O documento discute a elaboração de materiais didáticos para o ensino de Língua Portuguesa para surdos nos anos iniciais. A oficina teve como objetivos apresentar informações sobre a política de inclusão do surdo, mostrar como adaptar atividades de leitura e escrita para surdos, e ilustrar textos e exercícios que facilitem a leitura de estudantes surdos. A oficina incluiu aulas expositivas sobre o cenário educacional dos surdos e abordagens para ensinar Língua Portuguesa como segunda
Elaboração e utilização de materiais didáticos para o ensino de Português como L2 para surdos
1. Elaboração e utilização de materiais didáticos
para o ensino da Língua Portuguesa para surdos
nos anos iniciais
Valeria de Oliveira
prof.valeria_libras-braile@hotmail.com
Mariana Castro
marianagfcastro@gmail.com
2. 1. OBJETIVOS
AO FINAL DO GT, ESPERA-SE QUE O PARTICIPANTE SEJA CAPAZ DE:
1. Apropriar-se de informações referentes à política linguística de
inclusão do surdo;
2. Perceber quais adequações serão necessárias para tornar uma
atividade de leitura e escrita em Língua Portuguesa, já existente,
acessível para estudantes surdos;
3. Ilustrar textos, criar mapas conceituais e elaborar exercícios de Língua
Portuguesa com enunciados objetivos, os quais facilitem a leitura de
estudantes surdos.
3. 2. Procedimentos Teóricos-Metodológicos
26/10/16
Aula expositiva sobre o atual cenário educacional dos surdos com avanços e desafios.
Reflexão sobre as proposições apresentadas na lei 10436/2002 e no decreto 5626/2005
comparadas ao ensino de Língua Portuguesa para surdos em uma perspectiva bilíngue.
27/10/16
Aula expositiva para conceituar a educação bilíngue, pedagogia visual, cultura, identidade
surda e o conceito de Ensino de língua como segunda língua e as principais abordagens e
métodos existentes.
30/10/16
Atividade em grupo para que a turma elabore seus próprios materiais didáticos a partir de
textos de livros didáticos, vídeos, filmes sugeridos nas aulas anteriores.
4. Lei 10.436/2002
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e
expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos
de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais -
Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema
linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical
própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
5. Estrutura Gramatical das Línguas
Língua Estrutura
Oral-Auditiva
Morfológica Sintática Semântica
Fonética/
Fonológica
De Sinais
Quirológica
(Datilologia)
6. Modalidades de produção e percepção linguística
Língua Portuguesa Língua Brasileira de Sinais
Produção Recepção Produção Recepção
Oral Escrita Auditiva Visual Tátil Espacial Tátil Visual Tátil
Falar
Escrever
(tinta ou
Braille)
Escutar Ler SINAIS
7. Línguas Orais-Auditivas X Línguas de Sinais
País Língua Oral-Auditiva Língua de Sinais
Brasil Português
Língua Brasileira de Sinais -LIBRAS
Portugal Língua Gestual de Sinais
Inglaterra
Inglês
Língua Inglesa de Sinais
USA
Língua Americana de SinaisMéxico
EspanholEspanha Língua Espanhola de Sinais
OLIVEIRA, Valeria e CASTRO, Mariana – 26, 27 e 28 de outubro de 2016
8. Decreto 5626/2005
Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas,
deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e
para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura
em Letras com habilitação em Língua Portuguesa.
Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve ser incluído
como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia.
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à
comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos
curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a
educação infantil até à superior.
§ 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as
instituições federais de ensino devem:
I - promover cursos de formação de professores para:
(...) c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas;
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa,
como segunda língua para alunos surdos;
9. III - prover as escolas com:
a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas;
VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das
provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade linguística manifestada
no aspecto formal da Língua Portuguesa;
Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de Libras e o ensino da modalidade
escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos, devem ser ministrados em uma
perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como:
I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e anos iniciais do ensino
fundamental; e
II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino fundamental, no ensino
médio e na educação superior.
Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou
com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas
entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa
modalidade.
Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da modalidade oral da Língua Portuguesa e
a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação com alunos da educação básica são de
competência dos órgãos que possuam estas atribuições nas unidades federadas.
10. O ensino da língua portuguesa escrita tem sido uma preocupação constante dos educadores
de alunos surdos, embora a natureza da preocupação tenha sofrido mudanças ao longo do
tempo. Até recentemente, predominou, na educação de surdos, no Brasil, a abordagem
oralista, segundo a qual o ensino e a aprendizagem se davam exclusivamente por meio da
Língua Portuguesa na modalidade oral.
No ensino da Língua Portuguesa predominava, nessa época, a concepção de língua como
código, ou seja, como um conjunto de regras que os alunos deveriam aprender para
entendê-la e usá-la bem. Considerando que, diferentemente dos ouvintes, os alunos surdos
chegam à escola com, no máximo, fragmentos da Língua Portuguesa, cabia ao professor
conduzir os alunos no aprendizado dessa língua. A língua de sinais era proibida e os alunos
tinham que recorrer à leitura orofacial e aos restos auditivos. (p.144)
PEREIRA, M. C. da C. (2014)
O Ensino de Português como Segunda Língua para Surdos: princípios
teóricos e metodológicos
11. Embora alguns conseguissem adquirir a Língua Portuguesa, a maioria adquiria apenas
fragmentos dela. As dificuldades de acesso à língua falada e a pouca familiaridade com
a Língua Portuguesa resultaram em alunos que não entendiam o que liam e que
apresentavam dificuldades acentuadas na escrita.
Essas dificuldades eram tão semelhantes entre os surdos que passaram a ser
atribuídas à surdez. Como consequência, eles foram considerados incapazes de
compreender e de produzir textos na Língua Portuguesa.
Nos últimos anos, no entanto, têm-se observado mudanças significativas no cenário da
educação de surdos, bem como no ensino da Língua Portuguesa em geral. (p.144-145)
PEREIRA, M. C. da C. (2014)
O Ensino de Português como Segunda Língua para Surdos: princípios
teóricos e metodológicos
12. QUADROS, R. M. de; SCHMIEDT, M. L. P. (2006)
Ideias para ensinar português para alunos surdos
Exemplo 1: Trabalhando com o Reino Vegetal
A foto abaixo mostra um grupo de surdos de 3ª série fazendo um estudo sobre o Reino Vegetal.
Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos.
Para introdução do assunto a turma passou a tarde num sítio para conhecer tudo o que fosse possível sobre plantas:
– diferenças quanto ao tipo- árvores, arbustos, plantas rasteiras, parasitas;
– utilidades – as que dão frutos comestíveis, as que são usadas para chás, os diferentes usos da madeira;
– conhecer diferentes flores, folhas e sementes;
– partes das plantas;
– conceituação de jardim, horta e pomar;
– outras curiosidades surgidas no momento da vivência.
Nas semanas subsequentes foram desenvolvidos vários trabalhos em sala a partir desta experiência:
Registro em forma de texto sobre a visita, elaborado em conjunto durante uma conversação em língua de sinais um dia
após a vivência:
FOTO DO PASSEIO
13. O PASSEIO NO SÍTIO
Nossa turma foi passar a tarde num sítio em Viamão. Nós fomos de Kombi e demorou muito para
chegar. Lá nós conhecemos muitas plantas. Aprendemos a diferença entre árvores, arbustos e plantas
rasteiras. Também aprendemos que jardim, pomar e horta não são a mesma coisa.
Havia muitas flores: margaridas, camélias, azaleias, hortênsias e orquídeas. Pegamos algumas para trazer
à escola. Também havia muitas árvores frutíferas e conhecemos a pitangueira e a nogueira. Tinha
abacateiro, dois tipos de limoeiro, pereira, caquizeiro, laranjeira e outros.
Nós vimos as plantas que servem para fazer chá e elas são bem diferentes umas da outras. No sítio havia
três tipos de pinheiros e muitos eucaliptos. Aprendemos muitas coisas lá e depois de estudar fizemos uma
salada de frutas para comer.
Nós andamos no trator e foi bem legal.
No final da tarde voltamos para a escola e quando chegamos o sinal já havia batido e a aula terminado.
QUADROS, R. M. de; SCHMIEDT, M. L. P. (2006)
Ideias para ensinar português para alunos surdos
14. Conceito de mapa conceitual
Fonte: http://penta.ufrgs.br/tege/mapas4.htm
18. Introdução da temática
Alimentos Professoras
Valeria de Oliveira
Mariana Gonçalves
Oficina:
Elaboração e utilização de materiais didáticos para o
ensino da Língua Portuguesa para surdos nos anos iniciais
50. Sugestões de Filmes
1. Os Fantásticos Livros Voadores do Sr. Morris Lessmore
https://www.youtube.com/watch?v=LjkdEvMM5xs
2. O Patinho Feio https://www.youtube.com/watch?v=sBBulj3HOtM
3. Cinderela https://www.youtube.com/watch?v=aw2ts6GfuLI
4. A Bela Adormecida https://www.youtube.com/watch?v=pjmYLA7I4qo
5. João e Maria https://www.youtube.com/watch?v=ngIoT4X2JdY
6. LIBRAS Educandos Surdos O Patinho Feio em LIBRAS INES
https://www.youtube.com/watch?v=Upsvi5Mlkdc
7. O Leão e o Ratinho INES https://www.youtube.com/watch?v=aGmij9mBQvI
51. 3. Referências
BRASIL. Lei 10.436. Brasília, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm
Acesso em 7 agosto 16.
_______. Decreto 5626. Brasília, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm Acesso em 7 agosto 16.
PEREIRA, M. C. da C. O Ensino de Português como Segunda Língua para Surdos: princípios teóricos e metodológicos.
Educ. rev. [online]. 2014, n.spe-2, pp.143-157. ISSN 0104-4060. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/nspe-
2/11.pdf Acesso em 7 agosto 16.
QUADROS, R. M. de; SCHMIEDT, M. L. P. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP,
2006. Disponível em:
http://www.conhecer.org.br/download/ATENDIMENTO%20AO%20ALUNO%20ESPECIAL/leitura%205.pdf
Acesso em 7 agosto 16.
SALLES, H.M.M.L. et al. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Vol. 1.
Brasília: MEC, SEESP, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf Acesso em 7
agosto 16.
SALLES, H.M.M.L. et al. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Vol. 2.
Brasília: MEC, SEESP, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol2.pdf Acesso em 7
agosto 16.