1) O documento discute biorremediação de solos contaminados por petróleo e derivados, um processo no qual microrganismos degradam os contaminantes.
2) A biorremediação pode ser feita in loco ou removendo o solo contaminado, sendo um método efetivo e de baixo custo para tratar esta contaminação.
3) O biomonitoramento é importante para avaliar a qualidade ambiental, usando a resposta biológica para medir impactos humanos e definir estratégias de proteção ecológica.
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BIORREMEDIAÇÃO DE COMPOSTOS RESIDUAIS DE PETRÓLEO NO
SOLO EM ECOSSISTEMAS IMPACTADOS POR DERRAMES
PETROLÍFEROS
BIOREMEDIATION COMPOUNDS OF RESIDUAL OIL IN SOIL ECOSYSTEM IN
IMPACTED BY OIL SPILLS
FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA
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RESUMO
A Biorremediação é o processo pelo qual organismos vivos tais como, microrganismos, fungos, plantas,
algas verdes ou suas enzimas são utilizados para reduzir ou remover - remediar - contaminações no
ambiente. Utilizando processos biodegradáveis para tratamento de resíduos este processo é capaz de
regenerar o equilíbrio do ecossistema original. Especificamente, a biorremediação atua através da
introdução de processos biológicos adicionais para a decomposição dos resíduos que favorecem e
incrementam a velocidade do processo natural de degradação. A Biorremediação pode ser empregada para
atacar contaminantes específicos no solo e águas subterrâneas, tais como a degradação de
hidrocarbonetos do petróleo e compostos orgânicos clorados pelas bactérias. Em vista da eficiência
comprovada da biorremediação na degradação de compostos tóxicos ao ser humano, como o benzeno,
tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), diversas empresas, principalmente as relacionadas com consultorias
e remediação ambiental, têm despertado grandes interesses pela implantação da biorremediação como
opção para a reabilitação de áreas contaminadas.
Palavras-chave: Biorremediação, Contaminação, Hidrocarbonetos, Petróleo.
ABSTRACT
Bioremediation is the process by which living organisms such as microorganisms, fungi, plants, green algae
and their enzymes are used to remove or reduce - remedy - contamination in the environment. Using
procedures biodegradable waste treatment process that is capable of regenerating the original balance of
the ecosystem. Specifically, bioremediation operates by introducing additional biological processes for the
decomposition of waste that favor and increase the speed of the natural process of degradation. The
bioremediation can be used to address specific contaminants in soil and groundwater, such as degradation
of petroleum hydrocarbons and chlorinated organic compounds by the bacteria. In view of the proven
effectiveness of bioremediation to degrade toxic compounds to humans, such as benzene, toluene,
ethylbenzene and xylenes (BTEX), many companies, especially those related to environmental consulting
and remediation , have aroused great interests for the implementation of bioremediation as option for the
rehabilitation of contaminated areas.
Keywords: Bioremediation, Contamination, Hydrocarbons, Oil.
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1. INTRODUÇÃO
Biorremediação: ato de remediar. Consiste
em recuperar águas ou solos contaminados.
Emprega-se um produto novo, totalmente natural,
provocando a extração para compostos voláteis,
este possui o poder da oxidação lenta. Composto
formado por bio-reação. Na atenuação natural a
possibilidade de saturação do solo é muito ampla
em se tratando de Hidrocarbonetos, portanto é bem
provável que se utilize outras substâncias. As
substâncias inorgânicas são nocivas ao meio
ambiente, contaminando o subsolo com outros
componentes que não existiram anteriormente.
O processo de biorremediação se dá pelo
fato de microrganismos, como as bactérias,
utilizarem substratos orgânicos e inorgânicos, como
exemplo o carbono como fonte de alimentação.
Desta forma, convertendo os contaminantes em
CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água), durante
séculos, por exemplo, a desalinização do solo de
agricultura pela fitoextração.
As tecnologias de Biorremediação podem
geralmente ser classificadas como "in-situ" ou "ex-
situ". A Biorremediação "in-situ" envolve tratar o
material contaminado no próprio local, enquanto a
"ex-situ" consiste na remoção do material
contaminado para tratamento em local externo ao
de sua origem. Entretanto, nem todos os
contaminantes são facilmente tratados pela
biorremediação. Por exemplo, os metais pesados
tais como o cádmio e o chumbo não são absorvidos
nem capturados prontamente pelos microrganismos,
porém, podem ser transformados em compostos
menos perigosos. A assimilação dos metais tais
como o mercúrio na cadeia alimentar pode agravar
o caso.
Por ser um processo natural promove um
tratamento adequado ao meio, seu custo é
relativamente baixo quando comparado à outras
alternativas convencionais de tratamento de
resíduos sólidos. Não obstante, para se obter
elevado rendimento no processo, é necessário se
determinar quais são as condições que favorecem a
atividade microbiana, como por exemplo: meio
anóxico, teor de nutrientes elevado, tempo de
retenção, atividade enzimática, temperatura, pH, e
inóculo aclimatado ao meio tóxico, sendo assim
capaz de tratá-lo adequadamente.
Como se observa, inicialmente a matéria
orgânica do lixo é atacada por bactérias formadoras
de ácidos. Como resultado dessa primeira fase,
ácidos graxos, açúcares e outros compostos
orgânicos de baixo peso molecular são produzidos.
Em seguida, na segunda fase, os ácidos são
consumidos por bactérias formadoras de metano
(metanogênicas), onde o CH4, CO2 e H2O são os
produtos finais.
Estágios do processo de decomposição
anaeróbica
- Estágio não metanogênico, onde as
reações de hidrólise iniciam o estágio não
metanogênico pela redução da matéria orgânica
complexa à compostos insolúveis menores,através
de enzimas extra celulares. Os produtos da hidrólise
incluem ácidos graxos, açúcares simples,
aminoácidos e outros compostos orgânicos de baixo
peso molecular. Durante a hidrólise os
microrganismos que participam do processo
despendem mais energia do que conseguem
ganhar. Apesar disso, aumenta a disponibilidade
energética do meio em função das alterações
sofridas pela matéria orgânica e da fonte de energia
a ser utilizada nas reações subsequentes.
Atividades tradicionais neste estágio complementam
as modificações da matéria orgânica, como a
captura de energia, formação de ácidos
orgânicos,produção de amoníaco,água e de gases
como o hidrogênio, e o dióxido de carbono.
- Estágio metanogênico, onde os
microrganismos atuantes no estágio são geralmente
bactérias do gênero Methanobacterium, habitante
comum do solo, do rúmem e dos esgotos
domésticos. Esse microrganismo obtém energia a
partir de duas reações principais: redução do pela
adição de para formar CO (monóxido de carbono),
que a partir da quebra do ácido acético ou etanóico
formam o metano e o dióxido de carbono.
Em resumo, durante a decomposição
anaeróbia, segundo o princípio de duas fases,
gases como, (azoto) e ácido sulfídrico são
produzidos por dois grupos distintos de
microrganismos, os formadores de ácidos e os
formadores de metano.
A biorremediação, associada ao aterro
sanitário celular que é uma variável do aterro
sanitário convencional, pode ser definida como uma
técnica derivada do aterro sanitário convencional,
caracterizando-se por um processo sequencial que,
fundamentado nos critérios de bioengenharia e
normas operacionais específicas, permite o efetivo
tratamento de resíduos sólidos, no solo e em seus
efluentes de líquidos e gases, em níveis primário,
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secundário e terciário, evitando a poluição do solo,
ar e recursos hídricos. No Brasil também pode ser
encontrado produtos bioremediadores, que estão
disponibilizados no mercado por algumas empresas.
1.1 A Importância do Biomonitoramento
O aumento da influência antropogênica
sobre ecossistemas diversos como resultado da
civilização conquistou o interesse público por causa
de problemas relacionados com a consequente
deterioração da qualidade do solo e da água. Vários
métodos de biomonitoramento que fornecem uma
medida direta da integridade ecológica usando a
resposta da biota a alterações ambientais têm sido
desenvolvidos para monitorar o estado ecológico
desses ecossistemas (BUSS et al., 2003; BERE,
MARTINS et al., 2008; TUNDISI, 2010).
O uso de parâmetros biológicos para medir
a qualidade do solo ou da água se baseia nas
respostas dos organismos em relação ao meio onde
vivem. Como os solos e os rios estão sujeitos a
inúmeras perturbações, sua biota reage a esses
estímulos, sejam eles naturais ou antropogênicos. A
habilidade de proteger os ecossistemas depende da
capacidade de distinguir os efeitos das ações
humanas das variações naturais, buscando
categorizar a influência das ações humanas sobre
os sistemas biológicos. Nesse contexto, a definição
de biomonitoramento mais aceita é o uso
sistemático das respostas de organismos vivos para
avaliar as mudanças ocorridas no ambiente,
geralmente causadas por ações antropogênicas
(BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008;
TUNDISI, 2010).
O uso das respostas dos organismos é a
base dos índices biológicos. Bioindicadores são
espécies escolhidas por sua sensibilidade ou
tolerância a vários parâmetros, como poluição
orgânica ou outros tipos de poluentes. O termo
"resposta biológica" se refere ao conjunto de
reações de um indivíduo ou uma comunidade em
relação a um estímulo ou a um conjunto de
estímulos. Por estímulos entendemos algo que
induza uma reação do indivíduo que possa ser
percebida e medida na população ou na
comunidade (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS
et al., 2008; TUNDISI, 2010).
Por sua vez, os organismos integram as
condições ambientais durante toda a sua vida,
permitindo que a avaliação biológica seja utilizada
com bastante eficiência na detecção tanto de ondas
tóxicas intermitentes agudas quanto de lançamentos
crônicos contínuos. Além disso, as metodologias
biológicas são bastante eficazes na avaliação de
poluição não pontual (difusa), tendo, portanto,
grande valor para avaliações em escala regional
(BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al., 2008;
TUNDISI, 2010).
Os indicadores biológicos são muito úteis
por sua especificidade em relação a certos tipos de
impacto, já que inúmeras espécies são
comprovadamente sensíveis a um tipo de poluente,
mas tolerantes a outros. Assim, índices podem ser
criados especificamente para detectar
derramamento de óleo, poluição orgânica, alteração
de pH da água, lançamento de pesticidas, entre
outros (BUSS et al., 2003; BERE, MARTINS et al.,
2008; TUNDISI, 2010).
1.2 Contaminação de Solos por Petróleo
e seus Derivados
O mundo atual está cada vez mais
dependente do petróleo e de seus derivados para a
manutenção de sua atividade industrial. Durante a
exploração, o refino, o transporte e as operações de
armazenamento do petróleo e/ou de seus derivados
podem vir a ocorrer derramamentos acidentais
ocasionando a contaminação de solos, rios, etc.
Tais ocorrências vêm motivando, principalmente, a
realização de pesquisas relacionadas com a
remediação de sítios contaminados (BENTO et al.,
2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009;
ANDRADE et al., 2010).
O que se tem notado, nas duas últimas
décadas, é que a poluição causada por petróleo e
seus derivados tem sido um dos principais
problemas ao meio ambiente. Quando ocorre o
derramamento de gasolina em solos, por exemplo,
uma das principais preocupações é a contaminação
das águas subterrâneas, que também podem
contaminar, especialmente, os aquíferos que são
usados como fontes de abastecimento de água para
o consumo humano. Os frequentes derramamentos
de petróleo e seus derivados registrados em solos
brasileiros vêm motivando o desenvolvimento de
novas técnicas que visam, principalmente, a
descontaminação dessas matrizes. Diante disso,
diversas técnicas, físicas, químicas e biológicas,
vêm sendo desenvolvidas para a remoção ou a
degradação in-situ ou ex-situ de petróleo derramado
e para a redução de seus efeitos sobre o
ecossistema, especialmente os tóxicos. Dentre as
técnicas desenvolvidas, a "biorremediação" vem se
destacando como uma alternativa viável e
promissora para o tratamento de solos
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contaminados por petróleo e seus derivados
(BENTO et al., 2003; MARIANO et al., 2007;
COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010).
De modo geral, a biorremediação baseia-se
na degradação bioquímica dos contaminantes por
meio da atividade de microorganismos presentes ou
adicionados no local de contaminação. Neste caso,
os tratamentos são basicamente de dois tipos: 1)
ex-situ (ou off-site), realizado fora do local onde
ocorreu a contaminação e, por isso, é um
tratamento que requer a escavação e a remoção do
solo contaminado para outro local. A adoção deste
procedimento pode resultar em um aumento
considerável do custo do processo, porém, não
obstante a essa desvantagem, é possível controlar,
com maior facilidade, as condicionantes do meio,
que são consideradas os fatores-chave utilizados no
tratamento dos solos; 2) in-situ (ou on-site),
tratamento feito no próprio local da contaminação.
Normalmente, essa opção de biorremediação torna
o processo mais atrativo e economicamente viável,
quando comparado ao tratamento citado
anteriormente. Além disso, o tratamento in-situ,
normalmente, acarreta em menores impactos
ambientais advindos da remediação da área
contaminada (BENTO et al., 2003; MARIANO et al.,
2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al., 2010).
1.2.1 Principais Contaminantes de Petróleo
e Seus Derivados em Solos
Petróleo é uma substância oleosa,
inflamável, geralmente menos densa que a água,
com cheiro característico e coloração que pode
variar desde o incolor ou castanho claro até o preto,
passando por verde e marrom (castanho). Trata-se
de uma combinação complexa de hidrocarbonetos,
composta na sua maioria de hidrocarbonetos
alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo conter
também quantidades pequenas de nitrogênio,
oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos,
principalmente de níquel e vanádio. Esta categoria
inclui petróleos leves, médios e pesados, assim
como os óleos extraídos de areias impregnadas de
alcatrão. Materiais hidrocarbonatados que requerem
grandes alterações químicas para a sua
recuperação ou conversão em matérias-primas para
a refinação do petróleo, tais como óleos de xisto
crus, óleos de xisto enriquecidos e combustíveis
líquidos de hulha, não se incluem nesta definição.
O petróleo é um recurso natural abundante,
porém sua prospecção envolve elevados custos e
complexidade de estudos. É também atualmente a
principal fonte de energia, servindo também como
base para fabricação dos mais variados produtos,
dentre os quais destacam-se benzinas, óleo diesel,
gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo
medicamentos. O petróleo é uma mistura complexa
que contém vários compostos, sendo que os
hidrocarbonetos representam a fração majoritária.
De acordo com a sua origem, as suas composições
químicas e as suas propriedades físicas variam de
um campo petrolífero para outro. Devido,
principalmente, à complexidade dessa mistura,
normalmente o tratamento de áreas contaminadas
por essas substâncias é bastante difícil e
problemático.
Em solos contaminados por petróleo e seus
derivados, alguns contaminantes se destacam
frente aos demais. Neste caso, de forma geral, os
compostos de interesse que exigem maior
preocupação ambiental e que, normalmente, são os
principais a serem identificados e quantificados
antes e durante um processo de remediação, são:
benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (isômeros:
orto-, meta- e para-xileno). Esses compostos,
conhecidos também como BTEX, são definidos
como hidrocarbonetos monoaromáticos, cujas
estruturas moleculares possuem como
característica principal a presença do anel
benzênico. São usados, principalmente, em
solventes e em combustíveis e são os constituintes
mais solúveis na fração da gasolina (BENTO et al.,
2003; MARIANO et al., 2007; COSTA et al., 2009;
ANDRADE et al., 2010).
Compostos como os BTEX, constituem em
um grande problema, não somente no Brasil, mas
em todo o mundo. Esses compostos aromáticos são
tóxicos tanto ao meio ambiente como ao ser
humano, nos quais atuam como depressores do
sistema nervoso central e apresentam toxicidade
crônica mais significativa que os hidrocarbonetos
alifáticos (também presentes no petróleo e
derivados), mesmo em concentrações da ordem de
µg L-1. Daí, a importância considerável em
monitorar esses contaminantes em episódios de
contaminações (BENTO et al., 2003; MARIANO et
al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al.,
2010).
Em solos contaminados por petróleo e seus
derivados, além dos BTEX, geralmente, outras
classes de compostos também são alvos de
atenção, como os hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPA), os compostos orgânicos voláteis
(COV) totais e os hidrocarbonetos totais de petróleo
(HTP). Os compostos BTEX, HPA e HTP são
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escolhidos, principalmente, pela toxicidade,
mobilidade e persistência no meio ambiente; os
COV totais, por representarem o total de emissões
gasosas, como perdas por volatilização
provenientes do derramamento. Assim, qualquer
contaminação oriunda dessas fontes merece
atenção, não apenas pelo contato direto (como a
inalação de vapores) desses compostos
indevidamente dispostos no solo, mas também
quanto à sua presença em águas utilizadas para o
consumo humano (BENTO et al., 2003; MARIANO
et al., 2007; COSTA et al., 2009; ANDRADE et al.,
2010).
1.3 Tratamento do Solo
As técnicas de remediação mais
empregadas atualmente no tratamento de solos
contaminados por petróleo e seus derivados, que
são: química (oxidação química in-situ), biológica
(atenuação natural e biorremediação) e física
(extração de vapores no solo). Assim, dentre as
formas de tratamento existentes, somente a
biorremediação será descrita em detalhes.
De modo geral, deve-se salientar que cada
técnica de tratamento é dependente de vários
fatores, a saber: 1) condições físicas, químicas e
biológicas do local contaminado; 2) concentração do
contaminante e; 3) tempo requerido para a
degradação ou a remoção do composto alvo,
conforme a técnica empregada. Em todos os
processos de tratamento existe uma correlação
direta entre o tempo requerido para a remediação
da área e o custo total, usando diferentes técnicas
de remediação. A biorremediação é a técnica que
apresenta o custo de tratamento mais baixo quando
comparado às demais (COLLA et a., 2008;
JACQUES et al., 2007; JACQUES et al., 2010).
1.4 Biorremediação – a Busca pela
Solução Biológica de Problemas
A biorremediação envolve a utilização de
microrganismos, de ocorrência natural (nativos) ou
cultivados, para degradar ou imobilizar
contaminantes em águas subterrâneas e em solos.
Neste caso, geralmente, os microrganismos
utilizados são bactérias, fungos filamentosos e
leveduras. Destes, as bactérias são as mais
empregadas e, por conseguinte, são consideradas
como o elemento principal em trabalhos que
envolvem a biodegradação de contaminantes. São
definidas como qualquer classe de microrganismos
unicelulares, geralmente agregados em colônias,
que vivem em compartimentos ambientais diversos.
São importantes, em função de seus efeitos
bioquímicos e por destruírem ou transformarem os
contaminantes potencialmente perigosos em
compostos menos danosos ao ser humano e ao
meio ambiente (COLLA et a., 2008; JACQUES et
al., 2007; JACQUES et al., 2010).
No que diz respeito aos tipos de utilização
da técnica, quanto ao local de tratamento, a
biorremediação in-situ é a mais empregada no
mundo. Porém, independente do local de aplicação,
a biorremediação, assim como as demais técnicas
químicas de degradação, tem como objetivo
principal a mineralização completa dos
contaminantes, ou seja, transformá-los em produtos
com pouca ou nenhuma toxicidade (inócuos), como
CO2 e água. Em suma, os microrganismos
metabolizam as substâncias orgânicas, das quais se
obtêm nutrientes e energia. Sendo que, para que
isso ocorra, os microrganismos devem estar ativos
para desempenharem a sua tarefa de
biodegradação (COLLA et a., 2008; JACQUES et
al., 2007; JACQUES et al., 2010).
Genericamente, os microrganismos nativos
da subsuperfície podem desenvolver a capacidade
de degradar contaminantes após longo período de
exposição. Normalmente, estes seres microscópicos
se adaptam em baixas concentrações de
contaminantes e se localizam nas regiões externas
à pluma de contaminação e, muito dificilmente,
estarão presentes na fase livre (fase orgânica
concentrada). Os compostos orgânicos são
metabolizados por fermentação, respiração ou co-
metabolismo. Portanto, o processo de
biorremediação pode ser aeróbico ou anaeróbico,
requerendo oxigênio ou hidrogênio,
respectivamente. Na maioria dos locais, a
subsuperfície é carente dessas espécies (oxigênio
ou hidrogênio), o que impede os microrganismos de
se reproduzirem e degradarem completamente o
contaminante alvo. Além desses dois processos, a
biorremediação também pode ocorrer de forma co-
metabólica (COLLA et a., 2008; JACQUES et al.,
2007; JACQUES et al., 2010).
As medidas corretivas a serem adotadas em
quaisquer projetos que envolvam a biorremediação
dependem de vários fatores, dentre eles, pode-se
citar: A) os tipos e as quantidades dos
microrganismos e B) as condições físicas e
químicas do sítio contaminado (como pH, umidade,
temperatura, salinidade, teor de oxigênio e
quantidade de nutrientes). Além das condições
citadas, é de extrema importância o conhecimento
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prévio do teor de matéria orgânica, o qual pode ser
expresso pela quantidade de carbono orgânico total
no meio. Adicionalmente, foi constatado que o fator
principal que influencia na biorremediação de solos
contaminados por hidrocarbonetos de petróleo é a
atividade microbiológica. A atividade e a população
microbiana estão fortemente associadas com os
conteúdos de água e de nutriente nos solos, com as
espécies de plantas e com os tipos de
contaminantes. Além disso, a atividade
microbiológica é afetada, sobretudo, pelo valor do
pH e pela temperatura dos solos (ASSIS et al.,
2010; MARQUES et al., 2011).
A presença da vegetação sobre a área
contaminada também afeta muitos atributos físicos
dos solos, incluindo estrutura, porosidade,
condutividade hidráulica e taxa de infiltração. Esses
atributos, em geral, influenciam positivamente a
atividade microbiológica por regular o transporte
requerido de água e de nutrientes através do perfil
dos solos e por controlar a aeração da zona vadosa.
Além do mais, a biorremediação de hidrocarbonetos
de petróleo é assistida por microrganismos, que, em
geral, dependem fortemente das quantidades de
umidade e de oxigênio adequadas. As propriedades
físicas dos solos influenciam o transporte de ambas
as espécies, oxigênio e água. Nesse caso, para a
biorremediação de solos, os conteúdos de água
entre 50 e 80 % da capacidade e o teor de O2
dissolvido maior que 1 mg L-1, geralmente, são
ótimos para a atividade microbiológica (COLLA et
a., 2008; JACQUES et al., 2007; JACQUES et al.,
2010).
Não só os microrganismos apresentam
importância destaque no contexto de melhoria do
meio ambiente. As plantas atuam direta ou
indiretamente na remediação ambiental por meio de
diferentes mecanismos básicos, que conferem
capacidade de: (a) "sequestro" e acúmulo de
contaminantes inorgânicos tóxicos (ex.: metais) nos
tecidos vegetais, particularmente em vacúolos,
seguido de colheita e disposição final ou extração
dos metais (o termo "biomineração" é usado quando
níveis comerciais de fitoacumulação são
alcançados); (b) absorção e, às vezes, precipitação
de contaminantes encontrados em águas poluídas
(rizofiltração); (c) redução da biodisponibilidade por
meio da estabilização (fitoestabilização); (d)
degradação de contaminantes orgânicos, com
transformação dependente das enzimas nos tecidos
vegetais ou na superfície das raízes
(fitodegradação); (e) volatilização de contaminantes
extraídos do solo e do lençol freático
(fitovolatilização); e (f) estabelecimento de
condições favoráveis à atividade microbiana da
rizosfera no solo, promovendo a biodegradação dos
contaminantes pelos microrganismos
(rizodegradação) (ASSIS et al., 2010; MARQUES et
al., 2011). Destaca-se também, seu grande papel
como espécies fitoindicadoras.
1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, conclui-se que a degradação
biológica de compostos orgânicos é alcançada com
eficiência somente em condições naturais
favoráveis, que proporcionem interações otimizadas
entre o microrganismo e o solo, entre o
microrganismo e o contaminante, assim como a
relação mútua dos microrganismos entre si.
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35, n. 1, fev. 2011.
MARTINS, Vilásia Guimarães; KALIL, Susana
Juliano; COSTA, Jorge Alberto Vieira. Co-produção
de lipase e biossurfactante em estado sólido para
utilização em biorremediação de óleos vegetais e
hidrocarbonetos. Quím. Nova, São Paulo , v. 31, n.
8, 2008.
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1 – Flávio Henrique Ferreira Barbosa, Professor
Doutor Adjunto II / Biólogo – Microbiologista,
Colegiado de Farmácia, PPG Ciências da Saúde e
Ciências Farmacêuticas, Laboratório de
Bromatologia e Microbiologia de Alimentos,
Fundação Universidade Federal do Amapá –
UNIFAP, flavio.barbosa@unifap.br
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