SlideShare uma empresa Scribd logo
Curso de LIBRAS
Básico
L I B E R T Y E N S I N O
Confira o conteúdo programático do curso de
libras online:
Introdução
Estrutura Linguística da LIBRAS
Estrutura Sublexical dos Sinais a partir de suas Unidades Mínimas Distintivas
Formação dos Itens Lexicais ou Sinais a partirde Morfemas
Estruturaçãode Sentenças em LIBRAS
Aquisiçãoda Linguagem por Crianças Surdas
Introduçãoà Gramática da LIBRAS
Sistema de Transcriçãopara a LIBRAS
Os Processos de Formação de Palavras na LIBRAS
As Categorias Gramaticais na LIBRAS
Tipos de Frases na LIBRAS
Apêndice
AlfabetoManual
Vocabulárioda LIBRAS
Bibliografia/Links Recomendados
Introdução
As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram espontaneamente da interaçãoentre pessoas e porque devidoà sua
estrutura permitema expressãode qualquerconceito - descritivo,emotivo,racional, literal,metafórico, concreto,abstrato - enfim, permitema
expressãode qualquersignificadodecorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano.
Por isso, são complexas porque dotadas de todos os mecanismos necessários aos objetivos mencionados,porém, econômicas e “lógicas” porque
servem para atingir todos esses objetivos de forma rápida e eficiente e até certoponto de forma automática.Istoporque,tratando-se muitas vezes de
significados que demandamoperações complexas que devemser transmitidas prontamente diante de diferentes situações e contextos,seus
usuários terão que se utilizardos mecanismos estruturais que elas oferecemde forma apropriada sem ter que pensar e elaborar longamente sobre
como atingir seus objetivos linguísticos.
As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque utilizam-se de um meio ou canal visual-espaciale não oral auditivo. Assim, articulam-se
espacialmente e são percebidasvisualmente,ou seja, usam o espaço e as dimensões que ele oferece na constituiçãode seus mecanismos
“fonológicos”, morfológicos, sintáticos e semânticos para veicularsignificados,os quais são percebidos pelos seus usuários através das mesmas
dimensões espaciais.Daí o fato de muitas vezes apresentaremformas icônicas,isto é, formas linguísticas que tentam copiaro referente real em suas
características visuais.Esta iconicidade mais evidentes nas estruturas das línguas de sinais do que nas orais deve-se a este fatoe ao fato de que o
espaçoparece ser mais concretoe palpável doque o tempo,dimensãoutilizada pelas línguas orais-auditivas quandoconstituemsuas estruturas
através de seqüências sonoras que basicamente se transmitemtemporalmente.
Entretanto,as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou o retrato fiel da realidade.Cada língua de sinais representa seus referentes,
ainda que de forma icônica, convencionalmente porque cada uma vê os objetos,seres e eventos representados em seus sinais ou palavras sob uma
determinada ótica ou perspectiva.
Por exemplo,o sinal ÁRVORE em LIBRAS representa o tronco da árvore através do antebraçoe os galhos e as folhas através da mão aberta e do
movimentointerno dos seus dedos.Porém, o sinal para o mesmo conceitoem CSL (língua de sinais chinesa) representa apenas o tronco com as
duas mãos semiabertas e os dedos dobrados de forma circular. Em LIBRAS,o sinal CARRO/DIRIGIR é icônico porque representa o ato de dirigir,
porém, é tambémconvencional porque em outras línguas de sinais não toma necessariamente este aspectodos referentes ‘carro’ e ‘ato de dirigir’
como motivaçãode sua forma mas sim outros.
Este caráter convencional dos sinais icônicos atribui a ele um status linguísticopostoque é conhecidoo fatode que as palavras das línguas em geral são
arbitrárias.
Com isso queremos dizerque ao invés de rotular todos os chamados signos lingüísticos de arbitrários,seria melhor considerar que alguns são motivados
ou icônicos,porém, todos são convencionais.
Esta proposta não toma como base apenas as línguas de sinais mas tambémas línguas orais. Estas têm sidoestudadas nos últimos anos em seus
aspectos tambémicônicos.No intuitode tornar alguns conceitos e descriçãode eventos mais visíveis,palpáveise concretos, as línguas orais usam
noções espaciais para traduzí-las.Por exemplo,alguns conceitos temporais são espacializados(uma semana atrás, “week ahead”(uma semana à
frente)). Alguns eventos são estruturados cronologicamente ou de forma a reproduzira sua natureza contínua ou iterativa (“ele saiu correndo,
tropeçouno balde e caiu” ao invés de “ele caiu porque tropeçou no balde quando saiu correndo”; e “ele correu, correu, correu até não agüentar
mais”). Cada vez mais alguns lingüístas têm salientadoestruturas icônicas ou motivadas nas línguas orais o que mostra que esta característica não se
encontra presente apenas nas línguas de sinais e que, portanto,melhor seria preconizara convencionalidadecomo propriedade universal dos
“signos” ou formas lingüísticas em detrimentoda arbitrariedade.
Com o que dissemos até aqui, podemos concluir que o meio ou canal que distingue as línguas orais das línguas de sinais pode privilegiare explorar
características próprias docanal na constituiçãodas estruturas lingüísticas e na sua articulaçãoe percepção.Podemmesmo impor restrições aos
mecanismos gramaticais como demonstraremos no decorrer deste texto. Entretanto,essas duas modalidadesde língua apresentamde forma, às
vezes, distinta estruturas geradas a partirde princípios universais e, portanto,comuns. Basicamente,línguas de sinais e línguas orais são muito
semelhantes.As gramáticas particulares das línguas orais e das línguas de sinais são intrinsecamente as mesmas postoque seus princípios básicos
são respeitados em ambas as modalidades:elas são dotadas de dupla articulação(estruturam-se a partirde unidades mínimas distintivas e de
morfemas ou unidades mínimas de significado), usam a produtividade comomeio de estruturar novas formas a partir de outras já existentes,
estruturam suas sentenças a partirdos mesmos tipos de constituintes e categorias lingüísticas,suas sentenças são estruturadas sempre em torno de
um núcleo com valência,isto é, o núcleo que requer os argumentos (complementos)necessários para a completude dosignificado que veicula.Todas
essas colocações serão discutidas a seguir através da descriçãode aspectos estruturais da LIBRAS, os quais serão comparados, sempre que
possível,com os equivalentes emLíngua Portuguesa, no intuitode salientar as diferenças e as semelhanças entre as duas línguas.
No entanto,antes de passarmos à descriçãopropriamente dita da LIBRAS,é bom enfatizarque como todas as línguas ela é natural, isto é, ela é por
definiçãonatural.
Assim, não é adequadodizerque a LIBRAS é a língua natural dos surdos brasileiros.Não, ela é natural devidoà sua própria natureza o que a opõe a
sistemas artificiais comoo Esperanto,o Gestuno (sistema de sinais semelhante a um “pidgin” utilizadopor surdos de vários países em sua interação
em eventos e encontros internacionais),os diferentes códigos de comunicação(de trânsito, das abelhas,dos golfinhos, etc.) e as diferentes linguas
orais sinalizadas (português sinalizado,inglês sinalizado,...).
Dessa forma, considera-se que a LIBRAS é ou deve ser a língua materna dos surdos não porque é a língua natural dos surdos mas sim porque,tendo
os surdos bloqueios para a aquisiçãoespontânea de qualquer língua natural oral, eles sim é que só vão ter acesso a uma língua materna que não
seja veiculada através do canal oral-auditivo.
Esta língua poderia ser uma língua cujo canal seria o tato. Porém, como a alternativa existente às línguas orais são as línguas de sinais estas se
prestamàs suas necessidades.As línguas de sinais são, pois, tão naturais quanto as orais para todos nós e, para os surdos, elas são mais
acessíveis devidoao bloqueiooral-auditivoque apresentam,porém, não são mais fáceis nem menos complexas.Os surdos são pessoas e, como tal,
são dotados de linguagem assim como todos nós. Precisam apenas de uma modalidade de língua que possampercebere articularfacilmente para
ativar seu potencial lingüísticoe,consequentemente,os outros e para que possamatuar na sociedade como cidadãos normais. Eles possuemo
potencial.Falta-lhes o meio. E a Língua Brasileira de Sinais é o principal meioque se lhes apresenta para “deslanchar” esse processo.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Estudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismo
Estudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismoEstudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismo
Estudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismo
Ivana Botelho
 
Língua e linguagem
Língua e linguagemLíngua e linguagem
Língua e linguagem
Jairo Carvalhais
 
Língua portuguesa
Língua portuguesaLíngua portuguesa
Língua portuguesa
Júnior Bedaque
 
Aula 1 linguística
Aula 1   linguísticaAula 1   linguística
Parte 1 linguística geral apresentação
Parte 1   linguística geral apresentaçãoParte 1   linguística geral apresentação
Parte 1 linguística geral apresentação
Mariana Correia
 
HistóRia Dos Estudos LingüíSticos
HistóRia Dos Estudos LingüíSticosHistóRia Dos Estudos LingüíSticos
HistóRia Dos Estudos LingüíSticos
Ufal- Universidade Federal de Alagoas
 
Linguagem e língua 97
Linguagem e língua 97Linguagem e língua 97
Linguagem e língua 97
Federal University of Amazonas
 
Parte 1 linguística geral apresentação 2012
Parte 1   linguística geral  apresentação 2012Parte 1   linguística geral  apresentação 2012
Parte 1 linguística geral apresentação 2012
Mariana Correia
 
Parte 2 linguística geral saussure - apresentação 2012
Parte 2   linguística geral saussure - apresentação 2012Parte 2   linguística geral saussure - apresentação 2012
Parte 2 linguística geral saussure - apresentação 2012
Mariana Correia
 
Análise sobre os signos, significados e significantes
Análise sobre os signos, significados e significantesAnálise sobre os signos, significados e significantes
Análise sobre os signos, significados e significantes
Jean Michel Gallo Soldatelli
 
Introdução à linguística - linguagem, língua e linguística
Introdução à linguística - linguagem, língua e linguísticaIntrodução à linguística - linguagem, língua e linguística
Introdução à linguística - linguagem, língua e linguística
Maria Glalcy Fequetia Dalcim
 
SAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICO
SAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICOSAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICO
SAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICO
Carla Ferreira
 
Curso de lingüística geral saussure
Curso de lingüística geral   saussureCurso de lingüística geral   saussure
Curso de lingüística geral saussure
LeYa
 
Dondis, donis. sintaxe da linguagem visual
Dondis, donis. sintaxe da linguagem visualDondis, donis. sintaxe da linguagem visual
Dondis, donis. sintaxe da linguagem visual
Francisco Mitraud
 
Linguagem
LinguagemLinguagem
Linguagem
Simone Everton
 
Ferdinand de saussure
Ferdinand de saussureFerdinand de saussure
Ferdinand de saussure
Diana Barbosa
 
Significado e significante
Significado e significanteSignificado e significante
Significado e significante
Gabriella Dias dos Santos
 
Introdução à Linguística
Introdução à LinguísticaIntrodução à Linguística
Introdução à Linguística
Maria Glalcy Fequetia Dalcim
 
O funcionalismo linguistico
O funcionalismo linguisticoO funcionalismo linguistico
O funcionalismo linguistico
Francione Brito
 
SEMIOLOGIA | Saussure; Guiraud
SEMIOLOGIA | Saussure; GuiraudSEMIOLOGIA | Saussure; Guiraud
SEMIOLOGIA | Saussure; Guiraud
ervinha_daninha
 

Mais procurados (20)

Estudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismo
Estudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismoEstudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismo
Estudo para a segunda prova de linguistica 09 11-14 estruturalismo e gerativismo
 
Língua e linguagem
Língua e linguagemLíngua e linguagem
Língua e linguagem
 
Língua portuguesa
Língua portuguesaLíngua portuguesa
Língua portuguesa
 
Aula 1 linguística
Aula 1   linguísticaAula 1   linguística
Aula 1 linguística
 
Parte 1 linguística geral apresentação
Parte 1   linguística geral apresentaçãoParte 1   linguística geral apresentação
Parte 1 linguística geral apresentação
 
HistóRia Dos Estudos LingüíSticos
HistóRia Dos Estudos LingüíSticosHistóRia Dos Estudos LingüíSticos
HistóRia Dos Estudos LingüíSticos
 
Linguagem e língua 97
Linguagem e língua 97Linguagem e língua 97
Linguagem e língua 97
 
Parte 1 linguística geral apresentação 2012
Parte 1   linguística geral  apresentação 2012Parte 1   linguística geral  apresentação 2012
Parte 1 linguística geral apresentação 2012
 
Parte 2 linguística geral saussure - apresentação 2012
Parte 2   linguística geral saussure - apresentação 2012Parte 2   linguística geral saussure - apresentação 2012
Parte 2 linguística geral saussure - apresentação 2012
 
Análise sobre os signos, significados e significantes
Análise sobre os signos, significados e significantesAnálise sobre os signos, significados e significantes
Análise sobre os signos, significados e significantes
 
Introdução à linguística - linguagem, língua e linguística
Introdução à linguística - linguagem, língua e linguísticaIntrodução à linguística - linguagem, língua e linguística
Introdução à linguística - linguagem, língua e linguística
 
SAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICO
SAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICOSAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICO
SAUSSURE E SUA CONCEPÇÃO DE SIGNO LINGUISTICO
 
Curso de lingüística geral saussure
Curso de lingüística geral   saussureCurso de lingüística geral   saussure
Curso de lingüística geral saussure
 
Dondis, donis. sintaxe da linguagem visual
Dondis, donis. sintaxe da linguagem visualDondis, donis. sintaxe da linguagem visual
Dondis, donis. sintaxe da linguagem visual
 
Linguagem
LinguagemLinguagem
Linguagem
 
Ferdinand de saussure
Ferdinand de saussureFerdinand de saussure
Ferdinand de saussure
 
Significado e significante
Significado e significanteSignificado e significante
Significado e significante
 
Introdução à Linguística
Introdução à LinguísticaIntrodução à Linguística
Introdução à Linguística
 
O funcionalismo linguistico
O funcionalismo linguisticoO funcionalismo linguistico
O funcionalismo linguistico
 
SEMIOLOGIA | Saussure; Guiraud
SEMIOLOGIA | Saussure; GuiraudSEMIOLOGIA | Saussure; Guiraud
SEMIOLOGIA | Saussure; Guiraud
 

Semelhante a Libras

22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito
22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito
22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito
Bruno Motta
 
2 sobre a libras e a linguística
2 sobre a libras e a linguística2 sobre a libras e a linguística
2 sobre a libras e a linguística
Universidade Federal de Uberlândia
 
Texto basico unidade5-sinais-iconicos
Texto basico unidade5-sinais-iconicosTexto basico unidade5-sinais-iconicos
Texto basico unidade5-sinais-iconicos
Paula Aparecida Alves
 
A tradição oral sônia queiroz
A tradição oral   sônia queirozA tradição oral   sônia queiroz
A tradição oral sônia queiroz
Daniel Torquato
 
aula morfologia unintese - Copia.pptx
aula morfologia unintese - Copia.pptxaula morfologia unintese - Copia.pptx
aula morfologia unintese - Copia.pptx
Andrea885699
 
Aula pratica linguagem
Aula pratica linguagemAula pratica linguagem
Aula pratica linguagem
Taís Vasconcelos
 
BASE NACIONAL CURRICULAR E ALFABETIZAÇÃO
BASE NACIONAL CURRICULAR E  ALFABETIZAÇÃOBASE NACIONAL CURRICULAR E  ALFABETIZAÇÃO
BASE NACIONAL CURRICULAR E ALFABETIZAÇÃO
SupervisoPiaget
 
Aula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdf
Aula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdfAula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdf
Aula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdf
sandralopes1561
 
Texto Oral e Escrito
Texto Oral e EscritoTexto Oral e Escrito
Texto Oral e Escrito
Grupo VAHALI
 
Slide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptx
Slide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptxSlide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptx
Slide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptx
Paola Barbosa Dias
 
Libras
LibrasLibras
LÍNGUA & LINGUAGEM
LÍNGUA & LINGUAGEMLÍNGUA & LINGUAGEM
LÍNGUA & LINGUAGEM
Fatima Andreia Tamanini
 
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdoPráticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Grupo Educação, Mídias e Comunidade Surda
 
AULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptx
AULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptxAULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptx
AULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptx
PAULOMOREIRA613632
 
Capitulo 1
Capitulo 1Capitulo 1
Capitulo 1
BrunaLuque
 
Guia impresso-texto-basico-unidade-3
Guia impresso-texto-basico-unidade-3Guia impresso-texto-basico-unidade-3
Guia impresso-texto-basico-unidade-3
Paula Aparecida Alves
 
Modalidade Em Lingua De Sinais
Modalidade Em Lingua De SinaisModalidade Em Lingua De Sinais
Modalidade Em Lingua De Sinais
asustecnologia
 
Linguagem
LinguagemLinguagem
Linguagem
professorakathia
 
LIB_COMP_2013.pdf. material de estudo libras
LIB_COMP_2013.pdf. material de estudo librasLIB_COMP_2013.pdf. material de estudo libras
LIB_COMP_2013.pdf. material de estudo libras
AntoniaSilva68
 
Lingua brasileira de sinais
Lingua brasileira de sinaisLingua brasileira de sinais
Lingua brasileira de sinais
Colegio Éthicos
 

Semelhante a Libras (20)

22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito
22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito
22653284 a-gramatica-de-libras-lucinda-ferreira-brito
 
2 sobre a libras e a linguística
2 sobre a libras e a linguística2 sobre a libras e a linguística
2 sobre a libras e a linguística
 
Texto basico unidade5-sinais-iconicos
Texto basico unidade5-sinais-iconicosTexto basico unidade5-sinais-iconicos
Texto basico unidade5-sinais-iconicos
 
A tradição oral sônia queiroz
A tradição oral   sônia queirozA tradição oral   sônia queiroz
A tradição oral sônia queiroz
 
aula morfologia unintese - Copia.pptx
aula morfologia unintese - Copia.pptxaula morfologia unintese - Copia.pptx
aula morfologia unintese - Copia.pptx
 
Aula pratica linguagem
Aula pratica linguagemAula pratica linguagem
Aula pratica linguagem
 
BASE NACIONAL CURRICULAR E ALFABETIZAÇÃO
BASE NACIONAL CURRICULAR E  ALFABETIZAÇÃOBASE NACIONAL CURRICULAR E  ALFABETIZAÇÃO
BASE NACIONAL CURRICULAR E ALFABETIZAÇÃO
 
Aula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdf
Aula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdfAula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdf
Aula 1 Morfologia- Fonética - Fonologia.pdf
 
Texto Oral e Escrito
Texto Oral e EscritoTexto Oral e Escrito
Texto Oral e Escrito
 
Slide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptx
Slide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptxSlide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptx
Slide 2 - Estudos Linguísticos Scheme.pptx
 
Libras
LibrasLibras
Libras
 
LÍNGUA & LINGUAGEM
LÍNGUA & LINGUAGEMLÍNGUA & LINGUAGEM
LÍNGUA & LINGUAGEM
 
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdoPráticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
 
AULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptx
AULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptxAULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptx
AULA2LinguagemLinguaLinguistica.pptx
 
Capitulo 1
Capitulo 1Capitulo 1
Capitulo 1
 
Guia impresso-texto-basico-unidade-3
Guia impresso-texto-basico-unidade-3Guia impresso-texto-basico-unidade-3
Guia impresso-texto-basico-unidade-3
 
Modalidade Em Lingua De Sinais
Modalidade Em Lingua De SinaisModalidade Em Lingua De Sinais
Modalidade Em Lingua De Sinais
 
Linguagem
LinguagemLinguagem
Linguagem
 
LIB_COMP_2013.pdf. material de estudo libras
LIB_COMP_2013.pdf. material de estudo librasLIB_COMP_2013.pdf. material de estudo libras
LIB_COMP_2013.pdf. material de estudo libras
 
Lingua brasileira de sinais
Lingua brasileira de sinaisLingua brasileira de sinais
Lingua brasileira de sinais
 

Mais de Liberty Ensino

Coordenacao pedagogica 8
Coordenacao pedagogica 8Coordenacao pedagogica 8
Coordenacao pedagogica 8
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 4
Coordenacao pedagogica 4Coordenacao pedagogica 4
Coordenacao pedagogica 4
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 7
Coordenacao pedagogica 7Coordenacao pedagogica 7
Coordenacao pedagogica 7
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 6
Coordenacao pedagogica 6Coordenacao pedagogica 6
Coordenacao pedagogica 6
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 5
Coordenacao pedagogica 5Coordenacao pedagogica 5
Coordenacao pedagogica 5
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 3
Coordenacao pedagogica 3Coordenacao pedagogica 3
Coordenacao pedagogica 3
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 2
Coordenacao pedagogica 2Coordenacao pedagogica 2
Coordenacao pedagogica 2
Liberty Ensino
 
Coordenacao pedagogica 1
Coordenacao pedagogica 1Coordenacao pedagogica 1
Coordenacao pedagogica 1
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_3
Gestao de educacao_infantil_3Gestao de educacao_infantil_3
Gestao de educacao_infantil_3
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_7
Gestao de educacao_infantil_7Gestao de educacao_infantil_7
Gestao de educacao_infantil_7
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_10
Gestao de educacao_infantil_10Gestao de educacao_infantil_10
Gestao de educacao_infantil_10
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_5
Gestao de educacao_infantil_5Gestao de educacao_infantil_5
Gestao de educacao_infantil_5
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_2
Gestao de educacao_infantil_2Gestao de educacao_infantil_2
Gestao de educacao_infantil_2
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_11
Gestao de educacao_infantil_11Gestao de educacao_infantil_11
Gestao de educacao_infantil_11
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_4
Gestao de educacao_infantil_4Gestao de educacao_infantil_4
Gestao de educacao_infantil_4
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_9
Gestao de educacao_infantil_9Gestao de educacao_infantil_9
Gestao de educacao_infantil_9
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_12
Gestao de educacao_infantil_12Gestao de educacao_infantil_12
Gestao de educacao_infantil_12
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_8
Gestao de educacao_infantil_8Gestao de educacao_infantil_8
Gestao de educacao_infantil_8
Liberty Ensino
 
Gestao de educacao_infantil_6
Gestao de educacao_infantil_6Gestao de educacao_infantil_6
Gestao de educacao_infantil_6
Liberty Ensino
 
Cuidador de idoso_38
Cuidador de idoso_38Cuidador de idoso_38
Cuidador de idoso_38
Liberty Ensino
 

Mais de Liberty Ensino (20)

Coordenacao pedagogica 8
Coordenacao pedagogica 8Coordenacao pedagogica 8
Coordenacao pedagogica 8
 
Coordenacao pedagogica 4
Coordenacao pedagogica 4Coordenacao pedagogica 4
Coordenacao pedagogica 4
 
Coordenacao pedagogica 7
Coordenacao pedagogica 7Coordenacao pedagogica 7
Coordenacao pedagogica 7
 
Coordenacao pedagogica 6
Coordenacao pedagogica 6Coordenacao pedagogica 6
Coordenacao pedagogica 6
 
Coordenacao pedagogica 5
Coordenacao pedagogica 5Coordenacao pedagogica 5
Coordenacao pedagogica 5
 
Coordenacao pedagogica 3
Coordenacao pedagogica 3Coordenacao pedagogica 3
Coordenacao pedagogica 3
 
Coordenacao pedagogica 2
Coordenacao pedagogica 2Coordenacao pedagogica 2
Coordenacao pedagogica 2
 
Coordenacao pedagogica 1
Coordenacao pedagogica 1Coordenacao pedagogica 1
Coordenacao pedagogica 1
 
Gestao de educacao_infantil_3
Gestao de educacao_infantil_3Gestao de educacao_infantil_3
Gestao de educacao_infantil_3
 
Gestao de educacao_infantil_7
Gestao de educacao_infantil_7Gestao de educacao_infantil_7
Gestao de educacao_infantil_7
 
Gestao de educacao_infantil_10
Gestao de educacao_infantil_10Gestao de educacao_infantil_10
Gestao de educacao_infantil_10
 
Gestao de educacao_infantil_5
Gestao de educacao_infantil_5Gestao de educacao_infantil_5
Gestao de educacao_infantil_5
 
Gestao de educacao_infantil_2
Gestao de educacao_infantil_2Gestao de educacao_infantil_2
Gestao de educacao_infantil_2
 
Gestao de educacao_infantil_11
Gestao de educacao_infantil_11Gestao de educacao_infantil_11
Gestao de educacao_infantil_11
 
Gestao de educacao_infantil_4
Gestao de educacao_infantil_4Gestao de educacao_infantil_4
Gestao de educacao_infantil_4
 
Gestao de educacao_infantil_9
Gestao de educacao_infantil_9Gestao de educacao_infantil_9
Gestao de educacao_infantil_9
 
Gestao de educacao_infantil_12
Gestao de educacao_infantil_12Gestao de educacao_infantil_12
Gestao de educacao_infantil_12
 
Gestao de educacao_infantil_8
Gestao de educacao_infantil_8Gestao de educacao_infantil_8
Gestao de educacao_infantil_8
 
Gestao de educacao_infantil_6
Gestao de educacao_infantil_6Gestao de educacao_infantil_6
Gestao de educacao_infantil_6
 
Cuidador de idoso_38
Cuidador de idoso_38Cuidador de idoso_38
Cuidador de idoso_38
 

Último

Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...
Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...
Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...
E-Commerce Brasil
 
Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.
Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.
Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.
E-Commerce Brasil
 
Pequena apostila de contabilidade tributária.pdf
Pequena apostila de contabilidade tributária.pdfPequena apostila de contabilidade tributária.pdf
Pequena apostila de contabilidade tributária.pdf
MartesonCasteloBranc1
 
aula sobre metodologia 5s, excelente opc
aula sobre metodologia 5s, excelente opcaula sobre metodologia 5s, excelente opc
aula sobre metodologia 5s, excelente opc
polianasenaces
 
Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...
Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...
Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...
E-Commerce Brasil
 
Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...
Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...
Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...
E-Commerce Brasil
 

Último (6)

Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...
Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...
Conferência Goiás I Conteúdo que vende: Estratégias para o aumento de convers...
 
Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.
Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.
Conferência Goiás I Os impactos da digitalização do Atacarejo no Brasil.
 
Pequena apostila de contabilidade tributária.pdf
Pequena apostila de contabilidade tributária.pdfPequena apostila de contabilidade tributária.pdf
Pequena apostila de contabilidade tributária.pdf
 
aula sobre metodologia 5s, excelente opc
aula sobre metodologia 5s, excelente opcaula sobre metodologia 5s, excelente opc
aula sobre metodologia 5s, excelente opc
 
Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...
Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...
Conferência Goiás I Prevenção à fraude em negócios B2B e B2C: boas práticas e...
 
Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...
Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...
Conferência Goiás I E-commerce Inteligente: o papel crucial da maturidade dig...
 

Libras

  • 1. Curso de LIBRAS Básico L I B E R T Y E N S I N O
  • 2. Confira o conteúdo programático do curso de libras online: Introdução Estrutura Linguística da LIBRAS Estrutura Sublexical dos Sinais a partir de suas Unidades Mínimas Distintivas Formação dos Itens Lexicais ou Sinais a partirde Morfemas Estruturaçãode Sentenças em LIBRAS Aquisiçãoda Linguagem por Crianças Surdas Introduçãoà Gramática da LIBRAS Sistema de Transcriçãopara a LIBRAS Os Processos de Formação de Palavras na LIBRAS As Categorias Gramaticais na LIBRAS Tipos de Frases na LIBRAS Apêndice AlfabetoManual Vocabulárioda LIBRAS Bibliografia/Links Recomendados
  • 3. Introdução As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram espontaneamente da interaçãoentre pessoas e porque devidoà sua estrutura permitema expressãode qualquerconceito - descritivo,emotivo,racional, literal,metafórico, concreto,abstrato - enfim, permitema expressãode qualquersignificadodecorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. Por isso, são complexas porque dotadas de todos os mecanismos necessários aos objetivos mencionados,porém, econômicas e “lógicas” porque servem para atingir todos esses objetivos de forma rápida e eficiente e até certoponto de forma automática.Istoporque,tratando-se muitas vezes de significados que demandamoperações complexas que devemser transmitidas prontamente diante de diferentes situações e contextos,seus usuários terão que se utilizardos mecanismos estruturais que elas oferecemde forma apropriada sem ter que pensar e elaborar longamente sobre como atingir seus objetivos linguísticos. As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque utilizam-se de um meio ou canal visual-espaciale não oral auditivo. Assim, articulam-se espacialmente e são percebidasvisualmente,ou seja, usam o espaço e as dimensões que ele oferece na constituiçãode seus mecanismos “fonológicos”, morfológicos, sintáticos e semânticos para veicularsignificados,os quais são percebidos pelos seus usuários através das mesmas dimensões espaciais.Daí o fato de muitas vezes apresentaremformas icônicas,isto é, formas linguísticas que tentam copiaro referente real em suas características visuais.Esta iconicidade mais evidentes nas estruturas das línguas de sinais do que nas orais deve-se a este fatoe ao fato de que o espaçoparece ser mais concretoe palpável doque o tempo,dimensãoutilizada pelas línguas orais-auditivas quandoconstituemsuas estruturas através de seqüências sonoras que basicamente se transmitemtemporalmente. Entretanto,as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou o retrato fiel da realidade.Cada língua de sinais representa seus referentes, ainda que de forma icônica, convencionalmente porque cada uma vê os objetos,seres e eventos representados em seus sinais ou palavras sob uma determinada ótica ou perspectiva. Por exemplo,o sinal ÁRVORE em LIBRAS representa o tronco da árvore através do antebraçoe os galhos e as folhas através da mão aberta e do movimentointerno dos seus dedos.Porém, o sinal para o mesmo conceitoem CSL (língua de sinais chinesa) representa apenas o tronco com as duas mãos semiabertas e os dedos dobrados de forma circular. Em LIBRAS,o sinal CARRO/DIRIGIR é icônico porque representa o ato de dirigir, porém, é tambémconvencional porque em outras línguas de sinais não toma necessariamente este aspectodos referentes ‘carro’ e ‘ato de dirigir’ como motivaçãode sua forma mas sim outros.
  • 4. Este caráter convencional dos sinais icônicos atribui a ele um status linguísticopostoque é conhecidoo fatode que as palavras das línguas em geral são arbitrárias. Com isso queremos dizerque ao invés de rotular todos os chamados signos lingüísticos de arbitrários,seria melhor considerar que alguns são motivados ou icônicos,porém, todos são convencionais. Esta proposta não toma como base apenas as línguas de sinais mas tambémas línguas orais. Estas têm sidoestudadas nos últimos anos em seus aspectos tambémicônicos.No intuitode tornar alguns conceitos e descriçãode eventos mais visíveis,palpáveise concretos, as línguas orais usam noções espaciais para traduzí-las.Por exemplo,alguns conceitos temporais são espacializados(uma semana atrás, “week ahead”(uma semana à frente)). Alguns eventos são estruturados cronologicamente ou de forma a reproduzira sua natureza contínua ou iterativa (“ele saiu correndo, tropeçouno balde e caiu” ao invés de “ele caiu porque tropeçou no balde quando saiu correndo”; e “ele correu, correu, correu até não agüentar mais”). Cada vez mais alguns lingüístas têm salientadoestruturas icônicas ou motivadas nas línguas orais o que mostra que esta característica não se encontra presente apenas nas línguas de sinais e que, portanto,melhor seria preconizara convencionalidadecomo propriedade universal dos “signos” ou formas lingüísticas em detrimentoda arbitrariedade. Com o que dissemos até aqui, podemos concluir que o meio ou canal que distingue as línguas orais das línguas de sinais pode privilegiare explorar características próprias docanal na constituiçãodas estruturas lingüísticas e na sua articulaçãoe percepção.Podemmesmo impor restrições aos mecanismos gramaticais como demonstraremos no decorrer deste texto. Entretanto,essas duas modalidadesde língua apresentamde forma, às vezes, distinta estruturas geradas a partirde princípios universais e, portanto,comuns. Basicamente,línguas de sinais e línguas orais são muito semelhantes.As gramáticas particulares das línguas orais e das línguas de sinais são intrinsecamente as mesmas postoque seus princípios básicos são respeitados em ambas as modalidades:elas são dotadas de dupla articulação(estruturam-se a partirde unidades mínimas distintivas e de morfemas ou unidades mínimas de significado), usam a produtividade comomeio de estruturar novas formas a partir de outras já existentes, estruturam suas sentenças a partirdos mesmos tipos de constituintes e categorias lingüísticas,suas sentenças são estruturadas sempre em torno de um núcleo com valência,isto é, o núcleo que requer os argumentos (complementos)necessários para a completude dosignificado que veicula.Todas essas colocações serão discutidas a seguir através da descriçãode aspectos estruturais da LIBRAS, os quais serão comparados, sempre que possível,com os equivalentes emLíngua Portuguesa, no intuitode salientar as diferenças e as semelhanças entre as duas línguas.
  • 5. No entanto,antes de passarmos à descriçãopropriamente dita da LIBRAS,é bom enfatizarque como todas as línguas ela é natural, isto é, ela é por definiçãonatural. Assim, não é adequadodizerque a LIBRAS é a língua natural dos surdos brasileiros.Não, ela é natural devidoà sua própria natureza o que a opõe a sistemas artificiais comoo Esperanto,o Gestuno (sistema de sinais semelhante a um “pidgin” utilizadopor surdos de vários países em sua interação em eventos e encontros internacionais),os diferentes códigos de comunicação(de trânsito, das abelhas,dos golfinhos, etc.) e as diferentes linguas orais sinalizadas (português sinalizado,inglês sinalizado,...). Dessa forma, considera-se que a LIBRAS é ou deve ser a língua materna dos surdos não porque é a língua natural dos surdos mas sim porque,tendo os surdos bloqueios para a aquisiçãoespontânea de qualquer língua natural oral, eles sim é que só vão ter acesso a uma língua materna que não seja veiculada através do canal oral-auditivo. Esta língua poderia ser uma língua cujo canal seria o tato. Porém, como a alternativa existente às línguas orais são as línguas de sinais estas se prestamàs suas necessidades.As línguas de sinais são, pois, tão naturais quanto as orais para todos nós e, para os surdos, elas são mais acessíveis devidoao bloqueiooral-auditivoque apresentam,porém, não são mais fáceis nem menos complexas.Os surdos são pessoas e, como tal, são dotados de linguagem assim como todos nós. Precisam apenas de uma modalidade de língua que possampercebere articularfacilmente para ativar seu potencial lingüísticoe,consequentemente,os outros e para que possamatuar na sociedade como cidadãos normais. Eles possuemo potencial.Falta-lhes o meio. E a Língua Brasileira de Sinais é o principal meioque se lhes apresenta para “deslanchar” esse processo.