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BIORREMEDIAÇÃO DE COMPOSTOS RESIDUAIS DE PETRÓLEO NO
SOLO EM ECOSSISTEMAS IMPACTADOS POR DERRAMES
PETROLÍFEROS
BIOREMEDIATION COMPOUNDS OF RESIDUAL OIL IN SOIL ECOSYSTEM IN
IMPACTED BY OIL SPILLS
FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA
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RESUMO
A Biorremediação é o processo pelo qual organismos vivos tais como, microrganismos, fungos, plantas,
algas verdes ou suas enzimas são utilizados para reduzir ou remover - remediar - contaminações no
ambiente. Utilizando processos biodegradáveis para tratamento de resíduos este processo é capaz de
regenerar o equilíbrio do ecossistema original. Especificamente, a biorremediação atua através da
introdução de processos biológicos adicionais para a decomposição dos resíduos que favorecem e
incrementam a velocidade do processo natural de degradação. A Biorremediação pode ser empregada para
atacar contaminantes específicos no solo e águas subterrâneas, tais como a degradação de
hidrocarbonetos do petróleo e compostos orgânicos clorados pelas bactérias. Em vista da eficiência
comprovada da biorremediação na degradação de compostos tóxicos ao ser humano, como o benzeno,
tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), diversas empresas, principalmente as relacionadas com consultorias
e remediação ambiental, têm despertado grandes interesses pela implantação da biorremediação como
opção para a reabilitação de áreas contaminadas.
Palavras-chave: Biorremediação, Contaminação, Hidrocarbonetos, Petróleo.
ABSTRACT
Bioremediation is the process by which living organisms such as microorganisms, fungi, plants, green algae
and their enzymes are used to remove or reduce - remedy - contamination in the environment. Using
procedures biodegradable waste treatment process that is capable of regenerating the original balance of
the ecosystem. Specifically, bioremediation operates by introducing additional biological processes for the
decomposition of waste that favor and increase the speed of the natural process of degradation. The
bioremediation can be used to address specific contaminants in soil and groundwater, such as degradation
of petroleum hydrocarbons and chlorinated organic compounds by the bacteria. In view of the proven
effectiveness of bioremediation to degrade toxic compounds to humans, such as benzene, toluene,
ethylbenzene and xylenes (BTEX), many companies, especially those related to environmental consulting
and remediation , have aroused great interests for the implementation of bioremediation as option for the
rehabilitation of contaminated areas.
Keywords: Bioremediation, Contamination, Hydrocarbons, Oil.
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1. INTRODUÇÃO
Biorremediação: ato de remediar. Consiste
em recuperar águas ou solos contaminados.
Emprega-se um produto novo, totalmente natural,
provocando a extração para compostos voláteis,
este possui o poder da oxidação lenta. Composto
formado por bio-reação. Na atenuação natural a
possibilidade de saturação do solo é muito ampla
em se tratando de Hidrocarbonetos, portanto é bem
provável que se utilize outras substâncias. As
substâncias inorgânicas são nocivas ao meio
ambiente, contaminando o subsolo com outros
componentes que não existiram anteriormente.
O processo de biorremediação se dá pelo
fato de microrganismos, como as bactérias,
utilizarem substratos orgânicos e inorgânicos, como
exemplo o carbono como fonte de alimentação.
Desta forma, convertendo os contaminantes em
CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água), durante
séculos, por exemplo, a desalinização do solo de
agricultura pela fitoextração.
As tecnologias de Biorremediação podem
geralmente ser classificadas como "in-situ" ou "ex-
situ". A Biorremediação "in-situ" envolve tratar o
material contaminado no próprio local, enquanto a
"ex-situ" consiste na remoção do material
contaminado para tratamento em local externo ao
de sua origem. Entretanto, nem todos os
contaminantes são facilmente tratados pela
biorremediação. Por exemplo, os metais pesados
tais como o cádmio e o chumbo não são absorvidos
nem capturados prontamente pelos microrganismos,
porém, podem ser transformados em compostos
menos perigosos. A assimilação dos metais tais
como o mercúrio na cadeia alimentar pode agravar
o caso.
Por ser um processo natural promove um
tratamento adequado ao meio, seu custo é
relativamente baixo quando comparado à outras
alternativas convencionais de tratamento de
resíduos sólidos. Não obstante, para se obter
elevado rendimento no processo, é necessário se
determinar quais são as condições que favorecem a
atividade microbiana, como por exemplo: meio
anóxico, teor de nutrientes elevado, tempo de
retenção, atividade enzimática, temperatura, pH, e
inóculo aclimatado ao meio tóxico, sendo assim
capaz de tratá-lo adequadamente.
Como se observa, inicialmente a matéria
orgânica do lixo é atacada por bactérias formadoras
de ácidos. Como resultado dessa primeira fase,
ácidos graxos, açúcares e outros compostos
orgânicos de baixo peso molecular são produzidos.
Em seguida, na segunda fase, os ácidos são
consumidos por bactérias formadoras de metano
(metanogênicas), onde o CH4, CO2 e H2O são os
produtos finais.
Estágios do processo de decomposição
anaeróbica
- Estágio não metanogênico, onde as
reações de hidrólise iniciam o estágio não
metanogênico pela redução da matéria orgânica
complexa à compostos insolúveis menores,através
de enzimas extra celulares. Os produtos da hidrólise
incluem ácidos graxos, açúcares simples,
aminoácidos e outros compostos orgânicos de baixo
peso molecular. Durante a hidrólise os
microrganismos que participam do processo
despendem mais energia do que conseguem
ganhar. Apesar disso, aumenta a disponibilidade
energética do meio em função das alterações
sofridas pela matéria orgânica e da fonte de energia
a ser utilizada nas reações subsequentes.
Atividades tradicionais neste estágio complementam
as modificações da matéria orgânica, como a
captura de energia, formação de ácidos
orgânicos,produção de amoníaco,água e de gases
como o hidrogênio, e o dióxido de carbono.
- Estágio metanogênico, onde os
microrganismos atuantes no estágio são geralmente
bactérias do gênero Methanobacterium, habitante
comum do solo, do rúmem e dos esgotos
domésticos. Esse microrganismo obtém energia a
partir de duas reações principais: redução do pela
adição de para formar CO (monóxido de carbono),
que a partir da quebra do ácido acético ou etanóico
formam o metano e o dióxido de carbono.
Em resumo, durante a decomposição
anaeróbia, segundo o princípio de duas fases,
gases como, (azoto) e ácido sulfídrico são
produzidos por dois grupos distintos de
microrganismos, os formadores de ácidos e os
formadores de metano.
A biorremediação, associada ao aterro
sanitário celular que é uma variável do aterro
sanitário convencional, pode ser definida como uma
técnica derivada do aterro sanitário convencional,
caracterizando-se por um processo sequencial que,
fundamentado nos critérios de bioengenharia e
normas operacionais específicas, permite o efetivo
tratamento de resíduos sólidos, no solo e em seus
efluentes de líquidos e gases, em níveis primário,
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secundário e terciário, evitando a poluição do solo,
ar e recursos hídricos. No Brasil também pode ser
encontrado produtos bioremediadores, que estão
disponibilizados no mercado por algumas empresas.
1.1 A Importância do Biomonitoramento
O aumento da influência antropogênica
sobre ecossistemas diversos como resultado da
civilização conquistou o interesse público por causa
de problemas relacionados com a consequente
deterioração da qualidade do solo e da água. Vários
métodos de biomonitoramento que fornecem uma
medida direta da integridade ecológica usando a
resposta da biota a alterações ambientais têm sido
desenvolvidos para monitorar o estado ecológico
desses ecossistemas (BUSS et al., 2003; BERE,
MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010).
O uso de parâmetros biológicos para medir
a qualidade do solo ou da água se baseia nas
respostas dos organismos em relação ao meio onde
vivem. Como os solos e os rios estão sujeitos a
inúmeras perturbações, sua biota reage a esses
estímulos, sejam eles naturais ou antropogênicos. A
habilidade de proteger os ecossistemas depende da
capacidade de distinguir os efeitos das ações
humanas das variações naturais, buscando
categorizar a influência das ações humanas sobre
os sistemas biológicos. Nesse contexto, a definição
de biomonitoramento mais aceita é o uso
sistemático das respostas de organismos vivos para
avaliar as mudanças ocorridas no ambiente,
geralmente causadas por ações antropogênicas
(BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008;
TUNDISI, 2010).
O uso das respostas dos organismos é a
base dos índices biológicos. Bioindicadores são
espécies escolhidas por sua sensibilidade ou
tolerância a vários parâmetros, como poluição
orgânica ou outros tipos de poluentes. O termo
"resposta biológica" se refere ao conjunto de
reações de um indivíduo ou uma comunidade em
relação a um estímulo ou a um conjunto de
estímulos. Por estímulos entendemos algo que
induza uma reação do indivíduo que possa ser
percebida e medida na população ou na
comunidade (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS
et al., 2008; TUNDISI, 2010).
Por sua vez, os organismos integram as
condições ambientais durante toda a sua vida,
permitindo que a avaliação biológica seja utilizada
com bastante eficiência na detecção tanto de ondas
tóxicas intermitentes agudas quanto de lançamentos
crônicos contínuos. Além disso, as metodologias
biológicas são bastante eficazes na avaliação de
poluição não pontual (difusa), tendo, portanto,
grande valor para avaliações em escala regional
(BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008;
TUNDISI, 2010).
Os indicadores biológicos são muito úteis
por sua especificidade em relação a certos tipos de
impacto, já que inúmeras espécies são
comprovadamente sensíveis a um tipo de poluente,
mas tolerantes a outros. Assim, índices podem ser
criados especificamente para detectar
derramamento de óleo, poluição orgânica, alteração
de pH da água, lançamento de pesticidas, entre
outros (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al.,
2008; TUNDISI, 2010).
1.2 Contaminação de Solos por Petróleo
e seus Derivados
O mundo atual está cada vez mais
dependente do petróleo e de seus derivados para a
manutenção de sua atividade industrial. Durante a
exploração, o refino, o transporte e as operações de
armazenamento do petróleo e/ou de seus derivados
podem vir a ocorrer derramamentos acidentais
ocasionando a contaminação de solos, rios, etc.
Tais ocorrências vêm motivando, principalmente, a
realização de pesquisas relacionadas com a
remediação de sítios contaminados (BENTO et al.,
2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009;
ANDRADE et al., 2010).
O que se tem notado, nas duas últimas
décadas, é que a poluição causada por petróleo e
seus derivados tem sido um dos principais
problemas ao meio ambiente. Quando ocorre o
derramamento de gasolina em solos, por exemplo,
uma das principais preocupações é a contaminação
das águas subterrâneas, que também podem
contaminar, especialmente, os aquíferos que são
usados como fontes de abastecimento de água para
o consumo humano. Os frequentes derramamentos
de petróleo e seus derivados registrados em solos
brasileiros vêm motivando o desenvolvimento de
novas técnicas que visam, principalmente, a
descontaminação dessas matrizes. Diante disso,
diversas técnicas, físicas, químicas e biológicas,
vêm sendo desenvolvidas para a remoção ou a
degradação in-situ ou ex-situ de petróleo derramado
e para a redução de seus efeitos sobre o
ecossistema, especialmente os tóxicos. Dentre as
técnicas desenvolvidas, a "biorremediação" vem se
destacando como uma alternativa viável e
promissora para o tratamento de solos
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contaminados por petróleo e seus derivados
(BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007;
COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010).
De modo geral, a biorremediação baseia-se
na degradação bioquímica dos contaminantes por
meio da atividade de microorganismos presentes ou
adicionados no local de contaminação. Neste caso,
os tratamentos são basicamente de dois tipos: 1)
ex-situ (ou off-site), realizado fora do local onde
ocorreu a contaminação e, por isso, é um
tratamento que requer a escavação e a remoção do
solo contaminado para outro local. A adoção deste
procedimento pode resultar em um aumento
considerável do custo do processo, porém, não
obstante a essa desvantagem, é possível controlar,
com maior facilidade, as condicionantes do meio,
que são consideradas os fatores-chave utilizados no
tratamento dos solos; 2) in-situ (ou on-site),
tratamento feito no próprio local da contaminação.
Normalmente, essa opção de biorremediação torna
o processo mais atrativo e economicamente viável,
quando comparado ao tratamento citado
anteriormente. Além disso, o tratamento in-situ,
normalmente, acarreta em menores impactos
ambientais advindos da remediação da área
contaminada (BENTO et al., 2003; MARIANO et al.,
2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010).
1.2.1 Principais Contaminantes de Petróleo
e Seus Derivados em Solos
Petróleo é uma substância oleosa,
inflamável, geralmente menos densa que a água,
com cheiro característico e coloração que pode
variar desde o incolor ou castanho claro até o preto,
passando por verde e marrom (castanho). Trata-se
de uma combinação complexa de hidrocarbonetos,
composta na sua maioria de hidrocarbonetos
alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo conter
também quantidades pequenas de nitrogênio,
oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos,
principalmente de níquel e vanádio. Esta categoria
inclui petróleos leves, médios e pesados, assim
como os óleos extraídos de areias impregnadas de
alcatrão. Materiais hidrocarbonatados que requerem
grandes alterações químicas para a sua
recuperação ou conversão em matérias-primas para
a refinação do petróleo, tais como óleos de xisto
crus, óleos de xisto enriquecidos e combustíveis
líquidos de hulha, não se incluem nesta definição.
O petróleo é um recurso natural abundante,
porém sua prospecção envolve elevados custos e
complexidade de estudos. É também atualmente a
principal fonte de energia, servindo também como
base para fabricação dos mais variados produtos,
dentre os quais destacam-se benzinas, óleo diesel,
gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo
medicamentos. O petróleo é uma mistura complexa
que contém vários compostos, sendo que os
hidrocarbonetos representam a fração majoritária.
De acordo com a sua origem, as suas composições
químicas e as suas propriedades físicas variam de
um campo petrolífero para outro. Devido,
principalmente, à complexidade dessa mistura,
normalmente o tratamento de áreas contaminadas
por essas substâncias é bastante difícil e
problemático.
Em solos contaminados por petróleo e seus
derivados, alguns contaminantes se destacam
frente aos demais. Neste caso, de forma geral, os
compostos de interesse que exigem maior
preocupação ambiental e que, normalmente, são os
principais a serem identificados e quantificados
antes e durante um processo de remediação, são:
benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (isômeros:
orto-, meta- e para-xileno). Esses compostos,
conhecidos também como BTEX, são definidos
como hidrocarbonetos monoaromáticos, cujas
estruturas moleculares possuem como
característica principal a presença do anel
benzênico. São usados, principalmente, em
solventes e em combustíveis e são os constituintes
mais solúveis na fração da gasolina (BENTO et al.,
2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009;
ANDRADE et al., 2010).
Compostos como os BTEX, constituem em
um grande problema, não somente no Brasil, mas
em todo o mundo. Esses compostos aromáticos são
tóxicos tanto ao meio ambiente como ao ser
humano, nos quais atuam como depressores do
sistema nervoso central e apresentam toxicidade
crônica mais significativa que os hidrocarbonetos
alifáticos (também presentes no petróleo e
derivados), mesmo em concentrações da ordem de
µg L-1. Daí, a importância considerável em
monitorar esses contaminantes em episódios de
contaminações (BENTO et al., 2003; MARIANO et
al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al.,
2010).
Em solos contaminados por petróleo e seus
derivados, além dos BTEX, geralmente, outras
classes de compostos também são alvos de
atenção, como os hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPA), os compostos orgânicos voláteis
(COV) totais e os hidrocarbonetos totais de petróleo
(HTP). Os compostos BTEX, HPA e HTP são
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escolhidos, principalmente, pela toxicidade,
mobilidade e persistência no meio ambiente; os
COV totais, por representarem o total de emissões
gasosas, como perdas por volatilização
provenientes do derramamento. Assim, qualquer
contaminação oriunda dessas fontes merece
atenção, não apenas pelo contato direto (como a
inalação de vapores) desses compostos
indevidamente dispostos no solo, mas também
quanto à sua presença em águas utilizadas para o
consumo humano (BENTO et al., 2003; MARIANO
et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al.,
2010).
1.3 Tratamento do Solo
As técnicas de remediação mais
empregadas atualmente no tratamento de solos
contaminados por petróleo e seus derivados, que
são: química (oxidação química in-situ), biológica
(atenuação natural e biorremediação) e física
(extração de vapores no solo). Assim, dentre as
formas de tratamento existentes, somente a
biorremediação será descrita em detalhes.
De modo geral, deve-se salientar que cada
técnica de tratamento é dependente de vários
fatores, a saber: 1) condições físicas, químicas e
biológicas do local contaminado; 2) concentração do
contaminante e; 3) tempo requerido para a
degradação ou a remoção do composto alvo,
conforme a técnica empregada. Em todos os
processos de tratamento existe uma correlação
direta entre o tempo requerido para a remediação
da área e o custo total, usando diferentes técnicas
de remediação. A biorremediação é a técnica que
apresenta o custo de tratamento mais baixo quando
comparado às demais (COLLA et a., 2008;
JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010).
1.4 Biorremediação – a Busca pela
Solução Biológica de Problemas
A biorremediação envolve a utilização de
microrganismos, de ocorrência natural (nativos) ou
cultivados, para degradar ou imobilizar
contaminantes em águas subterrâneas e em solos.
Neste caso, geralmente, os microrganismos
utilizados são bactérias, fungos filamentosos e
leveduras. Destes, as bactérias são as mais
empregadas e, por conseguinte, são consideradas
como o elemento principal em trabalhos que
envolvem a biodegradação de contaminantes. São
definidas como qualquer classe de microrganismos
unicelulares, geralmente agregados em colônias,
que vivem em compartimentos ambientais diversos.
São importantes, em função de seus efeitos
bioquímicos e por destruírem ou transformarem os
contaminantes potencialmente perigosos em
compostos menos danosos ao ser humano e ao
meio ambiente (COLLA et a., 2008; JACQUES et
al., 2007; JACQUES et al., 2010).
No que diz respeito aos tipos de utilização
da técnica, quanto ao local de tratamento, a
biorremediação in-situ é a mais empregada no
mundo. Porém, independente do local de aplicação,
a biorremediação, assim como as demais técnicas
químicas de degradação, tem como objetivo
principal a mineralização completa dos
contaminantes, ou seja, transformá-los em produtos
com pouca ou nenhuma toxicidade (inócuos), como
CO2 e água. Em suma, os microrganismos
metabolizam as substâncias orgânicas, das quais se
obtêm nutrientes e energia. Sendo que, para que
isso ocorra, os microrganismos devem estar ativos
para desempenharem a sua tarefa de
biodegradação (COLLA et a., 2008; JACQUES et
al., 2007; JACQUES et al., 2010).
Genericamente, os microrganismos nativos
da subsuperfície podem desenvolver a capacidade
de degradar contaminantes após longo período de
exposição. Normalmente, estes seres microscópicos
se adaptam em baixas concentrações de
contaminantes e se localizam nas regiões externas
à pluma de contaminação e, muito dificilmente,
estarão presentes na fase livre (fase orgânica
concentrada). Os compostos orgânicos são
metabolizados por fermentação, respiração ou co-
metabolismo. Portanto, o processo de
biorremediação pode ser aeróbico ou anaeróbico,
requerendo oxigênio ou hidrogênio,
respectivamente. Na maioria dos locais, a
subsuperfície é carente dessas espécies (oxigênio
ou hidrogênio), o que impede os microrganismos de
se reproduzirem e degradarem completamente o
contaminante alvo. Além desses dois processos, a
biorremediação também pode ocorrer de forma co-
metabólica (COLLA et a., 2008; JACQUES et al.,
2007; JACQUES et al., 2010).
As medidas corretivas a serem adotadas em
quaisquer projetos que envolvam a biorremediação
dependem de vários fatores, dentre eles, pode-se
citar: A) os tipos e as quantidades dos
microrganismos e B) as condições físicas e
químicas do sítio contaminado (como pH, umidade,
temperatura, salinidade, teor de oxigênio e
quantidade de nutrientes). Além das condições
citadas, é de extrema importância o conhecimento
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prévio do teor de matéria orgânica, o qual pode ser
expresso pela quantidade de carbono orgânico total
no meio. Adicionalmente, foi constatado que o fator
principal que influencia na biorremediação de solos
contaminados por hidrocarbonetos de petróleo é a
atividade microbiológica. A atividade e a população
microbiana estão fortemente associadas com os
conteúdos de água e de nutriente nos solos, com as
espécies de plantas e com os tipos de
contaminantes. Além disso, a atividade
microbiológica é afetada, sobretudo, pelo valor do
pH e pela temperatura dos solos (ASSIS et al.,
2010; MARQUES et al., 2011).
A presença da vegetação sobre a área
contaminada também afeta muitos atributos físicos
dos solos, incluindo estrutura, porosidade,
condutividade hidráulica e taxa de infiltração. Esses
atributos, em geral, influenciam positivamente a
atividade microbiológica por regular o transporte
requerido de água e de nutrientes através do perfil
dos solos e por controlar a aeração da zona vadosa.
Além do mais, a biorremediação de hidrocarbonetos
de petróleo é assistida por microrganismos, que, em
geral, dependem fortemente das quantidades de
umidade e de oxigênio adequadas. As propriedades
físicas dos solos influenciam o transporte de ambas
as espécies, oxigênio e água. Nesse caso, para a
biorremediação de solos, os conteúdos de água
entre 50 e 80 % da capacidade e o teor de O2
dissolvido maior que 1 mg L-1, geralmente, são
ótimos para a atividade microbiológica (COLLA et
a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al.,
2010).
Não só os microrganismos apresentam
importância destaque no contexto de melhoria do
meio ambiente. As plantas atuam direta ou
indiretamente na remediação ambiental por meio de
diferentes mecanismos básicos, que conferem
capacidade de: (a) "sequestro" e acúmulo de
contaminantes inorgânicos tóxicos (ex.: metais) nos
tecidos vegetais, particularmente em vacúolos,
seguido de colheita e disposição final ou extração
dos metais (o termo "biomineração" é usado quando
níveis comerciais de fitoacumulação são
alcançados); (b) absorção e, às vezes, precipitação
de contaminantes encontrados em águas poluídas
(rizofiltração); (c) redução da biodisponibilidade por
meio da estabilização (fitoestabilização); (d)
degradação de contaminantes orgânicos, com
transformação dependente das enzimas nos tecidos
vegetais ou na superfície das raízes
(fitodegradação); (e) volatilização de contaminantes
extraídos do solo e do lençol freático
(fitovolatilização); e (f) estabelecimento de
condições favoráveis à atividade microbiana da
rizosfera no solo, promovendo a biodegradação dos
contaminantes pelos microrganismos
(rizodegradação) (ASSIS et al., 2010; MARQUES et
al., 2011). Destaca-se também, seu grande papel
como espécies fitoindicadoras.
1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, conclui-se que a degradação
biológica de compostos orgânicos é alcançada com
eficiência somente em condições naturais
favoráveis, que proporcionem interações otimizadas
entre o microrganismo e o solo, entre o
microrganismo e o contaminante, assim como a
relação mútua dos microrganismos entre si.
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8, 2008.
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1 – Flávio Henrique Ferreira Barbosa, Professor
Doutor Adjunto II / Biólogo – Microbiologista,
Colegiado de Farmácia, PPG Ciências da Saúde e
Ciências Farmacêuticas, Laboratório de
Bromatologia e Microbiologia de Alimentos,
Fundação Universidade Federal do Amapá –
UNIFAP, flavio.barbosa@unifap.br
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  • 1. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 1 BIORREMEDIAÇÃO DE COMPOSTOS RESIDUAIS DE PETRÓLEO NO SOLO EM ECOSSISTEMAS IMPACTADOS POR DERRAMES PETROLÍFEROS BIOREMEDIATION COMPOUNDS OF RESIDUAL OIL IN SOIL ECOSYSTEM IN IMPACTED BY OIL SPILLS FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA 1 RESUMO A Biorremediação é o processo pelo qual organismos vivos tais como, microrganismos, fungos, plantas, algas verdes ou suas enzimas são utilizados para reduzir ou remover - remediar - contaminações no ambiente. Utilizando processos biodegradáveis para tratamento de resíduos este processo é capaz de regenerar o equilíbrio do ecossistema original. Especificamente, a biorremediação atua através da introdução de processos biológicos adicionais para a decomposição dos resíduos que favorecem e incrementam a velocidade do processo natural de degradação. A Biorremediação pode ser empregada para atacar contaminantes específicos no solo e águas subterrâneas, tais como a degradação de hidrocarbonetos do petróleo e compostos orgânicos clorados pelas bactérias. Em vista da eficiência comprovada da biorremediação na degradação de compostos tóxicos ao ser humano, como o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), diversas empresas, principalmente as relacionadas com consultorias e remediação ambiental, têm despertado grandes interesses pela implantação da biorremediação como opção para a reabilitação de áreas contaminadas. Palavras-chave: Biorremediação, Contaminação, Hidrocarbonetos, Petróleo. ABSTRACT Bioremediation is the process by which living organisms such as microorganisms, fungi, plants, green algae and their enzymes are used to remove or reduce - remedy - contamination in the environment. Using procedures biodegradable waste treatment process that is capable of regenerating the original balance of the ecosystem. Specifically, bioremediation operates by introducing additional biological processes for the decomposition of waste that favor and increase the speed of the natural process of degradation. The bioremediation can be used to address specific contaminants in soil and groundwater, such as degradation of petroleum hydrocarbons and chlorinated organic compounds by the bacteria. In view of the proven effectiveness of bioremediation to degrade toxic compounds to humans, such as benzene, toluene, ethylbenzene and xylenes (BTEX), many companies, especially those related to environmental consulting and remediation , have aroused great interests for the implementation of bioremediation as option for the rehabilitation of contaminated areas. Keywords: Bioremediation, Contamination, Hydrocarbons, Oil.
  • 2. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 1 1. INTRODUÇÃO Biorremediação: ato de remediar. Consiste em recuperar águas ou solos contaminados. Emprega-se um produto novo, totalmente natural, provocando a extração para compostos voláteis, este possui o poder da oxidação lenta. Composto formado por bio-reação. Na atenuação natural a possibilidade de saturação do solo é muito ampla em se tratando de Hidrocarbonetos, portanto é bem provável que se utilize outras substâncias. As substâncias inorgânicas são nocivas ao meio ambiente, contaminando o subsolo com outros componentes que não existiram anteriormente. O processo de biorremediação se dá pelo fato de microrganismos, como as bactérias, utilizarem substratos orgânicos e inorgânicos, como exemplo o carbono como fonte de alimentação. Desta forma, convertendo os contaminantes em CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água), durante séculos, por exemplo, a desalinização do solo de agricultura pela fitoextração. As tecnologias de Biorremediação podem geralmente ser classificadas como "in-situ" ou "ex- situ". A Biorremediação "in-situ" envolve tratar o material contaminado no próprio local, enquanto a "ex-situ" consiste na remoção do material contaminado para tratamento em local externo ao de sua origem. Entretanto, nem todos os contaminantes são facilmente tratados pela biorremediação. Por exemplo, os metais pesados tais como o cádmio e o chumbo não são absorvidos nem capturados prontamente pelos microrganismos, porém, podem ser transformados em compostos menos perigosos. A assimilação dos metais tais como o mercúrio na cadeia alimentar pode agravar o caso. Por ser um processo natural promove um tratamento adequado ao meio, seu custo é relativamente baixo quando comparado à outras alternativas convencionais de tratamento de resíduos sólidos. Não obstante, para se obter elevado rendimento no processo, é necessário se determinar quais são as condições que favorecem a atividade microbiana, como por exemplo: meio anóxico, teor de nutrientes elevado, tempo de retenção, atividade enzimática, temperatura, pH, e inóculo aclimatado ao meio tóxico, sendo assim capaz de tratá-lo adequadamente. Como se observa, inicialmente a matéria orgânica do lixo é atacada por bactérias formadoras de ácidos. Como resultado dessa primeira fase, ácidos graxos, açúcares e outros compostos orgânicos de baixo peso molecular são produzidos. Em seguida, na segunda fase, os ácidos são consumidos por bactérias formadoras de metano (metanogênicas), onde o CH4, CO2 e H2O são os produtos finais. Estágios do processo de decomposição anaeróbica - Estágio não metanogênico, onde as reações de hidrólise iniciam o estágio não metanogênico pela redução da matéria orgânica complexa à compostos insolúveis menores,através de enzimas extra celulares. Os produtos da hidrólise incluem ácidos graxos, açúcares simples, aminoácidos e outros compostos orgânicos de baixo peso molecular. Durante a hidrólise os microrganismos que participam do processo despendem mais energia do que conseguem ganhar. Apesar disso, aumenta a disponibilidade energética do meio em função das alterações sofridas pela matéria orgânica e da fonte de energia a ser utilizada nas reações subsequentes. Atividades tradicionais neste estágio complementam as modificações da matéria orgânica, como a captura de energia, formação de ácidos orgânicos,produção de amoníaco,água e de gases como o hidrogênio, e o dióxido de carbono. - Estágio metanogênico, onde os microrganismos atuantes no estágio são geralmente bactérias do gênero Methanobacterium, habitante comum do solo, do rúmem e dos esgotos domésticos. Esse microrganismo obtém energia a partir de duas reações principais: redução do pela adição de para formar CO (monóxido de carbono), que a partir da quebra do ácido acético ou etanóico formam o metano e o dióxido de carbono. Em resumo, durante a decomposição anaeróbia, segundo o princípio de duas fases, gases como, (azoto) e ácido sulfídrico são produzidos por dois grupos distintos de microrganismos, os formadores de ácidos e os formadores de metano. A biorremediação, associada ao aterro sanitário celular que é uma variável do aterro sanitário convencional, pode ser definida como uma técnica derivada do aterro sanitário convencional, caracterizando-se por um processo sequencial que, fundamentado nos critérios de bioengenharia e normas operacionais específicas, permite o efetivo tratamento de resíduos sólidos, no solo e em seus efluentes de líquidos e gases, em níveis primário, 2
  • 3. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 2 secundário e terciário, evitando a poluição do solo, ar e recursos hídricos. No Brasil também pode ser encontrado produtos bioremediadores, que estão disponibilizados no mercado por algumas empresas. 1.1 A Importância do Biomonitoramento O aumento da influência antropogênica sobre ecossistemas diversos como resultado da civilização conquistou o interesse público por causa de problemas relacionados com a consequente deterioração da qualidade do solo e da água. Vários métodos de biomonitoramento que fornecem uma medida direta da integridade ecológica usando a resposta da biota a alterações ambientais têm sido desenvolvidos para monitorar o estado ecológico desses ecossistemas (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010). O uso de parâmetros biológicos para medir a qualidade do solo ou da água se baseia nas respostas dos organismos em relação ao meio onde vivem. Como os solos e os rios estão sujeitos a inúmeras perturbações, sua biota reage a esses estímulos, sejam eles naturais ou antropogênicos. A habilidade de proteger os ecossistemas depende da capacidade de distinguir os efeitos das ações humanas das variações naturais, buscando categorizar a influência das ações humanas sobre os sistemas biológicos. Nesse contexto, a definição de biomonitoramento mais aceita é o uso sistemático das respostas de organismos vivos para avaliar as mudanças ocorridas no ambiente, geralmente causadas por ações antropogênicas (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010). O uso das respostas dos organismos é a base dos índices biológicos. Bioindicadores são espécies escolhidas por sua sensibilidade ou tolerância a vários parâmetros, como poluição orgânica ou outros tipos de poluentes. O termo "resposta biológica" se refere ao conjunto de reações de um indivíduo ou uma comunidade em relação a um estímulo ou a um conjunto de estímulos. Por estímulos entendemos algo que induza uma reação do indivíduo que possa ser percebida e medida na população ou na comunidade (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010). Por sua vez, os organismos integram as condições ambientais durante toda a sua vida, permitindo que a avaliação biológica seja utilizada com bastante eficiência na detecção tanto de ondas tóxicas intermitentes agudas quanto de lançamentos crônicos contínuos. Além disso, as metodologias biológicas são bastante eficazes na avaliação de poluição não pontual (difusa), tendo, portanto, grande valor para avaliações em escala regional (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010). Os indicadores biológicos são muito úteis por sua especificidade em relação a certos tipos de impacto, já que inúmeras espécies são comprovadamente sensíveis a um tipo de poluente, mas tolerantes a outros. Assim, índices podem ser criados especificamente para detectar derramamento de óleo, poluição orgânica, alteração de pH da água, lançamento de pesticidas, entre outros (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010). 1.2 Contaminação de Solos por Petróleo e seus Derivados O mundo atual está cada vez mais dependente do petróleo e de seus derivados para a manutenção de sua atividade industrial. Durante a exploração, o refino, o transporte e as operações de armazenamento do petróleo e/ou de seus derivados podem vir a ocorrer derramamentos acidentais ocasionando a contaminação de solos, rios, etc. Tais ocorrências vêm motivando, principalmente, a realização de pesquisas relacionadas com a remediação de sítios contaminados (BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). O que se tem notado, nas duas últimas décadas, é que a poluição causada por petróleo e seus derivados tem sido um dos principais problemas ao meio ambiente. Quando ocorre o derramamento de gasolina em solos, por exemplo, uma das principais preocupações é a contaminação das águas subterrâneas, que também podem contaminar, especialmente, os aquíferos que são usados como fontes de abastecimento de água para o consumo humano. Os frequentes derramamentos de petróleo e seus derivados registrados em solos brasileiros vêm motivando o desenvolvimento de novas técnicas que visam, principalmente, a descontaminação dessas matrizes. Diante disso, diversas técnicas, físicas, químicas e biológicas, vêm sendo desenvolvidas para a remoção ou a degradação in-situ ou ex-situ de petróleo derramado e para a redução de seus efeitos sobre o ecossistema, especialmente os tóxicos. Dentre as técnicas desenvolvidas, a "biorremediação" vem se destacando como uma alternativa viável e promissora para o tratamento de solos 3
  • 4. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 3 contaminados por petróleo e seus derivados (BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). De modo geral, a biorremediação baseia-se na degradação bioquímica dos contaminantes por meio da atividade de microorganismos presentes ou adicionados no local de contaminação. Neste caso, os tratamentos são basicamente de dois tipos: 1) ex-situ (ou off-site), realizado fora do local onde ocorreu a contaminação e, por isso, é um tratamento que requer a escavação e a remoção do solo contaminado para outro local. A adoção deste procedimento pode resultar em um aumento considerável do custo do processo, porém, não obstante a essa desvantagem, é possível controlar, com maior facilidade, as condicionantes do meio, que são consideradas os fatores-chave utilizados no tratamento dos solos; 2) in-situ (ou on-site), tratamento feito no próprio local da contaminação. Normalmente, essa opção de biorremediação torna o processo mais atrativo e economicamente viável, quando comparado ao tratamento citado anteriormente. Além disso, o tratamento in-situ, normalmente, acarreta em menores impactos ambientais advindos da remediação da área contaminada (BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). 1.2.1 Principais Contaminantes de Petróleo e Seus Derivados em Solos Petróleo é uma substância oleosa, inflamável, geralmente menos densa que a água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por verde e marrom (castanho). Trata-se de uma combinação complexa de hidrocarbonetos, composta na sua maioria de hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo conter também quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio. Esta categoria inclui petróleos leves, médios e pesados, assim como os óleos extraídos de areias impregnadas de alcatrão. Materiais hidrocarbonatados que requerem grandes alterações químicas para a sua recuperação ou conversão em matérias-primas para a refinação do petróleo, tais como óleos de xisto crus, óleos de xisto enriquecidos e combustíveis líquidos de hulha, não se incluem nesta definição. O petróleo é um recurso natural abundante, porém sua prospecção envolve elevados custos e complexidade de estudos. É também atualmente a principal fonte de energia, servindo também como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais destacam-se benzinas, óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo medicamentos. O petróleo é uma mistura complexa que contém vários compostos, sendo que os hidrocarbonetos representam a fração majoritária. De acordo com a sua origem, as suas composições químicas e as suas propriedades físicas variam de um campo petrolífero para outro. Devido, principalmente, à complexidade dessa mistura, normalmente o tratamento de áreas contaminadas por essas substâncias é bastante difícil e problemático. Em solos contaminados por petróleo e seus derivados, alguns contaminantes se destacam frente aos demais. Neste caso, de forma geral, os compostos de interesse que exigem maior preocupação ambiental e que, normalmente, são os principais a serem identificados e quantificados antes e durante um processo de remediação, são: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (isômeros: orto-, meta- e para-xileno). Esses compostos, conhecidos também como BTEX, são definidos como hidrocarbonetos monoaromáticos, cujas estruturas moleculares possuem como característica principal a presença do anel benzênico. São usados, principalmente, em solventes e em combustíveis e são os constituintes mais solúveis na fração da gasolina (BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). Compostos como os BTEX, constituem em um grande problema, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Esses compostos aromáticos são tóxicos tanto ao meio ambiente como ao ser humano, nos quais atuam como depressores do sistema nervoso central e apresentam toxicidade crônica mais significativa que os hidrocarbonetos alifáticos (também presentes no petróleo e derivados), mesmo em concentrações da ordem de µg L-1. Daí, a importância considerável em monitorar esses contaminantes em episódios de contaminações (BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). Em solos contaminados por petróleo e seus derivados, além dos BTEX, geralmente, outras classes de compostos também são alvos de atenção, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), os compostos orgânicos voláteis (COV) totais e os hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP). Os compostos BTEX, HPA e HTP são 4
  • 5. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 4 escolhidos, principalmente, pela toxicidade, mobilidade e persistência no meio ambiente; os COV totais, por representarem o total de emissões gasosas, como perdas por volatilização provenientes do derramamento. Assim, qualquer contaminação oriunda dessas fontes merece atenção, não apenas pelo contato direto (como a inalação de vapores) desses compostos indevidamente dispostos no solo, mas também quanto à sua presença em águas utilizadas para o consumo humano (BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010). 1.3 Tratamento do Solo As técnicas de remediação mais empregadas atualmente no tratamento de solos contaminados por petróleo e seus derivados, que são: química (oxidação química in-situ), biológica (atenuação natural e biorremediação) e física (extração de vapores no solo). Assim, dentre as formas de tratamento existentes, somente a biorremediação será descrita em detalhes. De modo geral, deve-se salientar que cada técnica de tratamento é dependente de vários fatores, a saber: 1) condições físicas, químicas e biológicas do local contaminado; 2) concentração do contaminante e; 3) tempo requerido para a degradação ou a remoção do composto alvo, conforme a técnica empregada. Em todos os processos de tratamento existe uma correlação direta entre o tempo requerido para a remediação da área e o custo total, usando diferentes técnicas de remediação. A biorremediação é a técnica que apresenta o custo de tratamento mais baixo quando comparado às demais (COLLA et a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010). 1.4 Biorremediação – a Busca pela Solução Biológica de Problemas A biorremediação envolve a utilização de microrganismos, de ocorrência natural (nativos) ou cultivados, para degradar ou imobilizar contaminantes em águas subterrâneas e em solos. Neste caso, geralmente, os microrganismos utilizados são bactérias, fungos filamentosos e leveduras. Destes, as bactérias são as mais empregadas e, por conseguinte, são consideradas como o elemento principal em trabalhos que envolvem a biodegradação de contaminantes. São definidas como qualquer classe de microrganismos unicelulares, geralmente agregados em colônias, que vivem em compartimentos ambientais diversos. São importantes, em função de seus efeitos bioquímicos e por destruírem ou transformarem os contaminantes potencialmente perigosos em compostos menos danosos ao ser humano e ao meio ambiente (COLLA et a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010). No que diz respeito aos tipos de utilização da técnica, quanto ao local de tratamento, a biorremediação in-situ é a mais empregada no mundo. Porém, independente do local de aplicação, a biorremediação, assim como as demais técnicas químicas de degradação, tem como objetivo principal a mineralização completa dos contaminantes, ou seja, transformá-los em produtos com pouca ou nenhuma toxicidade (inócuos), como CO2 e água. Em suma, os microrganismos metabolizam as substâncias orgânicas, das quais se obtêm nutrientes e energia. Sendo que, para que isso ocorra, os microrganismos devem estar ativos para desempenharem a sua tarefa de biodegradação (COLLA et a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010). Genericamente, os microrganismos nativos da subsuperfície podem desenvolver a capacidade de degradar contaminantes após longo período de exposição. Normalmente, estes seres microscópicos se adaptam em baixas concentrações de contaminantes e se localizam nas regiões externas à pluma de contaminação e, muito dificilmente, estarão presentes na fase livre (fase orgânica concentrada). Os compostos orgânicos são metabolizados por fermentação, respiração ou co- metabolismo. Portanto, o processo de biorremediação pode ser aeróbico ou anaeróbico, requerendo oxigênio ou hidrogênio, respectivamente. Na maioria dos locais, a subsuperfície é carente dessas espécies (oxigênio ou hidrogênio), o que impede os microrganismos de se reproduzirem e degradarem completamente o contaminante alvo. Além desses dois processos, a biorremediação também pode ocorrer de forma co- metabólica (COLLA et a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010). As medidas corretivas a serem adotadas em quaisquer projetos que envolvam a biorremediação dependem de vários fatores, dentre eles, pode-se citar: A) os tipos e as quantidades dos microrganismos e B) as condições físicas e químicas do sítio contaminado (como pH, umidade, temperatura, salinidade, teor de oxigênio e quantidade de nutrientes). Além das condições citadas, é de extrema importância o conhecimento 5
  • 6. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 5 prévio do teor de matéria orgânica, o qual pode ser expresso pela quantidade de carbono orgânico total no meio. Adicionalmente, foi constatado que o fator principal que influencia na biorremediação de solos contaminados por hidrocarbonetos de petróleo é a atividade microbiológica. A atividade e a população microbiana estão fortemente associadas com os conteúdos de água e de nutriente nos solos, com as espécies de plantas e com os tipos de contaminantes. Além disso, a atividade microbiológica é afetada, sobretudo, pelo valor do pH e pela temperatura dos solos (ASSIS et al., 2010; MARQUES et al., 2011). A presença da vegetação sobre a área contaminada também afeta muitos atributos físicos dos solos, incluindo estrutura, porosidade, condutividade hidráulica e taxa de infiltração. Esses atributos, em geral, influenciam positivamente a atividade microbiológica por regular o transporte requerido de água e de nutrientes através do perfil dos solos e por controlar a aeração da zona vadosa. Além do mais, a biorremediação de hidrocarbonetos de petróleo é assistida por microrganismos, que, em geral, dependem fortemente das quantidades de umidade e de oxigênio adequadas. As propriedades físicas dos solos influenciam o transporte de ambas as espécies, oxigênio e água. Nesse caso, para a biorremediação de solos, os conteúdos de água entre 50 e 80 % da capacidade e o teor de O2 dissolvido maior que 1 mg L-1, geralmente, são ótimos para a atividade microbiológica (COLLA et a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010). Não só os microrganismos apresentam importância destaque no contexto de melhoria do meio ambiente. As plantas atuam direta ou indiretamente na remediação ambiental por meio de diferentes mecanismos básicos, que conferem capacidade de: (a) "sequestro" e acúmulo de contaminantes inorgânicos tóxicos (ex.: metais) nos tecidos vegetais, particularmente em vacúolos, seguido de colheita e disposição final ou extração dos metais (o termo "biomineração" é usado quando níveis comerciais de fitoacumulação são alcançados); (b) absorção e, às vezes, precipitação de contaminantes encontrados em águas poluídas (rizofiltração); (c) redução da biodisponibilidade por meio da estabilização (fitoestabilização); (d) degradação de contaminantes orgânicos, com transformação dependente das enzimas nos tecidos vegetais ou na superfície das raízes (fitodegradação); (e) volatilização de contaminantes extraídos do solo e do lençol freático (fitovolatilização); e (f) estabelecimento de condições favoráveis à atividade microbiana da rizosfera no solo, promovendo a biodegradação dos contaminantes pelos microrganismos (rizodegradação) (ASSIS et al., 2010; MARQUES et al., 2011). Destaca-se também, seu grande papel como espécies fitoindicadoras. 1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Contudo, conclui-se que a degradação biológica de compostos orgânicos é alcançada com eficiência somente em condições naturais favoráveis, que proporcionem interações otimizadas entre o microrganismo e o solo, entre o microrganismo e o contaminante, assim como a relação mútua dos microrganismos entre si. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Juliano de Almeida; AUGUSTO, Fabio; JARDIM, Isabel Cristina Sales Fontes. Biorremediação de solos contaminados por petróleo e seus derivados. Eclet. Quím., São Paulo , v. 35, n. 3, set. 2010. ASSIS, Renato L. de et al . Fitorremediação de solo contaminado com o herbicida picloram por plantas de capim pé de galinha gigante. Rev. bras. eng. agríc. ambient., Campina Grande , v. 14, n. 11, nov. 2010. BENTO, Fatima Menezes et al . Bioremediation of soil contaminated by diesel oil. Braz. J. Microbiol., São Paulo , v. 34, supl. 1, nov. 2003. BERE, T.; TUNDISI, JG.. Biological monitoring of lotic ecosystems: the role of diatoms.Braz. J. Biol., São Carlos , v. 70, n. 3, ago. 2010. BUSS, Daniel Forsin; BAPTISTA, Darcílio Fernandes; NESSIMIAN, Jorge Luiz. Bases conceituais para a aplicação de biomonitoramento em programas de avaliação da qualidade da água de rios. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, abr. 2003. COLLA, Luciane Maria et al . Isolamento e seleção de fungos para biorremediação a partir de solo contaminado com herbicidas triazínicos. Ciênc. agrotec., Lavras , v. 32, n. 3, jun. 2008. 6
  • 7. ISSN 2318-4752 – Volume 1, N1, 2013 6 COSTA, Ana Hilda Romero; NUNES, Cristina Cardoso; CORSEUIL, Henry Xavier. Biorremediação de águas subterrâneas impactadas por gasolina e etanol com o uso de nitrato. Eng. Sanit. Ambient., Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, jun. 2009. DANTAS, Túlio Vinicius Paes; RIBEIRO, Adauto de Souza. Florística e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea das Areias Brancas do Parque Nacional Serra de Itabaiana/Sergipe, Brasil. Rev. bras. Bot., São Paulo , v. 33, n. 4, dez. 2010. FERREIRA, Ieda Domingues; MORITA, Dione Mari. Biorremediação de solo contaminado por isobutanol, Bis-2-etil-hexilftalato e Di-isodecilftalato. Rev. Bras. Ciênc. Solo, Viçosa , v. 36, n. 2, abr. 2012. JACQUES, Rodrigo Josemar Seminoti et al . Biorremediação de solos contaminados com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 37, n. 4, ago. 2007. JACQUES, Rodrigo Josemar Seminoti et al . Biorremediação de um solo contaminado com antraceno sob diferentes condições físicas e químicas. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 40, n. 2, fev. 2010. MARIANO, Adriano Pinto et al . Laboratory study on the bioremediation of diesel oil contaminated soil from a petrol station. Braz. J. Microbiol., São Paulo , v. 38, n. 2, jun. 2007. MARQUES, Marcia; AGUIAR, Christiane Rosas Chafim; SILVA, Jonatas José Luiz Soares da. Desafios técnicos e barreiras sociais,econômicas e regulatórias na fitorremediação de solos contaminados. Rev. Bras. Ciênc. Solo, Viçosa , v. 35, n. 1, fev. 2011. MARTINS, Vilásia Guimarães; KALIL, Susana Juliano; COSTA, Jorge Alberto Vieira. Co-produção de lipase e biossurfactante em estado sólido para utilização em biorremediação de óleos vegetais e hidrocarbonetos. Quím. Nova, São Paulo , v. 31, n. 8, 2008. __________________________________________ 1 – Flávio Henrique Ferreira Barbosa, Professor Doutor Adjunto II / Biólogo – Microbiologista, Colegiado de Farmácia, PPG Ciências da Saúde e Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Bromatologia e Microbiologia de Alimentos, Fundação Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, flavio.barbosa@unifap.br 7