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Características Nutricionais
Patrícia Gonçalves Batista Carvalho
Cristina Maria Monteiro Machado
O papel da nutrição hoje vai além da ênfase sobre a importância de uma dieta
balanceada. Ela deve almejar a otimização das funções fisiológicas, garantir o
aumento da saúde e bem-estar e a redução do risco de doenças. Neste novo
contexto, os alimentos funcionais tem papel fundamental. Eles podem ser definidos
como alimentos que, consumidos numa dieta padrão, fornecem benefícios além da
nutrição básica. Alguns dos seus componentes, que podem ser nutrientes ou não,
auxiliam na prevenção e recuperação de doenças e nas funções relativas ao
mecanismo de defesa e controle do ritmo corporal.
Há muito tempo acredita-se que o consumo de cebola auxilia na prevenção de
certas doenças, o que a caracteriza como um alimento funcional. De modo geral,
todas as partes da planta da cebola podem ser consumidas na dieta humana.
Embora apresentem reconhecidas propriedades funcionais, as cebolas são
consumidas, principalmente, pela sua capacidade de adicionar sabor a outros
alimentos.
Os açúcares e os ácidos orgânicos contribuem substancialmente para o sabor da
cebola. No entanto, o sabor, o odor e a pungência característicos desta hortaliça são
formados quando os tecidos da planta são rompidos ou cortados, resultando na
decomposição enzimática de substâncias que contém enxofre na sua estrutura,
conjuntamente denominadas de sulfóxidos de cisteína. A recente caracterização da
enzima responsável pelo efeito lacrimatório da cebola em seres humanos abriu a
possibilidade de estabelecer processos mais eficientes de desenvolvimento e seleção
de cultivares isentas desta característica, as chamadas cebolas doces/suaves
(“cebolas sem choro”).
Características nutricionais
A composição de cebola é influenciada pelas condições de cultivo (sistema de
produção, tipo de solo, clima) e por fatores genéticos. Bulbos de cebola para
consumo fresco são pouco calóricos (em torno de 40-50 calorias) e contém de 89 a
95% de água, além de mono e dissacarídeos (açúcares totais em torno de 6%),
proteínas (1,6%), gordura (0,3%) e sais minerais (0,65%). Possuem também
alguns compostos fenólicos, bem como ácidos málico, cítrico, succínico, fumárico,
quínico, biotínicos, nicotínicos, fólicos, pantotênicos e ascórbico. A cebola possui
diferentes minerais, como cálcio, ferro, fósforo, magnésio potássio, sódio e selênio.
Destes, a contribuição da cebola em uma dieta padrão é significativa para o selênio,
que é um mineral-traço essencial, ou seja, o organismo necessita dele em
quantidades mínimas, tornando-se tóxico em altas doses. Deficiências de selênio
geram catarata, distrofia muscular, depressão, necrose do fígado, infertilidade,
doenças cardíacas e câncer. Este mineral oferece proteção contra doenças crônicas
associadas ao envelhecimento, como aterosclerose (doenças das artérias
coronarianas, cerebrovascular e vascular periférica), câncer, artrite, cirrose e
efisema.
Embora não seja considerada uma boa fonte nutritiva devido a seus baixos teores
de proteínas e açúcares, a cebola é rica em vitaminas do complexo B,
principalmente B1 e B2, e vitamina C. Estes nutrientes são importantes para o bom
funcionamento do organismo. As principais funções e as conseqüências do baixo
consumo destas vitaminas estão na Tabela 1.
Características funcionais
O consumo da cebola tem aumentado, especialmente em países mais
desenvolvidos, devido à sua associação com características funcionais. Pesquisas
recentes têm procurado comprovar os benefícios da cebola para a saúde, além de
identificar os compostos responsáveis por eles. A cebola é particularmente rica em
dois grupos de compostos com comprovado beneficio à saúde humana: flavonóides
e sulfóxidos de cisteína (compostos organosulfurados). Dois sub-grupos de
compostos do tipo flavonóide predominam em cebolas: as antocianinas (que
conferem a coloração avermelhada ou roxa aos bulbos) e as quercetinas e seus
derivados (que conferem coloração amarelada ou cor de pinhão aos bulbos). As
antocianinas, quercetinas e seus derivados são de grande interesse pelas suas
propriedades anticarcinogênicas.
Muitos dos benefícios à saúde proporcionados pela cebola e espécies relacionadas
são atribuídos aos compostos organosulfurados, os quais chegam a compor de 1-5%
do peso seco total de bulbos maduros. A ação da enzima alinase sobre os sulfóxidos
de cisteína forma substâncias voláteis como tiosulfinatos, tiosulfonatos e mono-, di-
e tri-sulfideos. A gama de propriedades funcionais atribuídas aos sulfóxidos de
cisteína e seus derivados incluem: propriedades anticarcinogênicas, atividade
antiplaquetária, atividade inibidora de tromboses, ação antiasmática e efeitos
antibióticos. Na Tabela 2 estão algumas propriedades da cebola comprovadas
cientificamente.
Embora remonte às origens da civilização, a relação entre alimentação e saúde
nunca foi tão estreita quanto nos dias de hoje. Uma receita de alimentação ideal
deve ser equilibrada em proteínas, açúcares, gorduras, fibras, minerais, vitaminas e
água, em doses balanceadas. Dessa forma, nenhum alimento isolado deve ser
ingerido em detrimento de outros para prevenir uma doença específica, uma vez
que diferentes alimentos fornecem diferentes substâncias vitais para a saúde.
Tabela 1. Principais funções das vitaminas presentes na cebola.
Vitamina Efeitos sobre o organismo Deficiência
B1
(Tiamina)
Melhor crescimento; maior resistência a infecções;
funções normais do sistema nervoso; aumento do
apetite; melhor digestão e absorção dos alimentos
Beribéri (confusão mental, perda
muscular)
B2
(Riboflavina)
Saúde da pele; bom funcionamento do trato
digestivo; formação de anticorpos e hemáceas
Lesões na mucosa bucal;
vermelhidão da língua
B3
(Niacina)
Equilíbrio do sistema nervoso e do metabolismo;
redução dos índices de colesterol; normalidade da
respiração e circulação; produção de hormônios
sexuais
Fraqueza muscular; falta de apetite
e erupções cutâneas; pelagra
(dermatite, demência e diarréia)
B5
(Ácido
pantotênico)
Regulação dos índices de açúcar no sangue; melhor
utilização das proteínas e vitaminas; formação de
anticorpos
Distúrbios intestinais, renais e
nervosos
B6
(Piridoxina)
Assimilação das proteínas; transmissão de impulsos
nervosos; formação de anticorpos
Distúrbios nervosos (irritabilidade,
convulsões)
B8
(Biotina)
Auxilio no crescimento; formação e utilização de
gordura; produção de anticorpos
Dermatite; palidez; náusea; queda
de cabelo; falta de apetite
B9
(Ácido fólico)
Manutenção da integridade do sangue e do sistema
nervoso; formação do feto
Baixo crescimento; anemia e outras
doenças sangüíneas; distúrbios no
trato gastrointestinal
C
(Ácido ascórbico)
Absorção de ferro; síntese de colágeno;
cicatrização; resistência a infecções; antioxidante
Escorbuto (baixa cicatrização, pele
seca, queda de dentes e problemas
de gengivas)
Tabela 2. Propriedades cientificamente comprovadas da cebola.
Efeito Ação
Antibacteriano Inibe bactérias causadoras de cáries e de distúrbios gástricos
Antifúngico Contra fungos causadores de micose
Cardiovascular Reduz o teor de gordura do sangue e o risco de trombose e de aterosclerose;
estimula o coração
Antiasmática Ameniza os sintomas da asma
Hipoglicêmico Auxilia no controle da diabetes
Anticancerígeno Reduz o risco de desenvolver câncer de esôfago, estômago e mama
Antiinflamatório Auxilia no combate a inflamações
Outros Antioxidante; desintoxicante de metais pesados
Clima
Valter Rodrigues Oliveira
José Lindorico Mendonça
Carlos Antonio Fernandes Santos
O fotoperíodo (número de horas de luz diária) e a temperatura são os dois fatores
climáticos que controlam a adaptação da cebola e limitam a recomendação de uma
mesma cultivar para uma faixa ampla de latitudes. A escolha de cultivares não tão
adequadas para as condições de cultivo (local e época) resulta em produtividade
baixa e/ou qualidade ruim dos bulbos. A temperatura, além de influenciar a
bulbificação, afeta diretamente o florescimento.
Fotoperíodo
Luz é provavelmente o fator ambiental mais importante envolvido no crescimento e
desenvolvimento de plantas. A cebola é fisiologicamente uma espécie de dias longos
para bulbificação que, de modo geral, não bulbifica em dias com duração inferior a
10 horas de luz. Sob fotoperíodos muito curtos, as plantas não mostram sinais de
bulbificação mesmo após períodos longos de crescimento. Satisfeitas as exigências
em fotoperíodo, tem início a formação do bulbo, independentemente do tamanho da
planta.
Em função do número de horas de luz diária exigido para que as plantas formem
bulbos comercializáveis, as cultivares de cebola são classificadas em quatro grupos:
de dias curtos (DC); de dias intermediários (DI); de dias longos (DL); e de dias
muito longos (DML). As DC iniciam a bulbificação em dias com pelo menos 12 horas
de luz; as DI exigem dias com 13 ou mais horas de luz; as DL exigem mais de 14
horas de luz diária; e as DML exigem dias com duração superior a 15 horas.
No Brasil, em função dos fotoperíodos que ocorrem ao longo do ano, as cultivares
possíveis de serem plantadas em condições normais de temperatura são as dos
tipos DC e DI. As cultivares DC podem ser cultivadas em quaisquer regiões,
enquanto as DI são mais adaptadas ao cultivo na região Sul do Brasil, desde que
plantadas na época certa. Cultivares DL não bulbificam bem, mesmo nas condições
de dias intermediários do extremo Sul do Brasil, devido ao fotoperíodo insuficiente
para bulbificação. Sob o aspecto de melhoramento, a ocorrência de fotoperíodo
curto a intermediário no Brasil limita o uso de populações DL em programas de
hibridação visando o desenvolvimento de cultivares DC.
Por serem geneticamente heterogêneas, cultivares de polinização aberta (não
híbridas) em condições de dias mais curtos que o mínimo exigido, apresentam
bulbificação variável, ou seja, uma proporção de plantas com bulbos normais, uma
com bulbos mal formados e outra de plantas que não bulbificaram. Por outro lado,
cultivares híbridas, por serem geneticamente mais homogêneas, tendem a
apresentar comportamento mais uniforme.
O efeito do fotoperíodo na bulbificação de cebola não é do mesmo tipo que ocorre
com a floração na maioria das espécies de dias longos, em que apenas algumas
horas de exposição ao fotoperíodo exigido pela espécie é suficiente para induzir a
floração de forma irreversível. No caso da bulbificação, é necessário que as folhas
sejam expostas a fotoperíodos indutivos para iniciar a fase de bulbificação e sejam
mantidas nessa condição continuamente até a senescência de todas as folhas verdes
para completa formação do bulbo.
O fotoperíodo crítico requerido por uma dada cultivar para a bulbificação é
normalmente mais curto e a taxa de bulbificação é maior quando a cultura é
estabelecida de bulbinhos ou de soqueira do que de sementes. Aparentemente,
algum estímulo à bulbificação permanece nos bulbos colhidos e promove a
bulbificação precoce no replantio.
Temperatura
Estímulo à bulbificação
Ainda que a duração do dia seja o fator principal para a indução, formação e
maturação do bulbo, seus efeitos são modificados pela temperatura. A bulbificação
apenas se inicia quando a combinação dos fatores determinantes da bulbificação
(fotoperíodo e temperatura) de cada cultivar é atingida.
O comprimento do dia necessário para iniciar a bulbificação diminui quando a
temperatura aumenta, mas nenhuma bulbificação ocorre, mesmo em temperaturas
altas, se o comprimento do dia for insuficiente. Temperaturas altas diurnas são
promotoras da bulbificação mais eficientes do que temperaturas altas noturnas.
Temperaturas extremamente altas (> 35ºC) na fase inicial de crescimento das
plantas podem provocar a bulbificação precoce, e é um dos inconvenientes do
plantio no verão no Brasil. Temperaturas baixas podem alongar o fotoperíodo crítico
e podem prejudicar a formação dos bulbos. Exposição a breves períodos de frio
extremo (< 6ºC) favorece o engrossamento do pseudocaule.
Em condições indutivas, ou seja, uma vez satisfeitas as exigências fotoperiódicas
para a bulbificação, os bulbos crescem e amadurecem mais rapidamente sob
temperaturas altas. Sob temperaturas baixas o processo é atrasado. Ressalta-se
que não há efeito da temperatura alta sobre a taxa de crescimento do bulbo se o
fotoperíodo não for indutivo. É importante temperaturas elevadas para completa
formação dos bulbos, ideal entre 15 e 25ºC.
Quando culturas são estabelecidas de bulbinhos, a formação e maturação do bulbo
são atrasadas e haverá requerimento de fotoperíodo maior para bulbificação quando
bulbinhos são armazenados sob temperaturas altas (28 a 30ºC) por vários meses
antes do plantio. Algum estímulo à bulbificação presente no bulbinho pode ser
destruído pela exposição prolongada a temperaturas altas. O período para completa
maturação dos bulbos é ampliado em condições climáticas mais frias após plantio.
Estímulo ao florescimento
A temperatura é o fator meteorológico mais importante na passagem das plantas de
cebola da condição vegetativa para reprodutiva. Para induzir o florescimento, é
necessário expor as plantas ou seus bulbos a um período prolongado de frio, cujo
binômio duração do frio e temperatura críticos exigidos variam com cada cultivar e
tamanho da planta.
O florescimento em uma cultura destinada a produção de bulbos (florescimento
prematuro ou "bolting") é prejudicial e ocorre quando as plantas são expostas a
períodos prolongados de frio, após estas terem atingido determinada idade
fisiológica, geralmente de três a cinco folhas. Exposição a temperaturas menores
que 9°C por duas a três semanas, de modo geral, causa "bolting". Plantas maiores
requerem menor tempo de exposição a baixas temperaturas para a iniciação floral.
Logo, práticas culturais que favoreçam a formação de plantas grandes quando existe
a possibilidade de temperaturas frias, tais como plantio precoce e fertilização em
excesso no início do ciclo, acentuam o problema.
Índices altos de florescimento prematuro podem resultar reduções significativas de
produtividade em cultivos comerciais de cebola. Na região Sul do Brasil, o plantio de
cebola precoce não deve ser realizado muito cedo (em março a abril), pois pode
haver elevada incidência de florescimento prematuro em função da exposição de
plantas a temperaturas baixas. Semeios realizados de maio em diante, de modo
geral, propiciam menor taxa de florescimento prematuro. Cultivares desenvolvidas
para a região Nordeste do Brasil, como as da série IPA, são menos exigentes em
graus baixos de temperatura e tempo de exposição ao frio para florescer do que as
cultivares desenvolvidas para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Precipitação e umidade
Os fatores meteorológicos precipitação e umidade, embora não exerçam efeito sobre
a iniciação da bulbificação e florescimento, exercem efeito sobre a rapidez de
desenvolvimento dos bulbos e estrutura floral, além de afetar o estado fitossanitário
e a qualidade dos bulbos na colheita.
Chuvas em excesso nas últimas etapas da maturação, quando as folhas estão
começando a murchar, favorecem o apodrecimento dos bulbos ainda no campo.
Além disso, chuvas em excesso em qualquer etapa do desenvolvimento da cebola
prejudicam a produção, pois as raízes da cebola morrem quando inundadas. Para
boa qualidade dos bulbos é necessário contar com tempo seco durante a colheita e a
cura da cebola. Bulbos que são colhidos em tempo úmido normalmente apodrecem
imediatamente após colhidos.
A umidade relativa elevada favorece a incidência de doenças foliares. Quando
severas, tais enfermidades aumentam demasiadamente o custo de produção,
podendo inclusive comprometer totalmente a produção.
Preparo do solo
Ronessa Bartolomeu de Souza
Francisco Vilela Resende
Nuno Rodrigo Madeira
O manejo criterioso da adubação consiste em otimizar a produtividade, satisfazendo
as necessidades da cultura pela adoção de técnicas que propiciem maior eficiência
no uso dos adubos, da água, da mão de obra e dos demais insumos, minimizando as
perdas de nutrientes por lixiviação, erosão e volatilização. A aplicação racional de
fertilizantes exige o conhecimento da disponibilidade de nutrientes no solo, das
exigências nutricionais da cultura e da avaliação do estado nutricional das plantas.
A disponibilidade de nutrientes é avaliada por meio da análise química do solo, e o
estado nutricional das plantas por meio da diagnose foliar (análise de tecidos
vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de carência ou excesso).
Independente do sistema de cultivo, seja convencional, plantio direto ou orgânico, é
fundamental o preparo adequado do solo, a correção da acidez e a aplicação de
fertilizantes em quantidades adequadas, de acordo com as exigências da cultura e
considerando a disponibilidade de nutrientes no solo.
As recomendações de calagem e adubação para o cultivo da cebola são
praticamente as mesmas para os métodos de plantio por semeadura direta, por
mudas, por bulbinhos ou por bulbos de soqueira, variando apenas com o sistema de
cultivo. O sistema de plantio direto ou cultivo mínimo, de uso relativamente recente
no Brasil, vem utilizando as recomendações de adubação e calagem do sistema
convencional sem nenhum prejuízo. Inclusive, têm sido constatadas produtividades
elevadas em virtude de menores perdas dos fertilizantes aplicados. Por outro lado, o
preparo e o manejo do solo são totalmente diferentes do sistema convencional. Já
no sistema orgânico de plantio, mesmo quando o preparo do solo é feito de maneira
similar ao convencional, por meio de aração e gradagem, a adubação e o manejo do
sistema são vistos e praticados de maneira totalmente diversa. Em sistemas
orgânicos de produção, deve ser evitado o manejo das adubações de forma similar
ao sistema de agricultura convencional. Fazer adubações com a mesma quantidade
e freqüência do sistema convencional pode não apresentar os resultados esperados,
pois algumas fontes orgânicas apresentam liberação lenta de nutrientes para as
plantas e estes nutrientes estão ligados a moléculas complexas, dependendo de
processos bioquímicos para se tornarem disponíveis.
Sistema convencional
Preparo do solo e calagem
A cebola desenvolve-se melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, com
boa retenção de umidade, bem drenados e “leves”. Em geral, os solos de textura
média, quando bem drenados, são os mais indicados por possuírem boas condições
físicas e maior eficiência produtiva. Entretanto, é possível cultivar cebola em solos
argilosos, como por exemplo os Latossolos Vermelhos provenientes de rochas
basálticas, comuns no estado de São Paulo e no Sul do Brasil, desde que
apresentem as características descritas acima. Solos muito arenosos apresentam o
inconveniente da baixa retenção de umidade e possibilidade de lixiviação de adubos,
que podem contaminar águas subterrâneas causando problemas ambientais. Solos
muito argilosos e “pesados” prejudicam o desenvolvimento dos bulbos e podem
causar deformações e baixa qualidade comercial.
Para o preparo do solo neste sistema, geralmente são feitas uma a duas arações e
duas gradagens. Quando o semeio é realizado diretamente no campo, o solo deve
estar obrigatoriamente bem destorroado e aplainado, de modo a obter-se
uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. No
caso de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de
forma que, dependendo das características do solo, muitas vezes são suficientes
apenas uma aração visando atingir a profundidade de pelo menos 20 cm seguida
por uma gradagem. Para o plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas
recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas.
Ainda sobre o plantio de mudas, imediatamente após a gradagem faz-se o
levantamento dos canteiros. Entretanto, em solos bem drenados, sem problemas de
compactação, pode-se prescindir desta operação fazendo o transplante das mudas
no nível do solo.
A cebola é relativamente sensível à acidez dos solos, desenvolvendo-se melhor em
condições de pH (em água) de 6,0 a 6,5 e de, no máximo, 5% de saturação por
Al3+. Dessa forma, a calagem é fundamental para o cultivo da cebola nos solos
brasileiros, em sua maioria ácidos e com teores elevados de alumínio trocável. A
calagem deve ser calculada com base na análise de solo, utilizando-se de um dos
critérios descritos a seguir:
Método da elevação da porcentagem de saturação por bases
t.ha-1 de calcário = (V2 - V1).T/PRNT, em que:
V2 = 70% (saturação por bases desejada);
V1 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca2++Mg2++K+).100]/T;
T = capacidade troca catiônica [Ca2++Mg2++K++(H + Al)] em cmolc.dm-3;
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado.
Método da neutralização do Al3+ e fornecimento de Ca2++Mg2+
t.ha-1 de calcário = Y.[Al3+-(mt.t/100)]+[X-(Ca2++Mg2+)].100/PRNT, em que:
X = exigência em cálcio e magnésio pela cultura (para cebola X = 3,0);
mt = máxima saturação por alumínio tolerada pela cultura (para cebola mt = 5,0);
Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo podendo ser
definido de acordo com a textura. Para solos arenosos (0 a 15% de argila); textura
média (16 a 35); argilosos (36 a 60); muito argilosos (61 a 100), usa-se valores de
Y de 0,0 a 1,0; 1,0 a 2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0, respectivamente.
Método SMP
Este método, utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se
no índice SMP para a recomendação de calagem. Para o cultivo da cebola, uma vez
determinado o índice SMP na análise de solo, obtém-se a quantidade de calcário a
ser aplicada para elevar o pH do solo a 6,0 mediante o uso da Tabela 3.
O calcário deve ser distribuído uniformemente a lanço por toda a área a ser
cultivada e incorporado ao solo por meio de gradagem, com antecedência em
relação ao plantio, suficiente para que reaja com o solo, o que só ocorre na
presença de umidade, levando em torno de 60 a 90 dias. Deve-se utilizar calcário
com elevado PRNT (poder relativo de neutralização total), característica que se
baseia na granulometria e no teor de neutralizantes, e com uma relação adequada
entre cálcio e magnésio, conforme a disponibilidade destes nutrientes no solo. O
calcário calcinado, de maior custo, pode ser interessante para casos em que se
tenha urgência para o plantio, visto que esse reage em cerca de 15 dias. Para o
estado de São Paulo é recomendado teor mínimo de 0,9 cmolc.dm-3 de magnésio
no solo para o cultivo da cebola. Assim, no caso do uso de calcário com baixos
teores de magnésio, deve-se suplementar com outra fonte, como o sulfato de
magnésio em quantidade suficiente para atingir 0,9 cmolc.dm-3 deste nutriente e
relação Ca:Mg de aproximadamente 3:1.
Adubação de plantio
A recomendação de adubação para a cebola deve ser feita com base nos resultados
da análise de solo. Geralmente, utiliza-se a mesma recomendação de adubação para
os quatro métodos de cultivo: semeadura direta, por mudas, por bulbinhos e por
bulbos de soqueira. Para as regiões cebolicultoras do Brasil existem recomendações
de adubação adequadas e calibradas às suas condições de solo e clima e que,
portanto, apresentam
Tabela 3. Quantidade de calcário (PRNT 100%) com base no índice SMP, visando a
atingir o pH 6,0 em água, para correção da acidez dos solos do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina.
Índice
SMP
Calcário
t.ha-¹
Índice
SMP
Calcário
t.ha-¹
Índice
SMP
Calcário
t.ha-¹
< ou = 4,4 21,0 5,3 7,5 6,2 2,2
4,5 17,3 5,4 6,8 6,3 1,8
4,6 15,1 5,5 6,1 6,4 1,4
4,7 13,3 5,6 5,4 6,5 1,1
4,8 11,9 5,7 4,8 6,6 0,8
4,9 10,7 5,8 4,2 6,7 0,5
5,0 9,9 5,9 3,7 6,8 0,3
5,1 9,1 6,0 3,2 6,9 0,2
5,2 8,3 6,1 2,7 7,0 0,0
Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC (1994).
algumas variações. Sendo assim, é aconselhável adotar as recomendações para o
seu estado ou para aquele com condições edafoclimáticas mais próximas. Na região
Sudeste, os estados de Minas Gerais e São Paulo têm recomendações de adubação
próprias conforme as Tabelas 4 e 5.
As recomendações para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão na
Tabela 6. Convém salientar que apenas nestes estados faz-se a recomendação da
adubação com nitrogênio (N) com base na análise de solos em função do teor de
matéria orgânica. Em caso de cultivos sucessivos de cebola, recomenda-se aplicar
as quantidades de fósforo (P) e potássio (K) referentes à reposição.
Para o estado de Pernambuco, as recomendações de adubação com N, P e K
encontram-se na Tabela 7. Na Tabela 8 estão as quantidades de adubos
recomendadas para o cultivo da cebola na região do Distrito Federal. Nesta região,
predominam os latossolos sob vegetação de cerrado, de baixa fertilidade natural e
com altíssima capacidade de adsorção de fosfatos, o que explica as elevadas doses
de P necessárias ao cultivo da cebola, quando comparadas às demais regiões.
Adubação em cobertura
Independente do sistema, é recomendável realizar uma adubação em cobertura com
N e K no período de 30 a 40 dias após o plantio, sendo sugerido aplicar,
respectivamente, 70% e 50% do total destes nutrientes em Minas Gerais e no Rio
Grande do Sul e Santa Catarina. Em solos muito arenosos como os Neossolos
Quartzarênicos, a adubação em
Tabela 4. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola no estado de
Minas Gerais.
Fósforo Potássio Nitrogênio
P no solo (Mehlich-1)
mg.dm-3
Dose P2O5
(kg.ha-1)
K no solo
(mg.dm-3)
Dose K2O1/
(kg.ha-1)
Dose N1/
(kg.ha-1)
Baixo
Argiloso2/
< 32
Text. média
<48
Arenoso
<80
300 <50 180 120
Médio
Argiloso
32-47
Text. média
78-79
Arenoso
80-119
220 51-90 120 120
Bom
Argiloso
48-72
Text. média
80-120
Arenoso
120-180
100 91-140 50 120
Muito Bom
Argiloso
>72
Text. média
>120
Arenoso
>180
50 >140 50 120
1 Aplicar 70% do K e N em cobertura aos 40 dias após o plantio (DAP).
2 Considera-se como argilosos, de textura média e arenosos aqueles solos com
teores maiores que 35, de 15 a 35, e menores que 15% de argila, respectivamente.
Aplicar 40 t.ha-1 de esterco de curral curtido.
Fonte: Ribeiro et al. (1999).
Nitrogênio Fósforo Potássio
Dose N
(kg.ha-1)
P Resina
(mg.dm-3)
Dose P2O5
(kg.ha-1)
K no solo
(mg.dm-3)
Dose K2O
(kg.ha-1)
Plantio < 20 300 < 59 150
30 26-60 150 60-119 120
> 60 90 > 120 60
Cobertura1/ Cobertura1/
30-60 30-60
1 Nos sistemas de semeadura direta, mudas e soqueira realizar a adubação com N e
K em cobertura parcelada em 2 vezes (50% de cada vez) aos 25 e 50 DAP. Para
formação do bulbinho, aplicar no máximo 10 kg ha-1 de N em cobertura e para
formação do bulbo aplicar de 10 a 20 kg ha-1 aos 5 dias e 20 a 40 kg ha-1 de N
após 25 dias do plantio do bulbinho.
Aplicar 15 t.ha-1 de esterco de curral curtido ou 5 t ha-1 de esterco de galinha
curtido e 30 a 50 kg.ha-1 de S.
Fonte: Raij et al. (1996).
Tabela 6. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola nos estados do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Teor de P no solo (mg.dm-3)
Faixa de
Teores de P
no solo
Dose P2O5
(kg.ha-1)
K no solo
(mg.dm-3)
Dose K2O
(kg.ha-1)
Mat.
orgânica
(mg.dm-3)
Dose N2/
(kg.ha-1)A1/ B C D E
< ou
= 1
< ou
=
1,5
< ou
= 2
< ou
= 3
< ou
= 4
Limitante 250 < ou = 20 210
1-2
1,
6-3
2,
1-4
3,
1-6
4,
1-8
Muito baixo 200 21-40 170
2, 3, 4, 6, 8, Baixo 160 41-60 130 < ou = 25 95
1-4 1-6 1-9 1-12 1-16
4,
1-6
6,
1-9
9,
1-14
12,
1-18
16,
1-24
Médio 120 61-80 90 26-50 75
6,
1-8
9,
1-12
14,
1-18
18,
1-24
24,
1-30
Suficiente 80 81-120 60 --- ---
> 8 > 12 > 18 > 24 > 30 Alto
< ou =
50
> 120 < ou = 60 > 50 < ou = 55
Reposição3/ 35 > ou = 90
1 Refere-se às classes de solos em função do teor de argila sendo A = 56 a 100; B
= 41 a 55; C =26 a 40; D = 11 a 25 e E = 0 a 10% de argila.
2 Aplicar 50 % da dose de N em cobertura aos 45 dias após o plantio.
3 Doses de reposição são utilizadas no caso de cultivos sucessivos.
Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC (1994).
Tabela 7. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola em
Pernambuco.
Nitrogênio Fósforo Potássio
Dose N P no solo (Mehlich -1) Dose P2O5 K no solo DoseK2O
(Kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1)
Plantio < 6 180 < 30 180
45 6-10 135 31-60 135
Cobertura1/
11-20 90 61-100 90
90 > 20 45 > 100 45
1 Realizar a adubação em cobertura aos 30 DAP. Em solos arenosos (< 15% de
argila) é recomendável parcelar o nitrogênio em duas vezes aos 25 e 50 DAP e
também aplicar 50% da dose de potássio em cobertura aos 50 DAP.
Fonte: Cavalcanti (1998).
Tabela 8. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola no Distrito
Federal.
Nitrogênio Fósforo Potássio
Dose N P no solo (Mehlich -1) Dose P2O5 K no solo DoseK2O
(Kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1)
Plantio < 10 600-700 < 60 80-120
50 11-30 500-600 61-120 40-80
Cobertura1/ 31-60 300-400 121-240 0-40
50 > 60 100-200 > 240 -
1 Cobertura com N aos 40 DAP. Aplicar 2 e 4 kg.ha-1 de Boro e Zinco no plantio,
respectivamente.
FONTE: EMATER-DF (1987).
cobertura com N e K deve ser fracionada em duas (30 e 50 dias após o plantio -
DAP) ou três vezes (15, 30 e 50 DAP) para maior aproveitamento dos adubos,
conforme sugerido para o Estado de Pernambuco.
Adubação orgânica
Independente da região, a adubação orgânica é sempre recomendada. Entretanto,
deve-se considerar a quantidade de N do adubo orgânico a fim de evitar
desequilíbrios na cultura por excesso deste nutriente e problemas ambientais em
decorrência da lixiviação de nitrato, presente em quantidades elevadas em alguns
tipos de adubos orgânicos, especialmente no esterco de matrizes. A recomendação
para o estado de Minas Gerais é de 40 t.ha-1 de esterco de curral curtido enquanto
para São Paulo é de 15 t.ha-1 ou a terça parte de esterco de galinha, ou ainda 500
kg.ha-1 de torta de mamona. Para o estado de Pernambuco, são recomendados 30
m3.ha-1 de esterco de curral curtido ou de outro produto orgânico em quantidade
equivalente, principalmente para o cultivo em solos arenosos. A aplicação deve ser
feita com antecedência de pelo menos 15 dias da semeadura ou transplante das
mudas. No sistema de bulbinhos, não devem ser utilizados adubos orgânicos com
altos teores de nitrogênio, aplicando no máximo 10 t.ha-1 de esterco de curral
curtido ou 3 t.ha-1 de esterco de galinha em solos pobres e com baixo teor de
matéria orgânica.
Adubação com enxofre e micronutrientes
Para a cebola, o enxofre (S) tem função especial por ser constituinte dos compostos
responsáveis pela pungência. Porém, devido à presença de S na composição do
superfosfato simples e do sulfato de amônio, muitas vezes este nutriente é
esquecido. Entretanto, por vezes, utilizam-se outras fontes de N e P que não contém
S. Portanto, em situações de baixos teores de matéria orgânica no solo e/ou de
utilização de adubos concentrados como uréia e superfosfato triplo ou de fórmulas
que não contêm S, deve-se acrescentar de 30 a 50 kg.ha-1 de S juntamente com a
adubação NPK, independente do sistema de plantio.
Quanto aos micronutrientes, apenas para o estado de São Paulo existem
recomendações baseadas na análise de solo (Tabela 9). Nas demais regiões,
recomenda-se em torno de 1 a 2 kg.ha-1 de boro e de 2 a 4 kg.ha-1 de zinco, sem
considerar a análise de solo. Estes nutrientes devem ser aplicados no sulco de
plantio antes do transplante das mudas ou incorporados ao solo antes do semeio.
Em organossolos ou solos com elevados teores de matéria orgânica é bastante
comum ocorrer deficiência de cobre, recomendando-se aplicar de 1 a 2 kg.ha-1 de
cobre. Em áreas que receberam adubos orgânicos de boa qualidade por sucessivos
anos, pode-se prescindir da aplicação de micronutrientes.
Tabela 9. Recomendação de adubação com os micronutrientes B, Zn e Cu para o
plantio de cebola de acordo com a análise de solo para o estado de São Paulo.
B (mg.dm-3
) Zn (mg.dm-3
) Cu (mg.dm-3
)
< 0,2 0,21-0,6 >0,60 < 0,5 0,6-1,2 >1,2 < 0,2 0,3-1,0 >1,0
Dose B (kg.ha-1) Dose Zn (kg.ha-1) Dose Cu (kg.ha-1)
2 1 0 5 3 0 4 2 0
Fonte: Raij et al. (1996).
Sistemas de Plantio Direto
O plantio direto de cebola, por alguns também chamado de cultivo mínimo ou
plantio na palha, surgiu em resposta ao agravamento contínuo dos processos
erosivos, tendo por base o conhecimento adquirido em grãos, seguindo três
princípios básicos: rotação de culturas, cobertura e revolvimento mínimo do solo.
Este sistema vem sendo implementado pelos métodos de semeadura direta e
transplante de mudas.
Antes de implantar sistemas de plantio direto em áreas sob sistema convencional,
recomenda-se adequar o solo mediante a redução de possíveis problemas pré-
existentes, tais como a correção da acidez, a eliminação de camadas subsuperficiais
compactadas, pelo uso de subsolador ou escarificador, e a redução da população de
plantas espontâneas problemáticas, pelo controle químico e/ou mecânico.
Como benefícios, tem se verificado a minimização dos processos erosivos, a redução
na mecanização e no uso de água e energia, a diminuição da infestação por plantas
espontâneas, a atenuação dos extremos de temperatura no solo, a melhoria das
características físicas, químicas e biológicas do solo, entre outras. Entretanto, por se
tratar de tecnologia dinâmica e inovadora, exige acompanhamento constante e
adaptações locais para que se obtenha sucesso na sua adoção.
Preparo de solo
No plantio direto, o preparo de solo é localizado, restrito às linhas de plantio (no
método de semeadura direta) ou aos sulcos de transplante (no método de
transplante de mudas) sobre a cobertura morta da cultura antecessora, chamada de
planta de cobertura.
O manejo da palhada das plantas de cobertura pode ser feito pela roçada ou
acamamento sem a dessecação quando em sistemas orgânicos, enquanto que em
sistemas convencionais, em que se utilizam herbicidas, é comum a aplicação de
dessecantes como Paraquat e Gliphosate. A dessecação por herbicida pode ser
associada à roçada ou à trituração (no caso de milho após a colheita mecânica) ou o
acamamento pode ocorrer naturalmente após a morte das plantas de cobertura (a
exemplo de milheto ou aveia-preta).
Para o transplante de mudas, a adubação pode ser feita de duas formas: a lanço,
em área total, anteriormente ao sulcamento, com incorporação parcial dos
fertilizantes pelo revolvimento localizado nos sulcos de plantio; simultaneamente ao
sulcamento, pela adaptação de depósitos de adubo e mecanismos de distribuição
nos sulcos.
Para a semeadura direta, a disposição de fertilizantes é feita nas linhas de plantio,
simultaneamente ao semeio.
Calagem e adubação
O cultivo mínimo, de uso relativamente recente no Brasil, vem utilizando as
recomendações de calagem e adubação do sistema convencional sem nenhum
prejuízo; ao contrário, com elevadas produtividades em virtude de menores perdas
dos fertilizantes aplicados.
Com relação à calagem, previamente à implantação do sistema de cultivo mínimo,
deve-se efetuar a correção da acidez do solo, por meio da incorporação de corretivo
em toda a sua camada arável, aproximadamente os 20 a 30 cm superficiais. Uma
vez instalado o plantio direto, deve-se realizar análises de solo pelo menos uma vez
por ano. Quando necessário, isto é, quando a V% estiver abaixo de 50%, deve-se
efetuar a correção do solo, distribuindo-o uniformemente em cobertura. De modo
geral, o processo de acidificação no plantio direto ocorre mais lentamente e de
forma concentrada principalmente na camada de 0 a 5 cm de profundidade, devido
à mineralização dos restos culturais na superfície e à utilização de adubos
nitrogenados. A quantidade a aplicar dependerá dos resultados da análise de solo.
Quando comparado a sistemas convencionais de plantio, é comum em sistemas de
plantio direto a reaplicação de calcário mais freqüentemente, porém em menores
doses.
Quanto à adubação, em geral utilizam-se as mesmas recomendações do sistema
convencional, seja para o transplante de mudas quanto para o semeio diretamente
sobre a palhada. As doses de adubos fosfatados e potássicos recomendadas para o
sistema convencional têm mantido elevada a produtividade das culturas no cultivo
mínimo.
Em sistemas agrícolas onde se adotou sistemas de plantio direto, com adubação
restrita às linhas de plantio, em substituição a sistemas de plantio convencional que
utilizam adubação a lanço em área total previamente ao encanteiramento, tem se
observado redução na quantidade de adubo aplicado no plantio em torno de 30 a
50% sem prejuízo na produtividade.
Especificamente, quanto à adubação nitrogenada, a recomendação varia conforme a
planta de cobertura utilizada para a formação da palhada. Se espécies leguminosas
foram utilizadas, deve-se ajustar as recomendações do sistema convencional,
considerando a quantidade de N incorporada ao sistema (Tabela 10), reduzindo ou,
até mesmo, dispensando a adubação no plantio, desde que este seja efetuado até
15 a 20 dias após o manejo da palhada. Por outro lado, se foram utilizadas
gramíneas para a formação de palhada, deve-se aumentar a dosagem recomendada
em torno de 20 a 50% conforme o volume de palhada em cobertura no solo, pois
em função da alta relação C/N na sua composição este material seqüestra N do
sistema para se decompor.
Sistemas orgânicos de plantio
Preparo do solo e calagem
Neste sistema, à semelhança do sistema convencional, geralmente o preparo do
solo consiste de calagem quando necessária, aração, gradagem e levantamento dos
canteiros.
Tabela 10. Plantas de cobertura e as respectivas produções médias de massa
verde, massa seca, N (nitrogênio) fixado e duração do ciclo até o florescimento.
Planta de
cobertura
Massa verde
(t.ha-1)
Massa seca
(t.ha-1)
N
(kg.ha-1)
Ciclo até o
florescimento
Aveia-preta 30-60 3-6 - 70 - 130
Azevém 30-60 3-6 - 150 - 180
Calopogônio 20-30 4-5 64-450 180 - 210
Crotalaria juncea 50-70 15-20 150-165 90 - 120
Crotalaria spectabilis 20-30 4-6 60-120 90 - 100
Ervilhaca 20-30 4-6 120-180 120 - 150
Feijão-de-porco 20-40 3-6 50-190 90 - 100
Feijão guandu 20-40 5-9 40-280 150 - 180
Feijão guandu anão 20-30 4-7 100-170 90 - 120
Labe-labe 15-30 5-9 65-130 120 - 150
Milheto 40-50 8-10 - 60 - 90
Mucuna anã 10-20 2-4 50-100 90 - 120
Mucuna preta 40-50 7-8 170-210 150 - 180
Nabo forrageiro 25-50 2-5 - 60 - 90
Soja perene 25-40 4-10 40-450 210 - 240
Sorgo forrageiro 15-30 4-8 - 55 - 70
para o plantio de mudas. Como no sistema orgânico a quantidade de calcário é
limitada a no máximo 2 t.ha-1, deve-se utilizar calcário dolomítico e, de preferência,
três meses antes do plantio. As quantidades de calcário e adubos devem ser
calculados com base na análise química do solo. Em solos de primeiro ano é
bastante comum realizar fosfatagem utilizando fontes de fósforo permitidas para o
cultivo orgânico que são os termofosfatos, fosfatos naturais e/ou fosfatos reativos.
É fundamental também a utilização de adubos verdes de leguminosas, em cultivo
solteiro ou em consórcio com gramíneas. Para maior eficiência do sistema é
desejável que as espécies de adubos verdes apresentem crescimento rápido, boa
cobertura do solo e elevada produção de biomassa. Portanto, é necessário
selecionar as espécies de adubos verdes mais adaptadas de acordo com as
condições de solo, clima e época de plantio.
Adubação de plantio
A aplicação do adubo orgânico pode ser feita a lanço, distribuída em toda a área
antes do encanteiramento, utilizando o equivalente a 10 t.ha-1 de composto
orgânico em termos de massa seca. Como alternativa pode ser utilizada a mesma
quantidade de composto de farelos ou de esterco de curral curtido, ou ainda a
metade de esterco de aves. Além do adubo orgânico, uma vez constatado teores
baixos de fósforo na análise de solo, deve-se aplicar de 100 a 200 g.m-2 de
termofosfato no plantio.
O cálculo das dosagens de adubos orgânicos para o plantio pode ser feito também
levando-se em consideração a análise do solo, a composição química do adubo e a
exigência da cultura. Como exemplo, considere o plantio de um hectare de cebola
em que pela análise de solo se recomende aplicar 120 kg de N, 180 kg de K2O e
300 kg de P2O5 e têm-se disponíveis os adubos orgânicos com suas respectivas
composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc)
apresentados na Tabela 11.
Esterco bovino necessário:
N = kg.ha-1 de N recomendada pela análise de solo x fc para N = 120 x 20 = 2.400
kg.ha-1 de esterco bovino que fornece também:
P = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para P = 2.400/40 = 60 kg.ha-1;
K = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para K = 2.400/20 = 120 kg.ha-1.
Para completar o K, vamos usar cinzas como adubo:
K = (kg.ha-1 de K recomendado - kg.ha-1 de K fornecido pelo esterco bovino) x fc
para K = (180 - 120) x 10 = 600 kg.ha-1 de cinzas que fornece também:
P = kg.ha-1 de cinzas: fc para P = 600/40 = 15 kg.ha-1.
Para completar o P, vamos usar o fosfato natural:
P = (kg.ha-1 de P recomendado - kg.ha-1 de P fornecido pelo esterco bovino -
kg.ha-1 de P fornecido pelas cinzas) x fc para P = (300 – 60 -15) x 3,3 = 742
kg.ha-1 de fosfato natural.
Portanto, para atender as recomendações indicadas pela análise de solo neste
exemplo, para o plantio de um hectare de cebola devemos aplicar uma mistura
contendo 2.400 kg de esterco bovino, 600 kg de cinzas e 742 kg de fosfato natural.
Estes cálculos levam em consideração apenas a constituição química dos adubos,
sendo que os aspectos físicos e biológicos do solo, muito importantes nos sistemas
de produção orgânicos, não são considerados. Portanto, as quantidades
recomendadas no exemplo acima podem ser aumentadas considerando as
características climáticas e de solo de cada região.
Adubação em cobertura
Trinta dias após o transplante, faz-se uma adubação em cobertura com 5 t.ha-1 de
composto orgânico (massa seca) ou aplicação de 0,4 l.m-2 de extrato de composto
(composto orgânico:água, relação em volume de 1:3) ou de biofertilizantes líquidos.
Fertilizante orgânico Composição química
N P K
%MS fc1/ %MS fc1/ %MS fc1/
Esterco Bovino 5 20 2,5 40 5 20
Fosfato Natural - - 30 3,3 - -
Cinzas - - 2,5 40 10 10
1 fc = 100/%MS
Avaliação do estado nutricional
O diagnóstico do estado nutricional das plantas é realizado por meio da diagnose
foliar (análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de
deficiência ou excesso). A análise química foliar é importante para o ajuste fino da
adubação, visando a maximizar a produtividade e a aumentar a eficiência no uso
dos fertilizantes.
Para a cebola, recomenda-se amostrar a folha mais alta por ocasião do meio do ciclo
da cultura em número de 40 folhas por talhão homogêneo. A diagnose visual, por
sua vez, é também útil para diagnosticar desequilíbrios nutricionais. Entretanto,
quando os sintomas se manifestam, a produção já pode estar prejudicada. Portanto,
em qualquer cultivo, o ideal é que não ocorram sintomas visuais de desequilíbrios e,
se ocorrerem, que sejam detectados e corrigidos o mais rápido possível.
Os sintomas de desequilíbrios nutricionais mais comumente observados na
cultura da cebola são os seguintes:
Nitrogênio - sua deficiência causa redução do crescimento das plantas e folhas com
coloração verde claro, progredindo para o amarelo nas folhas mais velhas, podendo
chegar a uma cor verde-amarelo na planta inteira em caso de deficiência
prolongada. Ocorre também redução do tamanho dos bulbos. Convém lembrar que
temperaturas baixas, excesso de água ou seca prolongada podem causar sintomas
semelhantes.
O excesso de nitrogênio pode ocasionar diversos problemas tais como alongamento
do ciclo, plantas com “pescoço grosso”, muito viçosas, com excesso de folhas e que
em geral não produzem bulbos de boa qualidade. Além disso, aumenta a
suscetibilidade a doenças foliares e diminui a conservação pós-colheita dos bulbos.
Potássio - sob deficiência deste nutriente, as folhas mais velhas tornam-se
cloróticas e secas nas pontas; ocorre diminuição do tamanho dos bulbos. O potássio
aumenta a tolerância a doenças e propicia melhor formação do bulbo e maior
conservação pós-colheita, sendo essencial o balanço potássio/nitrogênio para o bom
desenvolvimento e qualidade da cebola. Não se conhece sintomas visíveis de toxidez
de K, entretanto seu excesso induz deficiências de magnésio e cálcio.
Fósforo - sua carência resulta em menor crescimento das plantas, com clorose das
folhas mais velhas que se secam em seguida; as folhas mais jovens tornam-se de
cor verde escura, finas e menores; ocorre também redução do tamanho dos bulbos.
O excesso de P pode causar deficiências induzidas de micronutrientes,
especialmente de zinco e cobre.
Cálcio - os sintomas de deficiência manifestam-se inicialmente nas folhas mais
novas que tombam sem se quebrarem, mesmo estando aparentemente sadias. Após
alguns dias, estas folhas começam a secar do ápice para a base, adquirindo
coloração palha; posteriormente, são acometidas as folhas intermediárias e, por
último, as mais velhas, que são igualmente afetadas em caso de deficiência
prolongada de cálcio. Toxicidade deste nutriente ainda não foi relatada; entretanto,
sabe-se que o excesso ocasiona desequilíbrios com outros nutrientes, especialmente
o magnésio e o potássio.
Magnésio - sua deficiência ocasiona secamento da ponta das folhas mais velhas e
redução do tamanho dos bulbos.
Enxofre - folhas mais novas tornam-se cloróticas e algumas vezes deformadas em
condições de deficiência deste nutriente. O enxofre influencia o sabor e o aroma da
cebola, de tal forma que existe relação direta entre o teor de enxofre do solo e a
pungência do bulbo. Mesmo as cultivares de cebola suaves tornam-se mais
pungentes com o aumento da disponibilidade de enxofre no solo. A adequada
nutrição em enxofre é também importante para a maior conservação pós-colheita
dos bulbos.
Micronutrientes - em condições normais, nos solos brasileiros apenas o boro e o
zinco e, em alguns casos, o cobre têm se mostrado deficientes para a cultura da
cebola. Ferro, manganês, molibdênio e cloro geralmente não representam
problemas.
Boro - plantas deficientes apresentam crescimento reduzido, folhas retorcidas,
espessas, quebradiças e com partes secas a partir do ápice; as escamas
apresentam-se desidratadas e surgem necroses naquelas da região meristemática;
aumenta a incidência de podridões durante o armazenamento dos bulbos diminuindo
a conservação pós-colheita.
Zinco - a carência provoca redução no crescimento das plantas, estrias nas folhas, e
algumas vezes, encurvamento das mesmas com clorose. Podem ocorrer ainda
manchas cloróticas nas folhas mais novas e manchas irregulares amareladas nas
folhas mais velhas.
Cobre - sob deficiência, as plantas apresentam-se fracas e sem firmeza e as folhas
com clorose esbranquiçada, além de retorcidas e com necrose nas pontas.
Plantio Direto
Nuno Rodrigo Madeira
Francisco Vilela Resende
Ronessa Bartolomeu de Souza
O plantio direto de cebola, por alguns também chamado de cultivo mínimo ou
plantio na palha, surgiu em resposta ao agravamento contínuo dos processos
erosivos, tendo por base o conhecimento adquirido em grãos, seguindo três
princípios básicos: rotação de culturas, cobertura e revolvimento mínimo do solo.
Este sistema vem sendo implementado pelos métodos de semeadura direta e
transplante de mudas.
Antes de implantar sistemas de plantio direto em áreas sob sistema convencional,
recomenda-se adequar o solo mediante a redução de possíveis problemas pré-
existentes, tais como a correção da acidez, a eliminação de camadas subsuperficiais
compactadas, pelo uso de subsolador ou escarificador, e a redução da população de
plantas espontâneas problemáticas, pelo controle químico e/ou mecânico.
Como benefícios, tem se verificado a minimização dos processos erosivos, a redução
na mecanização e no uso de água e energia, a diminuição da infestação por plantas
espontâneas, a atenuação dos extremos de temperatura no solo, a melhoria das
características físicas, químicas e biológicas do solo, entre outras. Entretanto, por se
tratar de tecnologia dinâmica e inovadora, exige acompanhamento constante e
adaptações locais para que se obtenha sucesso na sua adoção.
Preparo de solo
No plantio direto, o preparo de solo é localizado, restrito às linhas de plantio (no
método de semeadura direta) ou aos sulcos de transplante (no método de
transplante de mudas) sobre a cobertura morta da cultura antecessora, chamada de
planta de cobertura.
O manejo da palhada das plantas de cobertura pode ser feito pela roçada ou
acamamento sem a dessecação quando em sistemas orgânicos, enquanto que em
sistemas convencionais, em que se utilizam herbicidas, é comum a aplicação de
dessecantes como Paraquat e Gliphosate. A dessecação por herbicida pode ser
associada à roçada ou à trituração (no caso de milho após a colheita mecânica) ou o
acamamento pode ocorrer naturalmente após a morte das plantas de cobertura (a
exemplo de milheto ou aveia-preta).
Para o transplante de mudas, a adubação pode ser feita de duas formas: a lanço,
em área total, anteriormente ao sulcamento, com incorporação parcial dos
fertilizantes pelo revolvimento localizado nos sulcos de plantio; simultaneamente ao
sulcamento, pela adaptação de depósitos de adubo e mecanismos de distribuição
nos sulcos.
Para a semeadura direta, a disposição de fertilizantes é feita nas linhas de plantio,
simultaneamente ao semeio.
Calagem e adubação
O cultivo mínimo, de uso relativamente recente no Brasil, vem utilizando as
recomendações de calagem e adubação do sistema convencional sem nenhum
prejuízo; ao contrário, com elevadas produtividades em virtude de menores perdas
dos fertilizantes aplicados.
Com relação à calagem, previamente à implantação do sistema de cultivo mínimo,
deve-se efetuar a correção da acidez do solo, por meio da incorporação de corretivo
em toda a sua camada arável, aproximadamente os 20 a 30 cm superficiais. Uma
vez instalado o plantio direto, deve-se realizar análises de solo pelo menos uma vez
por ano. Quando necessário, isto é, quando a V% estiver abaixo de 50%, deve-se
efetuar a correção do solo, distribuindo-o uniformemente em cobertura. De modo
geral, o processo de acidificação no plantio direto ocorre mais lentamente e de
forma concentrada principalmente na camada de 0 a 5 cm de profundidade, devido
à mineralização dos restos culturais na superfície e à utilização de adubos
nitrogenados. A quantidade a aplicar dependerá dos resultados da análise de solo.
Quando comparado a sistemas convencionais de plantio, é comum em sistemas de
plantio direto a reaplicação de calcário mais freqüentemente, porém em menores
doses.
Quanto à adubação, em geral utilizam-se as mesmas recomendações do sistema
convencional, seja para o transplante de mudas quanto para o semeio diretamente
sobre a palhada. As doses de adubos fosfatados e potássicos recomendadas para o
sistema convencional têm mantido elevada a produtividade das culturas no cultivo
mínimo.
Em sistemas agrícolas onde se adotou sistemas de plantio direto, com adubação
restrita às linhas de plantio, em substituição a sistemas de plantio convencional que
utilizam adubação a lanço em área total previamente ao encanteiramento, tem se
observado redução na quantidade de adubo aplicado no plantio em torno de 30 a
50% sem prejuízo na produtividade.
Especificamente, quanto à adubação nitrogenada, a recomendação varia conforme a
planta de cobertura utilizada para a formação da palhada. Se espécies leguminosas
foram utilizadas, deve-se ajustar as recomendações do sistema convencional,
considerando a quantidade de N incorporada ao sistema (Tabela 10), reduzindo ou,
até mesmo, dispensando a adubação no plantio, desde que este seja efetuado até
15 a 20 dias após o manejo da palhada. Por outro lado, se foram utilizadas
gramíneas para a formação de palhada, deve-se aumentar a dosagem recomendada
em torno de 20 a 50% conforme o volume de palhada em cobertura no solo, pois
em função da alta relação C/N na sua composição este material seqüestra N do
sistema para se decompor.
Adubação de plantio
A aplicação do adubo orgânico pode ser feita a lanço, distribuída em toda a área
antes do encanteiramento, utilizando o equivalente a 10 t.ha-1 de composto
orgânico em termos de massa seca. Como alternativa pode ser utilizada a mesma
quantidade de composto de farelos ou de esterco de curral curtido, ou ainda a
metade de esterco de aves. Além do adubo orgânico, uma vez constatado teores
baixos de fósforo na análise de solo, deve-se aplicar de 100 a 200 g.m-2 de
termofosfato no plantio.
O cálculo das dosagens de adubos orgânicos para o plantio pode ser feito também
levando-se em consideração a análise do solo, a composição química do adubo e a
exigência da cultura. Como exemplo, considere o plantio de um hectare de cebola
em que pela análise de solo se recomende aplicar 120 kg de N, 180 kg de K2O e
300 kg de P2O5 e têm-se disponíveis os adubos orgânicos com suas respectivas
composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc)
apresentados na Tabela 11.
Esterco bovino necessário:
N = kg.ha-1 de N recomendada pela análise de solo x fc para N = 120 x 20 = 2.400
kg.ha-1 de esterco bovino que fornece também:
P = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para P = 2.400/40 = 60 kg.ha-1;
K = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para K = 2.400/20 = 120 kg.ha-1.
Para completar o K, vamos usar cinzas como adubo:
K = (kg.ha-1 de K recomendado - kg.ha-1 de K fornecido pelo esterco bovino) x fc
para K = (180 - 120) x 10 = 600 kg.ha-1 de cinzas que fornece também:
P = kg.ha-1 de cinzas: fc para P = 600/40 = 15 kg.ha-1.
Para completar o P, vamos usar o fosfato natural:
P = (kg.ha-1 de P recomendado - kg.ha-1 de P fornecido pelo esterco bovino -
kg.ha-1 de P fornecido pelas cinzas) x fc para P = (300 – 60 -15) x 3,3 = 742
kg.ha-1 de fosfato natural.
Portanto, para atender as recomendações indicadas pela análise de solo neste
exemplo, para o plantio de um hectare de cebola devemos aplicar uma mistura
contendo 2.400 kg de esterco bovino, 600 kg de cinzas e 742 kg de fosfato natural.
Estes cálculos levam em consideração apenas a constituição química dos adubos,
sendo que os aspectos físicos e biológicos do solo, muito importantes nos sistemas
de produção orgânicos, não são considerados. Portanto, as quantidades
recomendadas no exemplo acima podem ser aumentadas considerando as
características climáticas e de solo de cada região.
Adubação em cobertura
Trinta dias após o transplante, faz-se uma adubação em cobertura com 5 t.ha-1 de
composto orgânico (massa seca) ou aplicação de 0,4 l.m-2 de extrato de composto
(composto orgânico: água, relação em volume de 1:3) ou de biofertilizantes
líquidos.
Tabela 11. Adubos orgânicos, composições químicas (% na matéria seca) e fatores
de conversão (fc).
Fertilizante orgânico Composição química
N P K
%MS fc1/ %MS fc1/ %MS fc1/
Esterco Bovino 5 20 2,5 40 5 20
Fosfato Natural - - 30 3,3 - -
Cinzas - - 2,5 40 10 10
1 fc = 100/%MS
Irrigação
Waldir Aparecido Marouelli
O cultivo da cebola no Brasil, com exceção da região Sul, é realizado sob irrigação.
Todavia, a área irrigada nesta região vem aumentando, visando favorecer a
produção e maior de rendimento. Embora a cultura seja sensível ao déficit hídrico, o
excesso é também muito prejudicial, favorecendo a incidência de doenças e
prejudicando a produção e qualidade de bulbos.
A aspersão é o método mais utilizado para a irrigação da cebola no Brasil. Na região
Nordeste, a aspersão vem substituindo os sistemas por superfície, tradicionalmente
utilizados. Dentre os sistemas por aspersão, o convencional é o mais utilizado,
principalmente no Sul e Sudeste. Em médias e grandes áreas de produção,
principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o pivô central vem sendo
adotado com sucesso.
Necessidade de água das plantas
A necessidade total de água da cultura varia de 350 a 650 mm, dependendo das
condições climáticas, ciclo da cultivar e sistema de irrigação. A demanda diária
(evapotranspiração da cultura, ETc) aumenta com o crescimento das plantas,
atingindo o máximo no estádio de bulbificação e diminuindo no de maturação.
Coeficientes de cultura (Kc), para a determinação da ETc, são apresentados na
Tabela 13. São valores médios, podendo requerer ajustes para condições específicas
de cultivo. No caso de cultivo mínimo, por exemplo, devem ser reduzidos de 10% a
40%, dependendo do tipo de palhada e estádio da cultura.
Tabela 13. Coeficiente de cultura (KC) para cebola.
Estádio Kc
Inicial (1) 0,55 1, 2
Vegetativo (2) 0,85
Bulbificação (3) 1,05
Maturação (4) 0,75
1 Semeadura direta: turno de rega (TR) ³ 3 dias. Para TR = 2 dias, usar Kc = 0,85;
TR = 1 dia, usar Kc = 1,05.
2 Para transplante de mudas usar Kc = 0,85.
Obs.: No caso de produção de mudas (estádio 0), adotar Kc = 1,05.
Produção de mudas
A irrigação na dose correta é fundamental para a produção de mudas de qualidade,
em tamanho e vigor. Os canteiros devem estar em local com boa drenagem, pois o
excesso de água, além de prejudicial às mudas, favorece a ocorrência de doenças.
Antes da semeadura, deve-se irrigar até o solo atingir a capacidade de campo, na
camada de 30 cm. Dependendo da umidade do solo, a lâmina líquida necessária vai
de 10 a 15 mm, para solos de textura grossa, e de 20 a 40 mm, para os de texturas
média e fina.
Da semeadura até 5 a 10 dias após a emergência, as irrigações devem ser leves e
freqüentes. Em geral, irrigar duas vezes por dia, uma pela manhã e outra pela
tarde. Sob condições de clima ameno e solo com bom armazenamento de água,
uma irrigação diária pode ser suficiente. Com o crescimento das mudas, irrigar a
cada um ou dois dias, sempre no período da tarde.
Para aclimatação e rustificação das mudas, visando maior resistência às etapas de
transporte e transplante no campo, pode-se suspender as irrigações dois a quatro
dias antes do transplante. Para facilitar o arrancamento das mudas, deve-se irrigar
previamente.
Estádio inicial
Vai da semeadura, do transplante das mudas ou do plantio de bulbinhos até o
estabelecimento inicial das plantas (10% do crescimento vegetativo). Antes do
plantio, deve-se irrigar à semelhança do indicado para produção de mudas.
Imediatamente após o transplante deve-se realizar uma irrigação para, além de
disponibilizar água às mudas, eliminar bolsões de ar em torno das raízes.
Até a emergência das plântulas, brotação dos bulbinhos ou pegamento de mudas,
irrigar de forma freqüente e em pequenas quantidades, procurando manter a
umidade, da camada até 20 cm, entre 70% e 100% da água disponível do solo.
Depois, espaçar o intervalo entre irrigações para estimular o crescimento radicular
em profundidade e lateralmente.
Estádio vegetativo
Vai do estabelecimento inicial das plantas até o início da bulbificação. Neste estádio,
as plantas são menos sensíveis à falta de água que nos estádios inicial e de
bulbificação. Todavia, a falta de água pode prejudicar o rendimento, mesmo que o
suprimento no estádio seguinte seja adequado. Plantas com crescimento luxuriante,
devido ao fornecimento de água e nitrogênio em excesso, estão mais sujeitas ao
ataque de pragas e doenças.
A tensão de água no solo para reinicio das irrigações no estádio vegetativo varia de
15 a 40 kPa, onde o menor valor é indicado para solos arenosos. A avaliação da
tensão é realizada a 50% da profundidade efetiva do sistema radicular, por meio de
sensores, como o tensiômetro e o IrrigasÒ, instalados entre as linhas de plantio.
Estádio de bulbificação
O estádio de formação da produção se prolonga até o início da maturação, sendo
aquele onde a necessidade de água das plantas é máxima. A deficiência de água,
particularmente durante o período de rápido crescimento de bulbo, reduz
drasticamente o tamanho de bulbo. Por outro lado, irrigações e adubações
nitrogenadas em excesso favorecem o engrossamento demasiado do pseudocaule
(“pescoço-grosso”), induzindo maior susceptibilidade a doenças foliares e
prejudicando a conservação dos bulbos. A tensão de água no solo que indica o
momento adequado das irrigações varia de 7 a 20 kPa, sendo a menor tensão para
solos de textura grossa.
Estádio de maturação
Nesse estádio, que vai do início da maturação dos bulbos até a colheita, há redução
no uso de água pelas plantas (20% a 30%). O primeiro sinal de amadurecimento é
o tombamento da planta (“estalo”), seguindo-se o secamento da parte aérea. A
faixa de tensão para se irrigar é semelhante à indicada para o estádio vegetativo.
Irrigações ou chuvas próximas da colheita reduzem o teor de matéria seca, sólidos
solúveis e pungência dos bulbos, além de aumentar as perdas por apodrecimento
durante o armazenamento e comercialização. Para evitar a entrada de água pelo
pseudocaule e permitir a rápida dessecação da parte aérea e a maturação dos
bulbos, melhorando suas condições de cura e de conservação, as irrigações devem
ser suspensas entre uma e duas semanas antes da colheita. Alguns produtores
utilizam o critério de 50% de plantas com “pescoço” macio.
Nutrição e Adubação
Ronessa Bartolomeu de Souza
Francisco Vilela Resende
Nuno Rodrigo Madeira
O manejo criterioso da adubação consiste em otimizar a produtividade, satisfazendo
as necessidades da cultura pela adoção de técnicas que propiciem maior eficiência
no uso dos adubos, da água, da mão de obra e dos demais insumos, minimizando as
perdas de nutrientes por lixiviação, erosão e volatilização. A aplicação racional de
fertilizantes exige o conhecimento da disponibilidade de nutrientes no solo, das
exigências nutricionais da cultura e da avaliação do estado nutricional das plantas.
A disponibilidade de nutrientes é avaliada por meio da análise química do solo, e o
estado nutricional das plantas por meio da diagnose foliar (análise de tecidos
vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de carência ou excesso).
As recomendações de calagem e adubação para o cultivo da cebola são
praticamente as mesmas para os métodos de plantio por semeadura direta, por
mudas, por bulbinhos ou por bulbos de soqueira, variando apenas com o sistema de
cultivo. O sistema de plantio direto ou cultivo mínimo, de uso relativamente recente
no Brasil, vem utilizando as recomendações de adubação e calagem do sistema
convencional sem nenhum prejuízo.
Sistema convencional
Preparo do solo e calagem
A cebola desenvolve-se melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, com
boa retenção de umidade, bem drenados e “leves”. Em geral, os solos de textura
média, quando bem drenados, são os mais indicados por possuírem boas condições
físicas e maior eficiência produtiva. Entretanto, é possível cultivar cebola em solos
argilosos, como por exemplo os Latossolos Vermelhos provenientes de rochas
basálticas, comuns no estado de São Paulo e no Sul do Brasil, desde que
apresentem as características descritas acima. Solos muito arenosos apresentam o
inconveniente da baixa retenção de umidade e possibilidade de lixiviação de adubos,
que podem contaminar águas subterrâneas causando problemas ambientais. Solos
muito argilosos e “pesados” prejudicam o desenvolvimento dos bulbos e podem
causar deformações e baixa qualidade comercial.
Para o preparo do solo neste sistema, geralmente são feitas uma a duas arações e
duas gradagens. Quando o semeio é realizado diretamente no campo, o solo deve
estar obrigatoriamente bem destorroado e aplainado, de modo a obter-se
uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. No
caso de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de
forma que, dependendo das características do solo, muitas vezes são suficientes
apenas uma aração visando atingir a profundidade de pelo menos 20 cm seguida
por uma gradagem. Para o plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas
recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas.
Ainda sobre o plantio de mudas, imediatamente após a gradagem faz-se o
levantamento dos canteiros. Entretanto, em solos bem drenados, sem problemas de
compactação, pode-se prescindir desta operação fazendo o transplante das mudas
no nível do solo.
A cebola é relativamente sensível à acidez dos solos, desenvolvendo-se melhor em
condições de pH (em água) de 6,0 a 6,5 e de, no máximo, 5% de saturação por
Al3+. Dessa forma, a calagem é fundamental para o cultivo da cebola nos solos
brasileiros, em sua maioria ácidos e com teores elevados de alumínio trocável.
Adubação de plantio
A recomendação de adubação para a cebola deve ser feita com base nos resultados
da análise de solo. Geralmente, utiliza-se a mesma recomendação de adubação para
os quatro métodos de cultivo: semeadura direta, por mudas, por bulbinhos e por
bulbos de soqueira. Para as regiões cebolicultoras do Brasil existem recomendações
de adubação adequadas e calibradas às suas condições de solo e clima e que,
portanto, apresentam
algumas variações. Sendo assim, é aconselhável adotar as recomendações para o
seu estado ou para aquele com condições edafoclimáticas mais próximas.
Adubação em cobertura
Independente do sistema, é recomendável realizar uma adubação em cobertura com
N e K no período de 30 a 40 dias após o plantio, sendo sugerido aplicar,
respectivamente, 70% e 50% do total destes nutrientes em Minas Gerais e no Rio
Grande do Sul e Santa Catarina. Em solos muito arenosos como os Neossolos
Quartzarênicos, a adubação em cobertura com N e K deve ser fracionada em duas
(30 e 50 dias após o plantio - DAP) ou três vezes (15, 30 e 50 DAP) para maior
aproveitamento dos adubos, conforme sugerido para o Estado de Pernambuco.
Adubação orgânica
Independente da região, a adubação orgânica é sempre recomendada. Entretanto,
deve-se considerar a quantidade de N do adubo orgânico a fim de evitar
desequilíbrios na cultura por excesso deste nutriente e problemas ambientais em
decorrência da lixiviação de nitrato, presente em quantidades elevadas em alguns
tipos de adubos orgânicos, especialmente no esterco de matrizes. A aplicação deve
ser feita com antecedência de pelo menos 15 dias da semeadura ou transplante das
mudas. No sistema de bulbinhos, não devem ser utilizados adubos orgânicos com
altos teores de nitrogênio, aplicando no máximo 10 t.ha-1 de esterco de curral
curtido ou 3 t.ha-1 de esterco de galinha em solos pobres e com baixo teor de
matéria orgânica.
Adubação com enxofre e micronutrientes
Para a cebola, o enxofre (S) tem função especial por ser constituinte dos compostos
responsáveis pela pungência. Porém, devido à presença de S na composição do
superfosfato simples e do sulfato de amônio, muitas vezes este nutriente é
esquecido. Entretanto, por vezes, utilizam-se outras fontes de N e P que não contém
S. Portanto, em situações de baixos teores de matéria orgânica no solo e/ou de
utilização de adubos concentrados como uréia e superfosfato triplo ou de fórmulas
que não contêm S, deve-se acrescentar de 30 a 50 kg.ha-1 de S juntamente com a
adubação NPK, independente do sistema de plantio.
Em geral, recomenda-se em torno de 1 a 2 kg.ha-1 de boro e de 2 a 4 kg.ha-1 de
zinco, sem considerar a análise de solo. Estes nutrientes devem ser aplicados no
sulco de plantio antes do transplante das mudas ou incorporados ao solo antes do
semeio. Em organossolos ou solos com elevados teores de matéria orgânica é
bastante comum ocorrer deficiência de cobre, recomendando-se aplicar de 1 a 2
kg.ha-1 de cobre. Em áreas que receberam adubos orgânicos de boa qualidade por
sucessivos anos, pode-se prescindir da aplicação de micronutrientes.
Valter Rodrigues Oliveira
Daniela Lopes Leite
Carlos Antonio Fernandes Santos
Nivaldo Duarte Costa
Paulo César Tavares de Melo
As formas mais importantes de classificar as cebolas são quanto as exigências
fotoperiódicas, o padrão genético, e a preferência e forma de consumo.
Cultivares são melhor adaptadas a locais e épocas nas quais ocorrem o mínimo de
fotoperíodo e temperatura exigidos para a bulbificação. As cultivares de ciclo precoce,
médio e tardio, são plantadas nos estados da região Sul. Nas regiões Sudeste e Centro
Oeste são plantadas cebolas "super precoces", precoces e médias. Nos demais estados
brasileiros plantam-se cultivares "super precoces" e precoces. Devido a interação com
temperatura, tamanho e idade da planta, densidade de plantio, fertilização, irrigação,
etc., a bulbificação e produção de cebola podem variar consideravelmente em uma
mesma faixa de fotoperíodos.
Outra forma de agrupamento das cultivares de cebola, é pelo padrão genético,
determinado pelo grau de homogeneidade adquirido pela população por meio do
melhoramento genético. No primeiro grupo estão as populações geneticamente
heterogêneas como 'Baia Periforme', 'Pêra' e 'Crioula', mantidas por produtores e em
coleções de germoplasma. Constituem a base das cultivares brasileiras, por
apresentarem tolerância a doenças, boa conservação pós-colheita e ampla variação
em formato, tamanho, cor, número e espessura de películas de bulbos. Cebolas do
grupo 'Crioula' são adaptadas principalmente à região Sul. Seus bulbos possuem
conservação pós-colheita muito boa, película de cor marrom escura e ampla aceitação
pelo mercado.
O segundo grupo é composto por seleções estabilizadas e bem adaptadas que são
comercializadas como cultivares de polinização livre, ao qual pertencem todas as
cultivares brasileiras e as do tipo Grano, importadas. As cultivares nacionais possuem
geralmente bulbos globulares a globulares alongados, película amarela, marrom,
vermelha ou arroxeada e de espessura variável, conteúdo alto de matéria seca, sabor,
odor e pungência acentuados, folhas cerosas e bom nível de resistência a doenças
foliares. A cultivar Conquista, disponibilizada pela Embrapa Hortaliças em 1988 é do
tipo 'Baia Periforme' e possui resistência a Peronospora destructor (míldio) no escapo
floral, sendo importante na fase de produção de sementes. Algumas cultivares do tipo
'Baia Periforme' como Baia Periforme, Baia Periforme Super Precoce, Baia Precoce
Piracicaba e Pira Ouro são adaptadas ao médodo de produção por bulbinhos.
As cultivares importadas caracterizam-se pelos bulbos globulares achatados, película
amarela clara e fina, escamas espessas, conteúdo baixo de matéria seca, sabor, odor
e pungência mais suaves e pouca cerosidade na folha. Possuem adaptação ampla
quanto ao comprimento de dia, são bastante produtivas e resistentes ao
florescimento, mas muito suscetíveis a doenças foliares. As cultivares de polinização
livre mantêm ampla variabilidade genética e juntamente com as populações
geneticamente heterogêneas formam o material básico para seleção e melhoramento
genético.
O terceiro grupo é composto pelas cultivares híbridas de dias curtos, ao qual
pertencem as do tipo 'Granex' desenvolvidas nos Estados Unidos. São populares no
Brasil 'Granex 33', 'Granex 429', 'Granex Ouro', 'Mercedes' e 'Superex'. Cultivares
'Granex' possuem bulbos achatados ou redondo achatados, precocidade de maturação,
resistência ao pendoamento, sabor, odor e pungência suaves e resistência a raiz
rosada (Pyrenochaeta terrestris). São, no entanto, mais suscetíveis a mancha púrpura
(Alternaria porri), e ao mal de sete voltas (Colletotrichum gloeosporioides) que as
cultivares nacionais, e a exemplo das cultivares 'Grano', são facilmente danificadas
pelo manuseio demasiado e possuem vida pós-colheita curta, mesmo sob condições
de frio. Apesar do aumento crescente da área plantada com cultivares híbridas de
cebola no Brasil, ainda não se tem híbridos nacionais disponíveis. As cultivares
híbridas, devido aos efeitos benéficos da heterose e ao alto padrão genético (maior
uniformidade de bulbificação, maior capacidade de adaptação por tolerar maior
densidade de plantio, e pela maior produtividade em relação as cultivares de
polinização livre), têm despertado o interesse de cebolicultores médios e de grande
porte.
O tipo de cebola preferido varia com o mercado e a preferência do consumidor, e
constituem-se em outra forma importante de classificação de cultivares. No Brasil, há
preferência por bulbos de tamanho médio, pungentes, globulares, firmes, de película
externa de cor amarela e marrom escura, e escamas internas de cor branca. A
demanda por bulbos avermelhados (arroxeados) é pequena e concentrada no
Nordeste Brasileiro e na região de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O mercado ainda
é limitado para as cebolas de sabor suave e doce, preferidas para saladas. A cv. São
Paulo, disponibilizada pela Embrapa Hortaliças em 1991, é uma cebola do grupo das
claras precoces suaves.
Escolha da cultivar
Cultivares de cebola são muito variáveis quanto a produtividade e também variam
amplamente quanto ao ciclo. Na escolha da cultivar de cebola devem ser
considerados, entre outros aspectos, a latitude e altitude do local de plantio, a estação
de crescimento e as exigências do mercado a ser atendido. Plantios em locais e/ou
épocas e/ou de tipos não adequados podem resultar em produtividade e qualidade
baixa, e dificuldade de comercialização do produto. Para o cultivo de cebola em
regiões sujeitas a temperaturas bastante baixas no inverno devem ser escolhidas
cultivares menos sensíveis ao florescimento prematuro e/ou evitar o plantio muito
cedo.
A maioria das cultivares disponíveis são para semeio de final de verão a meados de
outono e colheita de outubro a novembro, época considerada ideal para o cultivo de
hortaliças em condições de campo no Brasil. O cultivo de verão (semeio em final de
primavera no início de verão) tem como principal inconveniente a bulbificação sob
altas temperaturas, chuvas excessivas e maior incidência de doenças, pragas e
plantas daninhas. A cv. Alfa Tropical, disponibilizada pela Embrapa Hortaliças e
Epamig em 1998, é uma cebola para plantio no verão das regiões Sudeste e Centro
Oeste. Outras cultivares para plantio nessa época nas regiões Sudeste e Centro-Oeste
são as cultivares da série IPA como IPA-6, IPA 9 e IPA 11, que por serem
desenvolvidas para a região Nordeste do Brasil, sofrem menor efeito das altas
temperaturas e possuem níveis moderados de resistência ao mal de sete voltas, à
mancha púrpura, e ao tripes (Thrips tabaci).
Para atender a indústria de processamento, a Embrapa Hortaliças disponibilizou em
1998 a cv. Beta Cristal, com elevado teor de sólidos solúveis, de escamas brancas e
bastante pungentes. Além de adequada para desidratação e produção de pasta, pode
ser usada para a indústria de conserva (produção de picles).
Na Tabela 12 estão descritas as cultivares de polinização livre (OP) e híbridas (H) de
cebola nacionais e importadas atualmente disponíveis para o plantio no Brasil, com
algumas de suas características mais importantes.
Tabela 12. Cultivares de polinização livre (OP) e híbridas (H) de cebola disponíveis
para plantio no Brasil. Embrapa Hortaliças, 2004.
Cultivar Empresa 1/
Tipo
Ciclo
maturação
/dias
Época
plantio
/região
Formato
Bulbo
Cons. pós-
colheita
Pungência
Cor
película
Cor
escamas
Alfa
Tropical/OP
Embrapa,
Hortec,
Feltrin
DC
Super
precoce/120-
150
Ago-
nov/NE
Nov-
jan/SE,
CO, NE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Aurora/OP
Embrapa,
Hortec,
Feltrin
DI
Precoce/150-
170
Abr-jun
/Sul, SE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Baia Dura/H SVS DC
Precoce/160-
180
Mar-
jun/SE
Globular Amarela Branca Boa Alta
Baia Perif.
Super
Precoce/OP
Isla DC
Precoce/135-
165
Mar-
jul/SE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Baia
Periforme/OP
Hortec,
Feltrin, Isla
DC
Precoce/160-
180
Mar-
jun/S,
SE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Baia
Precoce/OP
Hortec DC
Precoce/150-
180
Abr-
jun/S,
SE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Bella
Crioula/OP
Sakata DI
Médio/180-
210
Mar-
mai/S
Globular
Amarela
escura
Branca Boa Alta
Beta
Cristal/OP2/ Embrapa DC
Precoce/150-
180
Mar-
mai/SE,
CO2/
Achatado Branca Branca Boa Alta
Bola Precoce –
Empasc
352/OP
SVS,
Epagri,
Feltrin, Isla
DI
Médio/170-
190
Mar-
mai/S
Globular
Amarela
escura
Branca Boa Alta
BR 19/OP Topseed DC
Precoce/145-
165
Mai-
jun/SE
Globular
arredondado
Amarela
escura
Branca
Média -
boa
Alta
BR 23/OP Topseed DC
Precoce/155-
165
Mai-
jun/SE
Globular Amarela Branca
Média -
boa
Alta
BR 25/OP Topseed DC Precoce/165
Mai-
jun/SE
Globular
arredondado
Amarela
escura
Branca
Média -
boa
Alta
BR 27/OP Topseed DC
Super
precoce/
135-145
Abr-
jun/S
Globular
Amarela
escura
Branca Boa Alta
BR 29/OP Topseed DC
Médio/185-
195
Mai-
jun/S
Globular
arredondado
Amarela
escura
Branca Boa Alta
BRS
Cascata/OP
Embrapa DI
Médio/180-
210
Abr-
mai/S
Pião
Marrom
escura
Branca Muito boa Alta
Cadillac/H SVS DC
Super
precoce/
100-120
Jan-
abr/SE,
CO, NE
Globular
Pião
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Composto IPA-
6/OP
IPA,
Sakata,
Isla
DC
Super
precoce/
130-160
Jan-
jun/NE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Conquista/OP Embrapa DC
Precoce/160-
180
Mar-
mai/SE
Globular Amarela Branca Boa Alta
Crioula Alto
Vale – Epagri
362/OP
Epagri,
Hortec,
Feltrin
DI
Tardio/190-
240
Abr-
jun/Sul
Globular Marrom Branca Muito boa Alta
Crioula
Mercosul/OP
Hortec DI
Tardio/180-
240
Abr-
jun/S
Globular Marrom Branca Boa Alta
Crioula/OP Hortec,
Isla
DI
Tardio/180-
220
Abr-
jun/S
Globular Marrom Branca Muito boa Alta
Diamante/OP
Fepagro,
Hortec
DI
Médio/160-
200
Mar-
jun/S
Globular
alongado
Branca Branca Boa Alta
Duquesa/H SVS DC
Super
precoce/
140-150
Mar-
jun/SE
Globular
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Franciscana -
IPA 10/OP
IPA DC
Super
precoce/
120-140
Abr-
set/NE
Globular
achatado
Vermelha
púrpura
Vermelha
púrpura
Boa Alta
Gran Valley/H SVS DC
Super
precoce/
130-150
Mar-
jun/SE,
CO, NE
Globular
redondo
Amarela Branca Média Baixa
Granex 429 (H) SVS DC
Super
precoce/
110-160
Jan-
abr/SE,
CO
Jan-
jul/NE
Globular
Pião
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Granex 90/H Sakata DC
Super
precoce/
110-130
Jan-
jul/SE,
CO, NE
Globular
pião
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Granex Ouro/H Topseed DC
Super
precoce/
120-140
Fev-
mai/SE
Globular
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Jubileu/OP
Fepagro,
Feltrin
DI
Tardio/170-
230
Abr-
jun/S
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Juporanga –
Empasc
355/OP
Epagri DI
Tardio/220-
250
Mai-
jun/Sul
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Madrugada/OP
Fepagro,
Hortec,
Feltrin
DI
Médio/160-
200
Abr-
jun/S
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Mercedes/H SVS DC
Super
precoce/
135-150
Jan-jul/
SE, CO,
NE
Globular
Amarela
clara
Branca Média Suave
Montana/OP SVS DI
Médio/175-
210
Mar-
mai/S
Globular
redondo
Amarela
escura
Branca Boa Forte
Morena F1/H Topseed DC
Precoce/140-
150
Abr-jul/S
Mai-
Globular Marrom Branca Boa Forte
jun/SE,
CO
Optima F1/H Topseed DC
Super
precoce/
110-140
Mar-
Mai/SE,
CO
Globular
Amarela
escura
Branca Boa Baixa
Pêra - IPA 4/OP IPA DC
Super
precoce/
130-150
Ago-
dez/NE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Pêra Norte 14
Bojuda do Rio
Grande/OP
Feltrin DI
Tardia/180-
230
Mai-
jun/S
Globular
com base
achatada
Amarela Branca Média-boa Alta
Perfecta F1/H Topseed DC
Super
precoce/
130-145
Mar-
mai/SE,
CO
Globular
Amarela
escura
Branca Boa Média
Petroline/OP
Fepagro,
Hortec
DI
Médio/160-
200
Abr-
jun/S
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Piraouro/OP Topseed DC
Precoce/140-
160
Abr-
mai/SE
Globular Amarela Branca Boa Alta
Primavera/OP
Embrapa,
Hortec,
Feltrin
DI
Precoce/150-
170
Abr-
jun/S,
SE
Globular Amarela Branca Boa Alta
Princesa/H SVS DC
Super
precoce/
130-150
Mar-
mai/SE,
CO
Globular
redondo
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Red Creole/OP Feltrin, Isla DC
Médio/150-
180
Mar-
jul/SE,
CO, NE
Globular
achatado
Vermelha
púrpura
Vermelha
escura
Média-boa Alta
Régia/OP SVS DC
Precoce/145-
160
Mar-
jun/SE,
CO
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
Rodeo F1/H Topseed DC
Super
precoce/
135-145
Mar-
mai/SE,
CO
Globular
Vermelha
púrpura
Vermelho Boa Alta
Rosada –
Empasc 353 ou
356/OP
Epagri DI
Médio/185-
210
Mai/S Globular
Vermelha
clara
Vermelha
clara
Boa Alta
Roxa - IPA
3/OP
IPA DC
Super
precoce/
90-120
Ag-
nov/NE
Globular
Vermelha
púrpura
Vermelha
clara
Boa Alta
Roxa/OP Hortec DC
Precoce/140-
160
Abr-
jun/S
Globular
achatado
Vermelha
púrpura
Vermelha Boa Alta
São Paulo/OP Embrapa DC
Super
precoce/ 110-
150
Fev-
jun/SE,
CO
Globular
achatado
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Sel. Crioula –
Empasc
351/OP
Epagri,
Feltrin
DI
Médio/180-
200
Abr-
jun/S
Globular
Amarela
escura
Branca Muito boa Alta
Serena F1/H Topseed DC
Precoce/140-
145
Abr-jul/S
Mai-
jun/SE,
CO
Globular
Amarela
escura
Branca Boa Média
Serrana/OP SVS DC
Precoce/150-
170
Mar-
mai/SE
Globular
redondo
Amarela Branca Boa Alta
Super precoce
– Epagri
363/OP
Epagri DI
Tardio/210-
230
Mar-
mai/S
Globular Amarela Branca Boa Alta
Superex/H Takii DC
Precoce/140-
160
Mar-
mai/SE,
CO
Globular
Amarela
clara
Branca Média Media
Texas Grano
502 PRR/OP
SVS,
Feltrin,
Sakata,
Topseed
DC
Super
precoce/
120-140
Mar-
jul/CO,
SE, NE
Pião
achatado
Amarela
clara
Branca Média Baixa
Texas Grano
502/OP
SVS,
Hortec
DC
Precoce/120-
170
Mar-
jun/SE,
CO
Jan-
Pião
achatado
Amarela
clara
Branca Média Baixa
dez/NE
Tropical Valley
(H)
SVS DI
Médio/180-
210
Abr-
jun/S
Globular
redondo
Amarela
escura
Branca Média Média
Vale Ouro - IPA
11/OP
IPA,
Feltrin
DC
Super
Precoce/
130-150
Fev-
jul/NE
Globular
alongado
Amarela Branca Boa Alta
White
Creole/OP
Isla DC
Super
precoce/
120-150
Mar-
ago/SE
Globular
achatado
Branca Branca Baixa Alta
XP 8010/H SVS DC
Precoce/160-
180
Mar-
mai/SE,
NE, CO
Globular Amarela Branca Média Baixa
1/ Empresas com sementes disponíveis.
2/ Para a produção de bulbinhos, recomenda-se o semeio de julho a meado de agosto.
Plantio
José Lindorico Mendonça
Nuno Rodrigo Madeira
Francisco Vilela Resende
Fases de crescimento
Em boas condições de umidade, a velocidade de germinação das sementes de cebola
aumenta linearmente com a elevação da temperatura na faixa de 5 a 25oC, tendo
como faixa ótima de 11 a 25oC. Nesta faixa de temperatura, a porcentagem de
germinação é máxima, assim como aumentam linearmente a taxa de crescimento da
planta toda e a área foliar.
Após a emergência, há um período de crescimento lento até aproximadamente 75 dias
após a semeadura, seguido de outro de crescimento rápido, controlado principalmente
pela temperatura. Finalmente, ocorre a fase de desenvolvimento de bulbos, quando a
planta cessa a emissão de folhas, a taxa de crescimento das folhas decresce, as
bainhas foliares do bulbo entumescem para formar o tecido de armazenamento. Esta
fase de bulbificação é controlada principalmente pelo fotoperíodo e temperaura e
ocorre um alongamento da região do pseudocaule.
Épocas de plantio
Considera-se como época ideal para o plantio, os meses de março a junho. Com o
plantio neste período, a cultura se desenvolve durante época de temperaturas mais
amenas, especialmente as noturnas, e menos chuvosas, favorecendo o
desenvolvimento das plantas e facilitando o controle de doenças. Entretanto, em
algumas regiões da Bahia e de Pernambuco, o plantio pode ser realizado durante o
ano todo.
Nas regiões com latitudes maiores, como nos estados do Sul do Brasil, os meses de
junho/julho são os melhores para a semeadura da cebola, principalmente em termos
de bulbificação. Plantando-se nesta época, o crescimento ocorre sob condições
adequadas de pluviosidade, de temperatura em elevação e fotoperíodo crescente.
Nas regiões Centro Oeste, Sudeste e Nordeste, os melhores meses para a semeadura
são março/abril, exceto no sistema de bulbinhos, utilizado principalmente em São
Paulo, no qual a semeadura para obtenção dos mesmos ocorre de junho a julho, com
o plantio dos bulbinhos ocorrendo de janeiro a fevereiro do ano seguinte. Como de
abril a setembro, as médias pluviométricas são muito baixas nestas regiões, faz-se
necessário o uso de irrigação.
Com a disponibilização de novas cultivares, o plantio de verão tornou-se uma opção
de época de cultivo na maioria das regiões tradicionais de cultivo, com o objetivo de
complementar ou substituir o sistema de cultivo por bulbinhos, eliminando a
necessidade de se realizar dois cultivos e o armazenamento de bulbinhos para se
obter produção comercial em maio/junho. A semeadura é realizada de novembro e
dezembro nas regiões Sudeste e Centro Oeste e a colheita se dá na mesma época em
que se colhe a cebola do sistema de bulbinhos, em maio-junho. Na região Nordeste, a
semeadura das cultivares de verão ocorre de julho a novembro, tornando-se possível
dois cultivos no mesmo ano agrícola.
Métodos de implantação da cultura
Semeio no local definitivo (semeadura direta)
Este método é utilizado no Brasil, principalmente por médios e grandes produtores,
que normalmente dispõem de sistema de irrigação por aspersão do tipo pivô-central,
situados nas regiões ceboleiras do Alto Paranaíba em Minas Gerais; Noroeste e Norte
de Minas Gerais; São José do Rio Pardo e Altinópolis em São Paulo; Regiões Planalto e
Estrada de Ferro em Goiás e Chapada Diamantina na Bahia. A estimativa de plantio
por este sistema no Brasil é de cerca de 3.500 ha anuais.
A semeadura é realizada mecanicamente utilizando-se semeadoras convencionais ou a
vácuo, com taxas de semeadura entre 3 e 6 kg por hectare. As semeadoras a vácuo
fazem a semeadura com maior precisão e utilizando menor quantidade de sementes
que as convencionais, em torno de 3 kg por hectare. A maioria dos produtores
realizam a semeadura de março a abril, em canteiros com 1,2 m de largura no topo e
15 a 20 cm de altura. Mais recentemente, está sendo testado o plantio sem canteiros,
de modo a aumentar o número de plantas por área, pela eliminação das ruas entre
canteiros. Isso, porém, pode trazer problemas fitossanitários em épocas ou locais
sujeitos ao encharcamento.
A semeadura é feita em linhas simples ou duplas, conforme a máquina empregada, a
1,0–1,5 cm de profundidade. São dispostas de 20 a 30 sementes por metro em cada
linha, observando-se tendência de aumento do número de plantas, havendo casos de
utilização de até 60 sementes por metro linear. Os bulbos de cebola apresentam
grande capacidade de arranjo espacial em altas densidades na linha de plantio.
Observa-se que bulbos aparentemente deformados no campo, por vezes até
triangulares, em função do adensamento de plantas, tendem a se arredondar no
processo de cura, reduzindo estas deformações.
Em alguns casos, a semeadura é realizada diretamente na superfície do solo, sem
utilização de canteiros. Para isso, o solo deve ser bem preparado e apresentar boa
drenagem.
O método de semeadura direta permite atingir altas populações finais, por vezes
superiores a um milhão de plantas por hectare, assim como altas produtividades
médias, superiores a 80 t.ha-1.
Transplante de mudas
Este método de propagação é o mais utilizado no Brasil. Permite seleção de mudas
vigorosas e sadias, o que viabiliza a produção de bulbos mais uniformes em formato e
tamanho. O consumo de água de irrigação durante o período de formação de mudas é
reduzido, em comparação com a semeadura direta. É um sistema que necessita de
muita mão-de-obra. Na escolha do local da sementeira deve-se dar preferência por
local ensolarado de manhã e sombreado à tarde, com disponibilidade de água de boa
qualidade, de fácil acesso e, na medida do possível, estar próximo do local definitivo
de plantio.
Para a produção de mudas, são formados canteiros com 15 a 20 cm de altura, com 1
m de largura no topo e comprimento variável, adubados com adubo orgânico e
químico, corrigidos para pH 6,0 a 6,5 e adubados segundo análise de solo.
A semeadura nos canteiros da sementeira pode ser realizada em sulcos ou a lanço. Os
sulcos podem ser feitos longitudinais ou transversais aos canteiros, na profundidade
de 1 a 1,5 cm, espaçados de 10 cm entre si.
A quantidade de sementes por metro linear de sulco varia de 80 a 115 unidades,
gastando-se 2 a 3 g de sementes por metro quadrado de canteiro. Na semeadura a
lanço, as sementes são distribuídas na superfície dos canteiros e cobertas com
camada de 1 a 1,5 cm de solo e serragem de madeira curtida.
Em média, cada metro quadrado de sementeira fornece mudas para o transplante de
10 m2 no campo. O índice de aproveitamento de mudas varia de 55 a 75%. Para a
formação de mudas para um hectare são necessários 2 a 3 kg de sementes.
É recomendável a cobertura dos canteiros da sementeira com fina camada de palha de
arroz ou capim seco até o início da emergência das plântulas, quando o material é
retirado. O procedimento visa obter maior retenção de umidade na superfície durante
o período da semeadura à germinação.
Durante o crescimento das mudas, os canteiros devem ser limpos por meio de capinas
manuais ou químicas e efetuar adubação de cobertura, segundo recomendação.
As mudas são transplantadas quando apresentam o pseudocaule com diâmetro entre
4-8 mm ou 3-4 folhas. Nesta fase as mudas estarão com idade entre 40 e 70 dias,
dependendo da cultivar e época do ano. Selecionam-se as mudas mais vigorosas e o
transplante é realizado em canteiros ou diretamente para sulcos abertos no nível do
solo, sem a utilização de canteiros. No transplante em canteiros de 1 m de largura e
comprimento variável, são abertos sulcos longitudinais espaçados de 20 cm, cabendo
5 linhas por canteiro. A profundidade de plantio das mudas é de 5 cm e o espaço entre
mudas varia de 5 a 10 cm.
O transplante para sulcos, sem utilização de canteiros, é feito em algumas regiões
ceboleiras do estado de São Paulo. O preparo e nivelamento do solo é realizado e são
abertos sulcos em nível, distanciados de 40 cm. As mudas são transplantadas na
distância de 6 cm no sulco. Desta forma, um hectare comporta 416 mil plantas. Este
sistema só é utilizado em época de seca, usando-se irrigação por aspersão, ou sob
plantio direto na palha.
Nos últimos anos, vem se testando em algumas regiões a utilização de bandejas de
poliestireno expandido (isopor), com 288 ou 450 células. A viabilidade econômica
desta tecnologia deve considerar as realidades locais, tais como o estande
tradicionalmente usado, a existência de viveiristas e o custo de produção de mudas na
região, além da expectativa de preços no mercado de cebola. Como vantagens, tem-
se a praticidade, o melhor aproveitamento de sementes e a redução dos problemas
fitossanitários, em função da produção de mudas utilizar substrato desinfestado e não
solo como nos canteiros. Como desvantagem, o custo de produção de mudas é,
geralmente, maior. Vem se utilizando por hectare cerca de 550 bandejas com 288
células. É comum o uso de 2 a 4 plantas por célula, lembrando que os bulbos
apresentam uma grande capacidade de arranjo espacial. O transplantio é feito aos 35-
40 dias, não podendo atrasar em função do esgotamento do substrato e da elevação
no custo de produção de mudas, pela manutenção dessas no viveiro.
Cultivo por bulbinhos
O objetivo de propagação por este sistema é a obtenção de colheita precoce em
relação aos outros sistemas de produção. Consiste de duas etapas: a formação de
bulbinhos em uma época e o plantio dos bulbinhos para obtenção da produção
comerciável em outra. O método baseia-se na semeadura adensada em época de
fotoperíodo crescente e portanto, favorável à bulbificação precoce dos bulbos. Além
disso, a grande competição por luz e nutrientes em altas densidades de plantas
propiciam a formação de bulbos pequenos.
A produção de bulbinhos é feita com a semeadura em canteiros, em linhas espaçadas
de 10 cm, na profundidade de 1 a 1,5 cm, e a taxa de semeadura vai de 2 a 4 g de
sementes por m2 de canteiro. São necessários 1 a 2 kg de sementes para obtenção de
1.500 a 1.800 kg, suficientes para o plantio de um hectare. A área a ser semeada
para produção de bulbinhos para 1 ha é de 800m2. A semeadura também poderá ser
realizada a lanço na superfície dos canteiros.
A colheita é realizada de outubro a novembro, da mesma forma que no sistema de
produção de bulbos comerciais, quando houver o estalamento de cerca de 40 a 50%
das plantas. Faz-se o arranquio espalhando-se as plantas sobre os canteiros, de
maneira que as folhas das plantas posteriores cubram os bulbinhos das anteriores,
evitando sua queima pelo sol. Este processo, chamado de cura de campo, é
completado com a cura de galpão, onde as plantas são armazenadas em galpão
ventilado por mais uns quinze dias. As plantas são armazenadas desta forma até a
véspera do plantio, em fevereiro, quando se efetua a limpeza das raízes e da parte
aérea. Os bulbinhos são então plantados no campo, em canteiros ou em sulcos, nos
mesmos espaçamentos utilizados no sistema de transplantio de mudas. A colheita
ocorre de maio a junho.
Cultivo por bulbos de soqueira
O sistema utiliza os bulbos oriundos de culturas comerciais, semeadas em março –
junho e colhidos em setembro - outubro, os quais não atingiram o diâmetro das
classes comerciais ou que não alcançaram boa cotação. O plantio dos bulbos
armazenados ocorre de janeiro a fevereiro e o sistema de plantio é o mesmo utilizado
no sistema de bulbinhos. A colheita ocorre de maio a junho. Quando se utilizam bulbos
de maior diâmetro, há maior incidência de perfilhamento e a produção de bulbos
múltiplos com tamanho e aspecto comercial inferior.
Sistemas de plantio direto
O plantio direto ou cultivo mínimo de cebola pode ser feito pelo método de cultivo por
mudas ou de semeadura direta.
Para o transplante de mudas, utiliza-se para o sulcamento rotocultivadores adaptados
ou, em áreas menores, o microtrator de rabiças com enxada rotativa adaptada. Nos
dois casos, a adaptação consiste na retirada de jogos de facas, deixando-se somente
alguns no espaçamento desejado entre linhas. A curvatura das facas é reduzida, ou
mesmo eliminada conforme a cobertura morta, o tipo de solo e a largura desejada das
linhas de plantio. Um anteparo atrás de cada um dos jogos de facas deposita o solo
removido sobre as linhas de plantio. Essas possuem, aproximadamente, 5 a 10 cm de
largura por 5 a 10 cm de profundidade. A adubação pode ser feita concomitantemente
ao sulcamento. O espaçamento entre linhas utilizado é de 40-45 cm e o espaçamento
entre plantas é de, aproximadamente, 5 a 6 cm, proporcionando uma população final
em torno de 400 a 500 mil plantas por hectare.
O semeio no local definitivo sobre palhada vem sendo testado com sucesso em
algumas regiões, especialmente em São José do Rio Pardo, SP, pelo uso de
semeadoras a vácuo com mecanismos de corte da palhada. O espaçamento entre
linhas de plantio é de 40 a 45 cm e o número de sementes por metro linear utilizado
varia de 30 a 60, resultando em uma população de 800 a 1.300 mil plantas por ha na
semeadura e 650 a 900 mil plantas por ha na colheita. As dificuldades mecânicas com
relação a obter uma eficiente distribuição de sementes em função da maior
irregularidade da superfície que não foi revolvida e da presença de grande volume de
resíduos culturais sobre o solo vem sendo solucionadas pelo desenvolvimento e
adaptação das plantadoras. Predomina o uso do milho como planta fornecedora de
palhada para o cultivo mínimo da cebola. Porém, mesmo após sua trituração, é difícil a
operação da semeadora sobre palhada de milho. Alguns produtores, para minimizar
este problema, tem efetuado uma leve gradagem niveladora, incorporando parcial e
superficialmente a palhada, facilitando a operação da máquina. Todavia, esta prática
quebra parcialmente o sistema, desestruturando o solo superficialmente, além de
acelerar a decomposição da palhada. A utilização de planta de cobertura que forneça
palhada mais fina como o milheto ou a aveia pode melhorar o sistema, devendo-se
avaliar sua viabilidade econômica considerando as realidades locais.
Particularmente para cultivos de verão, o semeio no local definitivo sobre a palhada
pode proporcionar incrementos produtivos quando comparado ao sistema
convencional com o semeio em solo descoberto, em função do enorme efeito maléfico
causado pelas fortes chuvas que ocorrem nesta época no estágio inicial de
desenvolvimento da cultura.
Plantas Daninhas
Welington Pereira
O desenvolvimento das plantas de cebola é normalmente lento, principalmente nos
primeiros estádios de crescimento. Esse desenvolvimento inicial lento, aliado ao
número reduzido de folhas, de formato cilíndrico e hábito ereto, e ao porte baixo das
plantas, proporcionam baixo índice de área foliar e interceptação da luz durante o ciclo
da cultura. Como conseqüência, o sombreamento do solo é baixo, permitindo a
emergência, o crescimento e a predominância das plantas daninhas presentes nas
áreas de cultivos.
A análise do período em que as espécies de plantas daninhas competem com as
plantas de cebola, pelos fatores de produção, é importante, uma vez que o grau de
competição que uma planta sofre depende, basicamente, das características da cultura
(cultivar, densidade de semeadura ou transplante e espaçamento de plantio) e da
população de plantas daninhas (composição das espécies, densidade, distribuição,
época e duração do período de convivência com a cultura). Geralmente o cultivo da
cebola, em grandes áreas, depende da capacidade operacional para mantê-las livres
da interferência das plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico, ou seja,
até que a cultura desenvolva e cubra suficientemente a superfície do solo e não sofra
mais interferência significativa das mesmas.
Os trabalhos sobre interferência das plantas daninhas são de suma importância por
que indicam: 1) quando e quanto tempo os métodos de controle devem ser utilizados
para eliminá-las, para evitar os prejuízos diretos na produção e na qualidade da
cebola; 2) o período mínimo no qual o herbicida pré-emergente precisa ter ação
residual no solo para controlá-las; 3) a época limite máxima para aplicar um herbicida
em pós-emergência ou para realizar o controle mecânico ou outro método de controle.
Após o Período crítico de interferência até o final do ciclo da cebola, as plantas
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
Cebola
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Cebola

  • 1. Características Nutricionais Patrícia Gonçalves Batista Carvalho Cristina Maria Monteiro Machado O papel da nutrição hoje vai além da ênfase sobre a importância de uma dieta balanceada. Ela deve almejar a otimização das funções fisiológicas, garantir o aumento da saúde e bem-estar e a redução do risco de doenças. Neste novo contexto, os alimentos funcionais tem papel fundamental. Eles podem ser definidos como alimentos que, consumidos numa dieta padrão, fornecem benefícios além da nutrição básica. Alguns dos seus componentes, que podem ser nutrientes ou não, auxiliam na prevenção e recuperação de doenças e nas funções relativas ao mecanismo de defesa e controle do ritmo corporal. Há muito tempo acredita-se que o consumo de cebola auxilia na prevenção de certas doenças, o que a caracteriza como um alimento funcional. De modo geral, todas as partes da planta da cebola podem ser consumidas na dieta humana. Embora apresentem reconhecidas propriedades funcionais, as cebolas são consumidas, principalmente, pela sua capacidade de adicionar sabor a outros alimentos. Os açúcares e os ácidos orgânicos contribuem substancialmente para o sabor da cebola. No entanto, o sabor, o odor e a pungência característicos desta hortaliça são formados quando os tecidos da planta são rompidos ou cortados, resultando na decomposição enzimática de substâncias que contém enxofre na sua estrutura, conjuntamente denominadas de sulfóxidos de cisteína. A recente caracterização da enzima responsável pelo efeito lacrimatório da cebola em seres humanos abriu a possibilidade de estabelecer processos mais eficientes de desenvolvimento e seleção de cultivares isentas desta característica, as chamadas cebolas doces/suaves (“cebolas sem choro”). Características nutricionais A composição de cebola é influenciada pelas condições de cultivo (sistema de produção, tipo de solo, clima) e por fatores genéticos. Bulbos de cebola para consumo fresco são pouco calóricos (em torno de 40-50 calorias) e contém de 89 a 95% de água, além de mono e dissacarídeos (açúcares totais em torno de 6%), proteínas (1,6%), gordura (0,3%) e sais minerais (0,65%). Possuem também alguns compostos fenólicos, bem como ácidos málico, cítrico, succínico, fumárico, quínico, biotínicos, nicotínicos, fólicos, pantotênicos e ascórbico. A cebola possui diferentes minerais, como cálcio, ferro, fósforo, magnésio potássio, sódio e selênio. Destes, a contribuição da cebola em uma dieta padrão é significativa para o selênio, que é um mineral-traço essencial, ou seja, o organismo necessita dele em quantidades mínimas, tornando-se tóxico em altas doses. Deficiências de selênio geram catarata, distrofia muscular, depressão, necrose do fígado, infertilidade, doenças cardíacas e câncer. Este mineral oferece proteção contra doenças crônicas associadas ao envelhecimento, como aterosclerose (doenças das artérias
  • 2. coronarianas, cerebrovascular e vascular periférica), câncer, artrite, cirrose e efisema. Embora não seja considerada uma boa fonte nutritiva devido a seus baixos teores de proteínas e açúcares, a cebola é rica em vitaminas do complexo B, principalmente B1 e B2, e vitamina C. Estes nutrientes são importantes para o bom funcionamento do organismo. As principais funções e as conseqüências do baixo consumo destas vitaminas estão na Tabela 1. Características funcionais O consumo da cebola tem aumentado, especialmente em países mais desenvolvidos, devido à sua associação com características funcionais. Pesquisas recentes têm procurado comprovar os benefícios da cebola para a saúde, além de identificar os compostos responsáveis por eles. A cebola é particularmente rica em dois grupos de compostos com comprovado beneficio à saúde humana: flavonóides e sulfóxidos de cisteína (compostos organosulfurados). Dois sub-grupos de compostos do tipo flavonóide predominam em cebolas: as antocianinas (que conferem a coloração avermelhada ou roxa aos bulbos) e as quercetinas e seus derivados (que conferem coloração amarelada ou cor de pinhão aos bulbos). As antocianinas, quercetinas e seus derivados são de grande interesse pelas suas propriedades anticarcinogênicas. Muitos dos benefícios à saúde proporcionados pela cebola e espécies relacionadas são atribuídos aos compostos organosulfurados, os quais chegam a compor de 1-5% do peso seco total de bulbos maduros. A ação da enzima alinase sobre os sulfóxidos de cisteína forma substâncias voláteis como tiosulfinatos, tiosulfonatos e mono-, di- e tri-sulfideos. A gama de propriedades funcionais atribuídas aos sulfóxidos de cisteína e seus derivados incluem: propriedades anticarcinogênicas, atividade antiplaquetária, atividade inibidora de tromboses, ação antiasmática e efeitos antibióticos. Na Tabela 2 estão algumas propriedades da cebola comprovadas cientificamente. Embora remonte às origens da civilização, a relação entre alimentação e saúde nunca foi tão estreita quanto nos dias de hoje. Uma receita de alimentação ideal deve ser equilibrada em proteínas, açúcares, gorduras, fibras, minerais, vitaminas e água, em doses balanceadas. Dessa forma, nenhum alimento isolado deve ser ingerido em detrimento de outros para prevenir uma doença específica, uma vez que diferentes alimentos fornecem diferentes substâncias vitais para a saúde. Tabela 1. Principais funções das vitaminas presentes na cebola. Vitamina Efeitos sobre o organismo Deficiência B1 (Tiamina) Melhor crescimento; maior resistência a infecções; funções normais do sistema nervoso; aumento do apetite; melhor digestão e absorção dos alimentos Beribéri (confusão mental, perda muscular) B2 (Riboflavina) Saúde da pele; bom funcionamento do trato digestivo; formação de anticorpos e hemáceas Lesões na mucosa bucal; vermelhidão da língua
  • 3. B3 (Niacina) Equilíbrio do sistema nervoso e do metabolismo; redução dos índices de colesterol; normalidade da respiração e circulação; produção de hormônios sexuais Fraqueza muscular; falta de apetite e erupções cutâneas; pelagra (dermatite, demência e diarréia) B5 (Ácido pantotênico) Regulação dos índices de açúcar no sangue; melhor utilização das proteínas e vitaminas; formação de anticorpos Distúrbios intestinais, renais e nervosos B6 (Piridoxina) Assimilação das proteínas; transmissão de impulsos nervosos; formação de anticorpos Distúrbios nervosos (irritabilidade, convulsões) B8 (Biotina) Auxilio no crescimento; formação e utilização de gordura; produção de anticorpos Dermatite; palidez; náusea; queda de cabelo; falta de apetite B9 (Ácido fólico) Manutenção da integridade do sangue e do sistema nervoso; formação do feto Baixo crescimento; anemia e outras doenças sangüíneas; distúrbios no trato gastrointestinal C (Ácido ascórbico) Absorção de ferro; síntese de colágeno; cicatrização; resistência a infecções; antioxidante Escorbuto (baixa cicatrização, pele seca, queda de dentes e problemas de gengivas) Tabela 2. Propriedades cientificamente comprovadas da cebola. Efeito Ação Antibacteriano Inibe bactérias causadoras de cáries e de distúrbios gástricos Antifúngico Contra fungos causadores de micose Cardiovascular Reduz o teor de gordura do sangue e o risco de trombose e de aterosclerose; estimula o coração Antiasmática Ameniza os sintomas da asma Hipoglicêmico Auxilia no controle da diabetes Anticancerígeno Reduz o risco de desenvolver câncer de esôfago, estômago e mama Antiinflamatório Auxilia no combate a inflamações Outros Antioxidante; desintoxicante de metais pesados
  • 4. Clima Valter Rodrigues Oliveira José Lindorico Mendonça Carlos Antonio Fernandes Santos O fotoperíodo (número de horas de luz diária) e a temperatura são os dois fatores climáticos que controlam a adaptação da cebola e limitam a recomendação de uma mesma cultivar para uma faixa ampla de latitudes. A escolha de cultivares não tão adequadas para as condições de cultivo (local e época) resulta em produtividade baixa e/ou qualidade ruim dos bulbos. A temperatura, além de influenciar a bulbificação, afeta diretamente o florescimento. Fotoperíodo Luz é provavelmente o fator ambiental mais importante envolvido no crescimento e desenvolvimento de plantas. A cebola é fisiologicamente uma espécie de dias longos para bulbificação que, de modo geral, não bulbifica em dias com duração inferior a 10 horas de luz. Sob fotoperíodos muito curtos, as plantas não mostram sinais de bulbificação mesmo após períodos longos de crescimento. Satisfeitas as exigências em fotoperíodo, tem início a formação do bulbo, independentemente do tamanho da planta. Em função do número de horas de luz diária exigido para que as plantas formem bulbos comercializáveis, as cultivares de cebola são classificadas em quatro grupos: de dias curtos (DC); de dias intermediários (DI); de dias longos (DL); e de dias muito longos (DML). As DC iniciam a bulbificação em dias com pelo menos 12 horas de luz; as DI exigem dias com 13 ou mais horas de luz; as DL exigem mais de 14 horas de luz diária; e as DML exigem dias com duração superior a 15 horas. No Brasil, em função dos fotoperíodos que ocorrem ao longo do ano, as cultivares possíveis de serem plantadas em condições normais de temperatura são as dos tipos DC e DI. As cultivares DC podem ser cultivadas em quaisquer regiões, enquanto as DI são mais adaptadas ao cultivo na região Sul do Brasil, desde que plantadas na época certa. Cultivares DL não bulbificam bem, mesmo nas condições de dias intermediários do extremo Sul do Brasil, devido ao fotoperíodo insuficiente para bulbificação. Sob o aspecto de melhoramento, a ocorrência de fotoperíodo curto a intermediário no Brasil limita o uso de populações DL em programas de hibridação visando o desenvolvimento de cultivares DC. Por serem geneticamente heterogêneas, cultivares de polinização aberta (não híbridas) em condições de dias mais curtos que o mínimo exigido, apresentam bulbificação variável, ou seja, uma proporção de plantas com bulbos normais, uma com bulbos mal formados e outra de plantas que não bulbificaram. Por outro lado, cultivares híbridas, por serem geneticamente mais homogêneas, tendem a apresentar comportamento mais uniforme.
  • 5. O efeito do fotoperíodo na bulbificação de cebola não é do mesmo tipo que ocorre com a floração na maioria das espécies de dias longos, em que apenas algumas horas de exposição ao fotoperíodo exigido pela espécie é suficiente para induzir a floração de forma irreversível. No caso da bulbificação, é necessário que as folhas sejam expostas a fotoperíodos indutivos para iniciar a fase de bulbificação e sejam mantidas nessa condição continuamente até a senescência de todas as folhas verdes para completa formação do bulbo. O fotoperíodo crítico requerido por uma dada cultivar para a bulbificação é normalmente mais curto e a taxa de bulbificação é maior quando a cultura é estabelecida de bulbinhos ou de soqueira do que de sementes. Aparentemente, algum estímulo à bulbificação permanece nos bulbos colhidos e promove a bulbificação precoce no replantio. Temperatura Estímulo à bulbificação Ainda que a duração do dia seja o fator principal para a indução, formação e maturação do bulbo, seus efeitos são modificados pela temperatura. A bulbificação apenas se inicia quando a combinação dos fatores determinantes da bulbificação (fotoperíodo e temperatura) de cada cultivar é atingida. O comprimento do dia necessário para iniciar a bulbificação diminui quando a temperatura aumenta, mas nenhuma bulbificação ocorre, mesmo em temperaturas altas, se o comprimento do dia for insuficiente. Temperaturas altas diurnas são promotoras da bulbificação mais eficientes do que temperaturas altas noturnas. Temperaturas extremamente altas (> 35ºC) na fase inicial de crescimento das plantas podem provocar a bulbificação precoce, e é um dos inconvenientes do plantio no verão no Brasil. Temperaturas baixas podem alongar o fotoperíodo crítico e podem prejudicar a formação dos bulbos. Exposição a breves períodos de frio extremo (< 6ºC) favorece o engrossamento do pseudocaule. Em condições indutivas, ou seja, uma vez satisfeitas as exigências fotoperiódicas para a bulbificação, os bulbos crescem e amadurecem mais rapidamente sob temperaturas altas. Sob temperaturas baixas o processo é atrasado. Ressalta-se que não há efeito da temperatura alta sobre a taxa de crescimento do bulbo se o fotoperíodo não for indutivo. É importante temperaturas elevadas para completa formação dos bulbos, ideal entre 15 e 25ºC. Quando culturas são estabelecidas de bulbinhos, a formação e maturação do bulbo são atrasadas e haverá requerimento de fotoperíodo maior para bulbificação quando bulbinhos são armazenados sob temperaturas altas (28 a 30ºC) por vários meses antes do plantio. Algum estímulo à bulbificação presente no bulbinho pode ser destruído pela exposição prolongada a temperaturas altas. O período para completa maturação dos bulbos é ampliado em condições climáticas mais frias após plantio.
  • 6. Estímulo ao florescimento A temperatura é o fator meteorológico mais importante na passagem das plantas de cebola da condição vegetativa para reprodutiva. Para induzir o florescimento, é necessário expor as plantas ou seus bulbos a um período prolongado de frio, cujo binômio duração do frio e temperatura críticos exigidos variam com cada cultivar e tamanho da planta. O florescimento em uma cultura destinada a produção de bulbos (florescimento prematuro ou "bolting") é prejudicial e ocorre quando as plantas são expostas a períodos prolongados de frio, após estas terem atingido determinada idade fisiológica, geralmente de três a cinco folhas. Exposição a temperaturas menores que 9°C por duas a três semanas, de modo geral, causa "bolting". Plantas maiores requerem menor tempo de exposição a baixas temperaturas para a iniciação floral. Logo, práticas culturais que favoreçam a formação de plantas grandes quando existe a possibilidade de temperaturas frias, tais como plantio precoce e fertilização em excesso no início do ciclo, acentuam o problema. Índices altos de florescimento prematuro podem resultar reduções significativas de produtividade em cultivos comerciais de cebola. Na região Sul do Brasil, o plantio de cebola precoce não deve ser realizado muito cedo (em março a abril), pois pode haver elevada incidência de florescimento prematuro em função da exposição de plantas a temperaturas baixas. Semeios realizados de maio em diante, de modo geral, propiciam menor taxa de florescimento prematuro. Cultivares desenvolvidas para a região Nordeste do Brasil, como as da série IPA, são menos exigentes em graus baixos de temperatura e tempo de exposição ao frio para florescer do que as cultivares desenvolvidas para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Precipitação e umidade Os fatores meteorológicos precipitação e umidade, embora não exerçam efeito sobre a iniciação da bulbificação e florescimento, exercem efeito sobre a rapidez de desenvolvimento dos bulbos e estrutura floral, além de afetar o estado fitossanitário e a qualidade dos bulbos na colheita. Chuvas em excesso nas últimas etapas da maturação, quando as folhas estão começando a murchar, favorecem o apodrecimento dos bulbos ainda no campo. Além disso, chuvas em excesso em qualquer etapa do desenvolvimento da cebola prejudicam a produção, pois as raízes da cebola morrem quando inundadas. Para boa qualidade dos bulbos é necessário contar com tempo seco durante a colheita e a cura da cebola. Bulbos que são colhidos em tempo úmido normalmente apodrecem imediatamente após colhidos. A umidade relativa elevada favorece a incidência de doenças foliares. Quando severas, tais enfermidades aumentam demasiadamente o custo de produção, podendo inclusive comprometer totalmente a produção.
  • 7. Preparo do solo Ronessa Bartolomeu de Souza Francisco Vilela Resende Nuno Rodrigo Madeira O manejo criterioso da adubação consiste em otimizar a produtividade, satisfazendo as necessidades da cultura pela adoção de técnicas que propiciem maior eficiência no uso dos adubos, da água, da mão de obra e dos demais insumos, minimizando as perdas de nutrientes por lixiviação, erosão e volatilização. A aplicação racional de fertilizantes exige o conhecimento da disponibilidade de nutrientes no solo, das exigências nutricionais da cultura e da avaliação do estado nutricional das plantas. A disponibilidade de nutrientes é avaliada por meio da análise química do solo, e o estado nutricional das plantas por meio da diagnose foliar (análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de carência ou excesso). Independente do sistema de cultivo, seja convencional, plantio direto ou orgânico, é fundamental o preparo adequado do solo, a correção da acidez e a aplicação de fertilizantes em quantidades adequadas, de acordo com as exigências da cultura e considerando a disponibilidade de nutrientes no solo. As recomendações de calagem e adubação para o cultivo da cebola são praticamente as mesmas para os métodos de plantio por semeadura direta, por mudas, por bulbinhos ou por bulbos de soqueira, variando apenas com o sistema de cultivo. O sistema de plantio direto ou cultivo mínimo, de uso relativamente recente no Brasil, vem utilizando as recomendações de adubação e calagem do sistema convencional sem nenhum prejuízo. Inclusive, têm sido constatadas produtividades elevadas em virtude de menores perdas dos fertilizantes aplicados. Por outro lado, o preparo e o manejo do solo são totalmente diferentes do sistema convencional. Já no sistema orgânico de plantio, mesmo quando o preparo do solo é feito de maneira similar ao convencional, por meio de aração e gradagem, a adubação e o manejo do sistema são vistos e praticados de maneira totalmente diversa. Em sistemas orgânicos de produção, deve ser evitado o manejo das adubações de forma similar ao sistema de agricultura convencional. Fazer adubações com a mesma quantidade e freqüência do sistema convencional pode não apresentar os resultados esperados, pois algumas fontes orgânicas apresentam liberação lenta de nutrientes para as plantas e estes nutrientes estão ligados a moléculas complexas, dependendo de processos bioquímicos para se tornarem disponíveis. Sistema convencional Preparo do solo e calagem A cebola desenvolve-se melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, com boa retenção de umidade, bem drenados e “leves”. Em geral, os solos de textura média, quando bem drenados, são os mais indicados por possuírem boas condições
  • 8. físicas e maior eficiência produtiva. Entretanto, é possível cultivar cebola em solos argilosos, como por exemplo os Latossolos Vermelhos provenientes de rochas basálticas, comuns no estado de São Paulo e no Sul do Brasil, desde que apresentem as características descritas acima. Solos muito arenosos apresentam o inconveniente da baixa retenção de umidade e possibilidade de lixiviação de adubos, que podem contaminar águas subterrâneas causando problemas ambientais. Solos muito argilosos e “pesados” prejudicam o desenvolvimento dos bulbos e podem causar deformações e baixa qualidade comercial. Para o preparo do solo neste sistema, geralmente são feitas uma a duas arações e duas gradagens. Quando o semeio é realizado diretamente no campo, o solo deve estar obrigatoriamente bem destorroado e aplainado, de modo a obter-se uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. No caso de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de forma que, dependendo das características do solo, muitas vezes são suficientes apenas uma aração visando atingir a profundidade de pelo menos 20 cm seguida por uma gradagem. Para o plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas. Ainda sobre o plantio de mudas, imediatamente após a gradagem faz-se o levantamento dos canteiros. Entretanto, em solos bem drenados, sem problemas de compactação, pode-se prescindir desta operação fazendo o transplante das mudas no nível do solo. A cebola é relativamente sensível à acidez dos solos, desenvolvendo-se melhor em condições de pH (em água) de 6,0 a 6,5 e de, no máximo, 5% de saturação por Al3+. Dessa forma, a calagem é fundamental para o cultivo da cebola nos solos brasileiros, em sua maioria ácidos e com teores elevados de alumínio trocável. A calagem deve ser calculada com base na análise de solo, utilizando-se de um dos critérios descritos a seguir: Método da elevação da porcentagem de saturação por bases t.ha-1 de calcário = (V2 - V1).T/PRNT, em que: V2 = 70% (saturação por bases desejada); V1 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca2++Mg2++K+).100]/T; T = capacidade troca catiônica [Ca2++Mg2++K++(H + Al)] em cmolc.dm-3; PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado. Método da neutralização do Al3+ e fornecimento de Ca2++Mg2+ t.ha-1 de calcário = Y.[Al3+-(mt.t/100)]+[X-(Ca2++Mg2+)].100/PRNT, em que:
  • 9. X = exigência em cálcio e magnésio pela cultura (para cebola X = 3,0); mt = máxima saturação por alumínio tolerada pela cultura (para cebola mt = 5,0); Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo podendo ser definido de acordo com a textura. Para solos arenosos (0 a 15% de argila); textura média (16 a 35); argilosos (36 a 60); muito argilosos (61 a 100), usa-se valores de Y de 0,0 a 1,0; 1,0 a 2,0; 2,0 a 3,0 e de 3,0 a 4,0, respectivamente. Método SMP Este método, utilizado nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, baseia-se no índice SMP para a recomendação de calagem. Para o cultivo da cebola, uma vez determinado o índice SMP na análise de solo, obtém-se a quantidade de calcário a ser aplicada para elevar o pH do solo a 6,0 mediante o uso da Tabela 3. O calcário deve ser distribuído uniformemente a lanço por toda a área a ser cultivada e incorporado ao solo por meio de gradagem, com antecedência em relação ao plantio, suficiente para que reaja com o solo, o que só ocorre na presença de umidade, levando em torno de 60 a 90 dias. Deve-se utilizar calcário com elevado PRNT (poder relativo de neutralização total), característica que se baseia na granulometria e no teor de neutralizantes, e com uma relação adequada entre cálcio e magnésio, conforme a disponibilidade destes nutrientes no solo. O calcário calcinado, de maior custo, pode ser interessante para casos em que se tenha urgência para o plantio, visto que esse reage em cerca de 15 dias. Para o estado de São Paulo é recomendado teor mínimo de 0,9 cmolc.dm-3 de magnésio no solo para o cultivo da cebola. Assim, no caso do uso de calcário com baixos teores de magnésio, deve-se suplementar com outra fonte, como o sulfato de magnésio em quantidade suficiente para atingir 0,9 cmolc.dm-3 deste nutriente e relação Ca:Mg de aproximadamente 3:1. Adubação de plantio A recomendação de adubação para a cebola deve ser feita com base nos resultados da análise de solo. Geralmente, utiliza-se a mesma recomendação de adubação para os quatro métodos de cultivo: semeadura direta, por mudas, por bulbinhos e por bulbos de soqueira. Para as regiões cebolicultoras do Brasil existem recomendações de adubação adequadas e calibradas às suas condições de solo e clima e que, portanto, apresentam Tabela 3. Quantidade de calcário (PRNT 100%) com base no índice SMP, visando a atingir o pH 6,0 em água, para correção da acidez dos solos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Índice SMP Calcário t.ha-¹ Índice SMP Calcário t.ha-¹ Índice SMP Calcário t.ha-¹
  • 10. < ou = 4,4 21,0 5,3 7,5 6,2 2,2 4,5 17,3 5,4 6,8 6,3 1,8 4,6 15,1 5,5 6,1 6,4 1,4 4,7 13,3 5,6 5,4 6,5 1,1 4,8 11,9 5,7 4,8 6,6 0,8 4,9 10,7 5,8 4,2 6,7 0,5 5,0 9,9 5,9 3,7 6,8 0,3 5,1 9,1 6,0 3,2 6,9 0,2 5,2 8,3 6,1 2,7 7,0 0,0 Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC (1994). algumas variações. Sendo assim, é aconselhável adotar as recomendações para o seu estado ou para aquele com condições edafoclimáticas mais próximas. Na região Sudeste, os estados de Minas Gerais e São Paulo têm recomendações de adubação próprias conforme as Tabelas 4 e 5. As recomendações para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão na Tabela 6. Convém salientar que apenas nestes estados faz-se a recomendação da adubação com nitrogênio (N) com base na análise de solos em função do teor de matéria orgânica. Em caso de cultivos sucessivos de cebola, recomenda-se aplicar as quantidades de fósforo (P) e potássio (K) referentes à reposição. Para o estado de Pernambuco, as recomendações de adubação com N, P e K encontram-se na Tabela 7. Na Tabela 8 estão as quantidades de adubos recomendadas para o cultivo da cebola na região do Distrito Federal. Nesta região, predominam os latossolos sob vegetação de cerrado, de baixa fertilidade natural e com altíssima capacidade de adsorção de fosfatos, o que explica as elevadas doses de P necessárias ao cultivo da cebola, quando comparadas às demais regiões. Adubação em cobertura Independente do sistema, é recomendável realizar uma adubação em cobertura com N e K no período de 30 a 40 dias após o plantio, sendo sugerido aplicar, respectivamente, 70% e 50% do total destes nutrientes em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em solos muito arenosos como os Neossolos Quartzarênicos, a adubação em Tabela 4. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola no estado de Minas Gerais. Fósforo Potássio Nitrogênio P no solo (Mehlich-1) mg.dm-3 Dose P2O5 (kg.ha-1) K no solo (mg.dm-3) Dose K2O1/ (kg.ha-1) Dose N1/ (kg.ha-1) Baixo Argiloso2/ < 32 Text. média <48 Arenoso <80 300 <50 180 120
  • 11. Médio Argiloso 32-47 Text. média 78-79 Arenoso 80-119 220 51-90 120 120 Bom Argiloso 48-72 Text. média 80-120 Arenoso 120-180 100 91-140 50 120 Muito Bom Argiloso >72 Text. média >120 Arenoso >180 50 >140 50 120 1 Aplicar 70% do K e N em cobertura aos 40 dias após o plantio (DAP). 2 Considera-se como argilosos, de textura média e arenosos aqueles solos com teores maiores que 35, de 15 a 35, e menores que 15% de argila, respectivamente. Aplicar 40 t.ha-1 de esterco de curral curtido. Fonte: Ribeiro et al. (1999). Nitrogênio Fósforo Potássio Dose N (kg.ha-1) P Resina (mg.dm-3) Dose P2O5 (kg.ha-1) K no solo (mg.dm-3) Dose K2O (kg.ha-1) Plantio < 20 300 < 59 150 30 26-60 150 60-119 120 > 60 90 > 120 60 Cobertura1/ Cobertura1/ 30-60 30-60 1 Nos sistemas de semeadura direta, mudas e soqueira realizar a adubação com N e K em cobertura parcelada em 2 vezes (50% de cada vez) aos 25 e 50 DAP. Para formação do bulbinho, aplicar no máximo 10 kg ha-1 de N em cobertura e para formação do bulbo aplicar de 10 a 20 kg ha-1 aos 5 dias e 20 a 40 kg ha-1 de N após 25 dias do plantio do bulbinho. Aplicar 15 t.ha-1 de esterco de curral curtido ou 5 t ha-1 de esterco de galinha curtido e 30 a 50 kg.ha-1 de S. Fonte: Raij et al. (1996). Tabela 6. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Teor de P no solo (mg.dm-3) Faixa de Teores de P no solo Dose P2O5 (kg.ha-1) K no solo (mg.dm-3) Dose K2O (kg.ha-1) Mat. orgânica (mg.dm-3) Dose N2/ (kg.ha-1)A1/ B C D E < ou = 1 < ou = 1,5 < ou = 2 < ou = 3 < ou = 4 Limitante 250 < ou = 20 210 1-2 1, 6-3 2, 1-4 3, 1-6 4, 1-8 Muito baixo 200 21-40 170 2, 3, 4, 6, 8, Baixo 160 41-60 130 < ou = 25 95
  • 12. 1-4 1-6 1-9 1-12 1-16 4, 1-6 6, 1-9 9, 1-14 12, 1-18 16, 1-24 Médio 120 61-80 90 26-50 75 6, 1-8 9, 1-12 14, 1-18 18, 1-24 24, 1-30 Suficiente 80 81-120 60 --- --- > 8 > 12 > 18 > 24 > 30 Alto < ou = 50 > 120 < ou = 60 > 50 < ou = 55 Reposição3/ 35 > ou = 90 1 Refere-se às classes de solos em função do teor de argila sendo A = 56 a 100; B = 41 a 55; C =26 a 40; D = 11 a 25 e E = 0 a 10% de argila. 2 Aplicar 50 % da dose de N em cobertura aos 45 dias após o plantio. 3 Doses de reposição são utilizadas no caso de cultivos sucessivos. Fonte: COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC (1994). Tabela 7. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola em Pernambuco. Nitrogênio Fósforo Potássio Dose N P no solo (Mehlich -1) Dose P2O5 K no solo DoseK2O (Kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1) Plantio < 6 180 < 30 180 45 6-10 135 31-60 135 Cobertura1/ 11-20 90 61-100 90 90 > 20 45 > 100 45 1 Realizar a adubação em cobertura aos 30 DAP. Em solos arenosos (< 15% de argila) é recomendável parcelar o nitrogênio em duas vezes aos 25 e 50 DAP e também aplicar 50% da dose de potássio em cobertura aos 50 DAP. Fonte: Cavalcanti (1998). Tabela 8. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola no Distrito Federal. Nitrogênio Fósforo Potássio Dose N P no solo (Mehlich -1) Dose P2O5 K no solo DoseK2O (Kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1) (mg.dm-3) (kg.ha-1) Plantio < 10 600-700 < 60 80-120 50 11-30 500-600 61-120 40-80 Cobertura1/ 31-60 300-400 121-240 0-40 50 > 60 100-200 > 240 - 1 Cobertura com N aos 40 DAP. Aplicar 2 e 4 kg.ha-1 de Boro e Zinco no plantio, respectivamente.
  • 13. FONTE: EMATER-DF (1987). cobertura com N e K deve ser fracionada em duas (30 e 50 dias após o plantio - DAP) ou três vezes (15, 30 e 50 DAP) para maior aproveitamento dos adubos, conforme sugerido para o Estado de Pernambuco. Adubação orgânica Independente da região, a adubação orgânica é sempre recomendada. Entretanto, deve-se considerar a quantidade de N do adubo orgânico a fim de evitar desequilíbrios na cultura por excesso deste nutriente e problemas ambientais em decorrência da lixiviação de nitrato, presente em quantidades elevadas em alguns tipos de adubos orgânicos, especialmente no esterco de matrizes. A recomendação para o estado de Minas Gerais é de 40 t.ha-1 de esterco de curral curtido enquanto para São Paulo é de 15 t.ha-1 ou a terça parte de esterco de galinha, ou ainda 500 kg.ha-1 de torta de mamona. Para o estado de Pernambuco, são recomendados 30 m3.ha-1 de esterco de curral curtido ou de outro produto orgânico em quantidade equivalente, principalmente para o cultivo em solos arenosos. A aplicação deve ser feita com antecedência de pelo menos 15 dias da semeadura ou transplante das mudas. No sistema de bulbinhos, não devem ser utilizados adubos orgânicos com altos teores de nitrogênio, aplicando no máximo 10 t.ha-1 de esterco de curral curtido ou 3 t.ha-1 de esterco de galinha em solos pobres e com baixo teor de matéria orgânica. Adubação com enxofre e micronutrientes Para a cebola, o enxofre (S) tem função especial por ser constituinte dos compostos responsáveis pela pungência. Porém, devido à presença de S na composição do superfosfato simples e do sulfato de amônio, muitas vezes este nutriente é esquecido. Entretanto, por vezes, utilizam-se outras fontes de N e P que não contém S. Portanto, em situações de baixos teores de matéria orgânica no solo e/ou de utilização de adubos concentrados como uréia e superfosfato triplo ou de fórmulas que não contêm S, deve-se acrescentar de 30 a 50 kg.ha-1 de S juntamente com a adubação NPK, independente do sistema de plantio. Quanto aos micronutrientes, apenas para o estado de São Paulo existem recomendações baseadas na análise de solo (Tabela 9). Nas demais regiões, recomenda-se em torno de 1 a 2 kg.ha-1 de boro e de 2 a 4 kg.ha-1 de zinco, sem considerar a análise de solo. Estes nutrientes devem ser aplicados no sulco de plantio antes do transplante das mudas ou incorporados ao solo antes do semeio. Em organossolos ou solos com elevados teores de matéria orgânica é bastante comum ocorrer deficiência de cobre, recomendando-se aplicar de 1 a 2 kg.ha-1 de cobre. Em áreas que receberam adubos orgânicos de boa qualidade por sucessivos anos, pode-se prescindir da aplicação de micronutrientes. Tabela 9. Recomendação de adubação com os micronutrientes B, Zn e Cu para o
  • 14. plantio de cebola de acordo com a análise de solo para o estado de São Paulo. B (mg.dm-3 ) Zn (mg.dm-3 ) Cu (mg.dm-3 ) < 0,2 0,21-0,6 >0,60 < 0,5 0,6-1,2 >1,2 < 0,2 0,3-1,0 >1,0 Dose B (kg.ha-1) Dose Zn (kg.ha-1) Dose Cu (kg.ha-1) 2 1 0 5 3 0 4 2 0 Fonte: Raij et al. (1996). Sistemas de Plantio Direto O plantio direto de cebola, por alguns também chamado de cultivo mínimo ou plantio na palha, surgiu em resposta ao agravamento contínuo dos processos erosivos, tendo por base o conhecimento adquirido em grãos, seguindo três princípios básicos: rotação de culturas, cobertura e revolvimento mínimo do solo. Este sistema vem sendo implementado pelos métodos de semeadura direta e transplante de mudas. Antes de implantar sistemas de plantio direto em áreas sob sistema convencional, recomenda-se adequar o solo mediante a redução de possíveis problemas pré- existentes, tais como a correção da acidez, a eliminação de camadas subsuperficiais compactadas, pelo uso de subsolador ou escarificador, e a redução da população de plantas espontâneas problemáticas, pelo controle químico e/ou mecânico. Como benefícios, tem se verificado a minimização dos processos erosivos, a redução na mecanização e no uso de água e energia, a diminuição da infestação por plantas espontâneas, a atenuação dos extremos de temperatura no solo, a melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, entre outras. Entretanto, por se tratar de tecnologia dinâmica e inovadora, exige acompanhamento constante e adaptações locais para que se obtenha sucesso na sua adoção. Preparo de solo No plantio direto, o preparo de solo é localizado, restrito às linhas de plantio (no método de semeadura direta) ou aos sulcos de transplante (no método de transplante de mudas) sobre a cobertura morta da cultura antecessora, chamada de planta de cobertura. O manejo da palhada das plantas de cobertura pode ser feito pela roçada ou acamamento sem a dessecação quando em sistemas orgânicos, enquanto que em sistemas convencionais, em que se utilizam herbicidas, é comum a aplicação de dessecantes como Paraquat e Gliphosate. A dessecação por herbicida pode ser associada à roçada ou à trituração (no caso de milho após a colheita mecânica) ou o acamamento pode ocorrer naturalmente após a morte das plantas de cobertura (a exemplo de milheto ou aveia-preta). Para o transplante de mudas, a adubação pode ser feita de duas formas: a lanço,
  • 15. em área total, anteriormente ao sulcamento, com incorporação parcial dos fertilizantes pelo revolvimento localizado nos sulcos de plantio; simultaneamente ao sulcamento, pela adaptação de depósitos de adubo e mecanismos de distribuição nos sulcos. Para a semeadura direta, a disposição de fertilizantes é feita nas linhas de plantio, simultaneamente ao semeio. Calagem e adubação O cultivo mínimo, de uso relativamente recente no Brasil, vem utilizando as recomendações de calagem e adubação do sistema convencional sem nenhum prejuízo; ao contrário, com elevadas produtividades em virtude de menores perdas dos fertilizantes aplicados. Com relação à calagem, previamente à implantação do sistema de cultivo mínimo, deve-se efetuar a correção da acidez do solo, por meio da incorporação de corretivo em toda a sua camada arável, aproximadamente os 20 a 30 cm superficiais. Uma vez instalado o plantio direto, deve-se realizar análises de solo pelo menos uma vez por ano. Quando necessário, isto é, quando a V% estiver abaixo de 50%, deve-se efetuar a correção do solo, distribuindo-o uniformemente em cobertura. De modo geral, o processo de acidificação no plantio direto ocorre mais lentamente e de forma concentrada principalmente na camada de 0 a 5 cm de profundidade, devido à mineralização dos restos culturais na superfície e à utilização de adubos nitrogenados. A quantidade a aplicar dependerá dos resultados da análise de solo. Quando comparado a sistemas convencionais de plantio, é comum em sistemas de plantio direto a reaplicação de calcário mais freqüentemente, porém em menores doses. Quanto à adubação, em geral utilizam-se as mesmas recomendações do sistema convencional, seja para o transplante de mudas quanto para o semeio diretamente sobre a palhada. As doses de adubos fosfatados e potássicos recomendadas para o sistema convencional têm mantido elevada a produtividade das culturas no cultivo mínimo. Em sistemas agrícolas onde se adotou sistemas de plantio direto, com adubação restrita às linhas de plantio, em substituição a sistemas de plantio convencional que utilizam adubação a lanço em área total previamente ao encanteiramento, tem se observado redução na quantidade de adubo aplicado no plantio em torno de 30 a 50% sem prejuízo na produtividade. Especificamente, quanto à adubação nitrogenada, a recomendação varia conforme a planta de cobertura utilizada para a formação da palhada. Se espécies leguminosas foram utilizadas, deve-se ajustar as recomendações do sistema convencional, considerando a quantidade de N incorporada ao sistema (Tabela 10), reduzindo ou, até mesmo, dispensando a adubação no plantio, desde que este seja efetuado até 15 a 20 dias após o manejo da palhada. Por outro lado, se foram utilizadas
  • 16. gramíneas para a formação de palhada, deve-se aumentar a dosagem recomendada em torno de 20 a 50% conforme o volume de palhada em cobertura no solo, pois em função da alta relação C/N na sua composição este material seqüestra N do sistema para se decompor. Sistemas orgânicos de plantio Preparo do solo e calagem Neste sistema, à semelhança do sistema convencional, geralmente o preparo do solo consiste de calagem quando necessária, aração, gradagem e levantamento dos canteiros. Tabela 10. Plantas de cobertura e as respectivas produções médias de massa verde, massa seca, N (nitrogênio) fixado e duração do ciclo até o florescimento. Planta de cobertura Massa verde (t.ha-1) Massa seca (t.ha-1) N (kg.ha-1) Ciclo até o florescimento Aveia-preta 30-60 3-6 - 70 - 130 Azevém 30-60 3-6 - 150 - 180 Calopogônio 20-30 4-5 64-450 180 - 210 Crotalaria juncea 50-70 15-20 150-165 90 - 120 Crotalaria spectabilis 20-30 4-6 60-120 90 - 100 Ervilhaca 20-30 4-6 120-180 120 - 150 Feijão-de-porco 20-40 3-6 50-190 90 - 100 Feijão guandu 20-40 5-9 40-280 150 - 180 Feijão guandu anão 20-30 4-7 100-170 90 - 120 Labe-labe 15-30 5-9 65-130 120 - 150 Milheto 40-50 8-10 - 60 - 90 Mucuna anã 10-20 2-4 50-100 90 - 120 Mucuna preta 40-50 7-8 170-210 150 - 180 Nabo forrageiro 25-50 2-5 - 60 - 90 Soja perene 25-40 4-10 40-450 210 - 240 Sorgo forrageiro 15-30 4-8 - 55 - 70 para o plantio de mudas. Como no sistema orgânico a quantidade de calcário é limitada a no máximo 2 t.ha-1, deve-se utilizar calcário dolomítico e, de preferência, três meses antes do plantio. As quantidades de calcário e adubos devem ser calculados com base na análise química do solo. Em solos de primeiro ano é bastante comum realizar fosfatagem utilizando fontes de fósforo permitidas para o cultivo orgânico que são os termofosfatos, fosfatos naturais e/ou fosfatos reativos. É fundamental também a utilização de adubos verdes de leguminosas, em cultivo solteiro ou em consórcio com gramíneas. Para maior eficiência do sistema é desejável que as espécies de adubos verdes apresentem crescimento rápido, boa cobertura do solo e elevada produção de biomassa. Portanto, é necessário selecionar as espécies de adubos verdes mais adaptadas de acordo com as
  • 17. condições de solo, clima e época de plantio. Adubação de plantio A aplicação do adubo orgânico pode ser feita a lanço, distribuída em toda a área antes do encanteiramento, utilizando o equivalente a 10 t.ha-1 de composto orgânico em termos de massa seca. Como alternativa pode ser utilizada a mesma quantidade de composto de farelos ou de esterco de curral curtido, ou ainda a metade de esterco de aves. Além do adubo orgânico, uma vez constatado teores baixos de fósforo na análise de solo, deve-se aplicar de 100 a 200 g.m-2 de termofosfato no plantio. O cálculo das dosagens de adubos orgânicos para o plantio pode ser feito também levando-se em consideração a análise do solo, a composição química do adubo e a exigência da cultura. Como exemplo, considere o plantio de um hectare de cebola em que pela análise de solo se recomende aplicar 120 kg de N, 180 kg de K2O e 300 kg de P2O5 e têm-se disponíveis os adubos orgânicos com suas respectivas composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc) apresentados na Tabela 11. Esterco bovino necessário: N = kg.ha-1 de N recomendada pela análise de solo x fc para N = 120 x 20 = 2.400 kg.ha-1 de esterco bovino que fornece também: P = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para P = 2.400/40 = 60 kg.ha-1; K = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para K = 2.400/20 = 120 kg.ha-1. Para completar o K, vamos usar cinzas como adubo: K = (kg.ha-1 de K recomendado - kg.ha-1 de K fornecido pelo esterco bovino) x fc para K = (180 - 120) x 10 = 600 kg.ha-1 de cinzas que fornece também: P = kg.ha-1 de cinzas: fc para P = 600/40 = 15 kg.ha-1. Para completar o P, vamos usar o fosfato natural: P = (kg.ha-1 de P recomendado - kg.ha-1 de P fornecido pelo esterco bovino - kg.ha-1 de P fornecido pelas cinzas) x fc para P = (300 – 60 -15) x 3,3 = 742 kg.ha-1 de fosfato natural. Portanto, para atender as recomendações indicadas pela análise de solo neste exemplo, para o plantio de um hectare de cebola devemos aplicar uma mistura contendo 2.400 kg de esterco bovino, 600 kg de cinzas e 742 kg de fosfato natural. Estes cálculos levam em consideração apenas a constituição química dos adubos,
  • 18. sendo que os aspectos físicos e biológicos do solo, muito importantes nos sistemas de produção orgânicos, não são considerados. Portanto, as quantidades recomendadas no exemplo acima podem ser aumentadas considerando as características climáticas e de solo de cada região. Adubação em cobertura Trinta dias após o transplante, faz-se uma adubação em cobertura com 5 t.ha-1 de composto orgânico (massa seca) ou aplicação de 0,4 l.m-2 de extrato de composto (composto orgânico:água, relação em volume de 1:3) ou de biofertilizantes líquidos. Fertilizante orgânico Composição química N P K %MS fc1/ %MS fc1/ %MS fc1/ Esterco Bovino 5 20 2,5 40 5 20 Fosfato Natural - - 30 3,3 - - Cinzas - - 2,5 40 10 10 1 fc = 100/%MS Avaliação do estado nutricional O diagnóstico do estado nutricional das plantas é realizado por meio da diagnose foliar (análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de deficiência ou excesso). A análise química foliar é importante para o ajuste fino da adubação, visando a maximizar a produtividade e a aumentar a eficiência no uso dos fertilizantes. Para a cebola, recomenda-se amostrar a folha mais alta por ocasião do meio do ciclo da cultura em número de 40 folhas por talhão homogêneo. A diagnose visual, por sua vez, é também útil para diagnosticar desequilíbrios nutricionais. Entretanto, quando os sintomas se manifestam, a produção já pode estar prejudicada. Portanto, em qualquer cultivo, o ideal é que não ocorram sintomas visuais de desequilíbrios e, se ocorrerem, que sejam detectados e corrigidos o mais rápido possível. Os sintomas de desequilíbrios nutricionais mais comumente observados na cultura da cebola são os seguintes: Nitrogênio - sua deficiência causa redução do crescimento das plantas e folhas com coloração verde claro, progredindo para o amarelo nas folhas mais velhas, podendo chegar a uma cor verde-amarelo na planta inteira em caso de deficiência prolongada. Ocorre também redução do tamanho dos bulbos. Convém lembrar que temperaturas baixas, excesso de água ou seca prolongada podem causar sintomas semelhantes.
  • 19. O excesso de nitrogênio pode ocasionar diversos problemas tais como alongamento do ciclo, plantas com “pescoço grosso”, muito viçosas, com excesso de folhas e que em geral não produzem bulbos de boa qualidade. Além disso, aumenta a suscetibilidade a doenças foliares e diminui a conservação pós-colheita dos bulbos. Potássio - sob deficiência deste nutriente, as folhas mais velhas tornam-se cloróticas e secas nas pontas; ocorre diminuição do tamanho dos bulbos. O potássio aumenta a tolerância a doenças e propicia melhor formação do bulbo e maior conservação pós-colheita, sendo essencial o balanço potássio/nitrogênio para o bom desenvolvimento e qualidade da cebola. Não se conhece sintomas visíveis de toxidez de K, entretanto seu excesso induz deficiências de magnésio e cálcio. Fósforo - sua carência resulta em menor crescimento das plantas, com clorose das folhas mais velhas que se secam em seguida; as folhas mais jovens tornam-se de cor verde escura, finas e menores; ocorre também redução do tamanho dos bulbos. O excesso de P pode causar deficiências induzidas de micronutrientes, especialmente de zinco e cobre. Cálcio - os sintomas de deficiência manifestam-se inicialmente nas folhas mais novas que tombam sem se quebrarem, mesmo estando aparentemente sadias. Após alguns dias, estas folhas começam a secar do ápice para a base, adquirindo coloração palha; posteriormente, são acometidas as folhas intermediárias e, por último, as mais velhas, que são igualmente afetadas em caso de deficiência prolongada de cálcio. Toxicidade deste nutriente ainda não foi relatada; entretanto, sabe-se que o excesso ocasiona desequilíbrios com outros nutrientes, especialmente o magnésio e o potássio. Magnésio - sua deficiência ocasiona secamento da ponta das folhas mais velhas e redução do tamanho dos bulbos. Enxofre - folhas mais novas tornam-se cloróticas e algumas vezes deformadas em condições de deficiência deste nutriente. O enxofre influencia o sabor e o aroma da cebola, de tal forma que existe relação direta entre o teor de enxofre do solo e a pungência do bulbo. Mesmo as cultivares de cebola suaves tornam-se mais pungentes com o aumento da disponibilidade de enxofre no solo. A adequada nutrição em enxofre é também importante para a maior conservação pós-colheita dos bulbos. Micronutrientes - em condições normais, nos solos brasileiros apenas o boro e o zinco e, em alguns casos, o cobre têm se mostrado deficientes para a cultura da cebola. Ferro, manganês, molibdênio e cloro geralmente não representam problemas. Boro - plantas deficientes apresentam crescimento reduzido, folhas retorcidas, espessas, quebradiças e com partes secas a partir do ápice; as escamas apresentam-se desidratadas e surgem necroses naquelas da região meristemática; aumenta a incidência de podridões durante o armazenamento dos bulbos diminuindo
  • 20. a conservação pós-colheita. Zinco - a carência provoca redução no crescimento das plantas, estrias nas folhas, e algumas vezes, encurvamento das mesmas com clorose. Podem ocorrer ainda manchas cloróticas nas folhas mais novas e manchas irregulares amareladas nas folhas mais velhas. Cobre - sob deficiência, as plantas apresentam-se fracas e sem firmeza e as folhas com clorose esbranquiçada, além de retorcidas e com necrose nas pontas.
  • 21. Plantio Direto Nuno Rodrigo Madeira Francisco Vilela Resende Ronessa Bartolomeu de Souza O plantio direto de cebola, por alguns também chamado de cultivo mínimo ou plantio na palha, surgiu em resposta ao agravamento contínuo dos processos erosivos, tendo por base o conhecimento adquirido em grãos, seguindo três princípios básicos: rotação de culturas, cobertura e revolvimento mínimo do solo. Este sistema vem sendo implementado pelos métodos de semeadura direta e transplante de mudas. Antes de implantar sistemas de plantio direto em áreas sob sistema convencional, recomenda-se adequar o solo mediante a redução de possíveis problemas pré- existentes, tais como a correção da acidez, a eliminação de camadas subsuperficiais compactadas, pelo uso de subsolador ou escarificador, e a redução da população de plantas espontâneas problemáticas, pelo controle químico e/ou mecânico. Como benefícios, tem se verificado a minimização dos processos erosivos, a redução na mecanização e no uso de água e energia, a diminuição da infestação por plantas espontâneas, a atenuação dos extremos de temperatura no solo, a melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, entre outras. Entretanto, por se tratar de tecnologia dinâmica e inovadora, exige acompanhamento constante e adaptações locais para que se obtenha sucesso na sua adoção. Preparo de solo No plantio direto, o preparo de solo é localizado, restrito às linhas de plantio (no método de semeadura direta) ou aos sulcos de transplante (no método de transplante de mudas) sobre a cobertura morta da cultura antecessora, chamada de planta de cobertura. O manejo da palhada das plantas de cobertura pode ser feito pela roçada ou acamamento sem a dessecação quando em sistemas orgânicos, enquanto que em sistemas convencionais, em que se utilizam herbicidas, é comum a aplicação de dessecantes como Paraquat e Gliphosate. A dessecação por herbicida pode ser associada à roçada ou à trituração (no caso de milho após a colheita mecânica) ou o acamamento pode ocorrer naturalmente após a morte das plantas de cobertura (a exemplo de milheto ou aveia-preta). Para o transplante de mudas, a adubação pode ser feita de duas formas: a lanço, em área total, anteriormente ao sulcamento, com incorporação parcial dos fertilizantes pelo revolvimento localizado nos sulcos de plantio; simultaneamente ao sulcamento, pela adaptação de depósitos de adubo e mecanismos de distribuição nos sulcos.
  • 22. Para a semeadura direta, a disposição de fertilizantes é feita nas linhas de plantio, simultaneamente ao semeio. Calagem e adubação O cultivo mínimo, de uso relativamente recente no Brasil, vem utilizando as recomendações de calagem e adubação do sistema convencional sem nenhum prejuízo; ao contrário, com elevadas produtividades em virtude de menores perdas dos fertilizantes aplicados. Com relação à calagem, previamente à implantação do sistema de cultivo mínimo, deve-se efetuar a correção da acidez do solo, por meio da incorporação de corretivo em toda a sua camada arável, aproximadamente os 20 a 30 cm superficiais. Uma vez instalado o plantio direto, deve-se realizar análises de solo pelo menos uma vez por ano. Quando necessário, isto é, quando a V% estiver abaixo de 50%, deve-se efetuar a correção do solo, distribuindo-o uniformemente em cobertura. De modo geral, o processo de acidificação no plantio direto ocorre mais lentamente e de forma concentrada principalmente na camada de 0 a 5 cm de profundidade, devido à mineralização dos restos culturais na superfície e à utilização de adubos nitrogenados. A quantidade a aplicar dependerá dos resultados da análise de solo. Quando comparado a sistemas convencionais de plantio, é comum em sistemas de plantio direto a reaplicação de calcário mais freqüentemente, porém em menores doses. Quanto à adubação, em geral utilizam-se as mesmas recomendações do sistema convencional, seja para o transplante de mudas quanto para o semeio diretamente sobre a palhada. As doses de adubos fosfatados e potássicos recomendadas para o sistema convencional têm mantido elevada a produtividade das culturas no cultivo mínimo. Em sistemas agrícolas onde se adotou sistemas de plantio direto, com adubação restrita às linhas de plantio, em substituição a sistemas de plantio convencional que utilizam adubação a lanço em área total previamente ao encanteiramento, tem se observado redução na quantidade de adubo aplicado no plantio em torno de 30 a 50% sem prejuízo na produtividade. Especificamente, quanto à adubação nitrogenada, a recomendação varia conforme a planta de cobertura utilizada para a formação da palhada. Se espécies leguminosas foram utilizadas, deve-se ajustar as recomendações do sistema convencional, considerando a quantidade de N incorporada ao sistema (Tabela 10), reduzindo ou, até mesmo, dispensando a adubação no plantio, desde que este seja efetuado até 15 a 20 dias após o manejo da palhada. Por outro lado, se foram utilizadas gramíneas para a formação de palhada, deve-se aumentar a dosagem recomendada em torno de 20 a 50% conforme o volume de palhada em cobertura no solo, pois em função da alta relação C/N na sua composição este material seqüestra N do sistema para se decompor.
  • 23. Adubação de plantio A aplicação do adubo orgânico pode ser feita a lanço, distribuída em toda a área antes do encanteiramento, utilizando o equivalente a 10 t.ha-1 de composto orgânico em termos de massa seca. Como alternativa pode ser utilizada a mesma quantidade de composto de farelos ou de esterco de curral curtido, ou ainda a metade de esterco de aves. Além do adubo orgânico, uma vez constatado teores baixos de fósforo na análise de solo, deve-se aplicar de 100 a 200 g.m-2 de termofosfato no plantio. O cálculo das dosagens de adubos orgânicos para o plantio pode ser feito também levando-se em consideração a análise do solo, a composição química do adubo e a exigência da cultura. Como exemplo, considere o plantio de um hectare de cebola em que pela análise de solo se recomende aplicar 120 kg de N, 180 kg de K2O e 300 kg de P2O5 e têm-se disponíveis os adubos orgânicos com suas respectivas composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc) apresentados na Tabela 11. Esterco bovino necessário: N = kg.ha-1 de N recomendada pela análise de solo x fc para N = 120 x 20 = 2.400 kg.ha-1 de esterco bovino que fornece também: P = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para P = 2.400/40 = 60 kg.ha-1; K = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para K = 2.400/20 = 120 kg.ha-1. Para completar o K, vamos usar cinzas como adubo: K = (kg.ha-1 de K recomendado - kg.ha-1 de K fornecido pelo esterco bovino) x fc para K = (180 - 120) x 10 = 600 kg.ha-1 de cinzas que fornece também: P = kg.ha-1 de cinzas: fc para P = 600/40 = 15 kg.ha-1. Para completar o P, vamos usar o fosfato natural: P = (kg.ha-1 de P recomendado - kg.ha-1 de P fornecido pelo esterco bovino - kg.ha-1 de P fornecido pelas cinzas) x fc para P = (300 – 60 -15) x 3,3 = 742 kg.ha-1 de fosfato natural. Portanto, para atender as recomendações indicadas pela análise de solo neste exemplo, para o plantio de um hectare de cebola devemos aplicar uma mistura contendo 2.400 kg de esterco bovino, 600 kg de cinzas e 742 kg de fosfato natural. Estes cálculos levam em consideração apenas a constituição química dos adubos, sendo que os aspectos físicos e biológicos do solo, muito importantes nos sistemas de produção orgânicos, não são considerados. Portanto, as quantidades
  • 24. recomendadas no exemplo acima podem ser aumentadas considerando as características climáticas e de solo de cada região. Adubação em cobertura Trinta dias após o transplante, faz-se uma adubação em cobertura com 5 t.ha-1 de composto orgânico (massa seca) ou aplicação de 0,4 l.m-2 de extrato de composto (composto orgânico: água, relação em volume de 1:3) ou de biofertilizantes líquidos. Tabela 11. Adubos orgânicos, composições químicas (% na matéria seca) e fatores de conversão (fc). Fertilizante orgânico Composição química N P K %MS fc1/ %MS fc1/ %MS fc1/ Esterco Bovino 5 20 2,5 40 5 20 Fosfato Natural - - 30 3,3 - - Cinzas - - 2,5 40 10 10 1 fc = 100/%MS Irrigação Waldir Aparecido Marouelli O cultivo da cebola no Brasil, com exceção da região Sul, é realizado sob irrigação. Todavia, a área irrigada nesta região vem aumentando, visando favorecer a produção e maior de rendimento. Embora a cultura seja sensível ao déficit hídrico, o excesso é também muito prejudicial, favorecendo a incidência de doenças e prejudicando a produção e qualidade de bulbos. A aspersão é o método mais utilizado para a irrigação da cebola no Brasil. Na região Nordeste, a aspersão vem substituindo os sistemas por superfície, tradicionalmente utilizados. Dentre os sistemas por aspersão, o convencional é o mais utilizado, principalmente no Sul e Sudeste. Em médias e grandes áreas de produção, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o pivô central vem sendo adotado com sucesso. Necessidade de água das plantas A necessidade total de água da cultura varia de 350 a 650 mm, dependendo das condições climáticas, ciclo da cultivar e sistema de irrigação. A demanda diária (evapotranspiração da cultura, ETc) aumenta com o crescimento das plantas, atingindo o máximo no estádio de bulbificação e diminuindo no de maturação. Coeficientes de cultura (Kc), para a determinação da ETc, são apresentados na Tabela 13. São valores médios, podendo requerer ajustes para condições específicas de cultivo. No caso de cultivo mínimo, por exemplo, devem ser reduzidos de 10% a
  • 25. 40%, dependendo do tipo de palhada e estádio da cultura. Tabela 13. Coeficiente de cultura (KC) para cebola. Estádio Kc Inicial (1) 0,55 1, 2 Vegetativo (2) 0,85 Bulbificação (3) 1,05 Maturação (4) 0,75 1 Semeadura direta: turno de rega (TR) ³ 3 dias. Para TR = 2 dias, usar Kc = 0,85; TR = 1 dia, usar Kc = 1,05. 2 Para transplante de mudas usar Kc = 0,85. Obs.: No caso de produção de mudas (estádio 0), adotar Kc = 1,05. Produção de mudas A irrigação na dose correta é fundamental para a produção de mudas de qualidade, em tamanho e vigor. Os canteiros devem estar em local com boa drenagem, pois o excesso de água, além de prejudicial às mudas, favorece a ocorrência de doenças. Antes da semeadura, deve-se irrigar até o solo atingir a capacidade de campo, na camada de 30 cm. Dependendo da umidade do solo, a lâmina líquida necessária vai de 10 a 15 mm, para solos de textura grossa, e de 20 a 40 mm, para os de texturas média e fina. Da semeadura até 5 a 10 dias após a emergência, as irrigações devem ser leves e freqüentes. Em geral, irrigar duas vezes por dia, uma pela manhã e outra pela tarde. Sob condições de clima ameno e solo com bom armazenamento de água, uma irrigação diária pode ser suficiente. Com o crescimento das mudas, irrigar a cada um ou dois dias, sempre no período da tarde. Para aclimatação e rustificação das mudas, visando maior resistência às etapas de transporte e transplante no campo, pode-se suspender as irrigações dois a quatro dias antes do transplante. Para facilitar o arrancamento das mudas, deve-se irrigar previamente. Estádio inicial Vai da semeadura, do transplante das mudas ou do plantio de bulbinhos até o estabelecimento inicial das plantas (10% do crescimento vegetativo). Antes do plantio, deve-se irrigar à semelhança do indicado para produção de mudas. Imediatamente após o transplante deve-se realizar uma irrigação para, além de disponibilizar água às mudas, eliminar bolsões de ar em torno das raízes. Até a emergência das plântulas, brotação dos bulbinhos ou pegamento de mudas, irrigar de forma freqüente e em pequenas quantidades, procurando manter a
  • 26. umidade, da camada até 20 cm, entre 70% e 100% da água disponível do solo. Depois, espaçar o intervalo entre irrigações para estimular o crescimento radicular em profundidade e lateralmente. Estádio vegetativo Vai do estabelecimento inicial das plantas até o início da bulbificação. Neste estádio, as plantas são menos sensíveis à falta de água que nos estádios inicial e de bulbificação. Todavia, a falta de água pode prejudicar o rendimento, mesmo que o suprimento no estádio seguinte seja adequado. Plantas com crescimento luxuriante, devido ao fornecimento de água e nitrogênio em excesso, estão mais sujeitas ao ataque de pragas e doenças. A tensão de água no solo para reinicio das irrigações no estádio vegetativo varia de 15 a 40 kPa, onde o menor valor é indicado para solos arenosos. A avaliação da tensão é realizada a 50% da profundidade efetiva do sistema radicular, por meio de sensores, como o tensiômetro e o IrrigasÒ, instalados entre as linhas de plantio. Estádio de bulbificação O estádio de formação da produção se prolonga até o início da maturação, sendo aquele onde a necessidade de água das plantas é máxima. A deficiência de água, particularmente durante o período de rápido crescimento de bulbo, reduz drasticamente o tamanho de bulbo. Por outro lado, irrigações e adubações nitrogenadas em excesso favorecem o engrossamento demasiado do pseudocaule (“pescoço-grosso”), induzindo maior susceptibilidade a doenças foliares e prejudicando a conservação dos bulbos. A tensão de água no solo que indica o momento adequado das irrigações varia de 7 a 20 kPa, sendo a menor tensão para solos de textura grossa. Estádio de maturação Nesse estádio, que vai do início da maturação dos bulbos até a colheita, há redução no uso de água pelas plantas (20% a 30%). O primeiro sinal de amadurecimento é o tombamento da planta (“estalo”), seguindo-se o secamento da parte aérea. A faixa de tensão para se irrigar é semelhante à indicada para o estádio vegetativo. Irrigações ou chuvas próximas da colheita reduzem o teor de matéria seca, sólidos solúveis e pungência dos bulbos, além de aumentar as perdas por apodrecimento durante o armazenamento e comercialização. Para evitar a entrada de água pelo pseudocaule e permitir a rápida dessecação da parte aérea e a maturação dos bulbos, melhorando suas condições de cura e de conservação, as irrigações devem ser suspensas entre uma e duas semanas antes da colheita. Alguns produtores utilizam o critério de 50% de plantas com “pescoço” macio.
  • 27. Nutrição e Adubação Ronessa Bartolomeu de Souza Francisco Vilela Resende Nuno Rodrigo Madeira O manejo criterioso da adubação consiste em otimizar a produtividade, satisfazendo as necessidades da cultura pela adoção de técnicas que propiciem maior eficiência no uso dos adubos, da água, da mão de obra e dos demais insumos, minimizando as perdas de nutrientes por lixiviação, erosão e volatilização. A aplicação racional de fertilizantes exige o conhecimento da disponibilidade de nutrientes no solo, das exigências nutricionais da cultura e da avaliação do estado nutricional das plantas. A disponibilidade de nutrientes é avaliada por meio da análise química do solo, e o estado nutricional das plantas por meio da diagnose foliar (análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de carência ou excesso). As recomendações de calagem e adubação para o cultivo da cebola são praticamente as mesmas para os métodos de plantio por semeadura direta, por mudas, por bulbinhos ou por bulbos de soqueira, variando apenas com o sistema de cultivo. O sistema de plantio direto ou cultivo mínimo, de uso relativamente recente no Brasil, vem utilizando as recomendações de adubação e calagem do sistema convencional sem nenhum prejuízo. Sistema convencional Preparo do solo e calagem A cebola desenvolve-se melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, com boa retenção de umidade, bem drenados e “leves”. Em geral, os solos de textura média, quando bem drenados, são os mais indicados por possuírem boas condições físicas e maior eficiência produtiva. Entretanto, é possível cultivar cebola em solos argilosos, como por exemplo os Latossolos Vermelhos provenientes de rochas basálticas, comuns no estado de São Paulo e no Sul do Brasil, desde que apresentem as características descritas acima. Solos muito arenosos apresentam o inconveniente da baixa retenção de umidade e possibilidade de lixiviação de adubos, que podem contaminar águas subterrâneas causando problemas ambientais. Solos muito argilosos e “pesados” prejudicam o desenvolvimento dos bulbos e podem causar deformações e baixa qualidade comercial. Para o preparo do solo neste sistema, geralmente são feitas uma a duas arações e duas gradagens. Quando o semeio é realizado diretamente no campo, o solo deve estar obrigatoriamente bem destorroado e aplainado, de modo a obter-se uniformidade na distribuição das pequenas e irregulares sementes de cebola. No caso de transplante de mudas, o destorroamento não precisa ser tão intenso, de forma que, dependendo das características do solo, muitas vezes são suficientes apenas uma aração visando atingir a profundidade de pelo menos 20 cm seguida
  • 28. por uma gradagem. Para o plantio de bulbinhos ou soqueira seguem-se as mesmas recomendações de preparo do solo para o sistema de mudas. Ainda sobre o plantio de mudas, imediatamente após a gradagem faz-se o levantamento dos canteiros. Entretanto, em solos bem drenados, sem problemas de compactação, pode-se prescindir desta operação fazendo o transplante das mudas no nível do solo. A cebola é relativamente sensível à acidez dos solos, desenvolvendo-se melhor em condições de pH (em água) de 6,0 a 6,5 e de, no máximo, 5% de saturação por Al3+. Dessa forma, a calagem é fundamental para o cultivo da cebola nos solos brasileiros, em sua maioria ácidos e com teores elevados de alumínio trocável. Adubação de plantio A recomendação de adubação para a cebola deve ser feita com base nos resultados da análise de solo. Geralmente, utiliza-se a mesma recomendação de adubação para os quatro métodos de cultivo: semeadura direta, por mudas, por bulbinhos e por bulbos de soqueira. Para as regiões cebolicultoras do Brasil existem recomendações de adubação adequadas e calibradas às suas condições de solo e clima e que, portanto, apresentam algumas variações. Sendo assim, é aconselhável adotar as recomendações para o seu estado ou para aquele com condições edafoclimáticas mais próximas. Adubação em cobertura Independente do sistema, é recomendável realizar uma adubação em cobertura com N e K no período de 30 a 40 dias após o plantio, sendo sugerido aplicar, respectivamente, 70% e 50% do total destes nutrientes em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em solos muito arenosos como os Neossolos Quartzarênicos, a adubação em cobertura com N e K deve ser fracionada em duas (30 e 50 dias após o plantio - DAP) ou três vezes (15, 30 e 50 DAP) para maior aproveitamento dos adubos, conforme sugerido para o Estado de Pernambuco. Adubação orgânica Independente da região, a adubação orgânica é sempre recomendada. Entretanto, deve-se considerar a quantidade de N do adubo orgânico a fim de evitar desequilíbrios na cultura por excesso deste nutriente e problemas ambientais em decorrência da lixiviação de nitrato, presente em quantidades elevadas em alguns tipos de adubos orgânicos, especialmente no esterco de matrizes. A aplicação deve ser feita com antecedência de pelo menos 15 dias da semeadura ou transplante das mudas. No sistema de bulbinhos, não devem ser utilizados adubos orgânicos com altos teores de nitrogênio, aplicando no máximo 10 t.ha-1 de esterco de curral curtido ou 3 t.ha-1 de esterco de galinha em solos pobres e com baixo teor de
  • 29. matéria orgânica. Adubação com enxofre e micronutrientes Para a cebola, o enxofre (S) tem função especial por ser constituinte dos compostos responsáveis pela pungência. Porém, devido à presença de S na composição do superfosfato simples e do sulfato de amônio, muitas vezes este nutriente é esquecido. Entretanto, por vezes, utilizam-se outras fontes de N e P que não contém S. Portanto, em situações de baixos teores de matéria orgânica no solo e/ou de utilização de adubos concentrados como uréia e superfosfato triplo ou de fórmulas que não contêm S, deve-se acrescentar de 30 a 50 kg.ha-1 de S juntamente com a adubação NPK, independente do sistema de plantio. Em geral, recomenda-se em torno de 1 a 2 kg.ha-1 de boro e de 2 a 4 kg.ha-1 de zinco, sem considerar a análise de solo. Estes nutrientes devem ser aplicados no sulco de plantio antes do transplante das mudas ou incorporados ao solo antes do semeio. Em organossolos ou solos com elevados teores de matéria orgânica é bastante comum ocorrer deficiência de cobre, recomendando-se aplicar de 1 a 2 kg.ha-1 de cobre. Em áreas que receberam adubos orgânicos de boa qualidade por sucessivos anos, pode-se prescindir da aplicação de micronutrientes.
  • 30. Valter Rodrigues Oliveira Daniela Lopes Leite Carlos Antonio Fernandes Santos Nivaldo Duarte Costa Paulo César Tavares de Melo As formas mais importantes de classificar as cebolas são quanto as exigências fotoperiódicas, o padrão genético, e a preferência e forma de consumo. Cultivares são melhor adaptadas a locais e épocas nas quais ocorrem o mínimo de fotoperíodo e temperatura exigidos para a bulbificação. As cultivares de ciclo precoce, médio e tardio, são plantadas nos estados da região Sul. Nas regiões Sudeste e Centro Oeste são plantadas cebolas "super precoces", precoces e médias. Nos demais estados brasileiros plantam-se cultivares "super precoces" e precoces. Devido a interação com temperatura, tamanho e idade da planta, densidade de plantio, fertilização, irrigação, etc., a bulbificação e produção de cebola podem variar consideravelmente em uma mesma faixa de fotoperíodos. Outra forma de agrupamento das cultivares de cebola, é pelo padrão genético, determinado pelo grau de homogeneidade adquirido pela população por meio do melhoramento genético. No primeiro grupo estão as populações geneticamente heterogêneas como 'Baia Periforme', 'Pêra' e 'Crioula', mantidas por produtores e em coleções de germoplasma. Constituem a base das cultivares brasileiras, por apresentarem tolerância a doenças, boa conservação pós-colheita e ampla variação em formato, tamanho, cor, número e espessura de películas de bulbos. Cebolas do grupo 'Crioula' são adaptadas principalmente à região Sul. Seus bulbos possuem conservação pós-colheita muito boa, película de cor marrom escura e ampla aceitação pelo mercado. O segundo grupo é composto por seleções estabilizadas e bem adaptadas que são comercializadas como cultivares de polinização livre, ao qual pertencem todas as cultivares brasileiras e as do tipo Grano, importadas. As cultivares nacionais possuem geralmente bulbos globulares a globulares alongados, película amarela, marrom, vermelha ou arroxeada e de espessura variável, conteúdo alto de matéria seca, sabor, odor e pungência acentuados, folhas cerosas e bom nível de resistência a doenças foliares. A cultivar Conquista, disponibilizada pela Embrapa Hortaliças em 1988 é do tipo 'Baia Periforme' e possui resistência a Peronospora destructor (míldio) no escapo floral, sendo importante na fase de produção de sementes. Algumas cultivares do tipo 'Baia Periforme' como Baia Periforme, Baia Periforme Super Precoce, Baia Precoce Piracicaba e Pira Ouro são adaptadas ao médodo de produção por bulbinhos. As cultivares importadas caracterizam-se pelos bulbos globulares achatados, película amarela clara e fina, escamas espessas, conteúdo baixo de matéria seca, sabor, odor e pungência mais suaves e pouca cerosidade na folha. Possuem adaptação ampla quanto ao comprimento de dia, são bastante produtivas e resistentes ao
  • 31. florescimento, mas muito suscetíveis a doenças foliares. As cultivares de polinização livre mantêm ampla variabilidade genética e juntamente com as populações geneticamente heterogêneas formam o material básico para seleção e melhoramento genético. O terceiro grupo é composto pelas cultivares híbridas de dias curtos, ao qual pertencem as do tipo 'Granex' desenvolvidas nos Estados Unidos. São populares no Brasil 'Granex 33', 'Granex 429', 'Granex Ouro', 'Mercedes' e 'Superex'. Cultivares 'Granex' possuem bulbos achatados ou redondo achatados, precocidade de maturação, resistência ao pendoamento, sabor, odor e pungência suaves e resistência a raiz rosada (Pyrenochaeta terrestris). São, no entanto, mais suscetíveis a mancha púrpura (Alternaria porri), e ao mal de sete voltas (Colletotrichum gloeosporioides) que as cultivares nacionais, e a exemplo das cultivares 'Grano', são facilmente danificadas pelo manuseio demasiado e possuem vida pós-colheita curta, mesmo sob condições de frio. Apesar do aumento crescente da área plantada com cultivares híbridas de cebola no Brasil, ainda não se tem híbridos nacionais disponíveis. As cultivares híbridas, devido aos efeitos benéficos da heterose e ao alto padrão genético (maior uniformidade de bulbificação, maior capacidade de adaptação por tolerar maior densidade de plantio, e pela maior produtividade em relação as cultivares de polinização livre), têm despertado o interesse de cebolicultores médios e de grande porte. O tipo de cebola preferido varia com o mercado e a preferência do consumidor, e constituem-se em outra forma importante de classificação de cultivares. No Brasil, há preferência por bulbos de tamanho médio, pungentes, globulares, firmes, de película externa de cor amarela e marrom escura, e escamas internas de cor branca. A demanda por bulbos avermelhados (arroxeados) é pequena e concentrada no Nordeste Brasileiro e na região de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O mercado ainda é limitado para as cebolas de sabor suave e doce, preferidas para saladas. A cv. São Paulo, disponibilizada pela Embrapa Hortaliças em 1991, é uma cebola do grupo das claras precoces suaves. Escolha da cultivar Cultivares de cebola são muito variáveis quanto a produtividade e também variam amplamente quanto ao ciclo. Na escolha da cultivar de cebola devem ser considerados, entre outros aspectos, a latitude e altitude do local de plantio, a estação de crescimento e as exigências do mercado a ser atendido. Plantios em locais e/ou épocas e/ou de tipos não adequados podem resultar em produtividade e qualidade baixa, e dificuldade de comercialização do produto. Para o cultivo de cebola em regiões sujeitas a temperaturas bastante baixas no inverno devem ser escolhidas cultivares menos sensíveis ao florescimento prematuro e/ou evitar o plantio muito cedo. A maioria das cultivares disponíveis são para semeio de final de verão a meados de outono e colheita de outubro a novembro, época considerada ideal para o cultivo de hortaliças em condições de campo no Brasil. O cultivo de verão (semeio em final de
  • 32. primavera no início de verão) tem como principal inconveniente a bulbificação sob altas temperaturas, chuvas excessivas e maior incidência de doenças, pragas e plantas daninhas. A cv. Alfa Tropical, disponibilizada pela Embrapa Hortaliças e Epamig em 1998, é uma cebola para plantio no verão das regiões Sudeste e Centro Oeste. Outras cultivares para plantio nessa época nas regiões Sudeste e Centro-Oeste são as cultivares da série IPA como IPA-6, IPA 9 e IPA 11, que por serem desenvolvidas para a região Nordeste do Brasil, sofrem menor efeito das altas temperaturas e possuem níveis moderados de resistência ao mal de sete voltas, à mancha púrpura, e ao tripes (Thrips tabaci). Para atender a indústria de processamento, a Embrapa Hortaliças disponibilizou em 1998 a cv. Beta Cristal, com elevado teor de sólidos solúveis, de escamas brancas e bastante pungentes. Além de adequada para desidratação e produção de pasta, pode ser usada para a indústria de conserva (produção de picles). Na Tabela 12 estão descritas as cultivares de polinização livre (OP) e híbridas (H) de cebola nacionais e importadas atualmente disponíveis para o plantio no Brasil, com algumas de suas características mais importantes. Tabela 12. Cultivares de polinização livre (OP) e híbridas (H) de cebola disponíveis para plantio no Brasil. Embrapa Hortaliças, 2004. Cultivar Empresa 1/ Tipo Ciclo maturação /dias Época plantio /região Formato Bulbo Cons. pós- colheita Pungência Cor película Cor escamas Alfa Tropical/OP Embrapa, Hortec, Feltrin DC Super precoce/120- 150 Ago- nov/NE Nov- jan/SE, CO, NE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Aurora/OP Embrapa, Hortec, Feltrin DI Precoce/150- 170 Abr-jun /Sul, SE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Baia Dura/H SVS DC Precoce/160- 180 Mar- jun/SE Globular Amarela Branca Boa Alta Baia Perif. Super Precoce/OP Isla DC Precoce/135- 165 Mar- jul/SE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Baia Periforme/OP Hortec, Feltrin, Isla DC Precoce/160- 180 Mar- jun/S, SE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Baia Precoce/OP Hortec DC Precoce/150- 180 Abr- jun/S, SE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Bella Crioula/OP Sakata DI Médio/180- 210 Mar- mai/S Globular Amarela escura Branca Boa Alta Beta Cristal/OP2/ Embrapa DC Precoce/150- 180 Mar- mai/SE, CO2/ Achatado Branca Branca Boa Alta Bola Precoce – Empasc 352/OP SVS, Epagri, Feltrin, Isla DI Médio/170- 190 Mar- mai/S Globular Amarela escura Branca Boa Alta BR 19/OP Topseed DC Precoce/145- 165 Mai- jun/SE Globular arredondado Amarela escura Branca Média - boa Alta
  • 33. BR 23/OP Topseed DC Precoce/155- 165 Mai- jun/SE Globular Amarela Branca Média - boa Alta BR 25/OP Topseed DC Precoce/165 Mai- jun/SE Globular arredondado Amarela escura Branca Média - boa Alta BR 27/OP Topseed DC Super precoce/ 135-145 Abr- jun/S Globular Amarela escura Branca Boa Alta BR 29/OP Topseed DC Médio/185- 195 Mai- jun/S Globular arredondado Amarela escura Branca Boa Alta BRS Cascata/OP Embrapa DI Médio/180- 210 Abr- mai/S Pião Marrom escura Branca Muito boa Alta Cadillac/H SVS DC Super precoce/ 100-120 Jan- abr/SE, CO, NE Globular Pião Amarela clara Branca Média Baixa Composto IPA- 6/OP IPA, Sakata, Isla DC Super precoce/ 130-160 Jan- jun/NE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Conquista/OP Embrapa DC Precoce/160- 180 Mar- mai/SE Globular Amarela Branca Boa Alta Crioula Alto Vale – Epagri 362/OP Epagri, Hortec, Feltrin DI Tardio/190- 240 Abr- jun/Sul Globular Marrom Branca Muito boa Alta Crioula Mercosul/OP Hortec DI Tardio/180- 240 Abr- jun/S Globular Marrom Branca Boa Alta Crioula/OP Hortec, Isla DI Tardio/180- 220 Abr- jun/S Globular Marrom Branca Muito boa Alta Diamante/OP Fepagro, Hortec DI Médio/160- 200 Mar- jun/S Globular alongado Branca Branca Boa Alta Duquesa/H SVS DC Super precoce/ 140-150 Mar- jun/SE Globular Amarela clara Branca Média Baixa Franciscana - IPA 10/OP IPA DC Super precoce/ 120-140 Abr- set/NE Globular achatado Vermelha púrpura Vermelha púrpura Boa Alta Gran Valley/H SVS DC Super precoce/ 130-150 Mar- jun/SE, CO, NE Globular redondo Amarela Branca Média Baixa Granex 429 (H) SVS DC Super precoce/ 110-160 Jan- abr/SE, CO Jan- jul/NE Globular Pião Amarela clara Branca Média Baixa Granex 90/H Sakata DC Super precoce/ 110-130 Jan- jul/SE, CO, NE Globular pião Amarela clara Branca Média Baixa Granex Ouro/H Topseed DC Super precoce/ 120-140 Fev- mai/SE Globular Amarela clara Branca Média Baixa Jubileu/OP Fepagro, Feltrin DI Tardio/170- 230 Abr- jun/S Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Juporanga – Empasc 355/OP Epagri DI Tardio/220- 250 Mai- jun/Sul Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Madrugada/OP Fepagro, Hortec, Feltrin DI Médio/160- 200 Abr- jun/S Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Mercedes/H SVS DC Super precoce/ 135-150 Jan-jul/ SE, CO, NE Globular Amarela clara Branca Média Suave Montana/OP SVS DI Médio/175- 210 Mar- mai/S Globular redondo Amarela escura Branca Boa Forte Morena F1/H Topseed DC Precoce/140- 150 Abr-jul/S Mai- Globular Marrom Branca Boa Forte
  • 34. jun/SE, CO Optima F1/H Topseed DC Super precoce/ 110-140 Mar- Mai/SE, CO Globular Amarela escura Branca Boa Baixa Pêra - IPA 4/OP IPA DC Super precoce/ 130-150 Ago- dez/NE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Pêra Norte 14 Bojuda do Rio Grande/OP Feltrin DI Tardia/180- 230 Mai- jun/S Globular com base achatada Amarela Branca Média-boa Alta Perfecta F1/H Topseed DC Super precoce/ 130-145 Mar- mai/SE, CO Globular Amarela escura Branca Boa Média Petroline/OP Fepagro, Hortec DI Médio/160- 200 Abr- jun/S Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Piraouro/OP Topseed DC Precoce/140- 160 Abr- mai/SE Globular Amarela Branca Boa Alta Primavera/OP Embrapa, Hortec, Feltrin DI Precoce/150- 170 Abr- jun/S, SE Globular Amarela Branca Boa Alta Princesa/H SVS DC Super precoce/ 130-150 Mar- mai/SE, CO Globular redondo Amarela clara Branca Média Baixa Red Creole/OP Feltrin, Isla DC Médio/150- 180 Mar- jul/SE, CO, NE Globular achatado Vermelha púrpura Vermelha escura Média-boa Alta Régia/OP SVS DC Precoce/145- 160 Mar- jun/SE, CO Globular alongado Amarela Branca Boa Alta Rodeo F1/H Topseed DC Super precoce/ 135-145 Mar- mai/SE, CO Globular Vermelha púrpura Vermelho Boa Alta Rosada – Empasc 353 ou 356/OP Epagri DI Médio/185- 210 Mai/S Globular Vermelha clara Vermelha clara Boa Alta Roxa - IPA 3/OP IPA DC Super precoce/ 90-120 Ag- nov/NE Globular Vermelha púrpura Vermelha clara Boa Alta Roxa/OP Hortec DC Precoce/140- 160 Abr- jun/S Globular achatado Vermelha púrpura Vermelha Boa Alta São Paulo/OP Embrapa DC Super precoce/ 110- 150 Fev- jun/SE, CO Globular achatado Amarela clara Branca Média Baixa Sel. Crioula – Empasc 351/OP Epagri, Feltrin DI Médio/180- 200 Abr- jun/S Globular Amarela escura Branca Muito boa Alta Serena F1/H Topseed DC Precoce/140- 145 Abr-jul/S Mai- jun/SE, CO Globular Amarela escura Branca Boa Média Serrana/OP SVS DC Precoce/150- 170 Mar- mai/SE Globular redondo Amarela Branca Boa Alta Super precoce – Epagri 363/OP Epagri DI Tardio/210- 230 Mar- mai/S Globular Amarela Branca Boa Alta Superex/H Takii DC Precoce/140- 160 Mar- mai/SE, CO Globular Amarela clara Branca Média Media Texas Grano 502 PRR/OP SVS, Feltrin, Sakata, Topseed DC Super precoce/ 120-140 Mar- jul/CO, SE, NE Pião achatado Amarela clara Branca Média Baixa Texas Grano 502/OP SVS, Hortec DC Precoce/120- 170 Mar- jun/SE, CO Jan- Pião achatado Amarela clara Branca Média Baixa
  • 35. dez/NE Tropical Valley (H) SVS DI Médio/180- 210 Abr- jun/S Globular redondo Amarela escura Branca Média Média Vale Ouro - IPA 11/OP IPA, Feltrin DC Super Precoce/ 130-150 Fev- jul/NE Globular alongado Amarela Branca Boa Alta White Creole/OP Isla DC Super precoce/ 120-150 Mar- ago/SE Globular achatado Branca Branca Baixa Alta XP 8010/H SVS DC Precoce/160- 180 Mar- mai/SE, NE, CO Globular Amarela Branca Média Baixa 1/ Empresas com sementes disponíveis. 2/ Para a produção de bulbinhos, recomenda-se o semeio de julho a meado de agosto. Plantio José Lindorico Mendonça Nuno Rodrigo Madeira Francisco Vilela Resende Fases de crescimento Em boas condições de umidade, a velocidade de germinação das sementes de cebola aumenta linearmente com a elevação da temperatura na faixa de 5 a 25oC, tendo como faixa ótima de 11 a 25oC. Nesta faixa de temperatura, a porcentagem de germinação é máxima, assim como aumentam linearmente a taxa de crescimento da planta toda e a área foliar. Após a emergência, há um período de crescimento lento até aproximadamente 75 dias após a semeadura, seguido de outro de crescimento rápido, controlado principalmente pela temperatura. Finalmente, ocorre a fase de desenvolvimento de bulbos, quando a planta cessa a emissão de folhas, a taxa de crescimento das folhas decresce, as bainhas foliares do bulbo entumescem para formar o tecido de armazenamento. Esta fase de bulbificação é controlada principalmente pelo fotoperíodo e temperaura e ocorre um alongamento da região do pseudocaule. Épocas de plantio Considera-se como época ideal para o plantio, os meses de março a junho. Com o plantio neste período, a cultura se desenvolve durante época de temperaturas mais amenas, especialmente as noturnas, e menos chuvosas, favorecendo o desenvolvimento das plantas e facilitando o controle de doenças. Entretanto, em algumas regiões da Bahia e de Pernambuco, o plantio pode ser realizado durante o ano todo. Nas regiões com latitudes maiores, como nos estados do Sul do Brasil, os meses de junho/julho são os melhores para a semeadura da cebola, principalmente em termos de bulbificação. Plantando-se nesta época, o crescimento ocorre sob condições
  • 36. adequadas de pluviosidade, de temperatura em elevação e fotoperíodo crescente. Nas regiões Centro Oeste, Sudeste e Nordeste, os melhores meses para a semeadura são março/abril, exceto no sistema de bulbinhos, utilizado principalmente em São Paulo, no qual a semeadura para obtenção dos mesmos ocorre de junho a julho, com o plantio dos bulbinhos ocorrendo de janeiro a fevereiro do ano seguinte. Como de abril a setembro, as médias pluviométricas são muito baixas nestas regiões, faz-se necessário o uso de irrigação. Com a disponibilização de novas cultivares, o plantio de verão tornou-se uma opção de época de cultivo na maioria das regiões tradicionais de cultivo, com o objetivo de complementar ou substituir o sistema de cultivo por bulbinhos, eliminando a necessidade de se realizar dois cultivos e o armazenamento de bulbinhos para se obter produção comercial em maio/junho. A semeadura é realizada de novembro e dezembro nas regiões Sudeste e Centro Oeste e a colheita se dá na mesma época em que se colhe a cebola do sistema de bulbinhos, em maio-junho. Na região Nordeste, a semeadura das cultivares de verão ocorre de julho a novembro, tornando-se possível dois cultivos no mesmo ano agrícola. Métodos de implantação da cultura Semeio no local definitivo (semeadura direta) Este método é utilizado no Brasil, principalmente por médios e grandes produtores, que normalmente dispõem de sistema de irrigação por aspersão do tipo pivô-central, situados nas regiões ceboleiras do Alto Paranaíba em Minas Gerais; Noroeste e Norte de Minas Gerais; São José do Rio Pardo e Altinópolis em São Paulo; Regiões Planalto e Estrada de Ferro em Goiás e Chapada Diamantina na Bahia. A estimativa de plantio por este sistema no Brasil é de cerca de 3.500 ha anuais. A semeadura é realizada mecanicamente utilizando-se semeadoras convencionais ou a vácuo, com taxas de semeadura entre 3 e 6 kg por hectare. As semeadoras a vácuo fazem a semeadura com maior precisão e utilizando menor quantidade de sementes que as convencionais, em torno de 3 kg por hectare. A maioria dos produtores realizam a semeadura de março a abril, em canteiros com 1,2 m de largura no topo e 15 a 20 cm de altura. Mais recentemente, está sendo testado o plantio sem canteiros, de modo a aumentar o número de plantas por área, pela eliminação das ruas entre canteiros. Isso, porém, pode trazer problemas fitossanitários em épocas ou locais sujeitos ao encharcamento. A semeadura é feita em linhas simples ou duplas, conforme a máquina empregada, a 1,0–1,5 cm de profundidade. São dispostas de 20 a 30 sementes por metro em cada linha, observando-se tendência de aumento do número de plantas, havendo casos de utilização de até 60 sementes por metro linear. Os bulbos de cebola apresentam grande capacidade de arranjo espacial em altas densidades na linha de plantio. Observa-se que bulbos aparentemente deformados no campo, por vezes até triangulares, em função do adensamento de plantas, tendem a se arredondar no
  • 37. processo de cura, reduzindo estas deformações. Em alguns casos, a semeadura é realizada diretamente na superfície do solo, sem utilização de canteiros. Para isso, o solo deve ser bem preparado e apresentar boa drenagem. O método de semeadura direta permite atingir altas populações finais, por vezes superiores a um milhão de plantas por hectare, assim como altas produtividades médias, superiores a 80 t.ha-1. Transplante de mudas Este método de propagação é o mais utilizado no Brasil. Permite seleção de mudas vigorosas e sadias, o que viabiliza a produção de bulbos mais uniformes em formato e tamanho. O consumo de água de irrigação durante o período de formação de mudas é reduzido, em comparação com a semeadura direta. É um sistema que necessita de muita mão-de-obra. Na escolha do local da sementeira deve-se dar preferência por local ensolarado de manhã e sombreado à tarde, com disponibilidade de água de boa qualidade, de fácil acesso e, na medida do possível, estar próximo do local definitivo de plantio. Para a produção de mudas, são formados canteiros com 15 a 20 cm de altura, com 1 m de largura no topo e comprimento variável, adubados com adubo orgânico e químico, corrigidos para pH 6,0 a 6,5 e adubados segundo análise de solo. A semeadura nos canteiros da sementeira pode ser realizada em sulcos ou a lanço. Os sulcos podem ser feitos longitudinais ou transversais aos canteiros, na profundidade de 1 a 1,5 cm, espaçados de 10 cm entre si. A quantidade de sementes por metro linear de sulco varia de 80 a 115 unidades, gastando-se 2 a 3 g de sementes por metro quadrado de canteiro. Na semeadura a lanço, as sementes são distribuídas na superfície dos canteiros e cobertas com camada de 1 a 1,5 cm de solo e serragem de madeira curtida. Em média, cada metro quadrado de sementeira fornece mudas para o transplante de 10 m2 no campo. O índice de aproveitamento de mudas varia de 55 a 75%. Para a formação de mudas para um hectare são necessários 2 a 3 kg de sementes. É recomendável a cobertura dos canteiros da sementeira com fina camada de palha de arroz ou capim seco até o início da emergência das plântulas, quando o material é retirado. O procedimento visa obter maior retenção de umidade na superfície durante o período da semeadura à germinação. Durante o crescimento das mudas, os canteiros devem ser limpos por meio de capinas manuais ou químicas e efetuar adubação de cobertura, segundo recomendação. As mudas são transplantadas quando apresentam o pseudocaule com diâmetro entre
  • 38. 4-8 mm ou 3-4 folhas. Nesta fase as mudas estarão com idade entre 40 e 70 dias, dependendo da cultivar e época do ano. Selecionam-se as mudas mais vigorosas e o transplante é realizado em canteiros ou diretamente para sulcos abertos no nível do solo, sem a utilização de canteiros. No transplante em canteiros de 1 m de largura e comprimento variável, são abertos sulcos longitudinais espaçados de 20 cm, cabendo 5 linhas por canteiro. A profundidade de plantio das mudas é de 5 cm e o espaço entre mudas varia de 5 a 10 cm. O transplante para sulcos, sem utilização de canteiros, é feito em algumas regiões ceboleiras do estado de São Paulo. O preparo e nivelamento do solo é realizado e são abertos sulcos em nível, distanciados de 40 cm. As mudas são transplantadas na distância de 6 cm no sulco. Desta forma, um hectare comporta 416 mil plantas. Este sistema só é utilizado em época de seca, usando-se irrigação por aspersão, ou sob plantio direto na palha. Nos últimos anos, vem se testando em algumas regiões a utilização de bandejas de poliestireno expandido (isopor), com 288 ou 450 células. A viabilidade econômica desta tecnologia deve considerar as realidades locais, tais como o estande tradicionalmente usado, a existência de viveiristas e o custo de produção de mudas na região, além da expectativa de preços no mercado de cebola. Como vantagens, tem- se a praticidade, o melhor aproveitamento de sementes e a redução dos problemas fitossanitários, em função da produção de mudas utilizar substrato desinfestado e não solo como nos canteiros. Como desvantagem, o custo de produção de mudas é, geralmente, maior. Vem se utilizando por hectare cerca de 550 bandejas com 288 células. É comum o uso de 2 a 4 plantas por célula, lembrando que os bulbos apresentam uma grande capacidade de arranjo espacial. O transplantio é feito aos 35- 40 dias, não podendo atrasar em função do esgotamento do substrato e da elevação no custo de produção de mudas, pela manutenção dessas no viveiro. Cultivo por bulbinhos O objetivo de propagação por este sistema é a obtenção de colheita precoce em relação aos outros sistemas de produção. Consiste de duas etapas: a formação de bulbinhos em uma época e o plantio dos bulbinhos para obtenção da produção comerciável em outra. O método baseia-se na semeadura adensada em época de fotoperíodo crescente e portanto, favorável à bulbificação precoce dos bulbos. Além disso, a grande competição por luz e nutrientes em altas densidades de plantas propiciam a formação de bulbos pequenos. A produção de bulbinhos é feita com a semeadura em canteiros, em linhas espaçadas de 10 cm, na profundidade de 1 a 1,5 cm, e a taxa de semeadura vai de 2 a 4 g de sementes por m2 de canteiro. São necessários 1 a 2 kg de sementes para obtenção de 1.500 a 1.800 kg, suficientes para o plantio de um hectare. A área a ser semeada para produção de bulbinhos para 1 ha é de 800m2. A semeadura também poderá ser realizada a lanço na superfície dos canteiros. A colheita é realizada de outubro a novembro, da mesma forma que no sistema de
  • 39. produção de bulbos comerciais, quando houver o estalamento de cerca de 40 a 50% das plantas. Faz-se o arranquio espalhando-se as plantas sobre os canteiros, de maneira que as folhas das plantas posteriores cubram os bulbinhos das anteriores, evitando sua queima pelo sol. Este processo, chamado de cura de campo, é completado com a cura de galpão, onde as plantas são armazenadas em galpão ventilado por mais uns quinze dias. As plantas são armazenadas desta forma até a véspera do plantio, em fevereiro, quando se efetua a limpeza das raízes e da parte aérea. Os bulbinhos são então plantados no campo, em canteiros ou em sulcos, nos mesmos espaçamentos utilizados no sistema de transplantio de mudas. A colheita ocorre de maio a junho. Cultivo por bulbos de soqueira O sistema utiliza os bulbos oriundos de culturas comerciais, semeadas em março – junho e colhidos em setembro - outubro, os quais não atingiram o diâmetro das classes comerciais ou que não alcançaram boa cotação. O plantio dos bulbos armazenados ocorre de janeiro a fevereiro e o sistema de plantio é o mesmo utilizado no sistema de bulbinhos. A colheita ocorre de maio a junho. Quando se utilizam bulbos de maior diâmetro, há maior incidência de perfilhamento e a produção de bulbos múltiplos com tamanho e aspecto comercial inferior. Sistemas de plantio direto O plantio direto ou cultivo mínimo de cebola pode ser feito pelo método de cultivo por mudas ou de semeadura direta. Para o transplante de mudas, utiliza-se para o sulcamento rotocultivadores adaptados ou, em áreas menores, o microtrator de rabiças com enxada rotativa adaptada. Nos dois casos, a adaptação consiste na retirada de jogos de facas, deixando-se somente alguns no espaçamento desejado entre linhas. A curvatura das facas é reduzida, ou mesmo eliminada conforme a cobertura morta, o tipo de solo e a largura desejada das linhas de plantio. Um anteparo atrás de cada um dos jogos de facas deposita o solo removido sobre as linhas de plantio. Essas possuem, aproximadamente, 5 a 10 cm de largura por 5 a 10 cm de profundidade. A adubação pode ser feita concomitantemente ao sulcamento. O espaçamento entre linhas utilizado é de 40-45 cm e o espaçamento entre plantas é de, aproximadamente, 5 a 6 cm, proporcionando uma população final em torno de 400 a 500 mil plantas por hectare. O semeio no local definitivo sobre palhada vem sendo testado com sucesso em algumas regiões, especialmente em São José do Rio Pardo, SP, pelo uso de semeadoras a vácuo com mecanismos de corte da palhada. O espaçamento entre linhas de plantio é de 40 a 45 cm e o número de sementes por metro linear utilizado varia de 30 a 60, resultando em uma população de 800 a 1.300 mil plantas por ha na semeadura e 650 a 900 mil plantas por ha na colheita. As dificuldades mecânicas com relação a obter uma eficiente distribuição de sementes em função da maior irregularidade da superfície que não foi revolvida e da presença de grande volume de resíduos culturais sobre o solo vem sendo solucionadas pelo desenvolvimento e
  • 40. adaptação das plantadoras. Predomina o uso do milho como planta fornecedora de palhada para o cultivo mínimo da cebola. Porém, mesmo após sua trituração, é difícil a operação da semeadora sobre palhada de milho. Alguns produtores, para minimizar este problema, tem efetuado uma leve gradagem niveladora, incorporando parcial e superficialmente a palhada, facilitando a operação da máquina. Todavia, esta prática quebra parcialmente o sistema, desestruturando o solo superficialmente, além de acelerar a decomposição da palhada. A utilização de planta de cobertura que forneça palhada mais fina como o milheto ou a aveia pode melhorar o sistema, devendo-se avaliar sua viabilidade econômica considerando as realidades locais. Particularmente para cultivos de verão, o semeio no local definitivo sobre a palhada pode proporcionar incrementos produtivos quando comparado ao sistema convencional com o semeio em solo descoberto, em função do enorme efeito maléfico causado pelas fortes chuvas que ocorrem nesta época no estágio inicial de desenvolvimento da cultura. Plantas Daninhas Welington Pereira O desenvolvimento das plantas de cebola é normalmente lento, principalmente nos primeiros estádios de crescimento. Esse desenvolvimento inicial lento, aliado ao número reduzido de folhas, de formato cilíndrico e hábito ereto, e ao porte baixo das plantas, proporcionam baixo índice de área foliar e interceptação da luz durante o ciclo da cultura. Como conseqüência, o sombreamento do solo é baixo, permitindo a emergência, o crescimento e a predominância das plantas daninhas presentes nas áreas de cultivos. A análise do período em que as espécies de plantas daninhas competem com as plantas de cebola, pelos fatores de produção, é importante, uma vez que o grau de competição que uma planta sofre depende, basicamente, das características da cultura (cultivar, densidade de semeadura ou transplante e espaçamento de plantio) e da população de plantas daninhas (composição das espécies, densidade, distribuição, época e duração do período de convivência com a cultura). Geralmente o cultivo da cebola, em grandes áreas, depende da capacidade operacional para mantê-las livres da interferência das plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico, ou seja, até que a cultura desenvolva e cubra suficientemente a superfície do solo e não sofra mais interferência significativa das mesmas. Os trabalhos sobre interferência das plantas daninhas são de suma importância por que indicam: 1) quando e quanto tempo os métodos de controle devem ser utilizados para eliminá-las, para evitar os prejuízos diretos na produção e na qualidade da cebola; 2) o período mínimo no qual o herbicida pré-emergente precisa ter ação residual no solo para controlá-las; 3) a época limite máxima para aplicar um herbicida em pós-emergência ou para realizar o controle mecânico ou outro método de controle. Após o Período crítico de interferência até o final do ciclo da cebola, as plantas