Este documento discute os fundamentos teóricos do comportamentalismo propostos por Skinner. Ele argumenta que (1) o comportamento humano pode ser objeto de uma ciência baseada em observações e experimentos controlados, (2) as explicações mentais internas não são passíveis de observação científica e devem ser eliminadas em favor de explicações ambientais, e (3) a manipulação experimental das variáveis ambientais permite prever e controlar o comportamento.
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Fundamentos Teóricos em Psicologia II
1. Ψ
Fundamentos Teóricos em Psicologia II – Comportamentalismo
Aula 2
A possibilidade de uma ciência do
comportamento humano
Prof. Dr. Caio Maximino
2. Ψ
Objetivos da aula
● Discutir aspectos ético-políticos da AEC propostos
por Skinner
● Limitar as características de uma explicação
científica segundo Skinner
● Descrever algumas das limitações das explicações
internalistas do comportamento
● Analisar as explicações causais da “folk
psychology”
3. Ψ
Dimensão ética e política da
ciência do comportamento
Dimensão
ética
Características
da ciência
Ciência do
compor-
tamento
“Folk
psychology”
Causas
internas
● Qual a função da ciência?
● O desenvolvimento técnico não foi
acompanhado de um desenvolvimento social
– A posição anti-científica é uma reação natural
● “Em qualquer época é sempre a mais
conspícua de suas características
responsabilizada pelas dificuldades; no século
XX é a ciência que desempenha o papel de
bode expiatório.” (CCH, p. 4)
4. Ψ
A ciência como “corretivo”
● “Talvez não seja a ciência que está
errada, mas sua aplicação. Os métodos
da ciência têm tido um sucesso enorme
onde quer que tenham sido
experimentados. Apliquemo-los, então,
aos assuntos humanos. Não precisamos
nos retirar dos setores onde a ciência já
avançou. É necessário apenas levar
nossa compreensão da natureza humana
até o mesmo grau.”
Dimensão
ética
Características
da ciência
Ciência do
compor-
tamento
“Folk
psychology”
Causas
internas
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Que ciência é essa?
● Modelo das ciências naturais: controle e previsão
● Deve partir do pressuposto de que o
comportamento humano é ordenado e previsível:
– “Devemos esperar descobrir que o que o homem faz é o
resultado de condições que podem ser especificadas e
que, uma vez determinadas, poderemos antecipar e até
certo ponto determinar as ações.”
● Para que o comportamento seja passível de análise
nesse contexto, os conceitos de liberdade e
dignidade devem ser abandonados
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ética
Características
da ciência
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psychology”
Causas
internas
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Características importantes
da ciência
●
Primazia da observação sobre a teoria: “A ciência é antes de tudo um
conjunto de atitudes. É uma disposição de tratar com os fatos, de
preferência, e não com o que se possa ter dito sobre eles.”
● Isenção do observador – critério mínimo de objetividade: “disposição de
aceitar os fatos mesmo quando eles são opostos aos desejos”; “Os
experimentos nem sempre dão o resultado que se espera, mas devem
permanecer os fatos e perecer as expectativas”
● Busca das relações ordenadas entre eventos
● Do particular para o geral → modelo dedutivo-nomológico
● A função das leis e dos sistemas científicos é aumentar nossa capacidade
de “manejar um assunto do modo mais eficiente” (CCH, p. 15)
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Causas
internas
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Comportamento como
objeto de estudo
● Complexidade do objeto como obstáculo para o desenvolvimento
da ciência do comportamento
– Processual
– Fluidez
● Essas características do comportamento o tornam especialmente
refratário à análise pelos métodos das ciências naturais
– “Muita gente interessada no comportamento humano não sente a
necessidade dos padrões e critérios de prova característicos de uma
ciência exata; as uniformidades no comportamento seriam 'óbvias'
mesmo sem eles.” (CCH, p. 17)
● “Quando a ciência do comportamento atinge o ponto de lidar com
relações ordenadas, encontra a resistência daqueles que deram
sua lealdade às concepções pré-científicas ou extracientíficas”
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Algumas objeções à ciência
natural do comportamento
●
As ciências naturais já não seguem o modelo determinista (p. ex.,
Princípio de Indeterminação na Física; leituras pós-modernas)
– A aparência de indeterminação do comportamento só significa que não
conhecemos o suficiente sobre ele
● O entendimento do comportamento depende de um comportamento que é
limitado (“o cérebro investigando a si mesmo”)
– Mesmo que isso seja verdade, o objetivo da ciência não é saber tudo, mas
compreender todas as espécies de fatos
● A aproximação científica ignora o aspecto único de cada indivíduo
particular (“reducionismo”)
– Objeção comum a ciências novas
● O uso de médias não é útil para prever o comportamento individual
– Afirmação deve ser testada, e não se basear em uma colocação apriorística
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Causas
internas
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Causas e efeitos
● “Uma 'causa' vem a ser uma 'mudança
em uma variável independente' e um
'efeito', uma 'mudança em uma variável
dependente'. A antiga 'relação de causa e
efeito' transforma-se em uma 'relação
funcional'. Os novos termos não sugerem
como uma causa produz o seu efeito,
meramente afirmam que eventos
diferentes tendem a ocorrer ao mesmo
tempo, em uma certa ordem.” (CCH, p.
24)
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“Folk
psychology”
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internas
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“Folk psychology” (“Psicologia do
senso comum”)
● Modelos de senso comum para explicar e prever o
comportamento e os estados mentais das pessoas
● Usa termos intencionais de de uso cotidiano – crenças,
desejos, intenções, expectativas, preferências,
esperanças, medos, &c
● Juntando-se a diversos outros teóricos, Skinner
assume que essas explicações estão erradas
– Redução inter-teórica e eliminativismo → Uma ciência
madura deverá explicar o comportamento sem referir-se aos
estados e processos intencionais invocados pela “folk
psychology”
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“Folk
psychology”
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internas
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Algumas explicações comuns do
comportamento
● Explicações místicas, Fisionomia, &c, sobrevivem ao uso
cotidiano porque “as previsões que são feitas com base
nele, (...) são vagas, e os acertos casuais podem ser
perturbadores” (CCH, p. 26)
– Mesmo se essas explicações são observadas consistentemente
(o que comumente não o são), é preciso considerar explicações
alternativas
● “Hereditariedade”, como usada pelo leigo, é uma explicação
sem fundamento empírico; mesmo se houver, a utilidade
dessas observações (controle do comportamento, previsão)
é baixa.
● Causas internas – “Folk psychology”, “mentalismo”
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“Folk
psychology”
Causas
internas
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Causas internas: A crítica ao
mentalismo
● Em CCH, Skinner não nega a utilidade das causas internas
como geradoras de hipótese, mas enumera dificuldades da
análise posterior: “Não há nada errado em uma explicação
interior, como tal, mas os eventos que se localizam no interior
de um sistema tendem a ser difíceis de observar.” (p. 28)
– Na medida em que não são causas do comportamento, embora
remetendo indiretamente a elas (as contingências), os termos
intencionais não têm um papel explicativo a desempenhar na
ciência do comportamento.
– Entretanto, ao assim fazerem, eles podem cumprir um papel
heurístico para a descoberta das variáveis controladoras,
facilitando, então, a explicação, predição e controle de relações
comportamentais.
– Atribuir a causa do comportamento a processos intencionais é
incorrer em erro categorial, o que pode deturpar a busca pelas
variáveis controladoras
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da ciência
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compor-
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“Folk
psychology”
Causas
internas
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Problemas epistemológicos
da mente
● “A psicologia introspectiva já não pretende fornecer
informações diretas sobre eventos que sejam os
antecedentes causais, e não meros acompanhantes do
comportamento. Definiu seus eventos 'subjetivos' de tal
forma, que ficam excluídos de qualquer possibilidade de
utilização em uma análise causal” (CCH, pp. 31-32)
●
Eventos mentais são necessariamente inferidos, e portanto a
explicação não se baseia em observações independentes
● “Se o estado é puramente inferido - se não há dimensões ele
relacionadas, as quais poderiam tornar possível uma
observação direta - não pode ser usado como explicação.”
(CCH, p. 35)
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psychology”
Causas
internas
14. Ψ
Problemas epistemológicos
da mente
● “Mais incrementada, a posição de Skinner torna-se
esta: não utilize expressões intencionais na
psicologia” (Dennett, 1999)
● Objeções:
– Diferente da minha explicação sobre as Outras Mentes,
não explico a minha própria mente recorrendo ao
comportamento
– Não “se segue do fato de que a psicologia não pode
fazer nenhum apelo final aos elementos intencionais,
que não possa haver lugar para as expressões
intencionais em psicologia” (Dennett, 1999) → p. ex.,
conceito de gene em Mendel
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A causa está no ambiente?
● As variáveis externas (ambiente imediato e
história ambiental) são acessíveis à análise
científica
● São materiais, e portanto as técnicas usuais da
ciência podem ser usadas para explicar o
comportamento
● Variáveis internas não podem servir como
variáveis independentes, e portanto não posso
manipulá-las
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“Streetlight effect”
Bêbado: “estou procurando uma moeda que perdi”
Policial: “você a perdeu aí?”
Bêbado: “Não, eu a perdi duas quadras pra lá”
Policial: “Então porque você a está procurando aqui?”
Bêbado “Porque a luz aqui é melhor”
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Características
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“Folk
psychology”
Causas
internas
Dimensões analisáveis do
comportamento
● “Tanto para uma previsão acurada como para o controle, devemos investigar
quantitativamente os efeitos de cada variável com os métodos e as técnicas de
uma ciência de laboratório.”
– Manipulação de variáveis independentes (ambientais) e mensuração de variáveis
dependentes (comportamento)
● “Em cada caso temos um encadeamento casual composto de três elos: (1) uma
operação efetuada de fora sobre o organismo - por exemplo, privação de água;
(2) uma condição interna - por exemplo, sede fisiológica ou psíquica; (3) um
certo comportamento - por exemplo, beber (…). Entretanto, é quase sempre
impossível obter informações diretas sobre o segundo elo” (CCH, p. 36)
● Skinner assume a Regra da Parcimônia de Lloyd Morgan: não assumir a
existência de quaisquer variáveis a mais do que as necessárias para explicar o
comportamento
● O mentalismo fornece explicações desnecessárias ou supérfluas para a previsão
e controle do comportamento
18. Ψ
Análise funcional
● A utilização de termos intencionais é lícita somente quando fazem
referências a eventos observáveis
● Se podemos dispensar o segundo elo, podemos afirmar que o
comportamento é uma função das variáveis externas
– no final das contas, a ciência do comportamento irá inevitavelmente
demonstrar que esses termos intencionais são falsos
●
A análise funcional é uma análise causal, e deve ser feita dentro dos
limites da ciência natural: “Não é lícito presumir que o comportamento
tenha propriedades particulares que requeiram métodos únicos ou
uma espécie particular de conhecimento” (CCH, p. 38)
– Entretanto, porque apelar a uma epistemologia própria (behaviorismo radical)?
● As variáveis independentes devem ser descritas em termos físicos
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“Folk
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Fontes de informação sobre o
comportamento
● Observações causais
● Observação controlada de campo
● Observação clínica
● Estudos do comportamento de animais
humanos e não-humanos em laboratório →
Manipulação deliberada de variáveis
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