2. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e
as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te
lembres? E o filho do homem, que o visites?
Sl. 8.3, 4
4. Para os escritores
divinamente inspirados do
Antigo Testamento não
existiam dúvidas quanto à
existência de Deus. Eles não
julgaram necessária a
apresentação de argumentos
para estabelecer a prova da
existência de Deus.
5. O CONHECIMENTO
DA EXISTÊNCIA
DE DEUS
É conhecido, poque
revela a si mesmo
A certeza de Deus ser
conhecido não se refere
à questão da sua
existência
Não se revela a quem
quer conhece-lo,
Se revela na
abundância de sua
graça
Deus é conhecido aos
sensíveis que buscam
conhecer a sua pessoa
e a sua vontade
O conhecimento de
Deus é aquele que
satisfaz à fome da
natureza espiritual
6. O vocábulo na
Bíblia Hebraica é
yāda‘ , que
significa:
Conhecer
pessoalmente
(Gn. 12.1)
Conhecer por
experiência
(Js. 23.14)
Ganhar
conhecimento
(Sl. 119.152)
Conhecer o
caráter de uma
pessoa
(2 Sm. 3.25)
Ter relações
amistosas com
alguém (Gn. 29.5;
Êx. 1.8; Jó. 42.11)
Conhecer a Deus
(Êx. 5.2).
7. Descreve o profundo conhecimento que Deus tem de
pessoas (Os. 5.3; Jó. 11.11; 1 Rs. 8.30; 2 Sm. 7.30; Sl. 1.6).
O conhecimento de Deus resulta em adoração e
obediência inteligente à sua vontade (Jz. 2.10; 1 Sm. 2.12;
Os. 8.2; Sl. 79.6).
Segundo os profetas, o conhecimento de Deus é o
discernimento da natureza divina por parte do conhecedor
que fica habilitado a reconhecer as verdadeiras
manifestações ou revelações da natureza, bem como da
vontade, do Senhor.
9. É preciso salientar que o conhecimento de Deus no AT não
brota somente da história, palavra, criação e teofania.
O conhecimento de Deus no AT brota também da revelação do
nome Yahweh.
Em geral, concorda-se que “entre os povos primitivos e em
todo o antigo Oriente, o nome denota essência de algo:
Chamar algo pelo nome é conhecê-lo e,
Por conseguinte, possuir poder sobre ele”.
10. Não eram exceção a essa regra.
Supunham que a essência total da pessoa concentrava-
se em seu nome.
O nome geralmente estava relacionado à natureza do
caráter da pessoa.
Esaú disse que as ações de Jacó refletiam seu nome
(Gn. 27.36).
Nabal era como seu nome, “um tolo” (1 Sm 25.25).
O
S
H
E
B
R
E
U
S
11. Von Rad e Jacob
argumentam que o nome
de um deus no mundo
antigo encerrava poder e
podia ser perigoso ou
beneficente. Assim, era
muito importante conhecer
o nome do deus.
Jacob Armínio, foi um
teólogo holandês
durante o período da
Reforma Protestante
cujas visões se
tornaram a base do
Arminianismo e do
movimento
Remonstrante
Holandês.
Gerhard Von Rad foi
um acadêmico alemão,
estudioso do Antigo
Testamento, teólogo
luterano, exegeta e
professor da
Universidade de
Heidelberg.
12. No Antigo Testamento encontramos frequentemente a frase
“O Nome do Senhor” ou “o Nome de Deus”. “Em todo o lugar
em que eu fizer lembrado o meu Nome, virei ter contigo e te
abençoarei” (Êx. 20.24).
Aqui está se referindo ao santuário, o lugar de culto, onde
habita o Nome do Senhor (Dt. 12.11).
A bênção sacerdotal é mais do que uma prece a Deus em favor
de Israel.
É um meio de comunicar ao povo o poder ou a influência do
Nome do Senhor (Nm. 6.24-27).
13. Também é utilizado “O Nome de Yahweh” para indicar
o próprio Senhor (Sl. 5.11; 7.17; 9.10).
Geralmente, “O Nome do Senhor” também está
associado ao conceito da soberania e da glória de Deus.
Os trabalhos e os objetivos do homem devem ficar
sempre subordinados à vontade do Senhor, porque sua
vontade é superior aos maiores interesses humanos.
Precisamos ressaltar que a soberania do Senhor, nosso
Deus, é absoluta, e a sua vontade não se limita apenas
ao homem.
14. As Sagradas Escrituras põem sempre em relevo a Glória
da Deus.
O objetivo último do homem é glorificar a Deus, exaltando
e santificando o seu santo Nome (Êx. 9.16; Lv. 18.21).
De acordo com alguns estudiosos o nome Yahweh parece
vir de uma forma imperfeita do verbo hebraico hāyâ,
“ser” ou “tornar-se”.
Albright argumenta que o nome vem da forma hifil
(causativa) do verbo, de modo que dignifica “Aquele que
causa a existência” e, portanto, “o criador”.
Há quem afirme que o Tetragrama YHWH deva ser
traduzido “ele cria”.
16. Os nomes ’Ělōhîm e Yahweh são
os mais utilizados pelos escritores
bíblicos. O primeiro é o mais
utilizado na Bíblia Hebraica para
expressar o conceito de divindade.
Usa-se ’Ělōhîm como o nome do
Criador de todas as coisas.
Quando se refere às relações do
Senhor com as nações, ou às suas
relações cósmicas, usa-se em
quase todas as partes do Antigo
Testamento.
18. O vocábulo hebraico ’Ělōhîm é o plural de ’ělōah.
Este termo pode ser traduzido por Deus, deuses, juízes ou
anjos.
Quando se refere ao verdadeiro Deus de Israel, ’Ělōhîm é
utilizado como sujeito de toda a atividade divina revelada
ao ser humano e como objeto de temor e reverência.
Na maioria das vezes o vocábulo ’Ělōhîm aparece
acompanhado pelo nome de Deus, Yahweh (Gn. 2.4, 5;
Ex. 34.23; Sl. 68.18).
Podemos enumerar algumas situações em que a
expressão ’ělōhîm é utilizada:
19. Associado à
soberania
de Deus, o
vocábulo
’ělōhîm é
descrito
como juiz
(Sl. 50.6;
75.7; 58.11).
Se referem
à majestade
ou à glória
de Deus:
Deus da Eternidade
(Is. 40.28)
Deus da Justiça
(Is. 30.18)
Deus que Dirá Amém
(Is. 65.16)
Deus Vivo
(Jr. 10.10)
Este Deus Santo
(1 Sm. 6.20)
1
22. Outros títulos
estão
relacionados
com “Deus da
salvação”
(1Cr. 16.35;
Sl. 18.46), ou
com os atos
divinos em
favor de seu
povo
realizados no
passado, por
isso é o Deus:
Vivo que Fala do meio do fogo
(Dt 5.26)
Que Provê aos Necessitados
(Sl. 68.10)
Que Faz sair Água da Pederneira
(Dt 8. 15)
O Senhor Vosso Deus que os Separou
(Lv. 20.24)
4
23. Finalmente,
o vocábulo
é utilizado
em títulos
que
expressam
a
intimidade
de Deus
com o seu
povo:
O Deus de perto (Jr. 23.23)
O Teu Deus em Quem Confias (2 Rs. 19.10)
Assim Te Disciplina o Senhor (Dt. 8.5)
Deus que me sustentou durante a vida (Gn.48.15)
5 Deus da minha justiça (Sl. 4.1)
Deus da minha misericórdia (Sl. 59.17)
Deus da minha fortaleza (Sl. 43.2)
Nosso Deus é misericordioso (Sl. 116.5)
25. Mas o nome especial do Deus de Israel é Yahweh.
Por causa da associação desse nome com trovões e relâmpagos
(Êx 19.16; 20.18; 1 Rs 18.28; Jó 37.5; Am 1.2; Sl 18.14),
Alguns estudiosos julgam que Ele era o Deus do firmamento.
No período do Antigo Testamento era necessária a invocação
do nome de Yahweh para aproximar-se Dele.
Diversas orações contidas nos Salmos tratam-se de uma
invocação iniciada com a primeira palavra citando o nome
divino Yahweh (Sl 3.1; 6.1; 7.1; 8.1; 12.1).
A doxologia de Davi (1 Cr 29.10-11) começa com a palavra
Yahweh.
26. Quando Deus tomou a iniciativa de revelar-se, Ele o fez
pronunciando o próprio nome: “Eu sou Yahweh” (Gn 35.11;
Ex 6.2; 20.1; 34.5-6).
A invocação de Yahweh também era parte importante no
culto.
Se Ele não tivesse revelado seu nome, não seria possível ao
adorador invoca-lo e, dessa forma, nem sequer haveria culto.
O objetivo de Deus em dar seu nome a Moisés (Ex 3.14) era
relacionar o chamado de Moisés ao nome pela autoridade de
Deus.
27. Conforme vimos , Albright argumenta que o nome divino vem
da forma causativa do verbo (hifil), cujo significado é
Aquele que causa a existência
O criador
Outro estudioso, disse que Yahweh poderia ter sido uma
divindade protetora de um dos ancestrais de Moisés e que Seu
nome poderia ser traduzido por
Ele causa a existência (do ancestral)
Ele sustenta (o ancestral).
28. Tanto Jacob como Von Rad afirmam que o significado básico
de Yahweh é “presença”, “estarei convosco”, conforme
percebemos em diversos textos (cf. Ex 3.12; Gn 28.20; Js 3.7;
Jz 6.12).
Terrien concorda com a ideia de Von Rad e Jacob, e afirma
que “Ao vacilante Moisés, Javé primeiro deu segurança ao
afirmar: ‘Estarei contigo’”.
Deus estava prometendo para Moisés a sua presença através
da revelação do ‘Eu sou’, que também pode ser traduzido ‘Eu
serei’.
Na Grande Comissão, Jesus prometeu estar com os discípulos
sempre, até o fim dos tempos (Mt 28.20).
29. Mesmo que Yahweh tenha revelado seu nome a Moisés e
a Israel e tenha se permitido “invocar” por eles, ou “se
entregado” em compromisso e confiança só a Israel, Ele
ainda manteve sua liberdade.
Essa liberdade significa que Yahweh jamais é um simples
objeto.
Ainda que tenha se relevado liberalmente, Ele deu o
Terceiro Mandamento do Decálogo para proteger essa
liberdade contra “abusos religiosos”. (Ex. 20.7)
31. A palavra ruach (vento, espírito) é utilizada no AT de
tantas maneiras que é difícil analisar os seus vários
sentidos.
Contudo, podemos dizer que o conceito do Espírito do
Senhor aparentemente passou por um processo de
desenvolvimento.
O vocábulo ruach é utilizado no sentido de poder, da vida
e do Espírito de Deus (2 Sm 22.16).
32. Geralmente apresenta-se a ideia de violência nos trechos
onde se utiliza o termo no sentido do sopro de Deus
(Jó. 4.9; Sl. 18.15).
Ideia especialmente acentuada em Isaías 30.28.
Este vocábulo é empregado 87 vezes na Bíblia Hebraica
no sentido de vento.
Em 37 desses casos o vento é um agente de Deus, sempre
forte e violento, por vezes, destrutivo.
Notamos que Deu cria o vento (Am. 4.13) e o controla
(Jó. 28.25).
33. O ruach-Yahweh inspira e controla os profetas.
Foi ele quem habilitou o profeta Ezequiel para falar a palavra
profética.
O Espírito do Senhor também habilitou os juízes para
conseguir suas vitórias militares.
Mais tarde o Senhor dirigiu o seu povo principalmente por
agentes humanos, orientados pelo seu Espírito.
Da mesma forma como o espírito do homem representa o seu
caráter, determina seus motivos, e expressa as atividades e
energias da sua vida:
Assim também o Espírito do Senhor expressa a sua disposição
ética, especialmente quando se refere aos propósitos de Deus
na escolha do povo de Israel.
34. Por último, podemos dizer que Yahweh era o nome especial
de Israel para seu Deus.
Ao revelar o seu nome a Moisés e, por sua vez, a Israel, Deus
escolheu ser descrito como
O definível,
O distintivo,
O indivíduo.
Desse modo, a fé de Israel contrapõe-se radicalmente ao
conceito abstrato de divindade e também vai de encontro a
uma “base de existência” sem nome.
Portanto, assim como os equívocos intelectualistas de Deus, os
místicos também são rejeitados.
35. ASSINALE COM X AS ALTERNATIVAS CORRETAS:
1. O que significa o vocábulo yāda‘?
D. Conhecer pessoalmente, conhecer por experiência, ganhar
conhecimento, conhecer o caráter de uma pessoa, ter relações
amistosas com alguém.
2. O que vem a ser ’Ělōhîm e Yahweh?
A. São utilizados pelos escritores bíblicos para expressar o nome
de Deus. O primeiro é utilizado na Bíblia Hebraica para
expressar o conceito de divindade. Usa-se ’Ělōhîm como o
nome do Criador de todas as coisas.
3. O que sabemos sobre o ruach-Yahweh?
C. O ruach-Yahweh inspira e controla os profetas.
QUESTIONÁRIO Pg. 45
36. Marque C para CERTO e E para ERRADO:
4. O vocábulo ruach é utilizado no sentido de poder, da
vida e do Espírito de Deus.
5. Podemos dizer que Yahweh era o nome especial de
Israel para seu Deus.
QUESTIONÁRIO Pg. 46
C
C
38. Antes de tudo é preciso enfatizar que não encontramos no AT
qualquer declaração que defina a essência de Deus.
Contudo, o NT nos ensina diretamente que Deus é Espírito.
No AT a espiritualidade de Deus é subentendida, é verdade
básica, em todas as experiências dos hebreus com Ele (Is 31.3,
por exemplo).
Lembremos que em Êxodo 20.4 representação do Senhor por
qualquer imagem material é proibida.
Na própria narrativa da criação do homem em Gênesis 2.7,
encontramos a declaração de que o seu corpo foi formado da
terra, mas que a sua vida espiritual veio de Deus.
39. O escritor compreendeu assim que o Deus espiritual é a fonte
da vida.
A presença do Espírito de Deus é a presença dele mesmo
(Sl. 139.7-10).
Tudo que Deus é, e tudo que possa significar para o homem, é
representado pelo ministério do seu Espírito que é vida e
poder.
É justamente o Espírito de Deus operando no espírito do
homem piedoso do AT que produz a vida de:
justiça,
retidão,
felicidade
paz.
41. Para iniciarmos nosso estudo a respeito do caráter de Deus é
preciso partir de sua santidade.
Não há outra palavra que, em seu sentido bíblico pleno,
descreva mais perfeitamente a natureza de Deus do que o
termo santidade.
É a tradução da palavra hebraica qōdesh, que tem uma longa
e complicada história, e que tem sido usada em vários outros
sentidos, mas exclusivamente para expressar ideias religiosas.
Santidade é um vocábulo intimamente divino.
Podemos mesmo afirmar que é a qualidade mais típica da fé
em Deus no AT.
42. Tanto pela frequência quanto pela ênfase especial com que se usa
o atributo de santidade ressalta entre todas as qualidades que se
aplicam ao ser de Deus.
A importância dessa forma de definir o ser divino se compreende
facilmente ao se pensar que toda a religião veterotestamentária
pode ser caracterizada como a “religião da santidade”.
As raízes empregadas nas mais diferentes línguas para designar
esse âmbito, enquanto se podem extrair etimologicamente, fazem
aparecer o santo como o separado, o apartado, o subtraído do uso
normal.
Observe, por exemplo, o grego temenos de temein, o latim sactus
de sacire, o tabu polinésio de tapa, “designar e, por conseguinte,
distinguir, diferenciar”.
43. Conforme esses dados a etimologia pouco clara de qdš se deve
colocá-la ao lado de qd, “separar”, que com o conhecido em árabe
e etíope qd ou qdw, “ser puro, limpo”.
Deus é chamado “santo” três vezes em dois lugares do AT (Is. 6.3;
Sl. 99.3, 5, 9).
O profeta Oséias destaca a ideia de que a santidade de Deus é
exatamente o que o distingue das pessoas (Os. 11.9).
A expressão “O Santo de Israel” ocorre trinta vezes no livro do
profeta Isaías em referência ao Deus de Israel.
Podemos afirmar com absoluta certeza que santidade no Antigo
Testamento significa a essência da divindade.
44. A santidade divina diz respeito a tudo sobre Deus que o
separa da sua criação:
Seu poder misterioso
A atração que Ele exerce sobre os adoradores.
Em um segundo sentido afirmamos que a santidade diz
respeito ao chamado de Deus e à exigência de que as pessoas
sejam:
Santas como ele é santo, no sentido de que sejam puras;
Limpas
Justas
Compassivas
46. Uma das diversas manifestações da fidelidade amorosa de
Deus à sua aliança é a justiça.
Assim como no homem a hesed (misericórdia) de Deus
participa e leva consigo aquele que pratica a justiça, por que
respeitar o direito dos demais não é mais que um aspecto
importante da misericórdia que inspira a comunhão, assim
também em Deus se demonstra sua benevolência realizando o
direito e a justiça.
A justiça (mishpat) e a retidão (tsědāqâ) de Deus
frequentemente estão relacionadas com o seu papel de juiz.
Esses termos muitas vezes são utilizados juntos.
Por vezes fica até difícil distinguir o sentido de cada palavra,
mas o conceito geral por trás de ambas está claro e é
extremamente importante.
47. Von Rad afirma que não existe nenhum conceito no AT com
um significado tão central para todos os relacionamentos da
vida humana como o de tsědāqâ (“retidão” ou “justiça”).
Ele é o padrão para o relacionamento com Deus e para o
relacionamento das pessoas entre si, incluindo até os animais
e o ambiente natural.
Segundo Von Rad, tsědāqâ pode ser descrito como o valor
supremo da vida e o fundamento em que repousa toda a
existência, se estiverem em ordem.
Desde os tempos mais antigos, Israel celebrou Yahweh como
aquele que propicia a seu povo o dom universal da sua
justiça.
E essa justiça outorgada a Israel é sempre um dom salvífico.
49. Um estudo cuidadoso do amor de Deus no AT, baseado no
conhecimento do hebraico, deixa qualquer estudioso
impressionado pela profundeza deste ensino bíblico.
É um ensino que nos nova a entender melhor a plena
revelação deste amor na pessoa a nos ensinos de Cristo.
O vocábulo hebraico ’āhab é o mais traduzido por “amor” no
AT.
No geral o vocábulo e utilizado mais de 200 vezes no AT.
É usado trinta e duas vezes expressando o amor de Deus:
Duas vezes o seu amor a Jerusalém,
Sete vezes o seu amor à justiça
Vinte e três vezes o seu amor a Israel, ou a pessoas em
particular.
50. O segundo termo hebraico relacionado com o amor de Deus é
hesed.
Trata-se de um vocábulo de etimologia incerta.
Nas versões da Bíblia em língua portuguesa é traduzido por:
Bondade
Beleza
Glória
Benevolência
Beneficência
Benignidade
Amorável benignidade
Misericórdia
Compaixão.
51. Quando o termo hesed é utilizado referindo-se à relação de
Deus com o povo da aliança, tem o sentido cada vez mais
perto de graça.
Quando o plural do substantivo hassidim é usado referindo-se
aos homens fiéis, especialmente nos Salmos (30.4; 37.28) é
traduzido em português por santos.
Há quem sugira “ímpeto”, “zelo ardente” como sentido
primário da raiz.
O que se percebe é que hesed contém dois elementos básicos:
Um é a ideia de força, lealdade, fidelidade.
O outro elemento é a ideia de bondade, piedade, misericórdia
e graça.
Por vezes podemos dizer que “dedicação” capte os dois
elementos da palavra.
52. O AT menciona com muita frequência a “abundância” ou
“grandiosidade” do hesed de Deus (Êx. 34.6; Nm. 14.19; Ne.
9.17; 13.22; Sl. 5.7; Lm. 3.32; Jl. 2.13.
Uma das passagens mais famosas que contém o vocábulo é
Lamentações 3.22-24, onde podemos ler que:
“As misericórdias (hesed) do Senhor são a causa de não
sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem
fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto,
esperarei nele.
A confissão de que o hesed de Deus se renova a cada manhã é
realizada novamente em Salmos 59.16; 90.14; 92.2; 143.8.
Em Lamentações 3.22, hesed está mesmo no plural, dando a
entender que as “misericórdias” de Deus são muitas ações de
graça.
53. Mais ainda falta verificarmos o vocábulo hānan.
Este vocábulo traz a ideia de “graça” ou “amor ou favor
imerecido”.
A diferença básica entre hānan e hesed é que o hesed se refere
primordialmente o “amor por escolha”.
Isto significa que um vínculo ou relacionamento entre duas
partes em aliança faz com que se esperem “atos de amor”
entre eles.
Por outro lado, hānan indica o amor imerecido de alguém
superior por alguém inferior.
A época de encontro com o helenismo, que colocou uma vez
mais o judaísmo no contexto do processo da história
universal, deu a suas expressões sobre o amor divino maior
amplitude.
54. Com nova alegria a situação privilegiada de Israel entre as
nações, por estar em posse da revelação divina, é cantada
como dom do amor de seu Deus que o tomou objeto de sua
eleição.
O Deus de Israel ama a sua criatura mais do que possa amá-
la qualquer homem, e concretamente, ama a Israel.
E neste sentido a doação da Toráh é a melhor mostra de
amor.
A delicadeza e a fidelidade desse amor expõem-se com
grandiosidade, por exemplo:
Quando o Cântico dos Cânticos exalta a Deus como o
amado sempre próximo e pronto a ajudar
Quando se utiliza a imagem do rei que acolhe novamente
em sua graça à esposa repudiada.
55. Tanto no que foi dito, quanto no fato de que os tradutores da
LXX prefiram o grego agape e abandonem o eros se
manifesta uma clara consciência da diferença que separa o
amor divino de todo erotismo místico,
Essa fidelidade de amor que não alforria aos seus o
sofrimento nem sequer o martírio tende a uma comunhão de
vontades levada até o extremo.
Mas, às vezes, presenteia ao que guarda fidelidade com toda
a felicidade de uma bem-aventurança, a sua, que supera
qualquer bem da terra.
56. Essa íntima relação com o Deus de amor até na piedade
individual encontra sua expressão num uso mais
acentuado do nome “pai” na oração do indivíduo.
Este amor, mais duradouro do que o amor materno
(Is. 49.15), nunca poderia abandonar o povo;
mas Israel tinha que cumprir as condições da aliança,
embora com o espírito que Deus mesmo tinha que
implantar seu coração.
58. É interessante notar que de acordo com a fonte e a forma
literária no AT o significado de “bênção” muda.
Pode-se dizer que o conceito mais amplo está na narrativa
da primeira criação (Gn. 1.1 – 2.3).
Ali encontramos o Deus Criador concedendo a toda a raça
humana e a cada criatura vivente a bênção da:
Fertilidade (Gn. 1.22, 28);
Do espaço, podiam encher as águas, o ar e a terra (Gn. 1.22,
28);
Do alimento (Gn. 1.29-30).
O ser humano recebeu a bênção especial de domínio (Gn.
1.28).
A “bênção” é algo que Deus dá as pessoas.
59. Muitas vezes a ideia de bênção aparece juntamente com sua
ideia oposta, a “maldição”.
No trecho de Gênesis 1 – 11 o vocábulo “bênção” ocorre
cinco vezes (1.22, 28; 2.3; 5.1; 9.1) e “maldição” ocorre seis
vezes.
O Senhor Deus pronuncia uma maldição contra a serpente
por tentar a mulher (3.14),
Contra Caim por matar o próprio irmão (4.11)
E até mesmo contra a terra (3.17; 5.29).
60. Noé também amaldiçoa o seu filho mais novo enquanto
abençoa Sem e Jafé (9.25).
Contudo, em 8.21, Deus promete que jamais voltará a
amaldiçoar a terra por causa da humanidade.
Somente em Gênesis 12.1-3 o vocábulo bārak, “bênção”,
ocorre cinco vezes.
Yahweh é quem a pronuncia, e a bênção torna-se parte da
promessa aparentemente incondicional.
Essa bênção implica um grande nome e uma grande nação
para Abraão.
62. Da mesma forma que o amor, a ira é um sentimento
espontâneo que enche a alma com uma força fulminante e se
aprópria de suas reações.
Como manifestação da vida da pessoa que se defende dos
ataques do que lhe cerca, quando se predica da divindade,
expressa de modo enfático seu caráter pessoal.
Tanto a variedade dos termos que o AT emprega quanto sua
frequência manifestam a enorme influência dessa ideia na
concepção de Deus:
Haron e hêmā descrevem a ira como um ardor interior;
Rūah e ‘aph, como um espumar ou borbulhar;
‘Ebrah, za’am e za’ap, como a ruptura de algo que estava
reprimido ou sob pressão.
63. Observa-se que a maioria dos termos com a ideia de ira é
emprestada de expressões concretas, fisiológicas, como:
“Ficar quente” ou “queimar” (Is. 65.5; Jr. 15.14; 17.4);
“Irromper” ou “transbordar” (Ez. 13.13; 38.22);
O “poder destrutivo da tempestade” (Sl. 83.15; Is. 30.30;
Jr. 23.19-20), dentre outros.
Outras duas palavras relacionadas à ira no AT são:
Ciúme
Vingança
64. O ciúme de Deus significa que ele não tolerará nenhum
outro deus (Êx. 20.5; 34.14; Dt. 4.24).
Este ciúme divino tem relação com:
Sua santidade,
Sua singularidade,
Sua inacessibilidade.
Outro vocábulo hebraico próximo a ira é nāqam,
geralmente traduzido por “vingança” ou “desforra”.
Contudo, há quem diga que “vingança” seja uma tradução
pobre para nāqam.
Parece que o melhor seria “exercer poder legítimo”, razão
pela qual devemos traduzi-lo por “a soberania é minha”.
65. É preciso ressaltar, no entanto, a razão da ira de Deus.
Caso contrário seria difícil conciliar um Deus de amor com um
Deus que se ira.
A razão aparente para a ira de Deus é o pecado.
Morris afirma que a ira de Deus é provocada única e
inevitavelmente pelo pecado.
Apesar de tudo, algo que deve ficar claro para o estudante é que
fica como marca característica da antiga atitude israelita o ver a
ira de Deus atuando principalmente em atos de castigo
individualizados.
Trata-se, além disso, de algo passageiro, enquanto a
misericórdia e a justiça divinas representam o verdadeiramente
permanente.
É por isso que vamos ver agora o aspecto do Deus que perdoa e
do Deus que salva.
67. É possível afirmar com tranquilidade que a experiência de
ser perdoado pode ser uma das mais alegres, humilhantes e
terapêuticas da vida.
As exclamações mais líricas de poesia e doxologia no AT
foram compostas por aqueles que comemoram o perdão
(Mq. 7.18; Sl. 32.1-2, 5, 7).
É evidente a necessidade do perdão, uma vez que todos nós
pecamos e carecemos da glória de Deus (Is. 53.6).
Somente Deus pode perdoar pecados (Is. 53.4-5).
68. Dois vocábulos hebraicos traduzem o conceito básico de
“perdoar” no AT: sālah e nāśā’.
De acordo com Jacob A raiz do primeiro (sālah) pode ter
vindo de um contexto de culto e poderia ter sido usado com
o sentido de “aspergir” e depois “perdoar”.
Se for assim, o perdão é um processo de purificação
espiritual e mental que resulta o relacionamento entre Deus
e o ser humano e entre as pessoas.
69. A raiz do segundo vocábulo (nāśā’) tem o sentido literal de
“levantar”, “carregar”.
Observamos ainda que expressões como “ser gracioso”,
“esconder-se da ira de Deus” e “que Deus se arrependa ou
se desvie da sua ira” podem indicar o perdão de Deus.
De acordo com o pensamento veterotestamentário, o maior
problema da raça humana é o pecado.
Somente Deus pode lidar com ele eficientemente; isso ele fez,
e faz, em Cristo.
71. No AT o termo salvação abrange todas as qualidades de
socorro que os israelitas recebem do seu Deus, o Senhor
Yahweh.
Os vocábulos “salvar”, “salvador” e “salvação” estão
relacionados com a raiz hebraica ysh‘ cujo significado básico
é “ser amplo”, “tornar-se espaçoso”, “ter muito espaço”.
Salvação é um termo com vasta gama de significados.
Conforme mencionado acima, diz respeito a todas as
qualidades de socorro.
Neste sentido, é usado com referência as pessoas, como
qualidade delas, isto é, pessoas que salvam, mas no AT a
referência mais frequente é a Deus.
72. O vocábulo é utilizado com relação a livramentos passados,
presentes e futuros.
Utiliza-se principalmente em relação à salvação de Israel,
mas pode referir-se também à salvação da raça humana ou
mesmo de um indivíduo.
O AT proclama que a salvação é “do Senhor” (Sl. 3.8;
Jn. 2.9).
O AT é basicamente uma história da salvação.
A salvação do pecado é uma doutrina central nas Escrituras.
Por isso, voltaremos a tratar do tema quando tratarmos da
redenção do ser humano mais a frente.
73. ASSINALE COM X AS ALTERNATIVAS CORRETAS:
6. Qual é a qualidade mais típica da fé em Deus no Antigo
Testamento?
C. Santidade.
7. A que estão relacionadas a justiça (mishpat) e a retidão (tsědāqâ)
de Deus?
A. A justiça (mishpat) e a retidão (tsědāqâ) de Deus
frequentemente estão relacionadas com o seu papel de juiz.
8. Quais são as outras duas palavras relacionadas à ira no Antigo
Testamento?
B. “ciúme” e “vingança”.
QUESTIONÁRIO Pg. 57
74. Marque C para CERTO e E para ERRADO:
9. No Antigo Testamento o termo salvação sempre
diz respeito à salvação eterna.
10. No Antigo Testamento o termo salvação abrange
todas as qualidades de socorro que os israelitas
recebem do seu Deus, o Senhor Yahweh.
QUESTIONÁRIO Pg. 58
E
C