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Por um cérebro histórico-cultural: Uma introdução à neurociência crítica

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  1. 1. cmaximino@unifesspa.edu.br Por um cérebro histórico-cultural Uma introdução à neurociência crítica
  2. 2. cmaximino@unifesspa.edu.br Por que “crítica”? ● Jan Slaby e Suparna Choudhury, em um texto que é uma espécie de “manifesto” da área, colocam dois sentidos entrema – Kant (1794), O Conflito das Faculdades: defesa de um espaço de investigação irrestrito sobre as contínuas pressões exercidas sobre o conhecimento científico pelos caprichos do esfera política – Escola de Frankfurt: Entendimento de que a investigação científica da realidade humana tende a mobilizar valores específicos, e muitas vezes funciona a serviço de interesses que naturalizam fenômenos
  3. 3. cmaximino@unifesspa.edu.br O paradigma neuromolecular ● Abi-Rached e Rose (2010): O primeiro uso do termo “neurociências” ocorre em 1962 (Neuroscience Reserch Project de Francis Schmitt) ● Paradigma bem-sucedido das ciências moleculares; reducionismo metodológico
  4. 4. cmaximino@unifesspa.edu.br ● Reducionismo metodológico ● Reducionismo inter-teórico ● Reducionismo ontológico
  5. 5. cmaximino@unifesspa.edu.br ● Reducionismo metodológico ● Reducionismo inter-teórico ● Reducionismo ontológico
  6. 6. cmaximino@unifesspa.edu.br As consequências de uma “neurocultura” ● Vidal e Ortega (2019) – “virada neural” – “embora esses rótulos algumas vezes se refiram a desdobramentos acadêmicos das próprias ciências humanas (como, por exemplo, o surgimento de neuroantropologia, neuroeducação, neurodireito, neuroteologia e outras), eles se aplicam a um fenômeno mais abrangente. […] Além da pesquisa e tratamento, a informação cerebral e neurocientífica é o cerne de um vasto universo que varia de grosseiras empreitadas comerciais a grandiosas especulações metafísicas. Nesse universo, a multiplicação descontrolada e o frequentemente cômico exagero no emprego do prefixo neuro são pequenos sinais que confirmam a existência de um fenômeno de larga escala”.
  7. 7. cmaximino@unifesspa.edu.br As consequências de uma “neurocultura” ● Vidal e Ortega (2019) – Essa análise é política “no sentido geral de que lida, seletiva, mas consistentemente, com processos que afetam as vidas das pessoas, a formação de subjetividades e a distribuição de poder no interior das sociedades”. ● Padrões de narrativa sobre a base neural do comportamento arriscado dos adolescentes, diferenças sexuais binárias, compreensão molecularizada do sofrimento psíquico, ou tendências comportamentais e emocionais universalmente presentes em humanos. ● Butler (2015): “quadros” – as maneiras poderosas mas não-percebidas pelas quais a percepção, o conhecimento, e o juízo normativo são pré-organizados de maneira que é mais provável que algumas conceitualizações e avaliações sejam feitas, enquanto outras são descartadas a priori
  8. 8. cmaximino@unifesspa.edu.br Uma agregação possível ● Latour (2012): A prática da crítica inicia com um processo de re-agregação, a coleção de materiais provenientes de fontes e perspectivas múltiplas para enriquecer a conceitualização de um fenômeno e entender suas relações com outros fenômenos
  9. 9. cmaximino@unifesspa.edu.br ● Vigotski (1930, Sobre os sistemas psicológicos): Damo-nos cada vez mais conta da manifesta diversidade e do caráter inconcluso das funções cerebrais. É muito mais correto admitir que o cérebro encerra enormes possibilidades para o aparecimento de novos sistemas. Essa é a principal premissa. ● Luria (1966, Vygotski et l'étude des fonctions psychiques supérieures): Não se pode esperar encontrar a fonte da ação livre nos reinos etéreos da mente ou nas profundezas do cérebro. A abordagem idealista dos fenomenologistas é tão infrutífera quanto a abordagem positivista dos naturalistas. Para descobrir as fontes da ação livre é necessário ir além dos limites do organismo - não à esfera íntima da mente, mas às formas objetivas da vida social. É necessário procurar as fontes da consciência e da liberdade humana na história social da humanidade. Para encontrar a alma, é necessário perdê-la.
  10. 10. cmaximino@unifesspa.edu.br Um exemplo: a drogadição ● Cada vez mais entendida como doença do cérebro ● Substâncias aditivas causariam a disfunção da regulação frontal do sistema límbico, “sequestrando o sistema de recompensa” do encéfalo ● Kushner (2010): A história mostra como os conceitos de drogadição são dependentes do contexto político, histórico, e cultural ● Campbell (2010): O fenômeno do uso de substâncias é polissêmico e ligado fortemente aos ambientes culturais e sociais, mercados, e gatilhos culturais ● Garner e Hardcastle (2004): O uso de substâncias depende de hábitos que são desenvolvidos e sustentados coletivamente ● Re-agregar o uso de substâncias implica em re-inscrever e integrar esses fatores causais múltiplos
  11. 11. cmaximino@unifesspa.edu.br ● Encarnada (“embodied”): envolvendo mais do que só o encéfalo e incluindo um envolvimento mais geral das outras estruturas e processos corporais; ● Integrada (“embedded”), funcionando somente em relação a um ambiente externo; ● Enativa (“enacted”), envolvendo não somente os processos neurais, mas tudo aquilo que o organismo faz; ● Estendida (“Extended”) para o ambiente do organismo (p ex, pelo uso de ferramentas).
  12. 12. cmaximino@unifesspa.edu.br Um exemplo de efeitos bioculturais: O gene do transportador de serotonina ● O transportador de serotonina (codificado pelo gene SLC6A4) é responsável por retirar a 5-HT da fenda sináptica ● Principal alvo dos ISRS ● Alelo S da variante na região promotora está associada a menor expressão gênica e menor captação de 5-HT in vitro
  13. 13. cmaximino@unifesspa.edu.br Efeitos epigenéticos sobre SLC6A4 ● Duman & Canli (2015): em comparação com os indivíduos s/s e s/l, os indivíduos l/l que passaram por maior adversidade precoce e estresse crônico apresentaram maior aumento da expressão do transportador de serotonina em sangue periférico após o Teste de Estresse Social de Triers, assim como maior metilação do SLC6A4 ● Alasaari et al. (2012): Menor metilação da mesma região do gene SLC6A4 foi observada em uma coorte de enfermeiras vinda do ambiente de alto estresse laboral; níveis mais altos de metilação associados com maiores níveis de esgotamento (burnout) nessas coortes ● Zhao et al. (2013): Níveis de metilação dessa região associados com incidência de TDM
  14. 14. cmaximino@unifesspa.edu.br Impactos epigenéticos no gene SLC6A4 podem representar um mecanismo biocultural pelo qual estressores psicossociais importantes e que representam susceptibilidade diferencial para transtornos mentais podem produzir efeitos neurobiológicos e comportamentais desadaptativos Capturar os mecanismos bioculturais e psicossociais relevantes implica em utilizar estratégias metodológicas além do reducionismo
  15. 15. cmaximino@unifesspa.edu.br Entender o SNC como situado em um emaranhado de relações nos força a repensar a primazia dada aos níveis mais baixos de explicação e “nos desafia a desestabilizar a dicotomia natureza/cultura e, em vez disso, abordar a interação fundamental da mente, do corpo e da sociedade” (Slaby & Choudhury, 2012) Abertura para a colaboração crítica com as ciências sociais: o discurso da “interação” precisa ser qualificado!
  16. 16. cmaximino@unifesspa.edu.br Obrigado! https://www.are.na/caio-maximino/critical-neuroscience
  17. 17. cmaximino@unifesspa.edu.br https://radiocolibri.wordpress.com cmaximino@unifesspa.edu.br

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