3.
LINGUAGEM
FACULDADE DADA PELA NATUREZA (NÃO É A LGM Q É NATURAL, MAS A
FACULDADE DE CONSTITUIR UMA LÍNGUA), HETEROGÊNEA E MULTIFACETADA,
COM ASPECTOS FÍSICOS (ONDAS SONORAS), FISIOLÓGICOS (ORGÃOS VOCAIS) E
PSÍQUICOS (IDÉIA), NÃO SE DEIXA CLASSIFICAR – UNIDADE IMPOSSÍVEL DE
DESCOBRIR – E PERTENCE AO SOCIAL E INDIVIDUAL
LÍNGUA + FALA
PROD. SOCIAL PROD. INDIVIDUAL
(SIST. ESTABELECIDO/PROD. DO PASSADO - (EM EVOLUÇÃO/ATUALIZADA
PROD. DE CONVENÇAO ESTABELECIDA - FAZ EVOLUIR A LÍNGUA)
ENTRE MEMBROS DE UM GRUPO)
ADQUIRIDA – EXTERIOR AO INDIV. MANIF. EXTERNA DA LÍNGUA
INSTRUMENTO E PRODUTO DA LÍNGUA
PSICOLÓGICA PSICOFÍSICA
PARTE ESSENCIAL (DEFINIDA) PARTE ACESSÓRIA (+/- ACIDENTAL)
PROD. REGISTRADO PASSIVAMENTE ATO DE VONTADE
HOMOGÊNEA (SIST. DE SIGNOS)
NATUREZA CONCRETA (SIGNOS: REALIDADES
COM SEDE NO CÉREBRO E TANGÍVEIS NA ESCRITA)
CLASSIFICÁVEL
UNIDADE POR SI SÓ -> OBJ. DA LINGUÍSTICA - 1º LUGAR NOS FATOS DA LGM
3
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. 23ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
4.
LÍNGUA: LINGUAGEM - FALA
Sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas -> unidade da linguagem.
Não exercemos a fala (instrumento e produto da língua) sem o instrumento criado pela
sociedade para exercitá-la: a língua (instrumento e produto da fala).
Língua: 1 + 1 + 1... = padrão coletivo (apesar dos dialetos, a língua é comum)
Fala: 1‟ + 1‟ +... = soma de casos particulares (combinações individuais)
Tesouro depositado pela prática da fala em indivíduos da mesma comunidade.
Sistema de valores, conjunto organizado de signos definidos por sua diferença em rel. a
outros signos e pela rel. com o conjunto.
O SIGNO (unidade linguística) ESCAPA À VONTADE INDIVIDUAL OU SOCIAL
(Semiologia: ciência dos signos).
Só seria atingida na totalidade se pudéssemos abarcar todas as imagens verbais
armazenadas em todos os indivíduos -> Sistema gramatical que existe virtualmente nos
cérebros de um conj. de indivíduos, não completo em nenhum, só completo na massa.
Parte psíquica do circuito da fala-> conceito/sgdo + imag. acústica/sgte = signo.
Sistema de valores puros que nada determina fora do estado (sincronia/linguística
estática) momentâneo de seus termos (q importa ao falante).
A língua depende: da ação do tempo (1 tempo não a modifica); dos falantes (1 indivíduo
não a modifica) -> uma evolução na língua é precedida por uma multidão de fatos
similares na fala no decorrer de um tempo.
O sistema da língua é imutável em si mesmo -> metáfora do sist. solar: se um planeta
mudar de peso, surgirá outro sistema – as alterações não são no sistema, mas num de seus
elementos. 4
5.
Antes da língua o pensamento é uma massa amorfa indistinta que, associada à massa
fônica, formata-a de modo particular: NADA É DISTINTO ANTES DA LÍNGUA.
massa amorfa do pensamento formatada -> conceito/sgdo
massa amorfa fônica formatada -> imag. acústica/sgte
=
Signo (forma) <-> LÍNGUA
PAPEL DA LÍNGUA
Servir de intermediária entre pensamento e som (signo de uma ideia).
A língua é um sistema em que todos os termos são solidários, e o valor de um termo
resulta da presença simultânea de outros termos (identidade e diferença): o valor de um
termo pode mudar só porque mudou o de outro.
O que permite o funcionamento da língua é o sistema de valores construído a partir das
rels. sintagmáticas (por relacionarmos com seu caráter linear) e das rels. associativas (por
associação mental) entre as uns. linguísticas (signos, q podem ser percebidos no nível
fonológico, morfológico e sintático).
5
6.
NÃO EXISTE UMA E UMA SÓ DEFINIÇÃO DE
LÍNGUA!
6
TEORIAS LINGUÍSTICAS
MAIS IMPORTANTES
7. (CASTILHO, <http://www.museulinguaportuguesa.org.br/colunas_interna.php?id_coluna=14>)
Do ponto de vista mental, a língua é uma
propriedade dos seres humanos, inscrita no seu
código genético, que lhes permite adquiri-la, e nela
pensar e se comunicar.
Séc. XIX: Humboldt;
séc. XX: Chomsky (estudos sobre aquisição da
linguagem, gramática gerativa, gramática
cognitivista, Linguística cognitivista).
7
Teoria 1: “a língua é uma
atividade mental”
8.
TEORIA GERATIVISTA (INTERNALISTA):
GERAÇÃO DE SEQUÊNCIAS BEM FORMADAS DA LÍNGUA
RELAÇÃO LINGUAGEM/MENTE (MENTALISMO) -> Há um componente na mente
humana dedicado à linguagem (já se descobriu um gene) que interage com outros
sistemas mentais.
TEORIA DOS PRINCÍPIOS E PARÂMETROS (PROGRAMA MINIMALISTA):
As línguas operam com propriedades mínimas distintivas -> traços.
A LÍNGUA tem traços que montam itens lexicais (palavras) que serão usados por
“operações computacionais” fixas para constituir “representações semânticas”
uniformes.
FACULDADE DA LINGUAGEM
(órgão da linguagem - como existem outros órgãos no organismo humano)
ESTÁGIO INICIAL (ei) ESTÁGIO FINAL (PÓS EXPERIÊNCIA)
Se encaixa em sistemas que devem poder “ler” as expressões da língua e usá-las para
instruir o pensamento e a ação.
Propriedade da espécie humana – evolução biológica.
8
CHOMSKY, N. Linguagem e mente. Brasília: Editora UnB, 1998.
9.
LÍNGUA
Resultado da ação recíproca do “ei” e da experiência (analisáveis).
Podemos estudar até a comunicação das abelhas - diferente de Benveniste (*).
(*) Segundo Benveniste, embora seja bem preciso o sistema de comunicação das abelhas -
ou de qualquer outro animal - ele não constitui uma linguagem, no sentido em que o
termo é empregado quando se trata de linguagem humana. Na linguagem das abelhas há
a percepção de signos que são compreensíveis para as outras abelhas da colmeia. Assim,
podemos observar que essa comunicação é entendida pelas outras abelhas de forma única
para aquele grupo. Então podemos dizer que a comunicação das abelhas não é uma
linguagem, mas sim um código de sinais no qual esse sistema de transmissão da
comunicação está inscrito dentro de uma comunidade e todos seus integrantes irão
compreendê-lo da mesma forma.
Há 1 só língua (estr. profunda), com diferença nas margens (estr. de superf. – as
minoritárias diferenças importam muito mais que a maioria em comum – gerada por
profundas transformações).
COMPETÊNCIA
Conhecimento mental/interno que o falante tem de sua língua -> igual para todos.
DESEMPENHO
Uso concreto da língua -> varia conforme as condições socioculturais.
LINGUAGEM
Não é um sistema social de comunicação, mas um meio de expressão do pensamento!9
10. (CASTILHO, <http://www.museulinguaportuguesa.org.br/colunas_interna.php?id_coluna=14>)
Do ponto de vista gramatical, a língua é um sistema
abstrato, é uma estrutura suficientemente complexa
para recolher todas as variáveis.
Estudos saussurianos - inclui pontos de vista sobre
as unidades linguísticas e sobre os níveis
hierárquicos que compõem a estrutura linguística.
10
Teoria 2:
“a língua é uma estrutura”
11.
SISTEMA: Organização e adequação das partes numa estrutura que explica seus
elementos.
ESTRUTURALISTAS: Procuram na rel. dos fonemas entre si o modelo da “estrutura”
geral dos “sistemas” linguísticos – filiam-se a Saussure: “A sociedade tb. é uma estrutura
com identidades e diferenças que permitem um jogo”(BENVENISTE, 1999).
LÍNGUA
COMO REPERTÓRIO COMO ATIVIDADE (1) MANIFESTADA
DE SIGNOS NAS INSTÂNCIAS DE DISCURSO/
ENUNCIADOS (atos cada vez únicos pelos quais
o locutor atualiza a língua em palavra, enunciando):
não se concebe língua sem pessoa - eu/tu –ele (2)
CARACTERIZADAS POR ÍNDICES
PRÓPRIOS (REFERENTES)
SIST. SEMIÓTICO SIST. SEMÂNTICO
(CUJA UN. É O SIGNO - DE DUPLA FACE)
COMO FORMA COMO ENUNCIADO
(= Saussure) DISCURSO
(1) Na análise dos pronomes pessoais, Benveniste reconhece a natureza da subjetividade,
percebendo a necessidade de distinguir a língua como repertório de signos e a língua
como „atividade‟ manifestada nas instâncias de discurso.
(2) Não pessoa.
11
BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral I. 4ª Ed. Campinas: Pontes, 1995.
12.
LÍNGUAGEM
SISTEMA DE SIGNOS ASSUMIDA POR UM “EU”
(= língua de Saussure) (= fala de Saussure)
(cada locutor assume por sua
conta a linguagem inteira)
NÍVEL PRAGMÁTICO (tipo de linguagem
que contem o enunciado que contem “eu”)
COMO SISTEMA EM USO
INDIVIDUAL
DIALÓGICA (EU (*)/TU)
DISCURSO
(produto da linguagem colocada em uso por um locutor)
Eu não existo fora da linguagem – a linguagem define o indivíduo quando ele se enuncia
como locutor pela construção linguística particular de que se serve -> DISCURSO:
linguagem em uso.
Quando alguém se apropria da linguagem, ela vira INSTÂNCIAS DE
DISCURSO/ENUNCIADOS com referências internas cuja chave é o “eu”.
(*) Única pessoa que pode se manifestar.
12
13.
LÍNGUAGEM DISCURSO
NÃO É INSTRUMENTO DA COMUNICAÇÃO! CARÁTER PRAGMÁTICO
(diferente de Jakobson) LÍNGUA ASSUMIDA POR
UM HOMEM QUE FALA
ESTÁ NA NATUREZA DO HOMEM LINGUAGEM POSTA EM AÇÃO
(QUE NÃO A FABRICOU) E ENTRE INTERLOCUTORES
INSTRUMENTO DA LINGUAGEM
PROVOCA COMPORTAMENTO ÚNICA FORMA DE
NO INTERLOCUTOR COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA
PAPEL DE TRANSMISSÃO (ATÉ POR MEIOS
NÃO LINGUÍSTICOS – gestos...)
NATUREZA NÃO MATERIAL
FUNCIONAMENTO SIMBÓLICO
ORGANIZAÇÃO ARTICULADA
COM CONTEÚDO
PROPRIEDADE ASSOCIADA AO HOMEM (NÃO O ATINGIMOS FORA DELA) –
MANEIRA PELA QUAL O HOMEM SE CONSTITUI COMO SUJEITO
FUNDAMENTA A SUBJETIVIDADE (CUJO FUNDAMENTO
ESTÁ NO EXERC. DA LÍNGUA)
CONDIÇÃO FUNDAMENTAL: POLARIDADE DAS PESSOAS
(CADA LOCUTOR SE APRES. COMO SUJEITO NA LINGUAGEM, REMETENDO A ELE
MESMO COMO “EU” NO SEU DISCURSO (“EU” PROPÕE OUTRA PES. QUE,
EMBORA EXTERIOR A MIM, TORNA-SE MEU ECO) –
A REALIDADE DO “EU” REMETE À REALIDADE DO DISCURSO
CONSEQUÊNCIA PRAGMÁTICA DA LINGUAGEM: COMUNICAÇÃO 13
14.
LÍNGUA
domínio do sentido
2 MODALIDADES/NÍVEIS DE SENTIDO
SEMIÓTICO SEMÂNTICO
(= Saussure)
FECHADO ABERTO
LÍNGUA LÍNGUA E CULTURA
(deriva de sistema de valores –
branco: paz ou luto)
O papel da língua é o de representar, tomar o lugar de outra coisa, tornando-se
substitutivo.
O fundamento da Linguística é o simbólico da língua como poder de significação –
todo mecanismo de cultura é simbólico.
Propõe 2 TIPOS DE ANÁLISE
INTRALINGUÍSTICA TRANSLINGUÍSTICA
SEMIÓTICA SEMÂNTICA
(introduz língua como)
SIGNIFICAR COMUNICAR
UN. SIGNO DISCURSO
PROPR. INTERNA DA LÍNGUA LÍNGUA EM AÇÃO14
BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral II. Campinas: Pontes, 1999.
15.
ENUNCIAÇÃO:
Colocar a língua em funcionamento por um ato individual de utilização.
Ato de produção do enunciado (e não o texto do enunciado).
Antes da enunciação, a língua é só uma possibilidade; depois dela, a língua é efetuada
numa instância do discurso, introduzindo um locutor.
A ENUNCIAÇÃO constitui um CENTRO DE REFERÊNCIA INTERNO.
Na língua, há signos plenos e signos vazios que só existem pela enunciação e na rel.
aqui/agora do locutor/enunciador.
O locutor usa a língua como instrumento para influenciar o alocutário.
15
16. (CASTILHO, <http://www.museulinguaportuguesa.org.br/colunas_interna.php?id_coluna=14>)
Do ponto de vista social, a língua é um feixe de variantes, visto que ela
resulta do conjunto das variações.
A Gramática deixa de ser uma disciplina científica autônoma, buscando
pontos de contato com a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a
Semiologia, a Ciência Política, a História e a Filosofia.
A gramática da língua assim concebida é um conjunto de regras em que se
procura correlacionar as classes, as relações e as funções com as situações
sociais concretas em que elas foram geradas. Para situar a língua em seu
contexto social, essa GRAMÁTICA FUNCIONALISTA ultrapassa o
limite da sentença, e avança na análise dos textos extensos.
Halliday propõe uma mudança de enfoque mediante a concentração da
atenção nos usuários e nos usos da língua, mediante uma valorização do
emissor, do receptor e da variação linguística no quadro da reflexão
gramatical.
16
Teoria 3: “a língua é uma
atividade social”
17.
LINGUÍSTICA -> LINGUAGEM EM TODOS OS SEUS ASPECTOS
NO ATO E EM EVOLUÇÃO / NASCENTE E EM DISSOLUÇÃO (INCLUI A FALA -
fonologia - AFASIAS)
LINGUAGEM -> DUPLO CARÁTER:
FUNÇÃO DISTINTIVA (FONEMAS) + FUNÇÃO SIGNIFICATIVA (MORFEMAS)
FALA: Seleção (P) de palavras (morfemas, fonemas...) a serem combinadas (S) em frases:
enunciado.
Quem fala não é livre (é apenas um usuário de palavras), mas seleciona dentro de um
repertorio lexical limitado (comum entre EMISSOR e DESTINATÁRIO):
o ATO DE FALA exige um CÓDIGO COMUM - o código impõe limitações de
combinações.
Diferentes artes são comparáveis (pode-se converter um livro num filme, balé...) e
pertencem não só à linguagem, mas a toda semiótica (Semiótica: ciência dos signos) -
traços pansemióticos: compartilhados por vários sistemas de signos, entre eles a
linguagem.
O que varia nas línguas são os aspectos gramaticais, mas o significado pode ser expresso
identicamente - se uma língua tiver menos aspectos gramaticais, não significa que seja
mais obscura.
A diferença entre as línguas está no que deve ou não ser expresso pelo falante, e não no
que se possa ou não exprimir - mas, existem aspectos da informação – gramaticais –
obrigatórios em todas as línguas.
17
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 20ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2005.
18.
LINGUAGEM
ESTRUTURA BIPOLAR
POLO METAFÓRICO POLO METONÍMICO
SIMILARIDADE CONTIGUIDADE
(usamos mais um ou outro polo, conforme o “estilo”)
2 MODOS DE ARRANJO DO SIGNO QUE A LINGUAGEM UTILIZA
SELEÇÃO COMBINAÇÃO
SUBSTITUIÇÃO CONTEXTURA
CONCATENAÇÃO (no tempo)
CONCORRÊNCIA (Saussure não viu -
crença no caráter linear da linguagem)
ASSOC. AO CÓDIGO ASSOC. AO CÓDIGO E À MSG./CONTEXTO
rel. interna - in absentia rel. externa - in praesentia
Poesia Prosa
Romantismo, Simbolismo, Surrealismo Realismo, Cubismo
18
19.
A linguagem é um instrumento que serve para transmitir informações – não se pode
descrever suas partes sem descrever suas funções – e deve ser estudada em toda
variedade de suas funções (FUNCIONALISMO).
PROCESSO LINGUÍSTICO: Ato de comunicação verbal que requer 6 fatores e determina
as 6 FUNÇÕES DA LINGUAGEM:
emotiva: determinada pelo emissor, que visa exprimir a sua atitude perante aquilo de
que está a falar, uma emoção em relação ao assunto que está a tratar (ex.: "Estou
encantada com esta visita.");
conativa: em mensagens centradas no destinatário, tentando influenciá-lo ou levá-lo a
agir (ex.: "Fale um pouco mais alto, por favor.");
referencial: na generalidade das mensagens e é determinada pelo contexto: o emissor tem
a intenção de informar, de referir, de descrever uma situação um estado de coisas, um
acontecimento,. etc. (ex.: "Ontem, em Coimbra, a temperatura atingiu os 32 graus.");
poética: determinada pela mensagem, valorizada por um recurso expressivo (ex.: "Ó mar
salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!");
metalinguística: quando há a preocupação em esclarecer aspectos do código, quando o
emissor e o receptor sentem necessidade de clarificar se estão a referir-se ao mesmo, se
não há ambiguidades, etc. (ex.: "Quando disse chá, queria referir-me àquela bebida
aromática feita das folhas do chá e não a esta água de limão.")
fática: quando se pretende estabelecer ou manter o contato com o interlocutor, ver se ele
está a prestar atenção ou verificar se o canal funciona (ex.: "Estás a ouvir-me?... Sim,
claro.").
19
20.
O estudo das FUNÇÕES DA LINGUAGEM tem sido feito por vários linguistas, além de
Jakobson (anos 50), como Karl Buhler, John Lyons e M. A. K. Halliday
(<http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=8220>).
BUHLER APRESENTA TRÊS FUNÇÕES DA LINGUAGEM:
representativa: a língua é um sistema de representação de tudo aquilo que constitui para
o homem o pensável, tem a função de elaboração do pensamento; através da língua o
homem veicula o mundo exterior e interior;
expressiva: ao utilizar a língua, o sujeito falante manifesta uma atitude, uma posição, um
ponto de vista (de natureza intelectual, psicológica, moral ou afetiva) em relação àquilo
de que fala;
apelativa: o emissor visa uma reação por parte do receptor da mensagem.
LYONS DEFINE TRÊS FUNÇÕES:
descritiva: idêntica à referencial de Jakobson;
expressiva: idêntica à emotiva de Jakobson;
social: de comunicação e integração na comunidade a que se pertence.
HALLIDAY CONSIDERA TRÊS (META)FUNÇÕES (*):
ideacional: a linguagem serve para organizar a experiência e a interpretação do real, com
a referência a tudo o que pretendemos (intervenientes, situações, espaço, tempo, etc.);
interpessoal: a linguagem serve para estabelecer relações entre as pessoas;
textual: a capacidade do falante em criar e reconhecer unidades textuais.
(*) FAIRCLOUGH: significados textuais acionais, identitários e representacionais
20
22.
As esferas de atividade humana estão relacionadas com o uso da língua, que se efetua na
forma de enunciados (unidades reais de comunicação), concretos e únicos (individuais)
que emanam dos integrantes de uma dada esfera.
A língua penetra na vida através de enunciados concretos que a realizam e a vida penetra
na língua através dos enunciados concretos .
Apenas no enunciado a língua se encarna individualmente.
Os estilos da língua pertencem por natureza ao gênero do discurso (forma prescritiva do
enunciado).
A língua requer o locutor e o objeto de seu discurso.
NATUREZA DA LÍNGUA
Ter compreensão responsiva ativa
(comunicação verbal– o diálogo é a forma clássica).
22
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. M. Estética da
Criação Verbal. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 277-326.
23.
Para ele o único objeto real e material de que dispomos para entender o fenômeno da
linguagem humana é o exercício da fala em sociedade.
[...] Para ele, a língua — que Saussure considera o objeto da linguística — não passa de um
modelo abstrato, construído pelo teórico a partir da linguagem viva a real. Coerentemente
Saussure afirmava que “não é o objeto que precede o ponto de vista, mas é o ponto de vista que cria
o objeto”. No caso da linguística é exatamente o que ocorre: o seu objeto é criado a partir do ponto
de vista de que a linguagem humana não pode ser objeto de conhecimento científico, assim como o
exercício da fala.
[...] Mas, muito mais do que isto, para Bakhtin, já que se trata de linguagem e não de língua, a
unidade básica não pode ser o signo, mas o enunciado. Um enunciado não é um signo pela
simples razão de que para existir ele exige a presença de um enunciador (quem fala, quem escreve)
e de um receptor (quem ouve, quem lê). O signo faz parte de uma construção teórica que dispensa
os sujeitos reais do discurso.
[...] TODA LINGUAGEM SÓ EXISTE NUM COMPLEXÍSSIMO SISTEMA DE
DIÁLOGOS, QUE NUNCA SE INTERROMPE.
[...] Portanto, por trás de cada texto está o sistema da linguagem. A esse sistema
correspondem no texto tudo o que Ž é repetido e reproduzido e tudo que pode ser repetido e
reproduzido, tudo o que pode ser dado fora de tal texto (o dado).
[...] Vemos assim que aquilo que diz respeito à língua é o que é repetível, o que é recorrente, o
que é reprodutível. O que, enfim, não tem identidade própria. Os fonemas (ou as letras na
linguagem escrita), os significantes, a sintaxe, enfim, os signos e sus regras de combinação, na
linguagem de Saussure. As mesmas palavras podem participar de enunciados diferentes, as
mesmas figuras de retórica, uma mesma construção sintática. Tudo isto fica no domínio da língua,
do aparato técnico da linguagem. (RIBEIRO, <
http://revistabrasil.org/revista/artigos/crise.htm>)
23