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1. Introdução
(aos fundamentos epistemológicos da Medicina)
Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr.
Os médicos estão entre os agentes profissionais mais escolhidos pelo povo para
representá-lo nas instâncias políticas da sociedade. O que pode ser verificado
quando se estuda a proporção daqueles profissionais que são escolhidos como
vereadores,

prefeitos,

deputados

e

senadores.

Mesmo

quando

não

desempenham funções eletivas, os médicos exercem significativa influência em
suas comunidades e a opinião de seus contemporâneos. Este fatos devem
aumentar sua responsabilidade e lhes impor o dever de se prepararem
adequadamente para exercer estes misteres sociais com correção e dignidade.
Este texto se destina basicamente a levantar alguns fenômenos políticos
considerados mais importantes para a formação do médico. Não apenas para
que exerça lucidamente a assim chamada política estudantil, mas para esteja
capacitado para exercer a dimensão cidadã de sua profissão. Isto porque, a
política envolve e perpassa praticamente todas as atividades humanas,
sobretudo, a atividade sociais; as tarefas que ultrapassam os limites das
possibilidades e das necessidades individuais, exigindo o envolvimento de
coletividades organizadas.
A Medicina é uma dessas atividades essencialmente sociais, ainda que possa
ser exercida solitariamente por uma só pessoa - o médico, em favor de um
paciente individualizado. Como, aliás, costuma ser a prática clínica comum. Um
encontro solitário do médico com o paciente com o propósito definido de servir
às necessidades sanitárias das pessoas.
Cada ato médico, ao lado de sua dimensão individual, existe como um
procedimento social. Nele, a profissão está representada em cada um de seus
agentes, enquanto a sociedade está corporificada em cada um dos pacientes. O
exercício da Medicina ultrapassa em muito os limites de um profissional isolado
com um paciente individualizado. Simultaneamente com a relação médicopaciente, aquela interação existe e deve existir como um encontro de uma
profissão com sua sociedade. Cada médico, neste encontro, necessita ter a
consciência de representar todos os seus colegas, enquanto os pacientes não
têm porque cultivar condição idêntica, sequer análoga. O médico é um
reprezentante ativo de sua classe, já o pacienteb é uma represntação mais ou
menos passiva da sociedade. Mesmo quando, individualmente, exerça
plenamente sua condição de sujeito, sua auutonomia individual.
O caráter essencialmente social da Medicina provém das seguintes raízes: é
uma construção coletiva, uma prátiva técnica institucional e uma atividade
humanitária que influi muito sobre o desenvolvimento social, na mesma medida
em que reflete a realidade do desenvolvimento da sociedade na qual está
inserida e que a produziu. Por isto, a medicina nãopode nem deve ser
considerada unica ou predominantemente como uma aplicação de ciência
natural. A prática médica também encerra uma tecnologia humana e social. Por
causa desta realidade que atualmente não se deve ignorar, para o planejamento
desta unidade didático-pedagógica, as ciências humanas e sociais foram
definidas como disciplinas científicas predominantemente descritivas que têm
como objeto o estudo dos fenômenos da vida coletiva e os relacionamentos
humanos e sociais, inclusive aqueles relacionados com a saúde e doença, nos
contextos coletivos.
Daí porque, o conhecimento dos fenômenos humanos e sociais costuma ser de
grande valia para o entendimento de muitos fenômenos relacionados com a
saúde e a enfermidade, tão na prevenção primária, quanto na secundária e na
terciária, ainda que sua explicação não pareça diretamente vinculada a
fenômenos sociais mais ou menos óbvios.
Os fenômenos sociais foram classificados trabalho em:
-

fenômenos sócio-econômicos,
-

fenômenos sócio-políticos,

-

fenômenos sócio-históricos,

-

fenômenos sócio-culturais e

-

outros fenômenos sociais.

Aqui, é indispensável que se afirme a importância dos procedimentos médicos
em cada uma destas vária instâncias da existência social de todas as pessoas e
de todas as comunidades. Sendo importante ressaltar que esta sistematização
está fundamentada na natureza do vínculo mais essencial em cada situação.
Cada um destes tipos de fenômenos está conforme com a modalidade mais
importante de relação que o caracteriza em cada situação dada. Neste caso,
como em tantos outros, a natureza da relação tipifica cada tipo de processo
social gerado com ela.
Em qualquer caso, deve-se saber que a Medicina constitui um importante fator
como fenômeno sócio-econômico, fenômeno sócio-político, fenômeno sóciohistórico, fenômeno sócio-cultural, além de fenômenos sociais de qualidade
diversa. Pois cada procedimento médico, em particular, e os procedimentos
médicos, em geral, podem exercer significativa importância em cada uma destas
instâncias. Por sua vez, cada um destes tipos de fenômeno caracteriza uma
modalidade de estrutura social e deve ser apreciado, à sua vez, ao longo deste
esforço de construir uma propedêutica social e epistemológica à formação
universitária dos estudantes da área de saúde. Principal, ainda que não
exclusivamente, aqueles que pretendem ser médicos e médicos atentos às
demandas de seu povo e às exigências de sua época.
Reconhece-se desde há muito grande afinidade entre os conhecimentos e as
habilidades das ciências naturais com o ensino e o aprendizado da Medicina;
bem como deve-se conhecer que tal afinidade foi bastante reforçada pelo
positivismo e pelo pragmatismo (como atitudes filosóficas) desde o século
passado. Devendo-se ressaltar que o monento presente está fortemente vincado
pela hegemonia econômica, política e sócio-cultural dos Estados Unidos da
América posto que, ali vicejam aquleas duas tendências filosóficas acima
assinaladas. Talvez por esta razão, seja bem comum que a formação médica de
influência positivista e pragmatista mantenha os médicos muito informados
sobre os fenômenos naturais, mas dotem-nos de formação insatisfatória e
informações insuficientes sobre os fatos sociais mais elementares e os deixem
ignorar as ciências humanas e da sociedade. Esta insistência biologicista
contradiz antiga tradição médica, cujas raízes podem ser identificadas em
Hipócrates na Época Clássica, e que foi continuada por Virchow na Idade
Moderna, posto que, ambos consideravam a Medicina inseparável da sociedade
onde é praticada; ambos negaram a possibilidade de vê-la reduzida a uma
técnica de diagnosticar doenças e de tratar indivíduos; ambos pretendem-na
além de uma técnica, um encontro humano solidário e amigo destinado a ajudar
seus semelhantes, baseado na ciência e realizado como atividade profissional.

SISTEMAS SOCIAIS
A organização social não se processa de maneira caótica e desorganizada com
seus componentes ajuntados assistemática e desordenadamente. Os seres
humanos estruturam suas entidades sociais de forma sistêmica, talvez imitando
a natureza ou por qualquer outro motivo, mas sempre buscando atingir os
propósitos daquela entidade. Isto é, organizam-nas de acordo com as regras
gerais da sistematicidade, ainda que submetidos à influência de numerosos
fatores objetivos e subjetivos de seus feitores.

Modalidades de Sistemas Sociais
Os seres humanos são naturalmente sociáveis, necessitam viver em
coletividade e, diferentemente dos outros animais gregários que compartilham
um habitat e promovem algum tipo de divisão de trabalho, os homens criam
cultura e fazem sua história. Estas duas qualidades – a culturalidade e a
historicidade – tipificam os seres humanos e assinalam a humanidade mais que
qualquer outro fator. Por nisto, são reconhecidas com fatores de hominização, a
transformação do símio, ser unicamente natural, em ser humano, ser
simultaneamente natural e sócio-cultural no curso da evolução biológica.
É impossível separar nem ser humano individual o que é resultado de sua
estrutura biológica, de seu meio físico, de sua cultura, de sua história pessoal e
do ambiente político-econômico no qual vive. Os seres humanos são
inseparáveis de sua cultura e de sua biografia e de seu meio, não podendo ser
entendidos (quando avaliados individual ou coletivamente) fora destes marcos
essenciais de referência. A forma e o resultado de toda atividade humana deve
ser estudada e entendida à luz desta característica.
As variáveis econômicas caracterizam a natureza e a situação das relações
econômicas entre indivíduos e entidades econômicas nas quais eles se
organizam, prefigurando a infra-estrutura da sociedade. Mas as variáveis
psicológicas refletem muito da super-estrura sócio-cultural. Enquanto as
relações econômicas configuram a infra-estrutura de uma sociedade, a Cultura,
a História e a Politica assinalam os elementos mais importantes de sua superestrutura.
O Estado, enquanto instituição-mater, e as demais expressões das relações de
poder social em uma sociedade determinam e configuram as relações políticas
ali existentes, e realizam isto a partir de dois moduladores referenciais tidos
como principais neste processo: a cultura material e imaterial e a história.
A economia parece ser o elemento da cultura material motivador mais
importante da existência, da cultura e da história da sociedade, porque ela influi
na possibilidade satisfazer as necessidades individuais e coletivas de seus
componentes e, em última análise, de existir como indivíduo e como
comunidade; enquanto a cultura e a história são os referenciais mais
importantes para entender a humanidade. A cultura como vertente imediata e a
história como vertente transversal-temporal na qual existe a experiência
biográfica das pessoas. Estes elementos referenciais se configuram no
desenvolvimento da pessoa em relação com os sistemas sociais aos quais
pertence ou que lhes servem de referência.
A economia e a cultura tendem a se fazer mais importantes quanto maior for o
sistema social considerado e como se manifestar sua integração em seu
ambiente físico e psicossocial. Enquanto a necessidades individuais, como as
premências naturais imediatas e as paixões por exemplo, tendem a se fazer
mais imperiosas nos sistemas sociais menores nos quais a influência de cada
componente individual pode ser mais importante.
Para entender os sistema sociais, deve-se promover sua classificação segundo
critérios quantitativos e qualitativos válidos e úteis, que permitam entender sua
natureza.

Fatores

como

a

extensão,

o

grau

da

complexidade

e

o

desenvolvimento de sua organização; além da motivação e da natureza dos
vínculos sociais que os conformam os sistemas sociais são as principais
características capazes de permitir o entendimento dos sistema sociais.
Conhecer o grau e a qualidade da intencionalidade da integração de seus
componentes individuais permite distinguir os sistema sociais em sistemas
sociais naturais (aquelas estruturada espontaneamente, como sucede com os
indivíduos nascidos e organizados não intencionalmente como uma família) e
estruturas ou organizações sociais (sempre mais ou menos programados em sua
organização desde sua origem para alcançar determinados objetivos, como
sucede às sociedades, às associações e às empresas).
A comunidade de interesses sempre presentes entre os fatores de motivação
torna esses sistema sociais mais estáveis e reforça a integração de seus
componentes individuais e coletivos.

Os sistemas sociais podem assumir formas muito numerosas e extremamente
variadas.
Na dependência de sua extensão, das possibilidades de comunicação e da
motivação e da complexidade de sua organização, os sistemas sociais podem
ser divididos em três tipos:
= os grupos sociais (micro-meios sociais, sistemas micro-sociais, microsistemas sociais, grupos pequenos ou pequenos grupos sociais, como são
denominados em outras terminologias sociológicas ou psicossociais);
= as sociedades (macro-sistemas sociais, sistemas macro-sociais, grandes
sistemas sociais com elevado grau de complexidade organizacional); e
= as comunidades, associações e organizações (sistemas sociais
intermediários entre os micro-sistemas e macro-sistemas, são sistemas sociais
que ocupam uma posição intermediária entre estes dois tipos mencionados
acima; como regra geral, as comunidades e as associações são coletividades
organizadas maiores que os grupos e menores e de estruturas menos
complexas que as sociedades).
Além, no limite oposto, estão as audiências e as multidões, que são
coletividades

não

estruturadas

como

sistemas,

razão

pela

qual,

são

consideradas em outro lugar deste capítulo. Além destes tipos, aqui
considerados principais, podem ser identificadas muitas outras modalidades de
sistemas sociais, estruturadas em razão de seus objetivos, de sua organização,
dos tipo de comunicação ou outras formas de interação, e de muitas
características mais.
Cada umas destas qualidades de sistemas sociais se organizam segundo leis
próprias deste nível de organização social. Num extremo, fora destes tipos de
sistemas sociais, porque não são entidades coletivas, encontram-se os
indivíduos, os seus componentes mais elementares de todos os sistemas sociais
considerados acima. Quando se estudam os sistemas sociais, deve-se,
obrigatoriamente considerar seu componente mais elementar, que encarna em
si a unidade, a individualidade e a personalidade. O indivíduo humano, a
pessoa. Ainda que esta unidade elementar, a individualidade só possa ser
separada da coletividade em que está inserida e integrada por um mecanismo
mental de análise.
Esta tipologia dos sistema sociais parece bem estruturada e prática, não só por
apresentar maior minudência quantitativa, mas porque separa os grupos de
outras entidades coletivas que são qualitativamente diferentes deles. E, por isto,
mostra-se mais fácil para ser empregada na prática do estudo científico das
coletividades.

Qualidades dos Sistema Sociais
Todos os sistemas sociais podem ser classificados em função de suas
características, das quais a mais importantes parecem ser as seguintes:
= tamanho (o número de seus componentes, característica que tipifica um
numero praticamente infinito de categorias, mas das quais se empregam três –
pequeno, médio e grande – os micro-sistemas sociais, os sistemas sociais
médios e os macro-sistemas sociais);
= a natureza de sua estrutura (simples - quando contém apenas
componentes individuais, ou complexos se podem ter componentes coletivos de
variada complexidade organizacional);
= relações internas e externas (como se processam na prática fenômenos
como a hierarquização, a interação, a comunicação e o tipo de inter-relação que
se dá nele, considerando ainda o grau de interdependência e autonomia internas
e externas de cada um de seus elementos);
= duração (tempo previsto para sua existência);
= formas de fracionamento (estratificação, organização e outros elementos da
estrutura interna como papéis, status, funções e direção e, sobretudo, os subgrupos que se definem em seu interior com sub-sistemas sociais);
= padrões de conduta proscritos e prescritos (normas, valores, ideologias
proibidos ou recomendados);
= motivação (individual – quando interessa apenas a indivíduos e grupal,
quando interessam a coletividades mais ou menos influentes);
= objetivos e metas (individuais e grupais, grau de estruturação e competência
de cada pessoa ou sub-grupo, destacando-se o significado que tais fatores de
motivação tenham);
= singularidade (isolamento, competição ou cooperação com outros grupos
análogos) e
= alterismo (ou alteridade - conduta e, principalmente, as atitudes que
mantenha para com os outros).
Ideologia – há quem a defina como a representação imaginária das condições
de existência. Como a quem a tenha como o conjunto de opiniões e crenças
que decorrem dos interesses sociais e materiais de alguém.

Como se pode inferir a classificação dos sistemas sociais que considere cada
um destes fatores que influem em sua organização e em seu desempenho pode
resultar em um procedimento de alta complexidade com muitas alternativas a
serem

consideradas.

Cada

uma

destas

muito

numerosas

qualidades,

mencionadas acima pode influir na existência dos sistemas sociais em que
ocorra. Por isto, o conhecimento destes fenômenos possibilita o estudo das
coletividades organizadas em função de alguns de seus atributos considerados
como mais essenciais. E, por isto mesmo, são particularmente valiosos para
promover a avaliação e a análise sociológica de todos os sistema sociais.

Estrutura dos Sistemas Sociais
É possível classificar as organizações sociais de numerosas maneiras e usando
critérios diversos sem qualquer prejuízo para o resultado desta tarefa.
De fato, na dependência do número de seus componentes, da natureza e
complexidade de sua organização e do tipo de relações existentes entre seus
componentes, os sistemas sociais podem se organizar sob três formas;
-

como micro-sistemas sociais (grupos sociais, também chamados grupos
pequenos ou pequenos grupos sociais);

-

como sistemas sociais intermediários (associações, comunidades,
instituições, organizações); e

-

como macro-sistemas sociais ou macro-sociedades (tais como os
Estados, as culturas, as economias, as nações, os sistemas sociais
supranacionais e os blocos históricos).
A expressão grupo ou grupo social pode ser usada com dois graus de
abrangência significando, em cada caso, entidades sociais bastante diversas. No
nível mais amplo, típico da linguagem comum, em que melhor seria dizer
grupamento, pode significar coletividade, qualquer tipo de coletividade, com
qualquer extensão e quaisquer tipos de interação.
Mais estritamente, como forma característica na linguagem técnico-científica, o
termo grupo traduz o que aqui se denomina micro-sistema social, grupo social
ou pequeno grupo social.

Tipos de Sistema Sociais
A partir das qualidades acima mencionadas, os sistemas sociais podem ser
divididos em diversas categorias, na dependência de alguns daqueles fatores
referidos, como se mostra a seguir:
-

sistema sociais pequenos, médios e grandes;

-

sistema sociais primários e secundários;

-

sistema sociais formais e informais, estratificados e não estratificados;

-

sistema sociais temporários (de curta ou média duração) e sistemas
sociais tidos como permanentes;

-

sistema sociais autônomos e dependentes;

-

sistemas sociais fechados e abertos ou permeáveis e impermeáveis;

-

sistema sociais reais e nominais;

-

sistemas sociais harmônicos e desarmônicos (interna ou externamente),
que geralmente funcionam como sistemas sociais baseados na
cooperação ou na competição;

-

sistema sociais de pertença, pertencença (ou pertinência) e sistemas
sociais de referência.

No entanto, deve-se ter sempre presente que este grupo de tipologias de modo
algum pode ser considerado como completo ou estático, porque muitos sistemas
sociais partilham diversas destas qualidades simultaneamente por tempo
prolongado ou curto. E que uma mesma característica não se conserva estática
ao longo da duração do coletivo, podem variar consideravelmente em diversos
momentos e circunstâncias diferentes. Sistemas pequenos, formais ou
temporários, podem se transformar em sistemas grandes, reais ou permanentes
porque suas características podem mudar com o tempo. E freqüentemente
mudam. Além do quê, como se há de ver, diversos destes critérios não são
aplicáveis a todos os sistemas sociais.
Também se deve ter presente que os sistemas sociais não são apenas
influenciados pelas leis sociológicas e da psicologia coletiva. Como são
compostos por pessoas que não podem nem devem ser reduzidas aos papéis e
estatutos sociais que desempenham e ocupam naqueles sistemas, deve-se
considerar a influência das suas personalidades e do tônus afetivo e cognitivo de
seu encontro. Uma das circunstâncias mais importantes naquele acontecimento
há de ser a motivação daquele encontro, sobretudo as necessidades que estão
em fogo ali.

Microssistemas Sociais,
Sistemas Sociais Intermediários
e Macrossistemas Sociais
Sempre se atribuiu grande importância à classificação dos sistemas sociais
levando-se em conta seu tamanho, expresso pela quantidade de seus
componentes; a despeito disto, ainda não existem parâmetros aceitos
universalmente para realizar esta tarefa com alguma precisão, por mais que
numerosos autores tenham trabalhado bastante nela. Existem muitas opiniões
diferentes sobre o que seria ou deveria ser o tamanho de um grupo e existem os
que pensam que esta questão deve se definir a partir de características
qualitativas e não, simplesmente quantitativas.
Não existe tipologia puramente quantitativa dos sistemas sociais humanos que
seja aceitável por todos em toda parte. Ainda que, deva-se destacar que
tampouco existe unanimidade na definição e na classificação do que seriam as
outras coletividades humanas. Mesmo considerando estes obstáculos teóricos,
em quase toda parte se dividem os sistemas sociais em pequenos (micros) e
grandes (macros), ainda que não se tenha claro qual o exato limite de tamanho
de cada um destes tipos de coletividades humanas estruturadas. A melhor
tendência é aquela que identifica o tipo de sistema social por alguma marca
qualitativa.
A própria noção de grupo, como modelo de micro-sistema social, não é pacífica e,
a cada momento, recebe mais e mais críticas de quem se dedica a estudar o
tema. Muitos têm como grupo qualquer coletividade organizada em função de
objetivos específicos, qualquer que for seu tamanho, duração ou tipo de
organização e relações que se dêm em seu interior (ainda que esta
conceituação deva ser objetada por sua imprecisão).
A despeito de muitas objeções possíveis e razoáveis, é possível afirmar que um
sistema social é pequeno (um micro-sistema social) quando todos os seus
componentes têm a possibilidade de interagir direta e regularmente com todos
os demais sem obstáculos formais; e é um macro-sistema quando isto não
acontece, a totalidade se subdivide em sub-sistemas de tal modo que alguns de
seus membros não interagem regular e diretamente com outros. A comunicação
chamada face-a-face, que antigamente caracterizava o assim denominado grupo
primário ou grupo social pequeno.

Sistemas Sociais Primários e Secundários
Esta é uma classificação antiga, surgida na antiga e muito ampla classificação
dos coletivos humanos que foi uma das primeiras tentativas de classificação
científica

das

coletividades

humanas;

baseia-se

na

possibilidade

de

intercomunicação e, conseqüentemente, na efetividade da interação direta entre
os componentes grupais ou de outro sistema social. O tipo de comunicação
existente entre os seus componentes define o caráter primário ou secundário de
um certo sistema social. Os sistema sociais primários correspondem à noção
(mais antiga, limitada, específica e, por isto, mais exata) de grupo social
sustentada aqui neste trabalho e que os sistemas sociais secundários
correspondem exatamente à noção de grupos grandes da tipologia tradicional.
Um Sistemas Sociais Primário é aquele no qual seus membros podem se
comunicar diretamente entre si (praticam a comunicação face-a-face, se dizia
antigamente) e se relacionam com algum grau de proximidade inter-pessoal ou
de intimidade.

1

A interatividade entre seus componentes se dá mais no plano

pessoal que no institucional (dos papéis, status e funções). Isto é, as interações
pessoais nesses sistema sociais primários tendem ser características essenciais
suas. O caráter direto, pessoal e psicológico das interações tendem a se
superpor às interações formais de papéis, status e funções sociais. A
espontaneidade de sua formação e a qualidade inter-pessoal das relações entre
seus componentes, são as duas características mais importantes dos sistema
sociais primários.
Os sistemas sociais primários podem ser divididos

em dois grandes

grupamentos sociais típicos:
= os sistemas sociais espontâneos e
= os sistema sociais construídos com algum planejamento.
Cada uma das entidades sociais contidas no interior de cada um destes
grupamentos, tem sua próprias características e segue suas próprias regras de
organização e funcionamento.
O primeiro grupo

destes sistemas sociais primários, os chamados sistemas

sociais naturais ou espontâneos (são representados pelas famílias e grupos
de parentesco, comunidades, círculos de amizade), seu aparecimento decorre
da reunião espontânea de seus componentes e o vínculo que os une tem caráter
1

Para quem considera necessária a possibilidade de comunicação direta e o pequeno número
para caracterizar o grupo, só os grupos primários atendem a estes requisitos. Esta tendência
parece muito razoável, sendo bastante possível que, em futuro próximo, seja consagrada na
sociologia e na psicologia social.
essencialmente pessoal e por associações ou associativos (que resultam
de reuniões voluntárias de seus membros, são regidos por afinidades de
interesses e os vínculos que ligam seus elementos são função dos objetivos
grupais impessoais; o relacionamento de seus componentes filiados é definido,
ao menos no fundamental, pelos papéis sociais desempenhados pelas pessoas.
Já nos sistemas sociais primários por associação, os grupos sociais são
caracterizadas pela espontaneidade de sua constituição e na voluntariedade de
sua pertinência. Na medida em que vão se consolidando relações pessoais
entre os membros de um grupo primário associativo, ele tende a se transformar
em um outro tipo de grupo primário, podendo dar origem, em seu interior, a um
ou outro grupo natural.
Os grupos naturais são estudados em outro item deste trabalho, mas se deve
adiantar que sua definição não é pacífica. Uma família, o corpo clínico de um
serviço de saúde, um time esportivo, uma equipe de trabalho são exemplos de
grupos primários e basta a enumeração destes poucos exemplos para mostrar
como é difícil generalizar sobre eles.

No Sistema Social Secundário, seus componentes não se comunicam
diretamente, mas através de agentes ou instrumentos da organização ou através
da linha de hierarquia que define sua estrutura. As instituições e as empresas
complexas exemplificam este tipo de sistema social
Os sistemas sociais secundários são mais organizados e seu início e
funcionamento são menos espontâneos que os primários; por isto, mesmo
pequenos, raramente são naturais. Os componentes de uma associação,
cidadãos de um Estado, os membros de um partido político, de uma confissão
religiosa ou de uma corporação profissional são exemplos de grupos
secundários por associação. Uma grande família ou uma comunidade podem
exemplificar grupos secundários naturais. Por causa desta heterogeneidade, é
cada vez maior a resistência ao conceito de grupo secundário.
Como há cada vez mais quem não reconheça este tipo de sistema social, o
caráter de grupo se reserva apenas para as organizações sociais baseadas em
relações inter-pessoais, nas quais os componentes podem se comunicar direta
ou indiretamente, mas sem obstáculos formais (isto é, os sistemas sociais primários).
Em face da razoabilidade e praticidade da proposta, é crível supor a tendência
(bastante adequada) de atribuir a designação de grupo só aos micro-sistemas
sociais em que seus membros possam se comunicar sem qualquer impedimento
formal (os sistemas sociais primários).
Nesta perspectiva, a possibilidade de comunicação direta é considerado como a
característica mais essencial e mais geral dos grupos sociais. Por isto, existe
uma tendência moderna cada vez mais robusta de se excluir os chamados grupos
secundários da noção de grupo, equiparando tais coletividades (sobretudo as
associações e as grandes organizações) às comunidades, como instâncias
coletivas intermediárias entre os micro-sistemas e os macro-sistemas sociais.

2

Sistemas Sociais Formais e Informais
Os sistemas sociais formais são aqueles organizados a partir de regras codificadas
legalmente e submetidos a normas mais ou menos estritas de funcionamento.
Nestes sistemas sociais, as funções, os status e os papéis de cada um de seus
componentes deve estar previamente definido.
Os sistemas sociais informais, o contrário, se constituem

mais ou menos

espontaneamente e se organizam, em geral, segundo as regras e as normas
estabelecidas por sua cultura ou sub-cultura e outras estabelecidas por
consenso de seus membros ou pelos seus dirigentes (quando isto for
necessário).
As famílias, os alunos de uma classe, os empregados de uma empresa, as
equipes esportivas profissionais e os funcionários dos serviços públicos ou
privados são componentes de grupos formais e devem se comportar em função
desta realidade. As equipes médicas são exemplos de grupos formais. Os
componentes de equipes esportivas que se reúnem espontaneamente são
2

Álvarez, A.R., Gupos y Colectivos, Ed. Cientifico-Técnica, Havana, 1985.
exemplos típicos de grupos informais. Como sucede com todos os sistemas
sociais que se reúnem espontaneamente e elaboram e sustentam suas próprias
regras de convivência.
Nos sistemas sociais informais e não apenas nos pequenos, os fatores
psicológico-individuais de interação tendem a predominar sobre os sócioinstitucionais. Nestes, em geral, suas regras são estabelecidas mais ou menos
informal e tacitamente. Por isto, pode-se dizer que os sistema informais têm uma
tendência individualista e os formais pendem para o coletivismo. E os informais
estão muito mais sujeitos às influências afetivas.
Uma evidência de nosso subdesenvolvimento político é um funcionário de
qualquer nível ou qualidade confundir sua função ou seu cargo com um
atributo privado seu. Uma evidência disto é a freqüência com que se repetem
alguns sobrenomes em certas repartições públicas. E como certos dirigentes
nomeados ou eleitos tratam os bens coletivos como se fossem bens privados
seus. O que se denomina patrimonialismo. Não se deve pensar que o
patrimonialismo se reduz ao abuso dos bens materiais. Muitos apaixonam-se
pelo poder e abusam dele, das formalidades, do fausto, da evidência, da ilusão
de grandeza.
O patrimonialismo se caracteriza pela situação na qual o dirigente ou
responsável por uma entidade coletiva ou bem público tratar aquela coisa
como se fosse patrimônio seu. O processo patrimonialista pode se iniciar
como fato afetivo: a pessoa sente aquilo como seu e se apega. Não é como se
fosse seu, sente-a como de fato sua. Sujeito aos seus desígnios e submetida ao
seu arbítrio. A monarquia absoluta é o melhor exemplo do patrimonialismo na
política do Estado.

Sistemas Sociais Temporários e Permanentes
A duração dos sistemas sociais pode ser muito variada. Alguns sistemas sociais
são constituídos com duração estabelecida. O que se dá, geralmente, em função
de seus objetivos ou das disponibilidades de seus componentes. Outros, têm
duração ilimitada. Entretanto, não é necessário dizer que a expectativa de
duração de um sistema social exerça influência significativa sobre a conduta de
seus membros, porque o comportamento é diferente em um lugar de
permanência breve ou prolongada. Além do quê, os sistemas sociais
constituídos para terem maior duração permitem a seus componentes
adquirirem aprendizado por acúmulo de experiência, inclusive na forma de se
relacionar com os confrades e com membros de outros sistemas congêneres.
Quando não se conhece ou pode-se prever a duração dos fatores de motivação
e dos objetivos de um sistema social, convenciona-se denominá-lo de
permanente (o que é uma ficção organizacional).
O fato de se saber componente de um sistema social permanente ou de um
outro, de duração transitória, influi no consciência e na conduta de seus
membros individuais e, sobretudo, em seu desempenho coletivo. Pois, enquanto
o sentimento de transitoriedade alimenta a insegurança, até a ilusão de
permanência estimula a segurança embora possa aumentar o risco.
Entretanto, não se conhecem poucos casos de sistemas sociais constituídos ou
instituídos para durar séculos ou milênios que não resistam a um decênio e
desapareçam sem deixar senão ruínas.
A ambição e a soberba podem ter pernas curtas, como as mentiras.

Sistemas Sociais Autônomos e Dependentes
Alguns sistemas sociais se mantêm como unidades sociais autônomas e
independentes. Alguns mais, dependem ou interdependem diretamente de outro
ou outros para existir.
Esta relação de interdependência dialética se verifica nos grupos de saúde, seus
profissionais credenciados e em sua clientela. O mesmo se dá em todas as
atividades econômicas nas quais as empresas e sua clientela se revelam
interdependentes. Menos quando a empresa é um monopólio e sua clientela
não pode prescindir da mercadoria ou do serviço que ela produz ou
comercializa. Na universidade os corpos docente e discente são
completamente interdependentes, pois cada um, depende do outro para
existir.
Já os corpos de funcionários administrativos, de operadores dos recursos
técnicos, de construtores e encarregados da conservação e da recuperação
das instalações e dos equipamentos não o são; por isto, não devem ser
considerados essenciais nela. Isto é, se uma universidade é fechada, os
professores e alunos desaparecem como tal; já os datilógrafos, médicos,
auxiliares de escritório, vigilantes e os demais servidores técnicos,
administrativos ou auxiliares, continuarão a existir em outras entidades do
mercado, exercendo suas funções mais ou menos da mesma maneira. Mesmo
no nível político macro-social isto é uma verdade. A dependência econômica
impõe um estado de dependência cultural e política.
Sistemas Sociais Harmônicos e Desarmônicos
Harmonia e desarmonia são estados que se sucedem comumente em todos os
sistemas sociais. Contudo, usa-se um destes adjetivos para caracterizar um
dado sistema social quando este dado estado assinala a tônica do
relacionamento predominante ali. Nos tempos homéricos, harmonia significava a
composição de um elemento em um conjunto de modo a assegurar a ordem e a
unidade daquela totalidade. A noção de ordem foi desde o início o núcleo deste
conceito, que depois passou a ser usado para referir composição musical, a
ordenação do universo e o bom funcionamento das sociedades humanas, entre
outras situações.
Na musica, harmonia quer dizer a organização de sons diferentes, inclusive
contrários, em uma melodia que resulte agradável, esteticamente aprovável e
eficaz para seus propósitos. No capítulo da organização social, a palavra contém
denotação mais que análoga, idêntica. Usa-se para mencionar o relacionamento
agradável e útil entre as pessoas, apesar ou por causa de suas diferenças,
inclusive de suas contradições. A beleza e a utilidade nascida das diferenças,
dos contrastes, inclusive entre as pessoas. A harmonia não é dada pela
similitude ou pela convergência das partes, mas pela sintetização das diferenças
de uma maneira estética sem qualquer prejuízo da utilidade. A dimensão
estética é essencial para a harmonia, inclusive da harmonia social nos pares,
nos pequenos grupos, nos sistemas sociais médios e nos macro-sistemas
sociais.

Sistemas Sociais Reais e Nominais
Existem sistemas sociais que têm existência real e outras que só existem
nominalmente, como se fossem fantasmas. Sempre fora assim, porque fora
criados para isto ou degeneram isto depois de terem sido reais. Um sistema
social nominal existe apenas para satisfazer a uma exigência legal ou a uma
norma social estabelecida ou a expectativa de alguém, o que se dá como parte
de uma realidade social concreta que impõe ou induz essa situação. Da mesma
maneira, existem papéis reais e nominais no interior dos sistemas sociais. Por
exemplo, um aluno que não estuda e um professor que não ensina ou pesquisa
são figuras exclusivamente nominais na organização acadêmica. Ou certas
empresas de fachada que existem para enganar o fisco, lavar dinheiro ou
justificar renda ilegal.
Exemplo de um sistema social nominal é uma entidade social reunida e
constituída apenas para dar nome a uma tarefa. Muitas escolas, inclusive
denominadas superiores, têm um corpo docente real (os que dão as aulas e
desempenham as demais tarefas docentes concretas) e um conjunto nominal de
professores que apenas estão presentes nas listas destinadas à aprovação das
autoridades educacionais e nas folhas de pagamento. Isto existe, ainda que
custe a crer que professores emprestem (ou aluguem) seus títulos acadêmicos
para coonestar esta situação.
Muitas organizações criam empresas e associações fictícias em seu interior ou
em sua órbita para atenderem a exigências formais, sem que estes tenham
existência real e não produzam mais que os papéis que se exige deles.
Há entidades associativas, inclusive medicas e de estudantes de Medicina, que
existem unicamente para servir de instrumentos para interesses diferentes aos
de sua profissão ou, inclusive, opostos a ela. O que se diria de estudantes de
um ofício que se empenhassem contra sua institucionalização?

Sistemas Sociais de Pertinência e de Referência
Em relação aos indivíduos, os sistemas sociais podem ser de pertinência,
pertença ou pertencimento (quando a pessoa pertence a um sistema social por
necessidade, mas se identifica com outro, integrando aquele apenas por razões
circunstanciais e contingenciais) ou um sistema social de referência (quando a
pessoa integrada naquele sistema social tem o sentimento de pertencer ao
mesmo, encontra elementos de identidade ou se identifica com ele).
As pessoas compõem os sistemas sociais de pertinência, integram aqueles
grupos, associações ou corporações mais ou menos passiva ou ativamente,
mas fazem aquelas entidades mais ou menos ativamente, como acontece com
os passageiros e os motoristas dos ônibus. Já os sistemas de referência se
incorporam às consciências e até às identidades de seus componentes.
As famílias, as religiões, as profissões costumam ser grupos de referencia para
a maioria de seus membros. Ser membro de um sistema social é bem mais que
ser mero componente. Um componente entra ou sai de seu sistema de
pertinência sem fazer muita falta e, principalmente, sem sentir muito o
afastamento. Um membro necessita ser amputado. Medicina costuma ser um
sistema de referência para seus membros. Muitos deles, talvez a maioria, não
conseguiriam ser outra coisa, fazer outro trabalho.

Sistemas Sociais Permeáveis e Impermeáveis
A permeabilidade social é definida pela possibilidade de uma pessoa entrar e
sair com liberdade de um sistema social. Alguns sistemas sociais têm regras
estritas de acesso, mas são accessíveis a todos que atendem àquelas
exigências para desempenhar suas funções no sistema. As castas são
exemplos de sistemas sociais impermeáveis. As profissões apresentam baixa
permeabilidade.
Os hospitais de corpo clínico aberto e fechado exemplificam esta questão na
área medica. Nos hospitais de corpo clínico fechado, especialmente nas
pequenas clínicas privadas, exerce-se pressão para evitar ou impedir que
outros médicos, alheios à sua organização, exerçam ali sua atividade.
Atualmente, existe uma norma que permite a todos os médicos exercerem
em todos os hospitais, mas esta é uma providência muito discutível e muito
facilmente burlada. Basta alegar falta de vagas, por exemplo.

Considerada a corporação medica como sistema social, pode-se notar que é
muito mais fácil sair dela do que nela ingressar. A formação é penosa, demorada
e sofrida; exige muito mais que adquirir conhecimentos e desenvolver
capacidades e habilidades. Fazer-se médico significa, principalmente, elaborar
atitudes, desenvolvê-las e aprofunda-las. Incessantemente.

Sistemas Sociais Tolerantes e Intolerantes
Classificação considerando a modalidade de alteridade prevalente no sistema
social. Denomina-se alteridade (do latim alter=outro) à atitude dos indivíduos e
das coletividades frente aos demais, diferentes deles por qualquer característica
que considere importante, como raça, cor, religião, posição política, gênero,
profissão, inclinação sexual, nacionalidade.
As atitudes de alteridade resultam de crenças estereotipadas e podem ser
positivas ou negativas; mas, em geral, o termo é empregado para indicar
comportamentos de discriminação e preconceitos contra pessoas e coletividades
diferentes. Nem tanto quanto à alteridade em geral, mas por algum aspecto
particular das diferenças que os separam dos demais. Os comportamentos
preconceituosos

de

discriminação

podem

ir

do

distanciamento

social

(principalmente profissional), a segregação de certas atividades até ao
genocídio. Os sistemas sociais compostos por pessoas dominadas por
sentimentos de inferioridade, tendem a ser mais intolerantes e os medrosos,
mais agressivos.
Em geral, não parece correto atribuir às coletividades características de
comportamento próprias de indivíduos, o que seria por si, uma objeção séria a
esta categorização. No entanto, seu emprego parece justificado pela larga
concordância que encontra.
1. introdução

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1. introdução

  • 1. 1. Introdução (aos fundamentos epistemológicos da Medicina) Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr. Os médicos estão entre os agentes profissionais mais escolhidos pelo povo para representá-lo nas instâncias políticas da sociedade. O que pode ser verificado quando se estuda a proporção daqueles profissionais que são escolhidos como vereadores, prefeitos, deputados e senadores. Mesmo quando não desempenham funções eletivas, os médicos exercem significativa influência em suas comunidades e a opinião de seus contemporâneos. Este fatos devem aumentar sua responsabilidade e lhes impor o dever de se prepararem adequadamente para exercer estes misteres sociais com correção e dignidade. Este texto se destina basicamente a levantar alguns fenômenos políticos considerados mais importantes para a formação do médico. Não apenas para que exerça lucidamente a assim chamada política estudantil, mas para esteja capacitado para exercer a dimensão cidadã de sua profissão. Isto porque, a política envolve e perpassa praticamente todas as atividades humanas, sobretudo, a atividade sociais; as tarefas que ultrapassam os limites das possibilidades e das necessidades individuais, exigindo o envolvimento de coletividades organizadas. A Medicina é uma dessas atividades essencialmente sociais, ainda que possa ser exercida solitariamente por uma só pessoa - o médico, em favor de um paciente individualizado. Como, aliás, costuma ser a prática clínica comum. Um encontro solitário do médico com o paciente com o propósito definido de servir às necessidades sanitárias das pessoas. Cada ato médico, ao lado de sua dimensão individual, existe como um procedimento social. Nele, a profissão está representada em cada um de seus agentes, enquanto a sociedade está corporificada em cada um dos pacientes. O
  • 2. exercício da Medicina ultrapassa em muito os limites de um profissional isolado com um paciente individualizado. Simultaneamente com a relação médicopaciente, aquela interação existe e deve existir como um encontro de uma profissão com sua sociedade. Cada médico, neste encontro, necessita ter a consciência de representar todos os seus colegas, enquanto os pacientes não têm porque cultivar condição idêntica, sequer análoga. O médico é um reprezentante ativo de sua classe, já o pacienteb é uma represntação mais ou menos passiva da sociedade. Mesmo quando, individualmente, exerça plenamente sua condição de sujeito, sua auutonomia individual. O caráter essencialmente social da Medicina provém das seguintes raízes: é uma construção coletiva, uma prátiva técnica institucional e uma atividade humanitária que influi muito sobre o desenvolvimento social, na mesma medida em que reflete a realidade do desenvolvimento da sociedade na qual está inserida e que a produziu. Por isto, a medicina nãopode nem deve ser considerada unica ou predominantemente como uma aplicação de ciência natural. A prática médica também encerra uma tecnologia humana e social. Por causa desta realidade que atualmente não se deve ignorar, para o planejamento desta unidade didático-pedagógica, as ciências humanas e sociais foram definidas como disciplinas científicas predominantemente descritivas que têm como objeto o estudo dos fenômenos da vida coletiva e os relacionamentos humanos e sociais, inclusive aqueles relacionados com a saúde e doença, nos contextos coletivos. Daí porque, o conhecimento dos fenômenos humanos e sociais costuma ser de grande valia para o entendimento de muitos fenômenos relacionados com a saúde e a enfermidade, tão na prevenção primária, quanto na secundária e na terciária, ainda que sua explicação não pareça diretamente vinculada a fenômenos sociais mais ou menos óbvios. Os fenômenos sociais foram classificados trabalho em: - fenômenos sócio-econômicos,
  • 3. - fenômenos sócio-políticos, - fenômenos sócio-históricos, - fenômenos sócio-culturais e - outros fenômenos sociais. Aqui, é indispensável que se afirme a importância dos procedimentos médicos em cada uma destas vária instâncias da existência social de todas as pessoas e de todas as comunidades. Sendo importante ressaltar que esta sistematização está fundamentada na natureza do vínculo mais essencial em cada situação. Cada um destes tipos de fenômenos está conforme com a modalidade mais importante de relação que o caracteriza em cada situação dada. Neste caso, como em tantos outros, a natureza da relação tipifica cada tipo de processo social gerado com ela. Em qualquer caso, deve-se saber que a Medicina constitui um importante fator como fenômeno sócio-econômico, fenômeno sócio-político, fenômeno sóciohistórico, fenômeno sócio-cultural, além de fenômenos sociais de qualidade diversa. Pois cada procedimento médico, em particular, e os procedimentos médicos, em geral, podem exercer significativa importância em cada uma destas instâncias. Por sua vez, cada um destes tipos de fenômeno caracteriza uma modalidade de estrutura social e deve ser apreciado, à sua vez, ao longo deste esforço de construir uma propedêutica social e epistemológica à formação universitária dos estudantes da área de saúde. Principal, ainda que não exclusivamente, aqueles que pretendem ser médicos e médicos atentos às demandas de seu povo e às exigências de sua época. Reconhece-se desde há muito grande afinidade entre os conhecimentos e as habilidades das ciências naturais com o ensino e o aprendizado da Medicina; bem como deve-se conhecer que tal afinidade foi bastante reforçada pelo positivismo e pelo pragmatismo (como atitudes filosóficas) desde o século passado. Devendo-se ressaltar que o monento presente está fortemente vincado
  • 4. pela hegemonia econômica, política e sócio-cultural dos Estados Unidos da América posto que, ali vicejam aquleas duas tendências filosóficas acima assinaladas. Talvez por esta razão, seja bem comum que a formação médica de influência positivista e pragmatista mantenha os médicos muito informados sobre os fenômenos naturais, mas dotem-nos de formação insatisfatória e informações insuficientes sobre os fatos sociais mais elementares e os deixem ignorar as ciências humanas e da sociedade. Esta insistência biologicista contradiz antiga tradição médica, cujas raízes podem ser identificadas em Hipócrates na Época Clássica, e que foi continuada por Virchow na Idade Moderna, posto que, ambos consideravam a Medicina inseparável da sociedade onde é praticada; ambos negaram a possibilidade de vê-la reduzida a uma técnica de diagnosticar doenças e de tratar indivíduos; ambos pretendem-na além de uma técnica, um encontro humano solidário e amigo destinado a ajudar seus semelhantes, baseado na ciência e realizado como atividade profissional. SISTEMAS SOCIAIS A organização social não se processa de maneira caótica e desorganizada com seus componentes ajuntados assistemática e desordenadamente. Os seres humanos estruturam suas entidades sociais de forma sistêmica, talvez imitando a natureza ou por qualquer outro motivo, mas sempre buscando atingir os propósitos daquela entidade. Isto é, organizam-nas de acordo com as regras gerais da sistematicidade, ainda que submetidos à influência de numerosos fatores objetivos e subjetivos de seus feitores. Modalidades de Sistemas Sociais Os seres humanos são naturalmente sociáveis, necessitam viver em coletividade e, diferentemente dos outros animais gregários que compartilham um habitat e promovem algum tipo de divisão de trabalho, os homens criam cultura e fazem sua história. Estas duas qualidades – a culturalidade e a historicidade – tipificam os seres humanos e assinalam a humanidade mais que qualquer outro fator. Por nisto, são reconhecidas com fatores de hominização, a
  • 5. transformação do símio, ser unicamente natural, em ser humano, ser simultaneamente natural e sócio-cultural no curso da evolução biológica. É impossível separar nem ser humano individual o que é resultado de sua estrutura biológica, de seu meio físico, de sua cultura, de sua história pessoal e do ambiente político-econômico no qual vive. Os seres humanos são inseparáveis de sua cultura e de sua biografia e de seu meio, não podendo ser entendidos (quando avaliados individual ou coletivamente) fora destes marcos essenciais de referência. A forma e o resultado de toda atividade humana deve ser estudada e entendida à luz desta característica. As variáveis econômicas caracterizam a natureza e a situação das relações econômicas entre indivíduos e entidades econômicas nas quais eles se organizam, prefigurando a infra-estrutura da sociedade. Mas as variáveis psicológicas refletem muito da super-estrura sócio-cultural. Enquanto as relações econômicas configuram a infra-estrutura de uma sociedade, a Cultura, a História e a Politica assinalam os elementos mais importantes de sua superestrutura. O Estado, enquanto instituição-mater, e as demais expressões das relações de poder social em uma sociedade determinam e configuram as relações políticas ali existentes, e realizam isto a partir de dois moduladores referenciais tidos como principais neste processo: a cultura material e imaterial e a história. A economia parece ser o elemento da cultura material motivador mais importante da existência, da cultura e da história da sociedade, porque ela influi na possibilidade satisfazer as necessidades individuais e coletivas de seus componentes e, em última análise, de existir como indivíduo e como comunidade; enquanto a cultura e a história são os referenciais mais importantes para entender a humanidade. A cultura como vertente imediata e a história como vertente transversal-temporal na qual existe a experiência biográfica das pessoas. Estes elementos referenciais se configuram no desenvolvimento da pessoa em relação com os sistemas sociais aos quais
  • 6. pertence ou que lhes servem de referência. A economia e a cultura tendem a se fazer mais importantes quanto maior for o sistema social considerado e como se manifestar sua integração em seu ambiente físico e psicossocial. Enquanto a necessidades individuais, como as premências naturais imediatas e as paixões por exemplo, tendem a se fazer mais imperiosas nos sistemas sociais menores nos quais a influência de cada componente individual pode ser mais importante. Para entender os sistema sociais, deve-se promover sua classificação segundo critérios quantitativos e qualitativos válidos e úteis, que permitam entender sua natureza. Fatores como a extensão, o grau da complexidade e o desenvolvimento de sua organização; além da motivação e da natureza dos vínculos sociais que os conformam os sistemas sociais são as principais características capazes de permitir o entendimento dos sistema sociais. Conhecer o grau e a qualidade da intencionalidade da integração de seus componentes individuais permite distinguir os sistema sociais em sistemas sociais naturais (aquelas estruturada espontaneamente, como sucede com os indivíduos nascidos e organizados não intencionalmente como uma família) e estruturas ou organizações sociais (sempre mais ou menos programados em sua organização desde sua origem para alcançar determinados objetivos, como sucede às sociedades, às associações e às empresas). A comunidade de interesses sempre presentes entre os fatores de motivação torna esses sistema sociais mais estáveis e reforça a integração de seus componentes individuais e coletivos. Os sistemas sociais podem assumir formas muito numerosas e extremamente variadas. Na dependência de sua extensão, das possibilidades de comunicação e da motivação e da complexidade de sua organização, os sistemas sociais podem ser divididos em três tipos: = os grupos sociais (micro-meios sociais, sistemas micro-sociais, microsistemas sociais, grupos pequenos ou pequenos grupos sociais, como são denominados em outras terminologias sociológicas ou psicossociais);
  • 7. = as sociedades (macro-sistemas sociais, sistemas macro-sociais, grandes sistemas sociais com elevado grau de complexidade organizacional); e = as comunidades, associações e organizações (sistemas sociais intermediários entre os micro-sistemas e macro-sistemas, são sistemas sociais que ocupam uma posição intermediária entre estes dois tipos mencionados acima; como regra geral, as comunidades e as associações são coletividades organizadas maiores que os grupos e menores e de estruturas menos complexas que as sociedades). Além, no limite oposto, estão as audiências e as multidões, que são coletividades não estruturadas como sistemas, razão pela qual, são consideradas em outro lugar deste capítulo. Além destes tipos, aqui considerados principais, podem ser identificadas muitas outras modalidades de sistemas sociais, estruturadas em razão de seus objetivos, de sua organização, dos tipo de comunicação ou outras formas de interação, e de muitas características mais. Cada umas destas qualidades de sistemas sociais se organizam segundo leis próprias deste nível de organização social. Num extremo, fora destes tipos de sistemas sociais, porque não são entidades coletivas, encontram-se os indivíduos, os seus componentes mais elementares de todos os sistemas sociais considerados acima. Quando se estudam os sistemas sociais, deve-se, obrigatoriamente considerar seu componente mais elementar, que encarna em si a unidade, a individualidade e a personalidade. O indivíduo humano, a pessoa. Ainda que esta unidade elementar, a individualidade só possa ser separada da coletividade em que está inserida e integrada por um mecanismo mental de análise. Esta tipologia dos sistema sociais parece bem estruturada e prática, não só por apresentar maior minudência quantitativa, mas porque separa os grupos de outras entidades coletivas que são qualitativamente diferentes deles. E, por isto, mostra-se mais fácil para ser empregada na prática do estudo científico das
  • 8. coletividades. Qualidades dos Sistema Sociais Todos os sistemas sociais podem ser classificados em função de suas características, das quais a mais importantes parecem ser as seguintes: = tamanho (o número de seus componentes, característica que tipifica um numero praticamente infinito de categorias, mas das quais se empregam três – pequeno, médio e grande – os micro-sistemas sociais, os sistemas sociais médios e os macro-sistemas sociais); = a natureza de sua estrutura (simples - quando contém apenas componentes individuais, ou complexos se podem ter componentes coletivos de variada complexidade organizacional); = relações internas e externas (como se processam na prática fenômenos como a hierarquização, a interação, a comunicação e o tipo de inter-relação que se dá nele, considerando ainda o grau de interdependência e autonomia internas e externas de cada um de seus elementos); = duração (tempo previsto para sua existência); = formas de fracionamento (estratificação, organização e outros elementos da estrutura interna como papéis, status, funções e direção e, sobretudo, os subgrupos que se definem em seu interior com sub-sistemas sociais); = padrões de conduta proscritos e prescritos (normas, valores, ideologias proibidos ou recomendados); = motivação (individual – quando interessa apenas a indivíduos e grupal, quando interessam a coletividades mais ou menos influentes); = objetivos e metas (individuais e grupais, grau de estruturação e competência de cada pessoa ou sub-grupo, destacando-se o significado que tais fatores de motivação tenham);
  • 9. = singularidade (isolamento, competição ou cooperação com outros grupos análogos) e = alterismo (ou alteridade - conduta e, principalmente, as atitudes que mantenha para com os outros). Ideologia – há quem a defina como a representação imaginária das condições de existência. Como a quem a tenha como o conjunto de opiniões e crenças que decorrem dos interesses sociais e materiais de alguém. Como se pode inferir a classificação dos sistemas sociais que considere cada um destes fatores que influem em sua organização e em seu desempenho pode resultar em um procedimento de alta complexidade com muitas alternativas a serem consideradas. Cada uma destas muito numerosas qualidades, mencionadas acima pode influir na existência dos sistemas sociais em que ocorra. Por isto, o conhecimento destes fenômenos possibilita o estudo das coletividades organizadas em função de alguns de seus atributos considerados como mais essenciais. E, por isto mesmo, são particularmente valiosos para promover a avaliação e a análise sociológica de todos os sistema sociais. Estrutura dos Sistemas Sociais É possível classificar as organizações sociais de numerosas maneiras e usando critérios diversos sem qualquer prejuízo para o resultado desta tarefa. De fato, na dependência do número de seus componentes, da natureza e complexidade de sua organização e do tipo de relações existentes entre seus componentes, os sistemas sociais podem se organizar sob três formas; - como micro-sistemas sociais (grupos sociais, também chamados grupos pequenos ou pequenos grupos sociais); - como sistemas sociais intermediários (associações, comunidades, instituições, organizações); e - como macro-sistemas sociais ou macro-sociedades (tais como os Estados, as culturas, as economias, as nações, os sistemas sociais
  • 10. supranacionais e os blocos históricos). A expressão grupo ou grupo social pode ser usada com dois graus de abrangência significando, em cada caso, entidades sociais bastante diversas. No nível mais amplo, típico da linguagem comum, em que melhor seria dizer grupamento, pode significar coletividade, qualquer tipo de coletividade, com qualquer extensão e quaisquer tipos de interação. Mais estritamente, como forma característica na linguagem técnico-científica, o termo grupo traduz o que aqui se denomina micro-sistema social, grupo social ou pequeno grupo social. Tipos de Sistema Sociais A partir das qualidades acima mencionadas, os sistemas sociais podem ser divididos em diversas categorias, na dependência de alguns daqueles fatores referidos, como se mostra a seguir: - sistema sociais pequenos, médios e grandes; - sistema sociais primários e secundários; - sistema sociais formais e informais, estratificados e não estratificados; - sistema sociais temporários (de curta ou média duração) e sistemas sociais tidos como permanentes; - sistema sociais autônomos e dependentes; - sistemas sociais fechados e abertos ou permeáveis e impermeáveis; - sistema sociais reais e nominais; - sistemas sociais harmônicos e desarmônicos (interna ou externamente), que geralmente funcionam como sistemas sociais baseados na cooperação ou na competição; - sistema sociais de pertença, pertencença (ou pertinência) e sistemas sociais de referência. No entanto, deve-se ter sempre presente que este grupo de tipologias de modo algum pode ser considerado como completo ou estático, porque muitos sistemas
  • 11. sociais partilham diversas destas qualidades simultaneamente por tempo prolongado ou curto. E que uma mesma característica não se conserva estática ao longo da duração do coletivo, podem variar consideravelmente em diversos momentos e circunstâncias diferentes. Sistemas pequenos, formais ou temporários, podem se transformar em sistemas grandes, reais ou permanentes porque suas características podem mudar com o tempo. E freqüentemente mudam. Além do quê, como se há de ver, diversos destes critérios não são aplicáveis a todos os sistemas sociais. Também se deve ter presente que os sistemas sociais não são apenas influenciados pelas leis sociológicas e da psicologia coletiva. Como são compostos por pessoas que não podem nem devem ser reduzidas aos papéis e estatutos sociais que desempenham e ocupam naqueles sistemas, deve-se considerar a influência das suas personalidades e do tônus afetivo e cognitivo de seu encontro. Uma das circunstâncias mais importantes naquele acontecimento há de ser a motivação daquele encontro, sobretudo as necessidades que estão em fogo ali. Microssistemas Sociais, Sistemas Sociais Intermediários e Macrossistemas Sociais Sempre se atribuiu grande importância à classificação dos sistemas sociais levando-se em conta seu tamanho, expresso pela quantidade de seus componentes; a despeito disto, ainda não existem parâmetros aceitos universalmente para realizar esta tarefa com alguma precisão, por mais que numerosos autores tenham trabalhado bastante nela. Existem muitas opiniões diferentes sobre o que seria ou deveria ser o tamanho de um grupo e existem os que pensam que esta questão deve se definir a partir de características qualitativas e não, simplesmente quantitativas. Não existe tipologia puramente quantitativa dos sistemas sociais humanos que seja aceitável por todos em toda parte. Ainda que, deva-se destacar que
  • 12. tampouco existe unanimidade na definição e na classificação do que seriam as outras coletividades humanas. Mesmo considerando estes obstáculos teóricos, em quase toda parte se dividem os sistemas sociais em pequenos (micros) e grandes (macros), ainda que não se tenha claro qual o exato limite de tamanho de cada um destes tipos de coletividades humanas estruturadas. A melhor tendência é aquela que identifica o tipo de sistema social por alguma marca qualitativa. A própria noção de grupo, como modelo de micro-sistema social, não é pacífica e, a cada momento, recebe mais e mais críticas de quem se dedica a estudar o tema. Muitos têm como grupo qualquer coletividade organizada em função de objetivos específicos, qualquer que for seu tamanho, duração ou tipo de organização e relações que se dêm em seu interior (ainda que esta conceituação deva ser objetada por sua imprecisão). A despeito de muitas objeções possíveis e razoáveis, é possível afirmar que um sistema social é pequeno (um micro-sistema social) quando todos os seus componentes têm a possibilidade de interagir direta e regularmente com todos os demais sem obstáculos formais; e é um macro-sistema quando isto não acontece, a totalidade se subdivide em sub-sistemas de tal modo que alguns de seus membros não interagem regular e diretamente com outros. A comunicação chamada face-a-face, que antigamente caracterizava o assim denominado grupo primário ou grupo social pequeno. Sistemas Sociais Primários e Secundários Esta é uma classificação antiga, surgida na antiga e muito ampla classificação dos coletivos humanos que foi uma das primeiras tentativas de classificação científica das coletividades humanas; baseia-se na possibilidade de intercomunicação e, conseqüentemente, na efetividade da interação direta entre os componentes grupais ou de outro sistema social. O tipo de comunicação existente entre os seus componentes define o caráter primário ou secundário de um certo sistema social. Os sistema sociais primários correspondem à noção
  • 13. (mais antiga, limitada, específica e, por isto, mais exata) de grupo social sustentada aqui neste trabalho e que os sistemas sociais secundários correspondem exatamente à noção de grupos grandes da tipologia tradicional. Um Sistemas Sociais Primário é aquele no qual seus membros podem se comunicar diretamente entre si (praticam a comunicação face-a-face, se dizia antigamente) e se relacionam com algum grau de proximidade inter-pessoal ou de intimidade. 1 A interatividade entre seus componentes se dá mais no plano pessoal que no institucional (dos papéis, status e funções). Isto é, as interações pessoais nesses sistema sociais primários tendem ser características essenciais suas. O caráter direto, pessoal e psicológico das interações tendem a se superpor às interações formais de papéis, status e funções sociais. A espontaneidade de sua formação e a qualidade inter-pessoal das relações entre seus componentes, são as duas características mais importantes dos sistema sociais primários. Os sistemas sociais primários podem ser divididos em dois grandes grupamentos sociais típicos: = os sistemas sociais espontâneos e = os sistema sociais construídos com algum planejamento. Cada uma das entidades sociais contidas no interior de cada um destes grupamentos, tem sua próprias características e segue suas próprias regras de organização e funcionamento. O primeiro grupo destes sistemas sociais primários, os chamados sistemas sociais naturais ou espontâneos (são representados pelas famílias e grupos de parentesco, comunidades, círculos de amizade), seu aparecimento decorre da reunião espontânea de seus componentes e o vínculo que os une tem caráter 1 Para quem considera necessária a possibilidade de comunicação direta e o pequeno número para caracterizar o grupo, só os grupos primários atendem a estes requisitos. Esta tendência parece muito razoável, sendo bastante possível que, em futuro próximo, seja consagrada na sociologia e na psicologia social.
  • 14. essencialmente pessoal e por associações ou associativos (que resultam de reuniões voluntárias de seus membros, são regidos por afinidades de interesses e os vínculos que ligam seus elementos são função dos objetivos grupais impessoais; o relacionamento de seus componentes filiados é definido, ao menos no fundamental, pelos papéis sociais desempenhados pelas pessoas. Já nos sistemas sociais primários por associação, os grupos sociais são caracterizadas pela espontaneidade de sua constituição e na voluntariedade de sua pertinência. Na medida em que vão se consolidando relações pessoais entre os membros de um grupo primário associativo, ele tende a se transformar em um outro tipo de grupo primário, podendo dar origem, em seu interior, a um ou outro grupo natural. Os grupos naturais são estudados em outro item deste trabalho, mas se deve adiantar que sua definição não é pacífica. Uma família, o corpo clínico de um serviço de saúde, um time esportivo, uma equipe de trabalho são exemplos de grupos primários e basta a enumeração destes poucos exemplos para mostrar como é difícil generalizar sobre eles. No Sistema Social Secundário, seus componentes não se comunicam diretamente, mas através de agentes ou instrumentos da organização ou através da linha de hierarquia que define sua estrutura. As instituições e as empresas complexas exemplificam este tipo de sistema social Os sistemas sociais secundários são mais organizados e seu início e funcionamento são menos espontâneos que os primários; por isto, mesmo pequenos, raramente são naturais. Os componentes de uma associação, cidadãos de um Estado, os membros de um partido político, de uma confissão religiosa ou de uma corporação profissional são exemplos de grupos secundários por associação. Uma grande família ou uma comunidade podem exemplificar grupos secundários naturais. Por causa desta heterogeneidade, é cada vez maior a resistência ao conceito de grupo secundário. Como há cada vez mais quem não reconheça este tipo de sistema social, o caráter de grupo se reserva apenas para as organizações sociais baseadas em
  • 15. relações inter-pessoais, nas quais os componentes podem se comunicar direta ou indiretamente, mas sem obstáculos formais (isto é, os sistemas sociais primários). Em face da razoabilidade e praticidade da proposta, é crível supor a tendência (bastante adequada) de atribuir a designação de grupo só aos micro-sistemas sociais em que seus membros possam se comunicar sem qualquer impedimento formal (os sistemas sociais primários). Nesta perspectiva, a possibilidade de comunicação direta é considerado como a característica mais essencial e mais geral dos grupos sociais. Por isto, existe uma tendência moderna cada vez mais robusta de se excluir os chamados grupos secundários da noção de grupo, equiparando tais coletividades (sobretudo as associações e as grandes organizações) às comunidades, como instâncias coletivas intermediárias entre os micro-sistemas e os macro-sistemas sociais. 2 Sistemas Sociais Formais e Informais Os sistemas sociais formais são aqueles organizados a partir de regras codificadas legalmente e submetidos a normas mais ou menos estritas de funcionamento. Nestes sistemas sociais, as funções, os status e os papéis de cada um de seus componentes deve estar previamente definido. Os sistemas sociais informais, o contrário, se constituem mais ou menos espontaneamente e se organizam, em geral, segundo as regras e as normas estabelecidas por sua cultura ou sub-cultura e outras estabelecidas por consenso de seus membros ou pelos seus dirigentes (quando isto for necessário). As famílias, os alunos de uma classe, os empregados de uma empresa, as equipes esportivas profissionais e os funcionários dos serviços públicos ou privados são componentes de grupos formais e devem se comportar em função desta realidade. As equipes médicas são exemplos de grupos formais. Os componentes de equipes esportivas que se reúnem espontaneamente são 2 Álvarez, A.R., Gupos y Colectivos, Ed. Cientifico-Técnica, Havana, 1985.
  • 16. exemplos típicos de grupos informais. Como sucede com todos os sistemas sociais que se reúnem espontaneamente e elaboram e sustentam suas próprias regras de convivência. Nos sistemas sociais informais e não apenas nos pequenos, os fatores psicológico-individuais de interação tendem a predominar sobre os sócioinstitucionais. Nestes, em geral, suas regras são estabelecidas mais ou menos informal e tacitamente. Por isto, pode-se dizer que os sistema informais têm uma tendência individualista e os formais pendem para o coletivismo. E os informais estão muito mais sujeitos às influências afetivas. Uma evidência de nosso subdesenvolvimento político é um funcionário de qualquer nível ou qualidade confundir sua função ou seu cargo com um atributo privado seu. Uma evidência disto é a freqüência com que se repetem alguns sobrenomes em certas repartições públicas. E como certos dirigentes nomeados ou eleitos tratam os bens coletivos como se fossem bens privados seus. O que se denomina patrimonialismo. Não se deve pensar que o patrimonialismo se reduz ao abuso dos bens materiais. Muitos apaixonam-se pelo poder e abusam dele, das formalidades, do fausto, da evidência, da ilusão de grandeza. O patrimonialismo se caracteriza pela situação na qual o dirigente ou responsável por uma entidade coletiva ou bem público tratar aquela coisa como se fosse patrimônio seu. O processo patrimonialista pode se iniciar como fato afetivo: a pessoa sente aquilo como seu e se apega. Não é como se fosse seu, sente-a como de fato sua. Sujeito aos seus desígnios e submetida ao seu arbítrio. A monarquia absoluta é o melhor exemplo do patrimonialismo na política do Estado. Sistemas Sociais Temporários e Permanentes A duração dos sistemas sociais pode ser muito variada. Alguns sistemas sociais são constituídos com duração estabelecida. O que se dá, geralmente, em função de seus objetivos ou das disponibilidades de seus componentes. Outros, têm duração ilimitada. Entretanto, não é necessário dizer que a expectativa de duração de um sistema social exerça influência significativa sobre a conduta de seus membros, porque o comportamento é diferente em um lugar de permanência breve ou prolongada. Além do quê, os sistemas sociais constituídos para terem maior duração permitem a seus componentes adquirirem aprendizado por acúmulo de experiência, inclusive na forma de se
  • 17. relacionar com os confrades e com membros de outros sistemas congêneres. Quando não se conhece ou pode-se prever a duração dos fatores de motivação e dos objetivos de um sistema social, convenciona-se denominá-lo de permanente (o que é uma ficção organizacional). O fato de se saber componente de um sistema social permanente ou de um outro, de duração transitória, influi no consciência e na conduta de seus membros individuais e, sobretudo, em seu desempenho coletivo. Pois, enquanto o sentimento de transitoriedade alimenta a insegurança, até a ilusão de permanência estimula a segurança embora possa aumentar o risco. Entretanto, não se conhecem poucos casos de sistemas sociais constituídos ou instituídos para durar séculos ou milênios que não resistam a um decênio e desapareçam sem deixar senão ruínas. A ambição e a soberba podem ter pernas curtas, como as mentiras. Sistemas Sociais Autônomos e Dependentes Alguns sistemas sociais se mantêm como unidades sociais autônomas e independentes. Alguns mais, dependem ou interdependem diretamente de outro ou outros para existir. Esta relação de interdependência dialética se verifica nos grupos de saúde, seus profissionais credenciados e em sua clientela. O mesmo se dá em todas as atividades econômicas nas quais as empresas e sua clientela se revelam interdependentes. Menos quando a empresa é um monopólio e sua clientela não pode prescindir da mercadoria ou do serviço que ela produz ou comercializa. Na universidade os corpos docente e discente são completamente interdependentes, pois cada um, depende do outro para existir. Já os corpos de funcionários administrativos, de operadores dos recursos técnicos, de construtores e encarregados da conservação e da recuperação das instalações e dos equipamentos não o são; por isto, não devem ser considerados essenciais nela. Isto é, se uma universidade é fechada, os professores e alunos desaparecem como tal; já os datilógrafos, médicos, auxiliares de escritório, vigilantes e os demais servidores técnicos, administrativos ou auxiliares, continuarão a existir em outras entidades do mercado, exercendo suas funções mais ou menos da mesma maneira. Mesmo no nível político macro-social isto é uma verdade. A dependência econômica impõe um estado de dependência cultural e política.
  • 18. Sistemas Sociais Harmônicos e Desarmônicos Harmonia e desarmonia são estados que se sucedem comumente em todos os sistemas sociais. Contudo, usa-se um destes adjetivos para caracterizar um dado sistema social quando este dado estado assinala a tônica do relacionamento predominante ali. Nos tempos homéricos, harmonia significava a composição de um elemento em um conjunto de modo a assegurar a ordem e a unidade daquela totalidade. A noção de ordem foi desde o início o núcleo deste conceito, que depois passou a ser usado para referir composição musical, a ordenação do universo e o bom funcionamento das sociedades humanas, entre outras situações. Na musica, harmonia quer dizer a organização de sons diferentes, inclusive contrários, em uma melodia que resulte agradável, esteticamente aprovável e eficaz para seus propósitos. No capítulo da organização social, a palavra contém denotação mais que análoga, idêntica. Usa-se para mencionar o relacionamento agradável e útil entre as pessoas, apesar ou por causa de suas diferenças, inclusive de suas contradições. A beleza e a utilidade nascida das diferenças, dos contrastes, inclusive entre as pessoas. A harmonia não é dada pela similitude ou pela convergência das partes, mas pela sintetização das diferenças de uma maneira estética sem qualquer prejuízo da utilidade. A dimensão estética é essencial para a harmonia, inclusive da harmonia social nos pares, nos pequenos grupos, nos sistemas sociais médios e nos macro-sistemas sociais. Sistemas Sociais Reais e Nominais Existem sistemas sociais que têm existência real e outras que só existem nominalmente, como se fossem fantasmas. Sempre fora assim, porque fora criados para isto ou degeneram isto depois de terem sido reais. Um sistema social nominal existe apenas para satisfazer a uma exigência legal ou a uma norma social estabelecida ou a expectativa de alguém, o que se dá como parte de uma realidade social concreta que impõe ou induz essa situação. Da mesma
  • 19. maneira, existem papéis reais e nominais no interior dos sistemas sociais. Por exemplo, um aluno que não estuda e um professor que não ensina ou pesquisa são figuras exclusivamente nominais na organização acadêmica. Ou certas empresas de fachada que existem para enganar o fisco, lavar dinheiro ou justificar renda ilegal. Exemplo de um sistema social nominal é uma entidade social reunida e constituída apenas para dar nome a uma tarefa. Muitas escolas, inclusive denominadas superiores, têm um corpo docente real (os que dão as aulas e desempenham as demais tarefas docentes concretas) e um conjunto nominal de professores que apenas estão presentes nas listas destinadas à aprovação das autoridades educacionais e nas folhas de pagamento. Isto existe, ainda que custe a crer que professores emprestem (ou aluguem) seus títulos acadêmicos para coonestar esta situação. Muitas organizações criam empresas e associações fictícias em seu interior ou em sua órbita para atenderem a exigências formais, sem que estes tenham existência real e não produzam mais que os papéis que se exige deles. Há entidades associativas, inclusive medicas e de estudantes de Medicina, que existem unicamente para servir de instrumentos para interesses diferentes aos de sua profissão ou, inclusive, opostos a ela. O que se diria de estudantes de um ofício que se empenhassem contra sua institucionalização? Sistemas Sociais de Pertinência e de Referência Em relação aos indivíduos, os sistemas sociais podem ser de pertinência, pertença ou pertencimento (quando a pessoa pertence a um sistema social por necessidade, mas se identifica com outro, integrando aquele apenas por razões circunstanciais e contingenciais) ou um sistema social de referência (quando a pessoa integrada naquele sistema social tem o sentimento de pertencer ao mesmo, encontra elementos de identidade ou se identifica com ele). As pessoas compõem os sistemas sociais de pertinência, integram aqueles grupos, associações ou corporações mais ou menos passiva ou ativamente, mas fazem aquelas entidades mais ou menos ativamente, como acontece com os passageiros e os motoristas dos ônibus. Já os sistemas de referência se
  • 20. incorporam às consciências e até às identidades de seus componentes. As famílias, as religiões, as profissões costumam ser grupos de referencia para a maioria de seus membros. Ser membro de um sistema social é bem mais que ser mero componente. Um componente entra ou sai de seu sistema de pertinência sem fazer muita falta e, principalmente, sem sentir muito o afastamento. Um membro necessita ser amputado. Medicina costuma ser um sistema de referência para seus membros. Muitos deles, talvez a maioria, não conseguiriam ser outra coisa, fazer outro trabalho. Sistemas Sociais Permeáveis e Impermeáveis A permeabilidade social é definida pela possibilidade de uma pessoa entrar e sair com liberdade de um sistema social. Alguns sistemas sociais têm regras estritas de acesso, mas são accessíveis a todos que atendem àquelas exigências para desempenhar suas funções no sistema. As castas são exemplos de sistemas sociais impermeáveis. As profissões apresentam baixa permeabilidade. Os hospitais de corpo clínico aberto e fechado exemplificam esta questão na área medica. Nos hospitais de corpo clínico fechado, especialmente nas pequenas clínicas privadas, exerce-se pressão para evitar ou impedir que outros médicos, alheios à sua organização, exerçam ali sua atividade. Atualmente, existe uma norma que permite a todos os médicos exercerem em todos os hospitais, mas esta é uma providência muito discutível e muito facilmente burlada. Basta alegar falta de vagas, por exemplo. Considerada a corporação medica como sistema social, pode-se notar que é muito mais fácil sair dela do que nela ingressar. A formação é penosa, demorada e sofrida; exige muito mais que adquirir conhecimentos e desenvolver capacidades e habilidades. Fazer-se médico significa, principalmente, elaborar atitudes, desenvolvê-las e aprofunda-las. Incessantemente. Sistemas Sociais Tolerantes e Intolerantes Classificação considerando a modalidade de alteridade prevalente no sistema social. Denomina-se alteridade (do latim alter=outro) à atitude dos indivíduos e das coletividades frente aos demais, diferentes deles por qualquer característica
  • 21. que considere importante, como raça, cor, religião, posição política, gênero, profissão, inclinação sexual, nacionalidade. As atitudes de alteridade resultam de crenças estereotipadas e podem ser positivas ou negativas; mas, em geral, o termo é empregado para indicar comportamentos de discriminação e preconceitos contra pessoas e coletividades diferentes. Nem tanto quanto à alteridade em geral, mas por algum aspecto particular das diferenças que os separam dos demais. Os comportamentos preconceituosos de discriminação podem ir do distanciamento social (principalmente profissional), a segregação de certas atividades até ao genocídio. Os sistemas sociais compostos por pessoas dominadas por sentimentos de inferioridade, tendem a ser mais intolerantes e os medrosos, mais agressivos. Em geral, não parece correto atribuir às coletividades características de comportamento próprias de indivíduos, o que seria por si, uma objeção séria a esta categorização. No entanto, seu emprego parece justificado pela larga concordância que encontra.