A escola dos meus avós: regras rígidas e poucos recursos
1. A escola no tempo dos meus avós era muito diferente da do nosso tempo.Quando os meus avós andavam na escola, os pais deles não os iam levar nem buscar. Só iam à escola quando entravam para a primeira classe, no dia da abertura das aulas, ou quando os professores lá os chamavam, porque trabalhavam no campo e não podiam faltar ao trabalho.A escola tinha uma sala de aulas para os rapazes e outra para as raparigas.Os meus avós iam para a escola a pé, fosse longe ou perto, chovesse ou fizesse sol. Quando chovia, chegavam molhados à escola. A braseira pouco aquecia e eles ficavam com frio e molhados várias horas. A maioria dos meninos no tempo dos nossos avós, andavam descalços, porque os pais não tinham dinheiro para lhes comprar umas botas ou sapatos.Os móveis da sala de aula eram poucos, apenas carteiras, a mesa, a cadeira da professora e armários. As carteiras tinham tampo inclinado com uma ranhura para meter os lápis e as canetas e um buraco para meter o tinteiro das canetas. Nas paredes havia mapas e um crucifixo.Todos os dias tinham de rezar e de cantar o Hino Nacional. Os professores eram muito respeitados pelos pais que lhes davam a liberdade de castigar os seus filhos, caso estes não soubessem o que lhes competia. Os castigos podiam ser desde puxões de orelhas a bofetadas e até mesmo a reguadas! A maior parte da matéria era para ser decorada e recitada na pontinha da língua: 2x2=4, 2x3=6, 2x4=8…A maior parte das crianças abandonava a escola após a quarta classe, pois os pais não tinham dinheiro para que eles continuassem o seu percurso escolar e precisavam da ajuda dos filhos para as diversas actividades do campo e domésticas. Joana Freitas <br />No tempo dos meus avós a escola era bem diferente da de hoje…A minha avó contou-me que no tempo em que andava na escola havia mais crianças nas salas de aula e chegavam a estar três ou quatro meninas sentadas na mesma carteira.A sala não era muito grande e tinha na parede, por cima do quadro, a fotografia do Dr. Oliveira Salazar e do General Carmona, (Primeiro- Ministro e Presidente da República) e ao meio a cruz de Cristo. As carteiras eram inclinadas e tinham uma ranhura para colocar os lápis e um buraco para os tinteiros.As aulas começavam às nove horas e terminavam às 15.00 horas, ao meio da manhã tinham um recreio de 15 minutos e depois uma hora para almoçar.Todos os dias antes de começarem as aulas tinham de rezar e de cantar o Hino Nacional.Como naquela altura não havia cantinas, os alunos levavam para a escola o almoço dentro de um cesto. O almoço era quase sempre bacalhau assado, uma sardinha com broa, um ovo cozido ou frito dentro de um pão, que comiam sentados no muro do recreio.O trajecto para a escola era percorrido a pé, estivesse sol ou chuva. Faziam cerca de um quilómetro e demoravam mais ou menos quinze minutos.Os livros e o lápis de carvão eram levados em sacolas feitas de pano ou de serapilheira e só os filhos das pessoas mais ricas usavam malas de cabedal.No 1º e no 2º ano tinham apenas duas disciplinas: Matemática e Língua Portuguesa, no 3º e no 4º ano para além destas duas tinham também história, Geografia e Ciências da Natureza.O ensino na altura era muito exigente e todos os alunos tinham de decorar a tabuada. Havia muito respeito pelos professores e não se podia fazer barulho na sala de aula.Se não fizessem os trabalhos de casa, os alunos eram punidos com reguadas, puxões de orelhas e às vezes até levavam com uma cana da Índia na cabeça.As férias começavam no princípio de Junho e terminavam no início de Outubro e os trabalhos de casa que levavam para as férias eram uma cópia e uma conta por dia. Daniela Paulino <br />A escola no tempo dos meus avós não tinha nada em comum com a de hoje em dia.As crianças não eram obrigadas a ir à escola, portanto a escolaridade não era obrigatória.No fim das aulas dedicavam-se a outras actividades, como a agricultura e a pastorícia.A minha avó contou-me que quando andava a guardar o gado escrevia com um pau na areia aquilo que tinha aprendido naquele dia.Naquele tempo, década de cinquenta, só havia quadros pretos, onde escreviam com giz e só existia um manual que passava de irmão em irmão, porque as famílias não eram ricas e eram numerosas.Apesar das escolas não terem tantos recursos como actualmente, as meninas e os meninos tinham mais vontade de aprender do que os alunos de hoje.Marta Maia <br />A minha avó Céu entrou para a Escola Primária da Granja do Ulmeiro, onde hoje se situa a Pré-Escola, no dia 7 de Outubro de 1955, tinha 7 anos.Ia a pé, fosse Verão ou Inverno, com um grupo de colegas. Todas vestidas com batas cor-de-rosa, sapatos com solas de pneu, ou tamancos e meias de cordão comprados na loja do Sr. Ismael.Tinha dois cadernos, um de contas e um de linhas. Cada aluno tinha uma lousa, ou ardósia, onde escrevia ou fazia os trabalhos. Só quando os alunos sabiam escrever bem, e com caligrafia bonita na lousa, é que lhes era permitido começar a escrever com tinta do tinteiro nos cadernos. Para apagar o que se tinha escrito na lousa era utilizado um paninho.A sala era muito fria, principalmente no Inverno. O vento e a chuva entravam pelas entranhas das janelas. Não havia qualquer tipo de aquecimento. A minha bisavó, quando fazia o café, de manhã, aquecia no lume uma pedra para a minha avó levar embrulhada num jornal e assim manter as mãos quentes.A professora da minha avó era muito exigente e um pouco violenta. A primeira tarefa dos alunos era rezar. Junto do quadro lá estava a cana da Índia e a régua, também designada por meninas dos cinco olhos.No recreio, a minha avó e as colegas jogavam às escondidas, à macaca e saltavam à corda.O que mais marcou a minha avó naquele tempo foi a diferença que havia entre os meninos ricos e os meninos pobres.A minha avó, se tivesse estudado teria sido escriturária. Francisco Roque<br />Segundo os meus avós a escola no tempo deles não era tão atractiva como hoje.As salas de aula eram geralmente velhas e desconfortáveis, sem o material didáctico que hoje existe. O material escolar era pouco e de má qualidade. Contudo os meus avós esperavam sempre o novo ano escolar com ansiedade e alegria. Havia sempre uma expectativa: Será que iriam encontrar uma nova professora? … Será que iriam conhecer colegas novos? … Assim, depois de uma noite mal dormida, sempre a pensar na escola, chegava o dia do regresso às aulas, as expectativas e desejos eram confirmados, ou não. Levantavam-se cedo e lá iam sozinhos, a pé, para a escola. Quando lá chegavam, iam ter com os amigos e aguardavam a chegada da professora. Se a professora fosse a mesma, a curiosidade acalmava e havia mais tranquilidade. Se a professora fosse nova, então era tudo muito diferente: ela procurava conhecer os alunos e estes a professora, embora com algum receio.A professora dava as suas explicações e os meus avós escutavam atentamente. No recreio, que não tinha pátio, os alunos brincavam muito e trocavam impressões.Assim era o regresso à escola no tempo dos meus avós! Carlota Gonçalves<br />Quando os meus avós andavam na escola tinham que se portar muito bem.Quem não se portasse bem levava reguadas, puxões de orelha, bofetadas e chicotadas (nessa altura os rapazes estavam separados das raparigas).Normalmente as pessoas só frequentavam a escola até ao 4º ano, pois os seus pais não tinham dinheiro, para que eles pudessem continuar a escola.Quando eles terminavam o 4º ano, algumas raparigas ficavam em casa, a passar a ferro, a cozinhar, a bordar… e alguns rapazes ficavam em casa a ajudar os pais a cultivar as hortas, a tratar do gado…Quando atingiam os 16, 17 anos arranjavam uma namorada e, a partir daí, começavam a fazer a sua vida, sem o controlo ou ajuda dos seus pais.Inês Vilaranda<br />Entre os anos de 1950 a 1960, a Escola Primária de Figueiró do Campo era situada em frente ao “Cruzeiro”, que é hoje uma casa de habitação. As aulas tinham início às 9 horas e terminavam às 17.<br />A D. Alda era a professora das quatros classes existentes, deslocava-se de Santo Varão num coche puxado por uma égua.<br />Os alunos, ao descobrirem que a égua tinha medo da água, decidiram pregar partidas à professora. Então, no trajecto que ela fazia, existia uma ponte, que ainda hoje lá está, a ponte da Azenha, a qual era feita de tábuas, daí os meninos decidiram retirar algumas e assim que a égua lá chegava, já daí não saía, nem para a frente, nem para trás, com medo da água. Portanto, nesse dia era festa na escola, não havia aulas.<br />Os trabalhos que eram pedidos para fazer na escola, ditados, contas, etc., eram feitos num quadro individual, muito pequeno, onde se escrevia a giz, chamado lousa. No fim dos trabalhos feitos, estes eram empilhados e deixados em cima da secretária da professora e, enquanto os alunos iam ao recreio, ela corrigia-os. Depois, apagava-se com as mãos ou com um panito o que estava escrito para fazer novos exercícios. Também existiam cadernos e os trabalhos eram escritos com uma caneta e aparo, que se molhava num tinteiro existente na secretária.<br />Os erros que os alunos tivessem no ditado eram equivalentes ao número de reguadas que levavam no nó dos dedos, sem dó nem piedade.<br />No local onde hoje está situada a farmácia, existia um tanque rectangular, mais ou menos de um metro de profundidade, onde as vacas, ao passarem, da lavoura dos campos, iam lá deliciar-se a beber a água que lá se encontrava, era então conhecido como “o tanque das vacas”. A professora Alda fazia, num dia por semana, a revista às orelhas dos rapazes, pois as raparigas eram mais vaidosas e não andavam tão sujas. Então, todo o rapaz que tivesse sujidade atrás das orelhas, a professora obrigava-o a ir lavar-se ao dito tanque, onde as vaquinhas bebiam a água. Por vezes, durante o inverno, a água estava coberta de gelo, mas tinham que aparecer com as orelhas limpas. Ela sozinha conseguia pôr ordem, à maneira dela e da altura, nas quatro classes existentes. Aquilo é que “chovia reguada”…<br />Os exames da 4ª classe eram efectuados em Soure, um dia para a prova oral e outro para a prova escrita. Havia um grau de exigência muito elevado em relação aos dias de hoje.<br /> Sara Almeida<br />A escola primária no tempo dos meus avós era muito diferente da actual. Falei com a minha avó acerca deste assunto e ela disse-me que a escola que ela frequentou tinha duas salas, cada uma com um professor e com cerca de quarenta alunos.<br />A escola em si era grande, com muito espaço para os alunos brincarem. A minha avó costumava ter aulas das nove às treze horas e ia a pé, com as irmãs. Cada uma levava um saco de pano, onde transportava o material escolar (lápis, borracha, apara-lápis, o livro, um pequeno quadro preto, uma caixa de giz, uma esponja e um caderno) e o lanche (broa com sardinha).<br />Quando a minha avó chegava à escola e a professora via que ela não tinha feito os trabalhos de casa, castigava-a. Era, segundo a minha avó, um castigo muito doloroso que consistia em reguadas nas palmas das mãos ( a régua era de madeira).<br />Em relação ao sistema de aprendizagem, este era à base da explicação da professora, da escrita no quadro e na leitura dos livros.<br />Quando a professora mandava os alunos irem para o recreio, a minha avó comia o lanche que tinha levado e ia brincar com os colegas. Naquela altura também existiam muitos jogos engraçados. Ela adorava jogar à “piruleta” (jogo parecido com o do pião) e à “macaca”, mas também gostava de jogar outros jogos, como por exemplo: ao “lencinho”, à “apanhada”, às “escondidas”, ao “bom barqueiro”, às “danças de roda”, à “cabra-cega”, ao “berlinde”, “saltar à corda” e muitos outros.<br />Na minha opinião, na altura em que a minha avó andava na escola, esta também era muito divertida.<br />Ana Carolina Morgado<br />