1) O documento discute a introdução à economia, incluindo definições de economia, aspectos de macroeconomia e microeconomia, e escolas econômicas.
2) É destacado o investimento do governo brasileiro na exploração do pré-sal e os setores que podem ser beneficiados, como construção civil e serviços.
3) A economia digital é abordada, referindo-se a vendas, pagamentos e serviços públicos online.
3. Sumário
Economia e Mercado
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA ..........................................................................................................................1
1.1 Introdução à economia.........................................................................................................................1
1.2 Noções de macroeconomia ................................................................................................................9
1.2.1 A dinâmica dos mercados e seus impactos nas organizações ............................................. 10
1.2.2 As contas nacionais como quadro de referência para análise de variáveis
macroeconômicas .............................................................................................................................................. 17
1.3 Noções de microeconomia ............................................................................................................... 18
1.4 Escolas e doutrinas econômicas..................................................................................................... 20
1.4.1 Economia pré-científica ....................................................................................................................... 20
1.4.2 Economia científica ............................................................................................................................... 23
Unidade II
2 O PROBLEMA ECONÔMICO ......................................................................................................................... 29
2.1 A razão de ser da economia política. A escassez e importância dos fatores
de produção no processo econômico .................................................................................................. 29
2.2 As questões centrais da economia e a inserção das organizações nos ambientes
econômicos .................................................................................................................................................... 31
2.3 O funcionamento do sistema econômico .................................................................................. 32
2.4 Diferenciando regime, estrutura e sistema econômico, para a compreensão
das formas de organização da atividade econômica .................................................................... 35
2.5 Os fluxos fundamentais e a inserção dos agentes na atividade econômica ............... 35
2.6 A dinâmica do mercado e seus impactos nas organizações............................................... 36
2.7 Determinação dos preços e de quantidades em mercados concentrados
e não concentrados .................................................................................................................................... 37
2.8 Ameaças e oportunidades para as organizações dos mercados concentrados
e não concentrados e estratégias de sobrevivência relacionadas ........................................... 38
2.9 O setor público ...................................................................................................................................... 40
2.10 Formas de ação econômica e razões da expansão das atividades públicas .............. 42
2.11 O papel regulador do Estado na atividade econômica e seus impactos sobre
as organizações ............................................................................................................................................ 43
Unidade III
3 O MERCADO ...................................................................................................................................................... 45
3.1 Moeda ....................................................................................................................................................... 45
3.1.1 A oferta de moeda ................................................................................................................................. 46
3.1.2 Criação e destruição de moeda......................................................................................................... 47
4. 3.2 Os meios de pagamento, base monetária, o efeito multiplicador da moeda
bancária e seus impactos sobre as organizações e sobre o nível de preços da
economia......................................................................................................................................................... 48
3.3 O mercado de divisas internacionais............................................................................................ 49
3.4 As vantagens comparativas entre as nações, as razões de um intercâmbio
comercial com o exterior e as ameaças e oportunidades para as organizações
desse intercâmbio ........................................................................................................................................ 50
3.5 Taxa de câmbio: conceito e formas de estabelecimento da taxa de câmbio
de equilíbrio ................................................................................................................................................... 50
3.6 O balanço de pagamentos e a inserção das organizações na política cambial .......... 51
3.7 Variáveis macroeconômicas do mercado de bens e serviços e seus impactos
nas organizações .......................................................................................................................................... 52
3.8 Medição da atividade econômica: o produto nacional e suas diversas
composições................................................................................................................................................... 53
3.9 O multiplicador de renda e seus impactos sobre as organizações................................... 54
3.10 Mudanças de salários, lucros, impostos, juros, câmbio e oferta de moeda e
seus impactos no nível de preço e produção ................................................................................... 55
Unidade IV
4 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ......................................................................... 57
4.1 Análise dos planos econômicos recentes e seus impactos nas organizações e
a economia brasileira contemporânea................................................................................................ 57
4.2 A economia e a globalização ........................................................................................................... 61
5. ECONOMIA E MERCADO
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
1.1 Introdução à economia
Ninguém vive isolado do mundo. As pessoas precisam das
relações humanas para obter alimento, segurança, lazer, serviços,
transporte, instrução e conhecimento.
Inicialmente, essas relações baseavam-se na troca de
5 mercadorias. Com o tempo, surgem a moeda e o estudo da
economia.
Ao longo do tempo, as pessoas foram se agrupando em
regiões e países. Alguns países tornaram-se mais eficientes em
algumas áreas e menos em outras, por exemplo, nos esportes,
10 na tecnologia e na cultura. Grande parte disso estava ligada
à forma de organização do Estado, à forma de organização
da produção, à importância de algum aspecto na cultura de
determinado povo.
O mundo passou por diversas modificações principalmente
15 nas últimas décadas. As transformações tornaram-se mais
frequentes talvez em virtude da comunicação mais rápida e
barata trazida pelas redes de dados, a Internet e a telefonia
celular, e em parte devido à globalização dos mercados.
Surgem perguntas do tipo: Por que existe pobreza ou
20 riqueza? Por que alguns países são mais desenvolvidos, enquanto
outros estão com tantos problemas a resolver? A economia é o
estudo ou a ciência que tenta responder essas questões e buscar
1
6. Unidade I
alternativas para mudar a realidade das pessoas e dos povos,
para melhor.
Atualmente, a evolução da economia ocorre numa escala
nunca observada anteriormente. Muitos estudiosos, para
5 caracterizar o mundo em que vivemos, dizem que estamos na
era digital, era do conhecimento, era das redes etc.
Por outro lado, apesar da economia digital, esta só trabalha
com dados e informações, sejam elas gráficas, textuais, numéricas,
de som etc. Tais informações podem ser importantes, mas as
10 pessoas vivem no mundo real, e nele elas precisam de alimentos,
roupas, transporte etc.
Nesse mundo real, inúmeras economias, ou seja, inúmeros
países dependem muito do investimento de seus governos para
poderem se desenvolver.
15 Investimentos do governo brasileiro na exploração do
petróleo na camada do pré-sal
O jornal O Estado de São Paulo, em 9 de outubro de 2009,
traz em sua capa um exemplo claro de como a influência do
governo, das empresas e da sociedade pode mudar os rumos de
20 um país: “Indústria precisa de US$ 400 bilhões de dólares para o
pré-sal – oposição teme desequilíbrio na economia. A conta foi
feita pelo presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, após o
debate do Estadão ‘O futuro do pré-sal’”.
É importante que se note que, para o governo investir, ele
25 precisa muitas vezes pegar dinheiro com investidores ou com
quem tenha capital disponível para investir. Por outro lado,
quem investe precisa de garantias de que vai receber de volta
o dinheiro investido e o pagamento pelo mesmo. Que garantias
existem para que se invista no processamento do petróleo do
30 pré-sal?
2
7. ECONOMIA E MERCADO
Para investimento na exploração do petróleo na camada do
pré-sal, onde poderia ser investido o dinheiro? Na construção
das plataformas? Na construção de oleodutos e gasodutos?
Na construção de infraestrutura portuária? Na construção
5 de tanques de armazenamento? Na construção de usinas
petroquímicas? Na melhoria das estradas? Na formação de mão
de obra?
Deve-se observar que há muitos aspectos a serem trabalhados
pelo governo. Por outro lado, a iniciativa privada, na medida
10 em que toma conhecimento do planejamento macroeconômico
do país, também faz seus planos: O investimento deve ser na
instalação de hotéis em regiões nas quais haverá um afluxo
de mão de obra? Na instalação de restaurantes? Na fabricação
de uniformes, capacetes e botas? Na criação de escolas nas
15 cidades próximas à exploração do petróleo? Na melhoria da
infraestrutura de telecomunicações? No desenvolvimento de
sistemas de transporte coletivo? Em que mais? Essas últimas
opções em um nível mais microeconômico ou da economia das
empresas.
20 Outras questões que surgem e certamente afetam a vida
de todos estão relacionadas ao emprego, aos salários, às
possibilidades de abrir o próprio negócio, às possibilidades
de cursar uma faculdade e se formar num curso em qual
haverá a necessidade de formados, e muitos outros aspectos.
25 É importante notar que todos esses aspectos estão ligados à
economia do mundo, dos países, das regiões, das empresas e
das pessoas.
As questões mencionadas anteriormente estão muito
relacionadas com a economia, pois, dentro de alguns anos,
30 poder-se-á ver os frutos dos investimentos, as ações adotadas e
o trabalho realizado.
O pré-sal não é a única área que necessita de investimentos.
Os países que investiram na educação de seus povos também
3
8. Unidade I
obtiveram bons retornos para toda sociedade. Esse é o caso do
Japão, da Coreia etc.
Agora que já abordamos alguns assuntos ligados à economia,
surge a questão:
5 Mas o que é economia?
Qualquer um possui alguma visão do que é economia. Para
alguns, é guardar dinheiro, e isso é o que se denomina “poupança”.
Para outros, é tudo o que faz um país ficar mais rico que outro ou
uma região ficar mais rica que outra ou uma pessoa ficar mais
10 rica que outra. Já para outros, é o que determina o emprego e o
salário das pessoas.
Tanto a economia como as pessoas que lidam com ela, a cada
ano que passa, ganham mais importância, pois o cenário econômico,
seja mundial, seja local, é uma verdadeira praça de guerra. Tal praça
15 é o local em que as pessoas melhor preparadas e que fazem uso
de melhores estratégias acabam conseguindo sucesso para si, para
suas famílias, suas empresas e seus países, em relação às outras
pessoas sem estratégia ou com estratégias pobres.
Para atuar no mercado, é preciso que se conheça as forças
20 às quais ele está sujeito. É também necessário saber como essas
forças operam e como o mercado e seus atores se comportam.
Vejamos a seguir alguns conceitos e definições de economia. É
interessante compará-los para que se perceba a riqueza do pensamento
econômico e como outras pessoas enxergaram a economia.
A economia é uma ciência que se preocupa com aspectos
sociais de indivíduos e grupos no mundo decorrentes das relações
entre as demandas por recursos e a escassez dos mesmos.
25 É importante notar que economia está sendo considerada
como uma ciência, portanto ela será trabalhada por meio de
4
9. ECONOMIA E MERCADO
critérios científicos. Os conceitos principais de economia
são ligados à demanda por recursos e à escassez desses
recursos.
Comparando-se com outros conceitos de economia,
5 Troster e Mochón (2002, p. 5) consideravam mais a questão da
administração dos recursos do que os aspectos sociais:
A economia estuda a maneira como se administram
os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e
serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros
da sociedade.
Os estudos da economia levam à formulação de “teorias
econômicas”. Teorias surgem para tentar explicar fenômenos que
são observados pelas pessoas. Um fenômeno é um fato. Uma
10 teoria pode explicar um fato até determinado ponto. Quando
uma teoria não consegue mais explicar novos fenômenos, ela
chegou ao seu limite, e é preciso se encontrar novas explicações,
que são novas teorias.
Outros autores, como, por exemplo, Vasconcellos e Garcia
15 (2003, p. 2), apresentavam as seguintes considerações sobre o
que é economia:
É uma ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos
na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los
entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de
satisfazer as necessidades humanas.
Agora que temos uma noção do que é economia, tentaremos
avançar no conhecimento da mesma abordando um pouco da
economia digital, que faz parte da realidade do mundo atual em
20 que vivemos.
5
10. Unidade I
Nesta era digital em que vivemos, o que vem a ser a
economia digital?
Economia digital é essa que ocorre com pessoas vendendo
coisas por meio da web (Internet), comprando por meio da grande
5 rede, estudando em cursos a distância que funcionam em meios
digitais, realizando pagamentos e transações bancárias por
computador, fazendo uso de e-government para obter dados e
certidões pela Internet etc.
Pode-se notar que a web ou www ou teia de informações
10 digitais é um dos serviços da Internet, porém esse serviço pode
ser observado ou estudado de diversas formas: quando se deseja
estudar a web do ponto de vista computacional, certamente há
que se preocupar com as redes de dados, os dispositivos de rede,
os protocolos associados às redes e que permitem que ocorra a
15 comunicação entre computadores diferentes, como o estudo do
TCP/IP. Há também o estudo dos bancos de dados, ou seja, dos
repositórios nos quais serão armazenados as páginas de Internet
e os componentes ligados à programação de computadores.
Nesse ponto, nota-se que a economia é uma área de
20 conhecimentos muito eclética, visto que tem que lidar com
a cultura, com os conhecimentos, com a educação, com a
produção, com a saúde, com os bancos, com a agricultura e a
tecnologia. Isso significa que, onde houver a possibilidade de
geração de riquezas, emprego, salários etc., isso é um assunto
25 relacionado com a economia.
Outra forma então de se enxergar a web é como sendo a
interface gráfica da Internet. Essa grande rede possui vários
serviços, como os serviços de correio eletrônico (e-mail), serviços
de arquivos (file transfer protocol – FTP), serviço de login remoto
30 e serviço de páginas, ou seja, serviço de web, entre outros.
Já quando se estuda o aspecto comunicação relacionado
à web, pode-se enxergar coisas como as mensagens, a forma,
6
11. ECONOMIA E MERCADO
a aceitação do site por parte dos usuários, enfim, aspectos
comunicacionais que farão com que o site seja um bom veículo
de comunicação.
Olhando sob a ótica de negócios, surge o e-business, que
5 é a maneira de se fazer negócios por meio do uso da web. Tais
negócios podem envolver dinheiro ou não. Os casos que não
envolvem dinheiro são, por exemplo: o governo eletrônico,
e-government, que permite que se acompanhe se uma carta
enviada por Sedex já chegou ao destino, entre outras coisas
10 também permite o acompanhamento de evolução de processos
judiciais por meio da web. Os casos que envolvem venda e
dinheiro são conhecidos como e-commerce ou comércio
eletrônico.
A Internet é uma grande ferramenta a favor das relações
15 comerciais. Sendo assim, tanto o e-business quanto o
e-commerce fazem parte da atual economia digital.
Na era da economia digital, os recursos de tecnologia da
informação fazem com que as pessoas trabalhem muito mais.
A cada ano, a economia digital apresenta considerável
20 crescimento, que se dá por meio das vendas do comércio
eletrônico, dos cursos a distância, da atuação do governo
eletrônico etc.
É possível observar, nos dias de hoje, uma grande mudança
dos ambientes de trabalho. Essas mudanças estruturais permitem
25 que as pessoas produzam mais em menos tempo.
Um aspecto importante e oportuno para se pensar é que,
apesar de a economia digital trabalhar com dados, informações
e imagens no computador por meio das redes, essa economia
virtual não dispensa a economia real: é preciso que as pessoas se
30 lembrem de que precisamos de alimentos de verdade, de roupas
de verdade, sendo assim, não podemos viver somente no mundo
7
12. Unidade I
virtual, entretanto este complementa o mundo real e fornece
informações mais rápidas independentemente da distância ou
do tempo.
É imperativo que se note que mesmo na economia digital
5 há os problemas de demanda e oferta, assim como na economia
real.
Demanda é aquilo que o mercado pede, exige e
necessita.
Oferta é aquilo que é produzido e disponibilizado ou
oferecido ao mercado em termos de serviços ou produtos
respectivamente.
Escassez se refere à limitação dos bens e serviços
oferecidos na sociedade.
Se não houvesse o problema da escassez de bens e serviços,
as pessoas não precisariam trabalhar tanto para produzi-los.
Podemos observar que existe certa relação entre as definições
10 consideradas: recursos escassos, a sociedade e as necessidades
humanas.
Em decorrência dos fatores mencionados, relacionados com
a escassez, com as necessidades e com a sociedade, reúnem-se
os elementos dos sistemas econômicos, as empresas, que são
15 unidades de produção, o sistema capitalista, que é regido pelas
forças do mercado, o capital, os recursos humanos, recursos em
geral e as organizações que são a base da sociedade, como as
escolas, os governos etc.
Todo esse conjunto de coisas funcionará para oferecer este
20 espetáculo maravilhoso: a economia.
8
13. ECONOMIA E MERCADO
É preciso que o aluno tome posse dos conhecimentos de
economia para que possa se inserir no contexto deste mundo
de governos, empresas, necessidades, comércio, finanças,
educação, tecnologia, enfim, que possa trabalhar com
5 outras pessoas, entender outras visões, que não somente a
tecnológica e que, dessa forma, possa crescer na carreira, na
profissão e ter sucesso na vida. Mas como estudaremos a
economia?
O presente material didático está dividido em quatro partes.
10 A primeira traz uma introdução à economia. A segunda parte
aborda o problema econômico. Na terceira, trata-se do mercado
e, na última parte, abordam-se crescimento e desenvolvimento
econômico.
Leia atentamente todas as unidades. Participe, interaja,
15 discuta com os colegas e com os tutores. Busque mais informações
nas referências e na web. Lembre-se de que aprender é uma
atitude: aprendemos sempre e em todos os lugares, nos cursos
que estudamos, nas revistas e jornais que lemos, no ambiente
de trabalho, com os amigos, na família, na igreja, no clube, no
20 mercado.
É preciso ter a mente aberta para novos conhecimentos.
Einstein já afirmava que a mente humana que aprende um novo
conhecimento evolui para uma nova dimensão. Bons estudos.
Nas linhas seguintes serão abordados noções de
25 macroeconomia, noções de microeconomia, escolas e doutrinas
econômicas, economia pré-científica, economia científica,
fisiocracia e mercantilismo, os clássicos e os neoclássicos.
1.2 Noções de macroeconomia
A parte da economia especializada na análise da produção
nacional total, renda, desemprego, crescimento econômico,
30 balança de pagamentos é a macroeconomia.
9
14. Unidade I
Em relação ao conceito de macroeconomia, Troster e Mochón
(2002, p. 6) consideravam que esta:
estudava o funcionamento da economia em seu
conjunto. Seu propósito era obter uma visão
5 simplificada da economia que, porém, ao mesmo
tempo, permitia conhecer e atuar sobre o nível da
atividade econômica de um determinado país ou de
um conjunto de países.
Podemos dizer que macroeconomia é a economia dos países
10 vista de um modo “macro”, ou seja, amplo.
O que promove o desenvolvimento econômico de um país é
a formulação de boas políticas macroeconômicas – assim como
fatores como a descoberta de grandes jazidas de petróleo no
próprio território. Entretanto, se malformuladas, tais políticas
15 podem promover estagnação e até mesmo o retrocesso
econômico do país. Geralmente, as políticas macroeconômicas
são definidas pelo governo federal.
Em vista do exposto, é preciso que as pessoas de todas as áreas
de conhecimento possuam alguma noção de macroeconomia,
20 para que, dessa forma, entendam o que acontece em seus
“bolsos”, ou seja, com seu dinheiro.
1.2.1 A dinâmica dos mercados e seus impactos nas
organizações
Organizações são agrupamentos de pessoas, recursos e
instalações que trabalham juntos para alcançar objetivos
comuns.
25 No seu funcionamento e a fim de alcançar seus objetivos,
as organizações competem umas com as outras por mercados,
lutam para obterem mais fatias ou maiores espaços no mercado,
ou seja, fazem de tudo para conquistá-lo.
10
15. ECONOMIA E MERCADO
Outras vezes as organizações trabalham cooperativamente,
complementarmente ou se associam.
Elas atuam no mercado, e este está em constante evolução
devido a fatores externos, como, por exemplo, a ação dos
5 governos, dos concorrentes, dos fornecedores e dos sindicatos.
Existem também os fatores internos ligados à eficácia e eficiência
com que se organizam internamente.
Devido às mudanças que ocorrem com frequência, torna-se
necessário que as organizações se adaptem com rapidez para
10 continuarem sendo bem-sucedidas, para poderem progredir ou
até mesmo sobreviver.
Um exemplo histórico de evolução dos mercados no
Brasil
Os mercados estão em constante evolução dinâmica,
15 isto é, não são estáticos ou parados, e sofrem influências das
tendências dos consumidores, da legislação dos governos, da
ação de concorrentes, da cultura, enfim, de uma série de forças
que fazem com que ocorra a dinâmica do mercado.
Sempre surgem novos fatores. Também, ao longo do tempo,
20 a economia vai se alterando. Exemplo disso é que na história
brasileira aconteceram vários ciclos econômicos. Houve uma
época em que o pau brasil era a principal riqueza do país e sua
exploração era realizada por meio do extrativismo. E essa fase
passou.
25 Nos séculos XVI e XVII, o nordeste era muito rico por causa
das plantações de cana, das fazendas e da produção de açúcar.
Também teve um período de duração, e o eixo de riqueza foi se
deslocando para a região de Minas Gerais.
Com a entrada dos bandeirantes, houve a descoberta de
30 minas de ouro e de diamantes, e tivemos um ciclo do ouro
11
16. Unidade I
na história brasileira. Nessa época, foram construídas diversas
cidades históricas em Minas Gerais, como Vila Rica, Ouro Preto,
Diamantina etc. E as esculturas de Aleijadinho são testemunhas
de uma época de ouro das cidades mineiras.
5 No início do século XX, a exploração do café trouxe
muita riqueza para São Paulo, e essa riqueza propiciou o
acúmulo de capitais que possibilitaram a industrialização
de São Paulo.
Na época da Segunda Guerra Mundial, o Amazonas, mais
10 propriamente o município de Manaus, viveram uma época de
crescimento econômico motivado pelo ciclo da borracha. A
seringueira é uma planta que, quando sofre cortes no seu tronco,
deixa escorrer um líquido branco, leitoso, viscoso, que é a base
para a fabricação da borracha.
15 Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil perdeu a liderança
na produção da borracha, pois os ingleses levaram as mudas de
seringueira para a Malásia, país do sudeste asiático, onde foram
criadas fazendas de seringais.
A Malásia em poucos anos, tornou-se o maior produtor
20 mundial de látex e, por conseguinte, de borracha e seus
produtos.
Na Malásia, as mudas de seringueira foram plantadas
umas próximas das outras, enfileiradas e com estradas entre as
fileiras. Dessa forma, foi possível a produção de látex e borracha
de modo extremamente competitivo e barato. Sendo assim,
25 tornou-se inviável a produção no Brasil, onde os seringueiros
tinham que se embrenhar na floresta amazônica à procura das
árvores, tendo que abrir trilhas, estando sujeitos a serem picados
por insetos, cobras, aranhas etc.
Além disso, na Amazônia, os seringueiros tinham que
30 carregar o látex por grandes distâncias até chegar aos centros
12
17. ECONOMIA E MERCADO
de processamento. Dessa forma, o custo era muito elevado e a
produtividade, muito baixa.
Com a industrialização, todo o centro-sul se beneficiou e
houve um grande acúmulo de riquezas. Surgiram indústrias
5 automobilísticas, eletrônicas, siderúrgicas, metalúrgicas,
indústrias de plástico, calçados, produtos alimentícios, vestuário,
móveis e utensílios e muitas outras.
Com a dificuldade de importação de mercadorias causada
pela Segunda Guerra Mundial, pôde-se conquistar um pequeno
10 avanço na indústria nacional. Nessa mesma época, houve a
tentativa de substituição de produtos importados por produtos
nacionais.
Atualmente, o parque industrial brasileiro é bastante
diversificado e produz a mais variada gama de produtos com
15 muita tecnologia, porém ele ainda é pequeno se comparado aos
parques dos países desenvolvidos.
Mais recentemente, a descoberta de petróleo na camada
de pré-sal, na bacia de Santos, parece indicar que o Brasil está
prestes a se tornar um dos grandes países produtores mundiais
20 de petróleo, e, dessa forma, pode vir a desempenhar um papel
mais ativo no cenário econômico mundial.
Entretanto, é importante que se tenha em mente que
não é só o Brasil que possui uma economia em ascendência.
Atualmente, há países em desenvolvimento, como, por exemplo,
25 os países do chamado BRIC – são as iniciais de Brasil, Rússia,
Índia e China –, que também estão passando por um grande
processo de crescimento econômico.
Evolução de outros mercados
A Índia já se tornou um dos grandes produtores mundiais
30 de software e exporta bilhões de dólares em software todos
13
18. Unidade I
os anos para diversos países do mundo. Os softwares podem
estar presentes em jogos de computador, em carros, aviões,
eletrodomésticos, enfim, há um uso crescente dos softwares
principalmente na era da economia digital.
5 A Rússia também é um país em crescimento e grande
exportador de armamentos e tecnologia, entretanto não é um
país forte na produção em massa de produtos de menor valor e
tecnologia mais avançada.
A China, segundo analistas, dentro de alguns anos tende a se
10 tornar a economia mais rica do planeta, superando a economia
dos Estados Unidos. Há, porém, muitas controvérsias, pois a
China é um país muito populoso, com uma população de mais
de um bilhão de habitantes.
Qualquer coisa que a China construa tem de ser pensado
15 para atender multidões e, por esse motivo, o investimento
é muito grande. Se esse país precisa construir um aeroporto,
por exemplo, tal empreendimento tem que ser imaginado em
proporções gigantescas, visto que deve ter capacidade para
servir a milhões de pessoas.
20 Houve, inclusive, a necessidade de importação de mão de
obra de centenas de pilotos brasileiros de aviões comerciais a jato.
Tais pilotos trabalham na China e moram lá com suas famílias,
prestando serviços nas empresas de viação aérea chinesa. Esse
aspecto reforça o caráter do vigor da economia chinesa.
25 Enquanto em nosso país havia empresas aéreas fechando
as portas, como a VARIG, VASP e TransBrasil, no caso da China
houve uma expansão sem precedentes e ainda há um esforço
para a formação de milhares de pilotos de jatos para a aviação
comercial para os próximos anos.
30 Desse modo, caso se construam ferrovias, rodovias, shoppings
etc. na China, haverá a necessidade do emprego de muito capital
14
19. ECONOMIA E MERCADO
para se criar infraestruturas gigantescas, apropriadas para um
país da dimensão da China com seu amplo território e sua
população de quase um bilhão e meio de habitantes.
Será que a China será a grande potência deste milênio?
5 Será que ela alcançará e superará a economia norte-
americana? E os demais países do BRIC, será que também se
tornarão grandes potências econômicas mundiais? Será que
o Brasil estará entre os países mais ricos do mundo neste
milênio?
10 Outros países além do BRIC e que estão em vias de alcançar
um bom desenvolvimento econômico são Austrália, África do
Sul, Argentina, Indonésia, Egito e muitos outros.
Além da busca por uma economia mais sólida, o Brasil
também está agindo no sentido de buscar uma liderança no
15 plano político, no Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas – ONU.
Acreditamos que os esforços tanto da diplomacia brasileira
como também das forças armadas e da economia devem fazer
parte da vida de cada cidadão e cidadã deste país.
20 É preciso que cada brasileiro se conscientize no sentido
de estudar mais, buscar uma saúde melhor, melhorar a renda,
melhorar o entendimento entre as pessoas, enfim, buscar e
alcançar uma sociedade melhor, mais justa, próspera e feliz, com
mais riquezas e menos violência, mais entendimento e menos
25 pobreza.
Nosso país possui muitas riquezas, entre as quais estão o
solo, os mares, as florestas, os recursos naturais.
Temos, além de tudo, uma população em crescimento, que
necessita melhorar a educação, participar mais ativamente
30 do mundo, e este é um bom momento para os brasileiros de
15
20. Unidade I
todos os níveis conhecerem melhor a economia dos países,
suas riquezas e possibilidades.
A economia é uma ciência que nos fornece subsídios para
estudar, entender, avaliar, propor, planejar e modificar a realidade
5 econômica da sociedade em que vivemos.
O aluno deve se apoderar dos conhecimentos da economia
e utilizá-los em seu cotidiano: seja realizando aplicações de
capital, seja realizando pedidos de empréstimo, seja fazendo
o planejamento das empresas, seja entendendo o salário e o
10 emprego das pessoas, enfim, a economia está presente na vida
de todos que vivem em sociedade.
Em nenhuma época na história do Brasil, nosso país teve
um número tão grande e crescente de empresas que são
multinacionais com origem no Brasil e muitas outras que
15 estão em vias de crescer no exterior. Além de empresas como
Vale do Rio Doce, Gerdau, Banco do Brasil, Marco Polo, Totvs
e Bradesco, há muitas empresas pequenas e médias também
buscando crescimento no mercado internacional.
O mercado tanto nacional como internacional é muito
20 competitivo. Para uma empresa se instalar no exterior, é preciso
que ela aprenda a conhecer os mercados locais: sua composição,
suas necessidades, sua cultura, o modo correto de trabalhar
com esse mercado, os concorrentes, as leis e políticas locais, as
formas de exportação, a infraestrutura portuária, aeroviária e
25 de rodovias do local, a infraestrutura de telecomunicações e as
políticas salariais e de emprego a serem praticadas.
Nunca foi tão necessário para o Brasil que seus cidadãos
aprendessem sobre outras culturas, que aprendessem a respeitar
as diferenças e a formular estratégias de sucesso.
É importante cultivar a cidadania, a boa educação, o respeito
30 ao próximo, o fim da intolerância e a busca comum por uma
sociedade melhor.
16
21. ECONOMIA E MERCADO
As organizações (é importante lembrar que as organizações
são formadas por pessoas) que desejam sobreviver, prosperar
e alcançar o sucesso precisam se adaptar, evoluir junto com
o mercado, acompanhando suas tendências, tentando sempre
5 suprir suas necessidades e ser útil ao mesmo. Esse fato obriga
as organizações a ser flexíveis, aprender constantemente,
reinventar-se e mudar no sentido em que “soprarem os ventos
do mercado”.
Para se conhecer os mercados, um bom começo é
10 entender as contas nacionais deles. Mas o que são contas
nacionais?
1.2.2 As contas nacionais como quadro de referência para
análise de variáveis macroeconômicas
Como já falamos anteriormente, tanto no Brasil como em
outras nações, torna-se interessante conhecermos um pouco
mais como se mede a riqueza dos países.
15 Uma das formas de entender a economia de um país é
estudando suas contas nacionais, de modo semelhante a um
banco que, para conceder empréstimo, procura antes avaliar
a situação econômico-financeira da pessoa que o requisita
para então avaliar a viabilidade e possibilidade de realizar tal
20 empréstimo. Da mesma forma, é preciso estudar as contas
nacionais dos países para então entender sua situação
econômico-financeira.
Quando se fala em sistema de contas nacionais, pensa-se
nos países como sendo grandes empresas, produzindo um
25 produto único, o Produto Nacional Bruto, o agregado de
tudo que é produzido no país (Vasconcellos; Garcia, 2003,
p. 93).
Na contabilidade nacional, usa-se o método das partidas
dobradas, e, segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 94), alguns
17
22. Unidade I
princípios utilizados no levantamento e medição para esse tipo
de contabilização são:
• “consideram-se apenas as transações com bens e serviços
finais;
5 • mede-se a produção corrente do próprio período;
• as transações referem-se a um fluxo, isto é, são definidas
ao longo de um período de tempo e, normalmente,
considera-se um ano, mas também pode ocorrer em
períodos menores, como, por exemplo, em estudos
10 trimestrais ou semestrais;
• na contabilidade social, não são considerados os valores
das transações puramente financeiras;
• a moeda é apenas um padrão de medida para a
contabilidade social.”
15 O aluno, trabalhando nas empresas, estará em contato com
pessoas que possuem outra formação, provenientes de outras
escolas e outros Estados, até mesmo de outros países. É preciso
ter um mínimo de cultura e conhecimentos para lidar com
outras pessoas.
20 Consideram-se as contas nacionais como base para a análise
de variáveis macroeconômicas e para se fazer a análise de
investimentos no país.
Vimos bastante sobre os países e depois sobre as contas
nacionais. Agora é hora de restringirmos mais até o nível das
25 empresas e da economia local, ou seja, da microeconomia.
Vamos então conhecer o que é a microeconomia?
1.3 Noções de microeconomia
Micro está relacionado com tudo que é de pequeno porte, de
modo semelhante a microcomputador e microempresa.
18
23. ECONOMIA E MERCADO
Microeconomia
Estuda as decisões em empresas e famílias sobre preços
e produção em ramos de atividade específicos.
Para Stiglitz e Walsh (2003, p. 15), “ela está preocupada com
como as unidades individuais tomam suas decisões e com os
fatores que afetam essas decisões”. Essa teoria explica também
5 as práticas de mercado: monopólio, oligopólio e concorrência.
Para Troster e Mochón (2002, p. 6), “quando explicamos
o aumento de preço do petróleo como consequência de
aumento na demanda de energia, estamos fazendo uma
colocação tipicamente microeconômica” e, portanto,
10 diferente de colocações macroeconômicas, que, por seu
turno, preocupam-se com o comportamento global com
poucas variáveis.
A microeconomia explica como é formado o preço dos
produtos e os fatores de produção. Ela se divide em:
15 Teoria do consumidor: analisa as preferências do
consumidor, seu comportamento e escolhas. Como corolário
dessa teoria, surge a curva de demanda.
Teoria da firma: preocupa-se com a estrutura econômica
das empresas, cujo objetivo é maximizar os lucros. Dessa teoria,
20 cria-se a curva de oferta.
Teoria da produção: trabalha o processo de transformação
de fatores adquiridos pela empresa em produtos finais para
venda no mercado. Determina o volume ótimo de oferta.
As teorias ajudam tanto os estudantes sobre o assunto
25 quanto os profissionais da área a raciocinarem melhor e a
buscarem soluções com alguma base.
19
24. Unidade I
A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre a
fundamentação da economia. Esse estudo será realizado
de maneira a fazer com que o aluno aprimore ainda mais o
conhecimento a respeito das escolas e doutrinas econômicas
5 que apareceram no mundo.
1.4 Escolas e doutrinas econômicas
Para se ter uma visão histórica da economia, há que se levar
em conta não só a economia no Brasil, mas também em outros
países do mundo. É preciso ter uma ideia do que aconteceu no
passado, para não cairmos na tentação de querer inventar a
10 roda ou descobrir a lâmpada ou a América novamente.
É importante que o aluno pense sobre o tema, que se
lembre de assuntos correlatos estudados anteriormente e
procure sempre ir atrás de outras fontes de conhecimentos, e
isso vale para qualquer matéria estudada na universidade, pois
15 os materiais didáticos são apenas guias iniciais de um mundo
muito rico em conhecimento, e o domínio do conhecimento é
umas das chaves para o sucesso profissional e geral do aluno.
As escolas e doutrinas econômicas possuem dois períodos: o
de economia pré-científica e o da ciência econômica.
20 Vamos iniciar os estudos das teorias econômicas pelo estudo
da economia pré-científica.
Para um melhor entendimento e aproveitamento dos
estudos, é bom procurar estudar a bibliografia e buscar sites
interessantes sobre os assuntos estudados.
1.4.1 Economia pré-científica
25 Os precursores da teoria econômica, ou seja, da economia
pré-científica levam em conta as ideias econômicas da
Antiguidade, do mercantilismo, da fisiocracia e dos clássicos.
20
25. ECONOMIA E MERCADO
Na Antiguidade e na Idade Média
As ideias sobre economia apareceram na antiguidade
Grega, com Sólon, no século VI a.C. falando sobre o conflito, a
classe comercial e a classe agrária, com o livro de Xenofonte,
5 denominado Economia, que se referia à economia doméstica. Já
Platão preocupou-se com a organização da sociedade.
Na Idade Média, época do período feudal, o ensino
ocorria nos mosteiros católicos e era voltado para a religião.
No entanto, é um período em que surgiram as primeiras
10 universidades, na Europa, as quais eram voltadas para o
estudo das línguas e das artes. Nesse período, no que diz
respeito à economia, São Tomás de Aquino falava sobre a
noção de propriedade.
O período do mercantilismo
15 Entre os séculos XVI e XVII, surgem na Europa as doutrinas
mercantilistas, e tornava-se importante acumular ouro e metais,
para se ter riquezas. Sobre o mercantilismo, Vasconcellos e Garcia
(2003, p.15) afirmavam que:
apesar de não representar um conjunto homogêneo,
20 o mercantilismo tinha algumas preocupações
explícitas sobre a acumulação de riquezas de
uma nação. Continha alguns princípios de como
fomentar o comércio exterior e entesourar riquezas...
Considerava que o governo de um país seria mais forte
25 e mais poderoso quanto maior fosse seu estoque de
metais preciosos. Com isso, o mercantilismo acabou
estimulando guerras, exacerbou o nacionalismo e
manteve a poderosa e constante presença do Estado
em assuntos econômicos.
30 Os períodos econômicos anteriores influenciaram o
desenvolvimento da sociedade e continuam influenciando, pois
21
26. Unidade I
o que temos hoje é fruto de decisões e coisas que aconteceram
no passado.
É preciso também estudar e conhecer cada vez mais para que
não repitamos os erros históricos do passado, mas busquemos
5 fórmulas e soluções para se alcançar uma sociedade mais
próspera, rica e feliz.
O período da fisiocracia
Os fisiocratas na França, século XVIII, considevam benéficos
os resultados do livre-comércio e entendiam a riqueza como
10 sendo a soma dos bens produzidos anualmente. Em relação
às ideias da fisiocracia, Vasconcellos e Garcia (2003, p. 15)
afirmavam que:
... sustentavam que a terra era a única fonte de
riqueza e que havia uma ordem natural que fazia
15 com que o universo fosse regido por leis naturais,
absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela
Providência Divina para a felicidade dos homens...
Foi grande sua contribuição à análise econômica...
No ano de 2009, comemorou-se o ano “França-Brasil”. É
20 importante que se saiba que países com uma cultura tão rica e
antiga, como é o caso da França, podem nos ajudar nessa travessia
para uma sociedade melhor, mais democrática e próspera. Vamos
aprender com quem já possui muita experiência.
Caso as experiências nos sejam úteis e nos enriqueçam,
25 vamos considerá-las, do contrário, servirão como exemplos que
não devemos seguir.
Após o período da economia pré-científica, vem o período
no qual os economistas procuravam basear suas teorias em
pressupostos e comprovações pela ciência. Vamos estudar a
30 seguir o período da economia científica.
22
27. ECONOMIA E MERCADO
1.4.2 Economia científica
Ciência é um conjunto de saberes de uma determinada área
de conhecimento.
No sentido lato, ou seja, amplo ou geral, ciência refere-se a:
Qualquer conhecimento sistemático ou prática
sistemática.
Em um sentido mais estrito, significa um conjunto
5 de conhecimentos obtido por meio de pesquisa, isto é,
conhecimentos obtidos utilizando um conjunto de regras
conhecidas como método científico.
A economia científica começa quando existe a preocupação
em se ter critérios científicos para estudar a economia.
10 A virtude dos economistas clássicos está na influência que
tiveram sobre a sociedade, eles ainda continuam sendo citados
e estudados.
A teoria econômica e os economistas clássicos
A ciência econômica surge com os economistas clássicos.
15 Eles trabalhavam suas teorias à luz do racionalismo científico e
das escolas do modernismo.
Adam Smith (1723-1790)
Smith era um economista inglês da escola clássica. Ele foi
autor da obra A riqueza das nações. É considerado o iniciador
20 da teoria econômica moderna.
Enquanto os mercantilistas consideravam que a riqueza
vinha do comércio, os fisiocratas acreditavam que a riqueza
vinha da agricultura, e Smith defendia que a riqueza vinha do
trabalho.
23
28. Unidade I
A obra de Smith, A riqueza das nações, é formada por
cinco volumes. Ela foi publicada em Londres, na Inglaterra, em
1776, pela casa editorial de William Strahan e Thomas Caldell. A
segunda edição desse sucesso editorial foi lançada em fevereiro
5 de 1778, seguida por mais três edições: em 1784, 1786 e 1789.
Além de análises teóricas sobre o funcionamento das chamadas
sociedades comerciais e sobre os problemas associados à divisão
do trabalho, ao valor, à distribuição da renda e à acumulação
de capital, o livro tece considerações históricas e apresenta
10 um amplo material empírico, sendo considerado um momento
de inflexão no desenvolvimento da história do pensamento
econômico.1
David Ricardo (1772-1823)
David Ricardo também foi um famoso economista inglês do
15 final do século XVIII e início do XIX. Ele influenciou as ideias
econômicas da época e da sociedade.
Vasconcellos e Garcia (2003, p. 16) citam a ideia desse notável
economista nos seguintes termos:
Mostra como a acumulação de capital, acompanhada
20 de aumento populacional, provoca uma elevação da
renda na terra, até que os rendimentos decrescentes
diminuem de tal forma os lucros que a poupança se
torna nula, atingindo-se uma economia estacionária,
com salários de subsistência e sem nenhum
25 crescimento econômico. Sua análise de distribuição
do rendimento da terra foi um trabalho seminal de
muitas das ideias do chamado período Neoclássico.
No início do século XIX, David Ricardo publicou alguns
panfletos sobre temas de economia monetária, repartição da
30 renda e comércio internacional. Em 1815, ele já era considerado
o mais importante economista de toda a Grã-Bretanha, graças
1
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Riqueza_das_nações>.
Acesso em 15 dez. 2009.
24
29. ECONOMIA E MERCADO
ao seu conhecimento prático sobre o funcionamento do sistema
capitalista, vindo da sua carreira como perito em finanças.
Publicou Princípios da economia política e tributação, em 1817.
Ricardo, eterno defensor do livre-comércio internacional, era a
5 favor da importação, mesmo que essa posição criasse severas
divergências com economistas mais conservadores, como
Malthus, os quais temiam ver o sustento dos trabalhadores
britânicos sob o poder de países estrangeiros, potenciais inimigos.
Ricardo publicou toda a sua tese liberal em seu Ensaio sobre
10 a influência do baixo preço do cereal sobre o lucro do capital.
Mas sua grande obra-prima foi Princípios de economia política
e tributação.2
Jean Baptiste Say (1768-1834)
Say era um economista francês que criou a lei que dizia que
15 “a oferta cria a sua própria procura”.
A lei de Say é uma norma econômica Neoclássica que afirma
que a oferta agregada da economia é que determina o nível de
produção dessa economia. Se um produtor vende seu produto, na
visão de Say, “o valor que obtém com essa venda será gasto com
20 a mesma vontade da venda de seu produto”, ou seja: “a oferta
de um produto sempre gera demanda por outros produtos”.
Para Say, não havia as chamadas crises de “superprodução geral”,
pois tudo o que é produzido é consumido, já que a demanda de
um bem é determinada pela oferta de outros bens, de forma que
25 a oferta agregada é sempre igual à demanda agregada.3
Thomas Malthus (1766-1834)
Considerava que enquanto a produção de alimentos era
linear, o crescimento populacional era exponencial e haveria, em
2
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Ricardo>. Acesso
em 15 dez. 2009.
3
Idem.
25
30. Unidade I
algum momento, a falta de alimentos. Essa tese de Malthus era
chamada de lei da população.
Por seu turno, John Stuart Mill, economista da época, criou
a lei do interesse pessoal, a lei do salário, a lei da renda, a lei da
5 livre-troca internacional e da livre concorrência.
Teoria neoclássica
Posteriormente, no século XIX, a partir de 1870, vieram as
ideias dos economistas socialistas, como Alfred Marshall, Robert
Owen, Karl Marx. Marshall publicou o livro Princípios de economia
10 em 1890. Em relação à teoria neoclássica, Vasconcellos e Garcia
(2003, p. 15) afirmam que:
apesar de questões microeconômicas ocuparem o
centro das atenções, houve uma produção rica em
outros aspectos da teoria econômica, como a teoria do
15 desenvolvimento econômico de Schumpeter e a teoria
do capital e dos juros de Böhm-Bawerk. Deve-se destacar
também a análise monetária, com a criação da teoria
quantitativa da moeda, que relaciona a quantidade de
dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica.
20 Karl Marx era crítico da teoria econômica. Seu pensamento
influenciou várias áreas do conhecimento humano, entre as
quais: filosofia, história, sociologia, ciência política, antropologia,
psicologia, economia, comunicação, arquitetura, geografia
e muitas outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres,
25 realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos
os tempos.4
Em relação à economia, a grande obra de Karl Marx é O
capital, na qual ele faz a análise da sociedade capitalista. Trata-se
de uma obra sobre economia política, porém nesse livro Marx
30 aborda economia, sociedade, cultura, política, filosofia.5
4
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx>. Acesso
em 15 dez. 2009.
5
Idem.
26
31. ECONOMIA E MERCADO
John Maynard Keynes (1883-1946)
Economista inglês, publicou em 1936 sua obra Teoria geral
do emprego. Ela foi tão impactante na época que muitos autores
a denominam Revolução Keynesiana. Em relação a Keynes,
5 Vasconcellos e Garcia (2003, p. 15) afirmam:
Segundo o pensamento keynesiano, um dos principais
fatores responsáveis pelo volume de emprego é
explicado pelo nível de produção nacional de uma
economia, que por sua vez é determinado pela
10 demanda agregada ou efetiva. Ou seja, inverte o
sentido da lei de Say ao destacar o papel da demanda
agregada de bens e serviços.
Atualmente, a teoria econômica continua em evolução. O
uso da informática possibilita uma análise de um volume muito
15 maior de dados, e informações e teorias qualitativas podem ser
trabalhadas de modo quantitativo, como é o caso da teoria das
finanças.
Surgiram também outros grandes economistas como o
americano John Kenneth Galbraith, que se tornou um dos
20 críticos da teoria econômica, como já acontecera anteriormente
com Karl Marx.
O Prêmio Nobel de Economia foi concedido a partir de 1969.
A ciência econômica moderna, segundo Lionel Robbins
em um ensaio de 1932, é “a ciência que estuda as formas de
25 comportamento humano resultantes da relação existente entre
as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora
escassos, prestam-se a usos alternativos”6. Ela se encaixa no
contexto de conhecimento sistemático sobre as necessidades e
os recursos existentes.
6
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia>. Acesso em
15 dez. 2009.
27
32. Unidade I
A ciência econômica pode ser categorizada como:
1. Microeconomia e macroeconomia.
2. Economia positiva (“o que é”) e economia normativa (“o
que deveria ser”).
5 3. Economia ortodoxa e economia heterodoxa.
4. Campos e categorias mais amplas dentro da economia.7
7
Idem.
28