeno porte, com altura inferior
a um metro, eretas ou prostadas. Geralmente possuem caules
tenros, podendo ser sublenhosas.
As gramíneas em geral pertencem a esse grupo.
• Subarbustivas: apresentam um porte que vai de 0,8 metros até
1,5 metros de altura, com caules lenhosos e hábito reto.
• Arbustivas: são espécies lenhosas, com altura entre 1,5 metros
até 2,5 metros.
• Arbóreas: são espécies lenhosas com mais de 2,5 metros.
• Lianas ou trepadeiras: são espécies que necessitam de um
apoio para crescerem, geralmente outras plantas. Elas crescem
através de enrolamento (volúveis) ou prendendo-se com uso de
gavinhas, garras ou espinhos. Atingem vários metros de
comprimento e podem ser ramificadas.
• Epífitas: crescem sob outras plantas, podendo ser parasitas ou
24.
25. UNIDADE 1 –
Classificação ecológica
• Autóctones: são as espécies vegetais nativas ou selvagens. Em
relação às plantas daninhas, são espécies infestantes que são
originadas da própria região ou país. Quando o ambiente é alterado
para uma lavoura ou pastagem, essas espécies invadem e se
propagam, sendo geralmente mais problemáticas que as espécies
introduzidas (DEUBER, 1992).
• Alóctones: são espécies vegetais provenientes de outras regiões
ou países são alóctones, ou também chamadas introduzidas ou
naturalizadas. A maioria
das espécies daninhas alóctones foram introduzidas pelo homem, de
forma
voluntária ou involuntária. Algumas espécies trazidas
voluntariamente
para o país para serem utilizadas em pastagens, como a Brachiaria
decumbens
(capim-braquiária) e Panicum maximum (capim-colonião) acabaram
se tornando invasoras de lavouras e beira de estradas, além de
áreas nativas,
26.
27.
28. UNIDADE 1 –
Classificação estratégia evolutiva
• Plantas tolerantes ao estresse: essas espécies reduzem suas
biomassas vegetativas e reprodutivas e aumentam a alocação
de substâncias para manutenção e defesa. Elas possuem
características que garantem a resistência dos indivíduos em
ambientes severos e limitados. A limitação pode ser física,
como seca ou inundações recorrentes ou biótica, como a
herbivoria ou competição por nutrientes com outras espécies
(ZINDAHL, 2018).
• Plantas competidoras: nessa classe encontramos espécies
adaptadas em maximizar a captura de nutrientes, água e/ou
luz solar. Possuem grande crescimento vegetativo e são
abundantes nos primeiros estágios de sucessão de uma
comunidade vegetal.
• Plantas ruderais: espécies encontradas em ambientes
altamente alterados. Geralmente são plantas herbáceas, com
ciclo de vida muito curto, crescimento rápido e alta produção
29. UNIDADE 1 –
Reprodução
Reprodução sexuada geralmente envolve a produção de
grande quantidade de sementes, que podem possuir
diferentes mecanismos de dormência e diferentes
mecanismos de dispersão.
Muitos métodos de dispersão foram desenvolvidos pelas
espécies daninhas: através do ar, água, animais e o próprio
ser humano.
Dormência é uma condição na qual a semente não germina
mesmo
em condições ambientais ideais. Esse processo pode envolver
imaturidade do embrião; presença de metabólitos secundários
que inibem a germinação, tanto no embrião quanto no
endosperma ou no próprio tegumento; necessidade ou não de
30. UNIDADE 1 –
Reprodução
Reprodução assexuada, as plantas possuem diversos tipos de
propágulos que geralmente são produzidos em grande quantidade,
dependendo da espécie. Esses propágulos se espalham no solo,
quando o mesmo é preparado para o plantio e podem ter a
capacidade de brotarem mesmo em grandes profundidades no solo.
Isso dificulta o manejo das espécies daninhas, pois podem ficar
armazenados no solo e as plantas podem produzi-los em grande
quantidade.
• Estolão: os estolões são caules rasteiros que desenvolvem raízes
adventícias e a parte aérea na região dos nós, espalhando-se pelo
solo.
• Rizomas: os rizomas são caules subterrâneos que também
produzem raízes e brotos e se espalham horizontalmente pelo solo.
• Tubérculos: são caules subterrâneos que armazenam grande
quantidade de reservas energéticas (geralmente amido) e possuem
inúmeras gemas. Como exemplo temos o Cyperus rotundus
(tiririca), que se propaga facilmente por tubérculos.
31. UNIDADE 1 –
Sobrevivência
Banco de sementes de plantas daninhas: Refere-se às sementes
viáveis e outras estruturas reprodutivas presentes nos solos, que
possuem diversas características que dificultam o controle dessas
espécies. O banco de sementes possui um papel ecológico
importante para
manutenção de novos indivíduos nas comunidades vegetais, sendo
encontrado
nas terras cultivadas, pastagens, florestas, terras abandonadas,
desertos etc.
(DEUBER, 1992).
Mecanismos de dormência: A dormência representa uma das
principais formas das espécies vegetais garantirem sua perpetuação.
É uma característica adaptativa que assegura a sobrevivência das
plantas nos diferentes ecossistemas, incluindo o agrícola. A
germinação de sementes e o sucesso estabelecimento da muda
requerem mecanismos que previnam que esta ocorra antes da
32.
33. UNIDADE 1 –
Competição
Está relacionado a uma luta entre plantas pela busca de recursos
naturais:
água, luz, dióxido de carbono e nutrientes minerais. A competição é
uma
interação negativa na qual indivíduos com demandas simultâneas
excedem os
recursos naturais disponíveis e ambos sofrem, um sempre mais do
que o outro.
A competição entre plantas daninhas e plantas cultivadas dependerá
de vários
fatores, mas quanto mais similares são as duas espécies em relação
ao hábito e
requerimentos nutricionais, mais severo é o efeito competitivo.
• Competição (Comp.) direta: nutrientes, umidade, luz e espaço.
• Comp. indireta: através da exsudação ou produção de compostos
alelopáticos.
• Comp. intraespecífica entre indivíduos de espécies cultivadas.
34. UNIDADE 1 –
Características de plantas competitivas
• Crescimento rápido.
• Folhas grandes.
• Folhas horizontais em ambientes sombreados e folhas inclinadas
em ambientes ensolarados.
• Metabolismo C4.
• Folhas dispostas para melhor interceptação de luz.
• Alta capacidade de alocar massa seca para crescimento em altura.
• Extensão rápida do caule em resposta ao sombreamento.
• Fácil penetração no solo e crescimento radicular rápido.
• Boa densidade radicular.
• Comprimento radicular maior em relação ao seu peso.
• Boa proporção de raízes com crescimento ativo.
• Alta quantidade de pelos radiculares.
• Alto potencial de absorção de água e nutrientes.
35.
36. UNIDADE 1
Alelopatia são as interações químicas que ocorrem entre
plantas,
entre plantas e microrganismos e outros seres vivos. Essa
interação pode ter efeitos inibitórios ou estimulantes,
atuando sobre a germinação, crescimento e
desenvolvimento. Com relação às plantas daninhas, a
alelopatia geralmente apresenta efeito inibitório sobre as
plantas cultivadas.
37. Link dos vídeos
• https://www.youtube.com/watch?v=UbFbIH-
AYOc
• https://www.youtube.com/watch?v=EOZ2ElPZhKA
• https://www.youtube.com/watch?v=Yj8e_vNk0p0
&pp=ygUQcGxhbnRhcyBkYW5pbmhhcw%3D%3D
• https://www.youtube.com/watch?v=4bm57UxgBxk
• https://www.youtube.com/watch?v=9Acb3z7qsO4
&t=129s&pp=ygUtY29udHJvbGUgZGUgcGxhbnRhcy
BkYW5pbmhhcyBjb20gZWxldHJpY2lkYWRl