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JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Homenagem do JB News aos Irmãos de Lisboa - Portugal
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Bloco 1-Almanaque
Bloco 2-IrRui Bandeira – Beleza (Coluna Semanal)
Bloco 3-IrJoão Anatalino Rodrigues – A Maçonaria Rosa-Cruz – O Simbolismo da Rosa-Cruz
Bloco 4-IrAnestor Porfírio da Silva – A Maçonaria Incompreendida, apesar de Justa e Perfeita
Bloco 5-IrRubi Rodrigues – A Missão Permanente da Maçonaria ( do Site O Ponto Dentro do Círculo)
Bloco 6-IrJosé Carlos Araújo – A Localização das Colunas “J" e “B”
Bloco 7-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 22 de setembro. Versos do Irmão e Poeta Raimundo
Augusto Corado
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 2/35
22 de setembro
490 a.C. – O rei Dário dos persas, foi derrotado em Maratona pelo exército
grego.
1609 — Meio milhão de mouros foram expulsos de Espanha.
1738 — Maçons alemães, para contornar as dificuldades colocadas no
terreno com a bula do papa Clemente XII e dos éditos imperiais da imp.
austríaca Maria Teresa, inimiga feroz da maçonaria apesar de seu marido
Francisco I ser maçon, instituíram em Viena a Ordem dos Mopses, que admitia homens e
mulheres, obrigatoriamente católicos.
1767 — Nasceu em Viana do Minho, João da Cunha Sotto-Mayor, doutor em
leis por Coimbra, magistrado, desembargador na Relação do Porto e na casa de
supliciação de Lisboa, membro do Sup. Trib. de Justiça, fiscal de diamantes em
Cerro Frio, Minas Gerais, liberal e membro do Sinédrio, deputado e par-do-
reino, iniciado maçon, cavaleiro Rosa-Cruz, foi G.M. do G.O.L. de 1821/3?
(30/11/1850).
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e
www.google.com.br
Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 266º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Cheia)
Faltam 100 para terminar este ano bissexto
Semana Nacional do Trânsito ; dia do Técnico Agripecuário, dia da Defesa da Fauna,
dia da Banana e dia Mundial Sem Carro.
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
EFEMÉRIDES DO DIA -Ir Daniel Madeira de Castro (Lisboa)
(Fonte: Livro das Efemérides - Históricas, Políticas, Maçônicas e Sociais - 2016)
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 3/35
1791 — Nasceu em Newington, Michael Faraday, físico-químico, cientista,
descobriu ligações do cloro e do carbono, liquefação dos gases, liquefez
cloro, anidrido carbónico, amoníaco, anidrido sulfuroso e cloreto de
hidrogénio, identificou o benzeno. Desenvolveu trabalhos sobre a indução
eletromagnética, auto-indução, leis da eletrólise e as linhas de força dos
imanes, a partir das suas experiências foi possível começar a medir a
magnitude elétrica
(25/8/1867).
1804 – Foi criada em Paris a G.L. Générale Écossaise de France
albergando o R.E.A.A..
1861 – Otto van Bismark tornou-se primeiro ministro da Prússia, tendo
dotes de grande estadista, deu cabo do império francês em 1870.
1862 – O pres. dos E.U.A Abraham Lincoln, maçon (12/2/1809), declarou a libertação
de todos os escravos a
partir de 1 de janeiro seguinte na proclamação da emancipação.
1872 – Criada a Ordem do Santuário Místico, ou Ancient Arabic Order
Nobles oh the Mystic Shrine, exclusiva aos Maçons do Grau 32º do
R.E.A.A. e aos Cavaleiros Templários do Rito York.
1875 – Revistas e aprovadas no congresso de Lausanne, as Grandes
Constituições de 1786 do R.E.A.A..
1889 – Nasceu em Messkirch, Baden, Martin Heidegger, filósofo alemão,
teve as suas origens na ontologia e na fenomenologia Viveu sempre na
Alemanha. Em 1927 publicou a sua mais conhecida obra: Ser e Tempo. Em
1933 aderiu ao nazismo, tornando-se o primeiro reitor nazi (nacional-
socialista) da Univ. de Friburgo, onde havia estudado. Repudiou as suas
ligações a Husserl, dado que o mesmo era judeu, criticado pela comunidade
académica, demitiu-se no ano seguinte. Após a 2a Guerra Mundial, devido ao seu passado
nazi, foi proibido de ensinar. Obras: O Que é uma Coisa?, Kant e o Problema da Metafísica,
Que é a Metafísica?, Que é a Filosofia?, O Princípio do Fundamento, Carta sobre o
Humanismo, Que Significa Pensar?, etc. (26/5/1976).
1900 – Instalada na Figueira da Foz, a Loja Fernandes Thomaz, n°
212 do G.O.L., no R. F., separou--se em 1909 e foi readmitida em
20/7/1923, hoje pratica o R.E.A.A..
1907 – Colocada na Figueira da Foz a primeira
pedra da estátua de homenagem a Fernandes Tomás, iniciativa
apoiada pelo governo e pelo rei e que teve como oradores António José
de Almeida e António Pinto dos Santos.
1908 – Reconhecida a liberdade da Bulgária.
1932 – Abdel-Aziz se torna o primeiro rei da Arábia Saudita.
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1942 – Primeiro número do jornal diário vespertino Diário Popular, cuja última
publicação se verificou em 28/8/1991.
949 – A U.R.S.S. concluiu a sua primeira experiência atómica.
0 – Independência do Mali.
1976 – Portugal aderiu ao Conselho da Europa (5/5/1849).
1980 – Despontou-se a guerra santa Irão-Iraque, após a denúncia do acordo de 1975
sobre as fronteiras entre os dois países, com a invasão iraniana e destruição da refinaria
de Abadan, entre Saddam Hussein e o ayatolah Khomeiny.
1981 – O combóio de alta velocidade – TGV - foi inaugurado na ligação
Paris-Lyon, à velocidade de 251 kms/h.
1989 – Faleceu em Nova Iorque, Irving Berlin, nascido em Berlim em
maio de 1888, compositor musical Natal Branco e God Bless America.
2001 – Morreu em Lisboa, Gustavo Alberto Caratão Soromenho, maçon (20/11/1907).
1872 Criada a Ordem do Santuário Místico, ou Ancient Arabic Order Nobles oh the Mystic Shrine,
exclusiva aos Maçons do Grau 32 do REAA e aos Cavaleiros Templários do Rito York.
1875 Revisadas e aprovadas as Grandes Constituições de 1786 no Congresso de Lausanne.
1970 1ª. Assembléia dos Supremos Conselhos do REAA: dos 22 existentes, 9 compareceram a Lausanne
(1875) e só 8 concordaram com a supressão da crença em Deus. Invalidado em 1970
1982 Fundação da Loja Fraternidade Josefense nr. 30 (GLSC) de São José - SC
Fatos maçônicos do dia
Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 5/35
Florianópolis vai sediar nos dias 14 e 15 de outubro o
XXIII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas
Clique aqui e faça sua Inscrição
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 6/35
Ir Rui Bandeira
Obreiro da R. L. Mestre Affonso Domingues, n.º 5
da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.
Escreve às quintas-feiras neste espaço
Este e outros artigos de sua autoria
podem ser lidos no blog
http://a-partir-pedra.blogspot.com.br
BELEZA
O maçom procura revestir-se da caraterística da beleza. Não é,
obviamente, a física que importa. Até porque essa não depende de si, antes
da carga genética que lhe foi transmitida por seus ascendentes. A beleza
de que o maçom se procura revestir é a interior, resultante da pureza de
princípios, da firmeza de caráter, do aprumo moral e da tolerância para
com os outros, que deve ser seu apanágio.
Pureza de princípios que constitui o pano de fundo de toda a atuação do
Homem. Quem tiver adquirido, e os viver como integrantes do seu ser, os
princípios básicos do respeito para com o Outro, que constituem os
fundamentos da Civilização, não cometerá agressões contra o seu
semelhante. O respeito pela Vida, pela Integridade, pela Liberdade, pela
Democracia, pela Igualdade são meros e naturais corolários desses
princípios básicos, tão naturais como a faculdade de respirar!
Firmeza de caráter para moldar sua personalidade, combatendo suas
fraquezas, mas também para arrostar com as inevitáveis dificuldades que
a vida sempre coloca, sem nunca pôr em causa nem incumprir os
princípios básicos que devem nortear sua conduta.
Aprumo moral como ferramenta para distinção entre o Bem e o Mal, em
todas as suas manifestações e circunstâncias, em especial quando umas
ou outras os tornam de difícil destrinça.
Tolerância para com os outros como contrapartida da necessidade de pelos
outros vermos toleradas nossas próprias imperfeições.
Quem interiorizar estas simples, mas tão exigentes, regras poderá ser
fisicamente horrível, mas acabará por ser reconhecido como Belo por todos
aqueles que sabem ver para além das meras e efémeras aparências.
2 – Beleza
Rui Bandeira
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 7/35
Mas o maçom não procura apenas ter a Beleza em si, procura que as suas
obras sejam dotadas dessa caraterística. Isto é, não basta que suas ações,
suas criações, suas obras sejam sábias e fortes, devem também ser belas.
É a beleza que aproxima da perfeição o que se construiu com Sabedoria e
Força. Entre dois edifícios, ambos igualmente perfeitamente projetados e
edificados, com o recurso a todos os conhecimentos da arte de construir,
ambos firmes, fortes e duráveis, qualquer de nós preferirá o que é
esteticamente bonito, agradável ao que não possua essa caraterística.
Buscar dotar as nossas obras de Beleza não é uma futilidade. É uma
procura da perfeição possível na atividade humana.
O Belo é divino!
O Templo do maçom é assim sustentado também por esta terceira coluna,
a da Beleza.
E assim, buscando nós próprios dotar-nos e dotar nossas ações de
Sabedoria, de Força e de Beleza nos aproximamos, tanto quanto ao
Homem é possível, da Divina Perfeição.
Rui Bandeira
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 8/35
O Irmão João Anatalino Rodrigues,
é palestrante, escritor e colunista do
JB News, aos domingos.
jjnatal@gmail.com -
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
A MAÇONARIA ROSA-CRUZ
O Simbolismo da Rosa-Cruz
O simbolismo da Rosa-Cruz reflete a profunda interação existente entre as três grandes
tradições que mais influenciaram o pensamento humano na época de transição entre a chamada
Idade Média e a Idade Moderna. Ele é o fruto das grandes mudanças ocorridas no cenário cultural
do mundo ocidental, com o advento dos movimentos que ficaram conhecidos como Reforma
Protestante e Renascença. A primeira, como se sabe, provocou verdadeira revolução no campo da
religião, e a segunda, uma profunda mudança nos padrões de pensamento do homem ocidental.
O mito da Rosa-Cruz é um dos mais interessantes frutos do pensamento reformista que varreu
as consciências em fins do século XVII e início do século XVII. Ele resume a interação entre a
alquimia, a gnose e as tradições cavaleirescas, três grandes vertentes de pensamento herdadas da
Idade Média, as quais, influenciadas pela abertura proporcionada pela Renascença e pela
Reforma, deram nascimento a uma forma de pensar e viver completamente nova, a qual viria a
modificar toda a vida da sociedade ocidental.
Historicamente, sabe-se que a Rosa-Cruz, como sociedade organizada, nunca existiu antes do
século XIX. As chamadas Fraternidades da Rosa-Cruz (AMORC), que hoje são conhecidas por
esse nome, nada tem a ver com o grupo de pensadores hermetistas que, entre 1614 e 1616,
provocaram considerável comoção nos meios intelectuais da Europa, pelo lançamento de três
famosos documentos de caráter misterioso e ocultista, chamados Fama Fraternitatis R.C.,
Confessio Fraternitatis Rosae Crucis e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreutz. Estes
trabalhos, como demonstrados por Serge Huttin e Frances Yates, foram produzidos pelo
alquimista Johan Valentin Andreas, um dos pioneiros do chamado grupo de pensadores
rosacrucianos que viriam a provocar um grande impacto na cultura ocidental. Eram trabalhos que
refletiam não só o conflito religioso desencadeado pela Reforma, como também as disputas
dinásticas que ensanguentaram a Europa durante vários séculos.
A doutrina Rosa-Cruz
De acordo com os Manifestos Rosa-Cruzes, “iria ocorrer uma transformação no mundo da
política e do pensamento da humanidade” em razão dos segredos e da aplicação dos
conhecimentos que os rosa-cruzes possuíam. “Uma nova época de liberdade espiritual começaria
para a humanidade, na qual ela seria libertada dos grilhões que lhes impusera a Igreja Católica,
durante séculos.” Com essa mudança, diziam os Manifestos, o homem voltaria a fazer parte da
3 – A Maçonaria Rosa-Cruz – O Simbolismo da Rosa-Cruz
João Anatalino Rodrigues
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 9/35
natureza, e com ela conviveria harmoniosamente, numa relação de participação e colaboração
harmônica, e não como predador e dominador, como ocorria até então. Destarte, um “novo
homem”, semelhante ao que Giordano Bruno e os filósofos hermetistas profetizavam, nasceria
dessa relação. Seria um homem amante da beleza e da justiça, socialmente comprometido com as
ideias de progresso científico e material e espiritualmente preparado para professar uma nova
religião, isenta de dogmas, cimentada nas virtudes da igualdade, da liberdade e da fraternidade.
Professaria uma religião onde a única deusa seria a Justiça, tendo como base doutrinaria a beleza e
a ciência, que eram as fontes da verdadeira gnose. Essa seria a doutrina, que alguns anos mais
tarde, iria encantar a intelectualidade europeia e passaria a ser cultivada pela maioria deles com o
nome de Iluminismo.
Os Manifestos Rosa-Cruzes, como é óbvio, não revelavam nenhuma novidade no fervilhante
caldeirão cultural em que se transformara a Europa em fins do Século XVI e início do Século
XVII. Eram ideias que já vinham sendo cultivadas nos meios intelectuais da França, dos Países
Baixos e principalmente da Alemanha, onde havia uma população mais educada e meio cansada e
meio cansada da ditadura espiritual que lhes impunha a Igreja Romana. Ela encantou
especialmente os intelectuais, que só queriam uma justificativa filosófica para romper as amarras
que a Igreja colocava aos seus espíritos.
Os alquimistas, como Andreas e seu grupo, praticantes da chamada ciência hermética – um
misto de ciência natural e doutrina gnóstica – eram os que mais sofriam com a perseguição da
Igreja. Por isso, quando ocorreu a chamada Reforma Protestante, eles foram os primeiros a se aliar
aos rebeldes seguidores de Lutero no seu repudio á ditadura do clero católico. Lutero, por
coincidência, ou por afinidade com os rosa-cruzes, usava uma rosa como brasão de armas.
Assim, o mito da Rosa-Cruz, que refletia esse estado de coisas, pode ser contado como mais
um episódio da Reforma religiosa, pois o que ele refletia, na verdade, era uma crença que havia
sido tratada com muita desconfiança pela Igreja até então e não poucas vezes reprimida com muita
violência. Pode-se dizer que o rosacrucianismo foi a face esotérica do movimento luterano.
As consequências do pensamento rosa-cruz
Destarte, os Manifestos Rosa-Cruzes acabaram se tornando uma inteligente peça de mídia, que
valorizava a alquimia como prática científica e mistificava seus pretensos segredos e conquistas
no campo da ciência e do desenvolvimento espiritual, segredos esses que seus praticantes
pretendiam possuir e pretendiam usar para promover o desenvolvimento espiritual da humanidade.
Ao mesmo tempo serviam á causa da Reforma Protestante.
Essa proposta, como é óbvio, não podia agradar a Igreja de Roma, pois os rosa-cruzes, como é
óbvio, estavam se colocando como alternativa de orientação espiritual para o povo, ameaçando
assim, o monopólio de Roma. Tudo isso fazia parte do efervescente caldo cultural que fervilhava
na Europa na época. A Renascença havia permitido o desenvolvimento de um ideal estético que
valorizava o homem a partir dos antigos modelos greco-romanos de beleza e competência pessoal.
O culto ao humano, eclipsado durante a Idade Média pela valorização do ideal ascético, começou
a ganhar os principais centros intelectuais da Europa. A ciência, até então confinada aos mosteiros
e aos laboratórios dos alquimistas, começava a se renovar pelo uso da razão, sobrepujando a fé.
Multiplicaram-se as universidades e estas criavam centros de pesquisas, substituindo os antigos
laboratórios dos alquimistas na investigação dos fenômenos da natureza. Nascia assim a ciência
moderna. Teorias racionais de explicação do universo contrastavam com as velhas ideias
defendidas pela Igreja. O antigo alquimista, solitário pesquisador dos fenômenos da natureza,
deixava a sua fama de mago e tornava-se cientista, publicando os resultados de suas pesquisas e
compartilhando seus conhecimentos de uma forma mais aberta, sem o temor de ser levado á
fogueira como herético.
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 10/35
Em meio a tudo isso aconteceu uma revalorização do pensamento hermético e das teses
gnósticas, que haviam sido banidas dos meios acadêmicos pelo expurgo feito pela Igreja no
Concílio de Nicéia, quando a grande maioria dos escritos gnósticos e os trabalhos dos filósofos
hermetistas foram censurados e colocados na clandestinidade. Filósofos como Giordano Bruno,
Thomas Mórus, Marcilio Ficcino, Pico de La Mirándola, Roger Bacon e outros ressuscitaram as
utopias políticas cultivadas pelos pensadores neoplatônicos e as teses que fundamentavam as
antigas religiões solares, que encantaram os intelectuais nos primeiros séculos da Era Cristã. As
explicações do universo, admitidas pela Igreja, que eram centradas na filosofia de Aristóteles e no
hélio-centrismo de Ptolomeu foram substituída por uma nova ciência astronômica desenolvida por
cientistas como Galileu Galilei e Nicolau Copérnico.
Os Manifestos Rosa-Cruzes excitaram a imaginação popular e não foram poucos os
intelectuais que se sentiram atraídos pela “Fraternidade da Rosa-Cruz”. Mas como vimos, os
rosacrucianos, não estavam pregando nada de novo. Eles nada mais faziam do que divulgar teses e
crenças herméticas desenvolvidas por alquimistas e filósofos gnósticos e neoplatônicos. Seus
segredos eram aqueles que os alquimistas diziam ter descoberto em seus “magistérios”. Grupos
desses pensadores “rosacrucianos” já faziam parte ativa das Lojas maçônicas alemãs, francesas e
inglesas muito antes da união das Lojas londrinas e tinham introduzido nos rituais dessas Lojas
símbolos, alegorias, evocações e ensinamentos extraídos da tradição hermética e gnóstica. Muitos
deles estavam entre os chamados “maçons aceitos”, ou seja, pessoas que pelo seu perfil
intelectual, importância social ou poder político, as Lojas maçônicas da época tinham interesse em
cooptar. O termo “rosacruciano” tornou-se sinônimo de livre-pensador. Todo intelectual que não
se conformava com a “saia justa” que as autoridades religiosas queriam impor ao
pensamento se dizia, ou se julgava um “rosacruciano”. Voltaire, Isaac Newton,
Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, entre outros, eram tidos como “rosacrucianos”.
Assim, o pensamento Rosa-Cruz se fundiria com a tradição maçônica dos pedreiros
livres para gerar o que hoje conhecemos como Maçonaria Especulativa.
A Maçonaria e a Rosa-Cruz
Durante todo o século XVII as Lojas maçônicas da Europa conviveriam com essa verdadeira
Babel intelectual em que se tornara a Ordem maçônica. Maçons alquimistas, maçons gnósticos,
maçons cavaleiros, cada qual, conforme escreveu H.P. Marcy, “interpretando à sua vontade as
Velhas Constituições (as Old Charges), criando uma profusão de maneiras de fazer uma
iniciação, de conduzir uma reunião, de interpretar os símbolos e os ensinamentos maçônicos.” [1]
Em tese, podemos dizer que os Manifestos Rosa-Cruzes foram os correspondentes herméticos
da doutrina professada na Maçonaria especulativa e anteciparam em mais de um século os
estatutos da Ordem em sua face espiritualista, porquanto agasalharam em suas propostas a idéia de
Irmandade, que a Ordem Maçônica, secularizada e transformada em uma organização mundial,
iria perseguir em seus objetivos.
Por isso é que em que em todo o catecismo maçônico, desde o grau de aprendiz até os últimos
graus da sua cadeia iniciática, iremos encontrar temáticas inspiradas na tradição alquímica e na
doutrina Rosa-Cruz. Elas estão presentes na alegoria da Palavra Perdida, que é claramente um
tema hermético, da mesma forma que no mito da Fênix, o mítico pássaro que renasce das próprias
cinzas, que na verdade, é uma alegoria que se refere ao processo de obtenção da pedra filosofal, o
objetivo último de todo trabalho alquímico. Está presente também na expressiva simbologia do
ritual de iniciação do neófito maçom, na passagem do grau de aprendiz para companheiro quando
ele se transforma de mero trabalhador da pedra bruta em cinzelador da pedra cúbica (simbologia
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 11/35
do adepto alquimista na procura da pedra filosofal) e finalmente na passagem do companheiro
para mestre, quando, afinal, se dá a regeneração da matéria corrompida que se processa pelo
sacrifício simbólico do mestre do Templo. Pois na tradição alquímica o mestre só cedia seu lugar
ao seu discípulo com a sua morte.
É verdade que nos ritos maçônicos as referências ao processo alquímico foram transformadas
em alegorias de cunho simbólico para dar um caráter de esoterismo e transcendência á liturgia
ritualística que ali se representa. De outra forma, cristianizaram-se diversas alegorias de inspiração
hermética para dar aos iniciados uma aparência de doutrina alinhada com o pensamento cristão.
Dessa forma, temas como o da Palavra Perdida, que na origem se soletrava IHVH, (o
Tetragramaton dos gregos), passou a ser soletrada INRI, iniciais colocadas na cruz de Cristo, da
mesma forma que a fórmula da transmutação alquímica ganhou uma representação simbólica na
alegoria da morte do Mestre Hiram e a pedra filosofal, momento mágico de maior transcendência
da obra alquímica, passou a ser representada pela Rosa Mística, símbolo da transmutação
espiritual que se processa na alma do Adepto que é submetido á iniciação maçônica.
Dessa forma, não seria absurdo dizer que a doutrina professada na Maçonaria foi, em sua
essência, inspirada no pensamento Rosa-Cruz. E seria impossível aprofundarmos o estudo de uma
sem um sólido conhecimento da outra.
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 12/35
Anestor Porfírio da Silva
Anestor Porfírio da Silva
M.I. e membro ativo da ARLS Adelino Ferreira Machado
Or. de Hidrolândia-GoiáS
Conselheiro do Grande Oriente do Brasil/Goiás
anestorporfirio@gmail.com
A Maçonaria incompreendida,
apesar de Justa e Perfeita
Caminhando sempre ao lado da verdade, com inabalável crença na existência de um Ente
supremo, que é Deus, e na continuidade da vida após a morte, a Ordem Maçônica não atua como
religião, identificando-se apenas como uma associação espiritualista, de formação adequada e
compatível com a doutrina cristã, que se define nos dias atuais como uma verdadeira escola de
aprimoramento moral, intelectual e espiritual de seus iniciados, sendo talvez uma de suas mais
difíceis tarefas a elevação do nível de consciência do maçom, tirando-o - segundo consta de seus
rituais - das trevas da ignorância, através de ensinamentos que lhe possibilitem assimilar com
clareza o perfeito sentido da trilogia LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, valores
que, em conjunto, representam os fins supremos da Instituição.
Um aspecto esclarecedor de sua verdadeira personalidade aos não maçons é hoje a transparência.
Sua face, antes tida como oculta, insondável, se fez estampar-se publicamente nos últimos tempos.
Ela vem exibindo a sua identidade de modo claro e insofismável aos olhos dos curiosos, revelando
o conteúdo de arquivos que no passado eram tidos como sigilosos e mantidos em absoluto
segredo, mostrando não ter ela pacto com o demônio, não ser religião, não ser anticlerical e nem
serem seus Templos lugares onde se praticam rituais de magia negra. Ela é apenas uma instituição
de finalidade não lucrativa, que congrega homens de bons costumes, tementes a Deus,
pertencentes a diversas religiões e que age com seriedade na consecução de seus objetivos.
O fato se confirma porque as leis, os princípios e postulados sobre os quais ela se sustenta já
fazem parte de uma rica literatura que pode ser facilmente acessada por qualquer pessoa, bastando
apenas disposição de quem se encontre interessado, para navegar na internet ou dirigir-se a uma
boa livraria. Porém, neste sentido, há muitos trabalhos que atestam a verdade e outros tantos ou,
talvez mais, que partem de autores inescrupulosos, falsos e mentirosos, apenas para confundir as
mentes daqueles que não são maçons. Portanto, para se chegar a um juízo exato sobre o que é a
verdadeira maçonaria, é recomendável o máximo de cuidado na distinção entre o trabalho
elaborado com base em provas, com seriedade, com lisura, e aquilo que escrevem os invejosos, os
detratores e inimigos gratuitos da mencionada instituição, pois estes últimos se inspiram apenas
em suposições.
4–A Maçonaria Incompreendida, apesar de Justa e Perfeita
- Anestor Porfírio da Silva
JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 13/35
A maçonaria, como se sabe, não é algo abstrato. Ela para funcionar, a exemplo do que ocorre com
os demais empreendimentos de finalidades lícitas, precisa de ter personalidade de acordo com as
leis civis de cada país. No Brasil, é nos cartórios oficiais que são feitos os registros dos atos
constitutivos dos órgãos representativos da Instituição. Nesses atos acha-se definida a
personalidade jurídica de cada um deles (Lojas Maçônicas, Grão-Mestrados Estaduais, Distrital e
Grão-Mestrado Geral), assim como, suas respectivas atividades, forma de administração e a
finalidade a que cada um se propõe, tudo de forma pública à disposição de quem se interessar em
conhecê-los.
Há séculos marcando presença, praticamente em quase todos os países, exceto nos de governo
comunista, ela se mantém resoluta e no firme propósito de trabalhar pelo bem da humanidade,
sem se dissociar da obediência às leis civis, penais etc., do respeito à justiça e da defesa e
preservação dos insubstituíveis princípios da ética e da moral.
Sua história, documentada e registrada, descreve que óbices incontáveis foram postos à sua frente,
alguns quase insuperáveis, com o propósito de extingui-la ou, no mínimo, impedir o brilho de sua
trajetória que, ao final, foi vitoriosa, apesar das violentas perseguições a que foi submetida.
Apenas um desses óbices ainda existe, afirma a maçonaria, e que a sua superação só não foi
possível por estar o mesmo arraigado a injustificados sentimentos religiosos. É a rejeição que, há
séculos, os altos dignitários da Santa Sé têm por ela, mantendo-a sob censura e acusando-a de ser
uma “associação que maquina contra a Igreja Católica”.
Conforme se verá adiante, o rótulo é fantasioso e vem induzindo os referidos dirigentes do
catolicismo ao cometimento de um grave e continuado erro contra a maçonaria, definido pelas
regras do direito penal como crime de calúnia, o qual tem sua origem nos tempos de Clemente XII
(1.738) e desde então vem resistindo ao tempo, alimentado por infundada e odiosa intolerância
religiosa e parece que, pelo menos por enquanto, a cúpula da mencionada religião não está
pensando em desistir dessa grotesca bobagem.
Maquinar é tramar em segredo algo prejudicial a alguém. É armar conspiração contra alguém.
Ora, se a maçonaria é uma associação que maquina contra a Igreja Católica desde o ano de 1.738,
conforme ela própria vem afirmando abertamente há centenas de anos, e tal como consta do seu
Código de Direito Canônico (Cânone 1.374), não é de todo compreensível, muito menos crível,
que uma instituição recheada de prestígio universal, e também de influência, como sempre foi a
maçonaria, não tenha conseguido durante tantos séculos atingir a Igreja em seu poder temporal,
em seus interesses dominantes ou em sua honra e dignidade, mediante trama em segredo de algo
que, de uma forma ou de outra, lhe pudesse ser prejudicial, ou de armação conspiradora com o
mesmo objetivo.
Para tornarem verdadeiras e confiáveis as acusações do alto clero do catolicismo contra a
maçonaria, este ficaria em confortável situação se tivesse provas cabais e irrefutáveis a apresentar
aos fiéis da Igreja Católica dos resultados de tais maquinações. O tempo já se faz longo demais
para, em todo o seu curso, a maçonaria não ter conseguido prejudicar a Igreja Católica e para esta
também, durante o mesmo tempo, não ter conseguido tornar pública nenhuma prova de possível
prejuízo cujo resultado tivesse como causa o exercício da atividade maçônica.
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Há ainda outros pontos em que a Igreja se debate contra a maçonaria. Num deles ela afirma que a
Ordem Maçônica universal se divide em duas linhas e as identifica de forma irreal como sendo
uma, a Anglo-saxônica, que abriga em seu seio corrente liberal, atéia e anticlerical. A outra, a
Franco-Maçonaria, mais conservadora, deista, de tendência católica.
Na verdade, não há maçonaria ateia, deísta ou anticlerical. O que de mal existe não é a maçonaria
anglo-saxônica, nem a franco-maçonaria, mas a denominada de maçonaria irregular, aquela que
traz em sua formação nuances que a reprovam perante a maçonaria regular. Ambas as linhas
acima mencionadas são regulares.
Para ficar provado que neste sentido a Igreja Católica mais uma vez se engana e é induzida a
cometer outro erro, a maçonaria regular torna público o que consta de seus princípios gerais e
postulados universais, onde ela se define como uma instituição essencialmente iniciática,
filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista.
Também, nada de comprometedor quanto ao princípio da religiosidade maçônica em relação ao
catolicismo. Através das cláusulas imutáveis de seus Landmarks (de oriogem bíblica, provérbio
22:28), vigorados a partir de 1723, ela proclama apenas a prevalência do espírito sobre a matéria e
a crença em Deus como criador do Universo, não sendo tendente a nenhuma religião. Quanto a
este aspecto, acha por bem ser omissa, mesmo porque maçonaria não é ser humano dotado de
espírito, mas apenas uma instituição.
Por outro lado, no que diz respeito à profissão de fé religiosa, postar-se na condição de
neutralidade perante seus membros é, primordialmente, para criar um clima de descontração
necessário no ambiente das reuniões, depois, para evitar conflitos, uma vez que, os seus quadros
são compostos por homens de tendências religiosas variadas e, finalmente, porque seus objetivos
não são os mesmos das entidades religiosas. Eles são outros bem diferentes e para alcançá-los ela
precisa da união fraternal de todos os seus membros. Isto só é possível porque a maçonaria faz
valer um de seus mais importantes princípios, o da “Liberdade”. Ao proclamá-lo, seu iniciado fica
à vontade para decidir se quer continuar como fiel da fé religiosa que vinha praticando antes de
ser maçom ou se prefere apenas continuar acreditando em Deus. Mas, ressalte-se que apesar desse
livre arbítrio não há maçom deísta na maçonaria brasileira, ressalvadas raríssimas exceções, assim
mesmo em número infinitamente menor que o dos brasileiros não maçons, muitos deles
possuidores de excepcionais qualidades para pertencerem à maçonaria, que dizem acreditar em
Deus, professar o catolicismo, mas há anos não fazem uma oração, nem vão à Igreja.
Tem-se então que a imputação feita pela Igreja Católica de ser a maçonaria uma associação deísta,
também não procede, pois ela não induz, nem obriga nenhum maçom a ser deísta. Como deísta,
entende-se a pessoa física que crê em Deus sem aceitar religião nem culto. Esse estado de espírito
ela não transmite aos seus filiados, tendo em vista o mesmo nada acrescentar, em termos de
resultado no desenvolvimento de suas atividades.
Pela razão acima, não são definidas, nem claras para os pesquisadores do assunto, as bases em que
se sustenta a afirmação que os dirigentes máximos do catolicismo sempre fazem de ser a
maçonaria uma associação deísta, a menos que seja por mera intolerância religiosa contra seus
próprios irmãos, os maçons, homens de corações sensíveis ao bem e também filhos do mesmo
Deus.
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A Missão Permanente da Maçonaria
Publicado pelo IrLuiz Marcelo Viegas
(https://opontodentrodocirculo.wordpress.com)
Autor: Ir Rubi Rodrigues
A Missão Permanente da Maçonaria:
Um Sacerdócio Maçônico
Introdução
No mundo maçônico, uma notícia comemorada
nos últimos anos diz respeito ao advento de
estudos acadêmicos sobre a Maçonaria
desenvolvidos por estudantes regulares do
ensino superior, em diferentes universidades da
Europa e das Américas (CASTELLANI;
CARVALHO, 2009). A novidade foi festejada no meio maçônico em razão de ampliar o cuidado
metodológico dos estudos da história maçônica, tradicionalmente conduzidos por maçons
independentes que, em alguma medida, pecavam justamente quanto ao rigor metodológico das
pesquisas.
Esse aporte do formalismo acadêmico, embora promissor, também desperta cuidados, tendo em vista
as dificuldades que se antepõem a um não iniciado para compreender os arcanos que suportam a
doutrina da Ordem e lhe definem o espírito. Não se trata meramente de compreender as razões e as
motivações formais da Maçonaria, mas também de saber ler a linguagem simbólica e metafórica dos
rituais, tão distante da linguagem conceitual cultivada na Academia e cujo domínio requer tempo e
muita reflexão recursiva. E, mesmo assim, depois de o pesquisador ter adquirido familiaridade com os
símbolos, volta e meia, surpreende-se com insuspeitos significados que sempre estiveram ali, diante
dos olhos, sem serem notados.
De outro lado, a própria comunidade dos maçons, em constante renovação (Ibid., p. 517), encontra
dificuldades equivalentes para interpretar e entender tanto a instituição e seus propósitos quanto a
doutrina e seus desafios. A proliferação de potências e de ritos constitui evidência eloquente de
dificuldades interpretativas e perdas de foco cuja acomodação se fez ao custo da unidade da Ordem.
Além disso, o saudosismo recorrente sobre feitos políticos do passado (Ibid., p. 511), e as constantes
reclamações e críticas dirigidas às lideranças sobre a passividade da Ordem, diante das mazelas
5 – A Missão Permanente da Maçonaria - (do site O Ponto Dentro
do Círculo) – Rubi Rodrigues
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políticas e sociais do momento, também revelam visões tencionadas, predominantemente, por olhares
de curto prazo, por circunstâncias que mudam constantemente e que, certamente, não possuem escopo
para justificar uma instituição secular como a Maçonaria e, muito menos, para contemplar a tradição
milenar que lhe fornece os alicerces.
Compreende-se naturalmente que essa diversidade de visões constitui preço da ampla liberdade de
pensar, intencionalmente cultivada (GOB, 2001), como ambiente propício tanto à geração de novos
conceitos como ao resgate de significados simbolicamente preservados. Entretanto, em se tratando de
um projeto que perpassa os séculos e o próprio milênio, é evidente que nenhum estudioso, seja
maçom ou acadêmico, poderá contemplar adequadamente a Maçonaria, desprovido de consistente
compreensão sobre as suas razões e motivações secularmente preservadas. Da mesma forma que o
labor científico especializado, voltado para um aspecto particular da realidade, não pode ser realizado
sem que o cientista tenha em mente as leis gerais da natureza, também a competente contemplação e
compreensão da Ordem maçônica requerem a consideração de suas razões essenciais e de suas
motivações permanentes.
A par dessas razões eminentemente maçônicas, cumpre destacar o novo alento que os estudos
metafísicos têm recebido no meio acadêmico, em decorrência de tese oriunda das escolas de
Tübingen e de Milão (SZLEZÁK, 2009), evidenciada em trabalhos filológicos (Ibidem) e
historiográficos (REALE, 2004) de grande consistência, segundo os quais se impõe considerar as
lições que Platão reservou e tratou exclusivamente na oralidade – identificadas sob o título de
“doutrinas não escritas” – para se entender devidamente a sua obra. A força com que essa nova
perspectiva vem-se impondo, inclusive no Brasil (PERINE, 2011), prenuncia uma retomada ou um
novo ímpeto nos estudos acadêmicos de metafísica, fato que abre preciosa oportunidade de diálogo
entre a Academia e a Maçonaria, dado que esta, apesar de valer-se de linguagem simbólica, nunca se
afastou da perspectiva metafísica.
Em face dessas circunstâncias, objetiva-se, com o presente trabalho, primeiramente, lançar alguma luz
sobre os arcanos que são determinantes do seu espírito e indicativos da sua missão de longo prazo, na
expectativa de melhor instrumentalizar o ensino maçônico e de contribuir para que estudiosos,
maçons e leigos, possam, nas suas análises, levar em conta o que a Ordem possui de mais valioso e
essencial. Secundariamente, objetiva-se postular uma estrutural afinidade entre doutrina maçônica e
estudos metafísicos, com base em legados de Platão, cuja doutrina não escrita adquire significados
esclarecedores quando contemplada por olhos iniciados, configurando contribuição conceitual
importante para todos e, em particular, para os estudos da obra de Patão orientados pelas mencionadas
“doutrinas não escritas”.
Para atingir esses objetivos, contextualiza-se, em largos traços, uma tradição de Escolas de Mistério
cultivadora de um conhecimento esotérico, cuja orientação ontológica encontrou terreno fértil no
espírito grego clássico, empenhado em superar a cultura mitológica – mediante a busca de
fundamentos da natureza que pudessem ser suportados pela razão. Esse movimento alcança seu ápice
na Academia Antiga que, sintomaticamente, mantém a tradição de um conhecimento esotérico
distinto do saber liberado para todos, configurando um fato apenas marginalmente contemplado nos
estudos modernos da obra de Platão e que, agora, ganha relevância em razão dos novos rumos que se
oferecem para tais estudos.
Uma vez detectada a presença dessa tradição esotérica no berço da filosofia ocidental, ausculta-se a
doutrina maçônica a fim de identificar os seus motivos, constata-se que Platão comungava de
preocupações semelhantes, tendo se dedicado intensamente à questão – particularmente no mito da
caverna e no desafio que coloca ao verdadeiro filósofo. Na sequência, a fim de avaliar a extensão
dessa confluência, examina-se a teoria das ideias de Platão, identificam-se limites do modo platônico
de ver o mundo e constata-se que a superação de tais limites depende da sua “doutrina não escrita”
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ou do que Aristóteles vai designar de “teoria dos princípios” de Platão. Finalmente, aportam-se
conceitos conquistados na modernidade e, com isso, logra-se alcançar, em alguma medida, os
objetivos formais deste trabalho, que apenas abre uma picada no meio da floresta, indicando um
percurso promissor que, virtualmente, poderá vir a recepcionar uma civilizadora autoestrada
pavimentada de intenso tráfego, mas cuja consecução certamente requer árduos esforços
complementares de pesquisa.
Desenvolvimento
A Maçonaria inscreve-se em uma tradição de Escolas de Mistério de orientação filosófica, cujas
raízes são encontradas na mitologia egípcia. Mas, em se tratando da civilização ocidental, isso não
constitui prerrogativa da Maçonaria, uma vez que a religião e a filosofia do ocidente também possuem
o mesmo nascedouro.
Está demonstrada a origem egípcia das concepções básicas de Pitágoras e de Platão (JÁMBLICO,
1997) que inauguram o pensamento filosófico ocidental bem como a influência egípcia na formação
do povo hebreu e na própria composição de certos relatos bíblicos, inclusive na concepção de um
Deus único (GADALLA, 2003), de sorte que convém levar em conta que, embora a mitologia
operasse uma linguagem simbólica e metafórica, ensejou tanto derivações religiosas de cunho místico
quanto derivações filosóficas de caráter racional.
Esse fato, por si só, já evidencia que os relatos mitológicos precisam ser levados a sério e que, apesar
de a sua origem ser desconhecida, a riqueza e a densidade de seus conteúdos denunciam a genialidade
e a sabedoria dos seus criadores, o que também revela que a história oficial da humanidade está
omitindo parte da verdade ou, no mínimo, apresenta instigante lacuna. De qualquer modo, parece
perfeitamente interpretável que a mitologia egípcia representou construção pedagógica de cultura
superior, visando a impregnar certos valores em uma cultura incipiente, incapaz de preservá-los como
tradição racional (CAMPBELL, 1989). De certa maneira, solução similar foi adotada pelos criadores
da Maçonaria especulativa, no século XVIII, quando os rituais foram concebidos. Estes registram
simbolicamente certos conhecimentos que tendiam a desaparecer ou serem esquecidos, em meio a
uma cultura que, inexoravelmente, voltava-se para a materialidade e para a valorização de uma
ciência excludente de tais saberes, porquanto confinada ao âmbito do espaço tridimensional.
Aliás, a preservação e o cultivo de conhecimentos julgados essenciais, em contextos culturais hostis,
parecem representar motivação base de boa parte das confrarias e Escolas de Mistério de que se têm
notícias. Essas iniciativas, que se reproduzem no tempo a partir dos templos do Egito Imperial,
passando pela Grécia Clássica antes de assumir as formas Rosa Cruz e Maçônica modernas, precisam
ser consideradas seriamente, tal como se requer da mitologia. Tais iniciativas, em boa parte das
ocasiões, sobreviveram à revelia do poder político estabelecido, significando que impunham aos seus
membros algum grau de risco (PORFÍRIO, 1987). A adoção de um discurso exotérico distinto do
conhecimento esotérico praticado na intimidade evidencia cuidados que eram tomados. Na
contrapartida, isso torna também evidente que havia convicção, perspectiva de longo prazo e
dedicação à causa da cultura humana, de sorte que, quando a Academia, agora, passa a estudar
cientificamente a Maçonaria, demonstra que não se pode apreciar simplistamente um fenômeno social
dotado de tal persistência e que convém apreciá-lo com formalismo científico.
Em face do acima exposto, entende-se pertinente procurar, no âmbito dos rituais maçônicos, as razões
e as motivações permanentes da Ordem. Nesses rituais, a condição de maçom pleno é obtida com a
conquista do grau de Mestre, que é conferido em uma cerimônia ritualística própria: a Cerimônia de
Exaltação (GOB, 2009). Ora, se essa cerimônia confere ao obreiro a plenitude maçônica, parece justo
supor que os projetistas dos rituais tenham definido, nessa ocasião, tanto o papel do Mestre como os
propósitos da Ordem, uma vez que aquele somente pode ser estabelecido à luz destes.
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Além de fixar, na Cerimônia de Exaltação, o ponto de partida desta investigação, cumpre considerar
que se está contemplando conteúdos simbolicamente registrados, dado ser essa a linguagem do ritual
que, conforme já vimos, no caso da mitologia, admite derivação tanto no sentido místico-religioso
quanto no sentido filosófico-racional.
Obviamente, o presente estudo requer que se siga esta última linha, no sentido da racionalidade, por
ser ela que possibilita não apenas a identificação do papel do Mestre, mas também a identificação da
missão da Ordem. Curiosamente, como se verá, essa passagem do simbólico para o conceitual
demonstrará o caráter essencialmente filosófico da Maçonaria e, para ser mais preciso, o caráter
metafísico da Maçonaria (RODRIGUES, 2012).
Ora, sabe-se que, na modernidade, a Filosofia abandonou a linha metafísica, assumiu um caráter
subjetivista, converteu-se em Teoria do Conhecimento, realizou estudos de lógica, configurou uma
Filosofia da Linguagem e chegou, com Heidegger, a afirmar que Metafísica só seria possível à
margem da racionalidade (MORA, 1978; MOLINARO, 2004). Somente nas últimas décadas, a
percepção das “doutrinas não escritas” de Platão traz novo alento aos estudos metafísicos e promete
recolocar a Filosofia no seu leito original.
Observe-se que a doutrina maçônica manteve-se fiel à perspectiva metafísica e que o desvio da
Filosofia por caminhos outros comprova o acerto dos criadores da Ordem tanto no diagnóstico da
situação como na solução de preservação adotada, o que indica, de modo bastante efusivo, que a
Maçonaria constitui um projeto comprometido com a cultura humana e que os estudos acadêmicos
que estão surgindo merecem efetivamente ser festejados.
O que nos diz a Cerimônia de Exaltação
A construção do Templo da Razão ou da mente, em todo o seu esplendor, tanto quanto a libertação do
espírito da caverna das ilusões, potencializando os estágios superiores de lucidez e discernimento que
a natureza faculta à espécie humana, não pode ser realizada por outro, de fora para dentro, mas apenas
pelo ser que possui acesso à razão. Apenas cada um, individualmente, pelo seu próprio esforço e
empenho, pode libertar a sua própria mente. Não há a mínima possibilidade de fazê-lo de modo
distinto. Portanto, o que a Cerimônia de Exaltação informa-nos é que a Maçonaria constitui um
projeto de libertação (SUPREMO…, 2005ª), de libertação do espírito ou da mente humana, para as
suas melhores potencialidades e que o desafio do Mestre Maçom consiste, primeiramente, em realizar
essa libertação em si mesmo: realizar a sua própria libertação.
A Necessidade de Passar do Simbólico para o Racional
A compreensão da missão da Ordem e do desafio do Mestre inscreve a Maçonaria na condição de
promotora do processo civilizatório e de instituição a serviço da humanidade, nos mesmos moldes de
outras instituições existentes, tais como escolas, universidades, igrejas, institutos de pesquisa e tantas
outras. O objetivo específico, porém, de libertar o espírito das ilusões que o enganam e potencializar a
competência cognitiva superior preconizada no projeto humano implica projeto de domínio pleno do
ato de pensar, de modo a torná-lo um ato metódico, plenamente formalizado (RODRIGUES, 1999).
Ora, saber pensar metodicamente exige um método formal de pensar, e pretender ensinar isso para
seus adeptos pressupõe uma instituição que detenha e domine esse conhecimento. Isso diferencia a
missão da Maçonaria e a torna uma instituição única no mundo, de vez que, pelo que se sabe, em
nenhuma universidade, encontra-se uma disciplina com a pretensão de ensinar a pensar
metodicamente. No máximo, encontram-se, em diferentes cursos, estratégias de desenvolvimento de
capacidade interpretativa ou, então, estratégias de desenvolvimento de habilidades lógicas e
metodológicas gerais.
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Impõe-se perceber que libertar o espírito da matéria constitui um projeto ambicioso, caso,
efetivamente, vise ao amadurecimento intelectual da espécie e a habilitação do homem para uma
compreensão totalizante do universo, da natureza e de si mesmo. Algo claramente diferente e que não
se confunde com as formações científicas especializadas de toda ordem que, hoje, são propiciadas nas
faculdades e universidades do mundo profano; algo que deveria instrumentalizar todo homem que
tenha a pretensão de desenvolver ciência sobre o universo, pois, caso a sua visão de mundo esteja
equivocada, o resultado de sua ciência fica comprometido.
A questão é que a especificação conceitual e científica desse método libertador do pensar não consta
dos rituais da Maçonaria, embora ele esteja simbolicamente indicado com grande destaque
(RODRIGUES, 2009). A especificação formal desse método não consta dos rituais, não por
deficiências na sua elaboração, mas porque, até a presente data, não apenas a Maçonaria, mas todas as
Escolas de Mistério do mundo não conseguiram produzir uma descrição formal e científica dele.
Certos estudos revelaram que quem mais se esforçou para conseguir essa descrição foi Platão,
tomando por base uma solução precária legada por Pitágoras (SZLEZÁK, 2008). Apesar do seu
esforço, ele não logrou resolver o problema, embora tenha aportado decisiva contribuição para
solucioná-lo, como ainda veremos. Na ocasião, Platão enfrentou dificuldades intransponíveis,
representadas pela inexistência de certos recursos conceituais que a humanidade somente desenvolveu
na modernidade. Platão e Pitágoras foram os primeiros grandes iniciados que se esforçaram para
converter uma convicção, simbólica e metaforicamente descrita, em uma descrição formal, racional e,
logicamente, suportada. Esse conhecimento tinha sido recolhido por Pitágoras no seio da mitologia
egípcia (PORFÍRIO, 1987; JÁMBLICO, 1997; SCHURÉ, 2011) e, embora fosse absolutamente
convincente, tinha apenas descrições simbólicas, possivelmente não muito diferentes daquelas usadas
pela Maçonaria de hoje. Isso podia ser suficiente no âmbito de uma confraria unida pela lealdade e
pelo desejo de compreender, mas era nitidamente insuficiente para conquistar mentes extramuros e
ganhar universalidade.
Atualmente, a situação da Maçonaria não é diferente. Os obreiros estão todos convencidos da
necessidade, da utilidade e da conveniência de libertar o espírito da matéria. Apenas não sabem como
fazer isso racionalmente. Já se viu que não basta derivar para a religião e o misticismo e apelar para a
fé. Esse caminho tem sido tentado pelas religiões. A solução almejada implica derivação para a
racionalidade e a razão. A demanda é de elementos conceituais, solidamente amparados pela lógica,
que se revelem convincentes e possam ser testados em procedimentos confiáveis, tais como aqueles
preconizados pelo método científico. Portanto, impõe-se transitar do simbólico para o conceitual sob
o amparo da racionalidade. Capitaliza-se, para tanto, os esforços, no mesmo sentido, desenvolvidos
por Platão e, depois, acrescenta-se o que a modernidade ensina.
A Teoria das Ideias e a Razão Áurea de Platão
Platão percebeu que os sentidos orgânicos de percepção que instrumentalizam os homens são
especializados. O ouvido ouve sons; o olho vê formas e cores; o tato sente texturas, temperaturas e
formas; o gosto percebe sabores; o olfato percebe odores; e a mente compreende. Percebeu, também,
ser impossível para o ouvido ver, para o olfato sentir sabor, para o olho compreender etc., sendo
apenas possível a cada sentido realizar a percepção de sua própria especialidade, a percepção para a
qual o sentido está habilitado. Nesse contexto, percebeu, ainda, que os homens confundiam e não
distinguiam, adequadamente, os objetos de percepção do olho e da mente. Os homens acreditavam
pensar o que viam, o que contrariava a especialização dos sentidos. Se o olho via o objeto, as cores e
a forma da matéria, a mente pensava o que do objeto?
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Platão soluciona essa questão com a sua teoria das ideias, segundo a qual a mente entende e tem
acesso à inteligência organizativa que constitui a essência modeladora dos objetos. Essa essência ou
inteligência organizativa ele designou de ideias ou formas. Essas ideias ou formas determinam a
compleição dos objetos e constituem a essência constitutiva deles, conferindo-lhes propriedades que
são identificadas como atributos. Em lugar de ideias e formas, prefere-se usar a expressão inteligência
organizativa para designar essa essencialidade constituinte, uma vez que, modernamente, sabe-se que
os objetos não resultam da junção aleatória de componentes, mas da articulação inteligente de certos e
determinados componentes, capazes de se integrar em uma totalidade estável que resultará dotada de
propriedades específicas. Nessa perspectiva, Platão encontra uma maneira simples de diferenciar os
objetos de percepção da mente dos objetos de percepção do olho: “Os objetos são visíveis, mas não
inteligíveis, ao passo que as ideias são inteligíveis, mas não visíveis” (PLATÃO, 2012).
Essa frase sintetiza de forma simples e clara a percepção que suporta a teoria das ideias de Platão: há
um mundo inteligível distinto do mundo visível que, ordinariamente, prende a atenção dos homens.
Esse mundo inteligível configura uma realidade essencial situada mais além do mundo visível
imediato e se compõe de ideias ou inteligência organizativa que cumpre papel determinante da
compleição e da forma desse mundo visível. Essa separação entre a instância visível e a instância
inteligível proporciona a Platão um poderoso e revolucionário modo de ver o mundo que, juntamente
com a sua dialética, explica o poder de sedução e a magnitude da sua obra. Pode-se esquematizar esse
modo de ver o mundo da seguinte forma:
Figura 1: Modo platônico de ver o mundo.
Fonte: Platão (2012)
Essa figura foi extraída de texto que antecede a apresentação do mito da caverna por Platão, no
diálogo A República (Ibidem), em que o personagem Sócrates é desafiado a falar do bem em si que,
na teoria das ideias, ocupa a posição de fonte a partir da qual as ideias emanam. Em outros textos,
essa fonte primordial é também designada de o belo em si e também de o uno. Esse uno, em Platão,
expressa a simplicidade absoluta e indivisível que antecede ao próprio número e à própria unidade
quantitativa, sendo assim considerada a origem primeira do cosmos (REALE, 2004). Sócrates recusa-
se a falar do bem em si – que está justamente no cerne do que, hoje, está sendo designado de
“doutrinas não escritas” de Platão –, mas se dispõe a falar do filho do bem em si, o qual afirma ser
muito semelhante ao pai que o gerou e que resulta ser o Sol. Essa semelhança é afirmada por ele em
uma frase em que estabelece verdadeira relação áurea, ligando o mundo inteligível ao mundo visível,
que exerce função estrutural semelhante à da famosa proporção áurea (1,168) que os gregos também
identificaram e que, além de estar sempre presente na natureza, foi usada no Parthenon e também está
ou deveria estar presente no retângulo básico que formata os templos maçônicos. Essa razão áurea
pode ser expressa nos seguintes termos: “O Sol está para o mundo visível assim como o bem em si
está para o mundo inteligível” (PLATÃO, 2012, 508c).
Sócrates explica aos seus ouvintes, mais ou menos, nos seguintes termos: no mundo visível, o olho vê
porque possui a propriedade de ver, e o objeto e as cores são vistos porque possuem a propriedade de
se mostrarem (Ibid., 507c a 509c). Nada disso pode ocorrer na ausência de luz e, no nosso planeta, a
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fonte da luz é o Sol. Quando começa a escurecer, a visão também vai se perdendo, até que, em plena
escuridão, o olho não consegue ver mais nada.
Quando amanhece, o processo se inverte, as visões vão ficando cada vez mais claras, até que, à plena
luz do Sol, tudo torna-se nítido outra vez. Ocorre, porém, afirma Sócrates, que o Sol não apenas
fornece a luz que possibilita a visão, mas também é a fonte geradora tanto do olho como do objeto
visto.
Atualmente, na modernidade, não se tem mais dúvida disso. O Sol é a fonte criadora não apenas da
luz, mas igualmente de todos os planetas do Sistema Solar e também os mantém em órbitas estáveis,
o que possibilitou o surgimento da água e de toda a vida presente na Terra e, ainda, moldou todos os
sentidos de percepção dos animais e, evidentemente, também tornou os olhos capacitados para ver.
Além disso, continua fornecendo a energia que sustenta toda a vida.
O mesmo processo ocorre no mundo inteligível, afirma, ainda, Sócrates. O bem em si não apenas gera
a mente e a inteligência organizativa ou ideias que moldam os objetos, mas também fornece a
“iluminação” que permite à mente entender essa inteligência organizativa. A diferença é que, em
lugar de luz, o bem em si fornece o ser e a verdade que são os elementos com os quais esse
entendimento torna-se possível. Pode-se, então, também dizer que a luz está para o ato de ver, assim
como o ser e a verdade estão para o ato de entender.
Sobre o mundo visível descrito por Platão, não restam dúvidas. A ciência moderna sanciona, em
termos próprios, todas as explicações dadas. Sobre o mundo inteligível, cabem algumas explicações:
A presença do ser, na mente, constitui um fato que apenas cada um pode constatar ao examinar os
seus próprios pensamentos. Ao pensar, percebe-se nitidamente que, na raiz de nossos pensamentos,
encontra-se o ser que somos e que constitui o operador inteligente que pensa. A presença da
inteligência organizativa nos fenômenos, também, não oferece dificuldades. É evidente que um
computador resulta da confecção e reunião de peças projetadas pelo homem e registradas,
inicialmente, de forma escrita, em documentos/projetos. As peças que integram o computador foram
construídas a partir de especificações contidas nesses projetos, e a montagem do computador deu-se
em obediência à inteligência organizativa que os engenheiros registraram no projeto. À medida que a
montagem realizava-se, essa inteligência organizativa foi sendo incorporada à máquina em construção
e, no final, o computador tornou-se uma unidade funcional determinada por essa inteligência
organizativa (RODRIGUES; RODRIGUES, 2012), a qual Platão chamaria de a ideia ou a forma do
computador.
De outro lado, o bem em si é o uno, o princípio criador, o Deus das religiões e o princípio necessário
da metafísica. Na Maçonaria, corresponde ao Grande Arquiteto do Universo que é aceito,
aprioristicamente, como princípio (GOB, 2001), de sorte que a demonstração de sua existência,
embora possível (SANTOS, 2001), fica aqui dispensada. Resta, então, falar sobre a verdade que tanto
imprime inteligência às ideias quanto permite à mente entender essa inteligência organizativa.
O conceito de verdade de Platão está ligado ao conceito de beleza grego e, consequentemente, ao
conceito de bem em si e belo em si. O grego entende que nem mesmo Deus poderia criar o mundo de
qualquer maneira, pois tinha de obedecer às matemáticas (ARISTÓTELES, 2006), posto ser essa a
única maneira da criação configurar um cosmos e não um caos. Ou seja, para os gregos, as leis da
forma, do movimento e da quantidade, que correspondem em linhas gerais às ciências hoje
designadas de Geometria, Lógica e Matemática, constituíam estruturas inescapáveis da existência, de
modo que a criação somente pode ocorrer em âmbito de possibilidades demarcado por essas leis.
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Nesses termos, tanto a construção da mente e de sua faculdade de pensar como a construção da
inteligência organizativa e sua faculdade de ser pensada resultam frutos do ser e da verdade
(PLATÃO, 2012, 508e e 509ª). Consequentemente, o ato de entender implica reconhecimento da
verdade por parte do ser, isto é, a verdade presente no ser encontra correspondência na verdade
presente na inteligência organizativa do objeto e, assim, torna-se compreensão e conhecimento.
Platão ainda esclarece que o ser surge do bem em si ou do uno por transbordamento (Ibid., 508b/c),
querendo, com isso, dizer que o ser não se origina do bem em si em virtude de um movimento deste,
posto que o bem em si, desde Pitágoras, é concebido como ilimitado (REALE, 2004) e, portanto,
necessariamente estático, já que qualquer movimento implica determinação e limitação. Hoje, seria
mais adequado dizer que o ser emana do bem em si por transcendência, uma vez que o movimento
transcendental encontra-se formalizado (SAMPAIO, 2001) e explica como um fenômeno pode surgir
e desaparecer de um dado plano existencial, fato que constitui ocorrência comum na natureza.
Caso o leitor possa reunir um átomo de oxigênio com dois átomos de hidrogênio em condições
adequadas, terá criado uma molécula de água que, antes, não existia no plano existencial das
moléculas e, fazendo o inverso, fará essa molécula desaparecer da existência. Designar esse
movimento de transcendência revela-se perfeitamente adequado, porque a molécula de água apresenta
propriedades que não estão presentes nos seus átomos constitutivos, de sorte que a molécula de água
constitui uma totalidade que se situa para além da mera soma das partes. Portanto, a ideia básica de
surgimento de algo, no âmbito da existência, por transcendência, afigura-se pertinente, razoável e
adequada.
Assim, constatam-se perfeitamente justificados todos os elementos usados por Platão para caracterizar
e distinguir, na realidade, um mundo visível de um mundo inteligível. Apesar disso, o modelo de
mundo inteligível de Platão não está fechado e completo, faltando um elemento-chave para dar-lhe
consistência interna.
Platão tinha plena consciência dessa carência, embora não tenha conseguido supri-la. Esse elemento
faltante constitui justamente o núcleo central das chamadas “doutrinas não escritas” de Platão,
assunto do qual apenas tratou na oralidade. Observe-se que o projeto de computador acima
mencionado contempla a inteligência organizativa que faz daquela máquina um computador dotado
de certas propriedades e de certas funcionalidades, mas não contempla a inteligência criativa que os
engenheiros utilizaram para criar o projeto, isto é, não contempla o conhecimento usado pelos
engenheiros para projetar a inteligência organizativa do computador.
Da mesma forma, em se tratando da natureza, uma árvore constitui um fenômeno bem determinado
por certa inteligência organizativa. Essa inteligência organizativa da árvore é muito mais sofisticada
do que aquela do computador, tanto assim que possui a propriedade de reproduzir-se. Entretanto, por
mais sofisticada que essa inteligência organizativa seja, não contempla o conhecimento demandado
para a criação da primeira árvore.
Portanto, está faltando, no esquema de mundo inteligível retratado na figura, a indicação de uma
inteligência criativa capaz de explicar como é que o ser emanado do uno, contando apenas com o
apoio da verdade, consegue criar as inteligências organizativas que moldam os fenômenos existentes.
Pode-se também formular essa pergunta nos seguintes termos: como é que o ser que transcende do
uno consegue criar fenômenos na existência, contando apenas com as leis naturais da Lógica, da
Geometria e da Matemática?
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A Razão de Todas as Escolas de Mistério
Conseguir uma descrição formal, racional e lógica dessa inteligência criativa foi o sonho acalentado
pelos mestres maiores de quase todas as Escolas de Mistério, e perceber o seu potencial enquanto
ferramenta referencial ampliadora do discernimento humano, a fonte motivadora da sua construção.
Ao que tudo indica, no Egito Imperial, a percepção disponível dessa inteligência criativa, ao menos
em algumas épocas, foi suficiente para gerar uma tecnologia avançada que possibilitou as obras
faraônicas conhecidas. Pitágoras recolheu esse conhecimento em expressão simbólica e tentou
traduzi-lo e formalizá-lo em termos matemáticos próprios da cultura grega. O resultado foi a famosa
dédaca sagrada, expressa na equação 1 + 2 + 3 + 4 = 10, que constituía o cerne da doutrina pitagórica
e, sobre a qual, os iniciados da escola místico-filosófica, criada por Pitágoras, juravam fidelidade à
Ordem e lealdade aos demais irmãos (SANTOS, 2002; MARTÍN, 2009).
Embora essa equação constituísse um avanço sobre uma descrição meramente simbólica e
expressasse o sentido geral do modelo criativo usado pela natureza na geração dos fenômenos,
representava uma formalização precária e problemática, tanto assim que esses números foram
definidos como números ideais (KLEIN, 1992; ARISTÓTELES, 2006) distintos dos números
quantitativos. Esses números ideais não podiam ser operados uns contra os outros, tal como na
matemática ordinária, mas cada um inaugurava uma série quantitativa distinta que não se misturava
com as demais.
Essa descrição pitagórica da inteligência criativa foi a que Platão recebeu e não conseguiu formalizar
de modo mais preciso e racional. Por esse motivo, não escreveu a respeito e tratou do assunto
exclusivamente na oralidade. Supõe-se que isso se dava no âmbito privativo de uma Escola de
Mistério de orientação pitagórica, que Platão operava na residência que tinha construído no jardim de
Academos, onde funcionava a Academia. Nesta, tratava-se de todos os assuntos contidos nos
diálogos, no entanto, quando a conversa exigia tratar da inteligência criativa, que, em termos
platônicos, seria designada de forma das formas, ele desconversava e transferia para outra ocasião, a
qual, supõe-se, ocorria na sua residência, para convidados criteriosamente selecionados, dentre os
quais, curiosamente, ao que tudo indica, não constava Aristóteles.
Possivelmente, as descrições que Platão podia apresentar a respeito dessa inteligência criativa
consistiam de menções simbólicas, de algum modo, relacionadas à dédaca sagrada em contextos que
exigiam a presença de um princípio criador. Provavelmente, a liturgia praticada nessa escola, em
virtude da sua orientação pitagórica, derivava fortemente da mitologia egípcia que, em pontos
relevantes, confrontava a mitologia grega.
Dado que um ambiente de confraria afastava o risco de denúncia por “heresia”, tal como
experimentado por Sócrates, justifica-se, em parte, tratar dessas questões apenas na intimidade. As
razões fundamentais eram, porém, segundo entendemos, de ordem técnica. Faltavam conhecimentos e
conceitos necessários para viabilizar a formalização desse modelo criativo, tanto assim que Platão
chegou a denominá-lo de díada do grande e do pequeno, expressão que menos indicava o que ele era,
indicava mais o seu alcance universal: respondia pela existência de todos os fenômenos,
independentemente do tamanho e da complexidade.
Apesar dessa carência, o modo platônico de ver o mundo sintetizado na figura apresentada imprimia,
nos espíritos, a certeza de que deveria existir solução. Depois de Platão, os esforços de compreensão
persistem e caracterizam o movimento filosófico do Neoplatonismo; acomodam-se durante a Idade
Média, virtualmente porque a Igreja Católica mantém a perspectiva como Verbo, “que era no
princípio”; e, apenas na Modernidade, o despertar de uma perspectiva materialista vai gerar o
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movimento Rosa Cruz e a Maçonaria. Esta vai designar esse princípio criador de palavra perdida,
uma palavra que deve ser buscada e denominar os seus templos de Lojas de São João, razões pelas
quais se percebe mantido, na Ordem maçônica, o propósito milenar de todas as Escolas Filosóficas de
Mistério: achar a palavra perdida, visando a libertar o espírito do homem preso no mundo visível da
matéria.
As Descobertas da Modernidade
O conhecimento hoje disponível permite-nos, finalmente, compreender o que a dédaca sagrada queria
dizer.
A equação 1 + 2 + 3 + 4 = 10 indica o modelo matemático segundo o qual toda e qualquer existência
estabelece-se como fenômeno presente neste universo. Os números 1, 2, 3 e 4 (a tétrada) indicam,
respectivamente, a 1ª dimensão, a 2ª dimensão, a 3ª dimensão e a 4ª dimensão da existência. O
número 10 indica a instância da totalidade dos fenômenos, a qual corresponde uma determinada
inteligência organizativa.
Desde 1999, esse modelo criativo encontra-se especificado e formalizado com a denominação de
logos normativo (RODRIGUES, 2011) e, na condição de estrutura ontológica, de cuja constituição
apenas participam as leis naturais do movimento, da forma e da quantidade que, no geral,
correspondem às ciências modernas – Lógica, Geometria e Matemática –, conforme já indicado. O
título de logos normativo decorre do fato de a estrutura normatizar a existência, e a condição
ontológica quer dizer que os fenômenos apenas ganham assento na existência como totalidades, o que
implica afirmar que, no universo, não existe um fenômeno de segunda classe chamado parte, mas
apenas totalidades (RODRIGUES; RODRIGUES, 2012).
Com isso, a complexidade, nesse modelo, resulta não da reunião de partes, mas da inteligente
articulação de totalidades bem constituídas. Tratando-se de um modelo único gerador de toda
existência, este possui a propriedade de se replicar ao infinito e, assim, responder pela edificação
ordenada do universo em camadas de crescente complexidade, a partir de energias quânticas,
passando por partículas atômicas, átomos, moléculas, organismos, sistemas planetários, galáxias até o
próprio universo, sempre dentro de espaços de possibilidades determinados pelas matemáticas.
Não cabe, neste trabalho, entrar em detalhes dessa versão moderna da dédaca, pois existem livros
tratando disso (RODRIGUES, 1999). Cabe, porém, ressaltar que essa solução torna-se, hoje, viável
por ser possível admitir uma geometria dimensional (uma métrica da amplitude?), situada para além
das geometrias não euclidianas.
Pode-se igualmente pensar uma ciência de múltiplas lógicas, situada para além da lógica clássica
única de Aristóteles e, ainda, ser defensável a possibilidade de uma matemática de múltiplos graus de
infinidade demandada pelo modelo. Além disso, a Mecânica Quântica, ao constatar a presença de
fenômenos que desobedecem às leis do tempo e do espaço – 4ª e 3ª dimensão, respectivamente –, abre
espaço para uma retomada da Metafísica e para a reutilização do conceito de transcendência. A
própria Astrofísica, com o convencimento de que o universo teve um começo, enseja modos de
pensar impossíveis de serem alcançados na antiguidade grega.
Há, ainda, outras conquistas conceituais que facilitam o entendimento e a formalização dessa
inteligência criativa, mas as citadas parecem suficientes para justificar por que Pitágoras e Platão não
conseguiram realizá-lo.
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Conclusão
Com o advento do logos normativo formalizando a inteligência criativa, superam-se as críticas de
Aristóteles sobre a Teoria das Ideias de Platão (ARISTÓTELES, 2006), e o modo platônico de ver o
mundo estabelece-se como modelo completo dotado de rigorosa consistência interna. Basta substituir,
no esquema platônico de mundo inteligível, a palavra verdade pela expressão logos normativo, e o
modo platônico de ver o mundo torna-se referência adequada para orientar o trabalho maçônico de
libertar os espíritos da materialidade. Com essa conquista conceitual, a Maçonaria do século XXI
completa a transição do simbólico para o racional que todas as escolas da tradição almejaram,
disponibiliza para os homens um método capaz de superar as ilusões do mundo visível e um modo
formalizado de pensar a totalidade que, no caso da totalidade da espécie, potencializa um novo padrão
civilizatório.
A missão permanente da Maçonaria consiste, sim, como afirmam os rituais, em projeto de libertação
da humanidade do mundo ilusório da materialidade. Um espírito preso na matéria significa uma
mente estreita cuja visão não ultrapassa o mundo sensível e acredita que o universo está contido no
âmbito do espaço tridimensional. Uma mente presa no mundo visível debate-se em uma missão
impossível de pensar um visível que não é pensável. Na verdade, esse homem comunga da visão de
mundo que todos os demais animais possuem e vive no devir espaço-temporal em constante
sobressalto, em face dos conflitos dialéticos com suas circunstâncias. Para esse homem, a civilização
é selvagem, os problemas sociais são insolúveis, e a paz e a fraternidade, impossibilidades, em razão
do egoísmo estrutural.
Dado que uma sociedade de homens presos ao mundo visível não tem futuro, além daquela pós-
modernidade possibilitada pela animalidade, a Maçonaria dedica-se a formar Mestres Maçons,
desafiando-os a libertar o seu espírito da matéria, desafiando-os a superar o mundo visível, a abrir os
olhos para o mundo inteligível e a descortinar as superiores potencialidades da espécie, o que fez, até
o presente momento, invocando imagens simbólicas e argumentos alegóricos. Com os legados da
tradição e as descobertas em curso na modernidade, passa a oferecer recursos metódicos e racionais
como apoio para essa travessia. A partir de agora, libertar o espírito da matéria constitui procedimento
racional plenamente normalizado. Seu pré-requisito: entender e saber operar a inteligência criativa
geradora dos fenômenos manifestos na existência. Em outros termos: compreender os axiomas e os
modos da existência.
A missão permanente da Maçonaria e de todas as Escolas de Mistério da tradição perante a
humanidade implica verdadeiro sacerdócio, na medida em que procura resgatar os homens do mundo
das ilusões – da caverna metafórica de Platão – e os colocar no mundo inteligível, em presença do
princípio criador e do ser atemporal que edifica o mundo. Constitui um sacerdócio legítimo porque,
apesar dos contextos adversos, empenha-se em instrumentalizar os homens e suas mentes para um
entendimento superior do mundo e da sua própria existência e, assim, perceber o poder construtivo
que despertaria uma humanidade que trabalhasse harmônica e cooperativamente. Para cumprir essa
missão – que poderia e deveria ser compartilhada por todos os sacerdotes do mundo –, a Maçonaria
exige do Mestre Maçom que se dedique ao estudo e se habilite para esse sacerdócio, o qual se
revela superior na medida em que, ao invés de submeter os homens a qualquer doutrina que lhe seja
exterior, quer mesmo é que cada um seja capaz de, por si mesmo, encontrar, no seu interior, as leis
permanentes do universo e que decida o que é conveniente para si e para a espécie.
A missão da Academia e, em particular, das Faculdades de Filosofia empenhadas na formação de
verdadeiros filósofos – segundo a concepção platônica – não é diferente: também objetivam facultar
aos homens a saída das cavernas e colocá-los frente do mundo inteligível. Certamente, um Platão
iniciado, metafísico e pitagórico enseja estranheza e conflitos em mentes educadas sob princípios
científicos que sub-repticiamente criam também preconceitos de linguagem. Superados estes, conclui-
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se que a tese apresentada retira parte do véu que encobria a teoria dos princípios de Platão, a qual
acompanhava Pitágoras na percepção de que os princípios primeiros eram constituídos do ilimitado e
do limitante: indicações normativas das naturezas absoluta e relativa que, segundo a razão e a lógica,
recepcionam a existência. Nessas condições, resulta que a dédaca pitagórica indica a estrutura
dimensional segundo a qual o limitante, condicionando o movimento existencial do ser, constitui e
molda toda a existência relativa. A fundamentação última dessa interpretação demanda certamente
um exame ontológico que não cabe no plano de um artigo, mas, apesar disso, contabiliza-se uma
hipótese de solução teorética para as “doutrinas não escritas” de Platão, em contribuição que se soma
às justificativas histórico-hermenêuticas ofertadas pelas escolas de Tübingen e de Milão.
Atendida a racionalidade, conceda-se espaço ao delírio que enriquece a humanidade. Este planeta é
um paraíso. É uma ilha-paraíso em meio a uma vastidão galáctica hostil à forma humana de vida.
Pensar este planeta como uma maçã cósmica sendo devorada por vermes constitui apenas uma
alternativa superável. O homem pode superar o casulo animal e se transformar em jardineiro cioso e
orgulhoso de seu jardim. Empenhar-se metodicamente para que isso aconteça constitui oportunidade
que se oferece a professores e maçons do século XXI. A estes, a história reservou, como missão ou
oportunidade, completar os esforços das escolas de sabedoria de todos os tempos e concluir um
projeto virtualmente surgido na mente dos sábios que formularam a mitologia egípcia há mais de
cinco mil anos, qual seja, o de preservar, na cultura humana, perspectiva metafísica e ontológica que
faculta e conduz naturalmente ao desvelamento dos axiomas da existência.
Por quê? Porque o seu conhecimento permite superar a animalidade estrutural da espécie, amadurece
as mentes ao revelar as leis constitutivas do universo e, com isso, potencializa uma civilização
centrada no ser que, verdadeiramente, constitui-nos. Pode-se, é claro, enquanto espécie, continuar
sendo apenas um acidente cósmico, mas pode-se, também, converter a humanidade em caso de
sucesso do ser que edifica o universo.
Autor: Rubi Rodrigues
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Irmão José Carlos de Araújo. CIM 40.195
Loja Renovação Londrinense 141/e Loja de Pesquisas Brasil 45 –
Londrina –PR.
A LOCALIZAÇÃO
DAS COLUNAS “J” E “B”
Depois levantou as colunas as colunas de pórticos, e, levantando a coluna da direita, pos-lhe o
nome de Jachim, e, levantando a coluna da esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz. I Reis 7:21
Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados, e o capitel, que estava sobre cada uma,
era de 5 côvados. Também fez cadeias no oraculo, e a pôs sobre as cabeças das colunas, fez
também cem romãs, as quais pôs entre as cadeias. E levantou as colunas diante do templo, uma a
direita, e outra à esquerda, e chamou o nome da que estava a direita de Jaquim, e o nome da que
estava a esquerda de Boaz. II Crônicas 3: 15-17.
Com exceção do Rito Brasileiro, que inverteu a posição do REAA, os aprendizes se sentam na
coluna do Norte em todos os demais ritos. Nos ritos de Origem Francesas, (Escocês, Moderno e
Adonhiramita), eles se sentam na última fila do Norte, enquanto nos ritos de origem que podemos
chamar de “anglo saxônica” (Shroeder, York e rituais do Reino Unido como o de Emulação), eles
se sentam na primeira fila do Norte.
A localização das Colunas no Rito Brasileiro, difere dos demais, tendo à direita a Coluna “J” e à
esquerda a Coluna “B”, ou seja, “J” ao norte e “B” ao sul.
Assim, é atribuído ao 1o Vigilante o domínio da Coluna dos Companheiros, enquanto cabe ao 2o
Vigilante a fiscalização dos trabalhos dos Aprendizes pela Coluna “B”.
Relata-nos a Bíblia, que a Coluna Jakim deve ser colocada obrigatoriamente à direita e a Coluna
Booz à esquerda. Direita e esquerda de um Templo Maçônico não quer dizer, necessariamente,
que sejam o mesmo à direita e esquerda de quem adentra ao Templo, pois, este deve ser visto do
oriente para o ocidente.
Neste particular, cabe aqui, transcrever um trecho de um trabalho do Sob∴ Ir∴ Prof. ÁLVARO
PALMEIRA:
“Evidentemente, se nós falarmos em esquerda ou direita em relação às Colunas, precisamos saber
se estamos fora ou dentro do Templo”.
A Bíblia nos esclarece que Salomão construiu o Templo em 13 anos. Chamou depois Mestre
Hiram para adorná-lo.
Trabalhava-se dentro do Templo forrando as paredes e o teto, pavimentando-o, fazendo o Santo
dos Santos, decorando-o com: mar de bronze, querubins, caldeirões, garfos, saltérios, redomas,
6 – A Localização das Colunas “J” e “B”
José Carlos de Araújo
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incensadores, jarros, bacias, candeeiros, os doze bezerros de bronze e as duas colunas. Tudo era
feito no interior do Templo, conforme está nos Capítulos 6 e 7 do I Livro de Reis.
Hiram fundiu em cobre as suas colunas, e diz a Bíblia (I Reis “Depois levantou as colunas no
pórtico do Templo, e levantando a coluna direita chamou o seu nome Jakim, e levantando a coluna
esquerda, chamou o seu nome Booz”. 7,21):
Desta arte, para quem está dentro do Templo, a Coluna “J”, fica ao Norte e a Coluna “B” ao Sul.
Hiram fez as colunas dentro do Templo e as pôs no pórtico.
As colunas não foram transportadas de fora para o interior do Templo. Elas foram levantadas no
pórtico. Pórtico não é Átrio, portanto, o pórtico fica dentro do Templo.
Se Hiram tivesse feito as colunas fora do Templo, ele as colocaria na entrada do edifício, mas, não
as colocou aí, e sim no pórtico.
Num edifício maçônico temos: os Passos Perdidos, depois o Átrio ou Adro, e por fim o Templo,
cuja entrada se chama pórtico ou portada. Pórtico, do latim porticus, conforme Cícero, (Rep. 1,
19), é o espaço destinado à passagem, coberto por um teto e sustentado por colunas.
O Maçom Luiz Lachat, em seu livro a Franco-Maçonaria Operativa, descreve
circunstanciadamente os trabalhos de Hiram. Os fornos e os moldes ele os fazia no Vale do
Jordão, segundo o II Livro de Crônicas (4,17). Muita coisa era, porém, construída no próprio
Templo.
Assim, para quem está dentro do Templo na Coluna “J”, à direita e Coluna “B”, à esquerda, ou
Coluna “J”, ao norte e Coluna “B”, ao Sul. Essa colocação, aliás, consta de numerosos Rituais
Maçônicos.
Em outras palavras, a Coluna “J” fica à esquerda de quem entra e a Coluna “B” fica à direita.
É bom lembrar o entendimento do Rito Brasileiro numa apreciação mais ampla:
Coluna “B”, 2o Vigilante, Sul, Aprendiz, Pedra Bruta;
Coluna “J”, 1o Vigilante, Norte, Companheiros, Pedra Polida.
Estas colunas, continham 9,45 metros de altura, 6,30 de diâmetro e 4 dedos de espessura, (I Reis
7,15) e eram ocas, apresentando, ainda, em seu topo, um capitel com 2,62 metros ricamente
decorados com redes de malhas, grinaldas, lírios e romãs (200 em cada), O simbolismo destas
colunas é imenso. Quando são consideradas juntas, representam a sabedoria e a estabilidade do
conhecimento, dando a entender que aquele que quiser viver uma vida mais plena e mais elevada
deve passar por este portal, ou seja, adquirir conhecimentos, pois, encontrará os maiores prazeres
da mente, vez que, simbolizam a ciência e as virtudes; o amor e o progresso, as flores dos campos
e o sistema solar, simbolizam também o Poder e a Justiça.
Irm.´. José Carlos de Araújo. CIM 40.195 – Londrina PR.
Lojas Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45
Bibliografia:
Ismail, Kennyo, Porque os Aprendizes se Sentam no Norte.
Melo de, José Reinaldo, Fragmentos do Rito Brasileiro.
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(as letras em vermelho significam que a Loja completou
ou está completando aniversário)
GLSC -
http://www.mrglsc.org.br
GOSC
https://www.gosc.org.br
Data Nome da Loja Oriente
01.09.1952 Fraternidade Blumenauense nr. 06 Blumenau
05.09.1996 Fraternidade Chapecó nr. 63 Chapecó
08.09.1982 Sentinela do Sul nr. 29 Tubarão
17.09.1986 Universo nr. 43 Florianópolis
17.09.1993 Universo II – nr. 57 Florianópolis
17.09.2000 Universo III nr. 77 Florianópolis
20.09.1991 Acácia da Arte Real nr. 50 Florianópolis
22.09.1982 Fraternidade Josefense nr. 30 São José
25.09.1978 Harmonia e Fraternidade nr. 22 Joinville
27.09.2000 Colunas da Fraternidade nr. 78 Blumenau
Data Nome da Loja Oriente
03/09/1993 Treue Freundschaft Florianópolis
09/09/1969 Liberdade E Justiça Canoinhas
09/09/1991 Cavaleiros Da Luz Blumenau
16/09/2003 Ordem e Fraternidade Florianópolis
18/09/2009 Colunas do Oriente Tijucas
20/09/1948 Luiz Balster Caçador
20/09/2008 Acácia da Serra Rio Negrinho
25/09/2002 Fraternidade Tresbarrense Três Barras
27/09/2010 João Marcolino Costa Sto. Amaro da Imperatriz
28/09/1993 Colunas da Fraternidade Balneário Camboriú
30/09/2010 Triângulo Equilíbrio e Consciência Mafra
7 – Destaques (Resenha Final)
Lojas Aniversariantes de Santa Catarina
Mês de setembro
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GOB/SC –
http://www.gob-sc.org.br/gobsc
Data Loja Oriente
01.09.64 Harmonia e Trabalho - 2816 Florianópolis
03.09.05 Retidão e Cultura - 3751 Florianópolis
08.09.04 Cruzeiro do Sul - 3631 Florianópolis
09.09.10 Reg. Guabirubense - 4100 Brusque
10.09.96 Reg. Lagunense - 2984 Laguna
11.09.10 Cruz e Sousa de Estudos e Pesq. do Rito de York Florianópolis
12.09.23 Paz e Amor V - 0998 São Francisco do Sul
12.09.97 Otávio Rosa 3184 São Pedro de Alcântara
15.09.94 Herbert Jurk - 2818 Rio dos Cedros
18.09.10 Frat. Guabirubense - 4116 Brusque
19.09.08 Cavaleiros Templários - 3968 Fraiburgo
22.09.09 Acácia De Itapoá-4044 Itapoá
30.09.93 União Catarinense - 2764 Florianópolis
Perdão
‘’Perdão é como uma pétala de flor. Ressentimento é uma doença que
acaba com a paz mental. Aqueles que desejam nos prejudicar emitem
uma energia poderosa cuja raiz está na sua própria dor e raiva. Na
verdade eles estão prejudicando a si mesmos. Quando perdoamos,
enviamos energia curativa e amorosa. Elevamos os sentimentos
negativos dos outros ao lançar um raio de luz em seus corações. Esse
raio reflete de volta para nós e assim nos tornamos mais fortes.’’
José Aparecido dos Santos
TIM: 044-9846-3552
E-mail: aparecido14@gmail.com
Visite nosso site: www.ourolux.com.br
"Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos".
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Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴
MI da Loja Razão e Lealdade nº 21
Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI
Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no
JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO,
cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico /
Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6)
Pavimento de Mosaicos
Para o dia 22 de setembro
Dentro do Templo, sob o Altar, vem colocado um “tapete” ou pavimento formato de
ladrilhos quadriláteros, alternados em branco e negro. O significado simbólico
compreende várias interpretações, sendo a mais comum a mistura das raças, das
condições sociais, do dualismo em todos os aspectos exotéricos e esotéricos. A
alternância dos mosaicos representam o “Estandarte” dos Templários; a Cadeia de
União, a união fraterna dos Irmãos.
Pavimentos de Mosaicos ou simplesmente pavimento mosaico passa a ser um símbolo
de relevante importância, uma vez que não há Loja que não o confeccione; a rigor,
todo o piso da Loja deveria ser ladrilhado com alternância do branco e negro; por
comodidade e economia, é feito apenas um símbolo e colocado na parte central e
nobre.
Os Irmãos das suas colunas observam frontalmente esse pavimento para ter sempre
presente o simbolismo do dualismo.
O dualismo impõe uma escolha; não se pode abarcar ao mesmo Tempo a presença e a
ausência, o dia e a noite, enfim, o dualismo que está em toda parte.
Fixando-se o Pavimento, descobre-se que inexistem core; o negro é a ausência
absoluta da cor; o branco é a sua polarização; isso ensina que o maçom não deve
buscar o “colorido” além da fixação para o piso, mas sim erguer os olhos para
contemplar a Natureza Colorida.
O maçom atento, curioso e observador está sempre aprendendo, indo à sua Loja.
Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 284.
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Loja Libertadora Acreana nr. 4 (GLEAC), Tarauacá, Estado do Acre.
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1 –
Eu adoro ver esses animais diferentes
que se amam!
2 –
Música: 24 Canções clássicas dos
Rolling Stones!
3 –
Você conhece as lagoas naturais mais
lindas do mundo?
4 – Os Pilares de Lena:
Os_Pilares_de_Lena.pps
5 – Jardim em Cingapura:
Jardin de la Bahia en Singapur.pps
6 – Lisboa:
LISBOA-10_interiores_secretos.pps
7 - Filme do dia- “Coração Valente” - (Mel Gibson) - Dublado
https://www.youtube.com/watch?v=nmgYgsSj358
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SAGRAÇÃO
-função precípua do Mestre Instalado-
Autor: Raimundo A. Corado
Barreiras, 09 de março de 2016.
Sob tensão pelo cerimonial;
Seja iniciação ou Mestrado;
Abala o estado emocional;
O momento de ser Sagrado.
O tilintar do malhete na espada;
Significa a sublime recepção;
Cada palavra que é pronunciada;
Traz nela o amor fraterno de irmão.
Se no Trono buscarmos assento;
Mais acurado será o juramento;
E nos faz sentir mais responsável.
Afinal, nos elegeram e instalaram;
E todos poderes nos delegaram;
Que compete a um Venerável.

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A missão da Maçonaria de revestir-se da beleza interior

  • 1. JB NEWS Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: Ir Jeronimo Borges Academia Catarinense Maçônica de Letras Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente Homenagem do JB News aos Irmãos de Lisboa - Portugal Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Bloco 1-Almanaque Bloco 2-IrRui Bandeira – Beleza (Coluna Semanal) Bloco 3-IrJoão Anatalino Rodrigues – A Maçonaria Rosa-Cruz – O Simbolismo da Rosa-Cruz Bloco 4-IrAnestor Porfírio da Silva – A Maçonaria Incompreendida, apesar de Justa e Perfeita Bloco 5-IrRubi Rodrigues – A Missão Permanente da Maçonaria ( do Site O Ponto Dentro do Círculo) Bloco 6-IrJosé Carlos Araújo – A Localização das Colunas “J" e “B” Bloco 7-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 22 de setembro. Versos do Irmão e Poeta Raimundo Augusto Corado
  • 2. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 2/35 22 de setembro 490 a.C. – O rei Dário dos persas, foi derrotado em Maratona pelo exército grego. 1609 — Meio milhão de mouros foram expulsos de Espanha. 1738 — Maçons alemães, para contornar as dificuldades colocadas no terreno com a bula do papa Clemente XII e dos éditos imperiais da imp. austríaca Maria Teresa, inimiga feroz da maçonaria apesar de seu marido Francisco I ser maçon, instituíram em Viena a Ordem dos Mopses, que admitia homens e mulheres, obrigatoriamente católicos. 1767 — Nasceu em Viana do Minho, João da Cunha Sotto-Mayor, doutor em leis por Coimbra, magistrado, desembargador na Relação do Porto e na casa de supliciação de Lisboa, membro do Sup. Trib. de Justiça, fiscal de diamantes em Cerro Frio, Minas Gerais, liberal e membro do Sinédrio, deputado e par-do- reino, iniciado maçon, cavaleiro Rosa-Cruz, foi G.M. do G.O.L. de 1821/3? (30/11/1850). Nesta edição: Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e www.google.com.br Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores. 1 – ALMANAQUE Hoje é o 266º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Cheia) Faltam 100 para terminar este ano bissexto Semana Nacional do Trânsito ; dia do Técnico Agripecuário, dia da Defesa da Fauna, dia da Banana e dia Mundial Sem Carro. Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado. Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária. EFEMÉRIDES DO DIA -Ir Daniel Madeira de Castro (Lisboa) (Fonte: Livro das Efemérides - Históricas, Políticas, Maçônicas e Sociais - 2016)
  • 3. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 3/35 1791 — Nasceu em Newington, Michael Faraday, físico-químico, cientista, descobriu ligações do cloro e do carbono, liquefação dos gases, liquefez cloro, anidrido carbónico, amoníaco, anidrido sulfuroso e cloreto de hidrogénio, identificou o benzeno. Desenvolveu trabalhos sobre a indução eletromagnética, auto-indução, leis da eletrólise e as linhas de força dos imanes, a partir das suas experiências foi possível começar a medir a magnitude elétrica (25/8/1867). 1804 – Foi criada em Paris a G.L. Générale Écossaise de France albergando o R.E.A.A.. 1861 – Otto van Bismark tornou-se primeiro ministro da Prússia, tendo dotes de grande estadista, deu cabo do império francês em 1870. 1862 – O pres. dos E.U.A Abraham Lincoln, maçon (12/2/1809), declarou a libertação de todos os escravos a partir de 1 de janeiro seguinte na proclamação da emancipação. 1872 – Criada a Ordem do Santuário Místico, ou Ancient Arabic Order Nobles oh the Mystic Shrine, exclusiva aos Maçons do Grau 32º do R.E.A.A. e aos Cavaleiros Templários do Rito York. 1875 – Revistas e aprovadas no congresso de Lausanne, as Grandes Constituições de 1786 do R.E.A.A.. 1889 – Nasceu em Messkirch, Baden, Martin Heidegger, filósofo alemão, teve as suas origens na ontologia e na fenomenologia Viveu sempre na Alemanha. Em 1927 publicou a sua mais conhecida obra: Ser e Tempo. Em 1933 aderiu ao nazismo, tornando-se o primeiro reitor nazi (nacional- socialista) da Univ. de Friburgo, onde havia estudado. Repudiou as suas ligações a Husserl, dado que o mesmo era judeu, criticado pela comunidade académica, demitiu-se no ano seguinte. Após a 2a Guerra Mundial, devido ao seu passado nazi, foi proibido de ensinar. Obras: O Que é uma Coisa?, Kant e o Problema da Metafísica, Que é a Metafísica?, Que é a Filosofia?, O Princípio do Fundamento, Carta sobre o Humanismo, Que Significa Pensar?, etc. (26/5/1976). 1900 – Instalada na Figueira da Foz, a Loja Fernandes Thomaz, n° 212 do G.O.L., no R. F., separou--se em 1909 e foi readmitida em 20/7/1923, hoje pratica o R.E.A.A.. 1907 – Colocada na Figueira da Foz a primeira pedra da estátua de homenagem a Fernandes Tomás, iniciativa apoiada pelo governo e pelo rei e que teve como oradores António José de Almeida e António Pinto dos Santos. 1908 – Reconhecida a liberdade da Bulgária. 1932 – Abdel-Aziz se torna o primeiro rei da Arábia Saudita.
  • 4. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 4/35 1942 – Primeiro número do jornal diário vespertino Diário Popular, cuja última publicação se verificou em 28/8/1991. 949 – A U.R.S.S. concluiu a sua primeira experiência atómica. 0 – Independência do Mali. 1976 – Portugal aderiu ao Conselho da Europa (5/5/1849). 1980 – Despontou-se a guerra santa Irão-Iraque, após a denúncia do acordo de 1975 sobre as fronteiras entre os dois países, com a invasão iraniana e destruição da refinaria de Abadan, entre Saddam Hussein e o ayatolah Khomeiny. 1981 – O combóio de alta velocidade – TGV - foi inaugurado na ligação Paris-Lyon, à velocidade de 251 kms/h. 1989 – Faleceu em Nova Iorque, Irving Berlin, nascido em Berlim em maio de 1888, compositor musical Natal Branco e God Bless America. 2001 – Morreu em Lisboa, Gustavo Alberto Caratão Soromenho, maçon (20/11/1907). 1872 Criada a Ordem do Santuário Místico, ou Ancient Arabic Order Nobles oh the Mystic Shrine, exclusiva aos Maçons do Grau 32 do REAA e aos Cavaleiros Templários do Rito York. 1875 Revisadas e aprovadas as Grandes Constituições de 1786 no Congresso de Lausanne. 1970 1ª. Assembléia dos Supremos Conselhos do REAA: dos 22 existentes, 9 compareceram a Lausanne (1875) e só 8 concordaram com a supressão da crença em Deus. Invalidado em 1970 1982 Fundação da Loja Fraternidade Josefense nr. 30 (GLSC) de São José - SC Fatos maçônicos do dia Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
  • 5. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 5/35 Florianópolis vai sediar nos dias 14 e 15 de outubro o XXIII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas Clique aqui e faça sua Inscrição
  • 6. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 6/35 Ir Rui Bandeira Obreiro da R. L. Mestre Affonso Domingues, n.º 5 da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP. Escreve às quintas-feiras neste espaço Este e outros artigos de sua autoria podem ser lidos no blog http://a-partir-pedra.blogspot.com.br BELEZA O maçom procura revestir-se da caraterística da beleza. Não é, obviamente, a física que importa. Até porque essa não depende de si, antes da carga genética que lhe foi transmitida por seus ascendentes. A beleza de que o maçom se procura revestir é a interior, resultante da pureza de princípios, da firmeza de caráter, do aprumo moral e da tolerância para com os outros, que deve ser seu apanágio. Pureza de princípios que constitui o pano de fundo de toda a atuação do Homem. Quem tiver adquirido, e os viver como integrantes do seu ser, os princípios básicos do respeito para com o Outro, que constituem os fundamentos da Civilização, não cometerá agressões contra o seu semelhante. O respeito pela Vida, pela Integridade, pela Liberdade, pela Democracia, pela Igualdade são meros e naturais corolários desses princípios básicos, tão naturais como a faculdade de respirar! Firmeza de caráter para moldar sua personalidade, combatendo suas fraquezas, mas também para arrostar com as inevitáveis dificuldades que a vida sempre coloca, sem nunca pôr em causa nem incumprir os princípios básicos que devem nortear sua conduta. Aprumo moral como ferramenta para distinção entre o Bem e o Mal, em todas as suas manifestações e circunstâncias, em especial quando umas ou outras os tornam de difícil destrinça. Tolerância para com os outros como contrapartida da necessidade de pelos outros vermos toleradas nossas próprias imperfeições. Quem interiorizar estas simples, mas tão exigentes, regras poderá ser fisicamente horrível, mas acabará por ser reconhecido como Belo por todos aqueles que sabem ver para além das meras e efémeras aparências. 2 – Beleza Rui Bandeira
  • 7. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 7/35 Mas o maçom não procura apenas ter a Beleza em si, procura que as suas obras sejam dotadas dessa caraterística. Isto é, não basta que suas ações, suas criações, suas obras sejam sábias e fortes, devem também ser belas. É a beleza que aproxima da perfeição o que se construiu com Sabedoria e Força. Entre dois edifícios, ambos igualmente perfeitamente projetados e edificados, com o recurso a todos os conhecimentos da arte de construir, ambos firmes, fortes e duráveis, qualquer de nós preferirá o que é esteticamente bonito, agradável ao que não possua essa caraterística. Buscar dotar as nossas obras de Beleza não é uma futilidade. É uma procura da perfeição possível na atividade humana. O Belo é divino! O Templo do maçom é assim sustentado também por esta terceira coluna, a da Beleza. E assim, buscando nós próprios dotar-nos e dotar nossas ações de Sabedoria, de Força e de Beleza nos aproximamos, tanto quanto ao Homem é possível, da Divina Perfeição. Rui Bandeira
  • 8. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 8/35 O Irmão João Anatalino Rodrigues, é palestrante, escritor e colunista do JB News, aos domingos. jjnatal@gmail.com - www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br A MAÇONARIA ROSA-CRUZ O Simbolismo da Rosa-Cruz O simbolismo da Rosa-Cruz reflete a profunda interação existente entre as três grandes tradições que mais influenciaram o pensamento humano na época de transição entre a chamada Idade Média e a Idade Moderna. Ele é o fruto das grandes mudanças ocorridas no cenário cultural do mundo ocidental, com o advento dos movimentos que ficaram conhecidos como Reforma Protestante e Renascença. A primeira, como se sabe, provocou verdadeira revolução no campo da religião, e a segunda, uma profunda mudança nos padrões de pensamento do homem ocidental. O mito da Rosa-Cruz é um dos mais interessantes frutos do pensamento reformista que varreu as consciências em fins do século XVII e início do século XVII. Ele resume a interação entre a alquimia, a gnose e as tradições cavaleirescas, três grandes vertentes de pensamento herdadas da Idade Média, as quais, influenciadas pela abertura proporcionada pela Renascença e pela Reforma, deram nascimento a uma forma de pensar e viver completamente nova, a qual viria a modificar toda a vida da sociedade ocidental. Historicamente, sabe-se que a Rosa-Cruz, como sociedade organizada, nunca existiu antes do século XIX. As chamadas Fraternidades da Rosa-Cruz (AMORC), que hoje são conhecidas por esse nome, nada tem a ver com o grupo de pensadores hermetistas que, entre 1614 e 1616, provocaram considerável comoção nos meios intelectuais da Europa, pelo lançamento de três famosos documentos de caráter misterioso e ocultista, chamados Fama Fraternitatis R.C., Confessio Fraternitatis Rosae Crucis e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreutz. Estes trabalhos, como demonstrados por Serge Huttin e Frances Yates, foram produzidos pelo alquimista Johan Valentin Andreas, um dos pioneiros do chamado grupo de pensadores rosacrucianos que viriam a provocar um grande impacto na cultura ocidental. Eram trabalhos que refletiam não só o conflito religioso desencadeado pela Reforma, como também as disputas dinásticas que ensanguentaram a Europa durante vários séculos. A doutrina Rosa-Cruz De acordo com os Manifestos Rosa-Cruzes, “iria ocorrer uma transformação no mundo da política e do pensamento da humanidade” em razão dos segredos e da aplicação dos conhecimentos que os rosa-cruzes possuíam. “Uma nova época de liberdade espiritual começaria para a humanidade, na qual ela seria libertada dos grilhões que lhes impusera a Igreja Católica, durante séculos.” Com essa mudança, diziam os Manifestos, o homem voltaria a fazer parte da 3 – A Maçonaria Rosa-Cruz – O Simbolismo da Rosa-Cruz João Anatalino Rodrigues
  • 9. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 9/35 natureza, e com ela conviveria harmoniosamente, numa relação de participação e colaboração harmônica, e não como predador e dominador, como ocorria até então. Destarte, um “novo homem”, semelhante ao que Giordano Bruno e os filósofos hermetistas profetizavam, nasceria dessa relação. Seria um homem amante da beleza e da justiça, socialmente comprometido com as ideias de progresso científico e material e espiritualmente preparado para professar uma nova religião, isenta de dogmas, cimentada nas virtudes da igualdade, da liberdade e da fraternidade. Professaria uma religião onde a única deusa seria a Justiça, tendo como base doutrinaria a beleza e a ciência, que eram as fontes da verdadeira gnose. Essa seria a doutrina, que alguns anos mais tarde, iria encantar a intelectualidade europeia e passaria a ser cultivada pela maioria deles com o nome de Iluminismo. Os Manifestos Rosa-Cruzes, como é óbvio, não revelavam nenhuma novidade no fervilhante caldeirão cultural em que se transformara a Europa em fins do Século XVI e início do Século XVII. Eram ideias que já vinham sendo cultivadas nos meios intelectuais da França, dos Países Baixos e principalmente da Alemanha, onde havia uma população mais educada e meio cansada e meio cansada da ditadura espiritual que lhes impunha a Igreja Romana. Ela encantou especialmente os intelectuais, que só queriam uma justificativa filosófica para romper as amarras que a Igreja colocava aos seus espíritos. Os alquimistas, como Andreas e seu grupo, praticantes da chamada ciência hermética – um misto de ciência natural e doutrina gnóstica – eram os que mais sofriam com a perseguição da Igreja. Por isso, quando ocorreu a chamada Reforma Protestante, eles foram os primeiros a se aliar aos rebeldes seguidores de Lutero no seu repudio á ditadura do clero católico. Lutero, por coincidência, ou por afinidade com os rosa-cruzes, usava uma rosa como brasão de armas. Assim, o mito da Rosa-Cruz, que refletia esse estado de coisas, pode ser contado como mais um episódio da Reforma religiosa, pois o que ele refletia, na verdade, era uma crença que havia sido tratada com muita desconfiança pela Igreja até então e não poucas vezes reprimida com muita violência. Pode-se dizer que o rosacrucianismo foi a face esotérica do movimento luterano. As consequências do pensamento rosa-cruz Destarte, os Manifestos Rosa-Cruzes acabaram se tornando uma inteligente peça de mídia, que valorizava a alquimia como prática científica e mistificava seus pretensos segredos e conquistas no campo da ciência e do desenvolvimento espiritual, segredos esses que seus praticantes pretendiam possuir e pretendiam usar para promover o desenvolvimento espiritual da humanidade. Ao mesmo tempo serviam á causa da Reforma Protestante. Essa proposta, como é óbvio, não podia agradar a Igreja de Roma, pois os rosa-cruzes, como é óbvio, estavam se colocando como alternativa de orientação espiritual para o povo, ameaçando assim, o monopólio de Roma. Tudo isso fazia parte do efervescente caldo cultural que fervilhava na Europa na época. A Renascença havia permitido o desenvolvimento de um ideal estético que valorizava o homem a partir dos antigos modelos greco-romanos de beleza e competência pessoal. O culto ao humano, eclipsado durante a Idade Média pela valorização do ideal ascético, começou a ganhar os principais centros intelectuais da Europa. A ciência, até então confinada aos mosteiros e aos laboratórios dos alquimistas, começava a se renovar pelo uso da razão, sobrepujando a fé. Multiplicaram-se as universidades e estas criavam centros de pesquisas, substituindo os antigos laboratórios dos alquimistas na investigação dos fenômenos da natureza. Nascia assim a ciência moderna. Teorias racionais de explicação do universo contrastavam com as velhas ideias defendidas pela Igreja. O antigo alquimista, solitário pesquisador dos fenômenos da natureza, deixava a sua fama de mago e tornava-se cientista, publicando os resultados de suas pesquisas e compartilhando seus conhecimentos de uma forma mais aberta, sem o temor de ser levado á fogueira como herético.
  • 10. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 10/35 Em meio a tudo isso aconteceu uma revalorização do pensamento hermético e das teses gnósticas, que haviam sido banidas dos meios acadêmicos pelo expurgo feito pela Igreja no Concílio de Nicéia, quando a grande maioria dos escritos gnósticos e os trabalhos dos filósofos hermetistas foram censurados e colocados na clandestinidade. Filósofos como Giordano Bruno, Thomas Mórus, Marcilio Ficcino, Pico de La Mirándola, Roger Bacon e outros ressuscitaram as utopias políticas cultivadas pelos pensadores neoplatônicos e as teses que fundamentavam as antigas religiões solares, que encantaram os intelectuais nos primeiros séculos da Era Cristã. As explicações do universo, admitidas pela Igreja, que eram centradas na filosofia de Aristóteles e no hélio-centrismo de Ptolomeu foram substituída por uma nova ciência astronômica desenolvida por cientistas como Galileu Galilei e Nicolau Copérnico. Os Manifestos Rosa-Cruzes excitaram a imaginação popular e não foram poucos os intelectuais que se sentiram atraídos pela “Fraternidade da Rosa-Cruz”. Mas como vimos, os rosacrucianos, não estavam pregando nada de novo. Eles nada mais faziam do que divulgar teses e crenças herméticas desenvolvidas por alquimistas e filósofos gnósticos e neoplatônicos. Seus segredos eram aqueles que os alquimistas diziam ter descoberto em seus “magistérios”. Grupos desses pensadores “rosacrucianos” já faziam parte ativa das Lojas maçônicas alemãs, francesas e inglesas muito antes da união das Lojas londrinas e tinham introduzido nos rituais dessas Lojas símbolos, alegorias, evocações e ensinamentos extraídos da tradição hermética e gnóstica. Muitos deles estavam entre os chamados “maçons aceitos”, ou seja, pessoas que pelo seu perfil intelectual, importância social ou poder político, as Lojas maçônicas da época tinham interesse em cooptar. O termo “rosacruciano” tornou-se sinônimo de livre-pensador. Todo intelectual que não se conformava com a “saia justa” que as autoridades religiosas queriam impor ao pensamento se dizia, ou se julgava um “rosacruciano”. Voltaire, Isaac Newton, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, entre outros, eram tidos como “rosacrucianos”. Assim, o pensamento Rosa-Cruz se fundiria com a tradição maçônica dos pedreiros livres para gerar o que hoje conhecemos como Maçonaria Especulativa. A Maçonaria e a Rosa-Cruz Durante todo o século XVII as Lojas maçônicas da Europa conviveriam com essa verdadeira Babel intelectual em que se tornara a Ordem maçônica. Maçons alquimistas, maçons gnósticos, maçons cavaleiros, cada qual, conforme escreveu H.P. Marcy, “interpretando à sua vontade as Velhas Constituições (as Old Charges), criando uma profusão de maneiras de fazer uma iniciação, de conduzir uma reunião, de interpretar os símbolos e os ensinamentos maçônicos.” [1] Em tese, podemos dizer que os Manifestos Rosa-Cruzes foram os correspondentes herméticos da doutrina professada na Maçonaria especulativa e anteciparam em mais de um século os estatutos da Ordem em sua face espiritualista, porquanto agasalharam em suas propostas a idéia de Irmandade, que a Ordem Maçônica, secularizada e transformada em uma organização mundial, iria perseguir em seus objetivos. Por isso é que em que em todo o catecismo maçônico, desde o grau de aprendiz até os últimos graus da sua cadeia iniciática, iremos encontrar temáticas inspiradas na tradição alquímica e na doutrina Rosa-Cruz. Elas estão presentes na alegoria da Palavra Perdida, que é claramente um tema hermético, da mesma forma que no mito da Fênix, o mítico pássaro que renasce das próprias cinzas, que na verdade, é uma alegoria que se refere ao processo de obtenção da pedra filosofal, o objetivo último de todo trabalho alquímico. Está presente também na expressiva simbologia do ritual de iniciação do neófito maçom, na passagem do grau de aprendiz para companheiro quando ele se transforma de mero trabalhador da pedra bruta em cinzelador da pedra cúbica (simbologia
  • 11. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 11/35 do adepto alquimista na procura da pedra filosofal) e finalmente na passagem do companheiro para mestre, quando, afinal, se dá a regeneração da matéria corrompida que se processa pelo sacrifício simbólico do mestre do Templo. Pois na tradição alquímica o mestre só cedia seu lugar ao seu discípulo com a sua morte. É verdade que nos ritos maçônicos as referências ao processo alquímico foram transformadas em alegorias de cunho simbólico para dar um caráter de esoterismo e transcendência á liturgia ritualística que ali se representa. De outra forma, cristianizaram-se diversas alegorias de inspiração hermética para dar aos iniciados uma aparência de doutrina alinhada com o pensamento cristão. Dessa forma, temas como o da Palavra Perdida, que na origem se soletrava IHVH, (o Tetragramaton dos gregos), passou a ser soletrada INRI, iniciais colocadas na cruz de Cristo, da mesma forma que a fórmula da transmutação alquímica ganhou uma representação simbólica na alegoria da morte do Mestre Hiram e a pedra filosofal, momento mágico de maior transcendência da obra alquímica, passou a ser representada pela Rosa Mística, símbolo da transmutação espiritual que se processa na alma do Adepto que é submetido á iniciação maçônica. Dessa forma, não seria absurdo dizer que a doutrina professada na Maçonaria foi, em sua essência, inspirada no pensamento Rosa-Cruz. E seria impossível aprofundarmos o estudo de uma sem um sólido conhecimento da outra.
  • 12. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 12/35 Anestor Porfírio da Silva Anestor Porfírio da Silva M.I. e membro ativo da ARLS Adelino Ferreira Machado Or. de Hidrolândia-GoiáS Conselheiro do Grande Oriente do Brasil/Goiás anestorporfirio@gmail.com A Maçonaria incompreendida, apesar de Justa e Perfeita Caminhando sempre ao lado da verdade, com inabalável crença na existência de um Ente supremo, que é Deus, e na continuidade da vida após a morte, a Ordem Maçônica não atua como religião, identificando-se apenas como uma associação espiritualista, de formação adequada e compatível com a doutrina cristã, que se define nos dias atuais como uma verdadeira escola de aprimoramento moral, intelectual e espiritual de seus iniciados, sendo talvez uma de suas mais difíceis tarefas a elevação do nível de consciência do maçom, tirando-o - segundo consta de seus rituais - das trevas da ignorância, através de ensinamentos que lhe possibilitem assimilar com clareza o perfeito sentido da trilogia LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, valores que, em conjunto, representam os fins supremos da Instituição. Um aspecto esclarecedor de sua verdadeira personalidade aos não maçons é hoje a transparência. Sua face, antes tida como oculta, insondável, se fez estampar-se publicamente nos últimos tempos. Ela vem exibindo a sua identidade de modo claro e insofismável aos olhos dos curiosos, revelando o conteúdo de arquivos que no passado eram tidos como sigilosos e mantidos em absoluto segredo, mostrando não ter ela pacto com o demônio, não ser religião, não ser anticlerical e nem serem seus Templos lugares onde se praticam rituais de magia negra. Ela é apenas uma instituição de finalidade não lucrativa, que congrega homens de bons costumes, tementes a Deus, pertencentes a diversas religiões e que age com seriedade na consecução de seus objetivos. O fato se confirma porque as leis, os princípios e postulados sobre os quais ela se sustenta já fazem parte de uma rica literatura que pode ser facilmente acessada por qualquer pessoa, bastando apenas disposição de quem se encontre interessado, para navegar na internet ou dirigir-se a uma boa livraria. Porém, neste sentido, há muitos trabalhos que atestam a verdade e outros tantos ou, talvez mais, que partem de autores inescrupulosos, falsos e mentirosos, apenas para confundir as mentes daqueles que não são maçons. Portanto, para se chegar a um juízo exato sobre o que é a verdadeira maçonaria, é recomendável o máximo de cuidado na distinção entre o trabalho elaborado com base em provas, com seriedade, com lisura, e aquilo que escrevem os invejosos, os detratores e inimigos gratuitos da mencionada instituição, pois estes últimos se inspiram apenas em suposições. 4–A Maçonaria Incompreendida, apesar de Justa e Perfeita - Anestor Porfírio da Silva
  • 13. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 13/35 A maçonaria, como se sabe, não é algo abstrato. Ela para funcionar, a exemplo do que ocorre com os demais empreendimentos de finalidades lícitas, precisa de ter personalidade de acordo com as leis civis de cada país. No Brasil, é nos cartórios oficiais que são feitos os registros dos atos constitutivos dos órgãos representativos da Instituição. Nesses atos acha-se definida a personalidade jurídica de cada um deles (Lojas Maçônicas, Grão-Mestrados Estaduais, Distrital e Grão-Mestrado Geral), assim como, suas respectivas atividades, forma de administração e a finalidade a que cada um se propõe, tudo de forma pública à disposição de quem se interessar em conhecê-los. Há séculos marcando presença, praticamente em quase todos os países, exceto nos de governo comunista, ela se mantém resoluta e no firme propósito de trabalhar pelo bem da humanidade, sem se dissociar da obediência às leis civis, penais etc., do respeito à justiça e da defesa e preservação dos insubstituíveis princípios da ética e da moral. Sua história, documentada e registrada, descreve que óbices incontáveis foram postos à sua frente, alguns quase insuperáveis, com o propósito de extingui-la ou, no mínimo, impedir o brilho de sua trajetória que, ao final, foi vitoriosa, apesar das violentas perseguições a que foi submetida. Apenas um desses óbices ainda existe, afirma a maçonaria, e que a sua superação só não foi possível por estar o mesmo arraigado a injustificados sentimentos religiosos. É a rejeição que, há séculos, os altos dignitários da Santa Sé têm por ela, mantendo-a sob censura e acusando-a de ser uma “associação que maquina contra a Igreja Católica”. Conforme se verá adiante, o rótulo é fantasioso e vem induzindo os referidos dirigentes do catolicismo ao cometimento de um grave e continuado erro contra a maçonaria, definido pelas regras do direito penal como crime de calúnia, o qual tem sua origem nos tempos de Clemente XII (1.738) e desde então vem resistindo ao tempo, alimentado por infundada e odiosa intolerância religiosa e parece que, pelo menos por enquanto, a cúpula da mencionada religião não está pensando em desistir dessa grotesca bobagem. Maquinar é tramar em segredo algo prejudicial a alguém. É armar conspiração contra alguém. Ora, se a maçonaria é uma associação que maquina contra a Igreja Católica desde o ano de 1.738, conforme ela própria vem afirmando abertamente há centenas de anos, e tal como consta do seu Código de Direito Canônico (Cânone 1.374), não é de todo compreensível, muito menos crível, que uma instituição recheada de prestígio universal, e também de influência, como sempre foi a maçonaria, não tenha conseguido durante tantos séculos atingir a Igreja em seu poder temporal, em seus interesses dominantes ou em sua honra e dignidade, mediante trama em segredo de algo que, de uma forma ou de outra, lhe pudesse ser prejudicial, ou de armação conspiradora com o mesmo objetivo. Para tornarem verdadeiras e confiáveis as acusações do alto clero do catolicismo contra a maçonaria, este ficaria em confortável situação se tivesse provas cabais e irrefutáveis a apresentar aos fiéis da Igreja Católica dos resultados de tais maquinações. O tempo já se faz longo demais para, em todo o seu curso, a maçonaria não ter conseguido prejudicar a Igreja Católica e para esta também, durante o mesmo tempo, não ter conseguido tornar pública nenhuma prova de possível prejuízo cujo resultado tivesse como causa o exercício da atividade maçônica.
  • 14. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 14/35 Há ainda outros pontos em que a Igreja se debate contra a maçonaria. Num deles ela afirma que a Ordem Maçônica universal se divide em duas linhas e as identifica de forma irreal como sendo uma, a Anglo-saxônica, que abriga em seu seio corrente liberal, atéia e anticlerical. A outra, a Franco-Maçonaria, mais conservadora, deista, de tendência católica. Na verdade, não há maçonaria ateia, deísta ou anticlerical. O que de mal existe não é a maçonaria anglo-saxônica, nem a franco-maçonaria, mas a denominada de maçonaria irregular, aquela que traz em sua formação nuances que a reprovam perante a maçonaria regular. Ambas as linhas acima mencionadas são regulares. Para ficar provado que neste sentido a Igreja Católica mais uma vez se engana e é induzida a cometer outro erro, a maçonaria regular torna público o que consta de seus princípios gerais e postulados universais, onde ela se define como uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Também, nada de comprometedor quanto ao princípio da religiosidade maçônica em relação ao catolicismo. Através das cláusulas imutáveis de seus Landmarks (de oriogem bíblica, provérbio 22:28), vigorados a partir de 1723, ela proclama apenas a prevalência do espírito sobre a matéria e a crença em Deus como criador do Universo, não sendo tendente a nenhuma religião. Quanto a este aspecto, acha por bem ser omissa, mesmo porque maçonaria não é ser humano dotado de espírito, mas apenas uma instituição. Por outro lado, no que diz respeito à profissão de fé religiosa, postar-se na condição de neutralidade perante seus membros é, primordialmente, para criar um clima de descontração necessário no ambiente das reuniões, depois, para evitar conflitos, uma vez que, os seus quadros são compostos por homens de tendências religiosas variadas e, finalmente, porque seus objetivos não são os mesmos das entidades religiosas. Eles são outros bem diferentes e para alcançá-los ela precisa da união fraternal de todos os seus membros. Isto só é possível porque a maçonaria faz valer um de seus mais importantes princípios, o da “Liberdade”. Ao proclamá-lo, seu iniciado fica à vontade para decidir se quer continuar como fiel da fé religiosa que vinha praticando antes de ser maçom ou se prefere apenas continuar acreditando em Deus. Mas, ressalte-se que apesar desse livre arbítrio não há maçom deísta na maçonaria brasileira, ressalvadas raríssimas exceções, assim mesmo em número infinitamente menor que o dos brasileiros não maçons, muitos deles possuidores de excepcionais qualidades para pertencerem à maçonaria, que dizem acreditar em Deus, professar o catolicismo, mas há anos não fazem uma oração, nem vão à Igreja. Tem-se então que a imputação feita pela Igreja Católica de ser a maçonaria uma associação deísta, também não procede, pois ela não induz, nem obriga nenhum maçom a ser deísta. Como deísta, entende-se a pessoa física que crê em Deus sem aceitar religião nem culto. Esse estado de espírito ela não transmite aos seus filiados, tendo em vista o mesmo nada acrescentar, em termos de resultado no desenvolvimento de suas atividades. Pela razão acima, não são definidas, nem claras para os pesquisadores do assunto, as bases em que se sustenta a afirmação que os dirigentes máximos do catolicismo sempre fazem de ser a maçonaria uma associação deísta, a menos que seja por mera intolerância religiosa contra seus próprios irmãos, os maçons, homens de corações sensíveis ao bem e também filhos do mesmo Deus.
  • 15. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 15/35 A Missão Permanente da Maçonaria Publicado pelo IrLuiz Marcelo Viegas (https://opontodentrodocirculo.wordpress.com) Autor: Ir Rubi Rodrigues A Missão Permanente da Maçonaria: Um Sacerdócio Maçônico Introdução No mundo maçônico, uma notícia comemorada nos últimos anos diz respeito ao advento de estudos acadêmicos sobre a Maçonaria desenvolvidos por estudantes regulares do ensino superior, em diferentes universidades da Europa e das Américas (CASTELLANI; CARVALHO, 2009). A novidade foi festejada no meio maçônico em razão de ampliar o cuidado metodológico dos estudos da história maçônica, tradicionalmente conduzidos por maçons independentes que, em alguma medida, pecavam justamente quanto ao rigor metodológico das pesquisas. Esse aporte do formalismo acadêmico, embora promissor, também desperta cuidados, tendo em vista as dificuldades que se antepõem a um não iniciado para compreender os arcanos que suportam a doutrina da Ordem e lhe definem o espírito. Não se trata meramente de compreender as razões e as motivações formais da Maçonaria, mas também de saber ler a linguagem simbólica e metafórica dos rituais, tão distante da linguagem conceitual cultivada na Academia e cujo domínio requer tempo e muita reflexão recursiva. E, mesmo assim, depois de o pesquisador ter adquirido familiaridade com os símbolos, volta e meia, surpreende-se com insuspeitos significados que sempre estiveram ali, diante dos olhos, sem serem notados. De outro lado, a própria comunidade dos maçons, em constante renovação (Ibid., p. 517), encontra dificuldades equivalentes para interpretar e entender tanto a instituição e seus propósitos quanto a doutrina e seus desafios. A proliferação de potências e de ritos constitui evidência eloquente de dificuldades interpretativas e perdas de foco cuja acomodação se fez ao custo da unidade da Ordem. Além disso, o saudosismo recorrente sobre feitos políticos do passado (Ibid., p. 511), e as constantes reclamações e críticas dirigidas às lideranças sobre a passividade da Ordem, diante das mazelas 5 – A Missão Permanente da Maçonaria - (do site O Ponto Dentro do Círculo) – Rubi Rodrigues
  • 16. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 16/35 políticas e sociais do momento, também revelam visões tencionadas, predominantemente, por olhares de curto prazo, por circunstâncias que mudam constantemente e que, certamente, não possuem escopo para justificar uma instituição secular como a Maçonaria e, muito menos, para contemplar a tradição milenar que lhe fornece os alicerces. Compreende-se naturalmente que essa diversidade de visões constitui preço da ampla liberdade de pensar, intencionalmente cultivada (GOB, 2001), como ambiente propício tanto à geração de novos conceitos como ao resgate de significados simbolicamente preservados. Entretanto, em se tratando de um projeto que perpassa os séculos e o próprio milênio, é evidente que nenhum estudioso, seja maçom ou acadêmico, poderá contemplar adequadamente a Maçonaria, desprovido de consistente compreensão sobre as suas razões e motivações secularmente preservadas. Da mesma forma que o labor científico especializado, voltado para um aspecto particular da realidade, não pode ser realizado sem que o cientista tenha em mente as leis gerais da natureza, também a competente contemplação e compreensão da Ordem maçônica requerem a consideração de suas razões essenciais e de suas motivações permanentes. A par dessas razões eminentemente maçônicas, cumpre destacar o novo alento que os estudos metafísicos têm recebido no meio acadêmico, em decorrência de tese oriunda das escolas de Tübingen e de Milão (SZLEZÁK, 2009), evidenciada em trabalhos filológicos (Ibidem) e historiográficos (REALE, 2004) de grande consistência, segundo os quais se impõe considerar as lições que Platão reservou e tratou exclusivamente na oralidade – identificadas sob o título de “doutrinas não escritas” – para se entender devidamente a sua obra. A força com que essa nova perspectiva vem-se impondo, inclusive no Brasil (PERINE, 2011), prenuncia uma retomada ou um novo ímpeto nos estudos acadêmicos de metafísica, fato que abre preciosa oportunidade de diálogo entre a Academia e a Maçonaria, dado que esta, apesar de valer-se de linguagem simbólica, nunca se afastou da perspectiva metafísica. Em face dessas circunstâncias, objetiva-se, com o presente trabalho, primeiramente, lançar alguma luz sobre os arcanos que são determinantes do seu espírito e indicativos da sua missão de longo prazo, na expectativa de melhor instrumentalizar o ensino maçônico e de contribuir para que estudiosos, maçons e leigos, possam, nas suas análises, levar em conta o que a Ordem possui de mais valioso e essencial. Secundariamente, objetiva-se postular uma estrutural afinidade entre doutrina maçônica e estudos metafísicos, com base em legados de Platão, cuja doutrina não escrita adquire significados esclarecedores quando contemplada por olhos iniciados, configurando contribuição conceitual importante para todos e, em particular, para os estudos da obra de Patão orientados pelas mencionadas “doutrinas não escritas”. Para atingir esses objetivos, contextualiza-se, em largos traços, uma tradição de Escolas de Mistério cultivadora de um conhecimento esotérico, cuja orientação ontológica encontrou terreno fértil no espírito grego clássico, empenhado em superar a cultura mitológica – mediante a busca de fundamentos da natureza que pudessem ser suportados pela razão. Esse movimento alcança seu ápice na Academia Antiga que, sintomaticamente, mantém a tradição de um conhecimento esotérico distinto do saber liberado para todos, configurando um fato apenas marginalmente contemplado nos estudos modernos da obra de Platão e que, agora, ganha relevância em razão dos novos rumos que se oferecem para tais estudos. Uma vez detectada a presença dessa tradição esotérica no berço da filosofia ocidental, ausculta-se a doutrina maçônica a fim de identificar os seus motivos, constata-se que Platão comungava de preocupações semelhantes, tendo se dedicado intensamente à questão – particularmente no mito da caverna e no desafio que coloca ao verdadeiro filósofo. Na sequência, a fim de avaliar a extensão dessa confluência, examina-se a teoria das ideias de Platão, identificam-se limites do modo platônico de ver o mundo e constata-se que a superação de tais limites depende da sua “doutrina não escrita”
  • 17. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 17/35 ou do que Aristóteles vai designar de “teoria dos princípios” de Platão. Finalmente, aportam-se conceitos conquistados na modernidade e, com isso, logra-se alcançar, em alguma medida, os objetivos formais deste trabalho, que apenas abre uma picada no meio da floresta, indicando um percurso promissor que, virtualmente, poderá vir a recepcionar uma civilizadora autoestrada pavimentada de intenso tráfego, mas cuja consecução certamente requer árduos esforços complementares de pesquisa. Desenvolvimento A Maçonaria inscreve-se em uma tradição de Escolas de Mistério de orientação filosófica, cujas raízes são encontradas na mitologia egípcia. Mas, em se tratando da civilização ocidental, isso não constitui prerrogativa da Maçonaria, uma vez que a religião e a filosofia do ocidente também possuem o mesmo nascedouro. Está demonstrada a origem egípcia das concepções básicas de Pitágoras e de Platão (JÁMBLICO, 1997) que inauguram o pensamento filosófico ocidental bem como a influência egípcia na formação do povo hebreu e na própria composição de certos relatos bíblicos, inclusive na concepção de um Deus único (GADALLA, 2003), de sorte que convém levar em conta que, embora a mitologia operasse uma linguagem simbólica e metafórica, ensejou tanto derivações religiosas de cunho místico quanto derivações filosóficas de caráter racional. Esse fato, por si só, já evidencia que os relatos mitológicos precisam ser levados a sério e que, apesar de a sua origem ser desconhecida, a riqueza e a densidade de seus conteúdos denunciam a genialidade e a sabedoria dos seus criadores, o que também revela que a história oficial da humanidade está omitindo parte da verdade ou, no mínimo, apresenta instigante lacuna. De qualquer modo, parece perfeitamente interpretável que a mitologia egípcia representou construção pedagógica de cultura superior, visando a impregnar certos valores em uma cultura incipiente, incapaz de preservá-los como tradição racional (CAMPBELL, 1989). De certa maneira, solução similar foi adotada pelos criadores da Maçonaria especulativa, no século XVIII, quando os rituais foram concebidos. Estes registram simbolicamente certos conhecimentos que tendiam a desaparecer ou serem esquecidos, em meio a uma cultura que, inexoravelmente, voltava-se para a materialidade e para a valorização de uma ciência excludente de tais saberes, porquanto confinada ao âmbito do espaço tridimensional. Aliás, a preservação e o cultivo de conhecimentos julgados essenciais, em contextos culturais hostis, parecem representar motivação base de boa parte das confrarias e Escolas de Mistério de que se têm notícias. Essas iniciativas, que se reproduzem no tempo a partir dos templos do Egito Imperial, passando pela Grécia Clássica antes de assumir as formas Rosa Cruz e Maçônica modernas, precisam ser consideradas seriamente, tal como se requer da mitologia. Tais iniciativas, em boa parte das ocasiões, sobreviveram à revelia do poder político estabelecido, significando que impunham aos seus membros algum grau de risco (PORFÍRIO, 1987). A adoção de um discurso exotérico distinto do conhecimento esotérico praticado na intimidade evidencia cuidados que eram tomados. Na contrapartida, isso torna também evidente que havia convicção, perspectiva de longo prazo e dedicação à causa da cultura humana, de sorte que, quando a Academia, agora, passa a estudar cientificamente a Maçonaria, demonstra que não se pode apreciar simplistamente um fenômeno social dotado de tal persistência e que convém apreciá-lo com formalismo científico. Em face do acima exposto, entende-se pertinente procurar, no âmbito dos rituais maçônicos, as razões e as motivações permanentes da Ordem. Nesses rituais, a condição de maçom pleno é obtida com a conquista do grau de Mestre, que é conferido em uma cerimônia ritualística própria: a Cerimônia de Exaltação (GOB, 2009). Ora, se essa cerimônia confere ao obreiro a plenitude maçônica, parece justo supor que os projetistas dos rituais tenham definido, nessa ocasião, tanto o papel do Mestre como os propósitos da Ordem, uma vez que aquele somente pode ser estabelecido à luz destes.
  • 18. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 18/35 Além de fixar, na Cerimônia de Exaltação, o ponto de partida desta investigação, cumpre considerar que se está contemplando conteúdos simbolicamente registrados, dado ser essa a linguagem do ritual que, conforme já vimos, no caso da mitologia, admite derivação tanto no sentido místico-religioso quanto no sentido filosófico-racional. Obviamente, o presente estudo requer que se siga esta última linha, no sentido da racionalidade, por ser ela que possibilita não apenas a identificação do papel do Mestre, mas também a identificação da missão da Ordem. Curiosamente, como se verá, essa passagem do simbólico para o conceitual demonstrará o caráter essencialmente filosófico da Maçonaria e, para ser mais preciso, o caráter metafísico da Maçonaria (RODRIGUES, 2012). Ora, sabe-se que, na modernidade, a Filosofia abandonou a linha metafísica, assumiu um caráter subjetivista, converteu-se em Teoria do Conhecimento, realizou estudos de lógica, configurou uma Filosofia da Linguagem e chegou, com Heidegger, a afirmar que Metafísica só seria possível à margem da racionalidade (MORA, 1978; MOLINARO, 2004). Somente nas últimas décadas, a percepção das “doutrinas não escritas” de Platão traz novo alento aos estudos metafísicos e promete recolocar a Filosofia no seu leito original. Observe-se que a doutrina maçônica manteve-se fiel à perspectiva metafísica e que o desvio da Filosofia por caminhos outros comprova o acerto dos criadores da Ordem tanto no diagnóstico da situação como na solução de preservação adotada, o que indica, de modo bastante efusivo, que a Maçonaria constitui um projeto comprometido com a cultura humana e que os estudos acadêmicos que estão surgindo merecem efetivamente ser festejados. O que nos diz a Cerimônia de Exaltação A construção do Templo da Razão ou da mente, em todo o seu esplendor, tanto quanto a libertação do espírito da caverna das ilusões, potencializando os estágios superiores de lucidez e discernimento que a natureza faculta à espécie humana, não pode ser realizada por outro, de fora para dentro, mas apenas pelo ser que possui acesso à razão. Apenas cada um, individualmente, pelo seu próprio esforço e empenho, pode libertar a sua própria mente. Não há a mínima possibilidade de fazê-lo de modo distinto. Portanto, o que a Cerimônia de Exaltação informa-nos é que a Maçonaria constitui um projeto de libertação (SUPREMO…, 2005ª), de libertação do espírito ou da mente humana, para as suas melhores potencialidades e que o desafio do Mestre Maçom consiste, primeiramente, em realizar essa libertação em si mesmo: realizar a sua própria libertação. A Necessidade de Passar do Simbólico para o Racional A compreensão da missão da Ordem e do desafio do Mestre inscreve a Maçonaria na condição de promotora do processo civilizatório e de instituição a serviço da humanidade, nos mesmos moldes de outras instituições existentes, tais como escolas, universidades, igrejas, institutos de pesquisa e tantas outras. O objetivo específico, porém, de libertar o espírito das ilusões que o enganam e potencializar a competência cognitiva superior preconizada no projeto humano implica projeto de domínio pleno do ato de pensar, de modo a torná-lo um ato metódico, plenamente formalizado (RODRIGUES, 1999). Ora, saber pensar metodicamente exige um método formal de pensar, e pretender ensinar isso para seus adeptos pressupõe uma instituição que detenha e domine esse conhecimento. Isso diferencia a missão da Maçonaria e a torna uma instituição única no mundo, de vez que, pelo que se sabe, em nenhuma universidade, encontra-se uma disciplina com a pretensão de ensinar a pensar metodicamente. No máximo, encontram-se, em diferentes cursos, estratégias de desenvolvimento de capacidade interpretativa ou, então, estratégias de desenvolvimento de habilidades lógicas e metodológicas gerais.
  • 19. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 19/35 Impõe-se perceber que libertar o espírito da matéria constitui um projeto ambicioso, caso, efetivamente, vise ao amadurecimento intelectual da espécie e a habilitação do homem para uma compreensão totalizante do universo, da natureza e de si mesmo. Algo claramente diferente e que não se confunde com as formações científicas especializadas de toda ordem que, hoje, são propiciadas nas faculdades e universidades do mundo profano; algo que deveria instrumentalizar todo homem que tenha a pretensão de desenvolver ciência sobre o universo, pois, caso a sua visão de mundo esteja equivocada, o resultado de sua ciência fica comprometido. A questão é que a especificação conceitual e científica desse método libertador do pensar não consta dos rituais da Maçonaria, embora ele esteja simbolicamente indicado com grande destaque (RODRIGUES, 2009). A especificação formal desse método não consta dos rituais, não por deficiências na sua elaboração, mas porque, até a presente data, não apenas a Maçonaria, mas todas as Escolas de Mistério do mundo não conseguiram produzir uma descrição formal e científica dele. Certos estudos revelaram que quem mais se esforçou para conseguir essa descrição foi Platão, tomando por base uma solução precária legada por Pitágoras (SZLEZÁK, 2008). Apesar do seu esforço, ele não logrou resolver o problema, embora tenha aportado decisiva contribuição para solucioná-lo, como ainda veremos. Na ocasião, Platão enfrentou dificuldades intransponíveis, representadas pela inexistência de certos recursos conceituais que a humanidade somente desenvolveu na modernidade. Platão e Pitágoras foram os primeiros grandes iniciados que se esforçaram para converter uma convicção, simbólica e metaforicamente descrita, em uma descrição formal, racional e, logicamente, suportada. Esse conhecimento tinha sido recolhido por Pitágoras no seio da mitologia egípcia (PORFÍRIO, 1987; JÁMBLICO, 1997; SCHURÉ, 2011) e, embora fosse absolutamente convincente, tinha apenas descrições simbólicas, possivelmente não muito diferentes daquelas usadas pela Maçonaria de hoje. Isso podia ser suficiente no âmbito de uma confraria unida pela lealdade e pelo desejo de compreender, mas era nitidamente insuficiente para conquistar mentes extramuros e ganhar universalidade. Atualmente, a situação da Maçonaria não é diferente. Os obreiros estão todos convencidos da necessidade, da utilidade e da conveniência de libertar o espírito da matéria. Apenas não sabem como fazer isso racionalmente. Já se viu que não basta derivar para a religião e o misticismo e apelar para a fé. Esse caminho tem sido tentado pelas religiões. A solução almejada implica derivação para a racionalidade e a razão. A demanda é de elementos conceituais, solidamente amparados pela lógica, que se revelem convincentes e possam ser testados em procedimentos confiáveis, tais como aqueles preconizados pelo método científico. Portanto, impõe-se transitar do simbólico para o conceitual sob o amparo da racionalidade. Capitaliza-se, para tanto, os esforços, no mesmo sentido, desenvolvidos por Platão e, depois, acrescenta-se o que a modernidade ensina. A Teoria das Ideias e a Razão Áurea de Platão Platão percebeu que os sentidos orgânicos de percepção que instrumentalizam os homens são especializados. O ouvido ouve sons; o olho vê formas e cores; o tato sente texturas, temperaturas e formas; o gosto percebe sabores; o olfato percebe odores; e a mente compreende. Percebeu, também, ser impossível para o ouvido ver, para o olfato sentir sabor, para o olho compreender etc., sendo apenas possível a cada sentido realizar a percepção de sua própria especialidade, a percepção para a qual o sentido está habilitado. Nesse contexto, percebeu, ainda, que os homens confundiam e não distinguiam, adequadamente, os objetos de percepção do olho e da mente. Os homens acreditavam pensar o que viam, o que contrariava a especialização dos sentidos. Se o olho via o objeto, as cores e a forma da matéria, a mente pensava o que do objeto?
  • 20. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 20/35 Platão soluciona essa questão com a sua teoria das ideias, segundo a qual a mente entende e tem acesso à inteligência organizativa que constitui a essência modeladora dos objetos. Essa essência ou inteligência organizativa ele designou de ideias ou formas. Essas ideias ou formas determinam a compleição dos objetos e constituem a essência constitutiva deles, conferindo-lhes propriedades que são identificadas como atributos. Em lugar de ideias e formas, prefere-se usar a expressão inteligência organizativa para designar essa essencialidade constituinte, uma vez que, modernamente, sabe-se que os objetos não resultam da junção aleatória de componentes, mas da articulação inteligente de certos e determinados componentes, capazes de se integrar em uma totalidade estável que resultará dotada de propriedades específicas. Nessa perspectiva, Platão encontra uma maneira simples de diferenciar os objetos de percepção da mente dos objetos de percepção do olho: “Os objetos são visíveis, mas não inteligíveis, ao passo que as ideias são inteligíveis, mas não visíveis” (PLATÃO, 2012). Essa frase sintetiza de forma simples e clara a percepção que suporta a teoria das ideias de Platão: há um mundo inteligível distinto do mundo visível que, ordinariamente, prende a atenção dos homens. Esse mundo inteligível configura uma realidade essencial situada mais além do mundo visível imediato e se compõe de ideias ou inteligência organizativa que cumpre papel determinante da compleição e da forma desse mundo visível. Essa separação entre a instância visível e a instância inteligível proporciona a Platão um poderoso e revolucionário modo de ver o mundo que, juntamente com a sua dialética, explica o poder de sedução e a magnitude da sua obra. Pode-se esquematizar esse modo de ver o mundo da seguinte forma: Figura 1: Modo platônico de ver o mundo. Fonte: Platão (2012) Essa figura foi extraída de texto que antecede a apresentação do mito da caverna por Platão, no diálogo A República (Ibidem), em que o personagem Sócrates é desafiado a falar do bem em si que, na teoria das ideias, ocupa a posição de fonte a partir da qual as ideias emanam. Em outros textos, essa fonte primordial é também designada de o belo em si e também de o uno. Esse uno, em Platão, expressa a simplicidade absoluta e indivisível que antecede ao próprio número e à própria unidade quantitativa, sendo assim considerada a origem primeira do cosmos (REALE, 2004). Sócrates recusa- se a falar do bem em si – que está justamente no cerne do que, hoje, está sendo designado de “doutrinas não escritas” de Platão –, mas se dispõe a falar do filho do bem em si, o qual afirma ser muito semelhante ao pai que o gerou e que resulta ser o Sol. Essa semelhança é afirmada por ele em uma frase em que estabelece verdadeira relação áurea, ligando o mundo inteligível ao mundo visível, que exerce função estrutural semelhante à da famosa proporção áurea (1,168) que os gregos também identificaram e que, além de estar sempre presente na natureza, foi usada no Parthenon e também está ou deveria estar presente no retângulo básico que formata os templos maçônicos. Essa razão áurea pode ser expressa nos seguintes termos: “O Sol está para o mundo visível assim como o bem em si está para o mundo inteligível” (PLATÃO, 2012, 508c). Sócrates explica aos seus ouvintes, mais ou menos, nos seguintes termos: no mundo visível, o olho vê porque possui a propriedade de ver, e o objeto e as cores são vistos porque possuem a propriedade de se mostrarem (Ibid., 507c a 509c). Nada disso pode ocorrer na ausência de luz e, no nosso planeta, a
  • 21. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 21/35 fonte da luz é o Sol. Quando começa a escurecer, a visão também vai se perdendo, até que, em plena escuridão, o olho não consegue ver mais nada. Quando amanhece, o processo se inverte, as visões vão ficando cada vez mais claras, até que, à plena luz do Sol, tudo torna-se nítido outra vez. Ocorre, porém, afirma Sócrates, que o Sol não apenas fornece a luz que possibilita a visão, mas também é a fonte geradora tanto do olho como do objeto visto. Atualmente, na modernidade, não se tem mais dúvida disso. O Sol é a fonte criadora não apenas da luz, mas igualmente de todos os planetas do Sistema Solar e também os mantém em órbitas estáveis, o que possibilitou o surgimento da água e de toda a vida presente na Terra e, ainda, moldou todos os sentidos de percepção dos animais e, evidentemente, também tornou os olhos capacitados para ver. Além disso, continua fornecendo a energia que sustenta toda a vida. O mesmo processo ocorre no mundo inteligível, afirma, ainda, Sócrates. O bem em si não apenas gera a mente e a inteligência organizativa ou ideias que moldam os objetos, mas também fornece a “iluminação” que permite à mente entender essa inteligência organizativa. A diferença é que, em lugar de luz, o bem em si fornece o ser e a verdade que são os elementos com os quais esse entendimento torna-se possível. Pode-se, então, também dizer que a luz está para o ato de ver, assim como o ser e a verdade estão para o ato de entender. Sobre o mundo visível descrito por Platão, não restam dúvidas. A ciência moderna sanciona, em termos próprios, todas as explicações dadas. Sobre o mundo inteligível, cabem algumas explicações: A presença do ser, na mente, constitui um fato que apenas cada um pode constatar ao examinar os seus próprios pensamentos. Ao pensar, percebe-se nitidamente que, na raiz de nossos pensamentos, encontra-se o ser que somos e que constitui o operador inteligente que pensa. A presença da inteligência organizativa nos fenômenos, também, não oferece dificuldades. É evidente que um computador resulta da confecção e reunião de peças projetadas pelo homem e registradas, inicialmente, de forma escrita, em documentos/projetos. As peças que integram o computador foram construídas a partir de especificações contidas nesses projetos, e a montagem do computador deu-se em obediência à inteligência organizativa que os engenheiros registraram no projeto. À medida que a montagem realizava-se, essa inteligência organizativa foi sendo incorporada à máquina em construção e, no final, o computador tornou-se uma unidade funcional determinada por essa inteligência organizativa (RODRIGUES; RODRIGUES, 2012), a qual Platão chamaria de a ideia ou a forma do computador. De outro lado, o bem em si é o uno, o princípio criador, o Deus das religiões e o princípio necessário da metafísica. Na Maçonaria, corresponde ao Grande Arquiteto do Universo que é aceito, aprioristicamente, como princípio (GOB, 2001), de sorte que a demonstração de sua existência, embora possível (SANTOS, 2001), fica aqui dispensada. Resta, então, falar sobre a verdade que tanto imprime inteligência às ideias quanto permite à mente entender essa inteligência organizativa. O conceito de verdade de Platão está ligado ao conceito de beleza grego e, consequentemente, ao conceito de bem em si e belo em si. O grego entende que nem mesmo Deus poderia criar o mundo de qualquer maneira, pois tinha de obedecer às matemáticas (ARISTÓTELES, 2006), posto ser essa a única maneira da criação configurar um cosmos e não um caos. Ou seja, para os gregos, as leis da forma, do movimento e da quantidade, que correspondem em linhas gerais às ciências hoje designadas de Geometria, Lógica e Matemática, constituíam estruturas inescapáveis da existência, de modo que a criação somente pode ocorrer em âmbito de possibilidades demarcado por essas leis.
  • 22. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 22/35 Nesses termos, tanto a construção da mente e de sua faculdade de pensar como a construção da inteligência organizativa e sua faculdade de ser pensada resultam frutos do ser e da verdade (PLATÃO, 2012, 508e e 509ª). Consequentemente, o ato de entender implica reconhecimento da verdade por parte do ser, isto é, a verdade presente no ser encontra correspondência na verdade presente na inteligência organizativa do objeto e, assim, torna-se compreensão e conhecimento. Platão ainda esclarece que o ser surge do bem em si ou do uno por transbordamento (Ibid., 508b/c), querendo, com isso, dizer que o ser não se origina do bem em si em virtude de um movimento deste, posto que o bem em si, desde Pitágoras, é concebido como ilimitado (REALE, 2004) e, portanto, necessariamente estático, já que qualquer movimento implica determinação e limitação. Hoje, seria mais adequado dizer que o ser emana do bem em si por transcendência, uma vez que o movimento transcendental encontra-se formalizado (SAMPAIO, 2001) e explica como um fenômeno pode surgir e desaparecer de um dado plano existencial, fato que constitui ocorrência comum na natureza. Caso o leitor possa reunir um átomo de oxigênio com dois átomos de hidrogênio em condições adequadas, terá criado uma molécula de água que, antes, não existia no plano existencial das moléculas e, fazendo o inverso, fará essa molécula desaparecer da existência. Designar esse movimento de transcendência revela-se perfeitamente adequado, porque a molécula de água apresenta propriedades que não estão presentes nos seus átomos constitutivos, de sorte que a molécula de água constitui uma totalidade que se situa para além da mera soma das partes. Portanto, a ideia básica de surgimento de algo, no âmbito da existência, por transcendência, afigura-se pertinente, razoável e adequada. Assim, constatam-se perfeitamente justificados todos os elementos usados por Platão para caracterizar e distinguir, na realidade, um mundo visível de um mundo inteligível. Apesar disso, o modelo de mundo inteligível de Platão não está fechado e completo, faltando um elemento-chave para dar-lhe consistência interna. Platão tinha plena consciência dessa carência, embora não tenha conseguido supri-la. Esse elemento faltante constitui justamente o núcleo central das chamadas “doutrinas não escritas” de Platão, assunto do qual apenas tratou na oralidade. Observe-se que o projeto de computador acima mencionado contempla a inteligência organizativa que faz daquela máquina um computador dotado de certas propriedades e de certas funcionalidades, mas não contempla a inteligência criativa que os engenheiros utilizaram para criar o projeto, isto é, não contempla o conhecimento usado pelos engenheiros para projetar a inteligência organizativa do computador. Da mesma forma, em se tratando da natureza, uma árvore constitui um fenômeno bem determinado por certa inteligência organizativa. Essa inteligência organizativa da árvore é muito mais sofisticada do que aquela do computador, tanto assim que possui a propriedade de reproduzir-se. Entretanto, por mais sofisticada que essa inteligência organizativa seja, não contempla o conhecimento demandado para a criação da primeira árvore. Portanto, está faltando, no esquema de mundo inteligível retratado na figura, a indicação de uma inteligência criativa capaz de explicar como é que o ser emanado do uno, contando apenas com o apoio da verdade, consegue criar as inteligências organizativas que moldam os fenômenos existentes. Pode-se também formular essa pergunta nos seguintes termos: como é que o ser que transcende do uno consegue criar fenômenos na existência, contando apenas com as leis naturais da Lógica, da Geometria e da Matemática?
  • 23. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 23/35 A Razão de Todas as Escolas de Mistério Conseguir uma descrição formal, racional e lógica dessa inteligência criativa foi o sonho acalentado pelos mestres maiores de quase todas as Escolas de Mistério, e perceber o seu potencial enquanto ferramenta referencial ampliadora do discernimento humano, a fonte motivadora da sua construção. Ao que tudo indica, no Egito Imperial, a percepção disponível dessa inteligência criativa, ao menos em algumas épocas, foi suficiente para gerar uma tecnologia avançada que possibilitou as obras faraônicas conhecidas. Pitágoras recolheu esse conhecimento em expressão simbólica e tentou traduzi-lo e formalizá-lo em termos matemáticos próprios da cultura grega. O resultado foi a famosa dédaca sagrada, expressa na equação 1 + 2 + 3 + 4 = 10, que constituía o cerne da doutrina pitagórica e, sobre a qual, os iniciados da escola místico-filosófica, criada por Pitágoras, juravam fidelidade à Ordem e lealdade aos demais irmãos (SANTOS, 2002; MARTÍN, 2009). Embora essa equação constituísse um avanço sobre uma descrição meramente simbólica e expressasse o sentido geral do modelo criativo usado pela natureza na geração dos fenômenos, representava uma formalização precária e problemática, tanto assim que esses números foram definidos como números ideais (KLEIN, 1992; ARISTÓTELES, 2006) distintos dos números quantitativos. Esses números ideais não podiam ser operados uns contra os outros, tal como na matemática ordinária, mas cada um inaugurava uma série quantitativa distinta que não se misturava com as demais. Essa descrição pitagórica da inteligência criativa foi a que Platão recebeu e não conseguiu formalizar de modo mais preciso e racional. Por esse motivo, não escreveu a respeito e tratou do assunto exclusivamente na oralidade. Supõe-se que isso se dava no âmbito privativo de uma Escola de Mistério de orientação pitagórica, que Platão operava na residência que tinha construído no jardim de Academos, onde funcionava a Academia. Nesta, tratava-se de todos os assuntos contidos nos diálogos, no entanto, quando a conversa exigia tratar da inteligência criativa, que, em termos platônicos, seria designada de forma das formas, ele desconversava e transferia para outra ocasião, a qual, supõe-se, ocorria na sua residência, para convidados criteriosamente selecionados, dentre os quais, curiosamente, ao que tudo indica, não constava Aristóteles. Possivelmente, as descrições que Platão podia apresentar a respeito dessa inteligência criativa consistiam de menções simbólicas, de algum modo, relacionadas à dédaca sagrada em contextos que exigiam a presença de um princípio criador. Provavelmente, a liturgia praticada nessa escola, em virtude da sua orientação pitagórica, derivava fortemente da mitologia egípcia que, em pontos relevantes, confrontava a mitologia grega. Dado que um ambiente de confraria afastava o risco de denúncia por “heresia”, tal como experimentado por Sócrates, justifica-se, em parte, tratar dessas questões apenas na intimidade. As razões fundamentais eram, porém, segundo entendemos, de ordem técnica. Faltavam conhecimentos e conceitos necessários para viabilizar a formalização desse modelo criativo, tanto assim que Platão chegou a denominá-lo de díada do grande e do pequeno, expressão que menos indicava o que ele era, indicava mais o seu alcance universal: respondia pela existência de todos os fenômenos, independentemente do tamanho e da complexidade. Apesar dessa carência, o modo platônico de ver o mundo sintetizado na figura apresentada imprimia, nos espíritos, a certeza de que deveria existir solução. Depois de Platão, os esforços de compreensão persistem e caracterizam o movimento filosófico do Neoplatonismo; acomodam-se durante a Idade Média, virtualmente porque a Igreja Católica mantém a perspectiva como Verbo, “que era no princípio”; e, apenas na Modernidade, o despertar de uma perspectiva materialista vai gerar o
  • 24. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 24/35 movimento Rosa Cruz e a Maçonaria. Esta vai designar esse princípio criador de palavra perdida, uma palavra que deve ser buscada e denominar os seus templos de Lojas de São João, razões pelas quais se percebe mantido, na Ordem maçônica, o propósito milenar de todas as Escolas Filosóficas de Mistério: achar a palavra perdida, visando a libertar o espírito do homem preso no mundo visível da matéria. As Descobertas da Modernidade O conhecimento hoje disponível permite-nos, finalmente, compreender o que a dédaca sagrada queria dizer. A equação 1 + 2 + 3 + 4 = 10 indica o modelo matemático segundo o qual toda e qualquer existência estabelece-se como fenômeno presente neste universo. Os números 1, 2, 3 e 4 (a tétrada) indicam, respectivamente, a 1ª dimensão, a 2ª dimensão, a 3ª dimensão e a 4ª dimensão da existência. O número 10 indica a instância da totalidade dos fenômenos, a qual corresponde uma determinada inteligência organizativa. Desde 1999, esse modelo criativo encontra-se especificado e formalizado com a denominação de logos normativo (RODRIGUES, 2011) e, na condição de estrutura ontológica, de cuja constituição apenas participam as leis naturais do movimento, da forma e da quantidade que, no geral, correspondem às ciências modernas – Lógica, Geometria e Matemática –, conforme já indicado. O título de logos normativo decorre do fato de a estrutura normatizar a existência, e a condição ontológica quer dizer que os fenômenos apenas ganham assento na existência como totalidades, o que implica afirmar que, no universo, não existe um fenômeno de segunda classe chamado parte, mas apenas totalidades (RODRIGUES; RODRIGUES, 2012). Com isso, a complexidade, nesse modelo, resulta não da reunião de partes, mas da inteligente articulação de totalidades bem constituídas. Tratando-se de um modelo único gerador de toda existência, este possui a propriedade de se replicar ao infinito e, assim, responder pela edificação ordenada do universo em camadas de crescente complexidade, a partir de energias quânticas, passando por partículas atômicas, átomos, moléculas, organismos, sistemas planetários, galáxias até o próprio universo, sempre dentro de espaços de possibilidades determinados pelas matemáticas. Não cabe, neste trabalho, entrar em detalhes dessa versão moderna da dédaca, pois existem livros tratando disso (RODRIGUES, 1999). Cabe, porém, ressaltar que essa solução torna-se, hoje, viável por ser possível admitir uma geometria dimensional (uma métrica da amplitude?), situada para além das geometrias não euclidianas. Pode-se igualmente pensar uma ciência de múltiplas lógicas, situada para além da lógica clássica única de Aristóteles e, ainda, ser defensável a possibilidade de uma matemática de múltiplos graus de infinidade demandada pelo modelo. Além disso, a Mecânica Quântica, ao constatar a presença de fenômenos que desobedecem às leis do tempo e do espaço – 4ª e 3ª dimensão, respectivamente –, abre espaço para uma retomada da Metafísica e para a reutilização do conceito de transcendência. A própria Astrofísica, com o convencimento de que o universo teve um começo, enseja modos de pensar impossíveis de serem alcançados na antiguidade grega. Há, ainda, outras conquistas conceituais que facilitam o entendimento e a formalização dessa inteligência criativa, mas as citadas parecem suficientes para justificar por que Pitágoras e Platão não conseguiram realizá-lo.
  • 25. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 25/35 Conclusão Com o advento do logos normativo formalizando a inteligência criativa, superam-se as críticas de Aristóteles sobre a Teoria das Ideias de Platão (ARISTÓTELES, 2006), e o modo platônico de ver o mundo estabelece-se como modelo completo dotado de rigorosa consistência interna. Basta substituir, no esquema platônico de mundo inteligível, a palavra verdade pela expressão logos normativo, e o modo platônico de ver o mundo torna-se referência adequada para orientar o trabalho maçônico de libertar os espíritos da materialidade. Com essa conquista conceitual, a Maçonaria do século XXI completa a transição do simbólico para o racional que todas as escolas da tradição almejaram, disponibiliza para os homens um método capaz de superar as ilusões do mundo visível e um modo formalizado de pensar a totalidade que, no caso da totalidade da espécie, potencializa um novo padrão civilizatório. A missão permanente da Maçonaria consiste, sim, como afirmam os rituais, em projeto de libertação da humanidade do mundo ilusório da materialidade. Um espírito preso na matéria significa uma mente estreita cuja visão não ultrapassa o mundo sensível e acredita que o universo está contido no âmbito do espaço tridimensional. Uma mente presa no mundo visível debate-se em uma missão impossível de pensar um visível que não é pensável. Na verdade, esse homem comunga da visão de mundo que todos os demais animais possuem e vive no devir espaço-temporal em constante sobressalto, em face dos conflitos dialéticos com suas circunstâncias. Para esse homem, a civilização é selvagem, os problemas sociais são insolúveis, e a paz e a fraternidade, impossibilidades, em razão do egoísmo estrutural. Dado que uma sociedade de homens presos ao mundo visível não tem futuro, além daquela pós- modernidade possibilitada pela animalidade, a Maçonaria dedica-se a formar Mestres Maçons, desafiando-os a libertar o seu espírito da matéria, desafiando-os a superar o mundo visível, a abrir os olhos para o mundo inteligível e a descortinar as superiores potencialidades da espécie, o que fez, até o presente momento, invocando imagens simbólicas e argumentos alegóricos. Com os legados da tradição e as descobertas em curso na modernidade, passa a oferecer recursos metódicos e racionais como apoio para essa travessia. A partir de agora, libertar o espírito da matéria constitui procedimento racional plenamente normalizado. Seu pré-requisito: entender e saber operar a inteligência criativa geradora dos fenômenos manifestos na existência. Em outros termos: compreender os axiomas e os modos da existência. A missão permanente da Maçonaria e de todas as Escolas de Mistério da tradição perante a humanidade implica verdadeiro sacerdócio, na medida em que procura resgatar os homens do mundo das ilusões – da caverna metafórica de Platão – e os colocar no mundo inteligível, em presença do princípio criador e do ser atemporal que edifica o mundo. Constitui um sacerdócio legítimo porque, apesar dos contextos adversos, empenha-se em instrumentalizar os homens e suas mentes para um entendimento superior do mundo e da sua própria existência e, assim, perceber o poder construtivo que despertaria uma humanidade que trabalhasse harmônica e cooperativamente. Para cumprir essa missão – que poderia e deveria ser compartilhada por todos os sacerdotes do mundo –, a Maçonaria exige do Mestre Maçom que se dedique ao estudo e se habilite para esse sacerdócio, o qual se revela superior na medida em que, ao invés de submeter os homens a qualquer doutrina que lhe seja exterior, quer mesmo é que cada um seja capaz de, por si mesmo, encontrar, no seu interior, as leis permanentes do universo e que decida o que é conveniente para si e para a espécie. A missão da Academia e, em particular, das Faculdades de Filosofia empenhadas na formação de verdadeiros filósofos – segundo a concepção platônica – não é diferente: também objetivam facultar aos homens a saída das cavernas e colocá-los frente do mundo inteligível. Certamente, um Platão iniciado, metafísico e pitagórico enseja estranheza e conflitos em mentes educadas sob princípios científicos que sub-repticiamente criam também preconceitos de linguagem. Superados estes, conclui-
  • 26. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 26/35 se que a tese apresentada retira parte do véu que encobria a teoria dos princípios de Platão, a qual acompanhava Pitágoras na percepção de que os princípios primeiros eram constituídos do ilimitado e do limitante: indicações normativas das naturezas absoluta e relativa que, segundo a razão e a lógica, recepcionam a existência. Nessas condições, resulta que a dédaca pitagórica indica a estrutura dimensional segundo a qual o limitante, condicionando o movimento existencial do ser, constitui e molda toda a existência relativa. A fundamentação última dessa interpretação demanda certamente um exame ontológico que não cabe no plano de um artigo, mas, apesar disso, contabiliza-se uma hipótese de solução teorética para as “doutrinas não escritas” de Platão, em contribuição que se soma às justificativas histórico-hermenêuticas ofertadas pelas escolas de Tübingen e de Milão. Atendida a racionalidade, conceda-se espaço ao delírio que enriquece a humanidade. Este planeta é um paraíso. É uma ilha-paraíso em meio a uma vastidão galáctica hostil à forma humana de vida. Pensar este planeta como uma maçã cósmica sendo devorada por vermes constitui apenas uma alternativa superável. O homem pode superar o casulo animal e se transformar em jardineiro cioso e orgulhoso de seu jardim. Empenhar-se metodicamente para que isso aconteça constitui oportunidade que se oferece a professores e maçons do século XXI. A estes, a história reservou, como missão ou oportunidade, completar os esforços das escolas de sabedoria de todos os tempos e concluir um projeto virtualmente surgido na mente dos sábios que formularam a mitologia egípcia há mais de cinco mil anos, qual seja, o de preservar, na cultura humana, perspectiva metafísica e ontológica que faculta e conduz naturalmente ao desvelamento dos axiomas da existência. Por quê? Porque o seu conhecimento permite superar a animalidade estrutural da espécie, amadurece as mentes ao revelar as leis constitutivas do universo e, com isso, potencializa uma civilização centrada no ser que, verdadeiramente, constitui-nos. Pode-se, é claro, enquanto espécie, continuar sendo apenas um acidente cósmico, mas pode-se, também, converter a humanidade em caso de sucesso do ser que edifica o universo. Autor: Rubi Rodrigues Referências Bibliográficas ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2006. CAMPBELL, Joseph. O poder do mito, DVD. Joseph Campbell Foundation, 1989. CASTELLANI, José; ALMEIDA DE CARVALHO, William. História do Grande Oriente do Brasil. São Paulo: Madras, 2009. DACHEZ, Roger. Hiram e seus irmãos: uma lenda fundadora. Tradução de José Filardo, 2012. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia: o Universo animado. Tradução de Fernanda Rossi. São Paulo: Madras, 2003. GOB – GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Constituição do Grande Oriente do Brasil. Legislação maçônica. Brasília: Grande Oriente do Brasil, 2001. ______. Ritual 3º Grau: Mestre Maçom, Rito Escocês Antigo e Aceito. Brasília: Grande Oriente do Brasil, 2009. JÁMBLICO. Sobre los misterios egipcios. Biblioteca Clásica Gredos, 242. Tradução de Enrique Ángel Ramos Jurado. Madrid: Editorial Gredos, 1997. KLEIN, J. J. Greek mathematical thought and the origin of algebra. Nova Iorque: Dover, 1992. MARTÍN, José Pablo. (Dir.) Filón de Alejandría: obras completas. Volume 1. Madrid: Trotta, 2009. McClAIN, Ernest G. Meditations through the Quran: conal images in an Oral Culture. York Beach, Mine: Nicolas-Hays, Inc., 1981. ______. The myth of invariance: the origin of the Gods, Mathematics and Music from the Rg. Veda to Plato. York Beach, Mine: Nicolas-Hays, Inc., 1976.
  • 27. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 27/35 McClAIN, Ernest G. The pythagorean Plato: prelude to the song itself. York Beach, Mine: Nicolas-Hays, Inc., 1978. MOLINARO, Aniceto. Metafísica: curso sistemático.São Paulo: Paulus, 2004. MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Preparo de Ezequiel de Olaso e Eduardo Garcia Belsunce. Tradução de Antonio José Messano e Manuel Palmerim. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1978. PERINE, Marcelo. A recepção da escola Tübingen-Milão no Brasil. Revista Archai, Brasília, v. 6, p. 27- 33, 2011. Disponível em: . Acesso em: 10 set 2014. PLATÃO. A República. 13. ed. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste, 2012. PORFÍRIO. Vida de Pitágoras, argonáuticas órficas, himnos órficos. Biblioteca Clásica Gredos 242. Introdução, tradução e notas de Miguel Periago Lorente. Madrid: Editorial Gredos, 1987. REALE, Giovanni. Para uma nova interpretação de Platão. 2. ed. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2004. RODRIGUES, Rubi G. A doutrina do rito escocês antigo e aceito: um esforço de especificação. Brasília: Consistório de Príncipes do Real Segredo 16, 2009. 40p. Disponível, sob o título de Doutrina do verbo solar, em: . Acesso em: 10 set. 2014. RODRIGUES, Rubi G. Filosofia maçônica x Filosofia acadêmica. In: Artigos Correlatos. Brasília: [s. n.], 2012. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. ______. A razão holística: método para o exercício da razão. Brasília: Thesaurus, 1999. ______. As origens egípcias das doutrinas não escritas de Platão. In: Estudos Platônicos, Brasília: [s. n.], 2013a. 22 p. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. ______. Estudos de lógica. In: Artigos Correlatos. Brasí- lia: [s. n.], 2004. 36 p. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. ______. Filosofia maçônica x Filosofia acadêmica. In: Artigos Correlatos. Brasília: [s. n.], 2012. 15 p. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. ______. Filosofia: a arte de pensar. São Paulo: Madras, 2011. ______. Mensageiros de Aquário. In: Estudos Platônicos, Brasília: [s. n.], 2013b. 11 p. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. RODRIGUES, Rubi G.; RODRIGUES, Jônatas G. Inteligência organizativa: uma discussão sobre a parte e o todo. Redes – Revista Capixaba de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória, Vitória, ES, 2012. 5 p. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014. SAMPAIO, Luiz Sérgio C. de. A lógica da diferença. Rio de Janeiro: UERJ, 2001. SANTOS, Mário Ferreira dos. Platão: o um e o múltiplo. Comentários sobre Parmênides. São Paulo: IBRASA, 2001. ______. Pitágoras e o tema dos números. São Paulo: IBRASA, 2002. SCHURÉ, Edouard. Os grandes iniciados. Tradução de Julia Vidili. São Paulo: Madras, 2011. SUPREMO CONSELHO DO BRASIL DO GRAU 33 PARA O REAA. Ritual 4º Grau: Mestre Secreto. Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro, 2005a. ______. Ritual 19º Grau: Grande Pontífice. Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro, 2005b. SZLEZÁK, Thomas Alexander. Ler Platão. Tradução de Milton Camargo Mota. São Paulo: Edições Loyola, 2005. ______. Platão e a escritura da filosofia. Tradução de Milton Camargo Mota. São Paulo: Edições Loyola, 2009. SZLEZÁK, Thomas Alexander. Platão e os pitagóricos. Revista Archai, Brasília: Universidade de Brasília (UnB), n. 6, janeiro, 2011. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2014.
  • 28. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 28/35 Irmão José Carlos de Araújo. CIM 40.195 Loja Renovação Londrinense 141/e Loja de Pesquisas Brasil 45 – Londrina –PR. A LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS “J” E “B” Depois levantou as colunas as colunas de pórticos, e, levantando a coluna da direita, pos-lhe o nome de Jachim, e, levantando a coluna da esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz. I Reis 7:21 Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados, e o capitel, que estava sobre cada uma, era de 5 côvados. Também fez cadeias no oraculo, e a pôs sobre as cabeças das colunas, fez também cem romãs, as quais pôs entre as cadeias. E levantou as colunas diante do templo, uma a direita, e outra à esquerda, e chamou o nome da que estava a direita de Jaquim, e o nome da que estava a esquerda de Boaz. II Crônicas 3: 15-17. Com exceção do Rito Brasileiro, que inverteu a posição do REAA, os aprendizes se sentam na coluna do Norte em todos os demais ritos. Nos ritos de Origem Francesas, (Escocês, Moderno e Adonhiramita), eles se sentam na última fila do Norte, enquanto nos ritos de origem que podemos chamar de “anglo saxônica” (Shroeder, York e rituais do Reino Unido como o de Emulação), eles se sentam na primeira fila do Norte. A localização das Colunas no Rito Brasileiro, difere dos demais, tendo à direita a Coluna “J” e à esquerda a Coluna “B”, ou seja, “J” ao norte e “B” ao sul. Assim, é atribuído ao 1o Vigilante o domínio da Coluna dos Companheiros, enquanto cabe ao 2o Vigilante a fiscalização dos trabalhos dos Aprendizes pela Coluna “B”. Relata-nos a Bíblia, que a Coluna Jakim deve ser colocada obrigatoriamente à direita e a Coluna Booz à esquerda. Direita e esquerda de um Templo Maçônico não quer dizer, necessariamente, que sejam o mesmo à direita e esquerda de quem adentra ao Templo, pois, este deve ser visto do oriente para o ocidente. Neste particular, cabe aqui, transcrever um trecho de um trabalho do Sob∴ Ir∴ Prof. ÁLVARO PALMEIRA: “Evidentemente, se nós falarmos em esquerda ou direita em relação às Colunas, precisamos saber se estamos fora ou dentro do Templo”. A Bíblia nos esclarece que Salomão construiu o Templo em 13 anos. Chamou depois Mestre Hiram para adorná-lo. Trabalhava-se dentro do Templo forrando as paredes e o teto, pavimentando-o, fazendo o Santo dos Santos, decorando-o com: mar de bronze, querubins, caldeirões, garfos, saltérios, redomas, 6 – A Localização das Colunas “J” e “B” José Carlos de Araújo
  • 29. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 29/35 incensadores, jarros, bacias, candeeiros, os doze bezerros de bronze e as duas colunas. Tudo era feito no interior do Templo, conforme está nos Capítulos 6 e 7 do I Livro de Reis. Hiram fundiu em cobre as suas colunas, e diz a Bíblia (I Reis “Depois levantou as colunas no pórtico do Templo, e levantando a coluna direita chamou o seu nome Jakim, e levantando a coluna esquerda, chamou o seu nome Booz”. 7,21): Desta arte, para quem está dentro do Templo, a Coluna “J”, fica ao Norte e a Coluna “B” ao Sul. Hiram fez as colunas dentro do Templo e as pôs no pórtico. As colunas não foram transportadas de fora para o interior do Templo. Elas foram levantadas no pórtico. Pórtico não é Átrio, portanto, o pórtico fica dentro do Templo. Se Hiram tivesse feito as colunas fora do Templo, ele as colocaria na entrada do edifício, mas, não as colocou aí, e sim no pórtico. Num edifício maçônico temos: os Passos Perdidos, depois o Átrio ou Adro, e por fim o Templo, cuja entrada se chama pórtico ou portada. Pórtico, do latim porticus, conforme Cícero, (Rep. 1, 19), é o espaço destinado à passagem, coberto por um teto e sustentado por colunas. O Maçom Luiz Lachat, em seu livro a Franco-Maçonaria Operativa, descreve circunstanciadamente os trabalhos de Hiram. Os fornos e os moldes ele os fazia no Vale do Jordão, segundo o II Livro de Crônicas (4,17). Muita coisa era, porém, construída no próprio Templo. Assim, para quem está dentro do Templo na Coluna “J”, à direita e Coluna “B”, à esquerda, ou Coluna “J”, ao norte e Coluna “B”, ao Sul. Essa colocação, aliás, consta de numerosos Rituais Maçônicos. Em outras palavras, a Coluna “J” fica à esquerda de quem entra e a Coluna “B” fica à direita. É bom lembrar o entendimento do Rito Brasileiro numa apreciação mais ampla: Coluna “B”, 2o Vigilante, Sul, Aprendiz, Pedra Bruta; Coluna “J”, 1o Vigilante, Norte, Companheiros, Pedra Polida. Estas colunas, continham 9,45 metros de altura, 6,30 de diâmetro e 4 dedos de espessura, (I Reis 7,15) e eram ocas, apresentando, ainda, em seu topo, um capitel com 2,62 metros ricamente decorados com redes de malhas, grinaldas, lírios e romãs (200 em cada), O simbolismo destas colunas é imenso. Quando são consideradas juntas, representam a sabedoria e a estabilidade do conhecimento, dando a entender que aquele que quiser viver uma vida mais plena e mais elevada deve passar por este portal, ou seja, adquirir conhecimentos, pois, encontrará os maiores prazeres da mente, vez que, simbolizam a ciência e as virtudes; o amor e o progresso, as flores dos campos e o sistema solar, simbolizam também o Poder e a Justiça. Irm.´. José Carlos de Araújo. CIM 40.195 – Londrina PR. Lojas Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45 Bibliografia: Ismail, Kennyo, Porque os Aprendizes se Sentam no Norte. Melo de, José Reinaldo, Fragmentos do Rito Brasileiro.
  • 30. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 30/35 (as letras em vermelho significam que a Loja completou ou está completando aniversário) GLSC - http://www.mrglsc.org.br GOSC https://www.gosc.org.br Data Nome da Loja Oriente 01.09.1952 Fraternidade Blumenauense nr. 06 Blumenau 05.09.1996 Fraternidade Chapecó nr. 63 Chapecó 08.09.1982 Sentinela do Sul nr. 29 Tubarão 17.09.1986 Universo nr. 43 Florianópolis 17.09.1993 Universo II – nr. 57 Florianópolis 17.09.2000 Universo III nr. 77 Florianópolis 20.09.1991 Acácia da Arte Real nr. 50 Florianópolis 22.09.1982 Fraternidade Josefense nr. 30 São José 25.09.1978 Harmonia e Fraternidade nr. 22 Joinville 27.09.2000 Colunas da Fraternidade nr. 78 Blumenau Data Nome da Loja Oriente 03/09/1993 Treue Freundschaft Florianópolis 09/09/1969 Liberdade E Justiça Canoinhas 09/09/1991 Cavaleiros Da Luz Blumenau 16/09/2003 Ordem e Fraternidade Florianópolis 18/09/2009 Colunas do Oriente Tijucas 20/09/1948 Luiz Balster Caçador 20/09/2008 Acácia da Serra Rio Negrinho 25/09/2002 Fraternidade Tresbarrense Três Barras 27/09/2010 João Marcolino Costa Sto. Amaro da Imperatriz 28/09/1993 Colunas da Fraternidade Balneário Camboriú 30/09/2010 Triângulo Equilíbrio e Consciência Mafra 7 – Destaques (Resenha Final) Lojas Aniversariantes de Santa Catarina Mês de setembro
  • 31. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 31/35 GOB/SC – http://www.gob-sc.org.br/gobsc Data Loja Oriente 01.09.64 Harmonia e Trabalho - 2816 Florianópolis 03.09.05 Retidão e Cultura - 3751 Florianópolis 08.09.04 Cruzeiro do Sul - 3631 Florianópolis 09.09.10 Reg. Guabirubense - 4100 Brusque 10.09.96 Reg. Lagunense - 2984 Laguna 11.09.10 Cruz e Sousa de Estudos e Pesq. do Rito de York Florianópolis 12.09.23 Paz e Amor V - 0998 São Francisco do Sul 12.09.97 Otávio Rosa 3184 São Pedro de Alcântara 15.09.94 Herbert Jurk - 2818 Rio dos Cedros 18.09.10 Frat. Guabirubense - 4116 Brusque 19.09.08 Cavaleiros Templários - 3968 Fraiburgo 22.09.09 Acácia De Itapoá-4044 Itapoá 30.09.93 União Catarinense - 2764 Florianópolis Perdão ‘’Perdão é como uma pétala de flor. Ressentimento é uma doença que acaba com a paz mental. Aqueles que desejam nos prejudicar emitem uma energia poderosa cuja raiz está na sua própria dor e raiva. Na verdade eles estão prejudicando a si mesmos. Quando perdoamos, enviamos energia curativa e amorosa. Elevamos os sentimentos negativos dos outros ao lançar um raio de luz em seus corações. Esse raio reflete de volta para nós e assim nos tornamos mais fortes.’’ José Aparecido dos Santos TIM: 044-9846-3552 E-mail: aparecido14@gmail.com Visite nosso site: www.ourolux.com.br "Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos".
  • 32. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 32/35 Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴ MI da Loja Razão e Lealdade nº 21 Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO, cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6) Pavimento de Mosaicos Para o dia 22 de setembro Dentro do Templo, sob o Altar, vem colocado um “tapete” ou pavimento formato de ladrilhos quadriláteros, alternados em branco e negro. O significado simbólico compreende várias interpretações, sendo a mais comum a mistura das raças, das condições sociais, do dualismo em todos os aspectos exotéricos e esotéricos. A alternância dos mosaicos representam o “Estandarte” dos Templários; a Cadeia de União, a união fraterna dos Irmãos. Pavimentos de Mosaicos ou simplesmente pavimento mosaico passa a ser um símbolo de relevante importância, uma vez que não há Loja que não o confeccione; a rigor, todo o piso da Loja deveria ser ladrilhado com alternância do branco e negro; por comodidade e economia, é feito apenas um símbolo e colocado na parte central e nobre. Os Irmãos das suas colunas observam frontalmente esse pavimento para ter sempre presente o simbolismo do dualismo. O dualismo impõe uma escolha; não se pode abarcar ao mesmo Tempo a presença e a ausência, o dia e a noite, enfim, o dualismo que está em toda parte. Fixando-se o Pavimento, descobre-se que inexistem core; o negro é a ausência absoluta da cor; o branco é a sua polarização; isso ensina que o maçom não deve buscar o “colorido” além da fixação para o piso, mas sim erguer os olhos para contemplar a Natureza Colorida. O maçom atento, curioso e observador está sempre aprendendo, indo à sua Loja. Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 284.
  • 33. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 33/35 Loja Libertadora Acreana nr. 4 (GLEAC), Tarauacá, Estado do Acre.
  • 34. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 34/35 1 – Eu adoro ver esses animais diferentes que se amam! 2 – Música: 24 Canções clássicas dos Rolling Stones! 3 – Você conhece as lagoas naturais mais lindas do mundo? 4 – Os Pilares de Lena: Os_Pilares_de_Lena.pps 5 – Jardim em Cingapura: Jardin de la Bahia en Singapur.pps 6 – Lisboa: LISBOA-10_interiores_secretos.pps 7 - Filme do dia- “Coração Valente” - (Mel Gibson) - Dublado https://www.youtube.com/watch?v=nmgYgsSj358
  • 35. JB News – Informativo nr. 2.182 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 22 de setembro de 2016 Pág. 35/35 SAGRAÇÃO -função precípua do Mestre Instalado- Autor: Raimundo A. Corado Barreiras, 09 de março de 2016. Sob tensão pelo cerimonial; Seja iniciação ou Mestrado; Abala o estado emocional; O momento de ser Sagrado. O tilintar do malhete na espada; Significa a sublime recepção; Cada palavra que é pronunciada; Traz nela o amor fraterno de irmão. Se no Trono buscarmos assento; Mais acurado será o juramento; E nos faz sentir mais responsável. Afinal, nos elegeram e instalaram; E todos poderes nos delegaram; Que compete a um Venerável.