O documento descreve o modelo de grupo escolar implementado no Brasil no final do século XIX como uma escola primária moderna com edifícios, livros didáticos e professores qualificados. Logo, vários estados implementaram esse modelo com o objetivo de construir uma nação civilizada através da educação universal. No entanto, a frequência irregular dos alunos das camadas mais pobres foi um problema, e os grupos escolares foram gradualmente substituídos pelo sistema de ensino de 1o grau a partir da década de 1970.
1. GRUPOS ESCOLARES NOGRUPOS ESCOLARES NO
BRASIL: UM NOVO MODELOBRASIL: UM NOVO MODELO
DE ESCOLA PRIMÁRIADE ESCOLA PRIMÁRIA
Aluna de Pedagogia: Júlia Rafaela M. Câmara
2. No alvorecer da República, dentre as
muitas ações e discursos que os líderes que
assumiram o poder do novo sistema de
governo fizeram circular, estavam aqueles
que propunham modificações no modo como
o ensino primário deveria ser organizado e
que novas obrigações caberia ao estado
frente a uma realidade educacional confusa e
deformada, herdada do regime monárquico.
3. Como golpe ao regime monárquico e o
sucesso da tomada do poder pelos
republicanos coube, portanto, ao novo
regime, repensar e esboçar uma escola que
atendesse os ideais que propunham construir
uma nação baseada em pressupostos
civilizatórios europeizantes que tinham na
escolarização do povo iletrado um de seus
pilares de sustentação.
4. No Brasil, esse modelo denominado de
grupo escolar, foi implantado pela primeira
vez em São Paulo, em 1893. Esse tipo de
instituição previa uma organização
administrativo-pedagógica que estabelecia
modificações profundas e precisas na
didática, no currículo e na distribuição
espacial dos edifícios.
O grupo escolar era uma escola moderna
e o seu modelo previa edifícios, livros
didáticos, mobiliário, além de docentes
qualificados.
5. Logo nos primeiros anos do século XX,
o sucesso da experiência paulista fez
com que vários outros estados
implantassem esse modelo, como, Rio de
Janeiro (1897), Maranhão e Paraná
(1903), Minas Gerais (1906), Rio Grande
do Norte, Espírito Santo e Santa
Catarina (1908), Mato Grosso (1910),
Paraíba (1910), Sergipe (1916), Goiás
(1918), Piauí (1922)
6. Grupo Escolar Augusto Severo – Natal-RN
Grupo Escolar Casemiro de Abreu – Rio
de Janeiro
Grupo Escolar Barão do Rio Branco - BH
7. Uma vez que a organização dos grupos
escolares estabelecia a reunião de várias
escolas primárias de uma determinada
área em um único prédio, a
administração pública entendeu ser um
beneficio financeiro aos seus cofres o
fato de não ter que arcar com os
alugueis das diversas casas que abrigavam
as escolas isoladas.
8. Com a finalidade de construir
atividades adequadas as novas
metodologias de ensino instruídas
pela moderna pedagogia, foi
necessário desenvolver projetos
de organização nos espaços
escolares.
9. A seriação e a uniformização
dos conteúdos sancionados
pelo método “lições de
coisas” foi responsável por
organizar o tempo escolar,
distribuindo gradualmente os
conteúdos nos quatro anos
que compunham o curso
primário, o que resultou no
uso do livro didático, de
literatura infantil e cartilhas
ajustadas ao currículo da
escola primária.
10. • Outra características dos grupos escolares,
nesse momento de inauguração de
novidades, foi a figura do seu diretor, cargo
que até então não existia na esfera pública
escolar primária frente à nova realidade
educacional em construção. Além de suas
funções administrativas com vistas a ordenar
o cotidiano dos professores e alunos, ele
deveria ser o responsável por retransmitir e
atualizar junto ao corpo docente aqueles
conteúdos discutidos nas escolas normais e
e entendidas como inovadoras.
11. É uma certeza histórica que os homens iriam
se afastar do magistério primário, por conta de
seus baixos salários, fator principal do
desinteresse por esta carreira, que para eles
não mais apresentava grandes atrativos.
12. A intensificação das demandas escolares
compostas por uma população estudantil que
testemunha a ida das meninas, juntamente
com os meninos, para escola, representa a
incorporação de um princípio no qual a
instituição pública republicana assegura o
direito das crianças meninas adquirirem
conhecimento que as instruíssem, ao menos
em seus níveis mais elementares, em igualdade
de condições àquela instrução destinada aos
meninos.
13. • É importante ressaltar um outro aspecto acerca
da população escolar, que se tornou uma
preocupação, dentre muitas, entre os intelectuais
da educação e as autoridades de ensino. Trata-se
do constante alerta a respeito dos problemas que
a frequência irregular dos alunos poderia
acarretar na consolidação da proposta
educacional dos grupos escolares. A
intermitência na assiduidade foi uma constatação
que a escola teve que admitir ao não conseguir
manter em suas carteiras aqueles alunos
pertencentes às camadas sociais
economicamente desfavoráveis, quando suas
famílias os convocavam para tarefas domésticas
e/ou renumeradas no mesmo horário dos
estudos escolares.
14. OS GRUPOS ESCOLARES
NA REALIDADE
EDUCACIONAL BRASILEIRA
A oferta de disciplinas sofreu
algumas modificações singulares, de
acordo com o momento histórico
de cada Estado.
Esse processo de inclusão de
valores patrióticos nas mentes das
crianças, que supostamente
garantia a construção de uma
nação civilizada, pode ser melhor
compreendido através de
determinadas práticas escolares.
15. Os desfiles patrióticos dos grupos escolares
como transmissores de uma linguagem coletiva,
capaz de expressar concomitantemente múltiplos
planos simbólicos que os levam a ser
identificados como uma grande festa.
16. Lei n. 5.692/71
A visão panorâmica explicou brevemente a inserção
dos grupos escolares na realidade histórica da
educação brasileira, entendemos e interpretamos
que os papéis por eles desempenhados ao longo do
século XX.
Vale ressaltar que sua extinção ocorreu nos
primeiros anos da década de 1970 por sua
substituição paulatina pelo sistema de ensino de 1°
Grau determinada pela Lei n. 5.692/71 que foi
promulgada no dia 11 de Agosto de 1971, durante o
regime militar, pelo presidente Emílio Garrastazu
Médici.