2. MESTRE: MARGARIDA ARRAIS DO
NASCIMENTO ( IN MEMORIAM )
o Fundou o grupo de oração da Divina Misericórdia,
coordenou e criou um projeto para adquirir dinheiro,
comprando a imagem de Jesus da Misericórdia. Sempre
foi responsável pela organização do altar de Nossa
Senhora das Dores, passando a responsabilidade para
sua filha Maria das Dores, que a pratica até hoje.
o Em 1956, começou a montar um presépio em sua
residência, realizando um sonho e até hoje sua filha
conserva a construção anual desse espaço religioso, em
memória à sua mãe, preservando a cultura da
religiosidade popular de Dona Margarida Arrais.
o A partir de 1957, criou e coordenou o grupo da Lapinha
com a ajuda de Dona Ligia Firmeza.
Mestra Margarida
Arrais
3. MESTRE: MARGARIDA ARRAIS DO
NASCIMENTO ( IN MEMORIAM )
o Nas questões humanitárias, ela sempre atendeu aos
menos favorecidos dos sítios e periferias. A sua casa foi
espaço de acolhimento tanto de filhos adotivos como de
pessoas que, passeando ou trabalhando na cidade,
procuravam e eram acolhidas. Ela lutou, de forma
pratica, pelos direitos das mulheres, engajando-se nos
movimentos sociais em nome do bem-estar do povo
assareense. .
Mestra Margarida
Arrais
4. MESTRE: MARIA DEUSA E SILVA
ALMEIDA ( IN MEMORIAM )
o Dona Deusa foi, desde criança, educada dentro dos
costumes da família e atendendo aos ensinamentos da
Igreja Católica, da qual participava. Aos 08 anos de
idade, ela já estava envolvida nos afazeres da Igreja,
colaborando com o Padre Sabino no que era possível a
uma criança fazer.
o Dona Deusa aprendeu que a Igreja fazia parte de sua
vida, por isso jamais deixou de servi-la,
independentemente do Padre ou de coordenadores da
instituição. Ela servia, atendendo à sua fé.
o Foi coordenadora da Lapinha tendo, como incentivadora,
sua professora e amiga Ligia Firmeza.
Mestra Dona
Deusa
5. MESTRE: FRANCISCA FERREIRA DE
ARAÚJO ( IN MEMORIAM )
o A dança de São Gonçalo é uma tradição de cultura do
Assaré e Dona Francisca foi umas das principais
personagens dessa tradição cultural. Mestra Dona
Francisca
6. MESTRE: MARIA ZILDA SAMPAIO
MOTA ( IN MEMORIAM )
o Aos 30 anos de idade, fez o seu primeiro trabalho com
bonecas pra colocar fósforos. Depois, começou a pintar
jarros, quadros, bandeja de azulejos e outros. Aprendeu
sua arte sem a ajuda de ninguém. Em 1962, comprou
uma máquina de estufa em Recife, para trabalhar com
as artes em pinturas. As ferramentas que utilizava eram:
pincéis, lápis e tintas. As telas e as molduras eram feitas
por seu esposo, e dona Zilda fazia somente a pintura.
o Ela sonhava com pinturas e, no outro dia, começava a
pintar o desenho que havia sonhado, sendo assim a sua
grande fonte de inspiração artística.
Mestra Dona Zilda
7. MESTRE: LUIZA ASSUNÇÃO DO
NASCIMENTO ( IN MEMORIAM )
o Começou a fazer comida no Mercado quando tinha 40
anos de idade e, depois, resolveu fazer linguiça caseira,
o que aprendeu sozinha sem ajuda de ninguém. Quando
casou em 1950, ela e o esposo começaram a trabalhar
juntos no Mercado fazendo caldos, sopas e a tapioca
com linguiça, que era o prato principal.
o A linguiça era preparada com a tripa de gado, que era
posta de molho em água quente. Depois usava um funil
de alumínio para encher as tripas com a carne e todos
os temperos. Utilizava um pedaço de madeira com uma
agulha fixada pra furar as tripas, quando ficavam
prontas, colocavam as linguiças em uma corda para
secarem por umas 05 horas, até ficar no ponto.
Mestra Luiza do
Eldo
8. MESTRE: MARIA MADALENA
MOREIRA ( IN MEMORIAM )
o Dona Madalena, para manter suas despesas, numa
época de dificuldades econômicas, começou a negociar
na feira com bolos, sequilhos e pão de ló, esse último,
sua grande especialidade. Dona Madalena foi uma
pessoa extraordinária nos dotes culinários. Moça
simples, porém, fabricante de produtos com textura e
sabor inigualáveis na região..
Mestra Dona
Madalena
9. MESTRE: LAUDA FERREIRA DO
NASCIMENTO ( IN MEMORIAM )
o Lauda, desde jovem, teve uma grande paixão pela
profissão de dentista, nunca lhe faltou aparelhos para a
extração de dentes, fossem de crianças, de jovens e de
adultos ou de idosos.
o Nas segundas-feiras recebia pessoas de todos os sítios
e da Sede do Município. Naquele tempo, quando um
dente doía, ela fazia a extração.
o Confeccionava dentadura com a ajuda de sua irmã
Selma, porém a grande paixão e habilidade, era a
extração. Morreu e deixou seus aparelhos como
lembrança de uma dentista leiga, que prestou relevantes
serviços à comunidade.
Mestra Lauda
Ferreira
10. MESTRE: ANTONIA NAYLÊE COSTA
SANTANA ( IN MEMORIAM )
o Dona Naylêe contribuiu com a Igreja, recebendo dos
fiéis as suas “ofertas” as quais eram usadas para
comprar velas, flores a serem utilizadas nas épocas de
festa da Igreja e, também, para celebrar missas aos
irmãos vivos e falecidos.
o Devota de Nossa Senhora das Dores, foi uma
incentivadora da religiosidade no Assaré, com seu
trabalho e exemplo para comunidade.
Mestra Dona
Naylêe
11. MESTRE: MARIA REGINA DO NASCIMENTO
( IN MEMORIAM )
o Na sua época, médicos não existiam no Assaré, às vezes,
somente a passeio. Dona Regina nasceu com o dom da cultura
milenar de parteira, herança de seus ancestrais.
o Quantas vidas de mulheres foram salvas, quantas crianças
foram recebidas pelas mãos habilidosas de dona Regina. Que
fosse rica ou pobre; que fosse dia ou noite; que estivesse
fazendo sol ou chovendo; que fosse longe ou perto; que fosse
a pé ou a cavalo; que seus filhos estivessem doentes ou
sadios; quando lhe convidavam, ela estava pronta e
gratuitamente fazia os partos e salvava vidas.
o Uma demonstração de solidariedade com sua comunidade.
Sempre foi respeitada na Cidade do Assaré. Tanto que muitos
lhe chamavam de ‘‘mãe’’ Regina.
Mestra Dona
Regina
12. MESTRE: MARIA APARECIDA
AMADEU DA SILVA ( IN MEMORIAM )
o Dona Maria Paulista, com sua religiosidade veio morar
no Nordeste, possuindo duas tradições culturais
fortíssimas, que são as promessas aos santos e a reza
para a cura de males como: dor de cabeça, quebrante
em criança, espinhela caída, torção em alguma
articulação etc.
o Sempre foi requisitada pela população local para fazer
suas orações nas pessoas que lhe procuravam, onde
gentilmente fazia o atendimento de forma gratuita, pura
e simplesmente com a certeza de estar agradando a
Deus, quando atendia às pessoas.
Mestra Maria
Paulista
13. MESTRA: FRANCISCA FERNANDES
DA SILVA ( IN MEMORIAM )
NOME ARTÍSTICO: DONA SANTA REZADEIRA
OFÍCIO: MESTRA EM RELIGIOSIDADE
o Dona Santa resolve seguir o seu tio Sebasto, fazendo o
bem para as pessoas da época. Onde ela morava, não
tinha assistência médica e, por esse e outros motivos,
ela passou a praticar o ofício da reza, quando tinha
apenas 14 anos de idade, exercício esse, aceito por toda
a comunidade. Sofreu resistência de seu marido e de
alguns familiares, porém ela não desistiu de seu oficio
até o fim da vida.
Dona Santa
Rezadeira
14. Por esse motivo, a Secretaria de Cultura, Turismo,
Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe conferiram
o título de Mestre e Mestra do Saberes e Fazeres da
Cultura Popular Assareense.
15.
16. MESTRE: Maria Ozemira Rodrigues Prudêncio
Nome Artístico: Dona Bibita
Ofício: Artesanato
17. Maria Ozemira Rodrigues Prudêncio, dona Bibita, assim conhecida
em Assaré, nasceu no dia 13 de março de 1947, em solo assareense.
Filha de pais humildes: Joaquim Pereira Lima, (seu Joaquim de Cota)
um exímio profissional em couro (em especial sela e arreio de
cabeça) e Maria Azevedo Rodrigues, mulher honrosa e cuidadora
dos afazeres domésticos. O casal teve outros filhos: Francisco
Rodrigues Pereira, Maria Ozemita Rodrigues (Loura), Antonia
Rodrigues, Antonio Rodrigues Pereira (Mulico), Alzir Rodrigues
Pereira e Maria de Fátima Rodrigues Nogueira.
Gostava de estudar e concluiu o curso primário no Colégio Almir
Pinto, mas a continuidade nos estudos foi interrompida porque
Bibita não dispunha de recursos financeiros para ingressar no curso
ginasial, haja vista que, naquela época, teria que sair de Assaré.
Com a mãe, aprendeu a fiar e fazer crochê e, a partir dos dez anos,
foi chamada de “musa da arte” pela comunidade do Município de
Assaré.
18. Aos quatorze anos, já era costureira e bordadeira profissional. Daí
por diante diversificou sua arte, confeccionando roupas para adultos
e crianças, bonecas de pano, bolsas em crochê, toalhas, varanda de
redes, peças para escorar portas em forma de animais, peças para
os brincantes de quadrilhas juninas, entre outras.
É casada com Antônio Carlos Prudêncio, com quem teve quatro
filhos, que são: Francisca Alvenir Prudêncio, Antônio Carlos
Prudêncio (Junior), Maria Carla Isabel Prudêncio e Emanuel
Rodrigues Prudêncio.
Católica e participante dos momentos religiosos, Bibita é
simpatizante da arte de representar. Essa vocação a levou
acompanhar um Grupo de Lapinha, que há 34 encena peças
natalinas em ruas, capelas rurais e casas de família.
E, em comunhão com as ações religiosas, descobre outra arte:
compor música. E essa história de compositora é contada assim
pela própria Bibita. “Faltavam alguns hinos para alguns personagens
da lapinha e, como não consegui encontrá-los na Igreja Matriz local e
até na Diocese, eu mesma os compus’’.
19. MESTRE: Francisca Maria da Silva
Nome Artístico: Dona Francisca Louceira
Ofício: Artesanato em barro.
20. Francisca Maria da Silva (Dona Francisca do Barro), nasceu em 05 de
agosto de 1957, em Assaré - Ceará, onde também reside, sendo filha de
Sebastião Martins de Moura e Maria de Jesus e tem como membros de
sua família, 09 irmãos: Miguel Martins de Moura, Raimundo Martins de
Moura, Antônio Martins de Moura, Manuel Martins de Moura, Terezinha
Martins de Moura, Maria Martins de Moura, Zefinha Martins de Moura,
Socorro Martins de Moura e Antônia Martins de Moura. Começou a fazer
artesanato em barro com 07 anos de idade, ofício esse adquirido com sua
avó, sendo, o artesanato em barro uma tradição, em sua família, que vem
sendo passado a cada geração.
Suas incentivadoras foram sua mãe e sua avó, que era índia com nome
de Maria. Com o passar dos anos, e com o seu aperfeiçoamento na arte
de barro, ela foi se profissionalizando e iniciou a fase de comercializar
suas peças, depois que casou e teve dois filhos: Luiz Alves da Silva e
Maria Alves (Toinha), e assim gerando uma renda familiar, através das
vendas das suas peças de artesanato em barro, herança indígena do
Maranhão. Já são mais de 40 (quarenta) anos que Dona Francisca
trabalha com barro (argila).
Todos os dias, pela manhã Dona Francisca se encontra, na Praça do
Mercado Público de Assaré, vendendo obras de arte em barro. Nossa
mestra, além de louceira, também é agricultora aposentada, e foi
reconhecida como Mestra da Cultura no ano de 2007.
21.
22. MESTRA: Francisca Chagas da Costa
Nome Artístico: Dona Chaguinha
Ofício: Mestra de Tradição Religiosa de Assaré (Cânticos)
23. Francisca Chagas da Costa (Dona Chaguinha) nasceu em 24 de maio
de 1950, no Sítio Umbuzeiro, Município de Tarrafas. Filha de Emídio
Alves da Costa e Salvina Batista da Costa, cuja família era composta
por mais 03 filhos: Luiz Valdeci da Costa, Espedita da Costa Paz
(Edite) e Marilia Batista da Costa. Casou-se em 24 de outubro de 1972
com Francisco Lourenço da Silva (Dedé de Sinval) e tiveram 04 filhos:
Maria Girlândia da Costa, Maria Iolanda Costa, Francisco Gilberlândio
da Costa e José Gilcernio da Costa (Gilcerlândio).
Aos 12 anos de idade começou a fazer trabalhos religiosos nas
capelas de São Vicente e de Caiçara, no Município de Tarrafas, por
morar no Sítio Rozeiro, que ficava nas proximidades.
Em 1976, veio embora para Assaré e começou a frequentar a Igreja
Católica, conhecendo o Padre Manoel Alves Feitosa. Foi convidada
para fazer parte do coral da igreja, que já existia, sendo composto por
Socorro Rosado, Célia Paiva, Clarisse, Valdelice e outras. A função era
de cantar nas missas, nas novenas, na coroação e ensinar os jovens
nos ensaios, também se apresentavam com o padre nos distritos de
Assaré. Chaguinha começou a gostar de ser cantora, tendo feito
vários cursos como de liturgia e música, no Crato.
24. No ano de 2000, também coordenou o grupo Nossa Senhora de
Fátima, que tinha 47 crianças aprendendo as rezas e hinos religiosos.
Ela se apresentou em Juazeiro do Norte, Milagres, Rio de Janeiro e
vários outros lugares. Depois de muito tempo fazendo trabalhos no
coral da igreja, passou a cantar no 1º e 3º domingos mensais, nas
missas realizadas na Paróquia Nossa Senhora das Dores de Assaré-
CE.
Em 13 de Abril de 2010, sofreu muito com a morte de seu marido, mas
continuou cantando nas apresentações da Igreja.
No dia 01 de março de 2012, foi homenageada como mestra da
Cultura dos Saberes e Fazeres em Religiosidade de Assaré.
25.
26. MESTRE: Maria Marluce Santana Vieira
Nome Artístico: Mestra Marlene
Ofício: Caretas e Malhação do Judas
27. Maria Marluce Santana Vieira nasceu no dia 02 setembro de 1968 na
cidade de Iguatu, Ceará. Filha de Francisco Vieira de Macedo e de
Antônia Muniz de Santana, Marlene, assim conhecida, foi casada com
Alceu Roldino Pereira com quem teve oito filhos: Damiana Vieira
Pereira; José Cleison Pereira; Clésia Vieira Pereira, (Tatá); Antônio
Clésio Vieira Pereira (falecido); Rita de Cássia Vieira Pereira; Cícero
Antônio Vieira Pereira; Kátia Vieira Pereira e José Vieira Pereira
(falecido nos primeiros dias de vida).
Como irmãos, Marlene registra alguns “galhos genealógicos”: Maria
Lúcia Santana Vieira, Maria Lucileide Santana Vieira, Raimundo
Santana Vieira, Antônio Juvenal Santana Vieira, Hugo Santana Vieira e
Maria Sueli Santana Vieira.
Fantasiados nas ruas, animados nos sítios, com voz disfarçadas,
armados de chicotes, chocalhos pendurados pelo corpo e aos
pedidos de “uma esmolinha pelo amor de Deus”, os caretas
perambulam por vários dias, com o objetivo de arrecadar as
“esmolas” para realizarem a festa dos CARETAS, na Comunidade da
Serra de Santana, no Município de Assaré, Ceará.
Assim, nesse contexto cultural, Marlene se relaciona como exímia
representante dessa manifestação cultural, os CARETAS, no resgate
desse patrimônio imaterial, tão difícil nesse momento atual que é a
cultura brasileira.
28. Esse fazer cultural nasceu nos quandos, na Serra de Santana, vindo, de fato a se
enraizar no sítio São Félix, também na Serra.
Tudo começou, quando um grupo formado por crianças e adolescentes saíram de
suas casas para desenvolver tal atividade: a brincadeiras dos caretas. Nesse
grupo de brincantes, dois adolescentes eram filhos de Marlene. Entre subidas e
descidas por vários caminhos, os meninos tomaram direção incerta.
Mas, em casa, chegaram assustados!
A partir daí, com o incentivo de um vizinho, seu Geraldo, o grupo folclórico se
formou e permanece até hoje.
“Confesso que já tentei não mais organizar o grupo, pois as dificuldades são
demais. Mas por conta dos meninos, todos são unidos, não parei.”
O grupo de MARLENE é muito participativo e muito conhecido em Assaré e
cidades circunvizinhas, haja visto que, no período dos “trabalhos”, eles
percorrem vários quilômetros, divulgando nossa cultura e arrecadando “esmolas”
para realizarem o dia da culminância do projeto.
Mas, com a morte de um dos filhos, Marlene deixa o São Félix e passa a morar no
sítio Bonita, também na Região da Serra de Santana.
A mudança de comunidade não altera os planos de Marlene. Continua a organizar
o grupo de caretas, mesmo enfrentando algumas dificuldades. Ela diz: “o prazer tá
no sangue de cada brincante”.
Relata ainda que, sua filha Kátia está sempre com o grupo em qualquer lugar para
o qual se dirijam. Ela é um braço forte nesses momentos. Não nega esforços.
Nos dias de pique, de andanças, alguns dos brincantes se hospedam na sua
própria casa com direito a merenda, almoço, jantar e dormida.
29. Salienta ainda que, Cláudio de Albenir é quem faz todo o percurso
com os brincantes. Percurso esse, feito a TRATOR. Esse meio de
transporte leva e traz o grupo e as esmolas arrecadadas.
Não é um trabalho de andanças. É um trabalho feito às custas de
muito suor, pois em cada casa visitada o grupo tem a obrigação de
executar o PISEIRO – dança peculiar do grupo, em forma de
agradecimento.
Viúva a partir de 2014, MARLENE continua na organização dessa
manifestação folclórica, que representa tão bem a nossa diversidade
cultural, por que não dizer, nosso sincretismo religioso.
E no sábado de Aleluia os meninos-homens CARETAS fazem um
cortejo com um boneco de pano representando o traidor Judas, para
ser malhado na comunidade da Bonita.
31. Josefa Merandolina de Oliveira nasceu no Município de Icó, no dia 20
de janeiro de 1936. Filha de José Francisco de Oliveira e Maria
Merandolina de Oliveira, tem 05 irmãs todas falecidas: Maria
Merandolina de Oliveira, Rosa Merandolina de Oliveira, Cecilia
Merandolina de Oliveira, Leila Merandolina de Oliveira e Geralda
Merandolina de Oliveira.
Dona Zefa Merandolina, como era conhecida, veio de Icó para Assaré
com 08 anos de idade, indo morar na Coruja. Aos 10 anos de idade
aprendeu a dança do coco com a família dos Beliscos, sendo sua
amiga Ciana quem ensinou a todo um grupo que morava na
Batateiras, no Município do Crato.
Fazia suas apresentações em festas, quando o grupo era convidado.
Na época, ela entrou no grupo, que já tinha formação completa, e fez
muitos dramas na casa dos Moreiras, que era sucesso na época. Com
19 anos, foi morar no Recife e fez teatro na casa espetacular
“Marrocos”. Depois viajou até São Paulo, onde trabalhou em pensão e
hotel, espaços frequentados por artistas populares, como exemplo,
Luiz Gonzaga. Passou 37 anos fora, para regressar a Assaré com seus
dois filhos José Destamento Junior e Moisés Cassiano de Barros.
32. Retornando a Assaré no ano de 2000, resgata a dança do coco que
estava parada. Começou a chamar o grupo, que era formado por sete
pessoas, para dançar nos eventos. Receberam convites para dançar
em Nova Olinda, Altaneira e em várias localidades do Assaré. A dança
do coco se caracteriza pela alegria e todos do grupo dançam, cantam,
rodam, e ficam trocando de pares de acordo com o ritmo da música
cantada pela mestra do grupo. As roupas são diferenciadas, a mestra
veste vermelho e as outras componentes qualquer cor. Por ensinar e
praticar a dança do coco no Município de Assaré, a Secretaria de
Cultura, Turismo, Desporto e Lazer e a Gestão Municipal lhe
reconhecem como Mestra dos Saberes e Fazeres da Cultura
Assareense, sendo reconhecida no dia 03 de março de 2007.
33.
34. MESTRE: Maria Lúcia Pereira
Nome Artístico: Dona Lúcia Doceira
Ofício: Culinária Regional
35. Maria Lúcia Pereira nasceu no dia 19 de janeiro de 1951, no Município de
Nova Olinda. É filha de Antônio Pereira de Souza e Josefa Maria da
Conceição.
Dona Lúcia faz parte de uma grande família, tendo como irmãos: Mauro
Pereira de Souza, Irene Pereira de Souza, Esmeralda Pereira de Souza,
Josefa Pereira de Souza, Marina Pereira de Souza, Rosália Pereira de
Souza e Maria Ilda de Souza.
Sempre residiu na zona rural, trabalhando na luta do campo. É casada
com Luiz Serafim dos Santos, desde 18 de julho de 1973. Desse
matrimônio teve 16 filhos, a saber: Josefa Edvânia Serafim, Silvano
Serafim, Francisco Ivan Serafim, José Ideval Serafim, Ronaldo Serafim,
Rafael Serafim, Rogério Serafim, Daniel Serafim, Damião Serafim, Cosmo
Roberto Serafim, Aparecida Serafim, Flávia Serafim, Fabiana Serafim,
Luciene Serafim, Simoni Serafim e José Idevan (falecido, morreu com 11
meses).
Com seu esposo, Lúcia ainda hoje convive em boa harmonia no sítio São
João, próximo ao Distrito de Aratama, em Assaré. O casal de agricultores
trabalhava na lavoura e viviam da produção de algodão e mamona. Com o
passar dos tempos, a produção da mamona e do algodão entra em
declínio. O casal, sabiamente, busca outro tipo de atividade: resolvem
fazer doce caseiro. Desse trabalho, Lúcia e Luiz criaram toda sua prole
familiar. Salienta-se, ainda, que esse fazer culinário foi herdado do pai de
Lúcia que, a partir dos anos 80, trabalhou a todo vapor nessa nova
empreitada, para sustento da família.
36. Por três vezes na semana, com seu filho Cosmo, saía vendendo os
doces pela redondeza. O filho levava o doce numa panelinha para
Cacimbinha, Santo Antônio, Fortuna, Bezerra, Aratama, chegando em
casa, à tardinha. A fabricação do doce caseiro ficou tão conhecida,
que LÚCIA expandiu os trabalhos para as cidades circunvizinhas:
Potengi, Nova Olinda, entre outras.
Ela “fabrica” doce a gosto do freguês, trabalhando no período
chuvoso ou de sol, chegando a desmanchar 30 quilos de açúcar num
mesmo tacho. A sua iguaria é presença marcante entre muitos
compradores, tais como (aqui em Assaré): Geraldinho da Farmácia,
Marquinho da Farmácia e Cícero de Paulo Paiva.
Além das vendas no Município de Assaré e em cidades vizinhas, o
doce caseiro de LÚCIA chegou ao Estado de São Paulo, via
encomenda e enviado por topiqueiros. Um dos filhos de LÚCIA,
Daniel, herdou esse fazer culinário. Foi morar em Santa Catarina e lá,
nas “horas vagas”, trabalha fazendo doce e vendendo, a pedido.
Lúcia trabalha com uma boa diversidade de doces: batata de umbu
(cuca de umbu), goiaba, amendoim, gergelim, banana, mamão com
coco, leite puro, leite com coco, abacaxi com coco, chouriço. Relata
37. MESTRE: Francisca Zenilda Soares Ferreira
Nome Artístico: Dona Zenilda da Linguiça Caseira
Ofício: Culinária Regional
38. Francisca Zenilda Soares Ferreira, conhecida em Assaré, como “Zenilda da
linguiça”, nasceu no dia 04 de fevereiro 1933, na cidade de Assaré. Filha de
Alexandrina Gomes de Matos e de Cicero Soares de Sousa, teve como irmãos:
Francisca, Lídia, Helena, Pureza, Idelzuite e Fabilino.
Sua mãe possuía um restaurante denominado de “café” e, desse pequeno
comércio, atendia fregueses de Assaré, dos sítios e cidades circunvizinhas,
principalmente, nos dias das tradicionais feiras livres, nas segundas-feiras. E,
desse pequeno comércio era retirado o sustento da família.
Dona Alexandrina sempre enfrentou desafios em sua vida conjugal, devido seu
esposo não cumprir os juramentos do matrimônio, causando transtornos e mal-
estar entre o casal, atingindo diretamente seus filhos. Enfim, de fato, veio a
separação. Dona Alexandrina com seus filhos, ainda menores, sobreviveram do
lucro de sua pequena pensão, situada na rua que hoje recebe o nome de Padre
Agamenon Coelho, onde está localizado o prédio do 1º cartório.
Sua separação provocou bastante sofrimento, devido três motivos: primeiro, na
metade do século XX, mulher separada era discriminada, devido a prática abusiva
do machismo e, sem lei que as protegessem; depois, a situação financeira,
Assaré vivia uma pobreza extrema, tanto no campo quanto na cidade; e, por
último, na questão social. Tínhamos um poder público quase que inexistente para
atender à saúde, à educação e à ação social. A dificuldade era total. Nesse
cenário, Dona Alexandrina consegue criar seus sete filhos. Francisca Zenilda,
devido às circunstâncias, teve que trabalhar desde criança no pequeno
restaurante, como auxiliar de sua mãe, contato este que a tornou herdeira da
profissão de sua genitora.
39. Naquele período, não existia energia elétrica em Assaré e os
alimentos tinham pouca durabilidade. Por isso, as técnicas europeias
de conservação de alimentos, que vieram para o Brasil nas caravelas
coloniais, foram postas em práticas no nosso pequeno comércio. No
Nordeste, não era diferente. Os conservantes mais usados eram
pimenta do reino, noz-moscada, sal, alho e vinagre. Dona Alexandrina
aprendeu e ensinou a sua filha Zenilda no restaurante da família a
tradição de conservar alimentos, tendo como destaque a linguiça,
conhecida hoje como linguiça caseira ou artesanal.
O casal Zenilda e Dim Ferreira sentou para traçar planos e metas para
a família. Dim não queria a continuidade do restaurante, mas sua
esposa, com seu jeito cativante, não abdicou da tradição da família e
resistiu, continuando com o restaurante de sua mãe, promovendo
assim o rápido sucesso. Ao saírem do prédio onde hoje está
localizado o cartório de 1º oficio, foram se estabelecer no Mercado,
prédio que pertencia ao Sr. Manoel de Benta, durante muitos anos. No
ano de 1970, mudou-se para o prédio que permanece com sua família
até os dias de hoje.
40. Enfim, um prédio da família. Ela não esqueceu sua mãe e manteve vários
lanches entre eles a tapioca com linguiça do restaurante de Dona Zenilda.
Vale salientar que o seu produto é fabricado e vendido com produtos
naturais de excelência e só compra carne de porco caipira, novo, de
referência boa, tempero selecionado pessoalmente por ela, preparado
para conserva. E estes são uns dos segredos do sabor diferenciado na
fabricação de linguiça. Figuras ilustres como Patativa do Assaré, Adauto
Bezerra, Raul Onofre, homens e mulheres comuns de Assaré e vários
empresários que atuam fora e dentro do Município comeram e comem
esse saboroso alimento. Hoje, sua linguiça é produto de exportação para
filhos de Assaré que percorrem os mais diferentes lugares como:
Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, etc.
Em 1994, Dona Zenilda perdeu seu esposo com quem convivera 45 anos
e lutou para construir sua história familiar. Mesmo triste e com o peso da
idade, se apoia nas duas filhas Alexandrina e Maria das Dores e continua
com o restaurante e a mesma garra. Elas ajudando sua mãe a levar o
sabor do tempero da linguiça mais famosa de Assaré para outros locais.
Em 2010 perdeu sua filha Maria das Dores ainda jovem. Um impacto,
muito triste, porém deu a volta por cima e apoiada em sua outra filha,
Alexandrina, continua com as portas abertas de seu restaurante, o
“ZENILDIM”, oferecendo seu prato principal: ‘‘linguiça caseira com
tapioca de Dona Zenilda” e muito carinho com fregueses fiéis que
frequentam seu estabelecimento há décadas.
41. MESTRE: Maria Pereira da Silva
Nome Artístico: Maria de Zé de Lara
Ofício: Culinária Regional
42. Maria Pereira da Silva (Maria de Zé de Lara) nasceu em São Gonçalo,
Distrito de Assaré em 10 de outubro1948, filha de Antônio Raimundo
da Silva e Norvina Tereza da Silva. Casou com José Pereira da Silva
em 15 de janeiro 1966, e tiveram 11 filhos e criam 2 netas.
Começou a fazer pão de ló aos 15 anos de idade, que aprendeu com
sua mãe Novina Tereza da Silva. Fazia os pães de ló só para
alimentação da família. Depois, começou a fazer por encomenda para
as pessoas e vendia na vizinhança de onde ela morava. Muito tempo
depois, deixou de fazer por conta que as pessoas queriam comprar
por um preço bem abaixo, por isso ficou fazendo somente para os
filhos que moravam fora, e para a alimentação de casa. Na fabricação
do pão de ló, utilizava os ingredientes que era: goma, açúcar,
rapadura, ovo, erva doce, canela, bicarbonato e mel. Depois, colocava
no pilão o mel com a goma e batia pra misturar os ingredientes. Em
seguida, colocava nos depósitos de lata de sardinha, doce ou
alumínio pra levar ao forno.
43. Utilizava um forno de barro que tinha no quintal da casa dela ou o
forno a gás para assar, por apenas 05 minutos. Puxava os depósitos
com uma vara de madeira com um gancho que fixava nas latinhas,
para assim retirar do forno.
Ela ensinou o ofício a todos os filhos, mas apenas a filha Marlene
resolveu seguir tal ensinamento, por pouco tempo.
Em 2010, recebeu o reconhecimento da Cultura como mestra da
culinária de pão de ló.
Dona Maria nunca deixou de ser agricultora e cria animais como:
porco, galinha e gado, que serve para alimentação da família. Nos dias
de hoje, dona Maria, dificilmente, faz pão de ló, às vezes pra se
alimentar com a família, não comercializando mais. Mora em São
Gonçalo, Distrito de Assaré e vive com seu marido, uma neta e uma
bisneta.
44.
45. MESTRE: Inês Cidrão Alencar
Nome Artístico: Dona Inês
Ofício: Mestra Guardiã da Memória da Obra e Vida de
Patativa
46. Inês, cujo nome completo é Inês Cidrão Alencar, nasceu no sítio
Lagoa Dantas, na Região da Serra de Santana, Assaré (CE), no dia 20
de abril de 1939.
Filha de pais humildes, sendo seu pai, Antônio Gonçalves da Silva
(nosso saudoso PATATIVA) e sua mãe, Belarmina Gonçalves Cidrão
(dona Belinha, assim conhecida). Sua irmandade totaliza 14 irmãos,
sendo que sobreviveram os seguintes: Maroni Gonçalves Cidrão,
Raimundo Gonçalves Cidrão, Miriam Gonçalves da Silva, Lúcia
Gonçalves da Silva, Geraldo Gonçalves de Castro (todos falecidos),
Afonso Gonçalves de Castro, Pedro Gonçalves e João Batista Cidrão.
Inês, assim conhecida pelos familiares, casou-se em 1º de julho de
1962 com Raimundo Gonçalves Alencar e desse matrimônio, teve os
seguintes filhos: Maria Cidrão Alencar, Espedito Cidrão Alencar
(falecido), Fátima Cidrão Alencar, Antônia Cidrão Alencar (Toinha) e
Francisco Cidrão Alencar.
47. Sempre residiu na Serra de Santana, ambiente povoado de bons
vizinhos e em contato direto com a natureza.
O gosto pela poesia é advindo desde criança, pois, naquela época,
ouvia do pai PATATIVA, belas rimas que descreviam traços amorosos
e, sobretudo, poesias de cunho social.
Testemunhou, inúmeras vezes, na sala de casa, os encontros
marcantes dialogados entre seu pai PATATIVA e poetas diversos,
pesquisadores, escritores, entre outros. Mas um, para Inês, foi muito
marcante: a “pega” de versos entre PATATIVA e Geraldo Gonçalves
que, com o passar dos anos, é transformado no livro AO PÉ DA
MESA.
Continuou a observar os dois grandes poetas e via que eles
“brincavam” de construir poesias, composições, dentre outros!
Em nenhum momento, Inês pensou em deixar a Serra de Santana,
haja vista que sempre teve uma excelente relação com todos os
familiares, principalmente com seu pai PATATIVA, que tratava a todos
com profunda igualdade.