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2014

COMUNICAÇÃO
EMPRESARIAL
PARTE I

Profª Michele Rufatto Vaz
mrufatto@hotmail.com
Ementa
A Comunicação Empresarial traz discussões e conceitos inerentes ao processo comunicativo,
relacionado ao mundo empresarial, considerando as peculiaridades da Língua Portuguesa no
que tange a construção e análise de textos e o desenvolvimento da habilidade comunicativa
dos indivíduos nas organizações.

Objetivos
• Ampliar a capacidade do estudante à leitura e interpretação de textos técnicos e teóricos.
• Consolidar a capacidade de julgamento e crítica para elaborar textos técnicos e acadêmicos.
• Ampliar sua capacidade de comunicação verbal e não verbal.
• Capacitar os estudantes quanto ao saber ouvir, para compreender e interpretar com
exatidão o conteúdo da mensagem transmitida e a intenção do seu emissor, favorecendo,
assim, o retorno da informação, que marca o início do diálogo, que, por sua vez, poderá
garantir a qualidade do relacionamento humano.
• Contribuir com a melhoria dos processos de comunicação nos relacionamentos humanos e
empresariais.
• Colaborar com o pensamento e a concepção de interpretação crítica da realidade.
• Dar base de sustentação na vida acadêmica e profissional, no que tange a redação de
trabalhos e suas respectivas apresentações orais.

Conteúdo programático

1. A Comunicação Empresarial no século XXI: desafios e tendências (Qual o panorama da
Comunicação Empresarial hoje? Para onde ela vai?)

2. Estrutura interna:
• Tópico frasal
• Ideias secundárias
• Sequência de ideias
• Coerência
• Concisão
• Coesão

3. Componentes de um texto
• Plano de trabalho
• Organização
• Montagem de parágrafos

4. Tipos de parágrafos e tipos de textos:
• Narrativo
• Elementos da narrativa
• Posição do narrador
• Técnica do diálogo
• Tipos de discurso
• Descritivo
• Descrição objetiva
• Descrição subjetiva
• Descrição de objeto, processo e ambiente.
• Dissertativo
• Técnica de argumentação
• Objetividade e subjetividade
• A dissertação: introdução, desenvolvimento e conclusão.

5. Técnicas de resumo

6. Resumo
• Parágrafo descritivo
• Parágrafo dissertativo
• Texto descritivo composto de vários parágrafos
• Texto dissertativo composto de vários parágrafos

7. Relatório
• Estrutura
• Tipos de relatório (relatório de estudo ou de pesquisa, relatório de ocorrência, relatório de
atividade etc.).

8. Elementos constitutivos da comunicação e as funções da linguagem, aplicadas à
comunicação empresarial.

9. Signo linguístico e ruído na comunicação.
10. Os níveis da fala e a comunicação empresarial.

11. Vantagens e desvantagens da comunicação verbal e não verbal nas empresas.

12. Comunicação oral: apresentação em ambientes de trabalho, acadêmicos e em debates.

13. Oratória, exercícios de dicção, relaxamento e sugestões para organizar apresentações.

14. Tipos e modelos de redação:
• Ata.
• Carta comercial.
• Carta de apresentação.
• Curriculum vitae: elaboração e sua adequação ao mercado de trabalho.
• Memorando.
• Correspondência com órgãos oficiais: Ofício e Edital.
• Requerimento.

15. A importância da comunicação interna e a importância da comunicação externa, no mundo
corporativo:
• A função estratégica da comunicação interna (PICE: Plano Integrado de Comunicação
Interna) e do endomarketing.
• Os objetivos dos sistemas de comunicação abrangendo todas as partes interessadas por
diversos meios (boletins informativos internos; cartazes; vídeos; palestras; jornal interno,
jornal externo, jornal mural; reuniões; ombudsman ou ouvidor; atendimento ao consumidor,
internet/intranet, campanha de comunicação, boletim externo, multimídia; balanço social,
assessoria de imprensa e outros).
• A comunicação nos sistemas de trabalho, no que concerne a ouvir e aprender com o cliente,
seja o cliente interno ou o externo, visando à imagem corporativa: patrimônio empresarial.
• Política de boas maneiras no uso da correspondência eletrônica: internet, intranet e
extranet.

Estratégia de ensino
O curso contará com equilíbrio teórico – prático por meio de exposições e discussão de casos
práticos, utilizando:


Aulas expositivas



Aulas reflexivas com análise de casos



Dinâmica de grupos



Seminários



Vídeos



Debates

Avaliação
Duas provas teóricas / práticas bimestrais e trabalhos individuais ou em grupo, mais o projeto
PIM, sempre envolvendo os assuntos voltados à gestão das organizações, sendo que a média
do semestre será constituída por 40% da nota da P1, 40% da nota da P2 e 20 % da nota do
PIM.

Bibliografia Básica
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: para estudantes universitários. 22.
ed. Petrópolis: Vozes, 2013. 300 p.
ILARI, R; BASSO, R. O Português da Gente: A língua que estudamos a língua que falamos. 2. São
Paulo: Contexto, 2012. 272.
MATOS, Gustavo Gomes. Comunicação empresarial sem complicação: como facilitar a
comunicação na empresa, pela via da cultura e do diálogo. 2. ed. Barueri: Manole, 2010.

Bibliografia Complementar

BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 22. Ed. São Paulo: Ática, 2006.
BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial: políticas estratégicas. São Paulo: Saraiva,
2009.
GOLD, M. Redação empresarial. 4. Ed. São Paulo: Pearson, 2010.
LUIZARI, K. R. Comunicação Empresarial Eficaz: como falar e escrever bem. São Paulo: Pearson,
2010.
SILVA, L. A. de. Redação: qualidade na comunicação escrita. Curitiba: IBPEX, 2008.
Regras e Acordos
1. As aulas terão início às 19h25 e término às 22h15. O horário de intervalo será das
20h40 às 21h.
2. A chamada será realizada às 19h50 e 21h20.
3. O controle de faltas é de responsabilidade do aluno.
4. Celulares devem ficar no modo silencioso. Notebooks e Tablets só poderão ser
utilizados durante a aula se solicitados para realização de alguma atividade.
5. Os trabalhos deverão ser realizados utilizando-se as normas para elaboração de
trabalhos acadêmicos. As normas podem ser encontradas no link
http:/www2.unip.br/servicos/biblioteca/download/manual_de_normalizacao.pdf

6. Não será admitido plágio nos trabalhos, incorrendo em nota ZERO se tal
situação for identificada.
Sumário
1.

Introdução à Comunicação ................................................................................................ 7

2.

Funções da Linguagem .................................................................................................... 10
2.1
2.2

Função Conativa ou Apelativa .................................................................................. 11

2.3

Função Emotiva ou Expressiva ................................................................................. 11

2.4

Função Metalinguística ............................................................................................ 11

2.5

Função Fática........................................................................................................... 12

2.6
3.

Função Referencial ou Denotativa ........................................................................... 10

Função Poética ........................................................................................................ 12

Barreiras da Comunicação ............................................................................................... 13
3.1 Cuidados ao comunicar ................................................................................................. 14
3.2 Escuta ativa ................................................................................................................... 15

4. Tipos de Comunicação......................................................................................................... 18
4.1 Comunicação Oral ......................................................................................................... 18
4.2 Comunicações Escrita .................................................................................................... 19
4.2.1 Comunicação Escrita Eficaz ......................................................................................... 19
4.3 Comunicação Não Verbal .............................................................................................. 20
5.

Técnicas de Apresentação e Oratória .............................................................................. 22

6.

Níveis de Linguagem........................................................................................................ 26

7.

Considerações sobre a noção de texto e sua estrutura .................................................... 27
7.1
7.2

Concisão .................................................................................................................. 27

7.3
8.

Coerência ................................................................................................................ 27

Coesão..................................................................................................................... 28

Tipos de Textos ............................................................................................................... 34
8.1

Descrição ................................................................................................................. 34

8.2

Narração.................................................................................................................. 34

8.3

Dissertação .............................................................................................................. 35

Bibliografia ............................................................................................................................. 36
7

1. Introdução à Comunicação
De acordo com Pimenta (2010:15), “a comunicação, para os agrupamentos humanos, é
tão importante quanto o sistema nervoso para o corpo”. É por meio desse sistema que
perpassam todos os outros (circulatório, digestivo, reprodutor, etc). Ou seja, sem o sistema
nervoso, um corpo não se locomove, não se alimenta, dentre outras atividades.
De maneira similar, podemos afirmar que sem a comunicação não seria possível
estabelecermos relações entre pessoas e os diversos grupos humanos, sejam essas relações
comerciais, de trabalho ou afetivas.
Mas o que seria Comunicação?
A palavra Comunicação origina-se do latim communicatione, que significa tornar
comum. No dicionário Michaelis, Comunicação é a ação, efeito ou meio de comunicar. É o
processo pelo qual idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando
possível uma interação.
Mas não é tão simples quanto parece...
Em sua forma mais simples, podemos dizer que o processo de comunicação é
composto por Emissor, Receptor e Mensagem. Entretanto, esses elementos não são
suficientes para que tal processo esteja completo. Assim, o processo de comunicação pode ser
explicado segundo o fluxo abaixo:

Fonte: Kotler, Philip. Princípios de Marketing /Gary Armstrong.

Temos, portanto:
Emissor: que emite, codifica a mensagem;
8
Codificação: processo de transformar, num código conhecido, o pensamento em forma
simbólica
Receptor: que recebe, decodifica a mensagem;
Decodificação: processo pelo qual o receptor confere significado aos símbolos transmitidos
pelo emissor;
Mensagem: conteúdo transmitido pelo emissor;
Canal: Meio pelo qual circula a mensagem;
Código: Conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem (Ex.: Língua
Portuguesa, Sinais de trânsito, etc).
Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua
mensagem foi captada pelo receptor.
Ruído: Qualquer barreira que dificulte a comunicação. Pode ter várias origens:


No emissor ou no receptor, nesse caso, pode ser de ordem:
 psicológica: quando envolve o estado mental e emocional:
preocupação, stress, descontentamento, etc.;
 perceptual: quando diz respeito a concepção de mundo e de pessoa, a
formação cultural e religiosa, preconceitos e esteriótipos;
 fisiológica: dor de cabeça (e outras), dificuldade visual ou auditiva.



No ambiente: excesso de barulho, pouca luz, movimentação de pessoas, etc.;



Na mensagem: tipo de linguagem e de vocabulário utilizados, sequência lógica,
velocidade de emissão, etc.

Didaticamente, dividimos e ilustramos o processo a seguir, para que se possa visualizar
como isso ocorre.
1º O emissor recebe um estímulo, que pode ser interno ou externo. Estímulo interno é um
pensamento, imaginação. Estímulo externo é algo que ele vê, lê ou ouve. Esse estímulo
causa-lhe uma reação que lhe dá uma ideia.
2º A ideia é transformada em palavras pelo emissor. Ele as organiza em uma mensagem.
3º O emissor escolhe o meio mais adequado e envia a mensagem rumo ao receptor. Esse
processo é chamado de codificação da mensagem.
9
4º O receptor recebe a mensagem e faz a sua decodificação, ou seja, ele decifra e
interpreta a mensagem de acordo com sua capacidade de compreensão.
5º O receptor envia uma nova mensagem em resposta ao emissor, que ao recebê-la, vai
avaliar se sua mensagem foi entendida corretamente. Essa resposta é chamada de
feedback1.
6º Coincidindo os dois significados, completa-se o processo da comunicação.
A comunicação, um fenômeno humano, acontece entre as pessoas, por isso existe
grande chance de ocorrer distorções da mensagem, daí a importância do feedback. Toda
vez que elaboramos uma comunicação, devemos verificar se a outra pessoa realmente
compreendeu a nossa mensagem.

1

Feedback é uma palavra inglesa que significa realimentação, isto é, o retorno da comunicação. Esta é a
ferramenta utilizada pelo emissor para saber se sua mensagem foi recebida e entendida corretamente.
Sempre que se envia uma mensagem a outra pessoa, seja falada ou escrita, é importante fazer uso do
feedback para certificar-se de que conseguiu se comunicar com clareza.
10

2. Funções da Linguagem
O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo,
demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, entre outros;
consequentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:


Função Referencial



Função Conativa ou Apelativa



Função Emotiva ou Expressiva



Função Metalinguística



Função Fática



Função Poética

2.1 Função Referencial ou Denotativa
Volta-se diretamente para a informação, para o próprio conteúdo, para o referente, ou
seja, para o CONTEXTO. Usa-se essa função com a intenção de transmitir dados reais, com o
emprego de palavras utilizadas em sentido estritamente denotativo. Deve ser usada em
discursos científicos, no texto jornalístico e nas correspondências oficiais e comerciais. É
conhecida também pelos nomes de Cognitiva, Informativa ou Denotativa.
Características:
• Impessoalidade – o autor sempre se posiciona em terceira pessoa, não se
envolvendo emocionalmente com a mensagem.
• Capacidade de argumentação – o autor precisa argumentar com clareza, concisão,
objetividade e, sobretudo, aprofundamento.
• Objetividade – não cabem recursos subjetivos.

Leia o texto (extraído do jornal Folha de São Paulo):
“CHUVA ÁCIDA AFETA REGIÕES DO MUNDO”
“Parte dos 120 mil km cúbicos de chuvas que, em média, a cada ano caem sobre os
continentes, já não trazem mais a vida, mas a morte lenta e penosa para lagos, florestas,
animais e pessoas numa escala sem precedentes, desde que a Segunda Revolução Industrial
criou o motor a explosão e com ele libera a cada ano milhares de toneladas de resíduos
combustíveis fósseis na atmosfera da Terra.”
11

2.2 Função Conativa ou Apelativa
É centrada no RECEPTOR da mensagem. Na propaganda é utilizada paraconvencer o
possível cliente a consumir um determinado produto; nouniverso jurídico é usada como forma
de persuasão com o fim precípuode estimular mudanças de comportamentos ou de ideias por
parte dodestinatário-alvo.
Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª
pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é
muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridade.

2.3 Função Emotiva ou Expressiva
Pode-se afirmar que é o oposto da função referencial, pois nesse tipode texto o
emissor se preocupa em expressar seus sentimentos, suasangústias e suas emoções. Também
denominadaExpressiva, é centradano EMISSOR e usada emBiografias, Memórias, Poesias
Líricas e Cartas de Amor.
Características:
•Parcialidade– o texto é escrito em primeira pessoa, a fim decomover o receptor ou o
interlocutor em relação a seussentimentos.
•Signos de pontuação– usam-se referências e pontos deexclamação.
•Subjetividade– prevalecem os recursos subjetivos.

Leia a seguir um trecho do texto intitulado Natal na barca de autoria de Lygia
Fagundes Telles:
“Não quero nem devo lembrar aqui porque me encontrava naquela barca. Só sei que
em redor tudo era silêncio e treva. E me sentia bem naquela solidão. Na embarcação
desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz
vacilante: um velho, uma mulher, uma criança e eu.”

2.4 Função Metalinguística
Ocorre quando o CÓDIGO é posto em destaque, ou seja, usa-se o código
linguísticopara transmitir aos receptores reflexões sobre o próprio código linguístico. Bons
exemplos da função metalinguística são as aulas de línguas, gramáticas e odicionário.
12

Leia este texto do linguista Ferdinand de Saussure:
“A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à
escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais
militares etc. Ela é apenas o principal desses sistemas”.

2.5 Função Fática
Ocorre quando o CANAL é posto em destaque. Seu objetivo é estabelecer a
comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor ou cortar a comunicação.
Tipo de linguagem presente nas falas telefônicas, saudações e similares.

2.6 Função Poética
É a função cujo destaque está centrado na própria MENSAGEM, ou seja, chama-se a
atenção para o modo como foi organizada a mensagem. A prioridade é o ritmo, a sonoridade,
o belo. A forma é mais importante do que o conteúdo.
Presente em textos literários, publicitários e em letras de música.
13

3. Barreiras da Comunicação
Estima-se que 70 a 80% dos problemas nas empresas são causados por falhas na
comunicação. E a comunicação é fator primordial para que pessoas e equipes estejam
motivadas.
Uma comunicação eficaz depende de:


Transmitir a mensagem adequada



Através do meio certo



Em momento oportuno



Aos receptores desejados

Porém, nas empresas algumas barreiras podem surgir, bloqueando a eficácia dessa
comunicação. Abaixo apresentamos algumas das barreiras citadas por PIMENTA (2010, p. 29):
 Níveis organizacionais – Quanto mais complexa for a estrutura de cargos e
departamentos, mais distorção haverá entre a mensagem original e a que chega no
destino final. Cada nível funciona como um filtro, modificando, acrescentando ou
retirando parte do conteúdo da mensagem.
 Autoridade da administração – necessária e inerente à organização, ela dificulta uma
comunicação livre e aberta. Quem possui autoridade, em geral, tenta mostrar controle
sobre a situação, esquivando-se de qualquer comunicação que coloque em uma
situação vulnerável. Por outro lado, os subordinados tendem a manter uma aparência
favorável, evitando expressar problemas, desacordos, frustrações, etc.
 Especialização – tende a fragmentar a organização em vários grupos com interesses,
atitudes, maneiras de ver os fatos e vocabulários próprios, o que dificulta o
intercâmbio de ideias.
 Sobrecarga de informações – acontece quando se privilegia a quantidade de
informações em detrimento da qualidade, que é obtida com a seleção e a análise. Essa
sobrecarga pode confundir e até paralisar as pessoas envolvidas.

Além dessas barreiras, ROBBINS (2010, p. 342) também apresenta:
 Filtragem – Se refere à manipulação da informação pelo emissor para que o
receptor a veja de maneira mais favorável. Quando um gestor diz a seu
superior exatamente aquilo que acredita que o chefe quer ouvir, ele está
filtrando a informação.
14
 Percepção seletiva – O receptor, no processo de comunicação, vê e escuta
seletivamente, com base nas próprias necessidades, motivações, experiências,
histórico e outras características pessoais. Os receptores também projetam
seus interesses e expectativas quando decodificam a mensagem.
 Emoções – Uma mesma mensagem pode ser interpretada de maneiras
diferentes, dependendo do estado emocional do receptor.

3.1 Cuidados ao comunicar
Quando nos comunicamos, precisamos tomar certos cuidados para possibilitar que a
comunicação seja eficiente e eficaz. Alguns cuidados são apresentados seguir:

1. A mensagem deve ser clara, organizada e conter todas as informações importantes
relacionadas ao assunto sobre o qual estamos falando.
2. A mensagem precisa ainda ser transmitida no código linguístico do receptor, para
não gerar barreiras entre eles.
3. O meio ou canal escolhido para a transmissão da mensagem deve ser dominado
pelo emissor e receptor.
4. O emissor deve elaborar a mensagem pensando em quem vai recebê-la, qual é a sua
capacidade de entender o que ele disse, escolher o canal certo para enviá-la e ainda, pedir
feedback, ou seja, procurar saber se o que o receptor entendeu foi o que ele quis dizer.

A eficácia na comunicação está diretamente relacionada à percepção do receptor. O
emissor deve considerar as indagações:
1. O receptor tem capacidade de perceber o que estou dizendo?
2. Será que ele pode realmente me entender?

A mesma situação presenciada por duas pessoas pode gerar interpretações diferentes,
porque cada uma delas interpreta essa situação de acordo com sua maneira de ver o mundo.
A nossa percepção é seletiva, pois só vemos o que nos interessa. Ela atua como um
filtro: seleciona o que é importante para nós, e elimina o que não faz parte do nosso mundo.
Vemos uma situação qualquer, interpretamos e julgamos de acordo com nosso estado
emocional, nossas experiências passadas, nosso tipo de cultura, nossos preconceitos, etc.
15
Formamos uma impressão de outra pessoa observando suas ações, atitudes, sua voz,
seus gestos, comportamentos, etc. Para isso, precisamos ter duas pessoas, uma situação
comum e a experiência entre elas, para nos comunicar.

3.2 Escuta ativa
Mais importante do que saber falar é SABER OUVIR.
Algumas regras simples para desenvolvermos uma escuta ativa:
•

Mantenha uma postura relaxada, porém atenta;

•

Participe ativamente da conversa, esteja receptivo e disponível a escutar ;

•

Evite escutar e digitar ou escrever ao mesmo tempo;

•

Reduza ao máximo os gestos que possam distrair o interlocutor, tais como: brincar
com uma caneta, estralar os dedos, etc;

•

Mantenha um contato visual eficiente, procure não desviar o olhar a toda hora;

•

Balance a cabeça ou sorria;

•

Fuja a tentação de interromper a pessoa no meio do discurso;

•

Faça perguntas para checar o que foi dito;

•

Use a empatia e seja compreensivo.
16
Texto de apoio
Escutatório*
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um
curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego
para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um
monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre
os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é
colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão
fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores
entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas
palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras
coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça
esteja vazia.
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres
conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga,
nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas
com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher
e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos.
Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a
psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido
hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira
nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato
chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de
acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o
seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos
incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito.É
preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta
ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo
que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada
consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito
17
melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa
incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade:
no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado
pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“),foi trabalhar num programa
educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência
com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um
longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam
assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não
ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para
se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do
pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala,
novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus
pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são
meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo
para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira:
“Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você
falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo
como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou
como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso
pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é
pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo
aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
*Fonte: http://www.rubemalves.com.br/escutatorio.htm
18

4. Tipos de Comunicação
Até agora vimos os elementos do processo de comunicação e as funções da linguagem.
Mas como as pessoas trocam mensagens entre si? Essencialmente, as pessoas se comunicam
através da comunicação verbal - que subdivide-se entre comunicação oral e comunicação
escrita – e a comunicação não verbal.
Independente da forma como esta comunicação aconteça, é fundamental que o
emissor tenha em mente que o processo lógico de comunicação envolve três etapas: Pensar,
Planejar e Transmitir.
Algumas perguntas podem auxiliar esse planejamento:








Por que comunicar?
O que comunicar?
Como comunicar?
Quando comunicar?
A quem comunicar?
Quem irá comunicar?
Onde comunicar?

4.1 Comunicação Oral

O principal meio de transmitir mensagens é a comunicação oral. As palestras, os
debates formais entre duas pessoas ou em grupo e a rede informal de rumores são algumas
formas comuns de comunicação oral.
No cotidiano, são várias as situações profissionais em que é necessária uma boa
comunicação por meio da fala:


Conversas com clientes, superiores e subordinados;



Entrevista para emprego;



Reuniões, palestras, debates;



Seminários, conferências, convenções, cursos;



Ao telefone;



Reuniões sociais.

As vantagens da comunicação oral são a rapidez e o feedback. Podemos emitir uma
mensagem verbal e receber uma resposta em prazo curto. Se o receptor tiver dúvidas sobre a
mensagem, o feedback permitirá que o emissor corrija seus termos.
19
A principal desvantagem da comunicação oral surge quando uma mensagem tem de
ser transmitida para várias pessoas. Quanto maior o número de receptores, maior a
probabilidade de distorções potenciais.

4.2 Comunicações Escrita
A comunicação escrita engloba memorandos, cartas, transmissões de fax, e-mails,
mensagens instantâneas, jornais internos, informativos em murais (inclusive os eletrônicos) e
qualquer outro meio que use a linguagem escrita ou simbólica.
Frequentemente, o emissor escolhe a comunicação escrita por ser uma forma tangível
e verificável de comunicação. Ou seja, é possível, tanto ao emissor quanto ao receptor, manter
registro das mensagens, podendo mantê-las armazenadas por tempo indeterminado. Uma
vantagem adicional da comunicação escrita está no próprio processo. Prestamos mais atenção
no que queremos transmitir em uma mensagem escrita do que em uma mensagem oral. Por
esse motivo, a comunicação escrita costuma ser bem mais elaborada, lógica e clara.
Como desvantagens da comunicação escrita podemos citar: consomem mais tempo de
elaboração, ausência de um mecanismo de feedback.

4.2.1 Comunicação Escrita Eficaz

De acordo com Blikstein (1997), citado por Pimenta (2010, p. 186), alguns fatores
contribuem para uma comunicação escrita eficaz.
Resumidamente, podemos destacar que escrever bem é:


Obedecer as regras gramaticais, evitando erros de sintaxe, de pontuação, de
ortografia, etc.;



Procurar a clareza, evitando palavras e frases obscuras ou de duplo sentido;



Agradar o leitor, empregando expressões elegantes e fugindo de um estilo
muito seco.

Ainda, para que a comunicação escrita seja eficaz, pressupõe-se:


Clareza e objetividade para que a mensagem implique uma resposta;



Precisão para que o outro compreenda o que se está pensando;



Persuasão para obter a colaboração e a resposta esperada.

Alguns cuidados necessários:
20


Interferência física: dificuldade visual, má grafia das palavras, cansaço, falta de
iluminação, etc;



Interferência cultural: palavras ou frases complicadas ou ambíguas, diferenças
de nível social;



Interferência psicológica: mensagens que contenham agressividade, aspereza,
antipatia, etc.

4.3 Comunicação Não Verbal
Todas as vezes que transmitimos uma mensagem de maneira verbal (comunicação
oral), também enviamos uma mensagem não verbal. A comunicação não verbal inclui os
movimentos corporais, a entonação ou ênfase dada às palavras, a expressão facial e o
distanciamento físico entre o emissor e o receptor.
Um estudo de Albert Mehrabian aponta que o impacto de uma mensagem é composto
da seguinte maneira:

Escrita
7%

Não verbal
55%

Oral
38%

Alguns sinais não verbais que comunicam:
ORIENTAÇÃO E PROXIMIDADE: A orientação é a forma pela qual as pessoas se posicionam
fisicamente entre si. Dependendo de como o corpo é direcionado, pode revelar a
disponibilidade ou interesse em interagir com o interlocutor. Colocar-se frente a frente
demonstra uma abertura, porque facilita contato verbal, visual e até o toque. Já “dar as
costas” para alguém revela a falta de empenho para estabelecer contato.
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POSTURA: Ombros muito encolhidos e caídos podem significar falta de motivação e energia ou
até baixa autoestima. O contrário disso: peito exageradamente estufado para fora, pode
denotar exibicionismo ou, ainda, arrogância. Sentar-se, para uma entrevista ou reunião, sem
uma postura adequada, “largado” na cadeira, pode ser entendido como desleixo, desinteresse,
falta de concentração ou, ainda, cansaço.
EXPRESSÕES FACIAIS: A expressão facial relaxada, sem sinais de tensão ou apreensão (testa
franzida, olhar aflito, lábios presos), com um leve sorriso, apenas esboçado, é um jeito de estar
receptivo ao outro.
GESTICULAÇÃO: Formas e movimentos com as mãos que, frequentemente, acompanham o
discurso para auxiliar a expressão de quem fala e a compreensão de quem ouve.
CONTATO VISUAL: Sua ausência é entendida como desonestidade, ansiedade ou desinteresse.
Em contrapartida, quando fazemos contato visual transmitimos interesse. Olhar os outros nos
olhos também nos permite saber do seu interesse em nós ou em algo que estão a observar.
ROUPAS E ACESSÓRIOS: A maneira como nos vestimos comunica algo aos outros, não só
através das cores (alegres, garridas ou escuras), mas através dos tecidos e do corte utilizado.
22

5. Técnicas de Apresentação e Oratória
Vamos imaginar a seguinte situação: De repente seu chefe te liga e o mundo parece
desaparecer sob seus pés quando você ouve a frase: “Precisamos montar uma palestra
importante para clientes-chave, e você será o palestrante”. O que você faria?
Embora sejam várias situações profissionais pelas quais passamos em nosso cotidiano,
onde uma boa comunicação por meio da fala seja fundamental, diversas sensações se fazem
presentes no momento que temos que realizar uma apresentação em público.
Foi em Atenas que a arte da Oratória foi amplamente difundida. Os sofistas, filósofos
contemporâneos de Sócrates, foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra.
Falar em público é um processo humano, por isso envolve emoção, sentimentos e,
talvez, o maior deles seja o medo. Antes de falar, muitas pessoas sentem o coração disparar,
os joelhos tremerem e a transpiração aumentar.
A organização de uma apresentação compreende vários passos:
1- Planejamento Geral: definição do tema central e as metas que se quer atingir ao tratálo.
Exemplo: Tema – Legislação Ambiental
Meta – Informar e/ou sensibilizar sobre a importância do tema para a
redefinição de práticas produtivas na empresa.
O tema é O QUE vai ser tratado na apresentação e as metas são O PORQUÊ e PARA
QUÊ.
2- Planejamento Detalhado:
a. Público ao qual se destina a apresentação (tamanho, idade, gênero,
características culturais, motivações para participar do evento etc.);
b. Tempo disponível para apresentação;
c. Recursos a serem utilizados (data-show, retroprojetor, flip-chart, vídeo etc.);
d. Logística para a chegada ao local da apresentação.
É importante lembrar que a linguagem oral é diferente da escrita, uma vez que
possibilita o uso de elementos da comunicação não verbal: entonação, gestualidade,
expressões faciais que facilitam a comunicação.
Polito (2006) apresenta uma série de dicas importantes para o seu aperfeiçoamento:
Respiração – tranquilize-se – O primeiro passo para uma boa apresentação é estar
tranquilo. Estar calmo perante a plateia faz com que o instrutor transmita segurança a quem
assiste a palestra.
Durante a apresentação é importante manter uma respiração pausada para que não se
atropelem as palavras e assim torne sua apresentação ininteligível.
23
Posicionamento – o que fazer e o que não fazer. O instrutor deverá encontrar um
ponto central que servirá como local de referência.
Mobilidade: Se você se desloca de um lado para o outro da plateia para dar ênfase à
determinada informação, ou para recuperar a atenção das pessoas que começam a se
desconcentrar, estará agindo de maneira correta. Porém, se os movimentos ocorrerem apenas
porque não se sente confortável, e você se desloca apenas para tentar se sentir mais à
vontade, é quase certo que esteja se comportando de forma inadequada.
Não fique de costas para o público. Ao ficar de costas sua voz se perderá e seus
ouvintes não o entenderão.
Evite fazer a sua apresentação sentado, a menos que seja estritamente necessário.
Postura e expressão corporal. Cuidado com os excessos.
De acordo com Polito (2006) há dois erros comuns que precisam ser evitados na
gesticulação. O primeiro deles é a ausência de gestos, pois os movimentos do corpo são
importantes no processo de comunicação da mensagem. O outro, geralmente mais grave do
que o primeiro, é o exagero de gestos. Provavelmente o resultado da sua apresentação será
muito mais positivo se você for comedido nos gestos do que se você exagerar na gesticulação.
As pernas. Procure se posicionar com equilíbrio sobre as duas pernas, evitando ficar
apoiado ora sobre a perna esquerda, ora sobre a direita. Observe para que elas não fiquem
demasiadamente abertas, para que não tornem sua postura deselegante, ou, ao contrário, que
não permaneçam muito juntas, para que sua mobilidade não seja prejudicada.
Os braços e as mãos. Não carregue caneta, papel e outros objetos, pois eles podem
muito mais atrapalhar do que ajudar. Se você estiver visivelmente nervoso, tremerá a mão ao
segurar um papel ou o laser, e isso ficará claro para a plateia. Deixe suas anotações sobre a
mesa e verifique-as quando necessário.
Laser pointer. É um ótimo instrumento para apontar dados na apresentação. O seu
uso só deve ser feito pelo instrutor que possui a mão firme, porque do contrário, o laser estará
trêmulo e não servirá para o seu propósito que é indicar alguma informação, além de deixar
claro para os participantes que você está nervoso.
Gestos. Ao gesticular, é recomendável fazer os movimentos acima da linha da cintura e
alternar a posição de apoio dos braços, deixando-os às vezes ao longo do corpo, em outros
momentos gesticulando apenas com um deles, para em seguida atuar com os dois. Dessa
forma evitará a rigidez da postura e tornará os gestos mais elegantes e harmoniosos.
Evite cruzar os braços, posicioná-los nas costas ou colocar as mãos nos bolsos, procure
fazer os repousos de mãos a frente ou deixar os braços soltos. Se agir assim com frequência e
24
por tempo prolongado, talvez demonstre desnecessariamente aos ouvintes que está inseguro
e intranquilo.
Evite também esfregar ou apertar nervosamente as mãos, principalmente no princípio,
quando essas atitudes são mais comuns. Tome cuidado ainda para não coçar a cabeça o tempo
todo, ou ficar segurando sucessivamente a gola da blusa ou do paletó. Quase sempre os
ouvintes têm a impressão de que, quando o orador domina o assunto de sua apresentação,
não fica nervoso diante da plateia. Portanto, mesmo que essa interpretação do público não
seja verdadeira, essas demonstrações de hesitação podem comprometer o resultado de sua
exposição.
Olhar para a plateia. Olhar na direção das pessoas fará com que elas se sintam
incluídas no ambiente, por isso não esquive o seu olhar. Caso tenha dificuldades em olhar para
seu público, você pode utilizar a Técnica da Triangulação. Escolha três pontos no auditório ou
sala de aula, três rostos familiares ou três pessoas que lhe deem feedback positivo durante sua
fala. Olhe para a primeira pessoa do lado esquerdo, vagarosamente olhe para a pessoa no
centro, e vá movendo seu olhar para a pessoa no lado direito. Dessa maneira você estará
percorrendo o auditório ou sala de aula com seu olhar e de maneira segura. Quando estiver se
sentindo mais a vontade, olhará para todos e verá muitos rostos interessados no seu assunto.
A voz. É importante diferenciar o tom da sua voz para lugares grandes e pequenos.
Você deverá falar mais alto ou mais baixo dependendo da acústica do local, da distância em
que se encontrar do último ouvinte da plateia, dos ruídos que possam interferir na
compreensão do público.
Evite falar alto quando estiver próximo de poucas pessoas em uma pequena reunião, e
utilize o microfone diante de plateias numerosas.
Caso você tenha de usar o microfone, fique atento para a sensibilidade do mesmo. A
boca deve ficar distante do microfone aproximadamente dez centímetros. Faça o teste antes
da palestra para saber se precisa afastar ou aproximar o microfone para que a voz seja bem
captada.
O melhor momento para fazer a dosagem da voz é quando você realiza a sua
apresentação pessoal, que deve ser feita sempre no início da palestra.
Repetições. Cuidado com repetições de palavras como: né? Ok? Tá? E outras. Esses
recursos costumam ser utilizados quando o instrutor quer enfatizar o assunto ou buscar
aprovação da plateia. Evite-os, pois em excesso servem para deixar a fala caricata e
desagradável de ouvir. Preste atenção ao seu próprio discurso e perceba se existe um chavão
ou palavra que costuma repetir. Experimente construir suas frases sem eles e ouça como irá
soar de maneira mais agradável.
25
Pessoas que falam devagar tendem a preencher os espaços de tempo com sons do
tipo: ãããããã ou éééééé. Fique atento para esse fato e prefira o silêncio entre as frases.
Ritmo. Depois de certo tempo de duração – entre 20 e 30 minutos de palestra ou aula
os ouvintes começam a ter sua atenção desviada. Se o palestrante utilizar uma fala monótona
e monocórdia se tornará impossível prender a atenção no assunto. Procure mudar sua
entonação quando se tratar de um tópico importante, frise com a sua voz aquilo que todos
precisam prestar atenção.
Vocabulário. O seu vocabulário deverá estar de acordo com o público alvo da aula ou
palestra. No caso do uso das siglas, utilize-as somente se você tiver certeza que seu público
está familiarizado com elas. Caso você esteja querendo ensinar conceitos ou utilizar as siglas
para abreviar nomes ou expressões muito longas, explique primeiro o que cada sigla significa
para depois começar a falar sobre elas.
O vocabulário técnico só deve ser utilizado também para o público que está
familiarizado com ele. As regras são as mesmas utilizadas para as siglas. Muitos palestrantes
gostam de demonstrar seu conhecimento com vocabulário rebuscado ou com o uso de
estrangeirismos. Se esse tipo de fala faz parte da cultura organizacional, sua fala estará
contextualizada. Caso não faça, sua fala não será compreendida e logo a plateia irá perder o
interesse no que você está dizendo.
Domínio do tema. De nada adiantará falar com naturalidade, envolvimento e
disposição se não dominar o assunto a ser apresentado

PREPARANDO OS SLIDES:
Ao preparar seus slides, observe algumas regras básicas:
1- Destacar um ponto por slide;
2- Evitar uso excessivo de cores;
3- Cuidado com o exagero de informações por slide;
4- Evite o uso excessivo de diferentes fontes;
5- Cuidado com o tamanho da fonte;
6- Menos texto e mais imagens;
7- Opte por fotos no lugar dos antigos cliparts;
8- Lembre-se que a leitura é mais rápida do que a fala.

Acima de tudo, preparar-se para a apresentação é fundamental.
26

6. Níveis de Linguagem
Os níveis de linguagem compreendem o modo como o emissor se manifesta nas
diversas situações vividas. Dependendo do lugar onde estamos, com quem conversamos e do
que conversamos, o nível de linguagem muda. Nem sempre falamos da mesma forma quando
queremos transmitir a mesma mensagem.


Nível formal ou culto - obedece às regras da norma culta, da gramática normativa. É
frequente em ambientes que exigem tal posicionamento do falante: em discursos, em
sermões, apresentação de trabalhos científicos, em reuniões, etc. Logicamente, a
escrita também seguirá padrões quando se trata de textos acadêmicos ou de teor
científico.



Nível informal ou coloquial - é a manifestação espontânea da língua. Independe de
regras, apresenta gírias, restrição de vocabulário, formas subtraídas das palavras. Está
presente nas conversas com amigos, familiares, pessoas com quem temos intimidade.
É muito comum se ver o coloquialismo sendo utilizado em textos, principalmente da
internet, como no MSN, no Facebook, blogs, etc.



Nível técnico ou científico – Modalidade de linguagem que se aproxima do nível culto.
Consiste no uso de uma linguagem que se apoia também na gramaticidade para
transmitir a ideia de precisão, de rigor, de neutralidade. Vale-se de vocabulário
específico para designar instrumentos de um ofício ou ciência, ou para apresentar
conceitos científicos, transações comerciais, financeiras ou econômicas.



Nível regional - As pessoas falam de acordo com o lugar onde vivem, prova disso são
os diferentes sotaques distribuídos pelo Brasil a fora.
27

7. Considerações sobre a noção de texto e sua estrutura
De acordo com Medeiros e Tomasi (2010, p.146), “Texto é um tecido verbal cujas
ideias devem estar entrelaçadas para formar um todo”.
Um texto não é um aglomerado de frases. Para que ele cumpra seu propósito de
permitir uma interação comunicativa, devemos observar os principais FATORES DE
TEXTUALIDADE:




Coerência
Concisão
Coesão

7.1 Coerência
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o
texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo,
portanto, ser entendida com um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do
texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o
sentido desse texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global.
Para haver coerência é preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de
unidade ou relação entre seus elementos.
A coerência corresponde à macroestrutura do texto. É responsável pelo sentido do
texto, fazendo relação entre as partes de um texto e criando uma unidade de sentido.
É a coerência que dá textura e textualidade à sequência linguística, entendendo-se por
textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto. Assim sendo,
podemos dizer que a coerência dá início à textualidade.

7.2 Concisão
Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um
mínimo de palavras, sem prejudicar a clareza da frase. O texto conciso não se desvia dos
objetivos e tem informações na medida certa.
Para tornar o texto conciso, observe algumas regras:
1- Vá direto ao assunto;
28
2- Não use duas ou mais palavras quando é possível transmitir a ideia com apenas
uma (Exemplo: Fizemos uma investigação – Investigamos);
3- Elimine a redundância.

7.3 Coesão
Assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem
conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de um texto devem se apresentar bem
“amarradas”, para que ele cumpra sua função primordial - veículo de articulação entre o autor
e seu leitor.
Podemos definir coesão como um conjunto de recursos linguísticos de que dispõe a
língua, de forma a estabelecer as ligações necessárias entre os constituintes de uma frase,
entre as orações de um período e entre os parágrafos de um texto. Trata-se de uma relação
harmoniosa, que permite ao leitor uma leitura agradável.
Coesão textual é um fator importante do texto que se refere à conexão de palavras,
expressões ou frases dentro de uma sequência. O texto coeso se constrói com elementos de
ligação que podem ser pronomes, verbos, advérbios ou conectores coesivos.
A função desses elementos é exatamente a de por em evidência as várias relações de
sentido que existem entre os enunciados.
Exemplos:
Então

Assim

Portanto

Daí

Já que

Aí

Com efeito

Dessa forma

Porque

Isto é

Ora

Embora

Mas

Porém

Cada conectivo ou elemento de coesão assume um valor típico. Além de ligarem
partes de um discurso, estabelecem entre essas partes certo tipo de relação semântica: Causa,
Finalidade, Conclusão, Contradição, Condição.
Para melhor compreendermos o uso de tais elementos, vejamos o texto abaixo:
29
São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião
Das Agências
Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes e uma mulher que viu o
avião cair morreram.
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois tripulantes, além de
uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander,
da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro
sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta
das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.
Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a
prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta página); o piloto (1) José
Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de
Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de
Andrade (7), de 53 anos.
Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças
de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa
proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero
Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio
Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na
noite de sexta-feira.
O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de Congonhas às
8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura
do número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa
Senhora do Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não
se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre de controle
também não tem informações. O laudo técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído.
Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em cima de quatro
casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas.
Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia
Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro
de Santa Cecília.
Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no acidente. Ele foi
retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à clareza e à compreensão do texto. A
memória do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado
uma vez no primeiro parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza
da matéria fosse comprometida.
E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns mecanismos:
a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto. Pode perceber que a
palavra avião foi bastante usada, principalmente por ele ter sido o veículo envolvido no
acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos principais elementos de
30
coesão do texto jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por parte
do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta
de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibulares, obviamente deve ser usada com
parcimônia, uma vez que um número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão.
b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição parcial é o mais
comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome
completo de um entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o elemento
(7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente
o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos,
artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização por meio da qual
são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson
Micheletti); Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc.
Nomes femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que
os sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem com mais
propriedade.
c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido pelo contexto da
matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior
(4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José
Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que
não foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as palavras piloto e co-piloto. Numa
matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto será de aviões; o leitor não
poderia pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo
ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo
avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e
queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um elemento já
citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram)
Apenas escoriações e queimaduras.
d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um elemento já citado ou de se
referir a outro que ainda vai ser mencionado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se
usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras).
Confira os principais elementos de substituição:
Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou acompanhar um nome.
Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a idéia contida em um parágrafo ou no texto
todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de
Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de
Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma Name Júnior (os filhos de Name
Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma
Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal
elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram
ferimentos graves.
Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo que se referem a um
elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação pode ser conhecida ou não pelo leitor.
Caso não seja, deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o elemento
qualificado.
31
Exemplos:
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O presidente, que voltou há dois
dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique
Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o ex-Ministro dos
Esportes, a seleção... (o epíteto ex-ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do
Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do
mundo, etc.
Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou muito parecido) dos
elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se
aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos
são sinônimos).
Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles. Servem,
ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de
veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto contra o
aumento dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de
paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Avenida
Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o nome impacto retoma e
resume o acidente de avião noticiado na matéria-exemplo)
Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um elemento (palavra ou grupo de
palavras) já mencionado ou não por meio de uma classe ou categoria a que esse elemento
pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O
protesto foi a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisação -,
categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao lado do corpo. Ao se
aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos animais (animais retoma cães, indicando
uma das possíveis classificações que se podem atribuir a eles).
Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar: Em São Paulo,
não houve problemas. Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São
Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como elementos referenciais, isto
é, como elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.
Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no texto. Porém, é muito
comum a utilização de palavras e expressões que se refiram a elementos que ainda serão
utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores
compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do
Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como elemento
classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que só é citada na linha seguinte.
Conexão:
Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de
unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na Gramática, por
inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a
deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos,
32
agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa
Moderna).
Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio,
primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo,
a priori (itálico), a posteriori (itálico).
Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim,
logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes,
pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora
atualmente, hoje, frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes,
ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse
ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que,
sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem
bem.
Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do
mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira
idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de
vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por
outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não apenas ...
como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).
Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é
que.
Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem
dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente,
imprevistamente, surpreendentemente.
Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer
dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.
Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade
de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.
Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais
adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante,
a.
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo,
portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte,
destarte, assim sendo.
33
Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte, como resultado, por
isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que,
porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que
(= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.
Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto,
menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo
que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo
que.
Idéias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/coesao
34

8. Tipos de Textos
Desde bem pequeno, escrevemos vários textos: um bilhete, uma carta, as redações na
escola, alguns até escrevem poemas. Bem, o fato é que, em qualquer texto, utilizamos uma
modalidade redacional. E o que é modalidade redacional? É o tipo decomposição que é
escolhida, segundo o que se quer comunicar. Vamos reconhecer algumas delas:

8.1 Descrição

Tipo de texto em que se procura caracterizar, com palavras, a imagem de alguma
pessoa, objeto, cenário, situação, sentimento, enfim, aquilo que desejamos que outra pessoa
conheça.
O texto descritivo tem como característica essencial o fato de não haver uma
progressão lógico-temporal: supondo que você decidisse descrever como foi determinado
evento poderia começar por qualquer aspecto, pelas pessoas envolvidas, por acontecimentos
inusitados durante o evento descrito, expor vários elementos simultaneamente. E deve ser
assim mesmo: não existe a relação do antes e do depois na descrição.
A descrição poderá ser subjetiva (feita a partir das impressões de quem a fez, inclusive
com uso de linguagem figurada) ou objetiva (qualquer um que veja a mesma imagem pode
perceber os mesmos elementos).

8.2 Narração

Tipo de texto em que se contam fatos, envolvendo personagens, enredo, tempo,
espaço.
Características do texto narrativo:


Relato de um acontecimento;



Fatos vividos por personagens em determinado tempo e lugar;



Presença do narrador (personagem ou observador);



Fatos são apresentados em sequência;



Pode estar em 1a. ou 3a. pessoa, depende do papel que o narrador assuma em
relação à história.
35
Podemos comparar a narração a um filme, enquanto que a descrição equivaleria a
uma fotografia. Na narração há uma sequência dos fatos de tal modo que um fato seja a causa
ou a consequência do outro.

8.3 Dissertação
Tipo de texto em que predomina a defesa de uma ideia.
Algumas características do texto dissertativo:


Caráter argumentativo;



Exposição de ideias e opiniões;



Adoção de ponto de vista;



Necessidade de conhecer o tema;



Convencimento do leitor.

A construção de um texto dissertativa pressupõe uma estrutura:


Introdução: Apresentação do assunto e posicionamento do autor. Formulação
da tese ou ideia principal do texto.



Desenvolvimento: Argumentação da ideia central e uma análise crítica, além
da exposição de raciocínios, provas, juízos de valor, testemunhos, exemplos,
justificativas e históricos.



Conclusão: Síntese das ideias gerais do texto ou proposta de soluções para o
problema discutido.
36

Bibliografia
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. (n.d.). Acessado em 13 de janeiro de
2013.

Disponível

em:

http://www.ead.ftc.br/portal/upload/bacharelado/adm/02-

ComunicacaoEmpresarial.pdf

FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. – São Paulo: Ática, 2007.
MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação Empresarial sem Complicação. Editora Manole,
2008.

POLITO, Reinaldo. Técnicas de Apresentação e comunicação in BOOG,GustavoG. e Magdalena
T. Boog – coord. Manual de Treinamento e Desenvolvimento:processos e operações /– São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.

TOMASI, Carolina. Comunicação Empresarial. Carolina Tomasi, João Bosco Medeiros – 3. ed. –
São Paulo: Atlas, 2010.

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Comunicação empresarial apostíla (parte 1)

  • 1. 2014 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL PARTE I Profª Michele Rufatto Vaz mrufatto@hotmail.com
  • 2. Ementa A Comunicação Empresarial traz discussões e conceitos inerentes ao processo comunicativo, relacionado ao mundo empresarial, considerando as peculiaridades da Língua Portuguesa no que tange a construção e análise de textos e o desenvolvimento da habilidade comunicativa dos indivíduos nas organizações. Objetivos • Ampliar a capacidade do estudante à leitura e interpretação de textos técnicos e teóricos. • Consolidar a capacidade de julgamento e crítica para elaborar textos técnicos e acadêmicos. • Ampliar sua capacidade de comunicação verbal e não verbal. • Capacitar os estudantes quanto ao saber ouvir, para compreender e interpretar com exatidão o conteúdo da mensagem transmitida e a intenção do seu emissor, favorecendo, assim, o retorno da informação, que marca o início do diálogo, que, por sua vez, poderá garantir a qualidade do relacionamento humano. • Contribuir com a melhoria dos processos de comunicação nos relacionamentos humanos e empresariais. • Colaborar com o pensamento e a concepção de interpretação crítica da realidade. • Dar base de sustentação na vida acadêmica e profissional, no que tange a redação de trabalhos e suas respectivas apresentações orais. Conteúdo programático 1. A Comunicação Empresarial no século XXI: desafios e tendências (Qual o panorama da Comunicação Empresarial hoje? Para onde ela vai?) 2. Estrutura interna: • Tópico frasal • Ideias secundárias • Sequência de ideias • Coerência • Concisão • Coesão 3. Componentes de um texto • Plano de trabalho
  • 3. • Organização • Montagem de parágrafos 4. Tipos de parágrafos e tipos de textos: • Narrativo • Elementos da narrativa • Posição do narrador • Técnica do diálogo • Tipos de discurso • Descritivo • Descrição objetiva • Descrição subjetiva • Descrição de objeto, processo e ambiente. • Dissertativo • Técnica de argumentação • Objetividade e subjetividade • A dissertação: introdução, desenvolvimento e conclusão. 5. Técnicas de resumo 6. Resumo • Parágrafo descritivo • Parágrafo dissertativo • Texto descritivo composto de vários parágrafos • Texto dissertativo composto de vários parágrafos 7. Relatório • Estrutura • Tipos de relatório (relatório de estudo ou de pesquisa, relatório de ocorrência, relatório de atividade etc.). 8. Elementos constitutivos da comunicação e as funções da linguagem, aplicadas à comunicação empresarial. 9. Signo linguístico e ruído na comunicação.
  • 4. 10. Os níveis da fala e a comunicação empresarial. 11. Vantagens e desvantagens da comunicação verbal e não verbal nas empresas. 12. Comunicação oral: apresentação em ambientes de trabalho, acadêmicos e em debates. 13. Oratória, exercícios de dicção, relaxamento e sugestões para organizar apresentações. 14. Tipos e modelos de redação: • Ata. • Carta comercial. • Carta de apresentação. • Curriculum vitae: elaboração e sua adequação ao mercado de trabalho. • Memorando. • Correspondência com órgãos oficiais: Ofício e Edital. • Requerimento. 15. A importância da comunicação interna e a importância da comunicação externa, no mundo corporativo: • A função estratégica da comunicação interna (PICE: Plano Integrado de Comunicação Interna) e do endomarketing. • Os objetivos dos sistemas de comunicação abrangendo todas as partes interessadas por diversos meios (boletins informativos internos; cartazes; vídeos; palestras; jornal interno, jornal externo, jornal mural; reuniões; ombudsman ou ouvidor; atendimento ao consumidor, internet/intranet, campanha de comunicação, boletim externo, multimídia; balanço social, assessoria de imprensa e outros). • A comunicação nos sistemas de trabalho, no que concerne a ouvir e aprender com o cliente, seja o cliente interno ou o externo, visando à imagem corporativa: patrimônio empresarial. • Política de boas maneiras no uso da correspondência eletrônica: internet, intranet e extranet. Estratégia de ensino O curso contará com equilíbrio teórico – prático por meio de exposições e discussão de casos práticos, utilizando:
  • 5.  Aulas expositivas  Aulas reflexivas com análise de casos  Dinâmica de grupos  Seminários  Vídeos  Debates Avaliação Duas provas teóricas / práticas bimestrais e trabalhos individuais ou em grupo, mais o projeto PIM, sempre envolvendo os assuntos voltados à gestão das organizações, sendo que a média do semestre será constituída por 40% da nota da P1, 40% da nota da P2 e 20 % da nota do PIM. Bibliografia Básica FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: para estudantes universitários. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2013. 300 p. ILARI, R; BASSO, R. O Português da Gente: A língua que estudamos a língua que falamos. 2. São Paulo: Contexto, 2012. 272. MATOS, Gustavo Gomes. Comunicação empresarial sem complicação: como facilitar a comunicação na empresa, pela via da cultura e do diálogo. 2. ed. Barueri: Manole, 2010. Bibliografia Complementar BLIKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 22. Ed. São Paulo: Ática, 2006. BUENO, Wilson da Costa. Comunicação empresarial: políticas estratégicas. São Paulo: Saraiva, 2009. GOLD, M. Redação empresarial. 4. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. LUIZARI, K. R. Comunicação Empresarial Eficaz: como falar e escrever bem. São Paulo: Pearson, 2010. SILVA, L. A. de. Redação: qualidade na comunicação escrita. Curitiba: IBPEX, 2008.
  • 6. Regras e Acordos 1. As aulas terão início às 19h25 e término às 22h15. O horário de intervalo será das 20h40 às 21h. 2. A chamada será realizada às 19h50 e 21h20. 3. O controle de faltas é de responsabilidade do aluno. 4. Celulares devem ficar no modo silencioso. Notebooks e Tablets só poderão ser utilizados durante a aula se solicitados para realização de alguma atividade. 5. Os trabalhos deverão ser realizados utilizando-se as normas para elaboração de trabalhos acadêmicos. As normas podem ser encontradas no link http:/www2.unip.br/servicos/biblioteca/download/manual_de_normalizacao.pdf 6. Não será admitido plágio nos trabalhos, incorrendo em nota ZERO se tal situação for identificada.
  • 7. Sumário 1. Introdução à Comunicação ................................................................................................ 7 2. Funções da Linguagem .................................................................................................... 10 2.1 2.2 Função Conativa ou Apelativa .................................................................................. 11 2.3 Função Emotiva ou Expressiva ................................................................................. 11 2.4 Função Metalinguística ............................................................................................ 11 2.5 Função Fática........................................................................................................... 12 2.6 3. Função Referencial ou Denotativa ........................................................................... 10 Função Poética ........................................................................................................ 12 Barreiras da Comunicação ............................................................................................... 13 3.1 Cuidados ao comunicar ................................................................................................. 14 3.2 Escuta ativa ................................................................................................................... 15 4. Tipos de Comunicação......................................................................................................... 18 4.1 Comunicação Oral ......................................................................................................... 18 4.2 Comunicações Escrita .................................................................................................... 19 4.2.1 Comunicação Escrita Eficaz ......................................................................................... 19 4.3 Comunicação Não Verbal .............................................................................................. 20 5. Técnicas de Apresentação e Oratória .............................................................................. 22 6. Níveis de Linguagem........................................................................................................ 26 7. Considerações sobre a noção de texto e sua estrutura .................................................... 27 7.1 7.2 Concisão .................................................................................................................. 27 7.3 8. Coerência ................................................................................................................ 27 Coesão..................................................................................................................... 28 Tipos de Textos ............................................................................................................... 34 8.1 Descrição ................................................................................................................. 34 8.2 Narração.................................................................................................................. 34 8.3 Dissertação .............................................................................................................. 35 Bibliografia ............................................................................................................................. 36
  • 8. 7 1. Introdução à Comunicação De acordo com Pimenta (2010:15), “a comunicação, para os agrupamentos humanos, é tão importante quanto o sistema nervoso para o corpo”. É por meio desse sistema que perpassam todos os outros (circulatório, digestivo, reprodutor, etc). Ou seja, sem o sistema nervoso, um corpo não se locomove, não se alimenta, dentre outras atividades. De maneira similar, podemos afirmar que sem a comunicação não seria possível estabelecermos relações entre pessoas e os diversos grupos humanos, sejam essas relações comerciais, de trabalho ou afetivas. Mas o que seria Comunicação? A palavra Comunicação origina-se do latim communicatione, que significa tornar comum. No dicionário Michaelis, Comunicação é a ação, efeito ou meio de comunicar. É o processo pelo qual idéias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível uma interação. Mas não é tão simples quanto parece... Em sua forma mais simples, podemos dizer que o processo de comunicação é composto por Emissor, Receptor e Mensagem. Entretanto, esses elementos não são suficientes para que tal processo esteja completo. Assim, o processo de comunicação pode ser explicado segundo o fluxo abaixo: Fonte: Kotler, Philip. Princípios de Marketing /Gary Armstrong. Temos, portanto: Emissor: que emite, codifica a mensagem;
  • 9. 8 Codificação: processo de transformar, num código conhecido, o pensamento em forma simbólica Receptor: que recebe, decodifica a mensagem; Decodificação: processo pelo qual o receptor confere significado aos símbolos transmitidos pelo emissor; Mensagem: conteúdo transmitido pelo emissor; Canal: Meio pelo qual circula a mensagem; Código: Conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem (Ex.: Língua Portuguesa, Sinais de trânsito, etc). Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo receptor. Ruído: Qualquer barreira que dificulte a comunicação. Pode ter várias origens:  No emissor ou no receptor, nesse caso, pode ser de ordem:  psicológica: quando envolve o estado mental e emocional: preocupação, stress, descontentamento, etc.;  perceptual: quando diz respeito a concepção de mundo e de pessoa, a formação cultural e religiosa, preconceitos e esteriótipos;  fisiológica: dor de cabeça (e outras), dificuldade visual ou auditiva.  No ambiente: excesso de barulho, pouca luz, movimentação de pessoas, etc.;  Na mensagem: tipo de linguagem e de vocabulário utilizados, sequência lógica, velocidade de emissão, etc. Didaticamente, dividimos e ilustramos o processo a seguir, para que se possa visualizar como isso ocorre. 1º O emissor recebe um estímulo, que pode ser interno ou externo. Estímulo interno é um pensamento, imaginação. Estímulo externo é algo que ele vê, lê ou ouve. Esse estímulo causa-lhe uma reação que lhe dá uma ideia. 2º A ideia é transformada em palavras pelo emissor. Ele as organiza em uma mensagem. 3º O emissor escolhe o meio mais adequado e envia a mensagem rumo ao receptor. Esse processo é chamado de codificação da mensagem.
  • 10. 9 4º O receptor recebe a mensagem e faz a sua decodificação, ou seja, ele decifra e interpreta a mensagem de acordo com sua capacidade de compreensão. 5º O receptor envia uma nova mensagem em resposta ao emissor, que ao recebê-la, vai avaliar se sua mensagem foi entendida corretamente. Essa resposta é chamada de feedback1. 6º Coincidindo os dois significados, completa-se o processo da comunicação. A comunicação, um fenômeno humano, acontece entre as pessoas, por isso existe grande chance de ocorrer distorções da mensagem, daí a importância do feedback. Toda vez que elaboramos uma comunicação, devemos verificar se a outra pessoa realmente compreendeu a nossa mensagem. 1 Feedback é uma palavra inglesa que significa realimentação, isto é, o retorno da comunicação. Esta é a ferramenta utilizada pelo emissor para saber se sua mensagem foi recebida e entendida corretamente. Sempre que se envia uma mensagem a outra pessoa, seja falada ou escrita, é importante fazer uso do feedback para certificar-se de que conseguiu se comunicar com clareza.
  • 11. 10 2. Funções da Linguagem O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, entre outros; consequentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:  Função Referencial  Função Conativa ou Apelativa  Função Emotiva ou Expressiva  Função Metalinguística  Função Fática  Função Poética 2.1 Função Referencial ou Denotativa Volta-se diretamente para a informação, para o próprio conteúdo, para o referente, ou seja, para o CONTEXTO. Usa-se essa função com a intenção de transmitir dados reais, com o emprego de palavras utilizadas em sentido estritamente denotativo. Deve ser usada em discursos científicos, no texto jornalístico e nas correspondências oficiais e comerciais. É conhecida também pelos nomes de Cognitiva, Informativa ou Denotativa. Características: • Impessoalidade – o autor sempre se posiciona em terceira pessoa, não se envolvendo emocionalmente com a mensagem. • Capacidade de argumentação – o autor precisa argumentar com clareza, concisão, objetividade e, sobretudo, aprofundamento. • Objetividade – não cabem recursos subjetivos. Leia o texto (extraído do jornal Folha de São Paulo): “CHUVA ÁCIDA AFETA REGIÕES DO MUNDO” “Parte dos 120 mil km cúbicos de chuvas que, em média, a cada ano caem sobre os continentes, já não trazem mais a vida, mas a morte lenta e penosa para lagos, florestas, animais e pessoas numa escala sem precedentes, desde que a Segunda Revolução Industrial criou o motor a explosão e com ele libera a cada ano milhares de toneladas de resíduos combustíveis fósseis na atmosfera da Terra.”
  • 12. 11 2.2 Função Conativa ou Apelativa É centrada no RECEPTOR da mensagem. Na propaganda é utilizada paraconvencer o possível cliente a consumir um determinado produto; nouniverso jurídico é usada como forma de persuasão com o fim precípuode estimular mudanças de comportamentos ou de ideias por parte dodestinatário-alvo. Os verbos costumam estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos políticos ou de autoridade. 2.3 Função Emotiva ou Expressiva Pode-se afirmar que é o oposto da função referencial, pois nesse tipode texto o emissor se preocupa em expressar seus sentimentos, suasangústias e suas emoções. Também denominadaExpressiva, é centradano EMISSOR e usada emBiografias, Memórias, Poesias Líricas e Cartas de Amor. Características: •Parcialidade– o texto é escrito em primeira pessoa, a fim decomover o receptor ou o interlocutor em relação a seussentimentos. •Signos de pontuação– usam-se referências e pontos deexclamação. •Subjetividade– prevalecem os recursos subjetivos. Leia a seguir um trecho do texto intitulado Natal na barca de autoria de Lygia Fagundes Telles: “Não quero nem devo lembrar aqui porque me encontrava naquela barca. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E me sentia bem naquela solidão. Na embarcação desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz vacilante: um velho, uma mulher, uma criança e eu.” 2.4 Função Metalinguística Ocorre quando o CÓDIGO é posto em destaque, ou seja, usa-se o código linguísticopara transmitir aos receptores reflexões sobre o próprio código linguístico. Bons exemplos da função metalinguística são as aulas de línguas, gramáticas e odicionário.
  • 13. 12 Leia este texto do linguista Ferdinand de Saussure: “A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais militares etc. Ela é apenas o principal desses sistemas”. 2.5 Função Fática Ocorre quando o CANAL é posto em destaque. Seu objetivo é estabelecer a comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor ou cortar a comunicação. Tipo de linguagem presente nas falas telefônicas, saudações e similares. 2.6 Função Poética É a função cujo destaque está centrado na própria MENSAGEM, ou seja, chama-se a atenção para o modo como foi organizada a mensagem. A prioridade é o ritmo, a sonoridade, o belo. A forma é mais importante do que o conteúdo. Presente em textos literários, publicitários e em letras de música.
  • 14. 13 3. Barreiras da Comunicação Estima-se que 70 a 80% dos problemas nas empresas são causados por falhas na comunicação. E a comunicação é fator primordial para que pessoas e equipes estejam motivadas. Uma comunicação eficaz depende de:  Transmitir a mensagem adequada  Através do meio certo  Em momento oportuno  Aos receptores desejados Porém, nas empresas algumas barreiras podem surgir, bloqueando a eficácia dessa comunicação. Abaixo apresentamos algumas das barreiras citadas por PIMENTA (2010, p. 29):  Níveis organizacionais – Quanto mais complexa for a estrutura de cargos e departamentos, mais distorção haverá entre a mensagem original e a que chega no destino final. Cada nível funciona como um filtro, modificando, acrescentando ou retirando parte do conteúdo da mensagem.  Autoridade da administração – necessária e inerente à organização, ela dificulta uma comunicação livre e aberta. Quem possui autoridade, em geral, tenta mostrar controle sobre a situação, esquivando-se de qualquer comunicação que coloque em uma situação vulnerável. Por outro lado, os subordinados tendem a manter uma aparência favorável, evitando expressar problemas, desacordos, frustrações, etc.  Especialização – tende a fragmentar a organização em vários grupos com interesses, atitudes, maneiras de ver os fatos e vocabulários próprios, o que dificulta o intercâmbio de ideias.  Sobrecarga de informações – acontece quando se privilegia a quantidade de informações em detrimento da qualidade, que é obtida com a seleção e a análise. Essa sobrecarga pode confundir e até paralisar as pessoas envolvidas. Além dessas barreiras, ROBBINS (2010, p. 342) também apresenta:  Filtragem – Se refere à manipulação da informação pelo emissor para que o receptor a veja de maneira mais favorável. Quando um gestor diz a seu superior exatamente aquilo que acredita que o chefe quer ouvir, ele está filtrando a informação.
  • 15. 14  Percepção seletiva – O receptor, no processo de comunicação, vê e escuta seletivamente, com base nas próprias necessidades, motivações, experiências, histórico e outras características pessoais. Os receptores também projetam seus interesses e expectativas quando decodificam a mensagem.  Emoções – Uma mesma mensagem pode ser interpretada de maneiras diferentes, dependendo do estado emocional do receptor. 3.1 Cuidados ao comunicar Quando nos comunicamos, precisamos tomar certos cuidados para possibilitar que a comunicação seja eficiente e eficaz. Alguns cuidados são apresentados seguir: 1. A mensagem deve ser clara, organizada e conter todas as informações importantes relacionadas ao assunto sobre o qual estamos falando. 2. A mensagem precisa ainda ser transmitida no código linguístico do receptor, para não gerar barreiras entre eles. 3. O meio ou canal escolhido para a transmissão da mensagem deve ser dominado pelo emissor e receptor. 4. O emissor deve elaborar a mensagem pensando em quem vai recebê-la, qual é a sua capacidade de entender o que ele disse, escolher o canal certo para enviá-la e ainda, pedir feedback, ou seja, procurar saber se o que o receptor entendeu foi o que ele quis dizer. A eficácia na comunicação está diretamente relacionada à percepção do receptor. O emissor deve considerar as indagações: 1. O receptor tem capacidade de perceber o que estou dizendo? 2. Será que ele pode realmente me entender? A mesma situação presenciada por duas pessoas pode gerar interpretações diferentes, porque cada uma delas interpreta essa situação de acordo com sua maneira de ver o mundo. A nossa percepção é seletiva, pois só vemos o que nos interessa. Ela atua como um filtro: seleciona o que é importante para nós, e elimina o que não faz parte do nosso mundo. Vemos uma situação qualquer, interpretamos e julgamos de acordo com nosso estado emocional, nossas experiências passadas, nosso tipo de cultura, nossos preconceitos, etc.
  • 16. 15 Formamos uma impressão de outra pessoa observando suas ações, atitudes, sua voz, seus gestos, comportamentos, etc. Para isso, precisamos ter duas pessoas, uma situação comum e a experiência entre elas, para nos comunicar. 3.2 Escuta ativa Mais importante do que saber falar é SABER OUVIR. Algumas regras simples para desenvolvermos uma escuta ativa: • Mantenha uma postura relaxada, porém atenta; • Participe ativamente da conversa, esteja receptivo e disponível a escutar ; • Evite escutar e digitar ou escrever ao mesmo tempo; • Reduza ao máximo os gestos que possam distrair o interlocutor, tais como: brincar com uma caneta, estralar os dedos, etc; • Mantenha um contato visual eficiente, procure não desviar o olhar a toda hora; • Balance a cabeça ou sorria; • Fuja a tentação de interromper a pessoa no meio do discurso; • Faça perguntas para checar o que foi dito; • Use a empatia e seja compreensivo.
  • 17. 16 Texto de apoio Escutatório* Rubem Alves Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia. Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira. Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito.É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito
  • 18. 17 melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“),foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião. *Fonte: http://www.rubemalves.com.br/escutatorio.htm
  • 19. 18 4. Tipos de Comunicação Até agora vimos os elementos do processo de comunicação e as funções da linguagem. Mas como as pessoas trocam mensagens entre si? Essencialmente, as pessoas se comunicam através da comunicação verbal - que subdivide-se entre comunicação oral e comunicação escrita – e a comunicação não verbal. Independente da forma como esta comunicação aconteça, é fundamental que o emissor tenha em mente que o processo lógico de comunicação envolve três etapas: Pensar, Planejar e Transmitir. Algumas perguntas podem auxiliar esse planejamento:        Por que comunicar? O que comunicar? Como comunicar? Quando comunicar? A quem comunicar? Quem irá comunicar? Onde comunicar? 4.1 Comunicação Oral O principal meio de transmitir mensagens é a comunicação oral. As palestras, os debates formais entre duas pessoas ou em grupo e a rede informal de rumores são algumas formas comuns de comunicação oral. No cotidiano, são várias as situações profissionais em que é necessária uma boa comunicação por meio da fala:  Conversas com clientes, superiores e subordinados;  Entrevista para emprego;  Reuniões, palestras, debates;  Seminários, conferências, convenções, cursos;  Ao telefone;  Reuniões sociais. As vantagens da comunicação oral são a rapidez e o feedback. Podemos emitir uma mensagem verbal e receber uma resposta em prazo curto. Se o receptor tiver dúvidas sobre a mensagem, o feedback permitirá que o emissor corrija seus termos.
  • 20. 19 A principal desvantagem da comunicação oral surge quando uma mensagem tem de ser transmitida para várias pessoas. Quanto maior o número de receptores, maior a probabilidade de distorções potenciais. 4.2 Comunicações Escrita A comunicação escrita engloba memorandos, cartas, transmissões de fax, e-mails, mensagens instantâneas, jornais internos, informativos em murais (inclusive os eletrônicos) e qualquer outro meio que use a linguagem escrita ou simbólica. Frequentemente, o emissor escolhe a comunicação escrita por ser uma forma tangível e verificável de comunicação. Ou seja, é possível, tanto ao emissor quanto ao receptor, manter registro das mensagens, podendo mantê-las armazenadas por tempo indeterminado. Uma vantagem adicional da comunicação escrita está no próprio processo. Prestamos mais atenção no que queremos transmitir em uma mensagem escrita do que em uma mensagem oral. Por esse motivo, a comunicação escrita costuma ser bem mais elaborada, lógica e clara. Como desvantagens da comunicação escrita podemos citar: consomem mais tempo de elaboração, ausência de um mecanismo de feedback. 4.2.1 Comunicação Escrita Eficaz De acordo com Blikstein (1997), citado por Pimenta (2010, p. 186), alguns fatores contribuem para uma comunicação escrita eficaz. Resumidamente, podemos destacar que escrever bem é:  Obedecer as regras gramaticais, evitando erros de sintaxe, de pontuação, de ortografia, etc.;  Procurar a clareza, evitando palavras e frases obscuras ou de duplo sentido;  Agradar o leitor, empregando expressões elegantes e fugindo de um estilo muito seco. Ainda, para que a comunicação escrita seja eficaz, pressupõe-se:  Clareza e objetividade para que a mensagem implique uma resposta;  Precisão para que o outro compreenda o que se está pensando;  Persuasão para obter a colaboração e a resposta esperada. Alguns cuidados necessários:
  • 21. 20  Interferência física: dificuldade visual, má grafia das palavras, cansaço, falta de iluminação, etc;  Interferência cultural: palavras ou frases complicadas ou ambíguas, diferenças de nível social;  Interferência psicológica: mensagens que contenham agressividade, aspereza, antipatia, etc. 4.3 Comunicação Não Verbal Todas as vezes que transmitimos uma mensagem de maneira verbal (comunicação oral), também enviamos uma mensagem não verbal. A comunicação não verbal inclui os movimentos corporais, a entonação ou ênfase dada às palavras, a expressão facial e o distanciamento físico entre o emissor e o receptor. Um estudo de Albert Mehrabian aponta que o impacto de uma mensagem é composto da seguinte maneira: Escrita 7% Não verbal 55% Oral 38% Alguns sinais não verbais que comunicam: ORIENTAÇÃO E PROXIMIDADE: A orientação é a forma pela qual as pessoas se posicionam fisicamente entre si. Dependendo de como o corpo é direcionado, pode revelar a disponibilidade ou interesse em interagir com o interlocutor. Colocar-se frente a frente demonstra uma abertura, porque facilita contato verbal, visual e até o toque. Já “dar as costas” para alguém revela a falta de empenho para estabelecer contato.
  • 22. 21 POSTURA: Ombros muito encolhidos e caídos podem significar falta de motivação e energia ou até baixa autoestima. O contrário disso: peito exageradamente estufado para fora, pode denotar exibicionismo ou, ainda, arrogância. Sentar-se, para uma entrevista ou reunião, sem uma postura adequada, “largado” na cadeira, pode ser entendido como desleixo, desinteresse, falta de concentração ou, ainda, cansaço. EXPRESSÕES FACIAIS: A expressão facial relaxada, sem sinais de tensão ou apreensão (testa franzida, olhar aflito, lábios presos), com um leve sorriso, apenas esboçado, é um jeito de estar receptivo ao outro. GESTICULAÇÃO: Formas e movimentos com as mãos que, frequentemente, acompanham o discurso para auxiliar a expressão de quem fala e a compreensão de quem ouve. CONTATO VISUAL: Sua ausência é entendida como desonestidade, ansiedade ou desinteresse. Em contrapartida, quando fazemos contato visual transmitimos interesse. Olhar os outros nos olhos também nos permite saber do seu interesse em nós ou em algo que estão a observar. ROUPAS E ACESSÓRIOS: A maneira como nos vestimos comunica algo aos outros, não só através das cores (alegres, garridas ou escuras), mas através dos tecidos e do corte utilizado.
  • 23. 22 5. Técnicas de Apresentação e Oratória Vamos imaginar a seguinte situação: De repente seu chefe te liga e o mundo parece desaparecer sob seus pés quando você ouve a frase: “Precisamos montar uma palestra importante para clientes-chave, e você será o palestrante”. O que você faria? Embora sejam várias situações profissionais pelas quais passamos em nosso cotidiano, onde uma boa comunicação por meio da fala seja fundamental, diversas sensações se fazem presentes no momento que temos que realizar uma apresentação em público. Foi em Atenas que a arte da Oratória foi amplamente difundida. Os sofistas, filósofos contemporâneos de Sócrates, foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra. Falar em público é um processo humano, por isso envolve emoção, sentimentos e, talvez, o maior deles seja o medo. Antes de falar, muitas pessoas sentem o coração disparar, os joelhos tremerem e a transpiração aumentar. A organização de uma apresentação compreende vários passos: 1- Planejamento Geral: definição do tema central e as metas que se quer atingir ao tratálo. Exemplo: Tema – Legislação Ambiental Meta – Informar e/ou sensibilizar sobre a importância do tema para a redefinição de práticas produtivas na empresa. O tema é O QUE vai ser tratado na apresentação e as metas são O PORQUÊ e PARA QUÊ. 2- Planejamento Detalhado: a. Público ao qual se destina a apresentação (tamanho, idade, gênero, características culturais, motivações para participar do evento etc.); b. Tempo disponível para apresentação; c. Recursos a serem utilizados (data-show, retroprojetor, flip-chart, vídeo etc.); d. Logística para a chegada ao local da apresentação. É importante lembrar que a linguagem oral é diferente da escrita, uma vez que possibilita o uso de elementos da comunicação não verbal: entonação, gestualidade, expressões faciais que facilitam a comunicação. Polito (2006) apresenta uma série de dicas importantes para o seu aperfeiçoamento: Respiração – tranquilize-se – O primeiro passo para uma boa apresentação é estar tranquilo. Estar calmo perante a plateia faz com que o instrutor transmita segurança a quem assiste a palestra. Durante a apresentação é importante manter uma respiração pausada para que não se atropelem as palavras e assim torne sua apresentação ininteligível.
  • 24. 23 Posicionamento – o que fazer e o que não fazer. O instrutor deverá encontrar um ponto central que servirá como local de referência. Mobilidade: Se você se desloca de um lado para o outro da plateia para dar ênfase à determinada informação, ou para recuperar a atenção das pessoas que começam a se desconcentrar, estará agindo de maneira correta. Porém, se os movimentos ocorrerem apenas porque não se sente confortável, e você se desloca apenas para tentar se sentir mais à vontade, é quase certo que esteja se comportando de forma inadequada. Não fique de costas para o público. Ao ficar de costas sua voz se perderá e seus ouvintes não o entenderão. Evite fazer a sua apresentação sentado, a menos que seja estritamente necessário. Postura e expressão corporal. Cuidado com os excessos. De acordo com Polito (2006) há dois erros comuns que precisam ser evitados na gesticulação. O primeiro deles é a ausência de gestos, pois os movimentos do corpo são importantes no processo de comunicação da mensagem. O outro, geralmente mais grave do que o primeiro, é o exagero de gestos. Provavelmente o resultado da sua apresentação será muito mais positivo se você for comedido nos gestos do que se você exagerar na gesticulação. As pernas. Procure se posicionar com equilíbrio sobre as duas pernas, evitando ficar apoiado ora sobre a perna esquerda, ora sobre a direita. Observe para que elas não fiquem demasiadamente abertas, para que não tornem sua postura deselegante, ou, ao contrário, que não permaneçam muito juntas, para que sua mobilidade não seja prejudicada. Os braços e as mãos. Não carregue caneta, papel e outros objetos, pois eles podem muito mais atrapalhar do que ajudar. Se você estiver visivelmente nervoso, tremerá a mão ao segurar um papel ou o laser, e isso ficará claro para a plateia. Deixe suas anotações sobre a mesa e verifique-as quando necessário. Laser pointer. É um ótimo instrumento para apontar dados na apresentação. O seu uso só deve ser feito pelo instrutor que possui a mão firme, porque do contrário, o laser estará trêmulo e não servirá para o seu propósito que é indicar alguma informação, além de deixar claro para os participantes que você está nervoso. Gestos. Ao gesticular, é recomendável fazer os movimentos acima da linha da cintura e alternar a posição de apoio dos braços, deixando-os às vezes ao longo do corpo, em outros momentos gesticulando apenas com um deles, para em seguida atuar com os dois. Dessa forma evitará a rigidez da postura e tornará os gestos mais elegantes e harmoniosos. Evite cruzar os braços, posicioná-los nas costas ou colocar as mãos nos bolsos, procure fazer os repousos de mãos a frente ou deixar os braços soltos. Se agir assim com frequência e
  • 25. 24 por tempo prolongado, talvez demonstre desnecessariamente aos ouvintes que está inseguro e intranquilo. Evite também esfregar ou apertar nervosamente as mãos, principalmente no princípio, quando essas atitudes são mais comuns. Tome cuidado ainda para não coçar a cabeça o tempo todo, ou ficar segurando sucessivamente a gola da blusa ou do paletó. Quase sempre os ouvintes têm a impressão de que, quando o orador domina o assunto de sua apresentação, não fica nervoso diante da plateia. Portanto, mesmo que essa interpretação do público não seja verdadeira, essas demonstrações de hesitação podem comprometer o resultado de sua exposição. Olhar para a plateia. Olhar na direção das pessoas fará com que elas se sintam incluídas no ambiente, por isso não esquive o seu olhar. Caso tenha dificuldades em olhar para seu público, você pode utilizar a Técnica da Triangulação. Escolha três pontos no auditório ou sala de aula, três rostos familiares ou três pessoas que lhe deem feedback positivo durante sua fala. Olhe para a primeira pessoa do lado esquerdo, vagarosamente olhe para a pessoa no centro, e vá movendo seu olhar para a pessoa no lado direito. Dessa maneira você estará percorrendo o auditório ou sala de aula com seu olhar e de maneira segura. Quando estiver se sentindo mais a vontade, olhará para todos e verá muitos rostos interessados no seu assunto. A voz. É importante diferenciar o tom da sua voz para lugares grandes e pequenos. Você deverá falar mais alto ou mais baixo dependendo da acústica do local, da distância em que se encontrar do último ouvinte da plateia, dos ruídos que possam interferir na compreensão do público. Evite falar alto quando estiver próximo de poucas pessoas em uma pequena reunião, e utilize o microfone diante de plateias numerosas. Caso você tenha de usar o microfone, fique atento para a sensibilidade do mesmo. A boca deve ficar distante do microfone aproximadamente dez centímetros. Faça o teste antes da palestra para saber se precisa afastar ou aproximar o microfone para que a voz seja bem captada. O melhor momento para fazer a dosagem da voz é quando você realiza a sua apresentação pessoal, que deve ser feita sempre no início da palestra. Repetições. Cuidado com repetições de palavras como: né? Ok? Tá? E outras. Esses recursos costumam ser utilizados quando o instrutor quer enfatizar o assunto ou buscar aprovação da plateia. Evite-os, pois em excesso servem para deixar a fala caricata e desagradável de ouvir. Preste atenção ao seu próprio discurso e perceba se existe um chavão ou palavra que costuma repetir. Experimente construir suas frases sem eles e ouça como irá soar de maneira mais agradável.
  • 26. 25 Pessoas que falam devagar tendem a preencher os espaços de tempo com sons do tipo: ãããããã ou éééééé. Fique atento para esse fato e prefira o silêncio entre as frases. Ritmo. Depois de certo tempo de duração – entre 20 e 30 minutos de palestra ou aula os ouvintes começam a ter sua atenção desviada. Se o palestrante utilizar uma fala monótona e monocórdia se tornará impossível prender a atenção no assunto. Procure mudar sua entonação quando se tratar de um tópico importante, frise com a sua voz aquilo que todos precisam prestar atenção. Vocabulário. O seu vocabulário deverá estar de acordo com o público alvo da aula ou palestra. No caso do uso das siglas, utilize-as somente se você tiver certeza que seu público está familiarizado com elas. Caso você esteja querendo ensinar conceitos ou utilizar as siglas para abreviar nomes ou expressões muito longas, explique primeiro o que cada sigla significa para depois começar a falar sobre elas. O vocabulário técnico só deve ser utilizado também para o público que está familiarizado com ele. As regras são as mesmas utilizadas para as siglas. Muitos palestrantes gostam de demonstrar seu conhecimento com vocabulário rebuscado ou com o uso de estrangeirismos. Se esse tipo de fala faz parte da cultura organizacional, sua fala estará contextualizada. Caso não faça, sua fala não será compreendida e logo a plateia irá perder o interesse no que você está dizendo. Domínio do tema. De nada adiantará falar com naturalidade, envolvimento e disposição se não dominar o assunto a ser apresentado PREPARANDO OS SLIDES: Ao preparar seus slides, observe algumas regras básicas: 1- Destacar um ponto por slide; 2- Evitar uso excessivo de cores; 3- Cuidado com o exagero de informações por slide; 4- Evite o uso excessivo de diferentes fontes; 5- Cuidado com o tamanho da fonte; 6- Menos texto e mais imagens; 7- Opte por fotos no lugar dos antigos cliparts; 8- Lembre-se que a leitura é mais rápida do que a fala. Acima de tudo, preparar-se para a apresentação é fundamental.
  • 27. 26 6. Níveis de Linguagem Os níveis de linguagem compreendem o modo como o emissor se manifesta nas diversas situações vividas. Dependendo do lugar onde estamos, com quem conversamos e do que conversamos, o nível de linguagem muda. Nem sempre falamos da mesma forma quando queremos transmitir a mesma mensagem.  Nível formal ou culto - obedece às regras da norma culta, da gramática normativa. É frequente em ambientes que exigem tal posicionamento do falante: em discursos, em sermões, apresentação de trabalhos científicos, em reuniões, etc. Logicamente, a escrita também seguirá padrões quando se trata de textos acadêmicos ou de teor científico.  Nível informal ou coloquial - é a manifestação espontânea da língua. Independe de regras, apresenta gírias, restrição de vocabulário, formas subtraídas das palavras. Está presente nas conversas com amigos, familiares, pessoas com quem temos intimidade. É muito comum se ver o coloquialismo sendo utilizado em textos, principalmente da internet, como no MSN, no Facebook, blogs, etc.  Nível técnico ou científico – Modalidade de linguagem que se aproxima do nível culto. Consiste no uso de uma linguagem que se apoia também na gramaticidade para transmitir a ideia de precisão, de rigor, de neutralidade. Vale-se de vocabulário específico para designar instrumentos de um ofício ou ciência, ou para apresentar conceitos científicos, transações comerciais, financeiras ou econômicas.  Nível regional - As pessoas falam de acordo com o lugar onde vivem, prova disso são os diferentes sotaques distribuídos pelo Brasil a fora.
  • 28. 27 7. Considerações sobre a noção de texto e sua estrutura De acordo com Medeiros e Tomasi (2010, p.146), “Texto é um tecido verbal cujas ideias devem estar entrelaçadas para formar um todo”. Um texto não é um aglomerado de frases. Para que ele cumpra seu propósito de permitir uma interação comunicativa, devemos observar os principais FATORES DE TEXTUALIDADE:    Coerência Concisão Coesão 7.1 Coerência A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida com um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global. Para haver coerência é preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos. A coerência corresponde à macroestrutura do texto. É responsável pelo sentido do texto, fazendo relação entre as partes de um texto e criando uma unidade de sentido. É a coerência que dá textura e textualidade à sequência linguística, entendendo-se por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto. Assim sendo, podemos dizer que a coerência dá início à textualidade. 7.2 Concisão Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras, sem prejudicar a clareza da frase. O texto conciso não se desvia dos objetivos e tem informações na medida certa. Para tornar o texto conciso, observe algumas regras: 1- Vá direto ao assunto;
  • 29. 28 2- Não use duas ou mais palavras quando é possível transmitir a ideia com apenas uma (Exemplo: Fizemos uma investigação – Investigamos); 3- Elimine a redundância. 7.3 Coesão Assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de um texto devem se apresentar bem “amarradas”, para que ele cumpra sua função primordial - veículo de articulação entre o autor e seu leitor. Podemos definir coesão como um conjunto de recursos linguísticos de que dispõe a língua, de forma a estabelecer as ligações necessárias entre os constituintes de uma frase, entre as orações de um período e entre os parágrafos de um texto. Trata-se de uma relação harmoniosa, que permite ao leitor uma leitura agradável. Coesão textual é um fator importante do texto que se refere à conexão de palavras, expressões ou frases dentro de uma sequência. O texto coeso se constrói com elementos de ligação que podem ser pronomes, verbos, advérbios ou conectores coesivos. A função desses elementos é exatamente a de por em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. Exemplos: Então Assim Portanto Daí Já que Aí Com efeito Dessa forma Porque Isto é Ora Embora Mas Porém Cada conectivo ou elemento de coesão assume um valor típico. Além de ligarem partes de um discurso, estabelecem entre essas partes certo tipo de relação semântica: Causa, Finalidade, Conclusão, Contradição, Condição. Para melhor compreendermos o uso de tais elementos, vejamos o texto abaixo:
  • 30. 29 São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião Das Agências Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes e uma mulher que viu o avião cair morreram. Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências. Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira. O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído. Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa Cecília. Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza da matéria fosse comprometida. E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns mecanismos: a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmente por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos principais elementos de
  • 31. 30 coesão do texto jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibulares, obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão. b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que os sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem com mais propriedade. c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as palavras piloto e co-piloto. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras. d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os principais elementos de substituição: Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a idéia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram ferimentos graves. Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado.
  • 32. 31 Exemplos: a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O presidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo); b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do mundo, etc. Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos). Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumento dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-exemplo) Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisação -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações que se podem atribuir a eles). Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc. Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que só é citada na linha seguinte. Conexão: Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos,
  • 33. 32 agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa Moderna). Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico). Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje, frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem. Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como. Condição, hipótese: se, caso, eventualmente. Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente). Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que. Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza. Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente. Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás. Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para. Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a. Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo.
  • 34. 33 Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista. Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que. Idéias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/coesao
  • 35. 34 8. Tipos de Textos Desde bem pequeno, escrevemos vários textos: um bilhete, uma carta, as redações na escola, alguns até escrevem poemas. Bem, o fato é que, em qualquer texto, utilizamos uma modalidade redacional. E o que é modalidade redacional? É o tipo decomposição que é escolhida, segundo o que se quer comunicar. Vamos reconhecer algumas delas: 8.1 Descrição Tipo de texto em que se procura caracterizar, com palavras, a imagem de alguma pessoa, objeto, cenário, situação, sentimento, enfim, aquilo que desejamos que outra pessoa conheça. O texto descritivo tem como característica essencial o fato de não haver uma progressão lógico-temporal: supondo que você decidisse descrever como foi determinado evento poderia começar por qualquer aspecto, pelas pessoas envolvidas, por acontecimentos inusitados durante o evento descrito, expor vários elementos simultaneamente. E deve ser assim mesmo: não existe a relação do antes e do depois na descrição. A descrição poderá ser subjetiva (feita a partir das impressões de quem a fez, inclusive com uso de linguagem figurada) ou objetiva (qualquer um que veja a mesma imagem pode perceber os mesmos elementos). 8.2 Narração Tipo de texto em que se contam fatos, envolvendo personagens, enredo, tempo, espaço. Características do texto narrativo:  Relato de um acontecimento;  Fatos vividos por personagens em determinado tempo e lugar;  Presença do narrador (personagem ou observador);  Fatos são apresentados em sequência;  Pode estar em 1a. ou 3a. pessoa, depende do papel que o narrador assuma em relação à história.
  • 36. 35 Podemos comparar a narração a um filme, enquanto que a descrição equivaleria a uma fotografia. Na narração há uma sequência dos fatos de tal modo que um fato seja a causa ou a consequência do outro. 8.3 Dissertação Tipo de texto em que predomina a defesa de uma ideia. Algumas características do texto dissertativo:  Caráter argumentativo;  Exposição de ideias e opiniões;  Adoção de ponto de vista;  Necessidade de conhecer o tema;  Convencimento do leitor. A construção de um texto dissertativa pressupõe uma estrutura:  Introdução: Apresentação do assunto e posicionamento do autor. Formulação da tese ou ideia principal do texto.  Desenvolvimento: Argumentação da ideia central e uma análise crítica, além da exposição de raciocínios, provas, juízos de valor, testemunhos, exemplos, justificativas e históricos.  Conclusão: Síntese das ideias gerais do texto ou proposta de soluções para o problema discutido.
  • 37. 36 Bibliografia Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. (n.d.). Acessado em 13 de janeiro de 2013. Disponível em: http://www.ead.ftc.br/portal/upload/bacharelado/adm/02- ComunicacaoEmpresarial.pdf FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. – São Paulo: Ática, 2007. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação Empresarial sem Complicação. Editora Manole, 2008. POLITO, Reinaldo. Técnicas de Apresentação e comunicação in BOOG,GustavoG. e Magdalena T. Boog – coord. Manual de Treinamento e Desenvolvimento:processos e operações /– São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. TOMASI, Carolina. Comunicação Empresarial. Carolina Tomasi, João Bosco Medeiros – 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2010.