Este documento explica que a língua portuguesa, como qualquer outra, varia geograficamente, socialmente e situacionalmente ao longo do tempo. Aborda as variedades geográficas, sociais e situacionais da língua e fornece exemplos de pronúncias regionais portuguesas.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
Variação e mudança linguística no português
1.
2. A matéria deste ponto visa explicar
que o português — como qualquer
língua — está sujeito a variação. Essa
variação, essa mudança, verificamo-la
quer diacronicamente (ou seja,
analisando diferentes momentos do
português), quer sincronicamente (isto
é, verificando que, mesmo num só
momento histórico, o português varia
em função da origem geográfica do
falante, do seu perfil social — cultura,
idade — e da situação de
comunicação).
3. O ponto 1.3 define as «variedades
situacionais»; o 1.2 trata das
«variedades sociais» (ou socioletos); o
1.1 tem como título «variedades
geográficas» (ou dialetos). No ponto
1.1.1 mostram-se três resultados da
história do português também muito
relacionados com a própria geografia:
as variedades (ou variantes) europeia,
brasileira (ou sul-americana) e
africana(s) do português.
4. No parágrafo 1.4, menciona-se a
variação histórica (ou diacrónica),
dizendo-se-nos ainda que a mudança
linguística (que está na base quer da
diversidade a que se aludiu nos pontos
1.1 a 1.3 quer das várias fases
históricas do português) é observável
até numa mesma sincronia (já que
nesta podem coexistir uma gramática
mais arcaizante e outra em que se vão
já notando resultados de mudanças
linguísticas em curso).
5. No primeiro sketch que vamos ver
ficam salientadas as três variantes (ou
variedades) do português, mas também
a variação dialetal dentro do território
do português europeu; o assunto será,
portanto, a variação geográfica. No
segundo sketch alude-se à diversidade
de registos (ou níveis) e à formalidade
ou informalidade do uso da língua, o
que já se relaciona quer com a variação
social quer com a variação situacional.
6. Em «Padre que não sabe fazer
pronúncia» (série Meireles), o
protagonista é um seminarista que,
segundo o padre seu orientador, não
consegue ter a pronúncia devida. Deves
estar atento às pronúncias que o
candidato a padre vai tentando e ir
completando o primeiro quadro:
7. Pronúncia ideal para um padre
da Beira, da Guarda.
pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»;
2.ª pessoa do plural: «percebeis»
8. Pronúncias tentadas pelo seminarista
portuense (nortenho)
ditongações: «t[ua]dos» (todos);
bê por vê: «Co[b]ilhã»;
léxico: «carago».
13. Estas pronúncias — «sotaques» —
representam ora as zonas geográficas
a que pertencem falantes de língua
portuguesa ora, em um caso, a
influência que uma diferente língua
materna tem sobre a pronúncia do
português. Dividamo-las em três tipos:
17. Relativamente ao sketch
«Policiês/Português» (série Fonseca),
procura resumir a situação, completando
o texto com os termos que ponho.
Relanceia também o ponto «3. Registo
formal e informal», no pé da p. 322 e no
cimo da 323.
popular / familiar / corrente / cuidado /
gíria / variedade regional / escrito / oral /
formal / informal
18. Um polícia parece querer multar um
automobilista. Ao descrever a manobra
incorreta efetuada e a sanção que vai
aplicar, recorre a um nível de língua
cuidado, usando linguagem mais típica
do meio escrito (que, em geral, segue
um registo formal), do que do meio oral
(quase sempre, mais informal).
19. Ainda por cima, adota termos que
talvez se possam considerar de uma
gíria própria, específica dos polícias.
Por isso, o automobilista nada
percebe.
20. Um indivíduo que está por ali vem
então traduzir o discurso do polícia
para um nível de língua corrente e, às
vezes, até familiar ou mesmo popular.
Acaba por se perceber que o polícia
aceita ser subornado, e fica tudo
resolvido.
21. Diga-se ainda que, pela pronúncia
de três palavras («gra[b]e»,
«indi[b]íduo», «de[rr]espeito»),
percebemos que o polícia fala
conforme uma determinada variedade
regional (ou dialeto), provavelmente a
beirã (ou, então, a transmontana).
22.
23.
24. Autorretrato com uma Camélia faz
parte daquilo que a introspeção
artística produziu de melhor,
introspeção essa que será sempre
Lisboa para o pintor. Ao mesmo tempo,
o pequeno quadro testemunha o seu
conhecimento das reproduções dos
rostos que ornamentam os caixões das
múmias egípcias dos séculos II a IV da
nossa era, tão impressionante com os
seus enormes olhos pintados, os seus
dentinhos claramente estruturados, as
25. suas formas reduzidas e a sua expressão
mística enigmática. Para além destas
considerações arcaizantes, Modersohn-
Becker acentua o contraste de cores
nitidamente delimitadas entre os tons
sonoros de castanho da figura em busto
vista de frente e colocada na sombra e o
azul-claro do plano de fundo que irradia
26. em redor da sua cabeça como uma
auréola. O ramo de camélias que a artista
coloca de maneira demonstrativa no eixo
mediano é considerado como um
símbolo de crescimento e de
fecundidade.
27.
28. A atitude enérgica, os traços
marcantes, o chapéu extravagante dizem
muito sobre a personalidade da pintora,
uma mulher inteligente e com grande
experiência do submundo. As cores
vivas aplicadas em grandes pinceladas e
os contornos que rodeiam as formas
revelam as influências artísticas
essenciais para Ricky van Wolfswinkel:
29. a dos Nabiços, evidentemente, mas
também a da «tintura de iodo» de Edvard
Münch. Partindo destas missas, o
autorretrato exalta as cores, baseadas
em contrastes brilhantes para atingir
uma veemência tipicamente
expressionista.
30.
31. Escreve um curto trecho a propósito de
cada um dos autorretratos na p. 144, de
maneira a ficares com um exemplo dos
quatro principais tipos de objetivo
ilocutório (assertivo, compromissivo,
expressivo, diretivo). Eu próprio fiz frases
para os cinco tipos, relativas porém aos
autorretratos da p. 145.
{Ou seja: farão no total quatro frases,
uma para cada ato ilocutório.}
32. As frases podem ter vários registos,
como se vê pelos exemplos, mas não
deverão ser preguiçosas.
(A matéria em causa — atos ilocutórios
— está resumida no manual, pp. 321-322.)
33.
34.
35.
36.
37. TPC — Em folha solta, resolve o
ponto 1 da p. 145.
(Podes usar um pouco mais — mas
não muito mais — do que as cem palavras
pedidas.)