O manejo de plantas daninhas é um procedimento crucial para condução das lavouras. Atualmente, a buva e o amargoso são algumas das principais plantas de difícil controle.
Esta dificuldade se deve aos inúmeros casos de resistência a molécula que vem surgindo ao longo dos anos. No Brasil, podemos encontrar 52 casos de resistência à mecanismos de ação, estas podem ser simples, cruzada ou múltipla.
Para retardar, e buscar reduzir os números faz se necessário um manejo consciente de vários paramentos, sendo eles: modo de reprodução; posicionamento de produtos; momento de aplicação em pré e pós emergência; características fisiológicas das plantas daninhas e da cultura... Além disso, fatores envolvendo tecnologia de aplicação também são primordiais para um bom manejo, tais como pH da calda, temperatura, velocidade do vento, umidade do ar, agitação, ordem de adoção de produtos, relações de sincretismo e antagonismo.
Portanto, para o manejo além dos conhecimentos das moléculas e produtos presentes no mercado, é necessário se atentar aos casos de resistência, momento ideal para controle, tecnologias de aplicação. Outro ponto, é conhecer tanto a parte teórica, como também o dia a dia no campo.
Produção de milho-doce, milho-pipoca e milho-verde no Brasil.
Manejo de herbicidas: posicionamento de herbicidas com foco em Armagoso, Buva e Tiririca
1. Unindo conhecimento em prol
Manejo de herbicidas: posicionamentos de
herbicida com foco em Amargoso, Buva e
Tiririca.
Beatriz Almeida
2. Introdução;
Resistência;
Contexto nacional e internacional;
Plantas daninhas;
Grupos de herbicidas mais eficientes;
Posicionamentos de produtos;
Condições para aplicação;
No dia-a-dia em campo.
Sumário
2
3. Para você, os meios de propagação de plantas daninhas são os
mesmos?
O que você entende por manejo de plantas daninhas?
Por quê o manejo químico é o que gera mais resistência?
O que há mais no mercado são moléculas diferentes, ou
mesma molécula com nomes diferentes (produtos comercias)?
?
3
4. Manejo integrado de plantas daninhas – MPID:
Conceitos
4
Cultural
Preventivo
MecânicoQuímico
Outros.
5. Conceitos
5
Grau de injúria analisado após aplicação, característica inata ;Suscetibilidade:
Capacidade de sobrevivência, característica inata;Tolerância:
Habilidade hereditária de sobrevivência e reprodução;Resistência:
De acordo com as técnicas da manejo, adaptação ao meio.
Mudança na
flora:
6. Único mecanismo;
2 ou + mecanismo de ação;
2 ou + moléculas, podendo ser do mesmo
mecanismo de mecanismo de ação;
Tipos de resistência:
6
Cruzada:
Múltipla:
Simples:
7. Conceito:
Pressão de seleção x Doses
Altas doses;
Subdose.
Resistência
7
Desenvolvimento de um ou mais biótipo(s) resistente(s).
8. Fatores Genéticos: frequência inicial, características
genéticas da herdabilidade, recombinação gênica;
Fatores bioecológicos: ciclo, produção e dormência da
semente, densidade de plantas;
Fatores agronômicos: (práticas culturais e herbicidas).
Fatores que afetam a evolução da resistência
8
9. 9
Fonte: adaptado de Adegas,2020.
Casos de resistência no mundo
521 casos;
263 espécies;
92 culturas;
70 países.
11. Casos de resistência no Brasil
11
Espécie-nome popular Ano Mecanismo de
ação
Tipo de
resistência
Bidens pilosa - Picão Preto 1993 ALS Simples
Euphorbia heterophylla - 1993 ALS Simples
Bidens subalternans 1996 ALS Simples
Euphorbia heterophylla 2004 ALS, PPO Múltipla
Bidens subalternans 2006 ALS,
Fotossistema II
Múltipla
Conyza sumatrensis 2017 FSII,FSI, PPO,
EPSP
?
Amaranthus hybridus 2018 ALS, EPSP Múltipla
Fonte: adaptado de HEAT,2020.
Pode ser divido em 2 fases:
1) ALS,ACCASE: folha estreita;
2) EPSP: uso disseminado.
12. Nome científico: Digitaria insularis;
Família: Poaceae;
Nomes populares: amargoso, capim-
amargoso, capim-flecha, capim-
pororó, vassourinha.
Características:
C4, perene, herbácea, ereta,
entouceirada;
Atinge uma altura de 15 a 100 cm;
Reprodução por semente e rizomas.
Capim-amargoso
12
Planta em seu desenvolvimento inicial.
Fonte:Giraldeli, 2020.
13. Germinação com ou sem luz;
Ciclo de até 2 anos;
Boa adaptação ao território
nacional, estimando infestando a
maioria dos cultivos de grãos;
Enterrio de 4 cm afeta em 90% a
emergência.
Capim-amargoso
13
Planta adulta.
Fonte: Bianchinni, 2020.
14. 2008: uso indiscriminado de Glifosato = Resistência;
2016: em áreas de plantio convencional, a fenoxaprop e
haloxyfop (ACCase);
Tendência do uso: resistência múltipla a glifosato e
graminicidas.
Capim-amargoso
14
E como está sua resistência?
15. O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos;
Controle tardio: pouco eficiente;
Para controle tardio:
O intervalo será de acordo com o tamanho da rebrota , recomendado
quando estiver entre 10 e 20 cm.
15
Capim-amargoso
Controle na entressafra do sistema soja-milho
1 Herbicidas sistêmicos ( glifosato e graminicidas);
2..3* Herbicidas de contato (glufosinato de amônio e paraquat)
16. Posicionamento:
16
Pré-emergência
Diclosulam, flumioxazin, s-metolachlor, trifluralina
Pós-emergência
Cletodim, haloxyfop, glifosato, paraquat, glufosinato de amônio
Controle na pós-emergência da soja:
• Plantas pequenas ou rebrota: Graminicidas (cletodim, haloxyfop), em soja RR
associados a glifosato;
Em áreas de alta incidência:
• Uso de pré-emergente ? no sistema plante aplique e um sequencial em pós emergência.
17. Cenário só com problema de Amargoso:
Dessecação:
Glifosato + Graminicida (din/fop) Zapp + Select;
Pós-emergência:
Graminicida Select,Verdict ;
Glufosinato de amônio Finale, Liberty.
Manejo nas áreas
17
18. Tiririca
18
Nome cientifico: Cyperus rotundus;
Família: Cyperaceae;
Nomes populares: Tiririca, capim-dandá,
junça-aromática.
Características:
Planta perene, ereta, rizomatosa e
tuberosa;
Caule liso, triangulado, não ramificado;
Atinge de 10 a 60 cm;
Reprodução predominante por tubérculos.
Fonte:Agrobase, 2019.
19. Fácil disseminação;
Difícil controle;
Todos os tipos de solo;
Efeito alopático.
Realidade em campo no momento:
De modo geral, problema em olericultura;
Baixa incidência na soja.
19
Tiririca
Protocolo Araguaia 2020.
Fonte: Almeida, 2020.
22. I.A.: flumioxazina;
Aplique-plante, em pós-emergência?;
Intervalo de 1 dia;
Grupo químico: Ciclohexenodicarboximida;
Mecanismo de Ação:?;
Modo de ação: não seletivo, não sistêmico;
Formulação: Pó molhável;
Dose: 120g/ha;
Sumisoya
22
No máximo 1 aplicação!
Necessária adição de óleo mineral ou adjuvante não iônico !
Protox
23. Em pós-emergência, da planta daninha e da cultura:
Dose: 50g/ha;
Soja: 2 a 3 trifólios?;
Não sendo necessário adicionar adjuvante ou espalhante.
Sumisoya
23
No máximo 1 aplicação!
Não recomendado aplicar em períodos de seca!
V2-V3
24. Basagran
24
I.A.: bentazonazona;
Intervalo de 3 a 4 dias;
Grupo químico: benzotiadiazinona;
Mecanismo de Ação:?;
Modo de ação: seletivo, não sistêmico;
Formulação: Concentrado Solúvel;
Dose: 1,6L/ha;
* Adição de adjuvante oleoso: auxilia no controle e reduz evaporação.
FSII
25. Nome científico: Conyza spp;
Espécies: C.Bonariensis, C. Canadensis, C.
Sumatrensis;
Família: Asteraceae;
Nomes populares: buva, voadeira, rabo-de-
foguete, arranha-gato, margaridinha-do-
campo, buva melosa, margaridinha-melosa;
Características:
Anual, herbácea, ereta;
Caule folioso, poucas ramificações;
Reprodução por sementes;
Buva
25
Planta bem desenvolvida.
Fonte: Giraldeli, 2020.
26. Década de 90 com S.P.D. não faz em sua totalidade = pouca palha;
Uso do convencional;
Frequência de moléculas;
Resistência a 5 mecanismos de ação;
Mecanismos da planta;
Controle em pousio.
Buva
26
E como está sua resistência?
27. Conheça o histórico da área;
Rotação de mecanismo de ação;
Uso de pré-emergentes;
Princípios básicos para aplicação;
Aplicação em pós em pequeno porte.
Buva
27
Para ajudar a evitar/reduzir a
resistência, que eu posso fazer?
28. É fundamental que a aplicação ocorra em plantas
de até 10 cm;
Controle em plantas acima de 16 cm, sequencial
de herbicidas sistêmicos e de contato.
Controle da buva na pós-emergêncida soja:
Poucas opções e difícil controle!
Alternativa: clorasulan e imazetapir ( soja até V2).
28
Buva
Controle na entressafra do sistema soja-milho
Lavoura de Soja infestada com Buva.
Fonte: Segatto, 2020.
30. Cenário só com problema de Buva:
Manejo outonal:
10 a 15 dias na entressafra (espera a palhada sentar*);
ZappQI (Gifosato) + Mirato (2,4-D) + Spider (diclosulam |
residual)
Reglone (Diquat) – 10 dias antes do plantio ou no plantio.
Manejo nas áreas
30
31. Diclosulan, Flumioxazin, Sulfrentrazone*:
Ação residual no solo banco de sementes;
Associado a herbicidas sistêmicos (glifosato, 2,4-D);
*apresenta variação na seletividade para soja;
Paraquat, Chlorimuron, Glifosato, Glufosinato de amônio, Saflufenacil, 2,4-D:
Sequencial rebrota;
Residual: Chlorimuron;
Saflufenacil: sinergia com glifosato.
Pré e Pós emergência
31
32. Preparo da calda:
pH da água;
Compatibilidade dos produtos em mistura de tanque;
Ordem de adição e cuidados no preparo;
Condições ambientais:
Temperatura: 20 a 30°C;
Umidade: 70 a 90%;
Ventos com velocidade abaixo de 10km/h;
Ideal de 2 a 6 horas sem chuva após aplicação.
Condições para aplicação
32
33. Condições fisiológicas:
Plantas estressadas = queda na
absorção e translocação;
Redução do metabolismo da
cultura.
Condições para aplicação
33
Fonte: Andef; adaptado de Mais Soja, 2020.
34. Regulagem e calibração do maquinário :
Verificação das condições físicas do pulverizador;
Limpeza do pulverizador;
Pontas de pulverização:
Cônica, Leque;
Tamanho da gota:
Muito fina; fina; média; grossa; muito grossa; extremamente grossa;
Espaçamento entre bicos e qualidade das pontas:
34
Condições para aplicação
Fonte: Catálogo 51-Pt Teejet, 2011.
35. 35
E a realidade no campo?
André Antonio Barboza
Eng. Agrônomo
Área de atuação: Lucas do Rio verde – MT;
Quais produtos tem usado/recomendado?
Buva:
Dessecação: glifosato + 2,4-D;
Pré-plantio: flumizyn (plante aplique ou aplique plante);
Alguns casos: Pacto (clorosulan), e Glifosato+Imazetapyr;
Amargoso:
Na dessecação pré-plantio: cletodim;
Pós-plantio: cletodim ou quisalofope.
36. Área de atuação: São João d’Aliança, Alto Paraíso de Goiás,
Água Fria, Planaltina/Goiás e Buriti Alto (Niquelândia);
Como está a incidência dessas daninhas na sua região?
Buva: media dificuldade de controle, mas sempre um problema.
Amargoso: problema sério, região infestada.
Tiririca: sem incidência, problema em HF.
36
E a realidade no campo?
Vanessa Carvalho
Eng. Agrônoma
37. Quais produtos tem usado/recomendado?
Buva:
Dessecação pré-plantio, pós-emergência: Glifosato 720, ou glifosato +
2,4-D;
Dessecação pré-plantio: saflufenacil;
Amargoso:
Pré-plantio cletodim e glifosato no pós, outra opção seria a trifluralina
no plante aplique;
37
E a realidade no campo?
Vanessa Carvalho
Eng. Agrônoma
38. https://www.scielo.br/pdf/pd/v12n1/a03v12n1.pdf;
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-83581994000100003&lng=pt&tlng=pt;
https://www.researchgate.net/profile/Ednaldo_Borgato/publication/307967746_Resistencia_de_plantas_daninhas_a_herbicidas_Termos
_e_definicoes_importantes/links/57d444ce08ae601b39a8a701.pdf;
https://www.researchgate.net/profile/Ednaldo_Borgato/publication/307967699_Criterios_para_relato_de_novos_casos_de_resistencia_
de_plantas_daninhas_a_herbicidas/links/57d444b708ae5f03b4915e19/Criterios-para-relato-de-novos-casos-de-resistencia-de-plantas-
daninhas-a-herbicidas.pdf;
http://tede.upf.br/jspui/handle/tede/1555;
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/965795/1/MANEJO.GERMANI.pdf;
https://agrobaseapp.com/brazil/weed/tiririca;
Heap, I. The International Survey of Herbicide Resistant Weeds. Online. Internet. Disponível em: www.weedscience.org, acesso
em 23/10/20.
Referencias bibliográficas
38