O documento discute a situação econômica brasileira, que está cada vez mais grave devido a fatores externos como a crise na Argentina e internos como as disputas políticas. A política econômica parece ter perdido rumo e não tem medidas consistentes para lidar com os problemas como a desvalorização cambial, inflação em alta e dívida pública crescente.
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 20 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
1.
2. Vitória/ES - Boletim N. 20 - 01
o
APRESENTAÇÃO
O quadro econômico brasileiro
apresenta uma situação cada vez mais
grave. A crise da economia americana,
a continuidade da estagnação da
economia japonesa e o agravamento
da crise argentina constituem alguns dos
fatores externos que aguçam ainda mais
os determinantes internos da crise
brasileira. Desde o final do ano passado,
as forças políticas que sustentam a
aliança entre as frações de classe no
poder encontram-se cada vez mais
divididas. As disputas pela direção
política do poder e pelos esp aços
políticos que permitam viabilizar as
candidaturas no próximo ano - não só
para Presidente da República, mas
também para os governos estaduais e
para o Congresso Nacional - acirraram
ainda mais as contradições. Parte dessas
contradições foi solucionada com a
renúncia dos senadores Antônio Carlos
Magalhães e Roberto Arruda, acusados
de falta de decoro parlamentar pela
violação do painel eletrônico de votação
e por faltarem com a verdade no
Senado. Até o momento, a situação do
Presidente do Se nado, Jader Barbalho,
ainda não foi solucionada. A
investigação sobre o desvio de recursos
públicos, em benefício próprio, ainda
continua. Nesse quadro, o próprio
Presidente da República parece ter
"jogado a toalha". Segundo Clóvis Rossi
(FSP, 10/07/01), "FHC não tem a menor
idéia do que vai fazer com o país que
governa, como se não passasse de um
observador distante, que apenas
constata se choveu ou fez sol".
O interesse pelo desenvolvimento interno
das contradições políticas foi substituído
pel a crise energética e pela nova crise
cambial. A crise de energia é a
conseqüência do programa energético
desenvolvido de acordo com o princípio
de que o mercado é auto-regulador e
propicia sempre um resultado melhor do
que o planejamento estatal. Ela não é
de responsabilidade da natureza - da
falta de chuvas - e nem o resultado do
acaso. Segundo César Benjamin, "Foi
loucura, mas houve método nela" (Caros
Amigos, junho de 2001).
Associado à crise energética, os analistas
e economistas ortodoxos de fendem a
idéia de que a intensificação da crise
argentina estimulou o processo de
desvalorização cambial do real pela
deterioração das expectativas e pelo
aumento do risco. Segundo a teoria que
fundamenta a equipe econômica, a
política de câmbio flutuante levaria o
"mercado" à uma taxa de câmbio de
equilíbrio, pois a racionalidade dos
agentes impediria que comprassem
divisas a preços muito acima desse
preço de equilíbrio. Para tanto, o Banco
Central divulgou recentemente o que
eles consideram o que seria a taxa real
de câmbio. Chamada de paridade de
poder de compra (PPC), ela é estimada
pela diferença entre a inflação
americana e a inflação nacional. Essa
taxa seria de R$ 2,218 por dólar.
Entretanto, a realidade está mostrando
que a crise cambial brasileira não é
somente o efeito das contradições
externas, mas está profundamente
enraizada nas contradições internas,
decorrentes da mudança no processo
de inserção do Brasil no sistema mundial,
após o plano real. Contrariando a teoria
que d efende, a equipe econômica
aumentou mais agressivamente a taxa
básica de juros visando arrefecer a
desvalorização cambial. Porém, o papel
da taxa de juros, após a adoção da
política de câmbio flutuante e das metas
3. Vitória/ES - Boletim N. 20 - 02
o
de inflação, seria o controle do nível
geral de preços e não da taxa de
câmbio. Paralelamente, foram tentados
três diagnósticos diferentes para a crise
cambial. O primeiro foi que o aumento
do risco decorrente da deterioração
econômica da argentina pressionou os
agentes a buscarem proteção (hedge)
para os compromissos futuros
denominados em dólar. Para atender à
essa demanda, de forma melhor do que
através de moeda corrente, o Banco
Central aumentou violentamente a oferta
de títulos da dívida pú blica indexados à
variação cambial. Nesse caso, os
devedores em dólar não só teriam a
garantia de comprar o dólar sem as
desvalorizações futuras, como
receberiam juros adicionais. A diferença
entre a taxa atual de câmbio e a taxa
futura, mais os juros, serão pagos, em
última instância, pelo Tesouro Nacional,
ou seja, pelos impostos que pagamos.
O segundo diagnóstico foi que a
desvalorização cambial seria decorrente
de uma bolha especulativa. Para
enfrentá-la, o Presidente do Banco
Central anuncio u que teria à disposição
US$ 10,8 bilhões para oferecer ao
sistema financeiro e entrou no mercado
vendendo dólar corrente. Em menos de
quinze dias vendeu US$ 880,0 milhões
sem afetar a tendência de
desvalorização cambial. O resultado
levou o BC a concluir que não existe
nenhuma bolha especulativa.
Enfim, constatou que existe realmente
falta da moeda estrangeira no mercado
e, para não afetar negativamente as
expectativas e nem falhar por falta de
comunicação, anunciou que tem US$
6,0 bilhões para vender até o final do
ano. Mais ainda, anunciou que venderá
exatamente US$ 50,0 milhões por dia.
Assim, atenderia a todos que necessitam
de dólares até o final do ano (hedge),
eliminaria a volatilidade das expectativas
quanto à futura oferta de dólares no
mercado e estabilizaria a taxa de
câmbio e, com sorte, ela poderia voltar
ao ponto de equilíbrio. Os primeiros
resultados dessa nova postura do BC
parecem demonstrar o contrário e a
culpa recai novamente sobre a
Argentina.
Essa política do BC te m duas
conseqüências importantes. A primeira é
o aumento da dívida interna e das
despesas com a conta de juros, atual e
futura, o que agrava ainda mais as
perspectivas quanto à possibilidade de
solvência do governo. A segunda reduz
rapidamente as reservas internacionais e
o Crédito Doméstico Líquido (CDL), limite
estabelecido para a emissão de moeda
nacional no acordo firmado com o
Fundo Monetário Internacional, em 1998.
Para recompor as reservas e o CDL, o
Brasil terá de recorrer novamente ao F MI
estendendo ainda mais o período em
que a gestão econômica continuará
monitorada pelo Fundo.
Segundo o que apresentamos, a política
do BC e da equipe econômica do
governo confirma e permite generalizar a
interpretação de Rossi (FSP, 10/07/01)
sobre um ponto da entrevista de FHC ao
jornal Valor. "Quer dizer, então, que um
órgão da maior relevância como o BC
faz 'besteiras', e o seu chefe supremo
ainda brinca com elas? Pior: estamos
todos convidados a não acreditar em
nada do que digam organismos
públicos, pelo menos enquanto
estiverem sob o comando de alguém
que acha perigoso acreditar no que
dizem".
4. Vitória/ES - Boletim N. 20 - 03
o
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Nau sem rumo
Diferentemente do cenário otimista
de crescimento econômico que se
desenhava no início do ano, projetando
uma expansão de 4-4,5% do PIB e uma
taxa de inflação em torno de 4%, o
quadro atual encontra-se marcado por
um crescente pessimismo dos agentes
econômicos sobre os rumos da
economia brasileira e sobre a
capacidade da política econômica de
dar respostas aos problemas que, aos
borbotões, vêm se amontoando no país.
Se até há poucos meses a
preocupação da política econômica era
a de monitorar o c rescimento para evitar
o agravamento da vulnerabilidade
externa da economia brasileira, as crises
argentina e de energia se encarregaram
de desvelar e de ampliar a fragilidade
de seus fundamentos e de deslocar o
foco de sua ação para uma missão
cada vez mais difícil: a de evitar o
apagão da economia neste segundo
semestre. Não é uma tarefa fácil e, a
considerar os movimentos erráticos que
vêm sendo ensaiados pela política
econômica, não se pode nem mesmo
dizer que os policy makers estejam
dispos tos a ou pelo menos preparados
para cumpri-la.
À vulnerabilidade externa e à
fragilidade fiscal que se acentuaram
com os recentes movimentos (deletérios)
do câmbio e dos juros, impulsionados
pela (ainda irresolvida) crise argentina e
de energia, e também pela falta de
perspectiva de crescimento das
economias dos EUA, Europa e Japão,
somam-se, agora, a aceleração
inflacionária (meta do ano revista de 4%
para 5,8%), juros em alta, ampliando a
dívida pública (estimativa de que a DLSP
atinja 53% do P IB no final do ano contra
uma meta de 46,5% acordada com o
FMI), atividade econômica em declínio
(expansão do PIB reduzida para 2-2,5%)
e aumento brutal do desemprego. Para
agravar ainda mais a situação, a nova
queda de popularidade de FHC retira da
política econômica a legitimidade
necessária para propor e implementar
medidas que mitiguem esses problemas.
A falta de rumos da política
econômica torna-se, nessa situação
cada vez mais evidente. O argumento
da estabilidade - artificial - de preços
tem se enfraquecido ante as
dificuldades que se avizinham e a
política econômica parece estar
caminhando para contentar-se em evitar
o agravamento dessas condições e, se
conseguir, transferir sua solução para o
próximo governo. A falta de consistência
das medidas que vêm sendo adotadas
e o abandono de soluções para as
questões estruturais indica claramente
essa perda de rumos. Por um lado, a
almejada reforma tributária foi substituída
por uma proposta de "remendo" do
sistema, que tem como princi pal objetivo
a manutenção da cobrança da CPMF. A
renovação do acordo com o FMI, que
vence em dezembro, começa a ser
encarada como vital para que nessa
travessia a redução de reservas externas
não forneça munição para novos
ataques especulativos contra a moeda
nacional, ainda que isso implique
transferir o cumprimento das condições
acertadas para o próximo governo. E,
como exercício futurista, os gestores da
política econômica projetam metas de
inflação de 3,5% para 2002 e de 3,25%
para 2003, que não conseguiram
alcançar em sete anos à frente do
processo, ao mesmo tempo em que
articulam/sinalizam um novo tarifaço
para o segundo semestre. Inconsistência
e ausência de medidas "criativas" para
5. Vitória/ES - Boletim N. 20 - 04
o
processo, ao mesmo tempo em que
articulam/sinalizam um novo tarifaço
para o segundo semestre. Inconsistência
e ausência de medidas "criativas" para
superação das dificuldades atuais
indicam que pouco se pode esperar da
política econômica até o final do
governo FHC e que a política do "arroz-
com-feijão" deve ganhar força. Para
garantir a estabilidade à luz de velas e
para transferir para o próximo governo a
herança do endividamento, a
vulnerabilidade externa e os gargalos
estruturais que se ampli aram com o Real.
2. INFLAÇÃO
A evolução dos índices de preços ao
longo do ano mostra uma certa
homogeneidade entre eles quando
comparamos as taxas mês a mês. De
janeiro a fevereiro, houve uma queda
em todos os índices de preços; de
fevereiro a abril, a tendência de alta
atingiu todos eles; e de abril a maio,
inverteu-se o quadro verificado no
período imediatamente anterior, já que
todos os indicadores mostraram queda
nos preços.
Uma das principais expectativas em
relação aos índices de preços é saber
como será a evolução dos mesmos ao
longo dos próximos meses. Diversos
fatores contribuem para aumentar a
instabilidade quanto às próximas
variações. Os principais são o aumento
do dólar verificado nas últimas semanas
e os aumentos nos preços das tarifas
públicas causados pela crise energética
e pelos reajustes concedidos às
concessionárias privadas.
Segundo a política de metas de
inflação, o Governo federal fixou
uma taxa de 4% para o IPCA, em
2001, com tolerância de
variação de dois pontos
percentuais para cima ou para
baixo. As previsões de aumentos
nos índices de preços, face às
pressões do câmbio e dos
aumentos das tarifas públicas,
indicaram, nas últimas semanas,
que o IPCA ficará em torno de 5,92%,
em 2001 (JB, 05/06/01). Para os outros
índices de preços, as estimativas
também pioraram: de 5,4% para 5,73%,
para o INPC; de 6,8% para 6,9%, para o
IGP-M; e de 6,6% para 7%, para o IGP-DI.
Por outro lado, algumas previsões
indicam que o IPCA deverá ultrapassar o
limite máximo de 6% (FSP, 13/06/01).
Por enquant o, ainda não houve
tempo suficiente para se observar os
reflexos da crise energética sobre os
índices de preços divulgados até o mês
de maio. Enquanto isso, o governo
federal continua com a política
monetária e fiscal contracionista, tendo
no aumento da taxa básica de juros o
seu maior sustentáculo. Um dos objetivos
centrais dessa política é manter sob
controle os índices de preços, mesmo
que isso intensifique a desaceleração
nas taxas de crescimento e provoque um
aumento ainda maior nas taxas d e
desemprego.
O Índice Nacional de Preços ao
Tabela 2.1 - Índices de preços (em %)
Indicadores Abr/01 Mai/01 No ano 12 meses
IPC-FIPE 0,61 0,17 1,79 5,52
ICV-DIEESE 0,39 0,22 2,17 7,54
IGP-M 1,00 0,86 3,32 11,05
IGP-DI 1,13 0,44 3,24 10,90
INPC 0,84 0,57 3,19 7,73
IPCA 0,58 0,41 2,42 7,04
Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE.
6. Consumidor Amplo (IPCA) é calculado
pelo IBGE e abrange as regiões
metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo,
Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba,
além dos municípios de Goiânia e
Brasília. Sua metodologia estima os
efeitos das variações de preços sobre as
famílias com rendimentos mensais de 1
a 40 salários mínimos, e é referência
para a política de metas de inflação do
governo federal.
O IPCA foi de 0,41% no mês de maio.
Esse resultado foi 0,17 ponto per centual
menor que o resultado de abril. A queda
no índice se deveu ao grupo
Alimentação, que diminuiu de 1,80% em
abril para 0,58% em maio. A colheita da
primeira safra agrícola, que está
praticamente concluída, inibiu o ritmo de
alta nos preços verificado no mês de
abril. A taxa acumulada nos cinco
primeiros meses do ano foi de 2,42%,
acima do percentual de 1,41% referente
ao mesmo período do ano passado.
Segundo Eulina dos Santos, gerente
do Sistema do Índice de Preços do IBGE,
as frutas (-4,77 %), a cebola (-3,42%) e o
pescado (-3,32%) foram os itens do
Grupo Alimentação que mais
contribuíram para a queda do IPCA de
maio. O feijão, 6,54%, o tomate, 4,67% e
o pão francês, 3,74%, apresentaram
variações positivas. Já, os produtos não
alimentícios aumentaram de 0,23% para
0,36%. Esta alta se deveu,
principalmente, aos aumentos nos
preços das tarifas de energia elétrica
(1,99%), de gás de bujão (3,68%) e de
transporte urbano (1,32%), sendo que
esta última se refere somente a São
Paulo, ond e o reajuste foi de 21,7%.
O Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE
para famílias com rendimento de 1 a 8
salários mínimos, abrange as mesmas
regiões metropolitanas do IPCA. Esse
índice encerrou o mês de abril em
0,84%, uma alta considerável em
relação ao mês anterior (0,48%). Esse
aumento aconteceu em decorrência da
grande estiagem nesse mês, o que
acabou por pressionar o preço dos
alimentos para cima. "Toda vez que há
uma inflação concentrada nos preços
dos alimento s, a população mais pobre
é a que sofre mais. O INPC está refletindo
exatamente isso", é o que afirma Luiz R.
Cunha, da PUC-RJ. Em maio, o INPC foi
de 0,57%, apresentando uma queda em
relação ao mês anterior. Assim como no
IPCA, esta tendência foi determinada
pelo grupo Alimentação. A taxa
acumulada no ano atingiu 3,19% e nos
12 últimos meses, 7,73%.
O Índice de Preços ao Consumidor
(IPC), calculado pela FIPE-USP para o
município de São Paulo, apresentou
variação de 0,17% no mês de maio,
sendo a segunda menor taxa do ano. O
IPC diminuiu 0,44 ponto percentual em
relação a abril, quando a taxa ficou em
0,61%. Os principais responsáveis pela
diminuição do índice, no mês de maio,
foram o grupo Alimentação, com
variação de - 0,73%, seguido pelo grupo
da Saúde, com deflação de 0,47%. A
alta de 1,41% nos preços do grupo
Transporte, causada pelo aumento da
tarifa de ônibus, seguida pela alta de
0,67% nos produtos do grupo Despesas
Pessoais, tiveram impactos positivos sobre
o índice. Outros reaj ustes positivos foram
verificados em Vestuário (0,39%),
Educação (0,18%) e Habitação (0,12%).
O Índice Geral de preços no
Mercado (IGP-M), estimado pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ),
registrou alta de 1,0% no mês de abril,
superando os 0,56% do mês de março.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 05
o
7. Esse índice é composto pela
média ponderada dos índices
IPA (60%), IPC (30%) e INCC
(10%). Essa alta foi provocada
pelas elevações nos preços
dos produtos no atacado,
tanto dos produtos agrícolas
como dos industriais. Porém, o
mês de maio destacou-se
pelas consideráveis reduções
nos IGP's. O IGP-M encerrou o
mês com a taxa de 0,86%,
uma queda de 0,14 ponto
percentual em relação a abril.
Essa queda foi devido à baixa
de 0,79% no IPA. A taxa
acumulada do IGP-M no ano
é de 3,32% e nos últimos 12
me ses, de 11,05%.
dos produtos no atacado,
tanto dos produtos agrícolas
como dos industriais. Porém, o mês de
maio destacou-se pelas consideráveis
reduções nos IGP's. O IGP-M encerrou o
mês com a taxa de 0,86%, uma queda
de 0,14 ponto percentual em relação a
abril. Essa queda foi devido à baixa de
0,79% no IPA. A taxa acumulada do IGP-
M no ano é de 3,32% e nos últimos 12
meses, de 11,05%.
Assim como o IGP-M, o Índice Geral
de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-
DI), também calculado pela FGV-RJ,
aumentou 1,13% em abril. No mês de
maio, o IGP-DI cresceu apenas 0,44%.
Em relação a abril, o índice diminuiu 0,69
ponto percentual. As quedas registradas
no IPA, de 1,39% para 0,18%, e as
registradas no IPC, de 0,86% para 0,41%,
foram as maiores responsáveis por esse
resultado, visto que a desvalorização do
real ainda não pressionou os índices de
forma relevante. A taxa acumulada no
ano foi de 3,24%, e de 10,9%, nos
últimos 12 meses.
O Índice de Custo de Vida estimado
pelo Departamento Intersindi cal de
Estatística e Estudos Sócio-Econômico
(ICV-DIEESE) foi de 0,22% no mês de
maio, recuando 0,17 ponto percentual
em relação a abril. Essa queda foi
causada pelas despesas com Saúde
que contribuiram com 0,8 ponto
percentual no índice. Houve recuo
significativo nos preços do grupo dos
Medicamentos e Produtos Farmacêuticos
(-5,14%) e nos grupos Eletrodomésticos (-
1,42%), Individual (-1,17%), In Natura e
semi-elaborados (-0,78%) e Locação,
Impostos e Condomínio (-0,22%). O
grupo Assistência Méd ica, que
compreende os seguros e convênios
médicos, teve uma variação positiva de
2,69% em relação ao mês anterior, a
maior do mês; Vestuário e Roupas
aumentaram 1,34%; e os grupos
Calçados e Leitura, 1,50% e 1,43%,
respectivamente.
O ICV-DIEESE acumulou uma taxa de
7,54% nos últimos doze meses, entre
junho de 2000 e maio de 2001. A taxa
acumulada em 2001 atingiu 2,17%.
Segundo o DIEESE, o impacto dos
aumentos nas altas nas tarifas do
transporte urbano (15,8%), água e
esgoto (13%) e da sobretaxa de energia
elétrica a partir de junho sobre o índice,
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 06
o
Tabela 2.2 – Preço e variação da cesta básica
Capital Mai/01
(R$)
Var.
Mês (%)
Var. no
ano
Var. 12
meses
Aracaju 104,72 4,99 9,82 13,37
Belém 106,99 1,28 4,8 10,41
Belo Horizonte 123,72 -2,87 11,34 19,79
Brasília 118,64 0,92 5,92 10,58
Curitiba 123,06 -0,57 12,81 18,91
Florianópolis 116,13 2,67 12,45 15,98
Fortaleza 102,47 6,19 12,58 25,28
Goiânia 102,44 -0,53 9,82 17,21
João Pessoa 96,55 0,89 6,15 9,63
Natal 99,24 3,68 4,68 16,37
Porto Alegre 127,32 -2,14 11,3 21,81
Recife 96,01 6,74 -2,4 7,44
Rio de janeiro 122,65 3,43 8,28 24,51
Salvador 93,72 4,23 8,08 14,71
São Paulo 129,78 0,22 8,57 16,1
Vitória 110,94 -2,00 15,43 18,40
Fonte: Dieese
8. será de 1,26 pontos percentuais,
aproximadamente.
As capitais da região nordeste -
Recife, Fortaleza, Aracaju, Salvador e
Natal - registraram os maiores aumentos
no preço de suas cestas básicas, durante
o mês de maio. Outras cinco capitais
apresentaram variação negativa: Belo
Horizonte, Porto Alegre, Vitória, Curitiba e
Goiânia. A cesta básica mais cara do
país, no mês de maio, é a da cidade de
São Paulo, R$ 129,78, e a mais barata a
da cidade de Salvador, R$ 93,72.
O tomate e o leite foram os pri ncipais
produtos que apresentaram alta durante
o mês de maio. Os maiores aumentos no
preço do leite foram verificados em
Curitiba (9,86%) e Vitória (5,94%). O
tomate apresentou elevados aumentos
nos preços em Recife (54,4%) e Salvador
(32,5%). Esses aumentos ocorreram em
função da seca que afetou
profundamente a safra desse produto.
Nos últimos doze meses, entre junho
de 2000 e maio de 2001, a variação da
cesta básica foi maior em Fortaleza
(25,2%), Rio de Janeiro (24,5%), e Porto
Alegre (21,8%). Recife (7,44%) e João
Pessoa (9,63%) foram as únicas cidades
em que o aumento foi inferior a 10%.
de 2000 e maio de 2001, a variação
da cesta básica foi maior em Fortaleza
(25,2%), Rio de Janeiro (24,5%), e Porto
Alegre (21,8%). Recife (7,44%) e João
Pessoa (9,63%) foram as únicas cidades
em que o aumento foi inferior a 10%.
O preço da cesta básica da cidade
de Vitória foi a oitava mais cara do país
no mês de maio, R$ 110,94. No ano, a
variação da cesta básica em Vitória foi a
maior de todo o paí s, com um aumento
de 15,43%. Apenas a cidade de Recife
apresentou variação anual negativa no
preço da cesta básica.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 07
o
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que
é a soma de todos os bens finais e
serviços produzidos no país, cresceu
4,13% no primeiro trimestre deste ano
em comparação com o mesmo período
de 2000. Esse número ficou ligeiramente
acima dos 4% esperados pelo mercado
financeiro e abaixo dos 4,5% de
crescimento estimado pelo governo. Isso
seria apenas um sinal de estabilização
do crescimento se não fosse o
racionamento de energia, que entrou
em vigor a partir de primeiro de junho e
terá conseqüência s graves na produção
nacional.
Segundo o IBGE, o efeito "apagão" na
economia brasileira só poderá ser
observado nos dados do PIB do terceiro
trimestre do ano, previsto para ser
divulgado em novembro. Isso porque é
necessário um período base de mesma
estrutura que a do período em questão.
Os contínuos aumentos na taxa básica
de juros desde março, a alta do dólar e
a crise argentina atuaram, junto com a
crise energética, para uma mudança
"radical" no horizonte do país. Embora
repita os argumentos do Banco Central,
segundo os quais é praticamente
impossível calcular o impacto do
racionamento de energia elétrica na
economia brasileira antes da fixação do
período e da dimensão dos cortes, o
IBGE admitiu que haverá uma
desaceleração na taxa de crescimento
do PIB no terceiro e quarto trimestres. Em
relação a esse efeito deve-se levar em
conta a capacidade de adaptação das
9. empresas assim como a de todos os
indivíduos, pois esse acontecimento
é tão inédito na análise econômica
do país que é de difícil precisão.
A resolução n° 001 da Câmara de
Gestão da Crise de Energia Elétrica
(CGCE) atinge em cheio o setor
industrial. Empresas já instaladas
ficam de mãos amarradas para
ampliar sua capacidade produtiva e
a atração de novos
empreendimentos se torna inviável
ou, no mínimo, desestimulante. Sem
energia previamente contratada, os
investimentos programados ficam
suspenso s. Com a diminuição da
atividade produtiva, milhares de
empregos estão ameaçados, nos
mais diversos setores, como o
automobilístico e o da construção
civil (que representa cerca de 10%
do PIB). ''O receio é geral, quem pensava
em investir, está pensando duas vezes e
reestudando os projetos. As empresas
estão mais conservadoras'', alerta o
diretor da Companhia de
Desenvolvimento Industrial do Estado do
Rio de Janeiro (Codin).
O crescimento da economia brasileira,
no primeiro trimestre de 2001, foi o
resultado da expansão de 5,09% do
setor industrial, 2,76% do setor de serviços
e de 1,82% da agropecuária. Os
subsetores com melhor desempenho
foram a extração mineral (10,46%) e o
comércio (8,31%). Os subsetores com
pior desempenho foram a extração
vegetal (-1,73), administração pública
(0,77%) e transporte (0,98%).
O crescimento do PIB, em relação ao
trimestre anterior, foi de 0,26%, atingindo
um montante de R$ 279,6 bilhões. A
agropecuária apresentou uma notável
expansão de 9,64%, o setor d e serviços
cresceu 0,56% e a indústria sofreu um
decréscimo de 0,07%.
A taxa de crescimento do PIB,
acumulada nos últimos 12 meses, foi de
4,47%. Esse crescimento foi liderado pelo
setor industrial, com uma taxa de 4,92%,
seguido pelos serviços com 3,69% e pela
agropecuária com 1,80%. Os subsetores
com maiores taxas de crescimento,
nesse período, foram os de
comunicações (13,18%), de extração
mineral (12,03%) e de produção animal
(2,66%). (tabela 3.1).
Os indicadores da produção física
industrial mostram que a tendência de
desaceleração, na taxa de crescimento,
continuou no mês de abril. A indústria em
geral apresentou uma queda de 1,6%
em relação ao mês de março, apesar
de ter crescido 6,1% em relação a abril
de 2000. Nos quatro primeiros meses do
ano, a produção industrial apresentou
um crescimento de 6,9%. O programa
de racionamento de energia, associado
às turbulências do mercado financeiro,
deverá provocar uma queda significativa
nesse indicador nos meses seguintes.
Comparando o mês de abril de 2001
com mesmo mês do ano anterior, a
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 08
o
Tabela 3.1 – Taxa de Crescimento do PIB (%)
SETOR DE
ATIVIDADE
2000.I/
2001.I
2000.IV/
2001.I
Acum.12
meses
PIB 4,13 0,26 4,47
AGROPECUÁRIA 1,82 9,64 1,80
Lavouras 1,72 1,39
Extrativa Vegetal -1,73 1,93
Produção Animal 3,08 2,66
INDÚSTRIA 5,09 -0,07 4,92
Extrativa Mineral 10,46 12,03
Transformação 6,63 5,78
Construção 4,18 2,54
Serv. Ind. Ut. Púb. 3,54 4,54
SERVIÇOS 2,76 0,56 3,69
Comércio 8,31 6,14
Transporte 0,98 2,47
Comunicações 1,69 13,18
Instit. Financeiras 3,32 2,68
Outros Serviços 3,39 5,46
Aluguel de Imóveis 2,05 2,22
Administr. Pública 0,77 1,99
Fonte: IBGE
10. indústria de bens de capital cresceu
22,6%, a de bens de consumo duráveis,
12,2% e a de bens intermediários, 3,2%.
O crescimento acumulado no ano foi de
20,0%, 14,7% e 5,3%, respectivamente.
O crescimento mensal, em relação ao
mês anterior, foi nulo para os bens de
capital e negativo para todos os demais
segmentos. A taxa de crescimento
acumulada nos últimos 12 meses foi
significativa para os segmentos
produtores de bens de capital (17,4%) e
de bens de consumo duráveis (19%).
Mas, a produção de bens de consumo
semi-duráveis e não-duráveis caiu 0,3%.
Nível de atividade - Espírito Santo
O Espírito Santo é o estado que mais
cresceu no país, em abril. A produção
industrial registrou um crescimento de
9,3%, em abril de 2001, em
comparação com o mesmo mês do
ano anterior. Isso, devido ao
bom desempenho da
indústria extrativa mineral que
cresceu 29,7%. A taxa de
crescimento nos últimos doze
meses foi de 5,8%, e de
5,4%, no acumulado do ano.
O crescimento industrial, em
abril, foi um dos maiore s do
ano. Apesar da queda de
2,5%, em fevereiro, a indústria
vem crescendo desde
agosto de 2000.
Os setores de papel e
papelão, com um recuo de 19,4%, e o
de minerais não-metálicos,
com queda de 9,2%,
proveniente da retração na
produção de celulose e de
cimento, influenciaram
negativamente o
desempenho industrial. Mas,
a indústria metalúrgica, com
uma taxa positiva de 23,5%,
alavancada pela produção
de placas de aço comum
da Companhia Siderúrgica de Tubarão
(CST), a indústria têxtil com 15,3% e a
extrativa mineral com 29,7%, devido ao
incremento na produção de petróleo,
colaboraram positivamente para o
crescimento na produção industrial do
estado.
Mas, de acordo com as pesquisas da
Flex Consult, o indice de otimismo no
estado, que ficava em torno de 72,43%,
e o de pessimismo, em 6,34%, já vão
dando fim ao sonho de ver o
crescimento contínuo da economia
local. A causa é a redução da atividade
produtiva e, conseqüentemente, o
aumento do desemprego. Porém, todos
os estados sofrerão com o pr oblema da
crise energética. Todavia, o Espírito Santo
terá um impacto menor em sua
produção industrial, uma vez que, as
maiores indústrias capixabas (Aracruz e
CST) são auto-suficientes.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 09
o
Tabela 3.2 – Brasil: Produção Física Industrial (%)
Segmentos Abril/01
Mar./01
Abril/01
Abril/00
Acum. 12
meses
Acum.
No ano
Bens de Capital 0,0 22,6 17,4 20,0
Bens Intermediários -1,9 3,2 5,9 5,3
Bens de Consumo -1,2 6,0 3,5 4,7
Duráveis -5,0 12,2 19,0 14,7
Semidur. e não dur. -0,8 4,2 -0,3 1,9
Indústria Geral -1,6 6,1 6,6 6,9
Fonte: IBGE
Tabela 3.3 – Espírito Santo: Produção Física Industrial
Classes e
Gêneros
Mar/01
Mar/00
Abr/01
Abr/00
Ac. 12
meses
Ac. no
ano
Indústria geral 9,66 9,33 5,80 5,40
Extrativa mineral 36,85 29,70 20,81 27,69
Ind. Transformação 1,91 2,80 1,57 -1,31
Min. Não metálicos 2,61 -9,17 -0,97 3,30
Metalurgia -1,77 23,52 6,94 5,17
Papel e papelão 33,93 -19,35 0,88 -4,70
Química -6,13 -1,29 7,44 -3,20
Têxtil 5,95 15,28 -12,69 11,42
Prod. Alimentares -17,59 -6,97 -7,99 -17,74
Fonte: IBGE/DPE/Departamento de Indústria
11. O registro de novos inadimplentes caiu
1,32% no mês de maio de 2001, em
relação a abril do mesmo ano. Essa
queda, segundo os dados do SPC, foi de
37,98% em comparação com maio de
2000. Já as baixas apresentaram um
acréscimo de 6,14% em relação a abril
e ficaram negativa em 23,72%, em
relação a maio do ano anterior. Assim,
foram inscritos 5.328 novos inadimplentes
somente no mês de maio. Nos cinco
primeiros meses do ano, o SPC registrou
30.872 novos inadimplentes. As consultas
ao SPC diminuíram 2 1,74%, no mês de
maio, o que aponta para uma redução
nas vendas a prazo. Outro fator que
acentua essa redução nas vendas é a
queda de 1,11% no volume de consultas
a cheques.
A inadimplência observada nas compras
com cheques, em maio de 2001,
aumentou 52,49% em relação ao
mesmo período do ano anterior. Mas
houve decréscimo de 8,13% em relação
ao mês anterior. O total de cheques
devolvidos
diminuiu de
3.573, em abril,
para 2.990
cheques, em
maio. O uso
generalizado de
cheques pré-
datados tem
transferido a
inadimplência
do SPC para os
cheques locais.
Devido a
influência do
racionamento de energia, que iniciou no
mês de junho, os consumidores optaram
por comprar menos. A queda mais
elevada nas vendas foi dos
eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
Assim, quando comparamos maio de
2001 em relação a abril, observamos
que as consultas ao SPC aumentaram
13,61% e as realizadas aos cheques
locais aumentaram 12,61%, mas caíram
significativamente em relação a maio de
2000. Porém, ao considerarmos que
maio é o segundo melhor mês do ano
para as vendas - por ser o mês do dia
das mães - o seu desempenho foi baixo
em comparação com as vendas do ano
anterior.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 10
o
Tabela 3.4 - Indicadores de Inadimplência
INADIMPLÊNCIA
Indicadores Mar/01 Maio/00 Abr/01 Maio/01
Maio/01
Maio/00
Maio/01
Abr/01
SPC
Inclusões 20.297 24.431 15.356 15.153 -37,98 -1,32
Baixas 8.539 12.881 9.257 9.825 -23,72 6,14
Consultas 81.147 106.446 73.324 83.302 -21,74 13,61
CHEQUE LOCAL
Inclusões 4.498 2.854 4.737 4.352 52,49 -8,13
Baixas 1.144 1.395 1.164 1.362 -2,37 17,01
Consultas 91.402 93.608 82.198 92.567 -1,11 12,61
Fonte: CDL
4. EMPREGOS E SALÁRIOS
Os efeitos do aumento na taxa
básica de juros e do racionamento da
energia elétrica deverão atingir o
mercado de trabalho brasileiro nos
próximos meses. Os indicadores
disponíveis até o mês de maio ainda não
sinalizam, com exceção da taxa de
desemprego aberto do IBGE, para um
desaquecimento na oferta de vagas na
maioria das atividades econômicas.
Apesar disso, a tendência para os
próximos meses é de elevação nas taxas
de desemprego.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas,
para cada ponto percentual a menos no
crescimento do PIB, cerca de 320 mil
vagas são fechadas. Pressionadas para
economizar energia elétrica, as
12. Vitória/ES - Boletim N. 20 - 11
o
empresas tendem a diminuir a produção
e, conseqüentemente, podem demitir
parte de seus funcionários. A tendência
natural é que uma parcela desses
trabalhadores engrossem o mercado de
trabalho informal que, segundo dados
da PNAD, representavam 50,04% da
População Economicamente Ativa (PEA),
em 1999, e continua crescendo
significativamente.
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME),
realizada pelo IBGE nas seis maiores
regiões metropolitanas do país - Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,
São Paulo e Porto Alegre -, estimou uma
taxa de desemprego aberto de 6,9%
para o mês de maio. O desemprego
aberto é formado por pessoas
desempregadas que
estavam à procura de
trabalho na semana
anterior à pesquisa. Essa
taxa foi maior do que a
de abril deste ano
(6,5%), mas continua
inferior em relação à do
mesmo mês do ano
passado (7,8%). Na
região metropolitana de
São Paulo, a taxa de
desemprego aberto foi
de 7,10% no mês de
maio. O aumento do
desemprego foi
ocasionado,
principalmente, pelo Comérc io que
aumentou sua taxa de desemprego de
6,9%, em abril, para 7,2%, em maio. A
média registrada nos cinco primeiros
meses deste ano foi de 6,2%, inferior à
do mesmo período do ano passado, que
foi de 7,9%.
O número de pessoas ocupadas ou
trabalhando em maio aumentou
0,4% em relação a abril deste ano
e 0,2% em relação a maio do ano
passado. O rendimento médio
nominal das pessoas ocupadas no
mês de abril foi de R$ 746,12, o que
equivale a 4,1 salários mínimos. Esse
rendimento manteve-se constante
em relação a março deste ano e
caiu 0,4% em relação a abril do
ano passado. O rendimento médio
do primeiro quadrimestre deste ano
foi ligeiramente inferior ao do mesmo
período do ano passado (-0,4%).
A Pesquisa de Emprego e
Desemprego (PED), realizada pelo DIEESE
na Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP), mostra que a taxa de
desemprego total, do mês de maio, foi
de 17,5% contra 17,7%, do mês de abril,
diminuindo 0,2 ponto percentual no
Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%)
IBGE (Aberto) DIEESE* (Total)
Meses 2000 2001 2000* 2001* 2000 2001
Maio 7,80 6,90 8,40 7,10 18,70 17,50
Abril 6,50 6,50 8,04 6,60 18,60 17,70
Mar 8,10 6,50 8,15 6,24 18,40 17,30
Fonte: IBGE - PME e DIEESE – PED.
*Região Metropolitana de São Paulo.
Tabela 4.2 - Variação mensal e acumulada do pessoal
ocupado por gênero de atividade no ES (%)
Discriminação Jan/01 Fev/01 Mar/01 12 meses
Mecânica -0,12 -7,27 2,57 2,05
Mat. Elét. e de comunic. 4,09 2,26 5,01 8,79
Mat. De Transporte -3,52 -1,56 -0,53 -8,59
Madeira 3,38 0,00 2,86 13,42
Química 11,91 0,89 16,28 29,38
Têxtil -0.34 0,26 -2,56 -21,32
Vest. e Calçados -1,43 -2,76 1,17 -7,95
Prod. Alimentares -3,35 -2,83 -5,06 -8,06
Bebidas 3,73 -3,70 -1,24 13,92
Construção Civil 5,03 7,96 -2,64 43,24
Total da Indústria 0,33 -0,27 0,76 7,78
Fonte: IEL/IDEIES.
13. contingente de desempregados. Esse
comportamento interrompeu a trajetória
de crescimento da taxa iniciada em
fevereiro deste ano. A relativa
estabilidade do nível de ocupação
(0,2%) reproduziu o comportamento
típico desse período do ano. No entanto,
este resultado decorreu da criação de
14.000 ocupações ocorridas
principalmente no setor público, no
aumento de trabalhadores autônomos e
de empregados domésticos.
O nível de ocupação da Indústria
praticamente não variou em maio (-
0,3%), mantendo o me smo patamar
registrado em abril. Esse resultado
decorreu do desempenho diferenciado
dos seguintes ramos de atividade:
aumento nos ramos de Alimentação
(4,1%), Vestuário e Têxtil (3,0%) e Química
e Borracha (2,6%) e redução nos ramos
de Gráfica e Papel (-6,4%), Metal-
Mecânica (-1,8%) e Outras (-1,5%).
Segundo o DIEESE, o rendimento médio
dos ocupados no mês de abril foi de R$
831,00, apresentando variação negativa
de 0,5% em relação ao mês anterior.
Esse comportamento negativo tem sido
registrado desde novembro do ano
passado. O salário médio, ao contrário,
aumentou 1,3%, totalizando R$ 877,00.
No setor privado, o salário médio elevou-
se em 1,5%. Os maiores aumentos foram
verificados no Comércio (1,8%) e nos
Serviços (1,2%), enquanto que na
Indústria permaneceu praticamente
estável em abril (0,2%).
O Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED) foi
criado através da Lei 4.923
de 12/65 e tem como
finalidade acompanhar e
fiscalizar o processo de
admissão e dispensa dos
trabalhadore s. Os dados
têm periodicidade mensal,
registram o fluxo dos
trabalhadores admitidos e
desligados (empregados no
primeiro dia do mês +
admitidos - desligados = empregados
no último dia do mês) e englobam
apenas os empregados celetistas. Esses
dados permitem analisar as
transformações recentes ocorridas no
mercado de trabalho formal. Eles são
desagregados por estados, municípios,
regiões administrativas do país, por
setores e subsetores produtivos, pela
classificação nacional de atividades
econôm icas e por grupos de ocupação.
Torna-se, neste sentido, um importante
indicador do mercado formal de
trabalho brasileiro.
O número de postos de trabalho
criado no país manteve tendência de
alta de março a maio deste ano. Em
março, foram criados 34.484 novos
postos de trabalho, enquanto que em
abril e maio, 139.997 e 161.898,
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 12
o
Tabela 4.3 - Variação dos salários
reais pagos pela indústria (%)
Período Mês/Mês
anterior
Mês/Mês
ano ant.
Últ. 12
meses
Nov/00 -0,52 5,01 0,24
Dez/00 -4,26 -6,08 0,54
Jan/01 -4,66 6,56 1,90
Fev/01 5,94 9,54 2,94
Mar/01 -0,52 6,46 3,63
Fonte:IEL/IDEIES
Tabela 4.4 - Intermediação de Mão-de-Obra no ES
Jan- Jan-
Especificação Mar/01 Abr/01 Mai/01 Mai/01 Mai/00
M.O. cadastrada 8.748 5.709 5.970 31.353 30.622
Vagas captadas 3.431 3.299 3.346 15.094 7.403
M.O. encaminhada 3.792 3.885 3.727 16.946 10.985
M.O. colocada 2.074 2.117 1.700 8.473 3.495
Taxa de alocação 60,45 64,17 50,80 56,13 47,21
Fonte: SINE/ES.
14. respectivamente. As principais atividades
econômicas responsáveis por esse
aumento, ao longo dos últimos dois
meses, foram: Serviços, Comércio e
Agropecuária (tabela 4.5). Apenas as
atividades econômicas da Extrativa
Mineral, em março, e Serviços Industriais
de Utilidade Pública, em março e maio,
diminuíram o número de postos de
trabalho. O aumento significativo na
Agropecuária em maio deve-se à
colheita de café, que está começando
nos estados de São Paulo, Minas Gerais e
Paraná.
O comportamento do emprego
formal no Espírito Santo manteve a
mesma tendência de crescimento da do
emprego nacional. De um saldo
negativo em março, a geração de
postos de trabalho apresentou saldo
positivo em abril e maio, gerando 5.367
e 6.572 postos de trabalho,
respectivamente. A principal atividade
econômica responsável por essa
elevação é a Agropecuária que tem na
colheita do café o produto responsável
por esse crescimento. O início da
colheita do café representa,
aproximadamente, a contratação de
cerca de seis mil empregos temporários
com carteira de trabalho assinada,
sendo que cerca de "(...) 80 a 90 mil
pessoas estarão trabalhando nas
lavouras capixabas" (A Gazeta, 04/06/01).
Emprego e salários no Espírito Santo
O nível de emprego industrial,
estimado pelo Instituto de
Desenvolvimento Industrial do Espírito
Santo (IDEIES), apresentou um
crescimento de 0,76% em março de
2001 em comparação com o mês
anterior. Os principais responsáveis por
esse crescimento foram os setores
Químico (16,28%), devi do ao início da
safra alcooleira, Material Elétrico e de
Comunicações (5,01%), Madeira
(2,86%), Mecânico (2,57%) e Vestuário e
Calçados (1,17%). Em contrapartida os
ramos de Produtos Alimentares (-5,06%),
Construção Civil (-2,64%), Têxtil (-2,56%) e
Bebidas (-1,24%) apresentaram as
maiores quedas, conforme mostra a
tabela 4.2.
Segundo o IDEIES, o resultado do nível
de emprego no primeiro trimestre deste
ano também foi positivo, crescendo
0,82%. Dentre os gêneros que mais
ampliaram o número de pos tos de
trabalho, destacam-se: Química
(31,30%), Material Elétrico e de
Comunicações (11,77%) e Construção
Civil (10,40%). Já a taxa acumulada nos
últimos doze meses foi de 7,78%. Os
setores que mais contribuíram para este
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 13
o
Tabela 4.5 – Saldo de admitidos e desligados mar/mai 2001
Mar/01 Abr/01 Mai/01Atividade Econômica
Brasil ES Brasil ES Brasil ES
Extrativa Mineral 87 54 -316 99 1.077 696
Ind. Transformação 326 40 29.055 413 31.686 401
Serv. Ind. Util. Pública -97 54 -634 -74 -1.164 121
Construção Civil 2.174 69 14.632 933 2.226 36
Comércio -2.354 -309 27.076 360 18.694 435
Serviços 34.272 -202 52.886 1.545 28.487 522
Admin. Pública 7.016 -1 3.985 43 2.570 29
Agropecuária -7.019 -336 13.164 2.067 78.184 4.328
Outros 79 13 149 -10 138 04
Saldo* 34.484 -618 139.997 5.376 161.898 6.572
Fonte: MTE/CAGED
15. crescimento foram Construção Civil
(43,24%) e Química (29,38%). Os salários
reais pagos pela indústria capixaba, no
mês de março, apresentaram redução
de 0,52% em relação ao mês de
fevereiro. Por sua vez, os salários reais
acumulados nos últimos doze meses
apresentaram um ganho de 3,63%
(tabela 4.3).
Os dados da intermediação de mão-
de-obra mostram que a demanda por
ocupação, no SINE/ES, caiu, em relação
a março, 35% no mês de abril e 38% no
mês de maio. Por sua vez, o número de
vagas captadas n o mês de maio foi
maior que o número de vagas captadas
no mês de abril (tabela 4.4). Já a taxa de
alocação, que mostra o percentual de
trabalhadores alocado em relação às
vagas captadas, caiu de 64,17%, em
abril, para 50,80%, em maio. O
desempenho dos indicadores de mão-
de-obra nos cinco primeiros meses deste
ano foi bem mais favorável ao
trabalhador do que no mesmo período
do ano passado, já que todas as
especificações foram maiores em 2001.
A demanda por ocupação teve pouca
variação entre os a nos, mas a oferta de
vagas aumentou praticamente 100%,
saindo de 7.403, em 2000, para 15.094,
em 2001. A taxa de alocação passou de
47,21%, em 2000, para 56,13% em
2001.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 14
o
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Base Monetária.
Nos meses de abril e maio, não
ocorreram variações significativas no
saldo da base monetária. Nesses dois
meses a base monetária teve um
aumento de 0,5% e 0,2%,
respectivamente. Essa estabilidade na
base monetária foi obtida pelos
resultados inversos nos fluxos de criação
e destruição de moeda nas operações
do tesouro nacional e dos títulos públicos
federais.
O superávit nas contas do governo
tem sido o principal instrumento de
contração da base monetária, através
de uma política f iscal contracionista na
qual aumentam-se as reservas do
governo. Porém, as operações com
títulos públicos têm contrabalançado
esse efeito mantendo a estabilidade da
base monetária.
A variação no saldo da base
monetária, calculada através da média
dos saldos dos dias úteis, sofreu forte
oscilação nos dois primeiros meses
registrados na tabela 5.1 e pequena
variação nos meses seguintes. A
variação, em fevereiro, foi de R$ 5,5
bilhões, em março menos R$ 6,5 bilhões,
em abril menos R$ 457 milhões e m aio
R$ 542 milhões. O efeito das variações
na base monetária, decorrente das
Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamento
Média dos Saldos dos dias úteis(R$ milhões) e variação no mês (%)
Fevereiro Março Abril Maio
Componentes R$ % R$ % R$ % R$ %
Base Monetária 44.300 4.0 46.306 -2.2 43.543 0.5 43.636 0.2
Papel moeda emitido 28.548 -4.4 27.646 -3.2 27.704 0.2 27.748 0.2
Reservas Bancárias 15.753 -5.2 15.660 -0.6 15.840 1.2 15.888 0.3
Meios de Pagamento 67.466 -3.0 66.734 -1.1 66.300 -0.7 66.204 -0.1
Fonte: BCB - Nota para a imprensa.- 25/06/2001
16. operações do setor externo, foi pouco
significativo no período. A desvalorização
do real não produziu um impacto
significativo em vendas de dólar pelo
Banco Central. Em fevereiro, o BCB
adquiriu R$ 2,0 bilhões; vendeu R$ 668,0
milhões, em março; comprou R$ 11,0
milhões em abril e vendeu R$ 554,0
milhões em maio, apesar dos sucessivos
recordes de desvalorização cambial. Os
maiores impactos monetários,
decorrentes da corrida pelo dólar,
deverão aparecer no mês de junho,
quando o BCB vendeu quantid ades
maiores de dólares.
Com a pressão para a
desvalorização do Real, devido aos
constrangimentos provocados pelas
complicações no cenário externo e
interno, o BCB mudou duas vezes sua
política cambial, entre o final do mês de
junho e o início do mês de julho. A última
decisão, de vender US$ 50,0 milhões por
dia, deverá provocar uma contração de
mais de R$ 2,0 bilhões ao mês na base
monetária até o final do ano, caso o BCB
consiga manter essa meta. Nesse caso,
a contração na base monetária deverá
ser compensada por resgates de títulos
públicos, isso se a meta de crédito
doméstico líquido, determinada no
acordo com o Fundo Monetário
Internacional, o permitir. Caso contrário,
corre-se o risco de uma crise de liquidez
se o Comitê de Política Monetária -
COPOM - insistir em elevar a taxa básica
de juros.
Operações de Crédito
Nos meses de março, abril e maio de
2001 o montante das operações de
crédito do sistema financeiro continuou a
crescer, confirmando a tendência dos
últimos meses. O total do crédito
concedido pelo sistema financeiro em
maio foi R$ 346,5 bilhões, representando
um aumento de 1,62% no mês e 4,17%
no trimestre. O volume de crédito para o
setor privado foi R$ 333,1 bilhões em
maio, significando uma elevação de
1,63% em relação a abril. As principais
contribuições vieram do aumento do
crédito para a indústria (2,91%) e para
pessoas físicas (2,10%). O setor de
habitação foi o único em que o volume
de empréstimo apresentou um
decréscimo (- 0,38%).
A dívida bancária do se tor público
alcançou R$ 13,3 bilhões em maio,
representando um aumento de 1,14%,
em relação ao mês anterior. A dívida do
Governo Federal foi R$ 3,5 bilhões em
maio e a dos estados e municípios
chegou a R$ 9,9 bilhões, no mesmo mês.
Em comparação com o trimestre
anterior, a dívida pública apresentou
uma expansão de 3,51%. Em relação
aos níveis de risco das operações de
crédito do sistema financeiro, 65,7% do
total de empréstimos concedidos pelo
sistema financeiro foi classificado como
de baixo ri sco (AA ou A) e apenas 5,4%
no grupo de maior risco (H). Não houve
nenhuma melhora ou piora significativa
quanto ao perfil de risco da dívida. O
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 15
o
Tabela 5.2 – Fatores condicionantes da base monetária (Fluxos acum. no mês (R$ milhões)
Período Tesouro
Nacional
Títulos
Públic.
Setor
Externo
Assist.
Financ. Depósitos
Outras
Contas
Var. da
Base
Fev/01 -3.091 8.639 2 0 68 -91 5.527
Mar/01 -2.641 -3.198 -668 0 206 -222 -6.523
Abr/01 -5.374 6.282 11 0 215 -1.592 -457
Mai/01 -4.920 6.360 -554 0 -8 -337 542
Fonte: BCB - Nota para a imprensa.- 25/06/2001
17. setor habitacional é o único que requer
uma preocupação maior, pois 14,6% de
sua dívida está classificada como de
maior risco, além de vir apresentando
uma diminuição dos financiamentos nos
últimos seis meses. O último aumento na
taxa de juros Selic decidido na última
reunião do COPOM inviabilizou a
redução da taxa de juros "na ponta".
Entretanto, ocorreu uma ligeira queda na
taxa de juros cobrada sobre o cheque
especial. O diretor de Política Monetária
do COPOM creditou isso ao aumento da
conco rrência entre os bancos, que têm
usado taxas mais baixas como estratégia
de marketing e considerou que não será
duradouro, dada a trajetória dos juros
brasileiros. Assim, o consumidor e o
empresário são fortemente afetados
pelas decisões do Banco Central de
elevar a taxa básica de juros do país,
pois o empréstimo torna-se mais caro e,
portanto, mais arriscado. Além disso, as
instituições financeiras tendem a assumir
uma postura mais conservadora, com
medo de que a inadimplência aumente
pela inca pacidade dos agentes de
honrarem seus compromissos.
Taxa de juros
O COPOM, em sua última reunião,
resolveu aumentar a taxa anual Selic
para 18,25%, um aumento de 1,5 ponto
percentual em relação à taxa anterior
que era de 16,75%. Essa taxa é a maior
desde maio de 2000. A tônica da última
reunião foi a mesma das anteriores, qual
seja, a preocupação com as metas
inflacionárias acordadas com o FMI.
Segundo o Banco Central, o
cumprimento das metas ficou
comprometido devido, principalmente, à
pressão qu e vem sofrendo a taxa de
câmbio e à crise energética.
A taxa de câmbio vem atingindo, nos
últimos dias, patamares superiores a R$
2,30 por dólar. A explicação para a
escalada do câmbio reside,
principalmente, no cenário internacional
conturbado. No cenário externo temos,
principalmente, a crise Argentina. Boatos
recentes de renúncia do presidente De la
Rúa e de demissão do ministro Domingo
Cavallo, além da expectativa dos
investidores de uma desvalorização do
peso frente ao dólar, anularam
parcia lmente os efeitos positivos gerados
pelo alongamento da dívida em títulos
do país na ordem de US$ 29,5 bilhões,
que diminuíram a necessidade de
financiamento do setor público em US$
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 16
o
Tabela 5.3 – Operações de crédito do sistema financeiro - Saldos em final de período (R$ milhões)
e Classificação das faixas de risco do saldo das operações em Maio (em %)
Setor Público Setor Privado
Meses Gov.
Fed.
Gov.
Mun/Est.
Total S.
Público
Indústria Habi-
tação
Rural Comér-
cio
Pess.
Física
Outros
Serviços
Total S.
Privado
Total
Geral
Mar/01 3.407 9.665 13.072 90.555 53.559 27.922 33.268 67.329 50.057 322.690 335.762
Abr/01 3.374 9.839 13.213 91.274 53.207 28.193 33.837 69.871 51.336 327.718 340.931
Mai/01 3.468 9.895 13.363 93.934 53.003 28.387 34.252 71.339 52.177 333.092 346.455
Faixas de risco
AA+A 74,4 64,9 67,4 64,0 63,7 60,5 66,6 70,2 66,3 65,7 65,7
B até G 25,4 29,8 28,6 33,1 21,7 34,3 29,8 24,9 30,4 28,8 28,9
H 0,2 5,3 4,0 2,9 14,6 5,2 3,6 4,9 3,3 5,5 5,4
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: BCB - Nota para a imprensa.- 25/06/2001
18. 16,0 bilhões, até 2005. Além da
Argentina, a perda de dinamismo das
economias da zona do euro e o cenário
indefinido no Japão e nos Estados Unidos
também contribuíram para uma piora
das expectativas dos investidores
internacionais. Internamente, temos a
crise política que se instaurou no Brasil,
desde a renúncia dos senadores Antônio
Carlos Magalhães e ......??
Para evitar um aumento ainda maior
da cotação do dólar, o que
comprometeria as metas inflacionárias, o
Banco Central realizou várias
inte rvenções no mercado de câmbio.
Segundo estimativas de alguns analistas,
somente na quarta-feira, 27/06/01, o BCB,
na tentativa de segurar a taxa de
câmbio, gastou cerca de US$ 5,0
bilhões, sendo US$ 1,0 bilhão em espécie
e mais US$ 4,0 bilhões em títulos
cambiais. De acordo com o COPOM, as
operações com títulos do governo
(incluindo títulos do Tesouro e do BCB)
geraram um impacto expansionista na
base monetária da ordem de R$ 2,2
bilhões.
A crise energética foi o outro ponto
de destaque da última reunião do
COPOM. De acordo com as previsões do
BCB, o nível de atividade da indústria
brasileira, que já vinha arrefecendo
mesmo antes da crise de energia, sofrerá
impactos negativos significativos devido
ao racionamento imposto pelo governo.
A crise está afetando crucialmente o
comércio internacional do país. O maior
impacto deve ser sentido no setor
exportador de bens semi-manufaturados,
por ser um setor que utiliza energia
elétrica de forma intensiva. As
importações também devem ser
arrefec idas, devido à menor importação
de combustíveis e bens de capital.
Os impactos da escalada da taxa de
câmbio, que vem ocorrendo nos últimos
meses, e da crise energética já
começam a ser refletidos na taxa de
inflação. Os preços administrados,
principalmente o da gasolina, sofrerão
aumentos significativos, gerando
aumentos nos índices de preços.
Segundo o BCB os preços administrados,
pressionados pelo câmbio e pela crise
energética, serão os responsáveis pelos
maiores aumentos do IPCA (índice
utilizado pelo governo para a política de
metas de inflação).
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 17
o
6. POLÍTICA FISCAL
O resultado primário do Governo
Central, no conceito "acima da linha"
(tabela 6.1) foi superavitário em R$ 3,5
bilhões em maio, 47% inferior ao
resultado de abril, R$ 6,6 bilhões. Os
principais fatores que contribuíram para
essa diminuição foram a redução na
arrecadação total (-5%), a elevação das
transferências aos estados e municípios
(19%) e a elevação das despesas de
custeio e capital (25%). A redução na
arrecadação era esperada em função
de um efeito sazonal: o crescimento das
receitas de i mpostos, em abril, por conta
da concentração do pagamento do
imposto de renda. A maior arrecadação
de abril é responsável, também, pelo
aumento das transferências aos estados
e municípios ocorrido em maio.
No acumulado dos cinco meses, o
resultado primário foi superavitário em
R$16,9 bilhões, 25,6% superior ao do
mesmo período do ano anterior. Na
comparação com o PIB, foi 0,35 ponto
percentual maior nos cinco primeiros
meses de 2001 (3,52%), em relação ao
mesmo período do ano anterior (3,17%).
É o Tesouro Nacional que vem
19. contribuindo para
a obtenção de
tais resultados,
dado que a
Previdência
Social e o Banco
Central
apresentaram
déficit no
período, a
primeira de R$
3,52 bilhões e o
segundo de R$
0,28 bilhão. A
tabela 6.2 mostra
o resultado
consolidado do
setor público, no
conceito "abaixo
da linha", isto é,
pela necessidade de financiamento do
setor público. Observa-se que um valor
positivo nesta tabela representa um
déficit das contas públicas e, em
contrapartida, um resultado negativo
representa um superávit.
O resultado primário, que não leva
em conta as despesas financeiras,
apresentou-se positivo para todo o
período, tanto para o governo central
(Governo Federal, INSS, Banco Central e
empresas estatais federais), quanto para
os governos regionais (Estados, Distrito
Federal, municípios e empresas estatais
estaduais e municipais). Mas o superávit
primário do setor público, em maio, caiu
para R$ 3,71 bilhões (3,60% do PIB
mensal), ante R$ 8,24 bilhões (8,51% do
PIB) em abril. O governo central foi o
responsável pela quase totalidade dessa
queda, pois o seu saldo primário se
reduziu de R$ 6,77 bilhões em abril para
R$ 2,69 bilhões em maio. A explicação
para tal fato coincide com os
comentários feitos, anteriormente, quanto
à concentração
da arrecadação
no mês de abril.
Ainda de
acordo com a
tabela 6.2, o
superávit primário
alcançou a cifra
de R$ 26,96
bilhões nos cinco
primeiros meses
de 2001,
apresentando
um crescimento
de 23,0% em comparação com o
mesmo período do ano passado (R$
21,93 bilhõ es). Esse resultado ficou acima
daquele acordado com o Fundo
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 18
o
Tabela 6.1 – Resultado Primário do Governo Central – em R$ milhões
Discriminação Abr/01 Maio/01 Jan/Mai-00 Jan/Mai-01
I. RECEITA TOTAL 24.662,8 23.404,5 93.896,7 110.878,3
I.1Receita do Tesouro 19.883,8 18.486,0 73.049,6 87.130,8
I.1.1. Receita bruta 20.079,0 18.607,3 74.716,0 88.445,2
I.1.2. (-) Restituições -132,4 -104,1 -1.202,2 -1.095,4
I.1.3 (-) Incentivos Fiscais -63,5 -17,1 -464,9 -219,0
I.2. REC. DA PREVIDÊNCIA 4.782,3 4.918,4 20.847,1 23.747,5
II. TRANSF. P/EST. E MUNIC. 3.632,5 4.305,2 16.763,8 19.435,3
III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL 21.033,6 19.099,3 77.132,9 91.443,0
IV. DESPESAS TOTAL 14.346,7 15.553,5 63.438,2 74.292,3
IV.1.Pessoal e enc. Sociais 4.862,6 4.751,4 22.128,2 25.259,7
IV.2.Benef. Previdenciários 5.464,8 5.798,1 23.919,0 27.272,7
IV.3 Custeio e Capital 4.018,8 5.004,1 17.391,4 21.758,8
V. RES.PRIM.GOV.FEDERAL 6.687,4 3.545,8 13.674,2 17.151,8
V.1 Result. do Tesouro Nac. 7.369,8 4.425,4 16.760,2 20.677,0
V.2 Prev. Social (RGPS) -682,4 -879,7 -3.071,9 -3.525,2
VI RES. PRIM. DO BACEN -76,1 -57,0 -263,6 -280,6
VII. RES.PRIM.GOV.CENTRAL 6.610,9 3.488,7 13.430,6 16.871,2
VIII. RES. PRIMÁRIO/PIB 3,17 3,52
Fonte: STN/Ministério da Fazenda
Tabela 6.2 – Necessidade de Financ. do Setor Público (R$ milhões)
Discriminaçao Jan-Mai/00 Mar/01 Abr/01 Mai/01 Jan-Mai/01
Resultado Primário -21.929 -6.156 -8.245 -3.706 -26.965
Governo Central -16.604 -4887 -6766 -2.689 -21.763
Governos Regionais -5.324 -1.279 -1.479 -1017 -7.891
Juros Nominais 35.332 11.160 10.506 17.773 58.218
Governo Central 22.967 8.239 6.927 10.882 39.257
Governos Regionais 12.445 2.921 3.580 4.892 16.963
Resultado Nominal 13.484 5.004 2.262 12.068 29.255
Governo Central 6.363 3.362 161 8.193 21.183
Governos Regionais 7.120 1.642 2.101 13.875 19.072
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.06.01
20. Monetário
Internacional
(FMI), para o
primeiro
semestre do
ano: R$ 21,47
bilhões.
Os números
positivos do
resultado
primário
contrastam
com os déficits
nominais, altos
e crescentes. No período de janeiro a
maio de 2001, o resultado nominal
atingiu um déficit de R$ 29,26 bilhões,
apresentando um crescimento de
117,0% sobre o déficit verificado em
igual período do ano anterior (R$ 13,48
bilhões). Isto é, o crescimento do
superávit primário não foi suficiente para
cobrir a disparada da conta de juro s que
atingiu o montante de R$ 58,22 bilhões
nos cinco primeiros meses deste ano
(tabela 6.2). São R$ 11,64 bilhões
mensais, em média. Mais ainda, essa
despesa com juros vem crescendo mês
a mês, tendo alcançado a cifra de R$
17,77 bilhões em maio/2001. Esse
aumento do gasto com juros está
associado a duas causas básicas. Em
primeiro lugar, é uma conseqüência da
desvalorização cambial que remunera,
além da dívida pública externa (US$
90,74 bilhões, em março de 2001 -
tabela 7.4), os títulos dolar izados da
dívida interna (R$ 148,94 bilhões em
maio último - tabela 6.4). Em segundo
lugar, o crescimento das despesas com
juros está vinculado ao aumento da taxa
Selic que remunera 49,7% da dívida
mobiliária federal, ou R$ 279,32 bilhões
em maio passado (tabela 6.4).
A dívida líquida do setor público
como um todo atingiu, em maio último,
o montante de R$ 618,51 bilhões (tabela
6.3), com aumento de 3,6% sobre os R$
596,72 bilhões do mês anterior. Desde
fevereiro, esse crescimento é de 7,5%.
Tal ascensão está vinculada a duas
causas principais. Em primeiro
lugar, é explicada pela
elevação mais acentuada do
componente externo da dívida,
que cresceu 22,5%, entre
fevereiro e maio. Esse
crescimento maior da dívida
pública externa, tem a ver com
a forte desvalorização cambial
ocorrida no período, que onera
tanto a transformação do
estoque da dívida externa para
reais, quanto o pagamento dos
juros externos em dólares. Em
segundo lugar, o crescimento da dívida
líquida do setor público está se ndo
impulsionado pelo crescimento dos
déficits públicos nominais que, conforme
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 19
o
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público – em R$ bilhões
Discriminação Fev/01 Mar/01 Abr/01 Mai/01
Dívida Total Líquida 575,33 588,72 596,72 618,51
Governo Central
(1)
338,07 346,41 351,96 368,26
Governos estaduais
(2)
210,72 215,41 217,71 222,64
Governos municipais
(3)
26,54 26,90 27,05 27,61
Dívida Total Líquida 575,33 588,72 596,72 618,51
Dívida líquida interna 469,28 473,92 478,19 488,96
Dívida líquida externa 106,05 114,80 118,53 129,55
Em % do PIB 49,3 50,2 50,4 51,9
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.06.01.
(1) Inclui Banco Central e empresas estatais federais
(2) Inclui as empresas estatais estaduais
(3) Inclui as empresas estatais municipais
Tabela 6.4 – Dívida Mobiliária Federal (em R$ bilhões)
e Participação por Indexadores
Discriminação Fev/01 Mar/01 Abr/01 Mai/01
Dívida Mobiliária 533,40 548,62 553,91 562,02
Indexadores
Cambio 22,6% 23,2% 24,4% 26,5%
Over/Selic 51,5% 50,8% 49,7%
Prefixado 14,4% 14,5% 12,6% 11,6%
TR e TJLP 4,5% 4,5% 4,8% 4,8%
IGP-M e IGPDI 7,0% 7,0% 7,0% 7,3%
Total 100% 100% 100% 100%
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 29.06.01.
21. analisado anteriormente, vem sendo
incrementado pela elevação da taxa de
juros interna e pela desvalorização
cambial que corrige uma parte
significativa dos títulos públicos internos.
A relação dívida/PIB, um indicador
importante para medir a saúde das
contas externas, também vem
apresentando uma trajetória ascendente.
Correspondia a 49,3% do PIB, em
fevereiro, e atingiu 51,9%, em maio.
Assim, a meta acordada com FMI de
atingir, até o final do ano, uma relação
dívida/PIB de 46,5% será fortemente
ultrapassada. Tal fato se deve, além das
causas anteriormente apresentadas, à
revisão, para baixo, das expectativas
quanto ao crescimento econômico, e ao
Programa de Saneamento dos Bancos
Federais, que envolverá gastos de
aproximadamente R$ 102,9 bilhões.
A tabela 6.4 trata da dívida mobiliária
federal, isto é, da dívida representada
pelos títulos públicos federais que estão
no mercado. Essa dívida representa,
portanto, apenas uma parte, embora a
maior delas, da dívida líquida do setor
público, r etratada na tabela anterior.
Os dados da tabela 6.4 mostram a
evolução da dívida mobiliária federal nos
últimos quatro meses. Em maio de 2001,
a dívida alcançou o valor de R$ 562,02
bilhões, confirmando seu movimento
ascendente. Proporcionalmente, os títulos
indexados ao câmbio tiveram sua
participação elevada de 22,6% em
fevereiro, para 26,5% em maio. Tal
aumento se vincula a três fatores
principais. Em primeiro lugar, à
desvalorização do real em relação ao
dólar que afetou os títulos vinculados ao
câmbio. Em segundo lugar, retrata o
aumento na emissão de títulos
dolarizados com a finalidade de segurar
a explosão da taxa cambial. Em último
lugar, tal aumento se deve aos
significativos resgates líquidos de títulos
indexados à taxa Selic ou pré-fixados. Os
títulos corrigidos pela Selic tiveram sua
participação reduzida de 51,5% do total,
em fevereiro, para 49,7%, em maio,
enquanto os pré-fixados apresentaram
redução de 14,4%, em fevereiro, para
11,6%, em maio. A participação maior
de tít ulos pós-fixados, indexados à taxa
Selic ou com proteção cambial (49,7% e
26,5% do total, respectivamente), reflete
as dificuldades encontradas pela equipe
econômica para rolagem da dívida
mobiliária federal. Dificuldades essas
fundamentadas na crise argentina e no
cenário mundial instável, como vem
realçando o governo, mas que
encontram campo fértil na fragilidade
dos fundamentos econômicos internos,
como os desajustes do setor externo e o
crescimento descontrolado da dívida
interna.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 20
o
7. SETOR EXTERNO
Os fundamentos externos da economia
brasileira vêm se deteriorando fortemente
neste início de 2001. A conta de
transações correntes apresentou, no
período de janeiro a maio, um déficit de
US$ 11,4 bilhões, correspondente a 5,2%
em relação ao PIB, superando as metas
estabelecidas com o Fundo Monetário
Internacional. No mesmo período do ano
anterior esse déficit foi de 3,6% (tabela
7.1); durante todo o ano de 2000, ficou
em 4,2% (Brasil - Memorando de Política
Econômica, 29/03/01); e de janeiro a
março de 2001 ficou em 4,8% do PIB
(Conjuntura, nº 19 - abril/01). No mês de
maio de 2001, o déficit em transações
correntes atingiu US$ 2,3 bilhões,
permanecendo praticamente estável
em confronto com o mês anterior (US$
22. Vitória/ES - Boletim N. 20 - 21
o
2,4 bilhões), mas crescendo muito em
relação a maio de 2000, quando ficou
em US$ 1,6 bilhão.
Todas as principais sub-contas que
compõem a conta de transações
correntes apresentaram deterioração
neste início de ano. De acordo com os
dados divulgados pelo Banco Central
(tabela 7.1), a balança comercial
acumulou, de janeiro a maio, um déficit
de US$ 547,0 milhões, contra um
superávit de US$ 530,0 milhões no
mesmo período de 2000. O crescimento
de 12,2% apresentado pelas
exportações nos primeiros cin co meses
de 2001, comparado com o mesmo
período do ano anterior, foi suplantado
pelo crescimento de 17,7% das
importações. Em maio de 2001 a
balança comercial ficou praticamente
equilibrada (saldo de US$ 11,0 milhões),
contra um saldo positivo de US$ 362,0
milhões em maio de 2000. As
expectativas do governo de obter um
superávit na balança comercial de
aproximadamente US$ 1,0 bilhão neste
ano, foram revistas para um déficit de
US$ 500,0 milhões, mas os especialistas
já estão projetando um défici t de US$ 2,0
bilhões, apesar dos efeitos positivos
derivados da desvalorização cambial.
A conta de serviços, aqui considerada
separada da conta de rendas, de
acordo com a nova metodologia do
Banco Central, apresentou um saldo
negativo de US$ 3,1 bilhões de janeiro a
maio deste ano, com aumento de
16,3% sobre os US$ 2,7 bilhões, também
negativos, do mesmo período de 2000.
Em maio de 2001, o déficit foi de US$
776,0 milhões, contra os US$ 501,0
milhões de abril de 2001 e US$ 653,0
milhões de maio d e 2000 (tabela 7.1).
A conta de rendas, que inclui os juros, os
lucros e dividendos e os salários e
ordenados pagos a não residentes,
representa o maior sorvedouro de divisas
das contas externas brasileira. O déficit
Tabela 7.1 – Conta de transações correntes (US$ milhões)
Discriminação Mai/00 Jan-Mai/00 Abr/01 Mai/01 Jan-Mai/01
Balança comercial 362 530 120 11 -547
Exportações 5.063 21.292 4.730 5.367 23.885
Importações 4.701 20.763 4.610 5.356 24.432
Serviços -653 -2.702 -501 -776 -3.143
Transportes -285 -1.248 -249 -263 -1.265
Rendas -1.485 -7.160 -2.150 -1.723 -8.404
Juros -1.165 -5.882 -1.779 -1.113 -6.219
Transferências unilaterais 141 611 131 144 668
Transações correntes -1.634 -8.721 -2.401 -2.345 -11.426
Trans. Correntes/PIB (%) - -3,64 - - -5,25
Fonte: BCB – Nota para a imprensa 25.06.01
Tabela 7.2 – Conta capital e financeira ( US$ milhões)
Discriminação Mai/00 JanMai/00 Abr/01 Mai/01 Jan-Mai/01
Conta capital e financeira 808 1.382 2.622 3.063 13.445
Conta capital 27 121 24 22 122
Conta financeira 781 1.261 2.598 3.040 13.323
Investimento direto 1.609 9.608 2.000 1.898 8.510
Investimento em carteira 49 3.527 734 -152 3.065
Derivativos -18 -27 -110 -53 -273
Outros investimentos -859 -11.847 -26 1.348 2.021
Erros e omissões 581 48 -9 356 1.058
Resultado global do balanço -245 -7.291 212 1.074 3.077
Fonte: BCB – Nota para a imprensa 25.06.01
23. alcançou o montante de US$ 8,4 bilhões
nos primeiros cinco meses de 2001, com
um crescimento de 17,4% sobre o déficit
de US$ 7,2 bilhões observado no mesmo
período do ano anterior. Em maio de
2001 o déficit foi de US$ 1,7 bilhão,
contra US$ 1,5 bilhão em maio de 2000
e US$ 2,1 bilhões em abril de 2001
(tabela 7.1). Observa-se que a maior
parte dessa conta refere-se ao
pagamento de juros ao exterior, déficit
líquido de US$ 6,2 bilhões de janeiro a
maio de 2001, correspondente a 74,0%
do déficit t otal da conta. Assim, um
crescimento da taxa de juros cobrada no
exterior, que se encontra em patamar
muito baixo, pode comprometer ainda
mais as contas externas brasileiras.
Ao contrário da conta de transações
correntes, cujo comportamento negativo
foi analisado nos parágrafos anteriores, a
conta de capital e financeira (nova
denominação e composição adotada
pelo Banco Central, de acordo com a 5ª
edição do Manual de Balanço de
Pagamentos do FMI) apresentou
comportamento positivo neste início de
ano. O saldo de US$ 13,4 bilhões
conseguido no período de janeiro a
maio foi mais do que suficiente para
cobrir o déficit em transações correntes,
permitindo alcançar um superávit na
balança de pagamentos de US$ 3,1
bilhão (tabela 7.2). No mesmo período
de 2000, o saldo da conta de capital e
financeira foi de apenas US$ 1,4 bilhão,
provocando um déficit no balanço de
pagamentos de US$ 7,3 bilhões. A
diferença entre esses dois períodos está
estampada no comportamento da
conta outros investimentos , onde se
registram os financiamentos das
importações, os
empréstimos em moeda e
as transferências para
depósito no exterior, que
apresentou saldo positivo
de US$ 2,0 bilhões nos
primeiros cinco meses de
2001, contra um déficit de US$ 11,8
bilhões no mesmo período do ano
anterior. O principal componente da
conta financeira continuou sendo a sub-
conta dos investimentos estrangeiros
diretos que, de janeiro a maio de 2001,
alcançou um superávit de US$ 8,5
bilhões, mas apresentou redução de
11,4%, q uando comparado com o saldo
de US$ 9,6 bilhões que entrou no país no
mesmo período de 2000 (tabela 7.2).
Deve-se ressaltar a expectativa de
queda na entrada dos investimentos
diretos neste ano: US$ 20,0 bilhões,
contra os US$ 29,6 bilhões conseguidos
no ano de 2000, o que aumenta a
dependência em relação aos
empréstimos e financiamentos. Os
investimentos estrangeiros diretos que
entraram no Brasil, no período
compreendido entre janeiro e maio
últimos, tiveram como origens principais:
os Estados Unidos (24%), a Espanha
(19,2%), os Países Baixos (10,0%), as Ilhas
Cayman (8,4%), a França (6,7%) e as
Bermudas (6,7%). Deste montante,
apenas 4,0% destinou-se ao setor
primário, a indústria captou 25,5% e o os
serviços receberam o maior volume:
70,5% do total.
No mês de maio, as reservas
internacionais totalizaram US$ 35,4
bilhões no conceito caixa e US$ 35,5
bilhões no de liquidez internacional
(tabela 7.3). Estas demostram apenas
uma pequena queda em relação ao
mês anterior de aproximadamente US$
200 milhões e uma perda de US$ 3,5
bilhões em relação a dezembro de
2000. Esses números não traduzem ainda
os gastos de divisas que o Banco Central
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 22
o
Tabela 7.3 – Reservas internacionais (US$ milhões)
Discriminação Dez/00 Mar/01 Abr/01 Mai/01
Caixa 32.949 34.407 34.653 35.446
Liquidez internacional 33.011 34.407 34.653 35.459
Fonte: BCB – Notas para a imprensa 25.06.01
24. foi obrigado a fazer, durante o mês de
junho, para conter a pressão no
mercado de câmbio.
A dívida externa total apresentou, no mês
de março de 2001, uma redução de US$
1,5 bilhão em relação ao mês anterior,
situando-se quase no mesmo patamar
de dezembro último: US$ 236,7 bilhões
(tabela 7.4). A dívida de médio e longo
prazo alcançou em março o total de US$
207,7 bilhões, enquanto a de curto prazo
atingiu o montante de US$ 29,0 bilhões. A
maior parte da dívida de médio e longo
prazo (57,1%) e de curto prazo (94,2%)
está sob a responsabilidade do setor
privado.
A identificação dos reais problemas do
setor externo brasileiro passa
necessariamente por uma análise da
fragilização das contas externas
implementada pelo atual governo. É
sabido que esse processo começou no
início da década de 90, com o governo
Collor, entretanto, as políticas adotadas
pela atual equipe econômica
exacerbaram essa dependência.
A crise enfrentada no mercado de
câmbio tem como fundamento principal
a expansão do défic it no balanço de
transações correntes que já ultrapassou
os 5,0% do PIB, alcançando o maior
índice desde o início dos anos oitenta.
Esse processo tem como propulsores os
contínuos déficits da balança comercial
(previsão para este ano, próxima dos US$
2,0 bilhões), o pagamento crescente de
juros externos e o aumento dos lucros
remetidos para o exterior pelas
multinacionais (fruto do processo de
transferência de propriedade das
empresas nacionais, principalmente das
estatais). A redução na entrada de
investimentos diretos, a crise da
Argentina, as expectativas de redução
do nível de atividade com a crise
energética e o início do processo da
sucessão presidencial completam o
ambiente de incertezas e desestabilizam
o mercado de câmbio, forçando as
intervenções do Banco Central.
Neste contexto, o Banco Central, numa
tentativa de "normalizar" o controle da
taxa de câmbio e impedir uma
contaminação maior dos fundamentos
econômicos, divulgou no dia 21/06/01
sua intenção de utilizar os US$ 10,8
bilhões, disponíveis pelo acordo com o
FMI, como reforço de reservas que lhe
permitirá intervir de forma mais agressiva
no mercado para segurar a disparada
do câmbio. Neste ano, o Banco Central
já contabiliza um gasto de
aproximadamente US$ 2,0 bilhões em
moeda estrangeira e o lançamento de
R$ 14,0 bilhões em títulos cambiais, com
o objetivo de acalmar o mercado de
câmbio. Todavia, o resultado não tem
sido o esperado e o mercado continua
pressionando, em
busca de proteção
(hedge).
Deve também ser
ressaltado, como
fonte de pressão
sobre o mercado de
câmbio, o pacote
econômico
anunciado no início
de junho pelo ministro
Cavallo da Argentina,
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 23
o
Tabela 7.4 – Dívida externa (US$ milhões)
Discriminação Dez/00 Fev/01 Mar/01
Dívida de médio e longo
prazos
206.190 209.085 207.755
Setor público
(1)
89.780 90.515 89.045
Setor privado
(2)
116.410 117.570 118.710
Dívida de curto prazo 29.961 30.145 28.995
Setor público
(1)
2.572 1.952 1.695
Setor privado
(2)
27.389 28.194 27.300
Dívida externa total 236.151 238.230 236.750
Fonte: BCB – Nota para a imprensa 25.06.01
(1) Não inclui os bancos públicos
(2) Inclui os bancos públicos
25. que teve como principal característica a
quebra da paridade entre o peso e o
dólar. Assim, o peso passou a ser cotado
em função de uma cesta de moedas,
contendo o dólar e o euro. Na pratica,
significou uma desvalorização da moeda
local em cerca de 8,0% para as
exportações e importações. A medida
visa a aumentar a competitividade dos
produtos argentinos no mercado
internacional e a reduzir as importações
para amenizar o desequilíbrio das contas
externas. Mas a adoção do câmbio
múltiplo (o câmbio financeiro continua
fixo na paridade antiga) gerou mais
desconfiança do que benefícios. É que a
maioria dos contratos de financiamento
argentinos estão firmados em dólar e a
expectativa de mudança no câmbio
financeiro gera preocupação externa e
pânico interno.
Vitória/ES - Boletim N. 20 - 24
o
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Mestrado em Economia - Graduação em Economia
Departamento de Economia
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, s/n - Campus Goiabeiras - Vitória-ES
CEP 29060-900 - Tel/Fax: (027)335-2605/2615
e-mail: boletim@npd.ufes.br - http://www.ccje.ufes.br/conjuntura
Fabrício Augusto de Oliveira e Paulo Nakatani.
Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José
Balarini.
Ângela Maria Morandi e Reinaldo A. Caracanholo
Aline Faé Stocco, Alin e Yukiko Yshii, Ana Letícia
Espolador Leitão, Anderson Rubens Fonseca, Andressa Nunes Amorim,
Caroline Nunes Lopes Santos, Débora Sader, Elaine Delpupo, Estevão Nicolau
R. dos Santos, Everlan Montibeler, Fernanda Martins Mariani, Flávia Miranda
Pinheiro Ronconi, Lucas Pena Vetekesky, Oberdan Pandolfi Ermitã, Polyana
Baldi Nazário, Priscila Santos de Araújo, Rodrigo Emmanuel S. Borges, Roger
Pereira Ferreira, Rômulo Patrick da Silva Santos, Sérgio Manhans Jr, Tyago
Ribeiro Hoffmann, Tyeli Tozato Alves, Vanessa Pelissari Azevedo, Vanuza da Silva
Pereira.
Coordenadores:
Professores Pesquisadores:
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