O documento discute a capacitação de profissionais de saúde sobre Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no Brasil. Ele apresenta objetivos de sensibilizar gestores e profissionais sobre PICS, formá-los no processo de implementação de PICS e transformar os serviços da rede de saúde com a introdução de PICS. Também fornece informações sobre diferentes PICS, sua história, pesquisa, instituições e redes relacionadas a PICS no Brasil e no mundo.
2. Objetivos
Apresentar material estratégico para:
•Informação, para sensibilização de gestores e profissionais no processo de
implantação de PICS;
•Formação para gestores e profissionais no processo de implementação de
PICS;
•Transformação dos serviços da rede de saúde com a introdução de PICS.
3. Da invisibilidade à visibilidade
O uso Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - PICS têm crescido
significativamente em todo o mundo, por pacientes e profissionais.
Consequentemente a pesquisa sobre diferentes aspectos das PICS também tem se
desenvolvido muito na últimas décadas.
INFORMAÇÃO SOBRE AS PICS PARA
SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
4. Da invisibilidade à visibilidade
O aumento do uso e da pesquisa sobre as PICS tornou visível duas importantes
contradições do campo da saúde na contemporaneidade:
a)jamais tivemos tanta tecnologia, informação e acesso à biomedicina, no
entanto jamais as pessoas buscaram com tanta intensidade outras práticas de
cuidado e cura;
a)um dos princípios fundamentais da prática clínica atualmente é a decisão
baseada em evidências, no entanto, boa parte das RM-PICS tem evidências
laboratoriais restritas, evidências clínicas significativas, pouca regulação e grande
confiança de usuários e profissionais.
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
5. Da invisibilidade à visibilidade
Existem duas redes de atores sociais ligados as PICS:
a) rede formada na academia, desde os anos de 1980, composta por educadores,
pesquisadores e estudantes de PICS;
b) rede formada no SUS, principalmente a partir de 2006, configurada por gestores,
profissionais e usuários de PICS.
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6. Da invisibilidade à visibilidade
Entre as PICS não só existe muitas diferentes práticas, como também, um rico
processo histórico que construiu os conceitos de:
–MEDICINA TRADICIONAL
–MEDICINA ALTERNATIVA
–MEDICINA COMPLEMENTAR
–MEDICINA INTEGRATIVA
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7. MT – Medicina Tradicional
Definição
“É a soma total do conhecimento, habilidades e práticas baseadas nas
teorias, crenças e experiências de diferentes culturas, explicáveis ou não, e
usadas na manutenção da saúde, bem como na prevenção, diagnóstico,
tratamento ou melhoria de doenças físicas e mentais”. (WHO, 2000)
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
8. MA – Medicina Alternativa
Definição
“Nos países onde o sistema de saúde dominante é baseado na medicina alopática ou
onde a Medicina Tradicional não foi incorporada no sistema de saúde nacional, muitas
vezes estas Medicinas são chamadas de “alternativa“”. (WHO, 2002)
“Medicina Alternativa" refere-se ao uso de uma abordagem não-convencional,
tradicional ou não, no lugar da medicina convencional. (NCCAM, 2013)
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
9. MC – Medicina Complementar
Definição
“Medicina Complementar" geralmente refere-se ao uso de uma abordagem não-
convencional em conjunto com a medicina convencional”. (NCCAM, 2013)
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
10. MI – Medicina Integrativa
Definição
“Medicina Integrativa está associada a uma mudança de paradigma e para exercê-
la é necessário reorientar as crenças, práticas e experiências em relação à saúde;
ou seja, é preciso reorientar os conceitos, as formas de intervenção e o modelo de
atenção à saúde e abordagem do processo saúde-doença-cuidado”. (Otani e
Barros, 2011)
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11. Da invisibilidade à visibilidade
RESEARCH COUNCIL FOR COMPLEMENTARY MEDICINE <http://www.rccm.org.uk/>;
Criado em 1983 no Reino Unido com os seguintes objetivos:
–Divulgar resultados de pesquisa: coletar, analisar e divulgar informações baseadas em
pesquisas sobre a medicina alternativa e complementar (MAC);
–Facilitar a investigação: promover uma rede de pesquisadores e promover, realizar e facilitar a
investigação e diálogo sobre metodologias de investigação adequadas as MAC;
–Explorar a relação entre MAC e medicina convencional: cooperação entre os profissionais,
estimulando a exploração dos princípios fundamentais MAC e medicina convencional.
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12. Da invisibilidade à visibilidade
NATIONAL CENTER FOR COMPLEMENTARY AND ALTERNATIVE MEDICINE
http://nccam.nih.gov/
Criado em 1998 nos Estados Unidos da América com os seguintes objetivos:
–Avançar a investigação sobre intervenções mente e corpo, práticas e
disciplinas não convencionais;
–Avançar a investigação sobre MAC e produtos naturais;
–Aumentar a compreensão dos padrões e consequências do uso de MAC e
sua integração nos cuidados de saúde e promoção da saúde;
–Melhorar a capacidade para realizar pesquisa rigorosa;
–Desenvolver e divulgar informações objetivas baseadas em evidências
sobre as intervenções com MAC;
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13. Da invisibilidade à visibilidade
Periódicos indexados no Pubmed/Medline especializados em temáticas de PICS:
–Journal of evidence based complementary & alternative medicine;
–Journal of the Society for Integrative Oncology;
–Complementary therapies in clinical practice;
–Journal of complementary & integrative medicine;
–African journal of traditional, complementary, and alternative medicines:
–AJTCAM/African Networks on Ethnomedicines;
–Evidence-based complementary and alternative medicine : eCAM;
–BMC complementary and alternative medicine;
–Complementary health practice review;
–Research in complementary and natural classical medicine;
–Integrative medicine: integrating conventional and alternative medicine;
–Alternative medicine review: a journal of clinical therapeutic;
–Complementary therapies in nursing & midwifery;
–Alternative therapies in health and medicine;
–Complementary therapies in medicine;
–Alternative therapies in women's health.
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14. Da invisibilidade à visibilidade – NO BRASIL
RACIONALIDADES MÉDICAS E PRÁTICAS DE SAÚDE http://racionalidadesmedicas.pro.br/
Criado em 1991, no Instituto de Medicina Social, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e
atualmente sediado na Universidade Federal Fluminense, Centro de Ciências Médicas, Instituto de
Saúde da Comunidade, com os objetivos:
–Na primeira fase desenvolveu estudo teórico comparativo de quatro racionalidades médicas,
ocidental, homeopática, ayurvédica e chinesa (1991-1993);
–Na segunda comparou práticas e representações de profissionais de saúde e seus pacientes
em serviços públicos de saúde do Rio de Janeiro, referentes a essas racionalidades, com exceção
da medicina ayurvédica (1994-1997);
–Na terceira, em andamento, trabalha tanto com estudos teóricos comparativos das
racionalidades médicas quanto com práticas de saúde desenvolvidas na sociedade civil e em
instituições.
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
15. Da invisibilidade à visibilidade – NO BRASIL
GRUPO DE ESTUDOS PRÁTICAS ALTERNATIVAS E COMPLEMENTARES DE
SAÚDE http://www.ee.usp.br/pesquisa/grupo/praticas_alternativas/
A partir de trabalhos iniciados na década de 1990 foi criado em 2006, na
Escola de Enfermagem, da Universidade de São Paulo, com o objetivo:
– Desenvolver pesquisas na área de práticas complementares de saúde para que
haja maior respaldo teórico/acadêmico aos profissionais que utilizam e desejam
implantar as técnicas complementares no ambiente de trabalho e de ensino
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
16. Da invisibilidade à visibilidade – NO BRASIL LABORATÓRIO DE PRÁTICAS
ALTERNATIVAS, COMPLEMENTARES E INTEGRATIVAS EM SAÚDE (LAPACIS)
Criado em 2006, no Departamento de Saúde Coletiva, da Faculdade de Ciências
Médicas, da Unicamp, com o objetivo:
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SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
17. - Desenvolver a cultura das Práticas Alternativas, Complementares em Integrativas
no campo do ensino e dos serviço de saúde, por meio de pesquisas sócio-
antropológicas.
–Formar pesquisadores e desenvolver a pesquisa sócio-antropológica sobre as
Práticas Alternativas, Complementares em Integrativas em Saúde.
–Explorar as relações entre as Práticas Alternativas, Complementares em
Integrativas, Racionalidades em Saúde e medicina convencional.
–Apoiar a formação de uma rede de pesquisadores nacionais e internacionais sobre
as Práticas Alternativas, Complementares em Integrativas, Racionalidades em Saúde
e medicina convencional.
–Apoiar ações governamentais de implantação e implementação das Práticas
Alternativas, Complementares em Integrativas e Racionalidades em Saúde, no
Sistema Único de Saúde.
19. INFORMAÇÃO SOBRE AS PICS PARA
SENSIBILIZAÇÃO DE GESTORES E PROFISSIONAIS
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde - SCNES
Fonte: DAB/MS
78%
18%
4%
Distribuição dos
serviços de PICS por
nível de Atenção
atenção basica média alta
Região Norte
Região
Nordeste
Região
Sudeste
Região Sul
Região
Centro-
Oeste
TOTAL
2008/Out 19 61 732 113 42 967
2013/Out 100 666 2.328 450 329 3.873
2015/Out 145 921 3.114 537 422 5.139
2016/ago 154 1018 3300 559 483 5514
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Número de estabelecimentos com serviço de
PICS (serviço cód. 134)
20. Dados do segundo ciclo do PMAQ-AB / PICS
Número de Equipes que realizam PICS presentes na
PNPIC em 2016
Acupuntura 1532
Auriculoacupuntura 878
Práticas corporais da MTC 1767
Plantas Medicinais e Fitoterapia 1457
Homeopatia 1019
Medicina Antroposófica 199
Termalismo 64
Outros 801
Total de equipes que realizam PICS 5654
Norte
Nordest
e
Centro-
Oeste
Sudeste Sul total
Série1 61 382 132 361 281 1217
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Número de Municípios que Ofertam PICS
16%
84%
Percentual das Equipes do PMAQ
que Realizam PICS
Realizam PICs
18%
82%
Percentual de Municípios que ofertam
PICS
Ofertam PICs
21. Estratégias de Ampliação das PICS por meio da Formação
• Formação (2014-2017): Mais de 19.500 profissionais de saúde em
formação, mais de 8.500 concluíram, 11 mil em andamento.
PCMTC MTC ANTROPOSOFIA Gestão Plantas_ACS
ANTROPOSOFIA
(avasus)
Auriculo (UFSC)
total 2.463 2.171 1.293 4.367 4.996 850 1.500
Mais de 50% 969 1.129 478 2.410 2.613 725 1500
concluidos 770 603 419 1.370 1.510 529 1.360
-
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
NúmerodeParticipantes
Formação em PICS
22. Referências Bibliográficas
Galahardi, Wania Maria Papile; BARROS, Nelson Filice de e LEITE-MOR, Ana Cláudia Moraes
Barros. O conhecimento de gestores municipais de saúde sobre a Política Nacional de Prática
Integrativa e Complementar e sua influência para a oferta de homeopatia no Sistema Único de
Saúde local. Ciênc. saúde coletiva. 2013, vol.18, n.1, pp. 213-220
LUZ, M. T. Racionalidades Médicas e Terapêuticas Alternativas. In: CAMARGO Jr., K. R. de
Racionalidades Médicas: A Medicina Ocidental Contemporânea, Série Estudos em Saúde Coletiva
– Rio de Janeiro: UERJ/Instituto de Medicina Social, 1993. p. 01 – 32.
LUZ, M. T. A arte de curar versus a ciência das doenças : história social da homeopatia no Brasil-
São Paulo : Dynamis Editorial, 1996. p. 332.
LUZ, M. T. Medicina e racionalidades médicas: estudo comparativo da medicina ocidental,
contemporânea, homeopática, tradicional chinesa e ayurvédica. In: CANESQUI, A. M. Ciências
Sociais e Saúde para o Ensino Médico, São Paulo: Editora Hucitec, 2000. p. 181-200.
23. NASCIMENTO, Marilene Cabral do; BARROS, Nelson Filice de; NOGUEIRA, Maria Inês e LUZ, Madel
Therezinha. A categoria racionalidade médica e uma nova epistemologia em saúde. Ciênc. saúde
coletiva [online]. 2013, vol.18, n.12 [citado 2013-12-10], pp. 3595-3604
SANTOS, Melissa Costa e TESSER, Charles Dalcanale. Um método para a implantação e promoção de
acesso às Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciênc. saúde coletiva.
2012, vol.17, n.11, pp. 3011-3024.
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Coordenadoria da Práticas Integrativas e
Complementares. (CPICS/SAS-SES-MG). Orientação para gestores para implantação das Práticas
Integrativas e Complementares. Outubro, 2013.
World Health Organization (WHO). Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2002-2005.
Geneva: WHO; 2002.
Referências Bibliográficas