2. GÊNEROS LITERÁRIOS X GÊNEROS DISCURSIVOS
Gêneros Literários: estão no campo da literatura e da arte. Ou seja, a
noção de gênero literário é mais restrita, pois se estende apenas aos
textos literários.
Gêneros Textuais/Discursivos: estão no campo da linguística e
estilística. Portanto, TODO texto de qualquer gênero, literário ou não,
é um gênero textual/discursivo.
Exemplo:
A notícia é um gênero textual/discursivo, mas não se encaixa em
nenhum gênero literário, uma vez que é um texto não literário.
3. GÊNEROS TEXTUAIS (OU DISCURSIVOS)
• De acordo com Bakhtin, os gêneros discursivos são tipos
relativamente estáveis de enunciado, ou seja, seguem um
determinado padrão.
• São estruturas relativamente estáveis de composição,
com as quais realizamos intervenções sociais, tanto por
escrito quanto oralmente, ou seja, os gêneros são as
ferramentas, os instrumentos que utilizamos para podermos
exercer os atos comunicativos em geral.
5. Os gêneros literários são uma
classificação teórica que tem o objetivo
de separar cada texto literário
segundo suas características
específicas.
De acordo com a poética aristotélica, o
texto literário pode ser classificado de
três maneiras:
- épico (ou narrativo);
- lírico;
- dramático.
6. GÊNERO ÉPICO (OU NARRATIVO)
O que é uma epopeia?
Epopeias são narrativas longas que
contam a história de um povo e/ou de
heróis (Exemplo: A Odisseia).
O texto épico é, pois, em geral, uma
narrativa heroica. Atualmente, o gênero
épico passou a ser o gênero narrativo:
onde encaixamos os romances,
novelas, contos, crônicas, etc.
7. GÊNERO LÍRICO
O texto literário do gênero lírico é caracterizado
pela expressão subjetiva de emoções, sentimentos,
desejos. São exemplos desse gênero poemas e letras de
música.
Pertencem ao gênero lírico aqueles textos em que se
expressam sentimentos e emoções, exterioriza um mundo
interior e apresentam um caráter subjetivo (valorização do
eu).
Exemplos: composições poéticas (soneto, ode, écloga,
elegias, etc.) e músicas (canções).
8. TIPOS DE COMPOSIÇÕES POÉTICAS (LÍRICAS)
• Écloga: não possui estrutura fixa. Seu tema é sempre pastoril e campestre.
• Elegia: não possui estrutura fixa. Trata-se de um poema melancólico, de lamento.
• Ode: não possui estrutura fixa. Trata-se de um poema de exaltação e homenagem.
• Oitava: composta por estrofes de oito versos, com esquema regular de rimas (três
alternadas e as duas últimas emparelhadas: ABABABCC). Pode ser chamada de oitava
real, oitava-rima ou oitava heroica.
• Soneto: composto por 14 versos, divididos em dois quartetos (ou quadras) e dois
tercetos, disposto em esquema regular de rimas.
• Etc.
9. GÊNEROS DRAMÁTICOS
O texto literário do gênero dramático é
aquele escrito para ser encenado, ou seja,
peças de teatro e roteiros de cinema.
• RESUMINDO: é feito para que haja a sua
encenação, divide-se em atos e cenas, conta
a história através da fala das personagens,
apresenta indicações cênicas que auxiliam a
representação (rubricas).
Subgêneros do gênero
dramático: auto,
comédia, tragédia,
tragicomédia, farsa.
12. EXEMPLO 1
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida em vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida…
(Tom Jobim e Vinícius de Morais)
13. EXEMPLO 2
JOÃO GRILO: — Mas Chicó, e o rio São Francisco?
CHICÓ: — Lá vem você com sua mania de pergunta, João.
JOÃO GRILO: — Claro, tenho que saber. Como foi que você passou?
CHICÓ: — Não sei, só sei que foi assim. Só podia estar seco nesse
tempo, porque não me lembro quando passei... E nesse tempo todo o
cavalo ali comigo, sem reclamar nada!
— JOÃO GRILO: Eu me admirava era se ele reclamasse.
(fragmento de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna)
14. EXEMPLO 3
Por nove dias navegamos, nove noites;
O solo ancestre se descortinou ao décimo,
Tão perto que avistávamos sinais de fogo.
Não resisti, exausto, ao sono deleitável;
Mantinha sempre a escota reta, sem confiá-la
A mais ninguém, com pressa de voltar ao lar.
Mas os marujos arengavam na surdina,
Imaginando o conteúdo de ouro e prata
Do odre, regato de Éolo, magna prole de Hípote.
(Canto 10 – Ilíada – Homero)
15. EXEMPLO 4
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se
o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(SONETO DE SEPARAÇÃO, VINÍVIUS DE MORAES)
16. EXEMPLO 5
Cena 1
(Na casa dos patrões. Dona Filomena da Cabula usando uniforme de doméstica, sentada e
curvada, corta suas unhas num quartinho separado. Ouve um radinho chiado. O volume do
programa vai diminuindo, assim como a luz que a foca. Ao mesmo tempo, direciona-se luz
no set do outro lado do palco, focando a sala de jantar repleta de quadros, estatuetas e
motivos “folclóricos”. Em primeiro plano, na mesa, o casal de patrões conversa durante a
refeição.)
ADELAIDE — Calvino, ela quer aprender a ler, quer saber de contrato, viajar em estória, em
livro.
(O marido mastiga, tom de desdém, e fala alto, quer ser ouvido lá longe por Filomena.)
CALVINO — [...]. Teve um amigo de vovô, papai que contou: o negão lá queria ler, essa
mesma conversa aí... Ele arrancou as pálpebras do cabra, [...]. Ué, não queria ver a luz?
Então, ficou arregalado noite e dia.
[...]