O documento discute os macronutrientes na água oceânica, incluindo suas principais fontes, ciclos biogeoquímicos e impactos ecológicos. Os macronutrientes mais abundantes são nitrogênio, fósforo e silício, cujas concentrações variam devido a fatores como drenagem continental, atividade biológica e correntes oceânicas. Um desequilíbrio nos macronutrientes pode levar à eutrofização, prejudicando a biodiversidade marinha.
2. A água do mar é um meio cujas propriedades resultam da interação de fatores
físicos, químicos, geológicos, biológicos e meteorológicos.
Uma vez que os oceanos se formaram pela contínua lixiviação da Terra desde o
surgimento da primeira chuva, os elementos que compõem a Tabela Periódica
podem ser encontrados, também, nos oceanos.
Os continentes exercem influência sobre a concentração dos elementos químicos
na água do mar, através do transporte aéreo e hídrico, seja superficial ou
subterrâneo.
3. O que são os nutrientes?
Nutriente é qualquer elemento ou composto químico necessário para o
metabolismo de um organismo. São elementos essenciais para o crescimento
dos vegetais marinhos (organismos fotossintetizantes).
A principal fonte de reposição destes elementos são as bactérias e a drenagem
continental. Os nutrientes são, também, fatores limitantes para a produtividade
primária.
Silício, nitrogênio e fósforo, embora sejam elementos menores, são os que
apresentam as maiores concentrações dentro desse grupo e são essenciais para
o crescimento de plantas e animais aquáticos, por isso, são chamados
macronutrientes.
Existem dois tipos de nutrientes:
Micronutrientes
Fe, Zn, Cu, Mn.
Macronutrientes
Nitrogênio
Fósforo
Silício
NO3
-, NH4
+, NO2
-.
PO4
-3
SiO2
4. Macronutrientes na água oceânica
Macronutrientes são os componentes da alimentação fundamentais para os organismos.
A água do mar é um meio cujas propriedades resultam da interação de fatores físicos, químicos, geológicos,
biológicos e meteorológicos.
As plataformas continentais costumam ser mais enriquecidas em macronutrientes em comparação ao
oceano aberto, devido a maior proximidade com o continente.
Os elementos químicos possuem particularidades e consequente diferenciação de comportamento no
ambiente marinho. Por isso, a composição da água do mar pode ser dividida em grupos:
5. Silício reativo dissolvido
O silício apresenta o ciclo biogeoquímico mais simples, mesmo que apareça alternado
sob formas orgânicas e inorgânicas, é derivado do intemperismo das rochas da crosta
terrestre. A sílica está presente em todas as rochas, mas é mais facilmente lixiviada de
rochas sedimentares e de argilas.
Não é um ciclo fechado, e ganhos e perdas podem quantitativamente ser diferentes.
Essa troca de formas dá-se pela alternância da ação do metabolismo de plantas,
animais e bactérias.
Necessário para a formação do esqueleto (carapaças) das
diatomáceas e dos flagelados silicosos (radiolários).
Quando esses organismos morrem, seus esqueletos vão se dis-
solvendo à medida que afundam, pelo efeito da pressão.
Apenas os restos de organismos maiores e mais resistentes atin-
gem o fundo do oceano, formando as terras de diatomitos ou
terra de diatomáceas.
Diatomáceas
6. Fósforo e fosfato dissolvido
O fosforo é um nutriente limitante ao crescimento fitoplanctônico. Por outro lado, por apresentar-se em
grande abundância no meio ambiente, pode causar sérios problemas ambientais.
Os grandes reservatórios de fósforo são as rochas e outros depósitos formados durante as eras geológicas.
Esses reservatórios, devido ao intemperismo, pouco a pouco fornecem o fósforo para os ecossistemas
O retorno do fósforo ao meio ocorre pela ação de bactérias fosfolizantes na deterioração de organismos
mortos.
As altas concentrações indicam fontes antrópicas e desencadeiam processos de eutrofização e até florações
indesejáveis, em ambientes com também boa disponibilidade de nutrientes nitrogenados.
As variações ocorrem principalmente em função da atividade orgânica sazonal ou diurna.
Os mecanismos que regeneram os fosfatos são: a atividade biológica (excreção e decomposição), a
movimentação da água (correntes e ondas) e a entrada de água dos continentes (rios, esgotos e efluentes).
7. Nitrogênio dissolvido
Nitrogênio é o mais abundante dos gases dissolvidos na água do mar, podendo ser
encontrado em altas concentrações devido à precipitação pluvial e por ter, na
atmosfera, 78% dos gases constituídos por ele.
Frequentemente é o nutriente limitante do crescimento do fitoplâncton. O nitrogênio
na forma elementar (N2) não é um nutriente, porém as cianobactérias possuem a
capacidade de aproveitar o nitrogênio na forma elementar para o seu metabolismo.
Suas formas incluem amônia (NH3), nitratos (NO3
-) e nitritos (NO2
-).
No ciclo do nitrogênio as formas inorgânicas são transformadas em orgânicas e estas
em inorgânica fechando o ciclo.
8. As reações químicas que ocorrem nesse ciclo são:
Assimilação do NH4
+ e do NO3
- por algas; redução do nitrato a N(NH3) – orgânico.
Amonificação: produção de NH4
+ pela decomposição da matéria orgânica NH4OH.
Nitrificação: conversão do NH4
+ a NO3
- (oxidação; ganho de energia para bactéria). Precisa de
oxigênio para ocorrer.
Desnitrificação: desassimilação do NO3
- a N2 (redução). Ocorrem em ambientes mais carentes
de oxigênio.
Fixação do Nitrogênio: N2 gasoso atmosférico a N(NH3) – orgânico por cianobactéria.
• Ciclo do Nitrogênio na Água
9. Variação em águas oceânicas
Nas camadas iluminadas pelo sol, todo o nitrogênio disponível é rapidamen-
te consumido. Porém, em profundidades onde não há luz para a realização da
fotossíntese, não há consumo, e a concentração de nutrientes torna-se maior.
Variação sazonal: nutrientes VS fitoplâncton e zooplâncton (consumidores):
- Na primavera, a taxa de crescimento do fito e zooplâncton é alta devido ao
aumento da intensidade luminosa.
- No verão, apesar da abundância de luz a produção primária devido ao esgotamento de nitrogênio.
- No outono, iniciam as tempestades e com a quebra parcial da termoclina, há uma injeção de nutri-
entes de volta a zona fótica.
- No inverno, o nível de luz cai levando a diminuição da ta-
xa de crescimento do fitoplâncton e o aumento da densi-
dade água provoca a mistura das águas superficiais, rein-
troduzindo os nutrientes novamente para a zona fótica.
10. Impacto ecológico e ação antrópica causados pelos
macronutrientes
Cada organismo do fitoplâncton tem uma necessidade elementar única, de
modo que a composição total das espécies da comunidade determina o
consumo de alguns nutrientes.
Apesar dos nitratos serem nutrientes essenciais para as plantas, podem, em
excesso, causar problemas significativos na água, se tornando suscetíveis à
ocorrência de fenômenos ecologicamente indesejáveis, como a
eutrofização.
A quantidade natural de nitrato e amônia em águas superficiais é baixa.
Altas concentrações normalmente indicam poluição por fertilizantes usados
na agricultura, ou dejetos humanos e animais. Efluentes industriais são
importantes fontes pontuais de poluição por nitrato.
“Bloom” de algas.
Maré vermelha.
Mortalidade de peixes.
11. • Eutrofização
O processo de eutrofização representa uma resposta biogeoquímica ao
excesso de nutrientes causando alterações na comunidade fitoplantônica e
zooplanctônica, além da proliferação de macroalgas bênticas, da perda da
biodiversidade e do aumento na incidência de algas tóxicas, causando
alteração da coloração das águas costeiras.
O aumento da matéria orgânica por espécies oportunistas do fito plâncton
pode exaurir as concentrações de oxigênio dissolvido na água devido a
decomposição dessa matéria orgânica pelas bactérias.
Floração de cianobactérias em área costeira.
12. • Diatomitos
Rocha formada pelo depósito das carapaças das diatomáceas.
As propriedades físicas e químicas do diatomito tornam essa substância muito útil
em variados campos de aplicações, sendo, por isso, um bem mineral de largo
emprego e elevado valor comercial.
Ele começou a ser empregado dois mil anos atrás pelos gregos em cerâmica e hoje
é componente de centenas de produtos e vital na fabricação de milhares de outros.
Como:
Filtros
Farmácia
Tijolos de Diatomito Pilhas elétricas
Inseticidas
Explosivos
Diatomito
13. Referências
COSTELLO, Jorge Pablo et al. Introdução às Ciências do Mar. Pelotas: Ed. Textos, 2017.
Composição química da água do mar. Portal educação, 2021. Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
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Composição da água do mar. eFlora Web, 2021. Disponível em: https://www.eflororaweb.com.br/composicao-da-agua-do-mar/. Acesso em: 10 jul. 2021.
DA SILVA, Jodir Pereira. Fatores Abióticos Limitantes. Disponível em: https://www2.unifap.br/alexandresantiago/files/2012/10/Aula-Introducao-
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CAMPOS, M. L. A. M.; JARDIM, W. F., Aspectos Relevantes da Biogeoquímica da Hidrosfera. Química Nova Interativa, 2021. Disponível em:
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