1) O documento descreve uma pesquisa sobre o ensino de língua portuguesa em uma escola especial para surdos com abordagem bilíngue. 2) A pesquisadora observou aulas de língua portuguesa e LIBRAS para identificar os objetivos do professor e os saberes desenvolvidos. 3) A conclusão indica que o professor busca desenvolver a leitura e produção textual para a participação social dos alunos, embora existam outras tecnologias não exploradas.
1. O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM UMA
ESCOLA ESPECIAL PARA SURDOS
Vanessa de Oliveira Dagostim
vanessadagostim@brturbo.com.br
Professora Dra. Ana Maria Guimarães – Orientadora
Pó graduaç Lingüí
üística
Programa de Pós-graduação em Lingüística Aplicada - UNISINOS
Lingüí
üística
Mestrado em Lingüística Aplicada
2. INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca apresentar a nossa comunidade
acadêmica, o cenário pouco conhecido do ensino de Língua
Portuguesa em uma escola especial para surdos.
Pretendo com este trabalho examinar como tem sido o
ensino de Língua Portuguesa atualmente em uma escola
pública especial para surdos com abordagem educacional
bilíngüe e como as dificuldades nessa área têm sido
enfrentadas nesse contexto.
3. OBJETIVOS
Identificar quais têm sido os propósitos
do educador em uma sala de aula de
Língua Portuguesa para Surdos(LP/S),
Surdos(LP/S)
os saberes em LP que ele busca
desenvolver com seus alunos através
das atividades propostas, considerando
que ser competente não é possuir um
acúmulo de conhecimentos, mas
conseguir mobilizar diferentes saberes
organizados por componentes
curriculares em situações reais
4. METODOLOGIA
- Observação participante de aulas de LP/S, aulas de LIBRAS,
reuniões pedagógicas e outras atividades
- Entrevistas com professores, alunos e equipe diretiva
- ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL ESPECIAL
PARA SURDOS VITÓRIA (Canoas/RS)
- Turma observada: 8ª série – 20 h de observação (entre
30/03/2005 a 02/05/2005)
- 06 (seis) alunos entre 18 e 21 anos.
5. Dados observados
• Livro didático: Português: Linguagens, Cereja & Magalhães, 1998 (LP ensino
regular)
• Textos de outros livros didáticos, charges de jornais e revistas
• Dicionário de LP
• Aulas ministradas em LIBRAS
• LP ensinada como L2 instrumental
6. Exemplo
“A Receita do musse de maracujá”
(Tempos verbais, ampliação do vocabulário em LIBRAS e LP, leitura e produção textual)
• Em sala de aula, os alunos receberam um texto com a receita e dividiram os
ingredientes, para que cada um trouxesse alguma coisa numa aula marcada
• Trazidos os ingredientes, todos foram à cozinha experimental da escola para
realizarem a receita
• Os alunos tinham que realizar a tarefa consultando a receita, passo a passo conforme
as instruções
• Pronto o doce, foi colocado na geladeira
• No dia seguinte, voltamos à cozinha experimentar o musse pronto
•De volta à sala de aula, os alunos deveriam fazer um texto contando como foi a
experiência, assim, eles usariam tempos verbais e ampliariam o vocabulário
7. CONCLUSÃO
1) Podemos verificar que os propósitos da educadora de
LP/S observada é de desenvolver em seus alunos a
capacidade de leitura e produção de texto de modo a
produç texto,
que possam, através deles, participar mais ativamente
da sociedade onde a língua escrita é um poderoso meio
sociedade,
de comunicação e informação.
8. 2) Embora tenham notícias de outras tecnologias desenvolvidas para o
letramento em LIBRAS e LP/S e estudos contrastivos LIBRAS/LP a
LIBRAS/LP,
escola não as explorou durante o período observado.
Exemplos:
• Sign Writing (Escrita de sinais)
• Torpedos, e-mails, chats, vídeos legendados e/ou com tradução em
LIBRAS, programação televisiva com closed caption, dicionário
bilíngüe LIBRAS/LP
9. Pensando o ensino de LP/S...
Uma viagem ao mundo dos surdos se faz necessária, e é
surpreendente quando descobrimos que esse mundo existe
paralelamente ao nosso, e saberes tão clássicos e “acertados” em
nossa visão sobre ensino e aprendizagem precisam ser
repensados, pois não podemos simplesmente “readaptar” nossas
práticas de ensino ouvintistas, que já não são suficientes e eficazes
nem mesmo em nosso mundo ouvinte, a uma realidade surda.
10. ...
Nossos conceitos sobre língua, linguagem,
texto, leitura e escrita precisam ser
repensados também, pois precisamos
construir para eles novos sentidos,
sob a visão do mundo surdo. O
surdo
professor de surdos, mais do que
ninguém, precisa mergulhar plenamente
nesse mundo, na língua de sinais e na
cultura surda.
11. Permita-se “ouvir” essas mãos, pois
somente assim será possível mostrar aos
surdos como eles podem “ouvir” o silêncio
da palavra escrita.
Ronice Quadros