2. O PESQUISADOR E SUAS QUALIFICAÇÕES
Alguns atributos pessoais são desejáveis para você ser um bom
pesquisador. Para Gil (1999), um bom pesquisador precisa, além do
conhecimento do assunto, ter curiosidade, criatividade, integridade
intelectual e sensibilidade social. São igualmente importantes a
humildade para ter atitude autocorretiva, a imaginação disciplinada, a
perseverança, a paciência e a confiança na experiência.
3. MAS O QUE É PESQUISA?
Pesquisar significa procurar respostas para indagações propostas?
Minayo (1993, p.23), considera a pesquisa como “atividade básica das
ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e
uma prática teórica de constante busca que define um processo
intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de
aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma
combinação particular entre teoria e dados.
4. CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS (ABORDAGEM)
Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos
e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão, etc.).
Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados. É
descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu
significado são os focos principais de abordagem
5. QUANTO AOS FINS, A PESQUISA PODE SER:
A investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco
conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem,
não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da
pesquisa. É, normalmente, o primeiro passo para quem não conhece
suficientemente o campo que pretende abordar.
A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de
determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre
variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os
fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.
6. A investigação explicativa tem como principal objetivo justificar os motivos. Visa,
portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de
determinado fenômeno. Por exemplo: as raízes do sucesso ou não de determinado
acontecimento. Pressupõe pesquisa descritiva como base para suas explicações.
A investigação intervencionista tem como principal objetivo interpor-se, interferir na
realidade estudada, para modificá-la. Não se satisfaz, portanto, em apenas explicar.
Distingue-se da pesquisa aplicada pelo compromisso de não somente propor
resoluções de problemas, mas também de resolvê-los efetiva e participando.
7. Pesquisa de campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um
fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de
questionários, testes e observação participante ou não. Exemplo: levantar informações com os
estudantes da escola X a percepção que eles têm sobre gestão democrática.
Investigação documental é a realizada em documentos conservados no interior de
órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais,
regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais,
filmes, microfilmes, fotografias, video-tape, informações em disquete, diários, cartas
pessoais a outros.
8. Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material
publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público
em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa
A pesquisa participante não se esgota na figura do pesquisador. Dela tomam parte
pessoas implicadas no problema sob investigação, fazendo que a fronteira
pesquisador/pesquisado, ao contrário do que ocorre na pesquisa tradicional, seja tênue.
9. Pesquisa-ação é um tipo particular de pesquisa participante que supõe intervenção participativa
na realidade social. Quanto aos fins é, portanto, intervencionista.
Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa,
uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país.
Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizado no campo.
Os tipos de pesquisa não são mutuamente exclusivos. Por exemplo: uma pesquisa pode ser, ao
mesmo tempo, bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso?
10. MÉTODOS CIENTÍFICOS
QUAL O CONCEITO?
Método é o "caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse
caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado“ (Hegenberg,
1976:11-115).
Método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos
constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas,
traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para
alcançar um objetivo" (Trujillo, 1974:24);
Método é "um conjunto de procedimentos por intermédio dos quais (a) se propõe os
problemas científicos e (b) colocam-se à prova as hipóteses científicas" (Bunge, 1974a:55).
11. MÉTODO POSITIVISMO
O Positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no início do século XIX. Ela
defende a ideia de que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento
verdadeiro.
Exemplo 1: uma pesquisa positivista no âmbito da educação poderia ser o estudo de
políticas públicas que apenas avaliam os resultados das ações implementadas, não fazendo
análise qualitativa na busca pelas causas e origens dos resultados.
12. MÉTODO DEDUTIVO
Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que só a razão é
capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o
conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de
análise do geral para o particular, chega a uma conclusão.
Exemplo 1: Todo homem é mortal (premissa maior). Pedro é homem (premissa menor).
Logo, Pedro é mortal (conclusão).
Exemplo 2: Premissa 1: Os suspeitos do crime estavam na sala entre as 13 e 14
horas. Premissa 2: João não estava na sala entre as 13 e 14 horas. Conclusão: Logo, João
não é um dos suspeitos do crime.
13. MÉTODO INDUTIVO
Método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o
conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios
preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da
realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações.
Exemplo 1: Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal. Carlos é mortal. Ora, Antônio, João,
Paulo... e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens são mortais.
Exemplo 2: Todos os cães que foram observados tinham coração. Logo, todos os cães têm um
coração.
14. MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: “quando os conhecimentos disponíveis sobre
determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema.
Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou
hipóteses.
Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas.
Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses.
15. MÉTODO DIALÉTICO
Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se transcendem dando
origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação
dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de
um contexto social, político, econômico.
Usa-se esse método nas pesquisas sociais, com o objetivo de interpretar, de forma qualitativa,
alguns fenômenos sociais, através de seus princípios, leis e categorias de análise.
Exemplo 1: João não existe sem o homem, o homem não existe sem João; a Revolução Cubana
não existe sem a revolução, a revolução não existe sem a Revolução Cubana. Tudo está em
movimento
16. MÉTODO FENOMENOLÓGICO
O método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição
direta da experiência tal como ela é. A realidade é construída socialmente e entendida como
o compreendido, o interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem
tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é
reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento.
Exemplo 1: se alguém está olhando para um copo de suco, um fenomenólogo estaria
interessado em descrever como o copo aparece para essa pessoa: sua forma, cor, textura,
peso etc.