Este documento fornece uma introdução à filosofia existencialista, definindo seus termos-chave e apresentando três de seus principais filósofos: Søren Kierkegaard, Gabriel Marcel e Karl Jaspers. Ele discute as características gerais da existência humana segundo a perspectiva existencialista, como sua irracionalidade e finitude, e traça uma linha do tempo dos principais pensadores associados a esta corrente filosófica.
Existencialismo e Psicologia - minicurso slidesBruno Carrasco
Introdução ao existencialismo, aos filósofos da existência,
aos temas existenciais e a prática da psicoterapia existencial
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial
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2018
Existencialismo e Psicologia - minicurso slidesBruno Carrasco
Introdução ao existencialismo, aos filósofos da existência,
aos temas existenciais e a prática da psicoterapia existencial
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial
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2018
Breve apresentação sobre Sören Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês, considerado “pai” do existencialismo.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial.
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2017
A fenomenologia é um método de conhecimento sobre a realidade, sobre as coisas e os seres, que surgiu no início do século XX, diferenciando-se da ciência positivista, que e das teorias idealistas.
Sua metodologia propõe o retorno a um estágio pré-reflexivo, que acontece antes das representações e construções conceituais, colocando em parênteses as teorias prévias que conhecemos ao observar um fenômeno.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial.
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Breve introdução ao pensamento existencialista, seus fundamentos, princípios e objetivos.
A palavra existir vem do latim exsistĕre, que significa ser, estar, nascer, manifestar-se, aparecer, emergir. Expressa a ideia de se colocar no mundo, expressar seu modo de ser e assumir aquilo que se é.
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2016
Entendimento de ser humano segundo o existencialismoBruno Carrasco
Coexistem diferentes concepções do que é ser humano e de tudo o que envolve o ser humano em diferentes abordagens seja na psicologia, na filosofia, na antropologia, na sociologia, entre outras.
Nesta breve apresentação destaco a concepção de ser humano de acordo com a filosofia existencialista, especificamente segundo a perspectiva dos filósofos Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre.
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Breve apresentação sobre Sören Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês, considerado “pai” do existencialismo.
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2017
A fenomenologia é um método de conhecimento sobre a realidade, sobre as coisas e os seres, que surgiu no início do século XX, diferenciando-se da ciência positivista, que e das teorias idealistas.
Sua metodologia propõe o retorno a um estágio pré-reflexivo, que acontece antes das representações e construções conceituais, colocando em parênteses as teorias prévias que conhecemos ao observar um fenômeno.
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Breve introdução ao pensamento existencialista, seus fundamentos, princípios e objetivos.
A palavra existir vem do latim exsistĕre, que significa ser, estar, nascer, manifestar-se, aparecer, emergir. Expressa a ideia de se colocar no mundo, expressar seu modo de ser e assumir aquilo que se é.
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2016
Entendimento de ser humano segundo o existencialismoBruno Carrasco
Coexistem diferentes concepções do que é ser humano e de tudo o que envolve o ser humano em diferentes abordagens seja na psicologia, na filosofia, na antropologia, na sociologia, entre outras.
Nesta breve apresentação destaco a concepção de ser humano de acordo com a filosofia existencialista, especificamente segundo a perspectiva dos filósofos Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre.
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2017
Considerado um dos maiores filósofos da atualidade, Sartre sempre era chamado para dirimir diversas questões do dia a dia da vida em sociedade, sendo considerado um filósofo atuante (não de gabinete).
Temas como liberdade, consciência e existencialismo são o foco de sua filosofia.
Embasamentos filosóficos e metodológicos da psicoterapia fenomenológico existencial: a filosofia existencialista e o método fenomenológico, destacando sua particularidade no modo de encarar a existência humana e de proceder o processo psicoterapêutico.
O existencialismo oferece um olhar sobre a condição humana enquanto algo não definido, livre para fazer escolhas e em constante transformação, que se constitui em seu existir concreto por meio de sua experiência singular, imerso no mundo e na relação com as pessoas, espaços e consigo mesmo.
O método fenomenológico propõe uma abertura para o entendimento das singularidades da existência em seus modos próprios de se manifestar, buscando compreender as distintas características e disposições de cada indivíduo, evitando pressuposições ou conceitos prévios sobre a pessoa, buscando captar o modo como se revela a cada encontro.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial e professor.
ex-isto
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2020
Fundamentos da Psicoterapia Fenomenológico Existencial - Bruno CarrascoBruno Carrasco
Este artigo tem como intuito apresentar os embasamentos filosóficos e metodológicos da psicoterapia fenomenológico existencial: a filosofia existencialista e o método fenomenológico, destacando sua particularidade no modo de encarar a existência humana e de proceder o processo psicoterapêutico. O existencialismo oferece um olhar sobre a condição humana enquanto algo não definido, livre e responsável por suas escolhas, e em constante transformação, que se constitui em seu existir concreto por meio de sua experiência singular, no mundo, em constante relação com as pessoas, objetos, espaços e consigo mesmo. A atitude fenomenológica dispõe uma abertura para as singularidades da existência em seus modos próprios de se manifestar, buscando compreender as distintas características, interesses e desinteresses de cada indivíduo, evitando pressuposições ou conceitos prévios sobre a pessoa, captando o modo como esta se revela a cada encontro.
Escrito por Bruno Carrasco, professor de psicologia e filosofia.
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2020.
Existencialismo é uma palavra muito utilizada em diversas situações, mas nem sempre esses usos se referem ao existencialismo enquanto filosofia.
Existem diferentes ideias sobre o existencialismo e nem sempre elas descrevem o propósito desta filosofia ou dos autores representantes.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial.
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2017
Trabalho escolar sobre o filósofo existencialista cristão Karl Jaspers apresentado em 19/06/2017.
Jaspers é considerado um dos pais do existencialismo e vem tentar conciliar a filosofia e a medicina (psiquiatria), ampliando também pensamentos relacionadas à psicologia
Existencialismo é uma filosofia contemporânea segundo a existência precede a essência.
Acredita que desde o nosso nascimento somos lançados no mundo, e somos nós que devemos criar nossos valores através de nossa própria liberdade e sob nossa própria responsabilidade.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial.
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2017
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Introdução ao Existencialismo
1. 1
Seminário Arquidiocesano de São José
Introdução ao Existencialismo
Rio de Janeiro
2. 2
Sumário
Introdução
..............................................................................................................................................
3
1.
O
que
é
o
existencialismo?
.......................................................................................................................
3
1.1.
Existencialismo
e
existencialistas
....................................................................................................................
3
1.2.
Filosofia
da
Existência
...........................................................................................................................................
3
2.
Fontes
do
Existencialismos
.....................................................................................................................
5
2.1.
O
Vitalismo
.................................................................................................................................................................
6
2.2.
A
Fenomenologia
.....................................................................................................................................................
6
3.
Filósofos
da
Existência
..............................................................................................................................
7
Sören
Aabye
Kierkegaard
(1813
–
1855)
....................................................................................
8
1.
Vida
e
Obras
..................................................................................................................................................
8
2.
As
condições
da
Existência
...................................................................................................................
10
3.
Filosofia
Existencial
................................................................................................................................
14
Gabriel
Marcel
(1889
–
1973)
........................................................................................................
15
1.
Vida
e
Obras
...............................................................................................................................................
15
2.
Fontes
e
Influências
................................................................................................................................
16
3.
Filosofia
da
Existência
............................................................................................................................
16
3.1.
A
existência
Encarnada
......................................................................................................................................
17
3.2.
A
Existência
do
mundo
e
dos
outros
............................................................................................................
18
Karl
Jaspers
(1883
–
1969)
.............................................................................................................
19
1.
Vida
e
Obras
...............................................................................................................................................
19
2.
Por
que
um
Filosofia
da
Existência?
..................................................................................................
20
3.
O
Filosofar
desde
a
Existência
Possível
............................................................................................
21
4.
Esclarecimento
da
Existência
..............................................................................................................
22
Linha
Cronológica:
.............................................................................................................................
24
3. 3
Introdução
1.
O
que
é
o
existencialismo?
1.1.
Existencialismo
e
existencialistas
“O
termo
existencialismo
designa
o
conjunto
de
tendências
filosóficas
que,
embora
divergentes
entre
si,
têm
em
comum
a
análise
da
existência
humana.
É
difícil,
contudo,
estabelecer
o
exato
sentido
que
os
diversos
filósofos
existencialistas
atribuem
a
essa
palavra.
Entretanto,
podemos
dizer
que
o
conceito
de
existência
é
tomado
como
algo
que
se
refere
à
condição
específica
do
homem
como
ser
no
mundo.
Existir,
então,
implica
estar
em
relação
com
outros
seres
humanos,
com
as
coisas
e
com
a
Natureza.
Relações
múltiplas,
concretas,
dinâmicas;
relações
possíveis
de
acontecer
ou
não.”
(Gilberto
Cotrim)
Um
das
maiores
dificuldades
no
estudo
de
existencialismo
é
justamente
o
fato
de
que
é
extremamente
difícil
definir
o
que
ele
realmente
seja.
Segundo
Aloys
Wenzl
“não
existe
o
Existencialismo
como
doutrina
comum;
existe
só
como
situação
filosófica
temporal”
(tirado
da
obra
de
Mário
Curtis
Giordani).
Justifica-‐se
então
chamar
o
Existencialismo
de
conjunto
de
tendências
filosóficas.
De
fato
os
existencialistas
tem
em
comum
somente
o
fato
de
partirem
da
mesma
orígem,
a
Existência.
Também
existe
problemas
na
terminologia
utilizada
comumente.
De
fato,
com
exceção
talvez
de
Sartre,
os
filósofos
ditos
existencialistas
não
aceitavam
bem
serem
chamados
dessa
forma.
Isso
se
dá
talvez
pelo
fato
de
que
a
maioria
deles
não
permanece
nas
indagações
sobre
Existência,
mas
tende
a
tratar
de
outros
problemas
uma
vez
partindo
dessa
origem
comum.
Sobre
isso
Jean
Wahl
comenta
o
que
disse
Helmuth
Kuhn:
“os
filósofos
da
Existência
não
se
atêm
à
Filosofia
da
Existência.
Essas
Filosofias
da
Existência
tendem
a
terminar
em
qualquer
coisa
de
diferente
delas
mesmas,
quer
seja
a
Ontologia
de
Heidegger,
o
Humanismo
de
Sartre,
a
teoria
da
Transcendência
de
Jaspers.
Cada
um
deles,
diz-‐nos
Kuhn,
sai,
de
um
modo
ou
de
outro,
da
Filosofia
da
Existência
propriamente
dita”
(tirado
da
obra
de
Mário
Curtis
Giordani).
1.2.
Filosofia
da
Existência
Apesar
de
muito
se
utilizar
o
termo
existencialismo,
os
grandes
Filósofos
da
Existência
e
seus
comentadores
sempre
preferiram
o
termo
Filosofia
da
Existência.
Dessa
forma,
a
partir
de
agora
chamaremos
o
Existencialismo
de
Filosofia
da
Existência
e
existencialistas
de
Filósofos
da
Existência.
Apesar
de
partirem
do
mesmo
ponto,
para
cada
Filósofo
da
Existência
há
uma
Filosofia
da
Existência,
de
modo
que
a
única
semelhança
necessária
é
o
fato
de
partirem
da
condição
existencial
humana.
Aquilo
que
é
a
existência
humana,
entretanto,
é
algo
muito
bem
determinado
para
cada
um
deles,
do
modo
que
do
que
é
possível
deduzir
algumas
características
gerais
da
Existência:
4. 4
a) Irracionalidade
Tendemos
a
entender
a
Filosofia
da
Existência
como
um
filosofia
irracional
e
voluntarista,
fruto
dos
devaneios
mentais
dos
filósofos
do
século
XX.
Tal
concepção,
entretanto,
não
é
válida
uma
vez
há
de
fato
racionalidade
entre
os
pensadores
existenciais
e
nem
tudo
está
reduzido
à
vontade.
A
irracionalidade
é
aqui
requerida
pelo
fato
de
que
a
Filosofia
da
Existência
apareceu
como
uma
reação
a
uma
tendência
racionalista
da
modernidade.
Este
irracionalismo
não
quer
dizer
que
o
Filósofo
da
Existência
não
use
ou
considere
aquilo
que
diz
a
razão,
mas
que
ele
não
aceita
que
ela
seja
capaz
de
abarcar
tudo.
É
uma
reação
ao
idealismo
de
Hegel.
b) Concretude/Historicidade
Ainda
contra
as
concepções
idealistas,
os
Filósofos
da
Existência
afirmam
a
concretude
do
sujeito.
Ante
o
“Eu
Ideal”
surge
o
“Eu
Existencial”.
Aqui
pode-‐se
perceber
a
preocupação
da
Filosofia
da
Existência
com
a
vida
concreta
do
homem.
Não
se
pretende
falar
de
um
homem
abstrato
e
ideal,
mas
vivo,
carnal,
real.
Um
homem
que
existe
de
fato,
fora
da
mente.
O
homem
é
ser
no
mundo,
um
ser
empírico
que
se
apresenta
tal
como
é.
Vão
ser
tratadas
dimensões
mais
carnais
do
ser
humano
que
durante
o
período
moderno
foram
deixadas
de
lado.
Sendo
que
o
homem
é
um
ser
concreto,
ser
no
mundo,
o
sujeito
existencial
também
é
um
ser
histórico,
isto
é,
está
modo
muito
bem
determinado
empiricamente
pelo
contexto
do
qual
saiu.
Cada
um
de
veio
de
uma
realidade
bem
específica.
Ainda
que
alguns
contextos
serem
comuns
a
vários
sujeitos,
existe
uma
historicidade
que
é
própria
de
cada
indivíduo.
Só
eu
sou
realmente
eu,
de
modo
que
sou
um
ser
individualíssimo,
com
um
história
e
experiências
próprias.
Em
certo
sentido
sou
insubstituível.
Nunca
houve
ou
haverá
alguém
exatamente
como
eu
no
mundo.
Daqui
também
pode-‐se
entender
um
dimensão
atualista,
de
modo
que
o
homem
nunca
é
um
ser
totalmente
acabado
e
pronto,
mas
deve
sempre
estar
desenvolvendo-‐
se.
c) Liberdade
Apesar
do
sujeito
já
nascer
num
contexto
histórico
determinado
ao
qual
ele
mesmo
não
escolheu,
por
exemplo,
sua
família,
sua
nação,
sua
cultura
etc,
o
homem
é
verdadeiramente
livre.
Liberdade
aqui
não
significa
fazer
tudo
o
que
se
quer
e
quando
quer,
nem
se
reduz
ao
livre
arbítrio
que
permite
ao
sujeito
eleger
as
suas
ações.
A
liberdade
existencial
deve
ser
pensada
como
a
capacidade
do
homem
de
ser
a
origem
autêntica
de
seu
pensar
e
de
seu
agir.
Ele
não
só
escolhe
o
que
quer
fazer,
mas
tem
certeza
de
que
é
ele
mesmo
quem
escolhe.
Quando
pensa
e
age
autenticamente,
o
homem
intuitivamente
se
enxerga
como
aquele
que,
de
fato,
quer
pensar
e
quer
agir
daquela
forma.
5. 5
d) Comunicabilidade
O
pensamento
existencial
presa
muito
pela
relação
dos
sujeitos.
Todo
o
“Eu
existencial”
toma
consciência
de
sua
existência
mediante
o
diálogo
com
o
outro.
Esse
outro,
normalmente
chamado
de
“Tu”
,e
é
muito
importante
na
Filosofia
da
Existência.
É
sempre
a
partir
da
comunicação
existencial
que
os
sujeito
crescem
no
conhecimento
de
si
mesmo.
Pode
acontecer
do
Eu
tratar
o
Tu
como
um
Ele,
isto
é,
como
um
outro
que,
apesar
de
ser
diferente
dos
objetos,
surge
como
alguém
distante
com
o
qual
não
tenho
nenhuma
relação
existencial.
e) Fracasso
O
fracasso
surge
nos
diversos
autores
existenciais
de
diversas
maneiras.
Lembremo-‐nos
das
grandes
máximas
exaustivamente
repedidas
de
Heidegger
e
Sartre.
Este
diz
que
o
homem
é
um
Ser
para
o
Nada,
aquele
que
é
um
Ser
para
a
Morte.
Apesar
de
tais
visões
mais
pessimistas,
há
autores
que
entendem
o
fracasso
como
o
lugar
onde
o
homem
encontra
seus
limites
e,
dessa
forma,
onde
é
levado
à
reflexão
do
que
está
mais
além
destes
mesmo
limítes,
isto
é,
levado
a
refletir
sobre
a
Transcendência.
f) Uma
Filosofia
do
homem
Por
último
temos
que
entender
que
somente
homem
tem
realmente
existência.
A
força
que
a
palavra
existência
possui
no
pensamento
existencial
é
tal
que
fica
impossível
atribuí-‐la
ao
seres
inanimados
ou
aos
animais
irracionais.
O
que
justifica
isso
é
talvez
a
noção
do
sujeito
como
ser
consciente
de
si
e
do
outro.
Apesar
do
que
possa
parecer,
em
nenhum
momento
podemos
entender
que
aquilo
que
nos
rodeia
não
exista
de
fato,
mas
que
existência
em
seu
sentido
forte
é
atribuída
somente
ao
homem.
2.
Fontes
do
Existencialismos
De
maneira
muito
especial,
apesar
de
todas
as
outras
influência
que
possam
ter
ocorrido
sobre
o
pensamento
existencial
do
século
XX,
temos,
positivamente,
a
Fenomenologia
e
o
Vitalismo
como
suas
principais
fontes.
De
fato,
tanto
o
vitalismo
quanto
a
fenomenologia,
foram
teorias
que
juntas
operaram
a
grande
superação
do
pensamento
idealista,
e
que
permitiram
o
desenvolvimento
da
Filosofia
da
Existência.
Tal
pensamento,
entretanto,
é
de
fundamental
importância
para
entender
sobre
o
que
quer
falar
a
Filosofia
da
Existência,
afinal
foi
contra
ele
que
ela
surgiu.
Também
existe
certa
influência
do
pensamento
metafísico
na
medida
em
que
ele
vai
influenciar
tais
filósofos
na
busca
pelo
Ser.
As
poucas
linhas
que
se
seguem
não
pretendem
englobar
tudo
que
tais
correntes
filosóficas
foram,
pois
para
isso
seria
necessário
outro
curso
somente
para
falar
destes
temas,
porem
é
de
grande
importância
ter
uma
ideia
do
que
elas
são
para
melhor
entender
como
se
desenvolveu
o
pensamento
existencial.
6. 6
2.1.
O
Vitalismo
Vitalismo,
ou
a
Filosofia
da
Vida,
é,
tal
como
a
Filosofia
da
Existência,
um
forma
de
pensar
que
muito
se
afasta
das
concepções
idealistas
do
mundo.
Apesar
das
diferenças
entre
os
filósofos
vitalistas,
também
podemos,
tal
como
o
fizemos
com
a
Filosofia
da
Existência,
afirmar
algumas
características
gerais.
Primeiramente
falamos
de
um
atualismo.
Aqui
presa-‐se
de
maneira
muito
especial
a
ideia
de
movimento,
de
vir
a
ser.
Depois
temos
uma
visão
organicista
do
mundo
que
sempre
aparece
em
contraposição
com
o
mecanicismo
que
afirma
o
mundo
como
uma
máquina.
Falam
ainda
de
um
irracionalismo
que
exclui
conceito
a
priori
ou
apenas
ideais.
Em
quarto
lugar
também
pretendem
fugir
do
subjetivismo
exagerado,
de
modo
que
afirmam
uma
realidade
objetiva
que
transcende
o
sujeito.
Aqui
temos
a
grande
diferença
entre
a
Filosofia
da
Vida
e
a
Filosofia
da
Existência,
pois
apesar
de
ambas
serem
atualista,
a
primeira
supõe
certa
objetividade
do
sujeito
como
manifestação
de
um
corrente
vital,
já
o
atualismo
existencial
quer
enfatizar
a
subjetividade
do
homem.
Por
últimos
estes
filósofos
falam
de
um
pluralismo
em
oposição
ao
monismo
idealista.
Pode-‐se
ainda
distinguir
algumas
escolas
vitalistas.
A
mais
importante
é
o
bergsonismo,
que
tem
por
máximo
representante
Henri
Bergson;
há
ainda
o
pragmatismo
norte
americano
e
inglês
cujos
representantes
são
William
James
e
John
Dewey;
o
historicismo
de
Wilhelm
Dilthey;
a
filosofia
da
vida
alemã
com
diversos
pensadores
menores
como
Keyserling
e
Klages.
Há
ainda
quem
considere
Nietzsche
uma
espécie
de
vitalista.
2.2.
A
Fenomenologia
Fenomenologia
é
a
segunda
escola
que,
junto
ao
vitalismo,
completa
a
separação
entre
o
século
XX
e
XIX.
Apesar
de
outros
filósofos
pretenderem
fazer
um
filosofia
do
objeto,
quem
institui
da
Filosofia
do
Fenômeno
foi
Edmund
Husserl.
Podemos
falar
de
duas
características
importante
do
movimento
fenomenológico.
Primeiramente
há
o
método
descritivo
dos
fenômenos,
isto
é,
a
discrição
daquilo
que
se
apreende
imediatamente
pelos
sentidos.
Diferentemente
do
idealismo
do
século
XIX,
a
fenomenologia
não
pretende
partir
de
uma
teoria
do
conhecimento,
mas
já
dá
a
possibilidade
do
mesmo
como
algo
óbvio.
Por
outro
lado,
após
a
análise
profunda
dos
fenômenos,
a
fenomenologia
de
Bergson
se
volta
ao
conteúdo
essencial
dos
mesmo
através
também
de
uma
visão
imediata,
de
um
intuição
essencial.
Também
aqui
ocorre
o
rompimento
com
o
idealismo
que
não
acha
possível
qualquer
conhecimento
da
essência
das
coisas.
Entre
os
grandes
fenomenólogos,
podemos
citar,
além
de
Husserl,
Max
Scheller
e
Edith
Stein.
A
fenomenologia
foi
fundamental
à
Filosofia
da
Existência
uma
vez
que
os
grandes
pensadores
existenciais
utilizaram
do
método
fenomenológico
de
Husserl
em
suas
pesquisas,
porem
é
um
erro
enquadrar
este
filósofo
entre
os
Filósofos
da
Existência.
7. 7
3.
Filósofos
da
Existência
Muitas
vezes
acontece
o
erro
de
estender
a
lista
dos
Filósofos
da
Existência
mais
do
que
se
deveria.
De
fato
a
filosofia
da
Existência
se
preocupa
dos
problemas
da
condição
humana,
porem
não
se
reduz
a
isso,
afinal
é
um
problema
que
foi
discutido
em
todas
as
épocas.
Dai
surge
o
erro
de
querer
englobar
filósofos
como
Sócrates,
santo
Agostinho
e
Pascal
entre
os
Filósofos
da
Existência.
Há
ainda
quem
queira
chamar
de
Filósofos
da
Existência
pensadores
e
escritores
como
Unamuno
ou
Dostoievski,
porem
estes
também
não
são
Filósofos
da
Existência
ainda
que
seus
escritos
em
muito
influenciem
o
pensamento
existencial.
Por
último
também
é
um
erro
incluir
aqueles
que
falaram
da
Existência
num
sentido
clássico
no
grupo
dos
Filósofos
da
Existência.
Filósofos
da
Existência,
propriamente
falando,
são
aquele
que
se
preocuparam
com
o
problema
da
Existência
numa
direção
filosófica
estrita
segundo
os
critérios
comuns
antes
abordados.
Temos
então
como
os
grandes
nomes
da
Filosofia
da
Existência
os
filósofos
Gabriel
Marcel,
Karl
Jaspers,
Martin
Heidegger,
Jean-‐Paul
Sartre
e,
certamente,
Kierkegaard
como
precursor
destes
todos.
Em
torno
deles
ainda
existem
alguns
filósofos
menores
como
os
franceses
Simone
de
Beauvoir
e
Merleau-‐Ponty,
que
eram
ligados
a
Sartre,
e
os
Russos
Lev
Chéstov
e
Nikolai
Berdieav.
8. 8
Sören
Aabye
Kierkegaard
(1813
–
1855)
1.
Vida
e
Obras
Nasceu
em
5
de
maio
de
1813,
em
Copenhague.
Seus
pais
eram
da
Jutlandia
ocidental.
Como
dose
anos
o
pai
de
Kierkegaard,
Michael
Pedersen
Kierkegaard,
foi
para
Copenhague
para
ser
aprendiz
na
casa
de
seu
tio.
Michael
pode
crescer
financeiramente
de
modo
a
ser
um
dos
principais
comerciantes
da
região.
Tendo
sua
primeira
esposa
morrido
em
1796
sem
lhe
deixar
filhos,
casou
com
uma
de
suas
criadas
Ana
Sörensdater
Lund.
Sua
nova
esposa
lhe
deu
sete
filhos
sendo
o
último
o
próprio
Sören
Kierkegaard.
Devido
ao
fato
de
seus
pais
já
serem
relativamente
velhos
ao
nascimento
de
Kierkegaard,
ele
mesmo
se
intitula
o
“Filho
da
Velhice”.
A
isso
ele
também
atribui
sua
débil
condição
física
e
seu
caráter
melancólico.
Raramente
encontramos
escritos
de
Kierkegaard
falando
se
sua
mãe,
porem
a
figura
de
seu
pai
é
recorrente.
Reconhece
inclusive
que
herdou
três
disposições
de
seu
pai,
a
criatividade,
a
dialética
e
a
melancolia
religiosa.
Também
foi
seu
pai
o
responsável
por
sua
dura
educação
religiosa
dentro
do
luteranismo
dinamarquês.
Foi
fortemente
iniciado
na
teologia
luterana
pietista
de
onde
vem
sua
consciência
de
pecado,
da
depravação
ingênita
do
homem,
da
distância
entre
Deus
e
as
criaturas,
e
da
redenção
apenas
pela
fé
no
Cristo.
Kierkegaard
se
formou
aos
17
anos
como
o
melhor
aluno
de
sua
classe
e,
como
era
o
desejo
de
seu
pai,
começou
a
faculdade
de
teologia
na
universidade
de
Copenhague.
Durante
os
10
anos
que
deveria
passar
estudando
teologia,
percebe-‐se
que
Kierkegaard
não
focou-‐se
nessa
matéria,
mas
de
maneira
especial
na
literatura
e
na
filosofia.
Esteve
exposto
à
filosofia
grega
antiga
e
ao
hegelianismo
que
em
sua
época
dominava
as
universidades.
Ele,
entretanto,
desde
sua
época
de
estudos
universitários
já
parece
recusar
esse
pensamento
idealista
de
Hegel
mostrando
seu
talento
independente
e
reflexivo.
Nessa
época
também
desenvolveu-‐se
sua
vida
social
completamente
diferente
do
tempo
que
passou
na
casa
de
seu
pai.
Foi
o
tempo
em
que
Kierkegaard
se
entregou
ao
prazeres
da
bebida
e
da
comida,
das
festas
e
reuniões.
É
o
chamado
período
estético
de
jovem
Kierkegaard.
Rapidamente
aquele
garoto
inteligente
e
sarcástico
passou
a
distinguir-‐se
em
meio
aos
demais.
9. 9
O
pai
de
Kierkegaard
via
com
muito
pesar
o
caminho
para
o
qual
seu
filho
marchava,
de
modo
que
preferiu
romper
a
comunicação
com
seu
filho
deixando
apenas
para
ele
um
mesada
para
seu
próprio
sustento.
Além
disso
Kierkegaard
também
dava
aulas
de
latim
para
poder
arcar
com
todos
os
seus
gastos.
Segundo
seu
irmão
mais
velho
foi
esse
o
tempo
em
que
Kierkegaard
rompeu
com
suas
praticas
religiosas,
ainda
que
seus
Diários
mantivesses
constantes
súplicas
a
Deus.
Foi
a
morte
de
seu
pai
que
devolveu
Kierkegaard
para
a
vida
religiosa.
Como
homenagem
a
seu
pai,
com
quem
reconciliou-‐se
poucos
meses
antes
de
sua
morte,
Kierkegaard
retoma
sua
carreira
religiosa.
Em
1837
há
outro
acontecimento
que
muito
determinou
a
vida
e
os
escritos
de
Kierkegaard.
Ele
conhece
Regina
Olsen,
filha
do
conselheiro
de
estado
Terkel
Olsen.
Consegui
separá-‐la
de
seu
primeiro
pretendente,
Augusto
Scheller,
e
ganhou
de
maneira
muito
especial
se
afeto.
Apesar
disso
não
se
considerava
digno
dela
devido,
entre
outras
coisas,
a
diferença
tão
grande
de
idade
entre
os
dois.
Em
1841
rompe
definitivamente
com
Regina
apesar
dos
protestos
da
jovem.
Durante
toda
sua
vida
nutriu
profundo
amor
por
ela,
tanto
que
muito
tempo
continuou
se
comunicando
com
Regina
através
de
seus
escritos
estéticos,
de
modo
que
eram
como
que
mensagens
cifradas
que
só
Regina
conseguia
ler.
No
entanto,
Regina
perdeu
as
esperanças
de
ter
Kierkegaard
de
volta
e
voltou
com
seu
primeiro
pretendente
com
o
qual
constituiu
sua
família.
Depois
disso
cortou
toda
e
qualquer
relação
com
o
filósofo
ainda
que
fosse
de
simples
amizade.
Kierkegaard
percebe
que
o
sacrifício
dessa
paixão
que
nutria
pela
jovem
o
ensinou
a
libertar-‐se
de
sua
impetuosa
atividade
estética.
Também
em
1841
passou
um
semestre
em
Berlim
onde
tomou
aulas
de
Schelling
que
a
princípio
o
interessaram,
mas
passaram
a
lhe
causar
repulsa
devido
ao
idealismo
de
seu
discurso.
Quando
voltou
para
Copenhague
dedicou-‐se
inteiramente
a
sua
carreira
de
escritos
solitário
sem
preocupar-‐se
com
trabalho
uma
vez
que
havia
herdado
a
grande
fortuna
de
seu
pai.
Durante
o
período
de
1845
e
1846
teve
grandes
batalhas
ideológicas
com
P.L.
Moeller
e
M.
Goldschimidt,
respectivamente
redator
e
diretor
do
semanário
“O
Corsário”.
Estes
multiplicavam
as
caricaturas
e
ironias
sobre
Kierkegaard
em
seu
jornal,
de
modo
que
o
filósofo
passou
a
ser
uma
figura
muito
conhecida
em
sua
cidade
não
por
seu
pensamento,
mas
por
sua
peculiaridade.
Também
foi
Kierkegaard
um
grande
crítico
da
religião
oficial
dinamarquesa,
situação
que
levou
a
grandes
problemas
com
Mynster,
o
bispo
da
época
e
logo
mais
à
ruptura
com
a
igreja
dinamarquesa.
De
maneira
explicita
e
aberta,
Kierkegaard
fazia
fortes
críticas
ao
cristianismo
organizado
como
cristandade
contrapondo-‐o
ao
cristianismo
puro
e
autêntico.
A
gota
d`água
foi
a
polêmica
com
Martensen,
um
teólogo
que,
na
morte
de
Mynster,
foi
fazer
um
elogio
fúnebre
que
muito
desagradou
Kierkegaard.
Em
2
de
novembro
de
1855
Kierkegaard
é
levado
muito
mal
ao
hospital
e
morre
9
dias
depois,
num
domingo.
Suas
últimas
confidência
foram
ao
pastor
E.
Bosen,
que
fora
seu
grade
e
10. 10
fiel
amigo
desde
a
infância.
A
grande
surpresa
foi
seu
funeral
que
todos
pensavam
que
seria
um
fracasso
devido
ao
tipo
de
vida
que
levava.
Apesar
da
visão
que
os
mais
velhos
tinham
de
Kierkegaard,
os
jovens
simpatizavam
de
maneira
peculiar
com
o
rebelde
da
Igreja
Luterana,
de
modo
que
seu
funeral
foi
um
triunfo
inesperado
e
espontâneo
segundo
o
testemunho
de
um
amigo.
Kierkegaard
muito
escreveu
durante
sua
vida,
porem
suas
principais
obras
foram
publicadas
com
pseudônimos.
Entre
as
principais
obras
temos:
“Temor
e
Tremor”,
sob
o
pseudônimo
de
Johannes
de
Silentio;
“O
Conceito
da
Angústia”,
com
a
assinatura
de
Begrebet
Angest;
“Migalhas
Filosóficas”
e
“Postcriptum”,
como
João
Climacus;
“O
tratado
Sobre
o
Desespero”,
sob
o
nome
de
Anticlimacus.
Grande
parte
das
obras
de
Kierkegaard
estão
copiladas
na
obra
“Ou
Ou”,
publicada
tendo
como
autor
ele
mesmo.
Além
de
suas
grandes
obras
há
os
escritos
dispersos
organizados
em
escritos
A,
B
e
C.
De
maneira
especial
enfatiza-‐se
nos
escritos
A
que
constituem
seu
famoso
“Diário”.
Estes
são
escritos
que
acompanham
e
continuam
os
grandes
temas
de
todas
as
suas
grandes
obras.
2.
As
condições
da
Existência
A
Filosofia
da
Existência
de
Kierkegaard
não
pode
de
maneira
alguma
ser
pensada
como
uma
teoria
sobre
a
existência
ou
um
sistema
sobre
a
mesma.
Antes
de
mais
nada,
o
filósofo
fala
de
sua
própria
vida
e
vivencias,
daquilo
que
ele
mesmo
experimenta
enquanto
existente.
Dessa
forma,
para
precisar
a
natureza
de
sua
filosofia,
devemos
delinear
não
o
que
é
a
Existência
de
modo
geral
ou
universal,
pois
o
autor
sequer
aceitaria
algo
assim,
mas
as
condições
necessárias
para
falar
de
um
autêntico
existir.
a) Existência
e
Subjetividade:
“Existir
é
escolher”
Desta
grande
máxima
do
autor
podemos
entender
a
relação
entre
a
Existência
e
a
Subjetividade.
Esta
frase
significa
que
existir
é
não
só
fazer
escolhas,
mas
se
escolher,
de
modo
que
o
sujeito
não
escolhe
mais
que
a
si
mesmo.
Nesse
ponto
entendemos
o
sentido
existencial
dessa
escolha.
Tudo
que
o
sujeito
escolhe
o
faz
em
referencia
a
si,
assim,
não
existe
escolhe
que
não
seja
subjetiva,
pois
é
o
sujeito
mesmo
o
referencial
de
cada
escolhas.
Ainda
que
o
sujeito
escolha
a
partir
de
critérios
muito
bem
objetivos,
aquilo
que
ele
escolhe
sempre
diz
respeito
a
ele
mesmo,
quer
dizer,
realiza
ele
como
existente.
Escolher
é
exercer
a
própria
subjetividade,
toda
escolha
externa
é
fruto
de
uma
escolha
interna.
Devemos
ter
atenção
quanto
a
essa
questão
de
escolhas.
Como
isso
pode-‐se
acabar
afirmando
que
o
homem
perde
seu
caráter
de
essência
fixa
tornando-‐se
possibilidades
que
se
realizam
mediante
escolhas.
Daqui
se
pode
identificar
a
grande
máxima
do
Filosofia
Existencial
que
diz
que
a
Existência
precede
a
Essência.
Não
sei
se
podemos
afirmar
que,
para
Kierkegaard,
não
há
nada
de
objetivo
no
sujeito,
de
modo
que
ele
simplesmente
é
o
que
ele
escolhe
ser.
Afinal,
pensar
a
liberdade
existencial
não
pode
ser
um
esquecer-‐se
da
mesmidade
do
sujeito.
O
11. 11
indivíduo
é
histórico,
nasceu
numa
cultura
específica
na
qual
ele
não
escolheu.
Há,
claramente,
um
limite
para
as
escolhas
que
o
indivíduo
pode
fazer
de
si,
por
exemplo
o
fato
de
que
o
sujeito
não
é
capaz,
por
quaisquer
escolhas
que
faça,
de
mudar
o
seu
passado,
isto
é,
ele
não
pode
escolher
aquilo
que
ele
viveu,
ou
as
experiências
que
teve.
Outro
exemplo
é
que
é
impossível
ao
homem
escolher
não
escolher,
pois
assim
já
está
escolhendo.
Kierkegaard
vai
dar
um
banho
de
água
fria
nos
adeptos
do
relativismo
quando
diz
que
a
escolha
existencial
não
pode
ser
uma
escolha
simplesmente
arbitrária.
Ele
diz
que
escolher
deve
ser
sempre
escolher
aquilo
que
é
infinito
e
eterno.
Para
o
filósofo
a
existência
autêntica
é
aquela
que
escolhe
a
Deus.
Deus
é
a
máxima
subjetividade,
pois
qualquer
objetividade
o
limitaria.
Não
podemos
pensar,
todavia,
que
assim
estão
totalmente
excluídas
aquelas
características
do
Ser
Divino
dadas
com
tanta
genialidade
pela
escolástica.
Kierkegaard,
apesar
de
muito
falar
de
Deus
como
o
máximo
subjetivo,
afirma
que
o
a
subjetividade
do
Eterno
é
também
o
máximo
objetivo
dele
mesmo.
Assim,
tal
como
em
Deus
a
subjetividade
é
seu
máximo
objetivo,
nos
homens
a
objetividade
é
o
modo
como
se
apresenta
seu
interesse
subjetivo.
A
subjetividade
em
Kierkegaard
nada
tem
a
ver
com
a
subjetividade
gnosiológica
hegeliana.
Também
não
nega
o
realismo
do
conhecimento
científico,
mas
é
a
atitude
existencial
do
homem
ante
seu
interesse
de
salvação
pessoal.
O
homem
que
vive
na
dispersão
e
finitude
das
objetividades
do
mundo,
deve
voltar-‐se
para
sua
própria
subjetividade
que
o
conduz
ao
eterno,
a
Deus.
Deve
ser
objetivo
com
os
outros
e
subjetivo
consigo
mesmo,
e
ainda,
relacionar-‐se
objetivamente
com
sua
subjetividade.
A
verdadeira
subjetividade
se
dá
quando
o
homem
se
coloca
em
relação
pessoal
com
o
divino.
b) Verdade,
Engajamento
e
Risco
Kierkegaard
afirma
que
a
verdade
é
a
subjetiva.
Isso,
entretanto,
deve
ser
muito
bem
entendido
antes
de
injustas
acusações
contra
o
autor.
Podemos
ler
a
expressão
“a
verdade
é
subjetividade”
no
filósofo
como
uma
sentença
que
não
é
tão
oposta
ao
princípio
tomista
de
que
a
verdade
é
adequação
do
intelecto
à
realidade.
Kierkegaard
mesmo
admite
que
existe
um
imperativo
do
conhecimento
assim
como
há
o
imperativo
moral,
de
modo
que
o
autor
aceita
que
haja
um
regra
objetiva
do
pensamento,
porem
a
subjetividade
da
verdade
deve
ser
entendida
em
seu
sentido
existencial
e
não
ideal.
Em
nenhum
momento
Kierkegaard
nega
o
conteúdo
objetivo
da
verdade
e
muito
menos
afirma
que
a
verdade
é
produzida
pelo
sujeito,
porem
afirma
que
a
verdade
objetiva
de
nada
vale
para
o
homem
se
não
houver
um
adesão
pessoal
(e
dessa
forma
subjetiva
e
existencial)
a
essa
verdade.
Assim,
o
sujeito
não
deve
apenas
conhecer
especulativamente
a
verdade,
isso
não
parece
bastar,
mas
deve
estar
na
verdade.
A
verdade
não
precisa
apenas
ser
possuída
intelectualmente,
mas
faz
parte
dela
mesma
ser
quem
possui
o
sujeito.
Há
em
Kierkegaard
uma
identificação
da
verdade
com
a
vida,
isto
é,
a
verdade
deve
ser
vivida.
O
sujeito
ante
sua
12. 12
verdade
existencial
deve
se
comprometer
como
ela,
esse
comprometimento
é
o
que
Kierkegaard
chama
de
engajamento.
Com
a
noção
de
paixão,
que
para
Kierkegaard
é
o
máximo
da
subjetividade
e,
por
isso,
a
mais
perfeita
expressão
da
existência,
a
verdade
surge
como
um
drama.
Esse
drama
ocorre
quando
o
indivíduo,
percebe
o
estado
de
tensão
em
que
se
encontra
mediante
os
riscos
que
existem
quando
realizado
o
engajamento
pessoal
com
a
verdade.
Verdade,
engajamento
e
risco
estão
necessariamente
ligados
e
devem
ser
entendidos
existencialmente.
A
existência
autêntica,
que
é
aquela
que
não
se
contenta
só
com
verdades
especulativas,
é
sempre
a
situação
existencial
onde
o
indivíduo
experimenta
esta
tensão
entre
risco
e
engajamento.
Uma
noção
depende
da
outra,
do
contrário
cada
um
delas
perde
seu
sentido
existencial.
Assim,
temos
que
não
existe
verdade
subjetiva
sem
um
engajamento
com
esta
verdade
e
sem
riscos
decorrentes
desse
engajamento.
Assumir
uma
verdade
é
assumir
as
consequências
dessa
verdade,
é
viver
de
modo
conforme
a
essa
verdade.
Para
Kierkegaard
a
fé
é
a
verdade
por
excelência.
Isso
porque
Kierkegaard
entende
que
é
onde
mais
age
a
paixão
e,
dessa
forma,
exige
o
mais
auto
ponto
de
subjetividade.
Aqui
é
necessário
cuidado,
pois
dessa
visão
Kierkegaard
vai
afirmar
o
paradoxo
da
fé,
de
modo
que
a
fé
aparece
absolutamente
oposta
a
razão.
Para
o
filósofo,
é
em
virtude
do
absurdo
que
o
homem
tem
fé.
Esse
paradoxo
vai
ser
muito
bem
explicitado
em
sua
obra
“Temor
e
Tremor”,
onde
o
filósofo
fala
da
situação
quase
trágica
de
Abraão
ante
o
pedido
de
Deus
para
que
mate
seu
filho
Isaac.
Nessa
passagem
se
encontra
o
dilema
entre
o
homem
ético
e
o
homem
religioso.
Temos
que
ter
em
mente
que
de
nenhum
modo
a
doutrina
cristã
admite
um
total
separação
entre
fé
e
razão.
Ainda
que
realmente
distintos
um
do
outro,
nunca
são
contraditórios
entre
si.
Kierkegaard
realmente
apresenta
um
dificuldade
que
deve
ser
levada
em
conta
e
vista
com
cautela
por
aqueles
que
pretendem
se
aprofundar
em
seus
escritos.
Para
dirigir
nossa
reflexão
podemos
pensar
o
cerne
do
problema
kierkegaardiano
entre
fé
e
razão
como
um
paradoxo
entre
a
razão
ética
e
a
razão
religiosa,
pois
foi
Deus
quem
inscreveu
a
lei
natural
no
coração
do
homem,
porem
também
foi
ele
quem
pediu
que
Abraão
transgredisse
tal
lei
para
prova-‐lo
na
fé.
Apesar
da
dificuldade
trazida
pelo
pensamento
de
Kierkegaard,
de
modo
nenhum
podemos
pensar
o
dom
da
fé
como
algo
que
anula
a
lei
natural
que
Deus
inscreveu
no
coração
do
homem,
pois,
desse
modo,
afirmaríamos
um
Deus
contraditório.
De
maneira
contraria,
podemos
pensar
na
relação
entre
lei
natural
e
lei
divina
como
um
relação
de
submissão
daquela
a
esta,
de
modo
que
quando
a
segunda
contradiz
a
primeira
faz
parte
da
essência
da
primeira
aceitar
a
segunda.
Tal
pensamento,
no
entanto,
só
faz
sentido
a
partir
de
uma
visão
de
mundo
metafísica,
de
modo
que
a
dificuldade
que
Kierkegaard
apresentou
continua
vista
desde
o
ponto
de
vista
existencial.
13. 13
Neste
curso
não
pretendemos
solucionar
de
forma
absoluta
o
problema
criador
por
Kierkegaard,
muito
menos
afirmar
que
todo
o
pensamento
do
autor
está
errado
por
causa
disso.
Muito
foram
os
que
ao
longo
dos
séculos
XIX
e
XX
trataram
desse
tema.
Para
nós,
basta
termos
a
consciência
dessa
visão
kierkegaardiana
para
lermos
e
falarmos
com
cautela
e
consciência
sobre
a
filosofia
do
autor.
c) Desespero
e
Angústia
O
homem
sendo
subjetivo,
isto
é,
sendo
aquele
que
exerce
a
escolha,
é
também
aquele
que
se
engaja
com
aquilo
que
escolhe.
Ora,
todo
o
engajamento
traz
risco
e
devido
a
esses
riscos
o
sujeito
experimenta
a
angústia
e
o
desespero.
Assim,
pode-‐se
dizer
que
é
impossível
ao
homem
fugir
do
desespero
e
da
angústia
um
vez
que
é
aquele
a
quem
os
riscos
de
suas
escolhas
se
apresentam.
Assim,
existir
é
necessariamente
estar
sob
a
angústia
e
o
desespero.
Estas
duas
condições,
apesar
de
serem
muito
parecidas,
não
são
a
mesma
coisa.
A
angústia
relaciona-‐se
com
o
pecado
e
Kierkegaard
sempre
o
faz
em
vista
do
pecado
original
de
Adão.
Primeiramente,
a
angústia
surge
como
algo
anterior
ao
pecado,
pois
acontece
no
âmbito
na
inocência
original,
isto
é,
do
estado
do
homem
antes
do
pecado.
Entre
a
inocência
original
e
o
pecado
há
a
angústia
como
salto
de
um
para
outro.
Kierkegaard
fala
da
inocência
original
como
ignorância
do
ser
do
homem,
isto
é,
ignorância
sobre
o
bem
e
o
mal
e,
acima
de
tudo,
sobre
a
liberdade
em
escolher
o
mal.
Podendo
escolher
o
mal,
a
liberdade
é
também
possibilidade
de
culpa.
Para
o
autor
não
foi
a
proibição
do
pecado
que
angustiou
o
homem,
mas
a
própria
liberdade
de
poder
escolher
o
pecado.
Quando
o
homem
escolhe
o
mal
e
peca,
então
ele
se
sente
culpado.
Essa
culpa
é
a
angústia
enquanto
que
procede
do
pecado.
Além
disso
também
é
angústia
procedente
do
pecado
o
conhecimento
do
bem
e
do
mal
que
ocorre
mediante
a
perda
da
inocência
original.
A
partir
disso
o
homem
pode
angustiar-‐se
em
relação
ao
mal
feito
ou
ao
bem
não
feito.
Quando
angustia-‐se
em
relação
ao
mal
surge
o
deseja
de
acabar
com
a
realidade
do
mal
no
mundo,
isso,
todavia,
é
impossível
para
ele.
Na
angústia
ante
o
bem,
que
Kierkegaard
chama
de
angústia
demoníaca,
o
sujeito
vira
as
costas
ao
bem
e
perde
sua
liberdade.
Ele
passa
agora
a
viver
em
resistência
ao
eterno
e
permanece
sempre
na
exterioridade
do
temporal
e
finito.
Quanto
ao
que
o
autor
chama
de
desespero,
podemos
dizer
que
se
trata
de
algo
similar
à
angústia
quanto
a
necessidade
de
pensar
o
desespero
em
sua
dimensão
existencial.
Porem
o
desespero
tende
a
dar-‐se
em
uma
dimensão
mais
teológica.
O
desespero,
em
sua
dimensão
existencial,
não
é
simplesmente
desesperar-‐se
de
algo,
mas
desesperar-‐se
de
si
mesmo.
O
homem
é
a
síntese
entre
o
finito
e
o
infinito,
o
temporal
e
o
eterno,
da
liberdade
e
da
necessidade.
O
desespero
existencial
é
aquilo
que
desestabiliza
essa
síntese.
É
um
enfermidade
do
espírito
humano,
do
eu
do
homem.
Se
a
angústia
é
a
vertigem
da
alma
ante
a
possibilidade
do
pecado,
o
desespero
é
a
vertigem
de
si
mesmo,
o
querer
desfazer-‐
se
de
si.
Isso
se
dá
com
a
rebeldia
do
homem
em
relação
ao
que
de
eterno
existe
nele.
14. 14
A
situação
existencial
mais
importante
do
homem
é
a
de
estar
diante
de
Deus.
Ao
abandonar
isso
o
homem
experimental
um
desespero
que
está
fora
de
toda
a
ordem
emocional,
um
desespero
profundamente
enraizado
em
seu
espírito.
O
desespero
acontece
em
relação
ao
finito,
ao
infinito,
à
possibilidade,
à
necessidade,
à
consciência,
à
inconsciência,
ao
terreno,
ao
eterno
e
finalmente
o
que
o
autor
chama
de
desespero
obstinado.
Esses
diversos
modos
de
desesperam
assinalam
a
crescimento
da
consciência
do
homem
em
sua
dimensão
espiritual.
O
homem
vai
se
reconhecendo
como
uma
existência
diante
de
Deus,
como
um
eu
teológico.
Sendo
um
eu
teológico,
uma
existência
diante
de
Deus,
o
homem
se
descobre
pecador.
As
faltas
humanas
só
são
pecados
por
serem
cometidas
diante
de
Deus.
Dessa
forma,
tal
como
a
angústia
o
desespero
se
relaciona
ao
pecado,
de
modo
que
se
diz
que
o
desespero
manifesta
e
supõe
o
mesmo.
O
desespero,
entretanto,
prepara
o
sujeito
para
o
arrependimento
e
o
perdão.
Estes
são
os
caminhos
da
fé.
Ela
é
o
oposto
da
desordem
introduzida
pelo
desespero
pecaminoso,
de
modo
que
pode
reestabelecer
a
existência
humana
em
sua
relação
com
Deus.
3.
Filosofia
Existencial
Para
Kierkegaard
a
filosofia
existencial
é
na
verdade
um
método
existencial,
de
modo
que
o
pensar
filosófico
não
é
um
fim
em
si
mesmo,
mas
deve
sempre
estar
voltado
para
a
vida
do
sujeito.
Por
isso
que
fica
muito
complicado
tratar
o
que
é
a
existência
em
Kierkegaard,
e
mais
ainda
afirmar
qual
seja
a
filosofia
ou
o
método
existencial
por
excelência.
Para
o
autor
cada
método
de
encarar
a
existência
é
único
em
cada
sujeito.
Por
isso
que
falamos
aqui
não
da
existência
em
si,
mas
das
condições
ais
quais
a
mesma
está
encerrada.
Kierkegaard
não
afirma
um
modo
de
existir
absoluto,
porem
vai
absolutizar
as
condições
sob
as
quais
todos
esses
modos
estão.
Não
há
dúvida
de
que
existem
muito
problema
em
Kierkegaard
para
a
filosofia
cristã,
de
modo
que
não
se
pode
falar
dele
como
um
filósofo
cristão
no
sentido
estrito
do
termo.
Entretanto
seu
pensamento
é
de
fundamental
importância
para
os
demais
filósofos
da
existência.
Foi
Kierkegaard
quem
primeiro
abriu
as
portas
para
a
investigação
existencial
do
homem.
Num
tempo
em
que
reinava
a
filosofia
idealista
e
abstrata,
Kierkegaard
propôs
uma
filosofia
que
se
centrasse
na
concretude
do
sujeito.
Talvez
devido
ao
clima
idealista
de
sua
época
ou
ao
fato
de
ter
morrido
jovem,
no
século
XIX
o
autor
teve
pouca
força
e
notoriedade.
Somente
no
século
seguinte
seu
nome
ressurgiu
como
um
dos
mais
importantes
filósofos
da
história
da
humanidade
que
influenciaria
grande
parte
do
pensamento
do
século
XX.
Apesar
das
dificuldades
que
seu
pensamento
tem
desde
o
ponto
de
vista
cristão,
é
de
fundamental
importância
o
estudo
serio
de
seus
escritos.
Tal
importância,
entretanto,
não
diminui
o
cuidado
que
o
estudante
de
filosofia
cristão
deve
ter
para
não
cair
em
situações
arriscadas
como
a
separação
absoluta
entre
fé
e
razão
ou
a
visão
do
pecado
como
algo
puramente
psicológico
e
subjetivo.
15. 15
Gabriel
Marcel
(1889
–
1973)
1.
Vida
e
Obras
Gabriel
Marcel
nasceu
em
Paris.
Seu
pai
era
embaixador,
diretor
de
Belas
Artes
e
da
Biblioteca
Nacional.
Como
viajava
constantemente
possuía
um
vasto
conhecimento
cultural
bem
como
contato
com
escritores
e
artistas.
Imbuído
de
ideias
agnósticas
não
batizou
Marcel.
Já
sua
mãe
morreu
quando
ainda
era
bem
pequeno
e
Marcel
foi
educado
por
seu
avô
e
sua
tia,
esta
era
judia,
mas
converteu-‐se
ao
protestantismo.
Sua
educação
foi
marcada
por
um
rígido
moralismo.
Dedicou-‐se
aos
estudos
de
filosofia
em
Sorbonne.
Foi
discípulo
de
Bergson
no
Colégio
da
França.
Além
do
interesse
pela
filosofia,
possuía
igual
interesse
pelo
teatro
e
pela
música.
Será
tão
bom
crítico
e
dramaturgo
quanto
filósofo.
Em
1908
se
forma
em
filosofia
com
uma
tese
sobre
os
a
metafísica
de
Coleridge
e
sua
relação
com
a
filosofia
de
Scheling.
Aos
20
anos
já
é
professor
de
filosofia,
porem
seu
principal
interesse
não
foi
o
magistério,
mas
a
produção
filosófica
e
literária.
De
maneira
especial
pode-‐
se
frisar
o
estudo
dos
neoidealistas
Bredley
e
Royce
aos
quais
vai
abandonar
em
prol
da
filosofia
da
existência.
Em
1919
se
casa
com
Jacqueline
Boegner.
Após
a
primeira
guerra,
Marcel
passa
a
participar
ativamente
da
cultura
francesa
e
tem
contato
com
católicos
como
Gilson,
Maritain,
Mauriac
e
Paul
Claudel.
Por
exemplo
de
conversão
desses
seu
amigos,
Marcel
torna-‐se
católico
e,
em
23
de
março
de
1929,
pede
o
batismo.
Aqui
já
pensa
a
fé
como
sendo
essencialmente
uma
fidelidade.
Um
pouco
antes
abandona
o
idealismo
e
abraça
o
pensamento
existencial
para
responder
sobre
a
questão
de
Deus.
Sua
crença
em
Deus
determinou
profundamente
sua
filosofia.
Quanto
às
obras
de
Marcel
pode-‐se
falar
de
duas
fases
distintas.
A
primeira
é
aquela
onde
o
autor
vai
delineando
sua
filosofia
da
existência.
Depois
vemos
Marcel
debruçar-‐se
sobre
os
males
do
mundo
olhando
para
as
crises
sociais
e
para
a
civilização
cada
vez
menos
humanizada
e
mais
ateia.
Nesse
momento
suas
meditações
irão
se
afastar
um
pouco
da
temática
existência
e
assumirá
um
tom
mais
moralizante.
Marcel
pretende
restituir
a
filosofia
como
legítima
sabedoria.
Do
ano
de
1935
até
1973,
ou
seja,
durante
cerca
de
40
anos,
Marcel
recebia
todas
as
6ª
feiras
em
sua
casa
um
série
de
estudantes
de
filosofia
e
de
grandes
mestres
para
escutá-‐lo
e
estar
com
ele.
Dessa
forma,
mesmo
não
sendo
por
vocação
um
mestre
universitário,
Marcel
tinha
muito
contato
com
jovens
filósofos
e
isso
fez
seu
pensamento
ser
conhecido
em
toda
a
França.
Hoje
é
um
dos
mais
famosos
pensadores
da
Europa.
16. 16
Morreu
no
dia
8
de
outubro
de
1973.
2.
Fontes
e
Influências
Gabriel
Marcel
foi
um
filósofo
que
pode-‐se
dizer
que
peregrinou
por
várias
correntes
filosóficas.
É
de
fato
complicado
determinar
suas
influências
e
suas
fontes,
porem
pode-‐se
dizer
que
alguns
autores
tiveram
maior
importância
em
seu
itinerário
filosófico.
Num
primeiro
momento
temos
Marcel
formado
no
idealismo
pós
kantiano.
Sua
tese
de
graduação
foi
sobre
o
pensamento
de
Scheling
na
metafísica
de
Coleridge.
Depois
Marcel
passa
a
ser
um
grande
admirador
de
Bergson.
Por
último
temos
uma
fase
neoidealista
sobre
a
influência
de
Bradley,
mas
acima
de
tudo
Royce
e
sua
metafísica.
O
método
de
Marcel
foi
o
mesmo
método
compartilhado
por
praticamente
todos
os
existencialistas,
isto
é,
a
fenomenologia
de
Husserl.
De
maneira
especial
pode-‐se
frisar
o
junção
da
filosofia
vitalista
de
Bergson
com
a
fenomenologia
de
Husserl
como
pensamentos
que
muito
marcaram
o
autor.
Deles
entendemos
a
repulsa
pelas
categorias
lógico
matemáticas
do
pensamento
objetivo,
e
o
recurso
a
interioridade
e
às
fontes
imediatas
da
vida
emocional
como
forma
de
iluminar
os
problemas
filosóficos.
Apesar
de
todas
essas
influências,
foi
a
sua
crença
em
Deus
que
o
conduziu
para
o
pensamento
filosófico
pelo
qual
ele
seria
reconhecido
em
toda
a
Europa.
Preocupado
com
o
problema
da
existência
de
Deus,
e
afirmando
que
é
Deus
o
fundamento
das
individualidades
finitas,
Marcel
percebe
que
só
pode
falar
sobre
a
questão
da
existência
de
Deus
se
antes
precisar
o
que
é
a
existência.
3.
Filosofia
da
Existência
Ainda
que
de
maneira
dispersa,
Marcel
já
dirige
seu
pensamento
em
volta
dos
problemas
existenciais
desde
seu
Journal
Métaphysique.
Antes
mesmo
antes
de
Jaspers
começar
a
falar
na
Alemanha
dos
temas
existenciais,
Marcel
já
tinha
colocado
tal
discussão
na
literatura
francesa
de
seu
tempo.
Dentre
seus
principais
focos
de
indagação
destacam-‐se:
-‐A
Existência
concreta
e
singular:
pensada
em
oposição
ao
pensamento
idealista,
isto
é,
objetivante
e
abstrato.
-‐A
experiência
imediata
da
consciência:
não
é
fruto
de
um
conhecimento
objetivo
ao
modo
idealista,
mas
de
um
conhecimento
imediato
e
original
quase
que
intuitivo
do
sujeito
quanto
sua
Existência.
Sem
perceber,
Marcel
vai
se
aproximando
daquela
filosofia
concreta
de
Kierkegaard,
ainda
que
não
tivesse
lido
suas
obras
nessa
época.
O
pensar
existencial
aparece
como
uma
oposição
ao
racionalismo
metafísica
racionalistas.
Percebe
que
a
filosofia
sumamente
17. 17
especulativa,
isto
é,
voltada
apenas
para
as
ideias,
exclui
a
verdade
da
Existência
humana.
Contra
isso
Marcel
afirma
a
realidade
da
Existência
particular
e
a
unidade
entre
Existência
e
existente.
Esse
dado
é
completamente
intuitivo,
a
Existência
não
precisa
ser
demostrada,
mas
reconhecida.
Tanto
Existência
quanto
existente
são
dados
imediatos,
não
precisam
de
mediação.
Para
combater
o
objetivismo
idealista,
Marcel
afirma
a
Existência
como
uma
presença
absoluta
que
é
anterior
a
própria
distinção
de
sujeito
e
objeto.
Abandona
a
máxima
cartesiana
do
“penso
logo
existo”,
agora
diz-‐se
somente
“eu
existo”.
A
primeira
consciência
que
o
sujeito
tem
da
própria
existência
é
a
sua
consciência
corporal.
O
indivíduo
se
percebe,
se
sente,
como
um
corpo.
Percebendo
ser
um
corpo
o
indivíduo
se
percebe
como
um
existente.
Assim
ele
se
vê
como
um
existência
encarnada,
isto
é,
uma
existência
ligada
a
um
corpo.
Em
suma
o
homem
tem
consciência
de
si
mesmo
em
seu
corpo
3.1.
A
existência
Encarnada
A
Existência
como
Existência
encarnada
é
o
ponto
central
da
filosofia
existencial
de
Marcel.
O
conhecimento
que
diz
respeito
à
Existência
é
sempre
imediato
e
original.
Ora,
nada
é
mais
imediato
e
original
que
a
consciência
de
ser
um
corpo,
porem
deve-‐se
entender
a
maneira
que
a
Existência
tem
de
se
relacionar
com
o
próprio
corpo.
Marcel
vai
contrapor
seu
pensamento
contra
dois
que
seriam
seus
extremos,
o
instrumentalismo
e
o
materialismo
Para
o
instrumentalista
o
corpo
é
apenas
um
instrumento
do
qual
a
Existência
faz
uso.
Isso
seria
reduzir
o
corpo
à
condição
de
um
objeto
estranho
ao
próprio
indivíduo.
Pensando
desse
modo
o
sujeito
não
pode
mais
falar
de
seu
próprio
corpo,
mas
de
um
corpo
entre
os
outros
do
qual
não
teria
nenhuma
intimidade.
Por
outro
lado
deve-‐se
tomar
cuidado
para
não
cair
numa
visão
de
mundo
puramente
materialista
onde
se
reduz
o
sujeito
a
ser
apenas
o
corpo.
Sendo
a
Existência
algo
imaterial,
ela
passa
a
não
ser
nada
na
realidade.
A
solução
de
Marcel
é
que
não
se
pode
pensar
a
relação
corpo
e
Existência
com
uma
concepção
dualista
onde
um
parece
ser
completamente
oposto
ao
outro.
Em
vez
do
dualismo,
Marcel
propõe
uma
dualidade,
isto
é,
a
real
distinção
de
existência
e
corpo,
mas
não
sua
separação
em
opostos.
Entre
existência
e
corpo
existe
uma
unidade
entitativa.
Falar
de
unidade
entitativa
não
significa
falar
de
duas
substâncias
que
por
acaso
se
juntaram,
mas
do
corpo
e
da
Existência
como
um
só
substância.
Existência
e
corpo
não
se
unem
para
formar
o
indivíduo,
mas
o
corpo
já
é
um
prolongar-‐se
da
Existência,
de
modo
que
o
indivíduo
é
os
dois.
Na
análise
existencial
de
Marcel,
a
Existência
encarnada
será
o
núcleo
de
uma
dialética
existencial
e
da
relação
da
própria
Existência
com
os
outros
e
com
o
mundo.
18. 18
3.2.
A
Existência
do
mundo
e
dos
outros
O
conhecimento
sobre
a
Existência
do
mundo
e
dos
outros
também
não
se
obtêm
pela
via
da
objetividade
idealista,
mas
na
experiência
imediata
e
original,
isto
é,
naquela
experiência
do
próprio
corpo.
O
sujeito
olha
pra
realidade
com
os
olhos
daquilo
que
ele
é,
como
os
olhos
de
uma
Existência
encarnada.
Uma
inteligência
pura
ao
modo
idealista
jamais
consideraria
algo
como
Existência.
O
mundo
e
os
outros,
enquanto
Existência,
só
podem
ser
captados
mediante
aquele
sentimento
não
objetivo
que
se
dá
no
conhecimento
imediato
da
experiência
corporal.
O
corpo
passa
a
ser
a
condição
misteriosa
da
objetividade
em
geral.
O
sujeito
percebe,
a
partir
de
seu
corpo,
que
ele
mesmo
é
ser
no
mundo,
isto
é,
que
ele
está
presente
em
um
meio
físico.
O
reconhecimento
dessa
presença
assume
um
caráter
de
conhecimento
imediato.
O
homem,
quando
toma
consciência
de
si,
já
o
faz
como
um
ser
no
mundo,
este
passa
então
a
ser
anterior
a
qualquer
objetivação
racional.
Além
da
consciência
de
ser
um
ser
no
mundo,
o
sujeito
também
percebe,
através
da
experiência
existencial
da
encarnação,
a
presença
dos
outros.
O
primeiro
modo
dessa
experiência
é
a
oposição
radical
entre
aquilo
que
é
um
objeto
e
aquilo
que
é
um
outro.
O
primeiro
é
despersonalizado,
não
possui
subjetividade.
Já
o
segundo
aparece
um
complemento
para
a
própria
personalidade
do
sujeito,
uma
prolongação
de
suas
situações
subjetivas,
aquele
com
quem
o
sujeito
mantem
relações,
aquilo
que
se
pode
chamar
de
um
“Tu”.
Para
o
“Tu”
se
apresentar
como
uma
Existência
para
o
sujeito,
não
basta
a
sua
presença
física
ante
o
sujeito,
pois
existe
aquele
modo
de
estar
presente
sem
verdadeiramente
estar.
A
verdadeira
experiência
com
o
“Tu”
é
descrita
por
Marcel
na
teoria
dos
seres
anônimos
que
estão
no
mesmo
trem,
isto
é,
na
mesma
jornada.
Apesar
de
estarem
no
mesmo
espaço
físico,
não
existe
senão
um
relação
de
exterioridades,
até
que
algo
diferente
acontece.
Um
sujeito
descobre
um
interlocutor
com
quem
tem
experiências
comuns.
Aquele
que
era
um
“Ele”,
indiferente
ao
próprio
sujeito,
torna-‐se
um
“Tu”
com
que
o
“Eu”
tem
uma
relação
de
comunicação.
O
“Tu”
e
o
“Eu”
são
agora
um
“Nós”,
uma
unidade.
O
outro
faz
o
sujeito
descobrir
a
si
mesmo.
O
sujeito
se
abre
ao
outro
a
partir
do
diálogo
e
do
reconhecimento
fraterno
do
outro
como
companheiro
de
destino.
Para
o
filósofo
não
há
como
pensar
o
outro
sem
ser
como
ou
Existência.
Em
suma,
a
Existência
encarnada
possui
duas
experiências
diferentes.
A
experiência
de
ser
um
ser
no
mundo
e
a
experiência
de
se
comunicar
com
outros
seres
no
mundo.
A
primeira
vai
permitir
reconhecer
a
existência
do
mundo,
a
segunda
a
existência
dos
outros.
19. 19
Karl
Jaspers
(1883
–
1969)
1.
Vida
e
Obras
Karl
Jaspers
nasceu
Oldenburg,
Alemanha,
de
um
família
de
confissão
protestante.
Seus
pais,
entretanto,
encaravam
a
religião
como
uma
simples
instituição
social.
Desde
jovem
recebeu
um
educação
rigorosa
a
respeito
da
verdade,
do
dever,
do
trabalho
e
da
lealdade.
Quando
à
dimensão
religiosa,
Jaspers
cresceu
limitando-‐se
a
cumprir
algumas
formalidade
exigidas.
Apesar
das
aulas
de
religião
que
tinha
na
escola,
Jaspers
nunca
às
levou
muito
a
serio,
sempre
ridicularizou
as
“histórias
do
pastor”.
Quando
ficou
mais
velho
disse
a
seu
pai
que,
por
respeito
a
verdade,
abandonaria
a
religião.
Seu
pai,
no
entanto,
diz
que
ele
tinha
que
honrar
o
dever
comunitário
com
as
instituições
sociais,
a
religião
era
uma
delas.
A
primeira
etapa
de
sua
vida
juvenil
transcorreu
normalmente,
apesar
dos
problemas
que
tinha
com
a
administração
da
escola
devido
a
seus
espirito
de
independência.
Além
disso
tinha
um
saúde
muito
frágil
que
acabou
fazendo
com
que
ele
vivesse
sempre
numa
grande
solidão.
Assim,
Jaspers
cresceu
em
meio
a
seus
livros
e
a
própria
natureza,
porem
com
pouco
contato
com
outras
pessoas.
Desde
jovem
foi
desenvolvendo
o
gosto
pelo
pensar
filosófico.
De
maneira
especial
cresceu
junto
ao
mar
que,
para
ele,
é
presença
do
infinito,
símbolo
da
transcendência
e
da
liberdade.
Seu
primeiro
contato
com
a
filosofo
foi
através
de
Spinoza,
de
quem
ele
tirou
a
consciência
do
universo
como
totalidade.
Ao
18
anos,
Jaspers
descobre
que
possui
uma
doença
pulmonar
incurável
e
insuficiência
cardíaca.
Teria
que,
para
sobreviver
por
muito
tempo,
assumir
uma
vida
muito
estrita.
Dessa
maneira
o
autor
conhece
o
pessimismo
e
momentos
de
muito
desespero.
Tal
situação
de
enfermidade,
entretanto,
vai
lhe
ser
estimulo
para
o
filosofar.
Ela
mesma
será
interpretada
de
maneira
existencial.
Em
1901,
inicia
os
estudos
de
jurisprudência
na
Universidade
de
Heildelberg
e
Munich,
pretendia
ser
advogado.
Como
a
ciência
jurídica
não
lhe
satisfaz,
Jaspers
resolve
tentar
ser
médico
e,
após
três
períodos
muda
seu
curso
para
medicina.
Em
1907
conhece
a
irmã
de
um
de
seus
colegas,
Gertrud
Mayer.
Ela
pertencia
a
uma
piedosa
família
judia
e
Jaspers
logo
se
apaixona
por
ela.
Uma
vez
formado,
ele
casa-‐se
com
ela
e
recupera
o
otimismo
que
até
então
havia
perdido.
Será
com
ela
que,
aquele
garoto
que
cresceu
só
vai
entender
a
comunicação
existencial.
Gertrud
também
era
muito
apaixonada
pelo
saber
e
ajudou
mundo
seu
marido
em
20. 20
suas
obras.
Também
é
a
Gertrud
Jaspers
que
nosso
autor
deve
o
fato
de
ter
se
aproximado
mais
da
bíblia.
A
fé
judia
de
Gertrud
transformou-‐se
em
Jaspers
em
uma
filosofia
bíblica.
Em
1910
Jaspers
conhece
o
método
fenomenológico
de
Russerl
e
os
escritos
e
Max
Webber.
Depois
de
3
anos
escreve
sua
grande
obra
“Psicopatologia
Geral”
e
depois
de
mais
1
ano
entra
em
contato
com
as
obras
de
Kierkegaard.
Em
1916
sob
à
cátedra
de
psicologia
de
sua
Universidade
e
depois
de
3
anos
escreve
“Psicologia
das
Concepções
de
Mundo”.
Como
o
início
da
1ª
Guerra
começa
a
definir
o
que
seria
algo
muito
recorrente
em
sua
filosofia,
isto
é,
as
situações-‐limites.
Em
1921
subiu
à
cátedra
de
filosofia.
Esta
é
a
primavera
de
suas
reflexões
sobre
a
realidade.
Mergulhou
nas
filosofias
de
Platão,
Plotino,
Nicolau
de
Cusa,
Descartes,
Spinoza,
Kant,
Scheling,
Hegel
e,
de
maneira
muito
especial,
Kierkegaard
e
Nietzsche.
Jaspers,
entretanto,
ignora
o
aristotelismo
e
a
escolástica.
Até
1937
pública
várias
de
suas
famosas
obras,
entre
elas,
“Situação
Espiritual
de
Nosso
Tempo”,
“Filosofia”,
Filosofia
da
Existência”,
“Razão
e
Existência”,
entre
outro.
A
partir
daquele
ano,
entretanto,
o
governo
nazista
informa
que
ele
vai
ter
que
abandonar
sua
cátedra
na
faculdade
por
ser
casado
com
uma
judia.
Mais
tarde
é
proibido
de
fazer
publicações,
porem
recusa
divorciar-‐se
de
sua
esposa
e
então
os
dois
saem
da
Alemanha.
Só
em
1945,
após
o
fim
da
guerra,
o
governo
americano
lhe
restitui
sua
cátedra.
Fica
então
em
Heidelberg
até
1948
quando
vai
para
Basilea
onde
fica
ensinado
até
1961.
Após
isso,
aposentado,
Jaspers
vive
um
vida
tranquila
com
sua
esposa
até
26
de
fevereiro
de
1969.
2.
Por
que
um
Filosofia
da
Existência?
As
vezes
é
difícil
entender
como
que
um
médico
e
cientista
como
Jaspers
acabou
se
tornando
um
dos
maiores
pensadores
existenciais
do
século
XX.
De
fato,
fica
mais
fácil
entender
seu
pensamento
se
levarmos
em
conta
com
que
o
autor
está
dialogando
ao
escrever.
Primeiramente
observa-‐se
forte
influência
do
pensamento
kantiano
na
filosofia
de
Jaspers.
De
fato,
nosso
filósofo
olha
para
Kant
com
grande
respeito
e
admiração.
Muito
diferente
da
maioria
dos
pensadores
existenciais
que
simplesmente
pretendiam
superar
o
idealismo
iniciado
em
Kant,
Jaspers
pretende
um
diálogo
com
este.
Sem
desejar
abandonar
o
que
foi
dito
antes,
Jaspers
quer
encontrar
o
Ser
Absoluto
e
o
ser
em
si
das
coisas,
ainda
que
na
filosofia
kantiana
e
idealista
isso
seria
algo
impossível.
Além
disso
muito
incomoda
nosso
autor
a
visão
cientificista
de
sua
época.
Ele
chega
a
afirmar
que
fizeram
da
ciência
um
superstição,
ou
ainda,
um
pseudociência.
Jaspers
não
admite
a
pretensão
dos
cientistas
de
afirmarem
coisas
sobre
o
homem
que
escapam
do
objeto
e
método
científico.
Em
sua
obra
Filosofia
da
Existência,
Jaspers
afirma
que,
com
o
idealismo
a
filosofia
deixou
de
dar
as
respostas
fundamentais
à
vida
humana
e
a
ciência
acabou
por
pretender
dizer
ao
homem
quem
ele
é,
de
onde
ele
veio
e
para
onde
ele
vai.
Dialogando
com
tais
formas
do
pensar,
Jaspers
vai
tentar
colocar
a
ciência
em
seu
lugar
e
devolver
à
filosofia
seu
estatuto
de
um
pensamento
universal.
De
fato
do
conhecimento
do
ser
21. 21
empírico,
ao
qual
as
ciências
empíricas
tem
acesso,
não
pode
ser
dado
como
conhecimento
de
todo
o
Ser,
pois
de
tal
forma
se
acabaria
reduzindo
o
Ser
a
algo
que
ele
não
é.
Para
isso
Jaspers
vai
tentar
dar
um
resposta
existencial
ao
problema
do
conhecimento
de
ser
em
si
e
do
Ser
absoluto
para
recuperar
a
filosofia
como
a
disciplina
que
dá
conta
daquelas
perguntas
universais
sobre
o
homem
mesmo,
isto
é,
de
onde
ele
vem,
para
onde
ele
vai
e
qual
o
sentido
de
sua
vida.
3.
O
Filosofar
desde
a
Existência
Possível
Para
chegar
o
ser
em
si
e
ao
Ser
absoluto,
Jaspers
entende
que
deve
ultrapassar
a
teoria
kantiana
da
consciência.
Tal
teoria
diz
que
tudo
o
que
o
sujeito
conhece
é
aquilo
que
se
apresenta
como
um
objeto
à
sua
consciência
de
sujeito.
Isso
é
o
que
o
autor
chama
de
dicotomia
sujeito-‐objeto.
Isso
significa
que
sempre
que
há
conhecimento
há
um
objeto
que
se
apresenta
a
um
sujeito.
Nessa
dicotomia
fica
impossível
falar
do
ser
em
si
da
coisas
e
muito
menos
do
Ser
Absoluto.
Jaspers
entende
o
ser
em
si
como
o
ser
das
coisas
independente
de
ser
um
objeto
para
um
sujeito.
O
problema
é
que
sempre
que
se
tentasse
conhecer
esse
ser
em
si
imediatamente
ele
seria
convertido
num
objeto
e,
dessa
forma,
não
mais
se
estaria
conhecendo
o
ser
em
si,
mas
o
ser
objeto.
O
autor
em
nenhum
momento
nega
a
necessidade
dessa
dicotomia
para
o
conhecimento,
porem
procura
dar
um
outro
modo
de
alcançar
esse
ser
em
si
que
não
seja
conhecer.
Para
isso
nosso
filósofo
vai
buscar
um
dimensão
do
sujeito
que
possa
dar
conta
dessa
tarefa.
Para
Jaspers
o
sujeito
é
antes
de
mais
nada
um
acontecimento
único
e
irrepetível,
um
ser
específico
ao
qual
nenhum
outro
se
assemelha
É
um
existente
empírico,
um
ser
que
vive
empiricamente
no
mundo
e
que,
por
isso,
é
também
objeto
de
conhecimento
de
outros
sujeito
e
de
si
mesmo.
Apesar
dessa
irrepetitividade
do
indivíduo,
ele
também
possui
um
dimensão
que
é
igual
de
todo
e
qualquer
sujeito.
Pode
parecer
contraditório,
mas
não
é.
O
homem
é
irrepetível
enquanto
existente
empírico,
porem
é
igual
a
todos
os
outros
enquanto
que
uma
consciência
geral
para
a
qual
os
objeto
são.
Isso
explica,
por
exemplo,
o
fato
de
não
haver
confusão
entre
os
homens
no
conhecimento
das
coisas
empíricas.
Todo
o
homem
que
percebe
uma
cadeira
a
percebe,
empiricamente,
como
qualquer
outro
homem,
de
modo
que
todas
as
consciência
individuais
tem
algo
em
geral
que
permite
o
conhecimento
das
coisas.
Existente
empírico
e
consciência
geral
são
as
dimensões
do
sujeito
que
estão
dentro
da
dicotomia
sujeito-‐objeto,
de
modo
que,
apesar
de
ambas
terem
sua
importância
no
filosofar,
não
são
suficientes
para
alcançar
o
ser
em
si
das
coisas.
Jaspers
então
afirma
uma
terceira
dimensão
do
sujeito.
Este
é
uma
incondicionalidade.
De
fato,
quando
o
indivíduo
pensa
e
age,
ele
se
percebe
como
origem
autêntica
desse
pensar
e
agir.
Não
é
outro
senão
eu
quem
pensa
o
que
pensa
e
quem
faz
o
que
faço.
Por
ser
essa
origem,
o
sujeito
entende
que
ele
é
mais
do
que
uma
simples
consciência
empírica
para
a
qual
22. 22
tudo
se
apresenta.
Ele
não
tem
experiência
empírica
dessa
origem
que
ele
mesmo
é.
Aqui,
o
homem
se
descobre
como
uma
Existência
incondicionada.
O
problema
é
que
a
Existência
não
pode
ser
objeto
de
nada,
pois
não
há
experiência
empírica
dela.
O
sujeito,
entretanto,
tem
plena
certeza
de
ser
uma
Existência
na
medida
que
é
essa
origem
incondicionada
de
seu
pensar
e
agir.
Assim,
para
não
afirmar
a
Existência
como
algo
que
é
ou
não
é,
pois
isso
já
seria
dar-‐lhe
um
estatuto
empírico,
Jaspers
fala
da
Existência
do
homem
como
algo
que
se
exerce
plenamente
ou
se
exclui
totalmente.
Dessa
forma
o
homem
não
é
uma
Existência,
mas
uma
Existência
possível
de
exercer-‐se
ou
não.
Essa
terceira
dimensão
do
homem,
a
de
uma
Existência
Possível,
é
donde
o
autor
vai
partir
o
que
para
ele
é
o
verdadeiro
filosofar.
Sendo
ela
inobjetiva,
pode
dar
conta
do
que
também
não
se
faz
objeto,
isto
é,
do
ser
em
si.
A
Existência
Possível
vai
romper
a
dicotomia
sujeito-‐objeto
sem
anular
a
mesma.
O
ser
em
si
que
para
o
Existente
Empírico
é
um
fantasia
e
para
a
Consciência
em
Geral
é
um
limite,
aparece
como
algo
acessível
à
Existência
Possível.
Esse
filosofar
a
partir
da
Existência
possível
vai
surgir
em
três
vias,
de
modo
que
cada
uma
delas
vai
cuidar
daquilo
que
o
autor
chama
de
Abrangente,
isto
é,
algo
que
sem
ser
sujeito
nem
objeto
abrange
os
dois.
Tal
noção
é
muito
parecida
com
aquilo
que
o
filósofo
pensa
que
deve
ser
o
ser
em
si.
Dentre
estas
vias,
a
mais
importante
e
que
vai
dar
o
nome
de
Filósofo
da
Existência
à
Karl
Jaspers
será
o
Esclarecimento
da
Existência,
que
no
fundo
é
a
sua
propriamente
a
sua
Filosofia
da
Existência.
4.
Esclarecimento
da
Existência
Esta
é
a
Filosofia
da
Existência
propriamente
dita
no
pensamento
de
Jaspers.
O
filósofo
não
pretende
uma
análise
da
Existência,
mas
um
esclarecimento
da
mesma.
Sendo
ela
um
abrangente,
nunca
pode
surgir
como
um
objeto,
de
modo
que
não
pode
ser
racionalmente
conhecida.
Dai
o
uso
do
termo
Esclarecimento
para
falar
dela.
Porem,
somente
falara
da
Existência
já
nos
trás
um
novo
problema.
Quando
falamos
de
Existência
continuamos
a
falar
de
algo
bem
objetivo,
afinal
não
se
pode
falar
de
algo
sem
que
se
faça
desse
algo
um
objeto.
Dessa
forma,
Jaspers
vai
eapresentar
a
noção
de
símbolos.
Através
dos
símbolos
o
sujeito
pode
falar
daquilo
que
é
inobjetivo
de
maneira
objetiva.
Quando
falamos
“Existência”
ou
“ser
em
si”,
não
estamos
falando
dessas
coisas
mesmas,
mas
estamos
usando
palavras
que
simbolizem
essas
realidades.
Deve-‐se
ainda
tomar
muito
cuidado
para
não
acabarmos
falando
de
um
mundo
das
Existência
como
um
mundo
paralelo
ao
mundo
empírico.
De
fato
há
somente
um
mundo,
porem
as
realidades
existenciais
que
permeiam
esse
mundo
são
simbolizadas
em
palavras
e
conceitos
que,
sem
esgotar
o
que
elas
são,
servem
para
falar
delas
da
maneira
como
nossa
linguagem
empírica
permite.
Jaspers
afirma
que
quanto
mais
refinada
for
nossa
linguagem
empírica,
melhor
podemos
falar
daquelas
coisas
que
ultrapassam
essa
realidade.
Há
aqui
uma
grande
harmonia
entre
o