O documento discute como os avanços tecnológicos estão transformando o mercado de trabalho e as relações trabalhistas no século XXI, criando uma nova classe de "cibertrabalhadores". Também analisa como a mídia e o consumo influenciam as relações entre capital e trabalho, com as pessoas se definindo cada vez mais por seu perfil de consumo.
1. UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES.
CURSO ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS E CIÊNCIAS CONTÁBEIS.
DISCIPLINA GESTÃO CONTEMPORÂNEA.
PROFESSOR ANGELO PERES.
TEMA DA AULA 6 – MÍDIA, CONSUMO, MERCADO DE TRABALHO,
AVANÇOS TECNOLÓGICOS E RELAÇÕES TRABALHISTAS:
Paradoxos e paradigmas, no século XXI.
FONTE: Revista SOCIOLOGIA. Ano IV. Edição 45 – Fevereiro/Março, 2013.
I - MERCADO DE TRABALHO, TECNOLOGIA E RELAÇÕES TRABALHISTAS,
NO SÉCULO XXI.
Os avanços tecnológicos estão criando uma nova massa de trabalhadores
(CYBERTARIADO,
ou,
PROLETÁRIO
CIBERNÉTICO,
termo cunhado
pela
socióloga inglesa URSULA HUWS);
Apesar de em alguns casos (e em algumas situações) favorecem uma fatia de
trabalhadores especializados, no limite, para a grande maioria dos demais
trabalhadores, esse avanço só favorece ao capital na medida em que há ganhos
(maiores e claros) para as empresa.
ASPECTOS
PARA
REFLEXÃO
QUANTO
AO
NOVO
TRABALHADOR
(CYBERTARIADO):
1. O público e o privado se misturam;
2. Jornada de trabalho se estende (em alguns casos infinitamente);
3. O trabalhador se isola (socialmente falando);
4. Há certo número – importante - de trabalhadores avulsos. Isto faz com que
não haja encargos trabalhistas nem formalização.
OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS VERSUS PRECARIDADE DO TRABALHO E DAS
RELAÇÕES TRABALHISTAS (call centers e montadoras eletroeletrônicos):
1. Atividade manual repetitiva;
2. 2. Atividade sem conteúdo;
3. Atividade sob forte vigilância das chefias;
4. Atividade mal remunerada;
5. Atividades são impostas (tempos impostos) sem nenhuma possibilidade de
usar a criatividade e a espontaneidade;
6. Tudo é medido, mecanizado (robotizado), contabilizado e definido a priori;
7. Tendência à terceirização;
8. A tecnologia permite o aumento dos ritmos do trabalho;
9. Os home offices criam um problema de falta de socialização e esse
isolamento dificulta a organização dos trabalhadores por melhores condições
de trabalho e de vida.
II - MÍDIA E CONSUMO INFLUENCIANDO AS RELAÇÕES CAPITAL VERSUS
TRABALHO.
No século XXI os atores sociais (as pessoas) não são mais tão somente um nome.
São um nome, uma atividade que desempenham (uma profissão), e o seu tipo de
consumo, bem como as escolhas de bens e serviços.
No século XXI as pessoas são o que consomem (e como consomem, e na
quantidade que consomem). No limite, as pessoas são o seu perfil de consumo, ou,
o consumo constitui o código por meio do qual elas se relacionam com seus pares e
com o mundo a sua volta.
Na sociedade moderna somos a apropriação dos meios de distinção simbólica (das
marcas, por exemplo). Esta apropriação (via consumo) leva-nos a tão desejada
posição de destaque no mercado social. Por fim, alguns atores acreditam que somos
mercadorias (BAUMAN, 2008).
As relações humanas, ainda com o autor (p.19), foi substituída por relações de
consumo. Ou melhor, somos espelhos de consumo; e, ser desejável é a matéria
(atual) que são feitos nossos sonhos e os contos de fadas.
Somado a isto, vive-se numa sociedade em que a incerteza e a competição são
constantes. Fora que, deve-se ter uma importante capacidade de enfrentar desafios
e superar riscos. Qualquer deslize poderá ser fatal. Qualquer insucesso poderá ser
fatal e o pagamento é o ostracismo social.
3. Na sociedade contemporânea todos devem mostrar (ostentar) desempenho
superlativo para que possa atrair (para si) e admiração. Assim, é fundamental
sempre dar um upgrade na performance pessoal e profissional.
Deve-se gerar a si mesmo como um produto. E este produto deve ser socialmente
atraente e desejável.
No campo da aparência pessoal é um bom exemplo. Os avanços são significativos
(indústria do bem-estar e do aprimoramento pessoal). Isto porque requer-se neste
novo século que a pessoa tenha uma aparência jovem, saudável e uma boa
disposição física e mental (são atributos mandatórios). Para atingir este patamar os
atores sociais sai em busca de uma miríade de ofertas que se apresentam. Investir
no autoaprimoramento para promover e ampliar seu valor social. Quem foge deste
padrão foge da normalidade.
Para tal, a mercado põem a disposição de todos, produtos de diversas origens e
modos de uso; para, por fim, a insegurança e a mediocridade.
Para o autor (2008, p.87), há muitas áreas que precisamos ser mais competentes, e
para cada uma delas há um sem-número de produtos a disposição. Para ele,
compramos para parecer, compramos para melhorar, etc.
Na busca pela gestão de si (ou nas novas ações empreendedoras e de formações
identitárias) o discurso midiático é afinado na perspectiva do consumo. ou seja, os
produtores de conteúdo (a mídia) não que apenas comercializar determinados
produtos, ela quer construir sentido social que enfatize a importância para a eficaz
gestão de si mesmo e na qualidade de vida.
Comprar objetos atribuir-lhes funções na comunicação com os outros são os
recursos para pensar sobre si, na ordem social e nas interações com as outras
pessoas (CANCLINI, 1999, p. 83).
O PRODUTO COMPRADO E VENDIDO, EM TODOS OS CASOS, É O
CONSUMIDOR (SIBILIA, 2002, P. 35).
REFERÊNCIAS:
BAUMAN, Z. Vida para o consumo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
CANCLINI, N.G. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999.