SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
Baixar para ler offline
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
1
DETERMINAÇÃO DO EFEITO DAS BACTÉRIAS LÁCTICAS (Lactobacillus spp.) NA
COLONIZAÇÃO INTESTINAL E DESAFIO POR Salmonella enterica sorovar Typhimurium EM
CAMUNDONGOS GNOTOXÊNICOS (GN) – EXAME ANATOMOPATOLÓGICO
DETERMINATION OF THE EFFECT OF LACTIC BACTERIA (Lactobacillus spp.) ON INTESTINAL COLONIZATION
AND CHALLENGE BY Salmonella enterica serovar Typhimurium IN GNOTOXENIC (GN) MICE -
ANATOMOPATHOLOGICAL EXAMINATION
FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA1; FELIPE HENRIQUE SILVA BAMBIRRA2; LEANDRO
HENRIQUE SILVA BAMBIRRA3; RUBENS ALEX DE OLIVEIRA MENEZES4
RESUMO
A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os
profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. A produção mundial de suínos cresceu e o Brasil
teve um aumento significativo nas exportações de carne suína. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha
produtiva, com a geração de lucros, promotores de crescimento têm sido incorporados às rações, com objetivo de
melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução
do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes
produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como
consequências desta suplementação. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura
incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Seguindo esta linha de raciocínio, este
trabalho se propôs a avaliar a capacidade de proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus spp.) contra um
enteropatógeno bacterianos (Salmonella enterica sorovar Typhimurium), em camundongos, verificando as lesões
histológicas promovidas nos animais. De acordo com o exame anatomopatológico, algumas amostras de microrganismos
isolados do conteúdo fecal de suínos se destacam quando o objetivo almejado é a utilização para a elaboração de
produtos probióticos que poderão ser administrados via oral para os animais, logo após o nascimento, durante o desmame
(creche) e em outras fases da cadeia produtiva. Segundo laudo histopatológico, os tratamentos com os possíveis
probióticos não alteraram a estrutura histológica das porções/órgãos analisados em animais não desafiados. Já nos
animais, após 5 dias de infecção com S. Typhimurium, verificou-se que apenas o tratamento com o probiótico 11 A - L.
reuteri não altera a estrutura histológica dos órgãos analisados em camundongos, com os mesmos se apresentando com
aspectos normais e se mostrando mais efetivo em melhorar a lesão das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato
digestivo (cólon, ceco e íleo) induzida pela infecção.
PALAVRAS-CHAVE: Lactobacillus, bactérias lácticas, suínos, probiótico.
ABSTRACT
The production of healthy and nutritious food in large quantities has become a challenge for all professionals who work
with the entire food production chain. World swine production grew and Brazil saw a significant increase in exports. In
order for the pig breeding activity to remain productive, with the generation of profits, growth promoters have been
incorporated into the rations, with the objective of improving the digestive process and the zootechnical performance of
the animals, resulting in greater weight gain and reduced number of diseases. However, in recent years there has been
an increase in awareness about the excessive use of these products, as well as the possible health disorders of these
animals and man, as consequences of this supplementation, have become evident. The alternatives available to replace
antimicrobials in pig farming include the use of probiotics, prebiotics, symbiotics and herbal agents. Following this line of
reasoning, this work aimed to evaluate the protection capacity of lactic acid bacteria (Lactobacillus spp.) Against a bacterial
enteropathogen (Salmonella enterica serovar Typhimurium), in mice, checking the histological lesions promoted in
animals. According to the anatomopathological examination, some samples of microorganisms isolated from the faecal
content of swine stand out when the aim is to use probiotic products that can be administered orally to animals, immediately
after birth, during weaning (nursery) and in other stages of the production chain. According to histopathological report,
treatments with possible probiotics did not alter the histological structure of the portions/organs analyzed in non-challenged
animals. In animals, after 5 days of infection with S. Typhimurium, it was found that only treatment with probiotic 11 A - L.
reuteri does not alter the histological structure of the organs analyzed in mice, with them presenting normal aspects and
being more effective in improving the injury of the viscera (spleen and liver) and portions of the digestive tract (colon,
cecum and ileum) induced by infection.
KEYWORDS: Lactobacillus, lactic bacteria, swine, probiotic.
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
2
INTRODUÇÃO
A produção de alimentos saudáveis e
nutritivos em grande quantidade tem se
tornado um desafio para todos os profissionais
que trabalham com toda a cadeia produtiva
alimentícia. Estimativas indicam que o
suprimento de alimentos necessários para
atender aos requerimentos nutricionais da
população humana durante os próximos
quarenta anos equivale à quantidade
previamente produzida ao longo de toda a
história. Para atender a esta grande demanda
de alimentos de origem animal, os
pesquisadores têm se esforçado na busca de
novas tecnologias a fim de aumentar a
eficiência e a produtividade dos animais de
criação.
A suinocultura é um dos setores
agropecuários que mais tem crescido nas
últimas décadas. A produção mundial de
suínos cresceu sistematicamente nos últimos
30 anos e o Brasil teve um aumento
significativo nas exportações de carne suína.
A este fato, associa-se um marcante aumento
no comércio e consumo de carne de suínos
em todo o mundo, sendo que sua produção
está rapidamente se expandindo em muitos
países em desenvolvimento, como o Brasil, o
que faz aumentar o rigor no manejo dos
animais e na produção da carne.
Para que a atividade de criação de
suínos se mantenha produtiva, com a geração
de lucros, muitos aditivos (incluindo
promotores de crescimento, como drogas
antimicrobianas) têm sido incorporados às
rações, com objetivo de melhorar o processo
digestivo e o desempenho zootécnico dos
animais, resultando em maior ganho de peso
e redução do número de doenças. Entretanto,
nos últimos anos tem aumentado a
conscientização sobre o uso excessivo destes
produtos, bem como se tornado evidente os
possíveis transtornos à saúde destes animais
e do homem, como consequências desta
suplementação (FULLER, 1989, 1992;
FULLER & COLE, 1988; SALMINEN, 1998;
TANNOCK, 1986, 1990, 1995 e 2003).
Os antimicrobianos promotores de
crescimento podem alterar a microbiota do
trato digestivo e deprimir os mecanismos de
defesa dos animais, além de deixar resíduos
indesejáveis à saúde do homem na carne.
Além disso, a presença de concentrações
baixas de antimicrobianos pode ser
responsável pelo aumento dos fenômenos de
resistência bacteriana aos mesmos.
Recentemente, novos microrganismos
resistentes a uma ou várias drogas
antimicrobianas têm surgido e sido motivo de
preocupação para a saúde pública mundial.
Estes microrganismos modificados podem se
difundir pelo meio ambiente e estarem
presentes na carne dos animais.
Por causa destas evidências, a
ausência de microrganismos potencialmente
patogênicos e a ausência de resíduos de
produtos químicos têm se tornado os
principais indicadores de qualidade da carne
de suínos, bem como de outros alimentos.
Assim, a suinocultura brasileira precisará se
adaptar às futuras normas de comércio
internacional, pois alguns países
importadores, principalmente da União
Europeia, não mais aceitarão adquirir carne
de suínos oriunda de produtores que utilizam
antimicrobianos para aumentar os índices de
produtividade de seus plantéis (FULLER,
1989, 1992; FULLER & COLE, 1988;
SALMINEN, 1998; TANNOCK, 1986, 1990,
1995 e 2003).
Assim, tem gerado a necessidade de se
buscar alternativas que possam promover os
mesmos efeitos de produtividade
relacionados ao uso dos aditivos alimentares,
porém, sem causar as mesmas
consequências indesejáveis destes. Além
disto, ainda existem prejuízos relacionados ao
impacto econômico da retirada destas drogas
antimicrobianas da alimentação de suínos.
Isto representa aumento nos custos de
produção, sendo, principalmente, causados
por aumento no consumo de ração e no
período de ocupação dos galpões, menos
ciclos produtivos por ano, além de mais gastos
com a mão-de-obra.
As alternativas disponíveis para
substituição dos antimicrobianos na
suinocultura incluem a utilização de
probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes
fitoterápicos. Dentre estas, a utilização dos
microrganismos probióticos constitui uma
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
3
perspectiva extremamente interessante, pois
as próprias bactérias benéficas da microbiota
intestinal dos animais poderiam ser
empregadas em substituição aos
antimicrobianos. Nestes casos, estes
microrganismos poderiam favorecer o
equilíbrio do ecossistema gastrintestinal, o
que seria refletido em melhoria da saúde e
boa produtividade. Trabalhos científicos têm
sido conduzidos tentando avaliar a eficiência
da utilização dos probióticos, em substituição
aos produtos químicos, para modular a saúde
de suínos comerciais e proporcionar um
ganho de peso adequado. Bactérias do
gênero Lactobacillus são os principais
microrganismos desejáveis encontrados em
grandes quantidades por todo o trato
gastrintestinal (TGI) de suínos, mostrando ser
fortes candidatas como probióticos para estes
animais (FULLER, 1989, 1992; FULLER &
COLE, 1988; SALMINEN, 1998; TANNOCK,
1986, 1990, 1995 e 2003).
Seguindo esta linha de raciocínio, este
trabalho se propôs a avaliar a capacidade de
proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus
spp.) contra um enteropatógeno bacterianos
(Salmonella enterica sorovar Typhimurium),
em camundongos, verificando as lesões
histológicas promovidas nos animais.
MATERIAL E MÉTODOS
1. Microrganismos
Características Morfo-tintoriais,
Bioquímicas e Fisiológicas dos
Microrganismos Isolados
Numa placa contendo em torno de 100
unidades formadoras de colônia (UFC), as
colônias morfologicamente diferentes e mais
significativas do ponto de vista populacional
foram repicadas, a partir do ágar MRS (Difco),
no mesmo meio. A partir de colônias, de cada
amostra, que apresentaram aspectos
morfológicos distintos foram feitos esfregaços
em lâminas para coloração pelo método de
Gram. Além disto, a partir dessas mesmas
colônias foram feitos testes de catalase em
lâmina, utilizando-se H2O2 (30%). Aqueles
que se apresentaram como Gram-positivo e
catalase negativa, sugestivos de pertencerem
ao gênero Lactobacillus, foram submetidos à
identificação, utilizando técnicas de biologia
molecular (PCR-ARDRA).
Purificação e Manutenção dos
Microrganismos Isolados
Os microrganismos isolados e
avaliados pelas características morfo-
tintoriais, bioquímicas e fisiológicas e pelo
teste respiratório foram inoculados em 5 mL
de caldo MRS (Difco), sendo em seguida
incubados em anaerobiose, à 37ºC durante 48
horas. Após o crescimento, uma alíquota de
500 µL de cada tubo foi transferida para tubo
eppendorf e adicionada de glicerol esterilizado
(50 µL), sendo, em seguida, congelados a -
18ºC e -86ºC, para posterior utilização,
quando necessário. O restante dos cultivos foi
destinado às análises baseadas em técnicas
de biologia molecular, com a finalidade de
identificação das espécies isoladas.
Ativação das culturas
Amostras de Lactobacillus spp.
isoladas a partir do TGI dos suínos (Sus scrofa
domesticus), oriundos de criação intensiva, e
pré-identificadas pelo perfil de fermentação de
carboidratos (kit API 50 CHL, BioMérieux,
Marcy l’Etoile, France), foram descongeladas
e inoculadas (200 µL) em caldo MRS (Difco).
O meio foi incubado, sob condições de
anaerobiose, a 37ºC, durante 48 horas. Após
cinco passagens em caldo, 50 µL de cada
amostra foram repicados em ágar MRS
(Difco), por três métodos diferentes: pour-
plate, espalhamento com auxílio da alça de
Drigalski e estria. Então, as placas foram
incubadas em anaerobiose, sendo mantidas a
37ºC, durante 48 horas.
Para a realização do teste a seguir,
foram escolhidos seis microrganismos entre o
grupo de doze os quais apresentaram
crescimento satisfatório em aerobiose dos
trinta e um isolados e identificados como
Lactobacillus, sendo três originados de
animais recém-desmamados (21 dias) e três
originados de animais jovens/terminados (140
dias). Estas linhagens alcançaram melhores
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
4
resultados nos testes anteriores de
crescimento, viabilidade e manutenção
(estocagem) em função da atmosfera e do
meio de cultura a partir de vinhoto de cana-de-
açúcar suplementado com diferentes fontes
de carbono e nitrogênio. Dessa forma, os
microrganismos de interesse probiótico
escolhidos para os demais testes foram:
 06 J - Lactobacillus mucosae
 14 J - Lactobacillus ruminis
 18 J - Lactobacillus johnsonii
 08 A - Lactobacillus salivarius
 11 A - Lactobacillus reuteri
 13 A - Lactobacillus acidophilus
2. Animais
Animais Isentos de Germes (IG)
Foram usados camundongos isentos
de germes (NIH) de 21 dias de idade, de
ambos os sexos, derivados de um núcleo de
reprodução de camundongos provenientes da
Taconic Farms (Germantown, USA),
propagados no biotério de Gnotobiologia do
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG,
mantidos em isoladores flexíveis do tipo
Trexler (Standard Safety Equipment
Company, McHenry, USA) e manuseados de
acordo com técnicas já estabelecidas
(PLEASANTS, 1974) e adaptadas às nossas
condições (SILVA, 1986). Para os
experimentos, os animais foram mantidos em
microisoladores (UNO Roestvaststaal BV,
Zevenaar, Netherland) e receberam “ad
libitum”, ração “Nuvilab” comercializada pela
Nuvital (Curitiba, PR) e água esterilizados por
calor úmido.
Manejo dos Animais
A manutenção, e o manejo dos animais
nos experimentos foram conduzidos
respeitando-se o “Guide for the care and use
of laboratory animals” – National Research
Concil, Institute of Laboratory Animal
Resources, Washington, D.C., National
Academy Press, 1996.
3. Desenho Experimental
Os níveis populacionais bacterianos (UFG/g)
foram determinados nas fezes dos
camundongos GN controles e experimentais.
Dois grupos de camundongos GN, sendo um
grupo controle e um grupo experimental
(previamente monoassociados por dez dias
com as bactérias lácticas), com cinco ou dez
animais em cada grupo, foram inoculados
intragastricamente com 0,1 mL de uma
suspensão contendo células viáveis da
bactéria patogênica (S. Typhimurium). Ao final
de seis dias de desafio, os animais que não
apresentaram morte pela infecção foram
sacrificados por deslocamento cervical para
exames anatomopatológicos.
Análises
Durante o período de monoassociação
e após o desafio com a bactéria patogênica,
as fezes dos camundongos GN experimentais
e controles foram colhidas sob estimulação
anal. As fezes foram então pesadas e
submetidas a diluições decimais em salina
tamponada esterilizada. Alíquotas de 0,1 mL
das diluições adequadas foram semeadas em
ágar MacConkey (Difco) para enumeração de
S. Typhimurium. Para contagem das bactérias
lácticas, alíquotas de 0,1 mL foram
incorporadas em ágar MRS (Difco). A
incubação foi feita a 37ºC por 24-48 horas
para as enumerações bacterianas. A
mortalidade acumulada foi anotada durante os
experimentos.
Exame Anatomopatológico
Amostras das vísceras (baço e fígado)
e de porções do trato digestivo (cólon e íleo)
dos camundongos, controles e experimentais,
que foram sacrificados no final dos
experimentos, foram submetidos a um exame
anatomopatológico. As amostras foram
fixadas em formaldeído 4% e processadas
para a inclusão e microtomia em parafina.
Foram executados cortes de 3 a 5
micrômetros de espessura, posteriormente
corados pela Hematoxilina-Eosina (HE). Os
fragmentos das amostras codificadas foram
observados sequencialmente por uma mesma
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
5
patologista que não teve acesso ao significado
dos códigos. As amostras foram
decodificadas somente após o laudo ter sido
emitido pela patologista.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Exame Anatomopatológico de
Animais Não-Infectados por S.
Typhimurium e Associados com
Lactobacillus spp.
Amostras das vísceras (baço e fígado)
e de porções do trato digestivo (cólon, ceco e
íleo) dos camundongos GN, controles e
experimentais, que foram sacrificados no final
dos experimentos citados anteriormente,
foram submetidos a um exame
anatomopatológico pela patologista Profa.
Dra. Denise Carmona Cara Machado do
Departamento de Patologia Geral/ICB/UFMG.
Nesta etapa, foram analisadas lâminas
histológicas dos seguintes órgãos: fígado,
íleo, cólon, ceco e baço, de camundongos
gnotobióticos não-infectados com Salmonella
enterica sorovar Typhimurium e que
receberam por via oral inóculos dos
microrganismos selecionados anteriormente
06 J - Lactobacillus mucosae; 14 J -
Lactobacillus ruminis; 18 J - Lactobacillus
johnsonii; 08 A - Lactobacillus salivarius; 11 A
- Lactobacillus reuteri; 13 A - Lactobacillus
acidophilus, ver Tabela a seguir.
Segundo laudo histopatológico, os
tratamentos com os probióticos não alteraram
a estrutura histológica do cólon. Os
fragmentos de cólon de todos os grupos
apresentaram-se com mucosa íntegra,
aspecto glandular normal, epitélio contínuo e
células caliciformes em número normal. Da
mesma forma, houve manutenção da
integridade morfológica do ceco. Em todas as
porções intestinais verificadas, as regiões da
submucosa apresentaram-se com tamanho
semelhante aos do grupo controle, ou seja,
sem edema ou infiltrado inflamatório.
Provavelmente por problemas técnicos, todos
os fragmentos de íleo foram difíceis de serem
analisados. Os tratamentos com probióticos
não modificaram a estrutura do fígado dos
camundongos. O parênquima mostrou-se
preservado, sem infiltrado inflamatório ou
sinais de degeneração hepática. O baço de
todos os grupos não infectados mostrou-se
com polpa branca e vermelha dentro dos
padrões normais de camundongos.
Determinação do Efeito das
Bactérias Lácticas na Colonização
Intestinal por S. Typhimurium em
Camundongos Gnotoxênicos (GN) –
Exame Anatomopatológico
Foram analisadas lâminas histológicas
dos seguintes órgãos: fígado, íleo, cólon, ceco
e baço, de camundongos GN (não-infectados
/ controle) e infectados com S. Typhimurium
após 5 dias. Os resultados obtidos são
mostrados na Tabela a seguir.
Verificou-se que, após 5 dias de
infecção com S. Typhimurium, a estrutura da
mucosa do cólon foi completamente alterada.
Houve destruição da mucosa, com lesão
epitelial e intenso infiltrado inflamatório
neutrofílico. A mucosa ficou levemente
preservada quando do tratamento com os
probióticos 06 J - Lactobacillus mucosae; 14 J
- Lactobacillus ruminis e 18 J - Lactobacillus
johnsonii. Os tratamentos com 11 A -
Lactobacillus reuteri e 13 A - Lactobacillus
acidophilus foram mais eficazes em melhorar
a lesão da mucosa colônica induzida pela
infecção.
Da mesma forma, apenas esses
últimos probióticos diminuíram a intensidade
do infiltrado inflamatório na mucosa e
submucosa colônica. A infecção promoveu
edema nas vilosidades do ceco e infiltrado
inflamatório predominantemente de
neutrófilos. Nenhum tratamento reduziu o
edema, porém houve uma leve redução do
infiltrado inflamatório no grupo tratado com
probiótico 11 A - L. reuteri. O íleo de
camundongos infectados, sem tratamento,
apresentou edema nas vilosidades, não
houve infiltrado inflamatório evidente. O
edema foi menor quando do tratamento com
os probióticos 06 J – L. mucosae; 18 J – L.
johnsonii; 11 A – L. reuteri e 13 A – L.
acidophilus.
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
6
Nesse tempo de infecção, nota-se a
presença de poucos focos inflamatórios no
fígado, predominantemente de neutrófilos e
macrófagos. Apenas o tratamento com o
probiótico 11 A - L. reuteri foi capaz de reduzir
o número de focos inflamatórios no fígado. No
baço, nota-se aumento do espaço
interfolicular com presença de células
inflamatórias. Da mesma forma, os folículos
apresentaram-se levemente aumentados. O
baço de camundongos tratados com o
probiótico 11 A - L. reuteri mostrou-se com
arquitetura normal. As Figuras de número 1 a
5 com os cortes histológicos realizados nos
órgãos de camundongos, os quais receberam
inoculo do 11 A - L. reuteri, e que apresentou
melhores resultados.
Tabela 1. Exame anatomopatológico de animais não-infectados por S. Typhimurium e associados com Lactobacillus
spp.
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
7
Figura 1. Fotomicrografia de colon de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado
com 11 A - L. reuteri (B). Notar o infiltrado inflamatório na submucosa (seta) Barra = 50 mm
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
8
Figura 2. Fotomicrografia de ceco de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado
com probiótico 11 A - L. reuteri (B). Notar o intenso infiltrado inflamatório na mucosa (seta longa) em A e (seta curta)
edema na submucosa nos dois grupos. Barra = 50 mm
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
9
Figura 3. Fotomicrografia de íleo de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado
com probiótico 11 A - L. reuteri (B). Notar a erosão epitelial (seta longa), edema e infiltrado inflamatório na mucosa e
submucosa (seta longa) em A. Barra = 50 mm
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
10
Figura 4. Fotomicrografia de fígado de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado
com probiotico 11 A - L. reuteri (B). Notar focos inflamatórios no parênquima dos dois grupos experimentais (seta
longa) Barra = 25mm
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
11
Figura 5. Fotomicrografia de baço de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado
com probiótico 11 A - L. reuteri (B). Notar a presença de células inflamatórias entre os folículos linfóides nos dois
grupos experimentais (seta longa) Barra = 50 mm
ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018
12
CONCLUSÃO
De acordo com os dados obtidos,
algumas amostras de microrganismos
isolados do conteúdo fecal de suínos se
destacam quando o objetivo almejado é a
utilização para a elaboração de produtos
probióticos que poderão ser administrados via
oral para os animais, logo após o nascimento,
durante o desmame (creche) e em outras
fases da cadeia produtiva.
Em relação ao exame
anatomopatológico de animais não-infectados
por Salmonella Typhimurium, todos os
tratamentos com os candidatos a probióticos
não alteraram a estrutura histológica dos
órgãos analisados, ou seja, dentro dos
padrões normais de camundongos.
Quando se verificou a determinação do
efeito das bactérias lácticas na colonização
intestinal por S. Typhimurium em
camundongos gnotoxênicos (GN), as
amostras das vísceras (baço e fígado) e de
porções do trato digestivo (cólon, ceco e íleo)
dos camundongos GN, controles e
experimentais, que foram sacrificados no final
dos experimentos citados anteriormente,
foram submetidos a um exame
anatomopatológico. O tratamento com L.
reuteri - 11 A foi mais eficaz em melhorar a
lesão das vísceras (baço e fígado) e de
porções do trato digestivo (cólon, ceco e íleo)
induzida pela infecção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FULLER, R. Probiotics in man and animals. J.
Appl. Bacteriol., v. 66, p. 365-378, 1989.
FULLER, R. Probiotics. The scientific basis,
London: Chapman & Hall, 328 p., 1992.
FULLER, R.; COLE, C.B. The Scientific Basic
of the Probiotic Concept. In: Probiotic: Theory
and Applications. Marlows: Chalcombe
Publications, p. 1-14, 1988.
PLEASANTS, J.R. Gnotobiotics. In: Melby Jr.,
E.C., Altmann, N.H. Handbook of Laboratory
Animal Science, Cleveland: CRC Press, p.
119-174, 1974.
SALMINEN, S. Clinical applications of
probiotic bacteria. Int. Dairy J., v. 8, p. 563-
572, 1998.
SILVA, M.E. Modelos experimentais para o
estudo de doença de Chagas, camundongos
e ratos isentos de germes e convencionais,
Belo Horizonte: Universidade Federal de
Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas,
1986, Dissertação (Mestrado).
TANNOCK, G.W. Microbial interactions and
influences in gastrointestinal tract. Lactobacilli
and the gastrointestinal tract. Proc. IV ISME,
p. 526-532, 1986.
TANNOCK, G. W. More than a smell: the
complexity of the normal microflora. In:
TANNOCK, G. W. (Ed.). Normal Microflora. An
Introduction to Microbes Inhabiting the Human
Body. New Zealand: Chapman & Hall., p. 1-
36, 1995.
TANNOCK, G.W. Probiotics and prebiotics:
where we are going? Wymondham: Caister
Academic Press. 54 p., 2003.
TANNOCK, G.W.; FULLER, R.; PEDERSEN,
K. Lactobacillus succession in the piglet
digestive tract demonstrated by plasma
profiling. Appl. and Environ. Microbiol., v. 56,
p. 1310-1316, 1990.
____________________________________
1 - Graduação em Ciências Biológicas. Professor
Adjunto do Departamento de Morfologia (DMO –
CCBS) da Universidade Federal de Sergipe - UFS,
Brasil.
E-mail: flaviobarbosaufs@gmail.com
2 - Graduação em Fisioterapia. Mestrado em
Microbiogia. Departamento de Microbiologia (ICB) da
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil.
3 - Graduação em Medicina Veterinária. Departamento
de Microbiologia (ICB) da Universidade Federal de
Minas Gerais - UFMG, Brasil.
4 - Graduação em Enfermagem. Professor Adjunto do
Curso de Enfermagem da Universidade Federal do
Amapá (UNIFAP), Brasil.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Artigo abmba v3_n1_2015_01
Artigo abmba v3_n1_2015_01Artigo abmba v3_n1_2015_01
Artigo abmba v3_n1_2015_01
 
790 3008-2-pb
790 3008-2-pb790 3008-2-pb
790 3008-2-pb
 
Artigo abmba v4_n1_2016_01
Artigo abmba v4_n1_2016_01Artigo abmba v4_n1_2016_01
Artigo abmba v4_n1_2016_01
 
Biomin Probiotics - Panorama da Aquicultrua 150
Biomin Probiotics - Panorama da Aquicultrua 150Biomin Probiotics - Panorama da Aquicultrua 150
Biomin Probiotics - Panorama da Aquicultrua 150
 
Artigo abmba v8_n2_2020_01
Artigo abmba v8_n2_2020_01Artigo abmba v8_n2_2020_01
Artigo abmba v8_n2_2020_01
 
Nota tecnica bio formula 100704(1)
Nota tecnica bio formula 100704(1)Nota tecnica bio formula 100704(1)
Nota tecnica bio formula 100704(1)
 
Artigo abmba v3_n2_2015_01
Artigo abmba v3_n2_2015_01Artigo abmba v3_n2_2015_01
Artigo abmba v3_n2_2015_01
 
Artigo abmba v9_n1_2021_01
Artigo abmba v9_n1_2021_01Artigo abmba v9_n1_2021_01
Artigo abmba v9_n1_2021_01
 
Alimentos transgênicos!
Alimentos transgênicos!Alimentos transgênicos!
Alimentos transgênicos!
 
Artigo abmba v2_n2_2014_01
Artigo abmba v2_n2_2014_01Artigo abmba v2_n2_2014_01
Artigo abmba v2_n2_2014_01
 
Chr hansenhalabiotec150
Chr hansenhalabiotec150Chr hansenhalabiotec150
Chr hansenhalabiotec150
 
Sbad 2018 aula papel da microbiota na DHGNA
Sbad 2018  aula papel da microbiota na DHGNASbad 2018  aula papel da microbiota na DHGNA
Sbad 2018 aula papel da microbiota na DHGNA
 
Antimicrobianos dbo março
Antimicrobianos dbo marçoAntimicrobianos dbo março
Antimicrobianos dbo março
 
Transgênicos
TransgênicosTransgênicos
Transgênicos
 
Aflatoxinas e Ocratoxina A
Aflatoxinas e Ocratoxina AAflatoxinas e Ocratoxina A
Aflatoxinas e Ocratoxina A
 
Verminoses em Caprinos e Ovinos
Verminoses em Caprinos e OvinosVerminoses em Caprinos e Ovinos
Verminoses em Caprinos e Ovinos
 
Organismos transgênicos
Organismos transgênicosOrganismos transgênicos
Organismos transgênicos
 
Micotoxinas seminario-ufla
Micotoxinas seminario-uflaMicotoxinas seminario-ufla
Micotoxinas seminario-ufla
 
Milho transgênico
Milho transgênicoMilho transgênico
Milho transgênico
 
Transgênicos
TransgênicosTransgênicos
Transgênicos
 

Semelhante a Artigo abmba v6_n1_2018_01

Chr hansenhalabiotec150
Chr hansenhalabiotec150Chr hansenhalabiotec150
Chr hansenhalabiotec150MilkPoint
 
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...Rural Pecuária
 
Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...
Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...
Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...Dr. Benevenuto
 
53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf
53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf
53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdfLUCIENECRISTALDOALBU
 
Aditivos em ruminantes bromatologia
Aditivos em ruminantes   bromatologiaAditivos em ruminantes   bromatologia
Aditivos em ruminantes bromatologiaRoger Moreira
 
Cartilha sobre Trichoderma
Cartilha sobre TrichodermaCartilha sobre Trichoderma
Cartilha sobre TrichodermaBMP2015
 
Exploração das potencialidades da biosfera
Exploração das potencialidades da biosferaExploração das potencialidades da biosfera
Exploração das potencialidades da biosferaFilipe Leal
 
Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)
Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)
Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)Raphael Ribeiro
 

Semelhante a Artigo abmba v6_n1_2018_01 (13)

Chr hansenhalabiotec150
Chr hansenhalabiotec150Chr hansenhalabiotec150
Chr hansenhalabiotec150
 
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
Avaliação da Eficiência de vermífugos comerciais e microrganismos probióticos...
 
Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...
Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...
Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gas...
 
Artigo bioterra v20_n1_10
Artigo bioterra v20_n1_10Artigo bioterra v20_n1_10
Artigo bioterra v20_n1_10
 
789 3004-2-pb
789 3004-2-pb789 3004-2-pb
789 3004-2-pb
 
53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf
53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf
53-Texto do Artigo-160-1-10-20171020.pdf
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
 
Transgenicos
TransgenicosTransgenicos
Transgenicos
 
Aditivos em ruminantes bromatologia
Aditivos em ruminantes   bromatologiaAditivos em ruminantes   bromatologia
Aditivos em ruminantes bromatologia
 
Cartilha sobre Trichoderma
Cartilha sobre TrichodermaCartilha sobre Trichoderma
Cartilha sobre Trichoderma
 
Exploração das potencialidades da biosfera
Exploração das potencialidades da biosferaExploração das potencialidades da biosfera
Exploração das potencialidades da biosfera
 
01 defensivos alternativos
01 defensivos alternativos01 defensivos alternativos
01 defensivos alternativos
 
Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)
Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)
Probióticos,prebioticos na prevenção de doenças(Grupo Allimenta)
 

Mais de Flávio Henrique Ferreira Barbosa

Mais de Flávio Henrique Ferreira Barbosa (15)

Artigo abmba v9_n1_2021_02
Artigo abmba v9_n1_2021_02Artigo abmba v9_n1_2021_02
Artigo abmba v9_n1_2021_02
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N2 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V2N1 2012
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V2N1 2012Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V2N1 2012
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V2N1 2012
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V3N1 2013
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
 
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
Ciência Equatorial - ISSN 2179-9563 - V1N2 2011
 

Artigo abmba v6_n1_2018_01

  • 1. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 1 DETERMINAÇÃO DO EFEITO DAS BACTÉRIAS LÁCTICAS (Lactobacillus spp.) NA COLONIZAÇÃO INTESTINAL E DESAFIO POR Salmonella enterica sorovar Typhimurium EM CAMUNDONGOS GNOTOXÊNICOS (GN) – EXAME ANATOMOPATOLÓGICO DETERMINATION OF THE EFFECT OF LACTIC BACTERIA (Lactobacillus spp.) ON INTESTINAL COLONIZATION AND CHALLENGE BY Salmonella enterica serovar Typhimurium IN GNOTOXENIC (GN) MICE - ANATOMOPATHOLOGICAL EXAMINATION FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA1; FELIPE HENRIQUE SILVA BAMBIRRA2; LEANDRO HENRIQUE SILVA BAMBIRRA3; RUBENS ALEX DE OLIVEIRA MENEZES4 RESUMO A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. A produção mundial de suínos cresceu e o Brasil teve um aumento significativo nas exportações de carne suína. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha produtiva, com a geração de lucros, promotores de crescimento têm sido incorporados às rações, com objetivo de melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como consequências desta suplementação. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Seguindo esta linha de raciocínio, este trabalho se propôs a avaliar a capacidade de proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus spp.) contra um enteropatógeno bacterianos (Salmonella enterica sorovar Typhimurium), em camundongos, verificando as lesões histológicas promovidas nos animais. De acordo com o exame anatomopatológico, algumas amostras de microrganismos isolados do conteúdo fecal de suínos se destacam quando o objetivo almejado é a utilização para a elaboração de produtos probióticos que poderão ser administrados via oral para os animais, logo após o nascimento, durante o desmame (creche) e em outras fases da cadeia produtiva. Segundo laudo histopatológico, os tratamentos com os possíveis probióticos não alteraram a estrutura histológica das porções/órgãos analisados em animais não desafiados. Já nos animais, após 5 dias de infecção com S. Typhimurium, verificou-se que apenas o tratamento com o probiótico 11 A - L. reuteri não altera a estrutura histológica dos órgãos analisados em camundongos, com os mesmos se apresentando com aspectos normais e se mostrando mais efetivo em melhorar a lesão das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato digestivo (cólon, ceco e íleo) induzida pela infecção. PALAVRAS-CHAVE: Lactobacillus, bactérias lácticas, suínos, probiótico. ABSTRACT The production of healthy and nutritious food in large quantities has become a challenge for all professionals who work with the entire food production chain. World swine production grew and Brazil saw a significant increase in exports. In order for the pig breeding activity to remain productive, with the generation of profits, growth promoters have been incorporated into the rations, with the objective of improving the digestive process and the zootechnical performance of the animals, resulting in greater weight gain and reduced number of diseases. However, in recent years there has been an increase in awareness about the excessive use of these products, as well as the possible health disorders of these animals and man, as consequences of this supplementation, have become evident. The alternatives available to replace antimicrobials in pig farming include the use of probiotics, prebiotics, symbiotics and herbal agents. Following this line of reasoning, this work aimed to evaluate the protection capacity of lactic acid bacteria (Lactobacillus spp.) Against a bacterial enteropathogen (Salmonella enterica serovar Typhimurium), in mice, checking the histological lesions promoted in animals. According to the anatomopathological examination, some samples of microorganisms isolated from the faecal content of swine stand out when the aim is to use probiotic products that can be administered orally to animals, immediately after birth, during weaning (nursery) and in other stages of the production chain. According to histopathological report, treatments with possible probiotics did not alter the histological structure of the portions/organs analyzed in non-challenged animals. In animals, after 5 days of infection with S. Typhimurium, it was found that only treatment with probiotic 11 A - L. reuteri does not alter the histological structure of the organs analyzed in mice, with them presenting normal aspects and being more effective in improving the injury of the viscera (spleen and liver) and portions of the digestive tract (colon, cecum and ileum) induced by infection. KEYWORDS: Lactobacillus, lactic bacteria, swine, probiotic.
  • 2. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 2 INTRODUÇÃO A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. Estimativas indicam que o suprimento de alimentos necessários para atender aos requerimentos nutricionais da população humana durante os próximos quarenta anos equivale à quantidade previamente produzida ao longo de toda a história. Para atender a esta grande demanda de alimentos de origem animal, os pesquisadores têm se esforçado na busca de novas tecnologias a fim de aumentar a eficiência e a produtividade dos animais de criação. A suinocultura é um dos setores agropecuários que mais tem crescido nas últimas décadas. A produção mundial de suínos cresceu sistematicamente nos últimos 30 anos e o Brasil teve um aumento significativo nas exportações de carne suína. A este fato, associa-se um marcante aumento no comércio e consumo de carne de suínos em todo o mundo, sendo que sua produção está rapidamente se expandindo em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, o que faz aumentar o rigor no manejo dos animais e na produção da carne. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha produtiva, com a geração de lucros, muitos aditivos (incluindo promotores de crescimento, como drogas antimicrobianas) têm sido incorporados às rações, com objetivo de melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como consequências desta suplementação (FULLER, 1989, 1992; FULLER & COLE, 1988; SALMINEN, 1998; TANNOCK, 1986, 1990, 1995 e 2003). Os antimicrobianos promotores de crescimento podem alterar a microbiota do trato digestivo e deprimir os mecanismos de defesa dos animais, além de deixar resíduos indesejáveis à saúde do homem na carne. Além disso, a presença de concentrações baixas de antimicrobianos pode ser responsável pelo aumento dos fenômenos de resistência bacteriana aos mesmos. Recentemente, novos microrganismos resistentes a uma ou várias drogas antimicrobianas têm surgido e sido motivo de preocupação para a saúde pública mundial. Estes microrganismos modificados podem se difundir pelo meio ambiente e estarem presentes na carne dos animais. Por causa destas evidências, a ausência de microrganismos potencialmente patogênicos e a ausência de resíduos de produtos químicos têm se tornado os principais indicadores de qualidade da carne de suínos, bem como de outros alimentos. Assim, a suinocultura brasileira precisará se adaptar às futuras normas de comércio internacional, pois alguns países importadores, principalmente da União Europeia, não mais aceitarão adquirir carne de suínos oriunda de produtores que utilizam antimicrobianos para aumentar os índices de produtividade de seus plantéis (FULLER, 1989, 1992; FULLER & COLE, 1988; SALMINEN, 1998; TANNOCK, 1986, 1990, 1995 e 2003). Assim, tem gerado a necessidade de se buscar alternativas que possam promover os mesmos efeitos de produtividade relacionados ao uso dos aditivos alimentares, porém, sem causar as mesmas consequências indesejáveis destes. Além disto, ainda existem prejuízos relacionados ao impacto econômico da retirada destas drogas antimicrobianas da alimentação de suínos. Isto representa aumento nos custos de produção, sendo, principalmente, causados por aumento no consumo de ração e no período de ocupação dos galpões, menos ciclos produtivos por ano, além de mais gastos com a mão-de-obra. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Dentre estas, a utilização dos microrganismos probióticos constitui uma
  • 3. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 3 perspectiva extremamente interessante, pois as próprias bactérias benéficas da microbiota intestinal dos animais poderiam ser empregadas em substituição aos antimicrobianos. Nestes casos, estes microrganismos poderiam favorecer o equilíbrio do ecossistema gastrintestinal, o que seria refletido em melhoria da saúde e boa produtividade. Trabalhos científicos têm sido conduzidos tentando avaliar a eficiência da utilização dos probióticos, em substituição aos produtos químicos, para modular a saúde de suínos comerciais e proporcionar um ganho de peso adequado. Bactérias do gênero Lactobacillus são os principais microrganismos desejáveis encontrados em grandes quantidades por todo o trato gastrintestinal (TGI) de suínos, mostrando ser fortes candidatas como probióticos para estes animais (FULLER, 1989, 1992; FULLER & COLE, 1988; SALMINEN, 1998; TANNOCK, 1986, 1990, 1995 e 2003). Seguindo esta linha de raciocínio, este trabalho se propôs a avaliar a capacidade de proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus spp.) contra um enteropatógeno bacterianos (Salmonella enterica sorovar Typhimurium), em camundongos, verificando as lesões histológicas promovidas nos animais. MATERIAL E MÉTODOS 1. Microrganismos Características Morfo-tintoriais, Bioquímicas e Fisiológicas dos Microrganismos Isolados Numa placa contendo em torno de 100 unidades formadoras de colônia (UFC), as colônias morfologicamente diferentes e mais significativas do ponto de vista populacional foram repicadas, a partir do ágar MRS (Difco), no mesmo meio. A partir de colônias, de cada amostra, que apresentaram aspectos morfológicos distintos foram feitos esfregaços em lâminas para coloração pelo método de Gram. Além disto, a partir dessas mesmas colônias foram feitos testes de catalase em lâmina, utilizando-se H2O2 (30%). Aqueles que se apresentaram como Gram-positivo e catalase negativa, sugestivos de pertencerem ao gênero Lactobacillus, foram submetidos à identificação, utilizando técnicas de biologia molecular (PCR-ARDRA). Purificação e Manutenção dos Microrganismos Isolados Os microrganismos isolados e avaliados pelas características morfo- tintoriais, bioquímicas e fisiológicas e pelo teste respiratório foram inoculados em 5 mL de caldo MRS (Difco), sendo em seguida incubados em anaerobiose, à 37ºC durante 48 horas. Após o crescimento, uma alíquota de 500 µL de cada tubo foi transferida para tubo eppendorf e adicionada de glicerol esterilizado (50 µL), sendo, em seguida, congelados a - 18ºC e -86ºC, para posterior utilização, quando necessário. O restante dos cultivos foi destinado às análises baseadas em técnicas de biologia molecular, com a finalidade de identificação das espécies isoladas. Ativação das culturas Amostras de Lactobacillus spp. isoladas a partir do TGI dos suínos (Sus scrofa domesticus), oriundos de criação intensiva, e pré-identificadas pelo perfil de fermentação de carboidratos (kit API 50 CHL, BioMérieux, Marcy l’Etoile, France), foram descongeladas e inoculadas (200 µL) em caldo MRS (Difco). O meio foi incubado, sob condições de anaerobiose, a 37ºC, durante 48 horas. Após cinco passagens em caldo, 50 µL de cada amostra foram repicados em ágar MRS (Difco), por três métodos diferentes: pour- plate, espalhamento com auxílio da alça de Drigalski e estria. Então, as placas foram incubadas em anaerobiose, sendo mantidas a 37ºC, durante 48 horas. Para a realização do teste a seguir, foram escolhidos seis microrganismos entre o grupo de doze os quais apresentaram crescimento satisfatório em aerobiose dos trinta e um isolados e identificados como Lactobacillus, sendo três originados de animais recém-desmamados (21 dias) e três originados de animais jovens/terminados (140 dias). Estas linhagens alcançaram melhores
  • 4. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 4 resultados nos testes anteriores de crescimento, viabilidade e manutenção (estocagem) em função da atmosfera e do meio de cultura a partir de vinhoto de cana-de- açúcar suplementado com diferentes fontes de carbono e nitrogênio. Dessa forma, os microrganismos de interesse probiótico escolhidos para os demais testes foram:  06 J - Lactobacillus mucosae  14 J - Lactobacillus ruminis  18 J - Lactobacillus johnsonii  08 A - Lactobacillus salivarius  11 A - Lactobacillus reuteri  13 A - Lactobacillus acidophilus 2. Animais Animais Isentos de Germes (IG) Foram usados camundongos isentos de germes (NIH) de 21 dias de idade, de ambos os sexos, derivados de um núcleo de reprodução de camundongos provenientes da Taconic Farms (Germantown, USA), propagados no biotério de Gnotobiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, mantidos em isoladores flexíveis do tipo Trexler (Standard Safety Equipment Company, McHenry, USA) e manuseados de acordo com técnicas já estabelecidas (PLEASANTS, 1974) e adaptadas às nossas condições (SILVA, 1986). Para os experimentos, os animais foram mantidos em microisoladores (UNO Roestvaststaal BV, Zevenaar, Netherland) e receberam “ad libitum”, ração “Nuvilab” comercializada pela Nuvital (Curitiba, PR) e água esterilizados por calor úmido. Manejo dos Animais A manutenção, e o manejo dos animais nos experimentos foram conduzidos respeitando-se o “Guide for the care and use of laboratory animals” – National Research Concil, Institute of Laboratory Animal Resources, Washington, D.C., National Academy Press, 1996. 3. Desenho Experimental Os níveis populacionais bacterianos (UFG/g) foram determinados nas fezes dos camundongos GN controles e experimentais. Dois grupos de camundongos GN, sendo um grupo controle e um grupo experimental (previamente monoassociados por dez dias com as bactérias lácticas), com cinco ou dez animais em cada grupo, foram inoculados intragastricamente com 0,1 mL de uma suspensão contendo células viáveis da bactéria patogênica (S. Typhimurium). Ao final de seis dias de desafio, os animais que não apresentaram morte pela infecção foram sacrificados por deslocamento cervical para exames anatomopatológicos. Análises Durante o período de monoassociação e após o desafio com a bactéria patogênica, as fezes dos camundongos GN experimentais e controles foram colhidas sob estimulação anal. As fezes foram então pesadas e submetidas a diluições decimais em salina tamponada esterilizada. Alíquotas de 0,1 mL das diluições adequadas foram semeadas em ágar MacConkey (Difco) para enumeração de S. Typhimurium. Para contagem das bactérias lácticas, alíquotas de 0,1 mL foram incorporadas em ágar MRS (Difco). A incubação foi feita a 37ºC por 24-48 horas para as enumerações bacterianas. A mortalidade acumulada foi anotada durante os experimentos. Exame Anatomopatológico Amostras das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato digestivo (cólon e íleo) dos camundongos, controles e experimentais, que foram sacrificados no final dos experimentos, foram submetidos a um exame anatomopatológico. As amostras foram fixadas em formaldeído 4% e processadas para a inclusão e microtomia em parafina. Foram executados cortes de 3 a 5 micrômetros de espessura, posteriormente corados pela Hematoxilina-Eosina (HE). Os fragmentos das amostras codificadas foram observados sequencialmente por uma mesma
  • 5. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 5 patologista que não teve acesso ao significado dos códigos. As amostras foram decodificadas somente após o laudo ter sido emitido pela patologista. RESULTADOS E DISCUSSÃO Exame Anatomopatológico de Animais Não-Infectados por S. Typhimurium e Associados com Lactobacillus spp. Amostras das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato digestivo (cólon, ceco e íleo) dos camundongos GN, controles e experimentais, que foram sacrificados no final dos experimentos citados anteriormente, foram submetidos a um exame anatomopatológico pela patologista Profa. Dra. Denise Carmona Cara Machado do Departamento de Patologia Geral/ICB/UFMG. Nesta etapa, foram analisadas lâminas histológicas dos seguintes órgãos: fígado, íleo, cólon, ceco e baço, de camundongos gnotobióticos não-infectados com Salmonella enterica sorovar Typhimurium e que receberam por via oral inóculos dos microrganismos selecionados anteriormente 06 J - Lactobacillus mucosae; 14 J - Lactobacillus ruminis; 18 J - Lactobacillus johnsonii; 08 A - Lactobacillus salivarius; 11 A - Lactobacillus reuteri; 13 A - Lactobacillus acidophilus, ver Tabela a seguir. Segundo laudo histopatológico, os tratamentos com os probióticos não alteraram a estrutura histológica do cólon. Os fragmentos de cólon de todos os grupos apresentaram-se com mucosa íntegra, aspecto glandular normal, epitélio contínuo e células caliciformes em número normal. Da mesma forma, houve manutenção da integridade morfológica do ceco. Em todas as porções intestinais verificadas, as regiões da submucosa apresentaram-se com tamanho semelhante aos do grupo controle, ou seja, sem edema ou infiltrado inflamatório. Provavelmente por problemas técnicos, todos os fragmentos de íleo foram difíceis de serem analisados. Os tratamentos com probióticos não modificaram a estrutura do fígado dos camundongos. O parênquima mostrou-se preservado, sem infiltrado inflamatório ou sinais de degeneração hepática. O baço de todos os grupos não infectados mostrou-se com polpa branca e vermelha dentro dos padrões normais de camundongos. Determinação do Efeito das Bactérias Lácticas na Colonização Intestinal por S. Typhimurium em Camundongos Gnotoxênicos (GN) – Exame Anatomopatológico Foram analisadas lâminas histológicas dos seguintes órgãos: fígado, íleo, cólon, ceco e baço, de camundongos GN (não-infectados / controle) e infectados com S. Typhimurium após 5 dias. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela a seguir. Verificou-se que, após 5 dias de infecção com S. Typhimurium, a estrutura da mucosa do cólon foi completamente alterada. Houve destruição da mucosa, com lesão epitelial e intenso infiltrado inflamatório neutrofílico. A mucosa ficou levemente preservada quando do tratamento com os probióticos 06 J - Lactobacillus mucosae; 14 J - Lactobacillus ruminis e 18 J - Lactobacillus johnsonii. Os tratamentos com 11 A - Lactobacillus reuteri e 13 A - Lactobacillus acidophilus foram mais eficazes em melhorar a lesão da mucosa colônica induzida pela infecção. Da mesma forma, apenas esses últimos probióticos diminuíram a intensidade do infiltrado inflamatório na mucosa e submucosa colônica. A infecção promoveu edema nas vilosidades do ceco e infiltrado inflamatório predominantemente de neutrófilos. Nenhum tratamento reduziu o edema, porém houve uma leve redução do infiltrado inflamatório no grupo tratado com probiótico 11 A - L. reuteri. O íleo de camundongos infectados, sem tratamento, apresentou edema nas vilosidades, não houve infiltrado inflamatório evidente. O edema foi menor quando do tratamento com os probióticos 06 J – L. mucosae; 18 J – L. johnsonii; 11 A – L. reuteri e 13 A – L. acidophilus.
  • 6. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 6 Nesse tempo de infecção, nota-se a presença de poucos focos inflamatórios no fígado, predominantemente de neutrófilos e macrófagos. Apenas o tratamento com o probiótico 11 A - L. reuteri foi capaz de reduzir o número de focos inflamatórios no fígado. No baço, nota-se aumento do espaço interfolicular com presença de células inflamatórias. Da mesma forma, os folículos apresentaram-se levemente aumentados. O baço de camundongos tratados com o probiótico 11 A - L. reuteri mostrou-se com arquitetura normal. As Figuras de número 1 a 5 com os cortes histológicos realizados nos órgãos de camundongos, os quais receberam inoculo do 11 A - L. reuteri, e que apresentou melhores resultados. Tabela 1. Exame anatomopatológico de animais não-infectados por S. Typhimurium e associados com Lactobacillus spp.
  • 7. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 7 Figura 1. Fotomicrografia de colon de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado com 11 A - L. reuteri (B). Notar o infiltrado inflamatório na submucosa (seta) Barra = 50 mm
  • 8. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 8 Figura 2. Fotomicrografia de ceco de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado com probiótico 11 A - L. reuteri (B). Notar o intenso infiltrado inflamatório na mucosa (seta longa) em A e (seta curta) edema na submucosa nos dois grupos. Barra = 50 mm
  • 9. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 9 Figura 3. Fotomicrografia de íleo de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado com probiótico 11 A - L. reuteri (B). Notar a erosão epitelial (seta longa), edema e infiltrado inflamatório na mucosa e submucosa (seta longa) em A. Barra = 50 mm
  • 10. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 10 Figura 4. Fotomicrografia de fígado de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado com probiotico 11 A - L. reuteri (B). Notar focos inflamatórios no parênquima dos dois grupos experimentais (seta longa) Barra = 25mm
  • 11. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 11 Figura 5. Fotomicrografia de baço de camundongo infectado com Salmonella Typhimurium não tratado (A) e tratado com probiótico 11 A - L. reuteri (B). Notar a presença de células inflamatórias entre os folículos linfóides nos dois grupos experimentais (seta longa) Barra = 50 mm
  • 12. ISSN 2318-4752 – Volume 6, N1, 2018 12 CONCLUSÃO De acordo com os dados obtidos, algumas amostras de microrganismos isolados do conteúdo fecal de suínos se destacam quando o objetivo almejado é a utilização para a elaboração de produtos probióticos que poderão ser administrados via oral para os animais, logo após o nascimento, durante o desmame (creche) e em outras fases da cadeia produtiva. Em relação ao exame anatomopatológico de animais não-infectados por Salmonella Typhimurium, todos os tratamentos com os candidatos a probióticos não alteraram a estrutura histológica dos órgãos analisados, ou seja, dentro dos padrões normais de camundongos. Quando se verificou a determinação do efeito das bactérias lácticas na colonização intestinal por S. Typhimurium em camundongos gnotoxênicos (GN), as amostras das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato digestivo (cólon, ceco e íleo) dos camundongos GN, controles e experimentais, que foram sacrificados no final dos experimentos citados anteriormente, foram submetidos a um exame anatomopatológico. O tratamento com L. reuteri - 11 A foi mais eficaz em melhorar a lesão das vísceras (baço e fígado) e de porções do trato digestivo (cólon, ceco e íleo) induzida pela infecção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FULLER, R. Probiotics in man and animals. J. Appl. Bacteriol., v. 66, p. 365-378, 1989. FULLER, R. Probiotics. The scientific basis, London: Chapman & Hall, 328 p., 1992. FULLER, R.; COLE, C.B. The Scientific Basic of the Probiotic Concept. In: Probiotic: Theory and Applications. Marlows: Chalcombe Publications, p. 1-14, 1988. PLEASANTS, J.R. Gnotobiotics. In: Melby Jr., E.C., Altmann, N.H. Handbook of Laboratory Animal Science, Cleveland: CRC Press, p. 119-174, 1974. SALMINEN, S. Clinical applications of probiotic bacteria. Int. Dairy J., v. 8, p. 563- 572, 1998. SILVA, M.E. Modelos experimentais para o estudo de doença de Chagas, camundongos e ratos isentos de germes e convencionais, Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, 1986, Dissertação (Mestrado). TANNOCK, G.W. Microbial interactions and influences in gastrointestinal tract. Lactobacilli and the gastrointestinal tract. Proc. IV ISME, p. 526-532, 1986. TANNOCK, G. W. More than a smell: the complexity of the normal microflora. In: TANNOCK, G. W. (Ed.). Normal Microflora. An Introduction to Microbes Inhabiting the Human Body. New Zealand: Chapman & Hall., p. 1- 36, 1995. TANNOCK, G.W. Probiotics and prebiotics: where we are going? Wymondham: Caister Academic Press. 54 p., 2003. TANNOCK, G.W.; FULLER, R.; PEDERSEN, K. Lactobacillus succession in the piglet digestive tract demonstrated by plasma profiling. Appl. and Environ. Microbiol., v. 56, p. 1310-1316, 1990. ____________________________________ 1 - Graduação em Ciências Biológicas. Professor Adjunto do Departamento de Morfologia (DMO – CCBS) da Universidade Federal de Sergipe - UFS, Brasil. E-mail: flaviobarbosaufs@gmail.com 2 - Graduação em Fisioterapia. Mestrado em Microbiogia. Departamento de Microbiologia (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil. 3 - Graduação em Medicina Veterinária. Departamento de Microbiologia (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil. 4 - Graduação em Enfermagem. Professor Adjunto do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Brasil.