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TESTE DE ANTAGONISMO IN VITRO DE MICRORGANISMOS PRODUTORES DE
ÁCIDO LÁCTICO (Lactobacillus spp.) ISOLADOS DAS FEZES DE SUÍNOS (Sus
scrofa domesticus) FRENTE A MICRORGANISMOS INDICADORES
IN VITRO ANTAGONISM TEST OF LACTIC ACID PRODUCING MICRO-ORGANISMS (Lactobacillus
spp.) ISOLATED FROM SWINE FEES (Sus scrofa domesticus) IN FRONT OF INDICATOR MICRO-
ORGANISMS
FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA1; FELIPE HENRIQUE SILVA BAMBIRRA2; LEANDRO
HENRIQUE SILVA BAMBIRRA3; RUBENS ALEX DE OLIVEIRA MENEZES4
RESUMO
A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os
profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. A produção mundial de suínos cresceu e o Brasil
teve um aumento significativo nas exportações de carne suína. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha
produtiva, com a geração de lucros, promotores de crescimento têm sido incorporados às rações, com objetivo de
melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução
do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes
produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como
consequências desta suplementação. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura
incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Seguindo esta linha de raciocínio, este
trabalho se propôs a avaliar a capacidade de proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus spp.) contra enteropatógenos
bacterianos, verificando a inibição do crescimento de patógenos in vitro. De acordo com a característica probiótica
estudada (antagonismo in vitro), algumas amostras de microrganismos isolados do conteúdo fecal de suínos se destacam
quando o objetivo almejado é a utilização para a elaboração de produtos probióticos que poderão ser administrados via
oral para os animais, logo após o nascimento, durante o desmame (creche) e em outras fases da cadeia produtiva. Todos
apresentaram bons resultados de inibição do desenvolvimento das amostras de bactérias utilizadas como reveladoras se
mostrando efetivos contra os patógenos testados, porém, L. johnsonii - 18 J e L. reuteri - 11 A apresentaram efeito
antagonista contra espécie relacionada (Lactobacillus acidophilus), sugerindo a produção de substâncias antagonistas,
por exemplo, bacteriocinas.
PALAVRAS-CHAVE: Lactobacillus, bactérias lácticas, suínos, probiótico.
ABSTRACT
The production of healthy and nutritious food in large quantities has become a challenge for all professionals who work
with the entire food production chain. World swine production grew and Brazil saw a significant increase in exports. In
order for the pig breeding activity to remain productive, with the generation of profits, growth promoters have been
incorporated into the rations, with the objective of improving the digestive process and the zootechnical performance of
the animals, resulting in greater weight gain and reduced number of diseases. However, in recent years there has been
an increase in awareness about the excessive use of these products, as well as the possible health disorders of these
animals and man, as consequences of this supplementation, have become evident. The alternatives available to replace
antimicrobials in pig farming include the use of probiotics, prebiotics, symbiotics and herbal agents. Following this line of
reasoning, this work aimed to evaluate the protection capacity of lactic acid bacteria (Lactobacillus spp.) Against bacterial
enteropathogens, verifying the inhibition of the growth of pathogens in vitro. According to the probiotic characteristic studied
(antagonism in vitro), some samples of microorganisms isolated from the faecal content of swine stand out when the aim
is to use probiotic products that can be administered orally to the animals, right after birth, during weaning (day care) and
at other stages of the production chain. All of them showed good results in inhibiting the development of the samples of
bacteria used as developers, proving effective against the pathogens tested, however, L. johnsonii – 18 J and L. reuteri –
11 A showed an antagonistic effect against related species (Lactobacillus acidophilus), suggesting the production of
antagonistic substances, for example, bacteriocins.
KEYWORDS: Lactobacillus, lactic bacteria, swine, probiotic.
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INTRODUÇÃO
A produção de alimentos saudáveis e
nutritivos em grande quantidade tem se
tornado um desafio para todos os profissionais
que trabalham com toda a cadeia produtiva
alimentícia. Estimativas indicam que o
suprimento de alimentos necessários para
atender aos requerimentos nutricionais da
população humana durante os próximos
quarenta anos equivale à quantidade
previamente produzida ao longo de toda a
história. Para atender a esta grande demanda
de alimentos de origem animal, os
pesquisadores têm se esforçado na busca de
novas tecnologias a fim de aumentar a
eficiência e a produtividade dos animais de
criação.
A suinocultura é um dos setores
agropecuários que mais tem crescido nas
últimas décadas. Segundo dados da
EMBRAPA, a produção de carne suína no
Brasil vem crescendo mais 5% ao ano desde
o ano de 2006. A produção mundial de suínos
cresceu sistematicamente nos últimos 30
anos e o Brasil teve um aumento significativo
nas exportações de carne suína, chegando à
quarta colocação mundial e, atualmente, esse
produto pode ser encontrado até na Rússia. A
este fato, associa-se um marcante aumento
no comércio e consumo de carne de suínos
em todo o mundo, sendo que sua produção
está rapidamente se expandindo em muitos
países em desenvolvimento, como o Brasil, o
que faz aumentar o rigor no manejo dos
animais e na produção da carne.
Para que a atividade de criação de
suínos se mantenha produtiva, com a geração
de lucros, muitos aditivos (incluindo
promotores de crescimento, como drogas
antimicrobianas) têm sido incorporados às
rações, com objetivo de melhorar o processo
digestivo e o desempenho zootécnico dos
animais, resultando em maior ganho de peso
e redução do número de doenças. Entretanto,
nos últimos anos tem aumentado a
conscientização sobre o uso excessivo destes
produtos, bem como se tornado evidente os
possíveis transtornos à saúde destes animais
e do homem, como consequências desta
suplementação.
Os antimicrobianos promotores de
crescimento podem alterar a microbiota do
trato digestivo e deprimir os mecanismos de
defesa dos animais, além de deixar resíduos
indesejáveis à saúde do homem na carne.
Além disso, a presença de concentrações
baixas de antimicrobianos pode ser
responsável pelo aumento dos fenômenos de
resistência bacteriana aos mesmos.
Recentemente, novos microrganismos
resistentes a uma ou várias drogas
antimicrobianas têm surgido e sido motivo de
preocupação para a saúde pública mundial.
Estes microrganismos modificados podem se
difundir pelo meio ambiente e estarem
presentes na carne dos animais.
Por causa destas evidências, a
ausência de microrganismos potencialmente
patogênicos e a ausência de resíduos de
produtos químicos têm se tornado os
principais indicadores de qualidade da carne
de suínos, bem como de outros alimentos.
Assim, a suinocultura brasileira precisará se
adaptar às futuras normas de comércio
internacional, pois alguns países
importadores, principalmente da União
Europeia, não mais aceitarão adquirir carne
de suínos oriunda de produtores que utilizam
antimicrobianos para aumentar os índices de
produtividade de seus plantéis.
Assim, tem gerado a necessidade de se
buscar alternativas que possam promover os
mesmos efeitos de produtividade
relacionados ao uso dos aditivos alimentares,
porém, sem causar as mesmas
consequências indesejáveis destes. Além
disto, ainda existem prejuízos relacionados ao
impacto econômico da retirada destas drogas
antimicrobianas da alimentação de suínos.
Isto representa aumento nos custos de
produção, sendo, principalmente, causados
por aumento no consumo de ração e no
período de ocupação dos galpões, menos
ciclos produtivos por ano, além de mais gastos
com a mão-de-obra.
As alternativas disponíveis para
substituição dos antimicrobianos na
suinocultura incluem a utilização de
probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes
fitoterápicos. Dentre estas, a utilização dos
microrganismos probióticos constitui uma
ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016
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perspectiva extremamente interessante, pois
as próprias bactérias benéficas da microbiota
intestinal dos animais poderiam ser
empregadas em substituição aos
antimicrobianos. Nestes casos, estes
microrganismos poderiam favorecer o
equilíbrio do ecossistema gastrintestinal, o
que seria refletido em melhoria da saúde e
boa produtividade. Trabalhos científicos têm
sido conduzidos tentando avaliar a eficiência
da utilização dos probióticos, em substituição
aos produtos químicos, para modular a saúde
de suínos comerciais e proporcionar um
ganho de peso adequado. Bactérias do
gênero Lactobacillus são os principais
microrganismos desejáveis encontrados em
grandes quantidades por todo o trato
gastrintestinal (TGI) de suínos, mostrando ser
fortes candidatas como probióticos para estes
animais.
Seguindo esta linha de raciocínio, este
trabalho se propôs a avaliar a capacidade de
proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus
spp.) contra enteropatógenos bacterianos,
verificando a inibição do crescimento de
patógenos in vitro.
MATERIAL E MÉTODOS
1. Microrganismos
Características Morfo-tintoriais,
Bioquímicas e Fisiológicas dos
Microrganismos Isolados
Numa placa contendo em torno de 100
unidades formadoras de colônia (UFC), as
colônias morfologicamente diferentes e mais
significativas do ponto de vista populacional
foram repicadas, a partir do ágar MRS (Difco),
no mesmo meio. A partir de colônias, de cada
amostra, que apresentaram aspectos
morfológicos distintos foram feitos esfregaços
em lâminas para coloração pelo método de
Gram. Além disto, a partir dessas mesmas
colônias foram feitos testes de catalase em
lâmina, utilizando-se H2O2 (30%). Aqueles
que se apresentaram como Gram-positivo e
catalase negativa, sugestivos de pertencerem
ao gênero Lactobacillus, foram submetidos à
identificação, utilizando técnicas de biologia
molecular (PCR-ARDRA).
Purificação e Manutenção dos
Microrganismos Isolados
Os microrganismos isolados e
avaliados pelas características morfo-
tintoriais, bioquímicas e fisiológicas e pelo
teste respiratório foram inoculados em 5 mL
de caldo MRS (Difco), sendo em seguida
incubados em anaerobiose, à 37ºC durante 48
horas. Após o crescimento, uma alíquota de
500 µL de cada tubo foi transferida para tubo
eppendorf e adicionada de glicerol esterilizado
(50 µL), sendo, em seguida, congelados a -
18ºC e -86ºC, para posterior utilização,
quando necessário. O restante dos cultivos foi
destinado às análises baseadas em técnicas
de biologia molecular, com a finalidade de
identificação das espécies isoladas.
Ativação das culturas
Amostras de Lactobacillus spp.
isoladas a partir do TGI dos suínos (Sus scrofa
domesticus), oriundos de criação intensiva, e
pré-identificadas pelo perfil de fermentação de
carboidratos (kit API 50 CHL, BioMérieux,
Marcy l’Etoile, France), foram descongeladas
e inoculadas (200 µL) em caldo MRS (Difco).
O meio foi incubado, sob condições de
anaerobiose, a 37ºC, durante 48 horas. Após
cinco passagens em caldo, 50 µL de cada
amostra foram repicados em ágar MRS
(Difco), por três métodos diferentes: pour-
plate, espalhamento com auxílio da alça de
Drigalski e estria. Então, as placas foram
incubadas em anaerobiose, sendo mantidas a
37ºC, durante 48 horas.
Para a realização do teste a seguir,
foram escolhidos seis microrganismos entre o
grupo de doze os quais apresentaram
crescimento satisfatório em aerobiose dos
trinta e um isolados e identificados como
Lactobacillus, sendo três originados de
animais recém-desmamados (21 dias) e três
originados de animais jovens/terminados (140
dias). Estas linhagens alcançaram melhores
resultados nos testes anteriores de
crescimento, viabilidade e manutenção
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(estocagem) em função da atmosfera e do
meio de cultura a partir de vinhoto de cana-de-
açúcar suplementado com diferentes fontes
de carbono e nitrogênio. Dessa forma, os
microrganismos de interesse probiótico
escolhidos para os demais testes foram:
 06 J - Lactobacillus mucosae
 14 J - Lactobacillus ruminis
 18 J - Lactobacillus johnsonii
 08 A - Lactobacillus salivarius
 11 A - Lactobacillus reuteri
 13 A - Lactobacillus acidophilus
2. Teste de Antagonismo in vitro dos
Microrganismos Produtores de Ácido
Láctico (Lactobacillus spp.) Isolados das
Fezes de Suínos (Sus scrofa domesticus)
Frente a Microrganismos Indicadores
O teste in vitro para verificar a produção
de substâncias inibitórias difusíveis foi
realizado pelo método da dupla camada,
adaptado a partir de NARDI et al., (1999) e
SILVA et al., (2001). O teste de antagonismo
in vitro foi realizado em duplicata para cada
amostra avaliada, de acordo com a técnica
adaptada de susceptibilidade a
antimicrobianos, descrita originalmente por
TAGG et al. (1976).
Dentre as amostras isoladas e
escolhidas para este trabalho, todas as seis
espécies foram selecionadas para
participarem do teste de antagonismo in vitro
como produtoras de substância antagonista
frente a reveladoras, amostras de patógenos
de referência (Salmonella enterica e
Escherichia coli) e uma espécie relacionada
(Lactobacillus acidophilus), a fim de verificar
possíveis atividades inibitórias entre as
mesmas.
As bactérias ácido-lácticas utilizadas
como amostras produtoras de substâncias
antagonistas foram cultivadas em caldo MRS,
incubando-se a 37oC, durante 24 horas, sob
anaerobiose. Após duas ativações, 5 µL de
cada cultivo de microrganismo foram
colocados sobre a superfície de uma placa de
Petri, contendo ágar MRS (Difco), que foi
incubado, sob anaerobiose, a 37ºC, durante
48 horas. Após este período, as placas foram
retiradas da câmara de anaerobiose e foi
colocado clorofórmio nas tampas, deixando-
se agir por 30 minutos. Com isto, esperou-se
eliminar os microrganismos que cresceram e
possibilitar apenas a presença das supostas
substâncias inibidoras. A seguir, foram
colocados 3,5 mL de ágar MRS (Difco) semi-
sólido (0,75 % de ágar), contendo as bactérias
reveladoras isoladas anteriormente; ou 3,5 mL
de ágar BHI (Oxoid, Basingstoke, England)
semi-sólido (0,75 % de ágar), contando as
amostras de referência que foram
selecionadas como reveladoras: Escherichia
coli ATCC 25723; Lactobacillus acidophilus
ATCC 4356 e Salmonella enterica sorovar
Typhimurium (pertencentes à coleção de
amostras do Laboratório de Ecologia e
Fisiologia de Microrganismos do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Minas Gerais). Todos os microrganismos
reveladores foram ativados duas vezes,
previamente, sendo cultivados, a 37 ºC,
durante 24 horas, sob anaerobiose
(Lactobacillus spp.) ou aerobiose (patógenos
de referência). Após crescimento dos
microrganismos incubados nos caldos
anteriores, 10 µL dos mesmos foram
transferidos para o ágar semi-sólido, que foi
então vertido sobre as placas de ágar MRS
(Difco), após os 30 minutos de ação do
clorofórmio. As placas foram incubadas a
37ºC, durante 24 horas, sob aerobiose ou
anaerobiose, dependendo da característica
de cultivo da amostra reveladora. Então, a
leitura dos halos de inibição foi feita com o uso
de paquímetro digital (Mitutoyo Digimatic
Caliper, Mitutoyo Sul Americana Ltda).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teste in vitro para verificar a produção
de substâncias inibitórias difusíveis foi
realizado pelo método de difusão em dupla
camada, adaptado a partir de Nardi et al.,
(1999) e Silva et al., (2001). O teste de
antagonismo in vitro foi realizado em duplicata
para cada amostra avaliada, de acordo com a
técnica adaptada de susceptibilidade a
antimicrobianos, descrita originalmente por
Tagg et al. (1976).
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Dentre as amostras isoladas e
escolhidas para este trabalho, todas as seis
espécies foram selecionadas para
participarem do teste de antagonismo in vitro
como produtoras de substância antagonista
frente a reveladoras, amostras de patógenos
de referência (Salmonella enterica sorovar
Typhimurium e Escherichia coli ATCC 25723)
e uma espécie relacionada (Lactobacillus
acidophilus ATCC 4356), a fim de verificar
possíveis atividades inibitórias entre
microrganismos correlatos. A escolha da S.
enterica sorovar Typhimurium e da E. coli
dizem respeito à importância e relevância
destes microrganismos, quando patógenos na
suinocultura, levando os animais a quadros
diarreicos graves em alguns estágios de vida.
Os resultados dos testes de
antagonismo in vitro são apresentados na
Tabela 1. Esta análise foi realizada com os
seis microrganismos selecionados
anteriormente. Observando os dados contidos
na Tabela 1, pode-se verificar que os
microrganismos isolados do conteúdo fecal de
suínos jovens e adultos, em conjunto,
apresentaram atividade antagonista frente a
todas as bactérias utilizadas como
reveladoras. Verifica-se, também, grande
oscilação dos resultados, caracterizando este
tipo de determinação como muito instável.
Pelo fato da microbiota intestinal
constituir um ecossistema altamente
competitivo, a produção de substâncias
antagonistas por seus componentes,
principalmente Lactobacillus representa uma
vantagem ecológica no controle dos níveis
populacionais de outras espécies patogênicas
ou não. Devido a esta característica desejável
para a seleção de uma linhagem probiótica,
atualmente, os lactobacilos de origem
intestinal também têm sido utilizados na
fabricação de alimentos fermentados,
suplemento alimentar e de produtos
farmacêuticos, para uso humano e veterinário
(NAIDU et al., 1999).
Pode-se observar que a amostra 14 J
(Lactobacillus ruminis) foi a espécie que
apresentou halos de inibição médios maiores
em relação às outras amostras produtoras
testadas. As amostras 18 J (Lactobacillus
johnsonii) e 11 A (Lactobacillus reuteri) foram
aquelas que apresentaram efeito inibidor
frente às bactérias reveladoras utilizadas,
inclusive microrganismo do mesmo gênero,
sugerindo a possibilidade de substâncias
antagonistas tipo bacteriocinas. Estas
amostras, em relação aos resultados destes
testes de antagonismo in vitro, seriam aquelas
indicadas como prováveis probióticos.
Tabela 1. Resultados (diâmetros de halos de inibição
em milímetros) do antagonismo in vitro de Lactobacillus
spp. isolados do conteúdo fecal de suínos recém-
desmamados e terminados frente a microrganismos
indicadores.
As atividades antagonistas observadas
in vitro são geralmente explicadas por
diferentes mecanismos: produção de ácidos
orgânicos, peróxido de hidrogênio, dióxido de
carbono ou bacteriocinas (EDENS, 2003).
Dentre estas formas de inibição, a produção
de ácido láctico talvez seja a mais importante
no caso dos microrganismos estudados deste
trabalho, pois as bactérias avaliadas eram
produtoras deste ácido. Quando ácido láctico
e outros ácidos (butírico, propiônico e acético)
são produzidos por estes microrganismos,
eles alteram o metabolismo das bactérias
sensíveis, causando um efeito bacteriostático
ou bactericida (SALMINEM, 1998).
A fermentação dos carboidratos pelos
Lactobacillus spp. resulta na produção de
ácidos orgânicos. Isto pode ser uma das
explicações para os fenômenos de
antagonismo deste estudo, principalmente no
que diz respeito à eliminação dos patógenos.
A atividade antimicrobiana destes ácidos é
decorrente de vários fatores, entre os quais a
drástica redução de pH do meio a valores
incompatíveis com o crescimento da maioria
dos microrganismos patogênicos, sendo que
as bactérias láticas, por serem acidófilas,
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resistem bem a estes baixos valores. A
atividade antimicrobiana dos ácidos lático e
acético é, em parte, devido ao fato de que
estes ácidos na forma não dissociada podem
atravessar a membrana celular microbiana
reduzindo o pH intracelular, que irá interferir
com importantes funções metabólicas como a
translocação de substratos e a fosforilação
oxidativa (NAIDU et al.,1999). O ácido acético
apesar de ser produzido em menores
concentrações do que o ácido lático possui um
efeito inibitório mais acentuado, uma vez que
sua constante de dissociação é maior do que
a do ácido lático (PIARD & DESMAZEAUD,
1992).
Foi constatado também, que o
crescimento dos Lactobacillus spp. em
condições de aerobiose leva a formação de
metabólitos do oxigênio como o ânion
superóxido (O2
-), peróxido de hidrogênio
(H202), e radicais hidroxila (OH-), que
constituem os principais fatores responsáveis
pela toxicidade do oxigênio. Como os
Lactobacillus spp. não sintetizam catalase, o
H202 produzido acumular-se-á, podendo,
então, inibir os microrganismos que não
possuem esta enzima. Algumas das possíveis
ações deletérias podem incluir a oxidação dos
compostos sulfidrílicos celulares, além da
peroxidação dos lipídeos de membrana e
injúrias nos ácidos nucleícos bacterianos
(PIARD & DESMAZEAUD, 1991,
VANDENBERG, 1993). Porém, nas condições
de anaerobiose em que o experimento foi
realizado este fato é improvável de ter
ocorrido. Quando os microrganismos
produzem diacetil, ocorre interferência com
utilização de arginina e a presença de dióxido
de carbono cria um ambiente de anaerobiose,
inibindo a descarboxilação (SARRA, 1992;
SALMINEM E VON WRIGHT, 1993).
Outra provável explicação para os
fenômenos observados, seria a presença ou
produção de compostos de natureza protéica
produzidos por Lactobacillus spp. que foram
purificados e caracterizados em outros
estudos e compartilham algumas
características comuns. Dentre estas, o
pequeno tamanho com massa molecular
menor do que 1 KDa e a estrutura química
heterocíclica ou aromática, além do amplo
espectro de ação antimicrobiana frente às
bactérias Gram-positivo, Gram-negativo e
fungos. Das substâncias de natureza não
protéica descritas na literatura destaca-se a
reuterina (β-hidroxipropanaldeído) produzida
por Lactobacillus reuteri, mesma espécie
utilizada neste experimento. Sua atividade
antimicrobiana é ampla, sendo capaz de inibir
diversos microrganismos de interesse em
saúde pública, como Salmonella spp.,
Shigella spp., Clostridium spp.
Staphylococcus spp., Listeria spp., leveduras,
fungos filamentosos e protozoários
(TALARICO et al., 1988).
Existe ainda, além destes já citados,
uma extensa gama de substâncias inibidoras
que podem ser produzidas por
microrganismos Gram-positivo. Dentre estas
substâncias produzidas, as bacteriocinas são,
atualmente, as mais estudadas, devido à
grande potencialidade de sua aplicação
biotecnológica na indústria de alimentos.
Estas constituem um grupo heterogêneo de
peptídeos ou proteínas que variam muito
quanto ao seu espectro antimicrobiano,
propriedades bioquímicas, mecanismo de
ação e características genéticas, que são
sintetizadas no ribossomo bacteriano (PIARD
& DESMAZEAUD, 1992). Isto as diferencia
dos antibióticos peptídicos de origem
microbiana, que se originam da condensação
enzimática de aminoácidos livres, como a
gramicidina S, bacitracina A e polimixina
(KOLTER & MORENO, 1992).
Com relação às bactérias láticas, o
gênero Lactobacillus é considerado um dos
mais bacteriocinogênicos, provavelmente
devido a sua enorme diversidade de espécies
e hábitat, sendo que a maioria das
bacteriocinas estudadas origina-se de
isolados de produtos lácteos e cárneos, de
vegetais fermentados e, também da
microbiota do homem e animais
(KLAENHAMMER,1999).
As bacteriocinas de bactérias láticas
compartilham inúmeras características
comuns, como o mecanismo de ação
antimicrobiana, além de características físico-
químicas, como a estabilidade a altas
temperaturas e a valores de pH ácidos e
neutros, o que pode torná-las úteis em
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aplicações tecnológicas. A atividade
antimicrobiana da bacteriocina é mantida em
temperaturas similares a aquelas
normalmente utilizadas na indústria de
alimentos e em valores de pH ácidos de
produtos fermentados (MAGRO et al., 2000).
Em relação ao espectro de atividade
antimicrobiana, alguns Lactobacillus spp.
produzem bacteriocinas contra linhagens da
mesma espécie ou de bactérias
taxonomicamente relacionadas, que
competem pelo mesmo hábitat ecológico,
enquanto outros possuem um espectro de
atividade antimicrobiana mais amplo,
incluindo bactérias Gram-positivo,
notadamente aquelas responsáveis pela
deterioração de alimentos e intoxicação
alimentar (KLAENHAMMER, 1988).
Embora linhagens bacteriocinogênicas
possuam capacidade genética estável para
produzir uma bacteriocina, isso não acontece
o tempo todo ou sobre quaisquer condições.
Vários pesquisadores (MAYR-HARTING et
al., 1972; TAGG et al., 1976) têm
demonstrado que a produção de substâncias
tipo bacteriocina pode ser influenciada por
diversos fatores tais como a composição do
meio (concentrações de extrato de levedura,
hidrolisado de caseína, aminoácidos, íons
manganês, manitol, glicose, etc.), as
condições de incubação (temperatura e tempo
de incubação, aeração e pH do meio de
cultura) ou da linhagem alvo como indutora.
Estes dados sugerem que a produção de
bacteriocina não é espontânea e que a cultura
pode ser induzida a produzi-la.
Edens (2003) sugeriu que Lactobacillus
reuteri exerce sua atividade antagonista in
vivo pela da produção da bacteriocina
reuterina. Isto lhe confere uma habilidade
ecológica para exercer um papel de
modulação do crescimento dos indivíduos que
compõem a microbiota intestinal. Desta forma,
a atividade antagonista significativa exercida
pelas amostras de Lactobacillus reuteri
estudadas no presente experimento pode ter
sido, também, devido à produção desta
bacteriocina. Sanders (1995) atribuiu efeito
antagonista de Lactobacillus reuteri frente a
amostras de Salmonella, como observado no
presente trabalho, pela produção de
anticorpos (IgG e IgM), além do estímulo à
produção de células CD4+, no TGI. Testes
mais detalhados visando demonstrar estes
aspectos seriam indicados futuramente.
CONCLUSÃO
De acordo com a característica
probiótica estudada (perfil de adesão),
algumas amostras de microrganismos
isolados do conteúdo fecal de suínos se
destacam quando o objetivo almejado é a
utilização para a elaboração de produtos
probióticos que poderão ser administrados via
oral para os animais, logo após o nascimento,
durante o desmame (creche) e em outras
fases da cadeia produtiva.
Em relação aos resultados das
avaliações de adesão in vitro da superfície
celular das amostras de bactérias isoladas, o
microrganismo L. reuteri - 11 A demonstrou
possuir maiores probabilidades de adesão de
suas células ao epitélio intestinal (alto valor
para a substância hidrofóbica - xilol) e de
resistir à acidez (alto valor para o solvente
ácido - clorofórmio).
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bacteriocinas de las bactérias láticas. 1.
Definición, classificación, caracterización y
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v. 12, p. 221-238, 1993.
____________________________________
1 - Graduação em Ciências Biológicas.
Professor Adjunto do Departamento de
Morfologia (DMO – CCBS) da Universidade
Federal de Sergipe - UFS, Brasil.
E-mail: flaviobarbosaufs@gmail.com
2 - Graduação em Fisioterapia. Mestrado em
Microbiogia. Departamento de Microbiologia
(ICB) da Universidade Federal de Minas
Gerais - UFMG, Brasil.
3 - Graduação em Medicina Veterinária.
Departamento de Microbiologia (ICB) da
Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG, Brasil.
4 - Graduação em Enfermagem. Professor
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Artigo abmba v4_n2_2016_01

  • 1. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 1 TESTE DE ANTAGONISMO IN VITRO DE MICRORGANISMOS PRODUTORES DE ÁCIDO LÁCTICO (Lactobacillus spp.) ISOLADOS DAS FEZES DE SUÍNOS (Sus scrofa domesticus) FRENTE A MICRORGANISMOS INDICADORES IN VITRO ANTAGONISM TEST OF LACTIC ACID PRODUCING MICRO-ORGANISMS (Lactobacillus spp.) ISOLATED FROM SWINE FEES (Sus scrofa domesticus) IN FRONT OF INDICATOR MICRO- ORGANISMS FLÁVIO HENRIQUE FERREIRA BARBOSA1; FELIPE HENRIQUE SILVA BAMBIRRA2; LEANDRO HENRIQUE SILVA BAMBIRRA3; RUBENS ALEX DE OLIVEIRA MENEZES4 RESUMO A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. A produção mundial de suínos cresceu e o Brasil teve um aumento significativo nas exportações de carne suína. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha produtiva, com a geração de lucros, promotores de crescimento têm sido incorporados às rações, com objetivo de melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como consequências desta suplementação. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Seguindo esta linha de raciocínio, este trabalho se propôs a avaliar a capacidade de proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus spp.) contra enteropatógenos bacterianos, verificando a inibição do crescimento de patógenos in vitro. De acordo com a característica probiótica estudada (antagonismo in vitro), algumas amostras de microrganismos isolados do conteúdo fecal de suínos se destacam quando o objetivo almejado é a utilização para a elaboração de produtos probióticos que poderão ser administrados via oral para os animais, logo após o nascimento, durante o desmame (creche) e em outras fases da cadeia produtiva. Todos apresentaram bons resultados de inibição do desenvolvimento das amostras de bactérias utilizadas como reveladoras se mostrando efetivos contra os patógenos testados, porém, L. johnsonii - 18 J e L. reuteri - 11 A apresentaram efeito antagonista contra espécie relacionada (Lactobacillus acidophilus), sugerindo a produção de substâncias antagonistas, por exemplo, bacteriocinas. PALAVRAS-CHAVE: Lactobacillus, bactérias lácticas, suínos, probiótico. ABSTRACT The production of healthy and nutritious food in large quantities has become a challenge for all professionals who work with the entire food production chain. World swine production grew and Brazil saw a significant increase in exports. In order for the pig breeding activity to remain productive, with the generation of profits, growth promoters have been incorporated into the rations, with the objective of improving the digestive process and the zootechnical performance of the animals, resulting in greater weight gain and reduced number of diseases. However, in recent years there has been an increase in awareness about the excessive use of these products, as well as the possible health disorders of these animals and man, as consequences of this supplementation, have become evident. The alternatives available to replace antimicrobials in pig farming include the use of probiotics, prebiotics, symbiotics and herbal agents. Following this line of reasoning, this work aimed to evaluate the protection capacity of lactic acid bacteria (Lactobacillus spp.) Against bacterial enteropathogens, verifying the inhibition of the growth of pathogens in vitro. According to the probiotic characteristic studied (antagonism in vitro), some samples of microorganisms isolated from the faecal content of swine stand out when the aim is to use probiotic products that can be administered orally to the animals, right after birth, during weaning (day care) and at other stages of the production chain. All of them showed good results in inhibiting the development of the samples of bacteria used as developers, proving effective against the pathogens tested, however, L. johnsonii – 18 J and L. reuteri – 11 A showed an antagonistic effect against related species (Lactobacillus acidophilus), suggesting the production of antagonistic substances, for example, bacteriocins. KEYWORDS: Lactobacillus, lactic bacteria, swine, probiotic.
  • 2. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 2 INTRODUÇÃO A produção de alimentos saudáveis e nutritivos em grande quantidade tem se tornado um desafio para todos os profissionais que trabalham com toda a cadeia produtiva alimentícia. Estimativas indicam que o suprimento de alimentos necessários para atender aos requerimentos nutricionais da população humana durante os próximos quarenta anos equivale à quantidade previamente produzida ao longo de toda a história. Para atender a esta grande demanda de alimentos de origem animal, os pesquisadores têm se esforçado na busca de novas tecnologias a fim de aumentar a eficiência e a produtividade dos animais de criação. A suinocultura é um dos setores agropecuários que mais tem crescido nas últimas décadas. Segundo dados da EMBRAPA, a produção de carne suína no Brasil vem crescendo mais 5% ao ano desde o ano de 2006. A produção mundial de suínos cresceu sistematicamente nos últimos 30 anos e o Brasil teve um aumento significativo nas exportações de carne suína, chegando à quarta colocação mundial e, atualmente, esse produto pode ser encontrado até na Rússia. A este fato, associa-se um marcante aumento no comércio e consumo de carne de suínos em todo o mundo, sendo que sua produção está rapidamente se expandindo em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, o que faz aumentar o rigor no manejo dos animais e na produção da carne. Para que a atividade de criação de suínos se mantenha produtiva, com a geração de lucros, muitos aditivos (incluindo promotores de crescimento, como drogas antimicrobianas) têm sido incorporados às rações, com objetivo de melhorar o processo digestivo e o desempenho zootécnico dos animais, resultando em maior ganho de peso e redução do número de doenças. Entretanto, nos últimos anos tem aumentado a conscientização sobre o uso excessivo destes produtos, bem como se tornado evidente os possíveis transtornos à saúde destes animais e do homem, como consequências desta suplementação. Os antimicrobianos promotores de crescimento podem alterar a microbiota do trato digestivo e deprimir os mecanismos de defesa dos animais, além de deixar resíduos indesejáveis à saúde do homem na carne. Além disso, a presença de concentrações baixas de antimicrobianos pode ser responsável pelo aumento dos fenômenos de resistência bacteriana aos mesmos. Recentemente, novos microrganismos resistentes a uma ou várias drogas antimicrobianas têm surgido e sido motivo de preocupação para a saúde pública mundial. Estes microrganismos modificados podem se difundir pelo meio ambiente e estarem presentes na carne dos animais. Por causa destas evidências, a ausência de microrganismos potencialmente patogênicos e a ausência de resíduos de produtos químicos têm se tornado os principais indicadores de qualidade da carne de suínos, bem como de outros alimentos. Assim, a suinocultura brasileira precisará se adaptar às futuras normas de comércio internacional, pois alguns países importadores, principalmente da União Europeia, não mais aceitarão adquirir carne de suínos oriunda de produtores que utilizam antimicrobianos para aumentar os índices de produtividade de seus plantéis. Assim, tem gerado a necessidade de se buscar alternativas que possam promover os mesmos efeitos de produtividade relacionados ao uso dos aditivos alimentares, porém, sem causar as mesmas consequências indesejáveis destes. Além disto, ainda existem prejuízos relacionados ao impacto econômico da retirada destas drogas antimicrobianas da alimentação de suínos. Isto representa aumento nos custos de produção, sendo, principalmente, causados por aumento no consumo de ração e no período de ocupação dos galpões, menos ciclos produtivos por ano, além de mais gastos com a mão-de-obra. As alternativas disponíveis para substituição dos antimicrobianos na suinocultura incluem a utilização de probióticos, prebióticos, simbióticos e agentes fitoterápicos. Dentre estas, a utilização dos microrganismos probióticos constitui uma
  • 3. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 3 perspectiva extremamente interessante, pois as próprias bactérias benéficas da microbiota intestinal dos animais poderiam ser empregadas em substituição aos antimicrobianos. Nestes casos, estes microrganismos poderiam favorecer o equilíbrio do ecossistema gastrintestinal, o que seria refletido em melhoria da saúde e boa produtividade. Trabalhos científicos têm sido conduzidos tentando avaliar a eficiência da utilização dos probióticos, em substituição aos produtos químicos, para modular a saúde de suínos comerciais e proporcionar um ganho de peso adequado. Bactérias do gênero Lactobacillus são os principais microrganismos desejáveis encontrados em grandes quantidades por todo o trato gastrintestinal (TGI) de suínos, mostrando ser fortes candidatas como probióticos para estes animais. Seguindo esta linha de raciocínio, este trabalho se propôs a avaliar a capacidade de proteção das bactérias lácticas (Lactobacillus spp.) contra enteropatógenos bacterianos, verificando a inibição do crescimento de patógenos in vitro. MATERIAL E MÉTODOS 1. Microrganismos Características Morfo-tintoriais, Bioquímicas e Fisiológicas dos Microrganismos Isolados Numa placa contendo em torno de 100 unidades formadoras de colônia (UFC), as colônias morfologicamente diferentes e mais significativas do ponto de vista populacional foram repicadas, a partir do ágar MRS (Difco), no mesmo meio. A partir de colônias, de cada amostra, que apresentaram aspectos morfológicos distintos foram feitos esfregaços em lâminas para coloração pelo método de Gram. Além disto, a partir dessas mesmas colônias foram feitos testes de catalase em lâmina, utilizando-se H2O2 (30%). Aqueles que se apresentaram como Gram-positivo e catalase negativa, sugestivos de pertencerem ao gênero Lactobacillus, foram submetidos à identificação, utilizando técnicas de biologia molecular (PCR-ARDRA). Purificação e Manutenção dos Microrganismos Isolados Os microrganismos isolados e avaliados pelas características morfo- tintoriais, bioquímicas e fisiológicas e pelo teste respiratório foram inoculados em 5 mL de caldo MRS (Difco), sendo em seguida incubados em anaerobiose, à 37ºC durante 48 horas. Após o crescimento, uma alíquota de 500 µL de cada tubo foi transferida para tubo eppendorf e adicionada de glicerol esterilizado (50 µL), sendo, em seguida, congelados a - 18ºC e -86ºC, para posterior utilização, quando necessário. O restante dos cultivos foi destinado às análises baseadas em técnicas de biologia molecular, com a finalidade de identificação das espécies isoladas. Ativação das culturas Amostras de Lactobacillus spp. isoladas a partir do TGI dos suínos (Sus scrofa domesticus), oriundos de criação intensiva, e pré-identificadas pelo perfil de fermentação de carboidratos (kit API 50 CHL, BioMérieux, Marcy l’Etoile, France), foram descongeladas e inoculadas (200 µL) em caldo MRS (Difco). O meio foi incubado, sob condições de anaerobiose, a 37ºC, durante 48 horas. Após cinco passagens em caldo, 50 µL de cada amostra foram repicados em ágar MRS (Difco), por três métodos diferentes: pour- plate, espalhamento com auxílio da alça de Drigalski e estria. Então, as placas foram incubadas em anaerobiose, sendo mantidas a 37ºC, durante 48 horas. Para a realização do teste a seguir, foram escolhidos seis microrganismos entre o grupo de doze os quais apresentaram crescimento satisfatório em aerobiose dos trinta e um isolados e identificados como Lactobacillus, sendo três originados de animais recém-desmamados (21 dias) e três originados de animais jovens/terminados (140 dias). Estas linhagens alcançaram melhores resultados nos testes anteriores de crescimento, viabilidade e manutenção
  • 4. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 4 (estocagem) em função da atmosfera e do meio de cultura a partir de vinhoto de cana-de- açúcar suplementado com diferentes fontes de carbono e nitrogênio. Dessa forma, os microrganismos de interesse probiótico escolhidos para os demais testes foram:  06 J - Lactobacillus mucosae  14 J - Lactobacillus ruminis  18 J - Lactobacillus johnsonii  08 A - Lactobacillus salivarius  11 A - Lactobacillus reuteri  13 A - Lactobacillus acidophilus 2. Teste de Antagonismo in vitro dos Microrganismos Produtores de Ácido Láctico (Lactobacillus spp.) Isolados das Fezes de Suínos (Sus scrofa domesticus) Frente a Microrganismos Indicadores O teste in vitro para verificar a produção de substâncias inibitórias difusíveis foi realizado pelo método da dupla camada, adaptado a partir de NARDI et al., (1999) e SILVA et al., (2001). O teste de antagonismo in vitro foi realizado em duplicata para cada amostra avaliada, de acordo com a técnica adaptada de susceptibilidade a antimicrobianos, descrita originalmente por TAGG et al. (1976). Dentre as amostras isoladas e escolhidas para este trabalho, todas as seis espécies foram selecionadas para participarem do teste de antagonismo in vitro como produtoras de substância antagonista frente a reveladoras, amostras de patógenos de referência (Salmonella enterica e Escherichia coli) e uma espécie relacionada (Lactobacillus acidophilus), a fim de verificar possíveis atividades inibitórias entre as mesmas. As bactérias ácido-lácticas utilizadas como amostras produtoras de substâncias antagonistas foram cultivadas em caldo MRS, incubando-se a 37oC, durante 24 horas, sob anaerobiose. Após duas ativações, 5 µL de cada cultivo de microrganismo foram colocados sobre a superfície de uma placa de Petri, contendo ágar MRS (Difco), que foi incubado, sob anaerobiose, a 37ºC, durante 48 horas. Após este período, as placas foram retiradas da câmara de anaerobiose e foi colocado clorofórmio nas tampas, deixando- se agir por 30 minutos. Com isto, esperou-se eliminar os microrganismos que cresceram e possibilitar apenas a presença das supostas substâncias inibidoras. A seguir, foram colocados 3,5 mL de ágar MRS (Difco) semi- sólido (0,75 % de ágar), contendo as bactérias reveladoras isoladas anteriormente; ou 3,5 mL de ágar BHI (Oxoid, Basingstoke, England) semi-sólido (0,75 % de ágar), contando as amostras de referência que foram selecionadas como reveladoras: Escherichia coli ATCC 25723; Lactobacillus acidophilus ATCC 4356 e Salmonella enterica sorovar Typhimurium (pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Ecologia e Fisiologia de Microrganismos do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais). Todos os microrganismos reveladores foram ativados duas vezes, previamente, sendo cultivados, a 37 ºC, durante 24 horas, sob anaerobiose (Lactobacillus spp.) ou aerobiose (patógenos de referência). Após crescimento dos microrganismos incubados nos caldos anteriores, 10 µL dos mesmos foram transferidos para o ágar semi-sólido, que foi então vertido sobre as placas de ágar MRS (Difco), após os 30 minutos de ação do clorofórmio. As placas foram incubadas a 37ºC, durante 24 horas, sob aerobiose ou anaerobiose, dependendo da característica de cultivo da amostra reveladora. Então, a leitura dos halos de inibição foi feita com o uso de paquímetro digital (Mitutoyo Digimatic Caliper, Mitutoyo Sul Americana Ltda). RESULTADOS E DISCUSSÃO O teste in vitro para verificar a produção de substâncias inibitórias difusíveis foi realizado pelo método de difusão em dupla camada, adaptado a partir de Nardi et al., (1999) e Silva et al., (2001). O teste de antagonismo in vitro foi realizado em duplicata para cada amostra avaliada, de acordo com a técnica adaptada de susceptibilidade a antimicrobianos, descrita originalmente por Tagg et al. (1976).
  • 5. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 5 Dentre as amostras isoladas e escolhidas para este trabalho, todas as seis espécies foram selecionadas para participarem do teste de antagonismo in vitro como produtoras de substância antagonista frente a reveladoras, amostras de patógenos de referência (Salmonella enterica sorovar Typhimurium e Escherichia coli ATCC 25723) e uma espécie relacionada (Lactobacillus acidophilus ATCC 4356), a fim de verificar possíveis atividades inibitórias entre microrganismos correlatos. A escolha da S. enterica sorovar Typhimurium e da E. coli dizem respeito à importância e relevância destes microrganismos, quando patógenos na suinocultura, levando os animais a quadros diarreicos graves em alguns estágios de vida. Os resultados dos testes de antagonismo in vitro são apresentados na Tabela 1. Esta análise foi realizada com os seis microrganismos selecionados anteriormente. Observando os dados contidos na Tabela 1, pode-se verificar que os microrganismos isolados do conteúdo fecal de suínos jovens e adultos, em conjunto, apresentaram atividade antagonista frente a todas as bactérias utilizadas como reveladoras. Verifica-se, também, grande oscilação dos resultados, caracterizando este tipo de determinação como muito instável. Pelo fato da microbiota intestinal constituir um ecossistema altamente competitivo, a produção de substâncias antagonistas por seus componentes, principalmente Lactobacillus representa uma vantagem ecológica no controle dos níveis populacionais de outras espécies patogênicas ou não. Devido a esta característica desejável para a seleção de uma linhagem probiótica, atualmente, os lactobacilos de origem intestinal também têm sido utilizados na fabricação de alimentos fermentados, suplemento alimentar e de produtos farmacêuticos, para uso humano e veterinário (NAIDU et al., 1999). Pode-se observar que a amostra 14 J (Lactobacillus ruminis) foi a espécie que apresentou halos de inibição médios maiores em relação às outras amostras produtoras testadas. As amostras 18 J (Lactobacillus johnsonii) e 11 A (Lactobacillus reuteri) foram aquelas que apresentaram efeito inibidor frente às bactérias reveladoras utilizadas, inclusive microrganismo do mesmo gênero, sugerindo a possibilidade de substâncias antagonistas tipo bacteriocinas. Estas amostras, em relação aos resultados destes testes de antagonismo in vitro, seriam aquelas indicadas como prováveis probióticos. Tabela 1. Resultados (diâmetros de halos de inibição em milímetros) do antagonismo in vitro de Lactobacillus spp. isolados do conteúdo fecal de suínos recém- desmamados e terminados frente a microrganismos indicadores. As atividades antagonistas observadas in vitro são geralmente explicadas por diferentes mecanismos: produção de ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, dióxido de carbono ou bacteriocinas (EDENS, 2003). Dentre estas formas de inibição, a produção de ácido láctico talvez seja a mais importante no caso dos microrganismos estudados deste trabalho, pois as bactérias avaliadas eram produtoras deste ácido. Quando ácido láctico e outros ácidos (butírico, propiônico e acético) são produzidos por estes microrganismos, eles alteram o metabolismo das bactérias sensíveis, causando um efeito bacteriostático ou bactericida (SALMINEM, 1998). A fermentação dos carboidratos pelos Lactobacillus spp. resulta na produção de ácidos orgânicos. Isto pode ser uma das explicações para os fenômenos de antagonismo deste estudo, principalmente no que diz respeito à eliminação dos patógenos. A atividade antimicrobiana destes ácidos é decorrente de vários fatores, entre os quais a drástica redução de pH do meio a valores incompatíveis com o crescimento da maioria dos microrganismos patogênicos, sendo que as bactérias láticas, por serem acidófilas,
  • 6. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 6 resistem bem a estes baixos valores. A atividade antimicrobiana dos ácidos lático e acético é, em parte, devido ao fato de que estes ácidos na forma não dissociada podem atravessar a membrana celular microbiana reduzindo o pH intracelular, que irá interferir com importantes funções metabólicas como a translocação de substratos e a fosforilação oxidativa (NAIDU et al.,1999). O ácido acético apesar de ser produzido em menores concentrações do que o ácido lático possui um efeito inibitório mais acentuado, uma vez que sua constante de dissociação é maior do que a do ácido lático (PIARD & DESMAZEAUD, 1992). Foi constatado também, que o crescimento dos Lactobacillus spp. em condições de aerobiose leva a formação de metabólitos do oxigênio como o ânion superóxido (O2 -), peróxido de hidrogênio (H202), e radicais hidroxila (OH-), que constituem os principais fatores responsáveis pela toxicidade do oxigênio. Como os Lactobacillus spp. não sintetizam catalase, o H202 produzido acumular-se-á, podendo, então, inibir os microrganismos que não possuem esta enzima. Algumas das possíveis ações deletérias podem incluir a oxidação dos compostos sulfidrílicos celulares, além da peroxidação dos lipídeos de membrana e injúrias nos ácidos nucleícos bacterianos (PIARD & DESMAZEAUD, 1991, VANDENBERG, 1993). Porém, nas condições de anaerobiose em que o experimento foi realizado este fato é improvável de ter ocorrido. Quando os microrganismos produzem diacetil, ocorre interferência com utilização de arginina e a presença de dióxido de carbono cria um ambiente de anaerobiose, inibindo a descarboxilação (SARRA, 1992; SALMINEM E VON WRIGHT, 1993). Outra provável explicação para os fenômenos observados, seria a presença ou produção de compostos de natureza protéica produzidos por Lactobacillus spp. que foram purificados e caracterizados em outros estudos e compartilham algumas características comuns. Dentre estas, o pequeno tamanho com massa molecular menor do que 1 KDa e a estrutura química heterocíclica ou aromática, além do amplo espectro de ação antimicrobiana frente às bactérias Gram-positivo, Gram-negativo e fungos. Das substâncias de natureza não protéica descritas na literatura destaca-se a reuterina (β-hidroxipropanaldeído) produzida por Lactobacillus reuteri, mesma espécie utilizada neste experimento. Sua atividade antimicrobiana é ampla, sendo capaz de inibir diversos microrganismos de interesse em saúde pública, como Salmonella spp., Shigella spp., Clostridium spp. Staphylococcus spp., Listeria spp., leveduras, fungos filamentosos e protozoários (TALARICO et al., 1988). Existe ainda, além destes já citados, uma extensa gama de substâncias inibidoras que podem ser produzidas por microrganismos Gram-positivo. Dentre estas substâncias produzidas, as bacteriocinas são, atualmente, as mais estudadas, devido à grande potencialidade de sua aplicação biotecnológica na indústria de alimentos. Estas constituem um grupo heterogêneo de peptídeos ou proteínas que variam muito quanto ao seu espectro antimicrobiano, propriedades bioquímicas, mecanismo de ação e características genéticas, que são sintetizadas no ribossomo bacteriano (PIARD & DESMAZEAUD, 1992). Isto as diferencia dos antibióticos peptídicos de origem microbiana, que se originam da condensação enzimática de aminoácidos livres, como a gramicidina S, bacitracina A e polimixina (KOLTER & MORENO, 1992). Com relação às bactérias láticas, o gênero Lactobacillus é considerado um dos mais bacteriocinogênicos, provavelmente devido a sua enorme diversidade de espécies e hábitat, sendo que a maioria das bacteriocinas estudadas origina-se de isolados de produtos lácteos e cárneos, de vegetais fermentados e, também da microbiota do homem e animais (KLAENHAMMER,1999). As bacteriocinas de bactérias láticas compartilham inúmeras características comuns, como o mecanismo de ação antimicrobiana, além de características físico- químicas, como a estabilidade a altas temperaturas e a valores de pH ácidos e neutros, o que pode torná-las úteis em
  • 7. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 7 aplicações tecnológicas. A atividade antimicrobiana da bacteriocina é mantida em temperaturas similares a aquelas normalmente utilizadas na indústria de alimentos e em valores de pH ácidos de produtos fermentados (MAGRO et al., 2000). Em relação ao espectro de atividade antimicrobiana, alguns Lactobacillus spp. produzem bacteriocinas contra linhagens da mesma espécie ou de bactérias taxonomicamente relacionadas, que competem pelo mesmo hábitat ecológico, enquanto outros possuem um espectro de atividade antimicrobiana mais amplo, incluindo bactérias Gram-positivo, notadamente aquelas responsáveis pela deterioração de alimentos e intoxicação alimentar (KLAENHAMMER, 1988). Embora linhagens bacteriocinogênicas possuam capacidade genética estável para produzir uma bacteriocina, isso não acontece o tempo todo ou sobre quaisquer condições. Vários pesquisadores (MAYR-HARTING et al., 1972; TAGG et al., 1976) têm demonstrado que a produção de substâncias tipo bacteriocina pode ser influenciada por diversos fatores tais como a composição do meio (concentrações de extrato de levedura, hidrolisado de caseína, aminoácidos, íons manganês, manitol, glicose, etc.), as condições de incubação (temperatura e tempo de incubação, aeração e pH do meio de cultura) ou da linhagem alvo como indutora. Estes dados sugerem que a produção de bacteriocina não é espontânea e que a cultura pode ser induzida a produzi-la. Edens (2003) sugeriu que Lactobacillus reuteri exerce sua atividade antagonista in vivo pela da produção da bacteriocina reuterina. Isto lhe confere uma habilidade ecológica para exercer um papel de modulação do crescimento dos indivíduos que compõem a microbiota intestinal. Desta forma, a atividade antagonista significativa exercida pelas amostras de Lactobacillus reuteri estudadas no presente experimento pode ter sido, também, devido à produção desta bacteriocina. Sanders (1995) atribuiu efeito antagonista de Lactobacillus reuteri frente a amostras de Salmonella, como observado no presente trabalho, pela produção de anticorpos (IgG e IgM), além do estímulo à produção de células CD4+, no TGI. Testes mais detalhados visando demonstrar estes aspectos seriam indicados futuramente. CONCLUSÃO De acordo com a característica probiótica estudada (perfil de adesão), algumas amostras de microrganismos isolados do conteúdo fecal de suínos se destacam quando o objetivo almejado é a utilização para a elaboração de produtos probióticos que poderão ser administrados via oral para os animais, logo após o nascimento, durante o desmame (creche) e em outras fases da cadeia produtiva. Em relação aos resultados das avaliações de adesão in vitro da superfície celular das amostras de bactérias isoladas, o microrganismo L. reuteri - 11 A demonstrou possuir maiores probabilidades de adesão de suas células ao epitélio intestinal (alto valor para a substância hidrofóbica - xilol) e de resistir à acidez (alto valor para o solvente ácido - clorofórmio). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EDENS, F.W. An alternative for antibiotic use in poultry: probiotics. Rev. Bras. Ciência Avícola, v. 5, p. 1-40, 2003. KLAENHAMMER, T.R. Bacteriocins of lactic acid bacteria. Biochimie, v. 70, p. 337-349, 1988. KLAENHAMMER, T.R.; KULLEN, M.J. Selection and design of probiotics. Int. J. Food Microbiol., v. 50, p. 45-57, 1999. KOLTER, R.; MORENO, F. Genetics of ribossomaly synthesised peptide antibiotics. Ann. Rev. Microbiol., v. 46, p. 141-163, 1992. MAGRO, M.I.M.; CORBACHO, J.M.M.; SORRIBES, C.H.; GEA, A.M.S. Las bacteriocinas de las bactérias láticas. 1. Definición, classificación, caracterización y
  • 8. ISSN 2318-4752 – Volume 4, N2, 2016 8 métodos de detección. 2. Modo de acción, biosíntesis, aplicaciones y tendencias futuras. Alimentaria, v. 37, p.59-74, 2000. MAYR-HARTING, A., HEDGES, A.J., BERKELEY, R.C.W. Methods for studing bacteriocins In: Norris, J.R. & Ribbons, D.W. (Ed.) Method. in Microbiol., New York: Academic Press, v. 7A, p. 315-422, 1972. NAIDU, A.S.; BIDLACK, W.R.; CLEMENS, R.A. Probiotic spectra of lactic acid bacteria (LAB). Crit. Rev. Food Sci. Nutr., v. 38, p. 13- 126, 1999. NARDI, R.D.; SANTOS, A.R.M.; CARVALHO, M.A.R.; FARIAS, L.M.; BENCHETRIT, L.C.; NICOLI, J.R. Antagonism against anaerobic and facultative bacteria through a diffusible inhibitory compound produced by a Lactobacillus sp. isolated from the rat fecal microbiota. Anaerobe, v. 5, p. 409-411, 1999. PIARD, J.C.; DESMAZEAUD, M. Inhibiting factors produced by lactic acid bacteria. Oxygen metabolites and catabolism and products. Lait, v. 71, p. 525-541, 1991. PIARD, J.C.; DESMAZEAUD, M. Inhibiting factors produced by lactic acid bacteria. 2. Antibacterial substances and bacteriocins. Lait, v. 72, p. 113-142, 1992. SALMINEN, S. Clinical applications of probiotic bacteria. Int. Dairy J., v. 8, p. 563- 572, 1998. SALMINEN, S.; VON WRIGHT, A. Lactic acid bacteria. New York: Marcel Dekker, 442 p., 1993. SANDERS, M.E. Lactic Acid Bacteria and human health In: OLD HERBORN UNIVERSITY SEMINAR MONOGRAPH, 1995, Herborn-Dill. Probiotics: Prospects of Use in Opportunistic Infections. Herborn-Dill: Institute for Microbiology and Biochemistry, p. 126-140, 1995. SARRA, P.G.; MORELLI, L.; BOTTAZZI, The lactic microflora of fowl. In: The Lactic Acid Bacteria. vol. 1, The Lactic Acid Bacteria in Health and Disease. New York: Elsevier, 70 p., 1992. SILVA, S.H.; VIEIRA, E.C.; DIAS, R.S.; NICOLI, J.R. Antagonism against Vibrio cholerae by diffusible substances produced by bacterial components of the human faecal microbiota. J. Med. Microbiol., v. 50, p. 161- 164, 2001. TAGG, J.R.; DAJANI, A.S.; WANNAMAKER, L.W. Bacteriocins of Gram-positive bacteria. Bacteriol. Rev., v. 40, n. 3, p. 722-756, 1976. TALARICO, T. L.; CASAS, I.A.; CHUMG, T.C.; DOBROGOSZ, W.J. Production and isolation of reuterin, a growth inhibitor produced by Lactobacillus reuteri. Antimicrob. Agents Chemother, v. 32, p. 1854-1858, 1988. VANDENBERG, P.A. Lactic acid bacteria, their metabolics products and interference with microbial growth. FEMS Microbiol. Rev., v. 12, p. 221-238, 1993. ____________________________________ 1 - Graduação em Ciências Biológicas. Professor Adjunto do Departamento de Morfologia (DMO – CCBS) da Universidade Federal de Sergipe - UFS, Brasil. E-mail: flaviobarbosaufs@gmail.com 2 - Graduação em Fisioterapia. Mestrado em Microbiogia. Departamento de Microbiologia (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil. 3 - Graduação em Medicina Veterinária. Departamento de Microbiologia (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil. 4 - Graduação em Enfermagem. Professor Adjunto do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Brasil.