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“Porque eles são uma nação sem juízo e sem inteligência. Se
fossem sábios entenderiam tudo isso e saberiam discernir o
futuro” DT 32, 28-29
“Vou esconder-lhes meu rosto e ver qual será o seu futuro”
DT 32, 20
REFORMAS RELIGIOSAS
Os sete pecados capitais- Hieronymus Bosch - séc. XVI
No centro da obra, a
imagem de Cristo
com o dizer:
“Cuidado, cuidado,
Deus a tudo
observa”. Em volta do
Cristo, representação
dos sete pecados
capitais (avareza,ira,
soberba, inveja, gula,
preguiça e luxúria).
Os quatro círculos
dos cantos mostram
os estágios finais da
vida: Morte, Juízo
Final, Inferno e
Glória. (Museu do
Prado, Madri, Espanha).
Quando Francisco de Assis iniciou suas peregrinações, por volta de 1210, a
suntuosidade das construções e as vastas terras da Igreja Católica Romana já
impressionavam e revelavam a riqueza da instituição eclesiástica. Durante o século XIII,
o futuro São Francisco pregou a pobreza. Na mesma época, Domingos de Gusmão,
depois São Domingos, defendeu a mendicância e a simplicidade. Os dois santos
reuniram fiéis e questionaram a estrutura administrativa e financeira da igreja a que
pertenciam.
No final do século XIV, uma profunda crise abalou o catolicismo: a Igreja dividiu-se entre
dois Papas, Urbano VI assumiu o poder em Roma, em 1378, e quatro meses depois um
grupo de cardeais insatisfeitos entronizou Clemente VII, em Avignon. Parte da França,
os reinos de Castela e a Escócia apoiavam o papa de Avignon, enquanto o Sacro
Império, os reinos do norte da Península Itálica e a Inglaterra estavam entre os
defensores do papado romano. Era o chamado “grande cisma do ocidente”, que
expunha as divergências internas da Igreja e os vínculos políticos de seus diversos
setores. Dois Papas, com suas respectivas organizações eclesiásticas, lutavam entre
si, excomungavam os adversários e os denunciavam como heréticos.
O Papa vende indulgências”,
xilogravura de Lucas Cranach, o
Velho, retirada de Paixão do Cristo e
do Anticristo, de Lutero (Wittenberg,
1521).
No início do século XVI, duas condutas
condenadas pelo Concílio de Latrão, em
1139, eram ainda conduta desviante de
parte do clero ocidental, sendo decisivas
para a eclosão das Reformas. O
nicolaísmo (Nicolau de Alexandria-Egito)
que defendia que as relações sexuais não
ofendiam a Deus e a simonia, por sua vez,
derivada de Simão, o mago, que teria vivido
na Palestina, e, segundo o relato bíblico
(Atos dos Apóstolos- capítulo 8), depois de
convertido ao cristianismo, ofereceu
dinheiro ao apóstolo Pedro para ter o poder
de controlar o Espírito Santo. O termo
acabou associado a todo tipo de negociata
ou tráfico envolvendo assuntos e objetos
sagrados.
Jesus expulsa os vendilhões do templo.
A disputa envolveu ordens religiosas, bispados, conventos e mosteiros até 1417
quando o papado foi reunificado em Roma. As insatisfações doutrinárias e a
reclamação por uma redistribuição de poder dentro da igreja, no entanto, persistiam.
A partir do século XV as críticas aos abusos cometidos pela Igreja Católica e a
corrupção de seus membros ficou mais freqüente. Muitos membros do clero
desconsideravam regras de conduta, como o celibato, e a participação abertamente
da venda de relíquias e funções religiosas. Negociavam indulgências (perdão) para
os pecados que os fiéis cometessem. No final do século XV, as autoridades
eclesiásticas pareciam ainda mais distantes da valorização da pobreza e até das
doutrinas e ensinamentos que difundiam. Esse comportamento era criticado dentro e
fora da instituição. Para muitos a Igreja Católica deveria assumir uma posição mais
humilde e desvinculada da vida material, conforme os ensinamentos dos Evangelhos.
Muitos defendiam a necessidade de reformas. Se a Igreja era uma guia espiritual, por
que exigia dinheiro de seus seguidores e por que concentrava tantos recursos no seu
próprio interior, em vez de distribuí-los aos necessitados?
Num período de tantas transformações era
previsível que ocorressem mudanças na esfera
espiritual. Uma sociedade cada vez mais humanista
buscava valorizar a consciência individual.
O humanista e monge Erasmo de Roterdã
(1466-1536), em sua obra O elogio da loucura
(1509), satirizou a corrupção na Igreja e propôs que
a instituição retomasse o Evangelho como princípio
de todas as suas ações, afastando-se das
preocupações materiais. Numa época de
perseguições religiosas, Erasmo defendia, ainda, a
tolerância religiosa e a liberdade de pensamento.
Uma de suas principais realizações foi a nova
tradução do Novo Testamento para o grego,
publicada em 1516.Erasmo de Roterdã
No mesmo ano da publicação da edição de Erasmo,
encerrou-se o Concílio de Latrão, que se iniciara
em 1512 e debatera as relações entre o papado e as
dioceses.
As decisões do concílio reafirmaram o poder papal
sobre o conjunto da Igreja, rejeitando a autonomia
dos prelados locais.No mesmo encontro, os
religiosos discutiram a possibilidade de reformas no
interior da instituição e chegaram a autorizar
mudanças no funcionamento interno da Igreja. O
papa Leão X, no entanto, desconsiderou as decisões
reformistas e estabeleceu, através de bula papal, a
determinação de que toda obra impressa deveria
receber autorização eclesiástica para circular.
Alguns intelectuais dos séculos XIV e XV podem ser
considerados precursores do movimento reformista.
Entre eles está o inglês John Wycliffe (1330-1384),
professor em Oxford, que denunciou a corrupção do
clero e desafiou a autoridade da Igreja ao afirmar que
qualquer um que tivesse fé poderia conseguir a salvação
eterna. Suas ideias sobre a salvação pela fé e não pela
prática de “boas obras”, como a compra de
indulgências, serviram de inspiração para as 95 teses
que marcaram a ruptura de Martinho Lutero com a Igreja
Católica em 1517. Outro precursor da Reforma foi o
padre Jan Huss, natural da Boêmia (República Tcheca),
que morreu queimado na fogueira em 1415. Estudioso
de Wycliffe, Huss pregava a obediência estrita às
Escrituras e denunciou a corrupção e o luxo do clero.
Ele traduziu textos sagrados para a língua do seu
povo.
John Wycliffe
Jan Huss
Martinho Lutero
O monge germânico Martinho Lutero (1483-1546) leu
a tradução do Novo Testamento e outros escritos de
Erasmo e reconheceu, neles, preocupações
semelhantes às que tinha em relação aos rumos da
Igreja. Ele era teólogo e recusava o princípio católico
de que a salvação dependia da fé, das obras
humanas e da graça divina. Para Lutero apenas a fé
levava à salvação: Deus oferecera a fé através do
sacrifício de Cristo e não cabia aos homens discutir ou
explicar sua natureza e seus motivos. Ele rejeitava o
pensamento escolástico de São Tomás de Aquino,
que celebrava as boas ações, o conhecimento e as
informações como caminho para a salvação. Ele
sustentava que todos os homens, religiosos ou leigos,
deviam ter acesso às Escrituras, para que
compreendessem individual e livremente a palavra de
Deus (livre interpretação da Bíblia e relação direta
com Deus).
O Clero, portanto, tornava-se desnecessário, assim como o
sacramento da confissão (a rejeição da hierarquia do Clero e a
eliminação dos sacramentos, exceto, batismo e eucaristia).
Lutero refutava a concepção, defendida pela Igreja Católica, de
que as pessoas teriam, após a morte, três destinos possíveis: o
Céu, o Inferno e o Purgatório. As indulgências tinham justamente
a função de abreviar os anos de Purgatório. Ao comprá-las, o
católico reduzia a espera para chegar ao Paraíso. Para Lutero, a
salvação não dependia dos homens, nem da intermediação
eclesiástica, as indulgências não tinham nenhum valor.
Uma insatisfação mais ampla e difusa somava-se aos debates
doutrinários, em boa parte da Europa ocidental e central. As
cidades haviam crescido, os Estados organizavam-se e a
interferência política das autoridades eclesiásticas parecia
restringir a ação de reis e nobres. Estes também desejavam
receber parte dos tributos pagos à Igreja e ter acesso às terras
controladas pela instituição.
A burguesia ascendente, por seu lado, sentia-se
limitada pela condenação católica da usura e da
busca do lucro financeiro. Os camponeses e
trabalhadores urbanos, afetados pela carestia,
realizavam contínuas sublevações, que, mesmo
sem projetos políticos claros, revelavam a
instabilidade social do período. Embora a presença
da Igreja, expressa nas construções e nos rituais
majestosos, fosse ostensiva, nos meios populares
persistiam outras religiosidades, que incluíam
práticas mágicas, devoções e idolatria.
Em 1517, Lutero reagiu à presença, em Wittenberg,
de um enviado do arcebispo local, que fora à cidade
com a incumbência de vender indulgências e,
assim, obter recursos para a construção da nova
Basílica de São Pedro, em Roma.
A reformulação, porém, era muito
onerosa, daí a necessidade de
arrecadar mais dinheiro.
Contrário à venda de indulgências,
Lutero afixou, na porta do Castelo de
Wittenberg, 95 teses. Ele afirmava,
em suas teses, que esse comércio de
perdões não tinha fundamentação
teológica e favorecia a corrupção. O
Papado respondeu no mesmo ano
com a Bula Exsurge Domine,
ameaçando Lutero de excomunhão.
Este queimou a Bula, precipitando a
ruptura. Lutero foi, então,
acolhido/protegido por Frederico III da
Saxônia.
Outros príncipes financiariam a divulgação das ideias
luteranas por todo império, havendo a ruptura, os
príncipes germânicos confirmariam a sua autonomia,
ampliando o seu poder.
A intolerância da Igreja fez Lutero radicalizar suas
posições. Em 1520, escreveu textos decisivos, como À
nobreza cristã da nação alemã, em que contestava os
tributos cobrados pela Igreja Católica e denunciava sua
atuação política, O Papado de Roma, em que
contestava a autoridade do Papa e o Cativeiro
babilônico da Igreja, em que contestava a hierarquia
eclesiástica, abrindo caminho para a ruptura. Havia,
porém, outros setores comprometidos com a Reforma,
mais radicais do que os príncipes, como as massas
camponesas reunidas em torno da seita dos
anabatistas, que admitiam apenas o batismo dos
adultos.
Trechos do filme: Lutero
Também os pobres viram, nas ideias de Lutero, a inspiração para resistir aos poderes
políticos locais. Em 1524, valendo-se de críticas luteranas às ambições políticas e
financeiras dos governantes, quase 300 mil camponeses rebelaram-se contra seus
senhores. Lutero, politicamente conservador e dependente dos príncipes germânicos
que o mantinham protegido da perseguição do Papa, rejeitou qualquer vínculo de suas
propostas com a luta popular.
Lutero foi o primeiro a traduzir a Bíblia para uma língua vulgar (falada pelo povo), o
alemão, o que possibilitou a difusão da doutrina cristã na sociedade, rompendo o
monopólio da Bíblia em latim. Após a Bíblia de Lutero, vieram outras em diversas
línguas, favorecendo a alfabetização na Europa protestante.
Em 1529, os nobres alemães que haviam abraçado a Reforma luterana confirmaram
sua opção na Dieta de Spira, convocada pelo imperador no intuito de convencê-los a
recuar, submetendo-se à autoridade apostólica do Papa. Por se negarem a atender a
esse apelo, foram chamados de “protestantes” por seus adversários católicos, sendo
essa a origem do termo protestante para se referir aos movimentos de Reforma
Religiosa do século XVI.
Philipp Schwartzerdt, mais conhecido como Melanchton, foi quem
redigiu, em 1530, a Confissão de Augsburgo, documento que
fundamentava a doutrina que deu origem à primeira Igreja protestante:
a Igreja Reformada da Confissão de Augsburgo, o nome oficial da
Igreja Luterana. Nele, afirmava que a fé constituía a única e verdadeira
fonte da salvação e que o dogma absoluto da religião reformada seria o
texto das Escrituras.
Lutero morreu em 1546, aos 62 anos, sem ver o final dessa guerra. Ela
terminou somente em 1555, com a Paz de Augsburgo, e consagrou o
princípio de “Cujus regio, ejus religio”, isto é, a religião do povo deveria
ser a mesma seguida pelo príncipe do lugar, fosse católico ou
protestante.
Observar que, se o poder da Igreja não estivesse enfraquecido no
início do século XVI, Lutero teria sido preso e queimado como muitos
hereges medievais. A favor de Lutero pesou, sem dúvida, o fato de ter
sido “adotado” por alguns príncipes germânicos.
Philipp
Schwartzerdt
-
Melanchton
1. Sola Scriptura - Somente as Escrituras
2. Sola Fide - Somente a Fé
3. Sola Gratia - Somente a Graça
4. Solus Christus - Somente Cristo
5. Soli Deo Gloria - Somente a Deus a Glória
A reforma religiosa na Suíça representou, antes de tudo, uma
necessidade burguesa. O país estava dividido em
cidades-República, como Zurique, Basileia, Berna e Genebra,
todas elas importantes centro comerciais. O poder político
nessas cidades estava nas mãos de uma burguesia nascente,
impedida de expandir seus negócios devido às fortes barreiras
impostas pela Igreja Católica. O Clero combatia a liberdade
econômica e o crescente lucro dos setores mercantis. A
burguesia necessitava, desse modo, de novos parâmetros
morais, econômicos e religiosos que legitimassem a obtenção
do lucro por meio do comércio e da exploração do trabalho
assalariado. Huldrych Zwingli, ardente defensor das ideias
de Lutero, foi iniciador da reforma religiosa na Suíça. De
formação humanista, ordenou-se padre em 1517,
mostrando-se sempre muito crítico em relação aos dogmas
da Igreja Católica.
Zwingli defendia a predestinação e condenava a confissão,
alegando que cabia a Deus e não aos padres perdoar os pecados.
Em 1531, quando tentava levar seus ensinamentos a grupos mais
conservadores, teve início uma guerra civil que provocou a morte
em combate do reformador. A cidade-República de Genebra foi o
cenário para a atuação de um dos maiores impulsionadores da
Reforma, o teólogo francês João Calvino (1509-1564). Ao
converter-se ao luteranismo por volta de 1530, Calvino renunciou
a alguns benefícios eclesiásticos. Em razão, foi perseguido e
transferiu-se para Genebra em 1536. Nesta cidade publicou
Instituições da religião cristã, na qual expunha seus princípios
teológicos. Calvino reafirmava as doutrinas luteranas da salvação
pela fé e levava às últimas consequências a teoria da
predestinação. Era a escolha divina que permitiria, a alguns, o
acesso ao Paraíso. A riqueza individual, também rejeitada no
catolicismo, assumia a conotação de sinal de graça divina.
As atitudes individuais revelavam o esforço de combater
o mal dentro e fora de si e de agir conforme as
convicções religiosas. Quanto aos sacramentos, Calvino
aceitou inteiramente apenas o batismo e, em certa
medida, a eucaristia. Desse modo, o segundo
“sacramento” do calvinismo era a santa ceia, entendida
como símbolo de Jesus e em memória dos benefícios
que o seu martírio trouxe à humanidade.
Os princípios calvinistas pregavam o rigor da disciplina, a
valorização moral do trabalho e da poupança, oferecendo
aos setores burgueses uma justificativa religiosa sólida e
bem elaborada para suas atividades. Esse aspecto de
justificativa ideológica contribuiu para que a doutrina
calvinista ganhasse adeptos nas principais
cidades-República da Suíça.
A partir de 1541, tanto o governo como a religião de Genebra estavam nas mãos de
Calvino, que exerceu o poder por intermédio de uma oligarquia religiosa conservadora
sob o controle de um Consistório (assembleia). Detendo uma autoridade ilimitada, esse
órgão controlava o cotidiano das pessoas, obrigando-as a participar de cultos e da
comunhão. Morto em 24 de maio de 1564, Calvino deixou um imenso legado e uma
doutrina que se espalhou em várias partes da Europa. Por isso foi chamado de
“segundo patriarca da Reforma”.
As ideias de Calvino expandiram-se pela Europa ocidental, região na qual o
desenvolvimento das práticas capitalistas abria um campo favorável para uma reforma
religiosa que impulsionasse as atividades dos setores mercantis e manufatureiros.
Assim, na Inglaterra (puritanos), na Escócia (presbiterianos), na França (huguenotes) e
em muitas outras regiões sugiram adeptos da fé e da ética calvinista.
A penetração das ideias de Lutero, e mais tarde de Calvino, nas camadas sociais como
a gentry, pequena nobreza envolvida com as questões comerciais e nos setores
mercantis e profissionais, teve repercussões importantes para a história do
protestantismo na Inglaterra. Em 1527, Henrique VIII solicitou ao papa Clemente VII que
anulasse seu casamento com a espanhola Catarina de Aragão para casar-se com Ana
Bolena. Mas o papa evitava intervir nessa questão, uma vez que Catarina era tia do
imperador Carlos V, que auxiliava a Igreja Católica no combate aos luteranos. O início
da reforma religiosa inglesa deu-se por iniciativa de Henrique VIII, que encontrou apoio
em seus súditos para a organização da Igreja Anglicana. Em 1531, Henrique VIII obriga
o Parlamento inglês a votar uma série de leis que colocou a Igreja Católica inglesa sob
o controle do Estado.
Em 1534, o Ato de Supremacia proclamou a criação e tornou
o rei chefe supremo da Igreja Anglicana, podendo nomear os
eclesiásticos e determinar os dogmas religiosos. A resposta
do papa foi a excomunhão de Henrique VIII. A partir de 1536,
as terras dos mosteiros e os outros feudos do clero foram
expropriados e vendidos a nobres, comerciantes e
fazendeiros, que passaram a ser o sustentáculo político da
Igreja Anglicana. Nos anos seguintes, muitos conflitos
religiosos abalariam o país, e a Igreja Anglicana passaria a
perseguir os puritanos e demais dissidentes da religião oficial.
A complementação da obra reformista de Henrique VIII foi
realizada no reinado de Elizabeth I (1533-1603), sua filha com
Ana Bolena. Entremeando características do anglicanismo e
do calvinismo, a nova Igreja Anglicana procurou chegar a uma
conciliação das regras religiosas na Inglaterra, na tentativa de
impedir a divisão do reino por questões de crença. Elizabeth I
As origens da Reforma Católica ou Contrarreforma podem ser
buscadas nos últimos anos do século XV, antes mesmo, portanto, das
Reformas Religiosas. Em algumas regiões como Espanha e Península
Itálica, por iniciativa de alguns clérigos, foram tentadas medidas no intuito
de restabelecer a disciplina eclesiástica e regenerar a vida espiritual. A
reação de Roma, só ocorreu, de fato, quando o poder político-econômico
do clero foi ameaçado. Por iniciativa do papa Paulo III, a Igreja Católica
realizou um dos encontros mais importantes de sua história: o Concílio
de Trento (1545-1563). Foram tomadas inúmeras medidas, entre elas: a
reorganização do Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, que tinha como
objetivo combater as heresias e as seitas contrárias aos dogmas do
catolicismo, a criação dos Seminários, que tinham o objetivo de reforçar
a preparação dos padres, elaborou uma lista de livros proibidos chamado
de Index Librorum Prohibitorum, autorizou a criação da Companhia de
Jesus, que tinha como objetivo a expansão do catolicismo nos “mundos”
recém descobertos, além da reafirmação dos dogmas católicos, da
transubstanciação, da manutenção dos sacramentos, da hierarquia
do clero e do celibato clerical.
A conclusão é a de que as Reformas influenciaram
transformações econômicas e políticas deflagradas no
século XVI. O filósofo alemão Karl Marx, que concebeu
o materialismo histórico, considerou a Reforma como
“filha do capitalismo”. No início do século XX, o
sociólogo alemão Max Weber destacou que a ética de
certas correntes reformistas, a exemplo do calvinismo,
era portadora do “espírito do capitalismo”, uma vez que
não rejeitava o comércio e a usura, além de enaltecer o
trabalho, a poupança e a riqueza material como sinais
da graça divina. Por vezes, reforçou o absolutismo e
favoreceu a formação do capitalismo, como na
Inglaterra. Em outros casos, retardou ambos. Antes
disso, a adesão as novas doutrinas não foi opção de
nenhum grupo social em particular, já que nobres,
burgueses, camponeses e artesãos aderiram à Reforma
em certos países, mas permaneceram católicos em
outros.
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  • 1. “Porque eles são uma nação sem juízo e sem inteligência. Se fossem sábios entenderiam tudo isso e saberiam discernir o futuro” DT 32, 28-29 “Vou esconder-lhes meu rosto e ver qual será o seu futuro” DT 32, 20 REFORMAS RELIGIOSAS
  • 2. Os sete pecados capitais- Hieronymus Bosch - séc. XVI No centro da obra, a imagem de Cristo com o dizer: “Cuidado, cuidado, Deus a tudo observa”. Em volta do Cristo, representação dos sete pecados capitais (avareza,ira, soberba, inveja, gula, preguiça e luxúria). Os quatro círculos dos cantos mostram os estágios finais da vida: Morte, Juízo Final, Inferno e Glória. (Museu do Prado, Madri, Espanha).
  • 3. Quando Francisco de Assis iniciou suas peregrinações, por volta de 1210, a suntuosidade das construções e as vastas terras da Igreja Católica Romana já impressionavam e revelavam a riqueza da instituição eclesiástica. Durante o século XIII, o futuro São Francisco pregou a pobreza. Na mesma época, Domingos de Gusmão, depois São Domingos, defendeu a mendicância e a simplicidade. Os dois santos reuniram fiéis e questionaram a estrutura administrativa e financeira da igreja a que pertenciam. No final do século XIV, uma profunda crise abalou o catolicismo: a Igreja dividiu-se entre dois Papas, Urbano VI assumiu o poder em Roma, em 1378, e quatro meses depois um grupo de cardeais insatisfeitos entronizou Clemente VII, em Avignon. Parte da França, os reinos de Castela e a Escócia apoiavam o papa de Avignon, enquanto o Sacro Império, os reinos do norte da Península Itálica e a Inglaterra estavam entre os defensores do papado romano. Era o chamado “grande cisma do ocidente”, que expunha as divergências internas da Igreja e os vínculos políticos de seus diversos setores. Dois Papas, com suas respectivas organizações eclesiásticas, lutavam entre si, excomungavam os adversários e os denunciavam como heréticos.
  • 4. O Papa vende indulgências”, xilogravura de Lucas Cranach, o Velho, retirada de Paixão do Cristo e do Anticristo, de Lutero (Wittenberg, 1521). No início do século XVI, duas condutas condenadas pelo Concílio de Latrão, em 1139, eram ainda conduta desviante de parte do clero ocidental, sendo decisivas para a eclosão das Reformas. O nicolaísmo (Nicolau de Alexandria-Egito) que defendia que as relações sexuais não ofendiam a Deus e a simonia, por sua vez, derivada de Simão, o mago, que teria vivido na Palestina, e, segundo o relato bíblico (Atos dos Apóstolos- capítulo 8), depois de convertido ao cristianismo, ofereceu dinheiro ao apóstolo Pedro para ter o poder de controlar o Espírito Santo. O termo acabou associado a todo tipo de negociata ou tráfico envolvendo assuntos e objetos sagrados.
  • 5. Jesus expulsa os vendilhões do templo.
  • 6. A disputa envolveu ordens religiosas, bispados, conventos e mosteiros até 1417 quando o papado foi reunificado em Roma. As insatisfações doutrinárias e a reclamação por uma redistribuição de poder dentro da igreja, no entanto, persistiam. A partir do século XV as críticas aos abusos cometidos pela Igreja Católica e a corrupção de seus membros ficou mais freqüente. Muitos membros do clero desconsideravam regras de conduta, como o celibato, e a participação abertamente da venda de relíquias e funções religiosas. Negociavam indulgências (perdão) para os pecados que os fiéis cometessem. No final do século XV, as autoridades eclesiásticas pareciam ainda mais distantes da valorização da pobreza e até das doutrinas e ensinamentos que difundiam. Esse comportamento era criticado dentro e fora da instituição. Para muitos a Igreja Católica deveria assumir uma posição mais humilde e desvinculada da vida material, conforme os ensinamentos dos Evangelhos. Muitos defendiam a necessidade de reformas. Se a Igreja era uma guia espiritual, por que exigia dinheiro de seus seguidores e por que concentrava tantos recursos no seu próprio interior, em vez de distribuí-los aos necessitados?
  • 7. Num período de tantas transformações era previsível que ocorressem mudanças na esfera espiritual. Uma sociedade cada vez mais humanista buscava valorizar a consciência individual. O humanista e monge Erasmo de Roterdã (1466-1536), em sua obra O elogio da loucura (1509), satirizou a corrupção na Igreja e propôs que a instituição retomasse o Evangelho como princípio de todas as suas ações, afastando-se das preocupações materiais. Numa época de perseguições religiosas, Erasmo defendia, ainda, a tolerância religiosa e a liberdade de pensamento. Uma de suas principais realizações foi a nova tradução do Novo Testamento para o grego, publicada em 1516.Erasmo de Roterdã
  • 8. No mesmo ano da publicação da edição de Erasmo, encerrou-se o Concílio de Latrão, que se iniciara em 1512 e debatera as relações entre o papado e as dioceses. As decisões do concílio reafirmaram o poder papal sobre o conjunto da Igreja, rejeitando a autonomia dos prelados locais.No mesmo encontro, os religiosos discutiram a possibilidade de reformas no interior da instituição e chegaram a autorizar mudanças no funcionamento interno da Igreja. O papa Leão X, no entanto, desconsiderou as decisões reformistas e estabeleceu, através de bula papal, a determinação de que toda obra impressa deveria receber autorização eclesiástica para circular.
  • 9. Alguns intelectuais dos séculos XIV e XV podem ser considerados precursores do movimento reformista. Entre eles está o inglês John Wycliffe (1330-1384), professor em Oxford, que denunciou a corrupção do clero e desafiou a autoridade da Igreja ao afirmar que qualquer um que tivesse fé poderia conseguir a salvação eterna. Suas ideias sobre a salvação pela fé e não pela prática de “boas obras”, como a compra de indulgências, serviram de inspiração para as 95 teses que marcaram a ruptura de Martinho Lutero com a Igreja Católica em 1517. Outro precursor da Reforma foi o padre Jan Huss, natural da Boêmia (República Tcheca), que morreu queimado na fogueira em 1415. Estudioso de Wycliffe, Huss pregava a obediência estrita às Escrituras e denunciou a corrupção e o luxo do clero. Ele traduziu textos sagrados para a língua do seu povo. John Wycliffe Jan Huss
  • 10. Martinho Lutero O monge germânico Martinho Lutero (1483-1546) leu a tradução do Novo Testamento e outros escritos de Erasmo e reconheceu, neles, preocupações semelhantes às que tinha em relação aos rumos da Igreja. Ele era teólogo e recusava o princípio católico de que a salvação dependia da fé, das obras humanas e da graça divina. Para Lutero apenas a fé levava à salvação: Deus oferecera a fé através do sacrifício de Cristo e não cabia aos homens discutir ou explicar sua natureza e seus motivos. Ele rejeitava o pensamento escolástico de São Tomás de Aquino, que celebrava as boas ações, o conhecimento e as informações como caminho para a salvação. Ele sustentava que todos os homens, religiosos ou leigos, deviam ter acesso às Escrituras, para que compreendessem individual e livremente a palavra de Deus (livre interpretação da Bíblia e relação direta com Deus).
  • 11. O Clero, portanto, tornava-se desnecessário, assim como o sacramento da confissão (a rejeição da hierarquia do Clero e a eliminação dos sacramentos, exceto, batismo e eucaristia). Lutero refutava a concepção, defendida pela Igreja Católica, de que as pessoas teriam, após a morte, três destinos possíveis: o Céu, o Inferno e o Purgatório. As indulgências tinham justamente a função de abreviar os anos de Purgatório. Ao comprá-las, o católico reduzia a espera para chegar ao Paraíso. Para Lutero, a salvação não dependia dos homens, nem da intermediação eclesiástica, as indulgências não tinham nenhum valor. Uma insatisfação mais ampla e difusa somava-se aos debates doutrinários, em boa parte da Europa ocidental e central. As cidades haviam crescido, os Estados organizavam-se e a interferência política das autoridades eclesiásticas parecia restringir a ação de reis e nobres. Estes também desejavam receber parte dos tributos pagos à Igreja e ter acesso às terras controladas pela instituição.
  • 12. A burguesia ascendente, por seu lado, sentia-se limitada pela condenação católica da usura e da busca do lucro financeiro. Os camponeses e trabalhadores urbanos, afetados pela carestia, realizavam contínuas sublevações, que, mesmo sem projetos políticos claros, revelavam a instabilidade social do período. Embora a presença da Igreja, expressa nas construções e nos rituais majestosos, fosse ostensiva, nos meios populares persistiam outras religiosidades, que incluíam práticas mágicas, devoções e idolatria. Em 1517, Lutero reagiu à presença, em Wittenberg, de um enviado do arcebispo local, que fora à cidade com a incumbência de vender indulgências e, assim, obter recursos para a construção da nova Basílica de São Pedro, em Roma.
  • 13. A reformulação, porém, era muito onerosa, daí a necessidade de arrecadar mais dinheiro. Contrário à venda de indulgências, Lutero afixou, na porta do Castelo de Wittenberg, 95 teses. Ele afirmava, em suas teses, que esse comércio de perdões não tinha fundamentação teológica e favorecia a corrupção. O Papado respondeu no mesmo ano com a Bula Exsurge Domine, ameaçando Lutero de excomunhão. Este queimou a Bula, precipitando a ruptura. Lutero foi, então, acolhido/protegido por Frederico III da Saxônia.
  • 14. Outros príncipes financiariam a divulgação das ideias luteranas por todo império, havendo a ruptura, os príncipes germânicos confirmariam a sua autonomia, ampliando o seu poder. A intolerância da Igreja fez Lutero radicalizar suas posições. Em 1520, escreveu textos decisivos, como À nobreza cristã da nação alemã, em que contestava os tributos cobrados pela Igreja Católica e denunciava sua atuação política, O Papado de Roma, em que contestava a autoridade do Papa e o Cativeiro babilônico da Igreja, em que contestava a hierarquia eclesiástica, abrindo caminho para a ruptura. Havia, porém, outros setores comprometidos com a Reforma, mais radicais do que os príncipes, como as massas camponesas reunidas em torno da seita dos anabatistas, que admitiam apenas o batismo dos adultos.
  • 16. Também os pobres viram, nas ideias de Lutero, a inspiração para resistir aos poderes políticos locais. Em 1524, valendo-se de críticas luteranas às ambições políticas e financeiras dos governantes, quase 300 mil camponeses rebelaram-se contra seus senhores. Lutero, politicamente conservador e dependente dos príncipes germânicos que o mantinham protegido da perseguição do Papa, rejeitou qualquer vínculo de suas propostas com a luta popular. Lutero foi o primeiro a traduzir a Bíblia para uma língua vulgar (falada pelo povo), o alemão, o que possibilitou a difusão da doutrina cristã na sociedade, rompendo o monopólio da Bíblia em latim. Após a Bíblia de Lutero, vieram outras em diversas línguas, favorecendo a alfabetização na Europa protestante. Em 1529, os nobres alemães que haviam abraçado a Reforma luterana confirmaram sua opção na Dieta de Spira, convocada pelo imperador no intuito de convencê-los a recuar, submetendo-se à autoridade apostólica do Papa. Por se negarem a atender a esse apelo, foram chamados de “protestantes” por seus adversários católicos, sendo essa a origem do termo protestante para se referir aos movimentos de Reforma Religiosa do século XVI.
  • 17. Philipp Schwartzerdt, mais conhecido como Melanchton, foi quem redigiu, em 1530, a Confissão de Augsburgo, documento que fundamentava a doutrina que deu origem à primeira Igreja protestante: a Igreja Reformada da Confissão de Augsburgo, o nome oficial da Igreja Luterana. Nele, afirmava que a fé constituía a única e verdadeira fonte da salvação e que o dogma absoluto da religião reformada seria o texto das Escrituras. Lutero morreu em 1546, aos 62 anos, sem ver o final dessa guerra. Ela terminou somente em 1555, com a Paz de Augsburgo, e consagrou o princípio de “Cujus regio, ejus religio”, isto é, a religião do povo deveria ser a mesma seguida pelo príncipe do lugar, fosse católico ou protestante. Observar que, se o poder da Igreja não estivesse enfraquecido no início do século XVI, Lutero teria sido preso e queimado como muitos hereges medievais. A favor de Lutero pesou, sem dúvida, o fato de ter sido “adotado” por alguns príncipes germânicos. Philipp Schwartzerdt - Melanchton
  • 18.
  • 19. 1. Sola Scriptura - Somente as Escrituras
  • 20. 2. Sola Fide - Somente a Fé
  • 21. 3. Sola Gratia - Somente a Graça
  • 22. 4. Solus Christus - Somente Cristo
  • 23. 5. Soli Deo Gloria - Somente a Deus a Glória
  • 24. A reforma religiosa na Suíça representou, antes de tudo, uma necessidade burguesa. O país estava dividido em cidades-República, como Zurique, Basileia, Berna e Genebra, todas elas importantes centro comerciais. O poder político nessas cidades estava nas mãos de uma burguesia nascente, impedida de expandir seus negócios devido às fortes barreiras impostas pela Igreja Católica. O Clero combatia a liberdade econômica e o crescente lucro dos setores mercantis. A burguesia necessitava, desse modo, de novos parâmetros morais, econômicos e religiosos que legitimassem a obtenção do lucro por meio do comércio e da exploração do trabalho assalariado. Huldrych Zwingli, ardente defensor das ideias de Lutero, foi iniciador da reforma religiosa na Suíça. De formação humanista, ordenou-se padre em 1517, mostrando-se sempre muito crítico em relação aos dogmas da Igreja Católica.
  • 25. Zwingli defendia a predestinação e condenava a confissão, alegando que cabia a Deus e não aos padres perdoar os pecados. Em 1531, quando tentava levar seus ensinamentos a grupos mais conservadores, teve início uma guerra civil que provocou a morte em combate do reformador. A cidade-República de Genebra foi o cenário para a atuação de um dos maiores impulsionadores da Reforma, o teólogo francês João Calvino (1509-1564). Ao converter-se ao luteranismo por volta de 1530, Calvino renunciou a alguns benefícios eclesiásticos. Em razão, foi perseguido e transferiu-se para Genebra em 1536. Nesta cidade publicou Instituições da religião cristã, na qual expunha seus princípios teológicos. Calvino reafirmava as doutrinas luteranas da salvação pela fé e levava às últimas consequências a teoria da predestinação. Era a escolha divina que permitiria, a alguns, o acesso ao Paraíso. A riqueza individual, também rejeitada no catolicismo, assumia a conotação de sinal de graça divina.
  • 26. As atitudes individuais revelavam o esforço de combater o mal dentro e fora de si e de agir conforme as convicções religiosas. Quanto aos sacramentos, Calvino aceitou inteiramente apenas o batismo e, em certa medida, a eucaristia. Desse modo, o segundo “sacramento” do calvinismo era a santa ceia, entendida como símbolo de Jesus e em memória dos benefícios que o seu martírio trouxe à humanidade. Os princípios calvinistas pregavam o rigor da disciplina, a valorização moral do trabalho e da poupança, oferecendo aos setores burgueses uma justificativa religiosa sólida e bem elaborada para suas atividades. Esse aspecto de justificativa ideológica contribuiu para que a doutrina calvinista ganhasse adeptos nas principais cidades-República da Suíça.
  • 27. A partir de 1541, tanto o governo como a religião de Genebra estavam nas mãos de Calvino, que exerceu o poder por intermédio de uma oligarquia religiosa conservadora sob o controle de um Consistório (assembleia). Detendo uma autoridade ilimitada, esse órgão controlava o cotidiano das pessoas, obrigando-as a participar de cultos e da comunhão. Morto em 24 de maio de 1564, Calvino deixou um imenso legado e uma doutrina que se espalhou em várias partes da Europa. Por isso foi chamado de “segundo patriarca da Reforma”. As ideias de Calvino expandiram-se pela Europa ocidental, região na qual o desenvolvimento das práticas capitalistas abria um campo favorável para uma reforma religiosa que impulsionasse as atividades dos setores mercantis e manufatureiros. Assim, na Inglaterra (puritanos), na Escócia (presbiterianos), na França (huguenotes) e em muitas outras regiões sugiram adeptos da fé e da ética calvinista.
  • 28. A penetração das ideias de Lutero, e mais tarde de Calvino, nas camadas sociais como a gentry, pequena nobreza envolvida com as questões comerciais e nos setores mercantis e profissionais, teve repercussões importantes para a história do protestantismo na Inglaterra. Em 1527, Henrique VIII solicitou ao papa Clemente VII que anulasse seu casamento com a espanhola Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. Mas o papa evitava intervir nessa questão, uma vez que Catarina era tia do imperador Carlos V, que auxiliava a Igreja Católica no combate aos luteranos. O início da reforma religiosa inglesa deu-se por iniciativa de Henrique VIII, que encontrou apoio em seus súditos para a organização da Igreja Anglicana. Em 1531, Henrique VIII obriga o Parlamento inglês a votar uma série de leis que colocou a Igreja Católica inglesa sob o controle do Estado.
  • 29. Em 1534, o Ato de Supremacia proclamou a criação e tornou o rei chefe supremo da Igreja Anglicana, podendo nomear os eclesiásticos e determinar os dogmas religiosos. A resposta do papa foi a excomunhão de Henrique VIII. A partir de 1536, as terras dos mosteiros e os outros feudos do clero foram expropriados e vendidos a nobres, comerciantes e fazendeiros, que passaram a ser o sustentáculo político da Igreja Anglicana. Nos anos seguintes, muitos conflitos religiosos abalariam o país, e a Igreja Anglicana passaria a perseguir os puritanos e demais dissidentes da religião oficial. A complementação da obra reformista de Henrique VIII foi realizada no reinado de Elizabeth I (1533-1603), sua filha com Ana Bolena. Entremeando características do anglicanismo e do calvinismo, a nova Igreja Anglicana procurou chegar a uma conciliação das regras religiosas na Inglaterra, na tentativa de impedir a divisão do reino por questões de crença. Elizabeth I
  • 30. As origens da Reforma Católica ou Contrarreforma podem ser buscadas nos últimos anos do século XV, antes mesmo, portanto, das Reformas Religiosas. Em algumas regiões como Espanha e Península Itálica, por iniciativa de alguns clérigos, foram tentadas medidas no intuito de restabelecer a disciplina eclesiástica e regenerar a vida espiritual. A reação de Roma, só ocorreu, de fato, quando o poder político-econômico do clero foi ameaçado. Por iniciativa do papa Paulo III, a Igreja Católica realizou um dos encontros mais importantes de sua história: o Concílio de Trento (1545-1563). Foram tomadas inúmeras medidas, entre elas: a reorganização do Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, que tinha como objetivo combater as heresias e as seitas contrárias aos dogmas do catolicismo, a criação dos Seminários, que tinham o objetivo de reforçar a preparação dos padres, elaborou uma lista de livros proibidos chamado de Index Librorum Prohibitorum, autorizou a criação da Companhia de Jesus, que tinha como objetivo a expansão do catolicismo nos “mundos” recém descobertos, além da reafirmação dos dogmas católicos, da transubstanciação, da manutenção dos sacramentos, da hierarquia do clero e do celibato clerical.
  • 31. A conclusão é a de que as Reformas influenciaram transformações econômicas e políticas deflagradas no século XVI. O filósofo alemão Karl Marx, que concebeu o materialismo histórico, considerou a Reforma como “filha do capitalismo”. No início do século XX, o sociólogo alemão Max Weber destacou que a ética de certas correntes reformistas, a exemplo do calvinismo, era portadora do “espírito do capitalismo”, uma vez que não rejeitava o comércio e a usura, além de enaltecer o trabalho, a poupança e a riqueza material como sinais da graça divina. Por vezes, reforçou o absolutismo e favoreceu a formação do capitalismo, como na Inglaterra. Em outros casos, retardou ambos. Antes disso, a adesão as novas doutrinas não foi opção de nenhum grupo social em particular, já que nobres, burgueses, camponeses e artesãos aderiram à Reforma em certos países, mas permaneceram católicos em outros.