Este documento discute a diabetes em Portugal e no mundo. Apresenta estatísticas sobre: 1) o número crescente de pessoas com diabetes globalmente e nas principais regiões; 2) os principais fatores de risco para o desenvolvimento da diabetes tipo 2; e 3) as taxas e desafios da diabetes em Portugal.
1. Luís Gardete Correia
Presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal – APDP – Diabetes Portugal
Director do Observatório Nacional da Diabetes – OND
2.
3. A Diabetes no Mundo I
•382 milhões (8,3%) de pessoas com diabetes - 2011 e 552 milhões
(9,9%) - 2030.
•O número de pessoas com diabetes tipo 2 está a aumentar
rapidamente em todos os países.
•80% estão em países com baixo ou médio desenvolvimento
económico.
•O maior número situa-se entre a faixa etária dos 40 a 59 anos de
idade.
International Diabetes Federation 2011
4. A Diabetes no Mundo II
•176 milhões de pessoas (46%) com diabetes estão por diagnosticar.
•A diabetes causou cerca de 4.6 milhões de mortes em 2011.
•A diabetes custou em 2011 cerca de 465 biliões de dólares em
despesas com a saúde (11% do total despendido com a saúde de
adultos -20-79 anos).
International Diabetes Federation 2011
5. O Impacto da Doença
por Grupo e por Região
60% das mortes globalmente são
responsabilidade das Doenças Crónicas
Source: WHO, 2008 & WHO, 2005
7. Magnitude Global da Mortalidade por Doenças
Crónicas
70 million
10%
60 million
31%
40 million
59%
30 million
20 million
18.0M
10 million
0
Total number of deaths (2004)
Group III - Injuries
Group II – Deaths from noncommunicable diseases
Group I – Communicable diseases, maternal, perinatal and nutritional conditions
Source:
50 million
5.8M
35.0M
8.
9. As doenças não transmissíveis
representam hoje uma enorme ameaça
para a saúde e desenvolvimento dos países:
4 doenças :
Cancro
Diabetes
Doença cardiovascular
Doença crónica respiratória
são responsáveis por 60% das mortes no mundo
Mas ….são doenças largamente preveníveis
…..se eliminarmos os factores de risco.
21. A Diabetes na China
1980
1%
1994
2,5%
2001
5,5%
2007
9,7%
2010
11,6%
> 100 milhões de pessoas com diabetes
22.
23.
24. Prevalência da Diabetes
•A Prevalência da Diabetes em Portugal é de 12,7% na população
adulta (1.000.000 de pessoas).
25. Prevalência da Diabetes
•Verifica-se uma correlação direta entre o aumento da prevalência da
Diabetes e o envelhecimento da população.
•Mais de um ¼ da população portuguesa integrada no escalão etário
dos 60-79 anos tem Diabetes.
26. Prevalência da Diabetes
e da Pré-Diabetes
39,2% da população adulta
(correspondendo a 3
milhões de indivíduos) ou
tem Diabetes ou
Hiperglicémia
Intermédia/Pré-Diabetes.
27. Incidência da Diabetes
•Verifica-se um crescimento acentuado do número de novos
casos diagnosticados anualmente em Portugal na última década.
Em 2011 estima-se a existência de 652 novos casos de Diabetes
por cada 100.000 habitantes.
28. Prevalência da Diabetes tipo 1 nas
Crianças e Jovens
•A Diabetes tipo 1 nas crianças e nos jovens em Portugal (Registo DOCE),
em 2011, atingia mais de 3 mil indivíduos com idades entre 0 e 19 anos, o
que corresponde a 0,14% da população portuguesa neste escalão etário.
29. Mortalidade por Diabetes
•A Diabetes assume um papel significativo nas causas de morte,
tendo a sua importância decrescido ligeiramente no último ano.
30. Mortalidade por Diabetes
•Em 2010 a Diabetes representou cerca de sete anos de vida
perdida por cada óbito por Diabetes na população com idade
inferior a 70 anos.
31. Hospitalização na Diabetes
•O número de doentes saídos (internamentos) nos hospitais do SNS com Diabetes
como diagnóstico principal apresenta uma tendência de estabilização nos últimos anos.
•Já o número de doentes saídos (internamentos) em que a Diabetes surge como
diagnóstico associado tem vindo a aumentar significativamente ao longo do período em
análise (aumentou 82% entre 2002 e 2011).
33. Complicações da Diabetes
Amputações
•O número de amputações major dos membros inferiores, por Diabetes, tem registado
uma trajetória de redução após o ano de 2004 (valor máximo das amputações na última
década). O número de amputações major é inferior ao número de amputações minor
pelo segundo ano consecutivo.
34. Complicações da Diabetes
Rim
•A prevalência da Diabetes nas pessoas com IRC em Hemodiálise, bem
como nos novos casos, aumentou significativamente entre 2007 e 2011.
35. Complicações da Diabetes
Doença Macro Vascular
•28% dos internamentos por AVC são em pessoas com Diabetes, tendo a sua
importância relativa aumentado 5,5p.p. nos últimos 10 anos. A letalidade nas pessoas
com Diabetes e AVC é inferior à registada para os AVC.
36. Complicações da Diabetes
Doença Macro Vascular
•31% dos internamentos por EAM são em pessoas com Diabetes, tendo a sua
importância relativa aumentado 6p.p. nos últimos 10 anos. Não obstante a letalidade
nas pessoas com Diabetes e EAM ser superior aos valores globais de EAM, é de
salientar a dinâmica regressiva mais acentuada da taxa de letalidade nesta população.
37. Controlo e Tratamento da Diabetes
•O incremento do consumo tem-se traduzido num acréscimo das vendas de
medicamentos para a Diabetes, quer em termos de volume de embalagens
vendidas quer de valor.
38. Custos da Diabetes
•Se considerarmos que a despesa identificada, de acordo com Estrutura da
Despesa de Saúde em Diabetes - Estudo CODE-2, corresponde entre 50-60%
do total da despesa, a Diabetes em Portugal, em 2011, representou um custo
direto estimado entre 1.600 − 1.900 milhões de USD (um acréscimo de
133 milhões de USD face ao ano transato).
39. Diabetes Mellitus: Impacto na Saúde
1as causas de morte
Doença
cardiovascular
e AVC:
2x a 4x aumentada
1ª causa de
Insuficiência
Renal
Diabetes
1ª causa de
cegueira
Lesões neurológicas em
60% a 70% dos doentes
1ª causa de
amputações
não traumáticas
Diabetes Statistics. March 1999. NIDDK publication NIH 99-3892.
Harris MI et al. Diabetes Care. 1993;16:1446–1452.
43. Evolução histórica
Inicio do Séc. XX
Esperança de vida ao diagnóstico era de 44 anos
1921 insulina
Esperança de vida sobe para 61 anos
Após 1921
As complicações tardias da diabetes e a idade c/ risco
Séc. XX
Melhoria das condições sanitárias
Anos 40
Os antibióticos
Anos 50/60
A genética e a obesidade
Anos 70/80/90
Urbanização, mais acesso a alimentos e sedentarização
Obesidade
Epidemia Global de Diabetes
44. História natural da diabetes tipo 2
ATG
Diabetes
Niveis plasmáticos
Insulinoresistência
insulina
normal
Glicemia
normal
Insulina
endógena
Glicemia
Post-prandial
Glicemia em
Jejum
Complicações microvasculares
Complicações macrovasculares
Média de 6.5
anos
45. Factores que contribuem para o aumento da prevalência da diabetes tipo 2
Diabetes tipo 2
Obesidade
Sedentarismo
Excesso calórico
Predisposição
genética
Envelhecimento
46. Factores sociais e ambientais no risco da diabetes
Padrões de alimentação – Portugal
•
Calorias ingeridas
Homens 2.473 cal. dia (1961)
3.617 cal. dia (2009)
•
Porções médias
Bebidas soft (açucaradas)
Sumos
Fast food
Promoções
• Alimentos ricos em gorduras, hidratos de carbono e açúcares
Exercício físico
•
•
•
19% fazem exercício físico regular
50% não fazem qualquer tipo de exercício
Caminhar
Bicicleta
exercício físico na rotina diária
•
meios digitais(TV/computadores/jogos)
48. Alimentos processados devem
ser evitados na alimentação
• Alimentos enlatados com largas
quantidades de sal e gordura.
• Massas feitas com farinhas refinadas em
vez de farinhas completas.
• Snacks altamente calóricos com fritos e
doces.
• Congelados com elevado teor de sal.
• Pacotes de bolos e doces de longa
conservação.
• Caixas com refeições completas ricas em
gordura e sal.
• Pequenos almoços de cereais
açucarados.
• Carnes processadas.
52. Na prevenção primária:
• A forma mais prevalente da Diabetes – a tipo 2 - é largamente
prevenível: a introdução de alterações comportamentais
pode evitar até 60% da incidência da doença;
• A Diabetes partilha os factores de risco com a generalidade
das doenças crónicas, pelo que a intervenção na sua prevenção
é altamente efectiva, ultrapassando o campo da própria
Diabetes;
• A introdução da “Ficha de Avaliação de Risco da
Diabetes tipo 2” permitirá identificar a população em risco e
encaminhá-la para sessões de educação para a sua prevenção
53.
54. Critérios para rastreio de pessoas de risco para diabetes 2
1.
Pessoas com mais de 40 anos de idade com 1 ou mais dos factores:
história familiar de diabetes em 1º grau e/ou
IMC >25 kg/m2 e/ou
Cintura ≥ 94 cm no homem e ≥ 80 na mulher e/ou
TAS ≥ 140 mmHG e TAD ≥ 90 mmHg e/ou
HDL colesterol ≤ 35 mg/dl ou TG ≥ 200 mg/dl ou dislipidemia em med.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
História de diabetes gestacional ou criânça com + de 4 Kg ao nascer
História de diabetes temporária induzida
Pessoas com doença cardíaca isquémica, AVC ou doença vascular periférica
Mulher com sind. de ovário poliquístico e IMC > 30 Kg/m2
Pessoas com doenças mental ou medicada com fármacos anti-psicóticos
História de anomalia da glicémia em jejum ou alteração da tolerância à glucose
55. Na detecção precoce:
• O conhecimento do risco também permitirá uma
identificação mais precoce das pessoas com Diabetes
(todas as que têm um risco moderado ou alto
deverão fazer PTOG) e a introdução de uma educação
atempada e eventualmente medicação para evitar a sua
progressão.
56. No tratamento:
• Um adequado controlo metabólico das pessoas
com Diabetes pode evitar 50 a 70% das
complicações da doença;
57. Modelo de Prevenção
Envolvimento
profissional
Informação
Alimentação ingerida
Energia adquirida
Escola
Actividade Física
Energia gasta
Envolvimento
sócio-cultural
Urbanização
Equipa de saúde
Politica ambiental
Adaptado de: Societal Approach to DM Prevention in the Young. Francine Kaufman
59. Exercício físico
• 150 minutos de exercício físico
moderado ou intenso por semana
(30 minutos em 5 dias)
60. Padrões de alimentação
que estão associadas a redução de risco de diabetes 2
•
•
•
•
•
Alimentação rica em vegetais
Alimentos à base de cereais não refinados
Utilização de óleos de origem vegetal
Opção por peixe ou proteínas de origem vegetal
Limitação de alimentos processados
61.
62. Prevenção da Diabetes
TASK 1 – Prevenção primária (Portugal sem Diabetes)
1.a: Target – População geral – campanha media (TV, jornais, rádio, redes
sociais)
Desenvolvimento Criativo e Estratégico da Campanha (criação de imagem e
aplicação em vários formatos: anúncios de imprensa, spot rádio, spot TV …);
Implementação, Promoção e Comunicação das ações
Produção de Conteúdos e Plano de media/anual (Televisão, Rádio e Imprensa)
1.b: Target – Escolas
1º Ciclo: Kit/Aula – Alimentação saudável
3980 Kits interativo com DVD + envio para escolas do ensino básico do 1º ciclo
2º Ciclo: Concurso Nacional
Desafio às escolas para fazerem um vídeo sobre a prevenção da Diabetes
3º Ciclo: Carrinha com adaptação a cozinha
Universidades: Aulas de ginástica e/ou dança
Sessões de exercício físico nas diferentes universidades (Inclui: Deslocação,
estrado para a aula de exercício físico, sistema de som e professor de ginástica)
63. 1.c: Target – Grávidas
5000 Folhetos impressos a 4 cores,
2000 Cartazes A3 impressos a 4 cores
1.d: Target – Idosos
Programa de Atividade Física nos centros de dia e lares
(Inclui: estrado para a aula de exercício físico, sistema de som e professor de ginástica)
TASK 2 – Prevenção secundária / terciária (Diabetes sem Complicações)
3 Carrinhas “Diabetes Portugal”: Norte / Lisboa / Alentejo em coordenação com APDP’s
Avaliação olhos/pés/rins/TA/Cintura/Lípidos/A1c
TASK 3 – Formação de Gestores de Diabetes
Curso de Formação para 1 representante Câmara Municipal + representante/UCF de diabetes
TASK 4 – Monitorização (Observatório da Diabetes + outros Programas/Sociedades)
1.a: Monitorização de Implementação
1.b: Monitorização de resultados de saúde
TASK 5 – Coordenação e Acompanhamento
1.a: Nacional / Projeto – APDP + FCG + EDP + …
1.b: Regional – Gestores de Diabetes
64. Comparação dos custos e impacto na saúde
Campo de actuação
Recursos
Impacto
Sistema de saúde
90%
11%
Meio ambiente
1,5%
19%
Prevenção
1,5%
43%
Investigação
7%
27%
65. Organização dos cuidados médicos centrados no doente
Urologia
Oftalmologia
Neurologia
Consulta
Diabetes
Cardiologia
Nefrologia
Podologia
Modelo existente
Organização por especialidades
APDP/Michael Porter
75. A Epidemia de Diabetes
• Epidemia fora de controlo.
• Graves implicações no desenvolvimento
dos países.
• Urgente necessidade de:
– Programas de prevenção.
– Reforço dos sistemas de saúde.
79. A quantidade de açúcar refinado consumido
em média por dia por cada português - 2012
2,9 Kg de açúcar por mês
ou 96,3 g por dia
(como se comêssemos por dia 16
pacotes de açúcar ou 23 colheres de
chá de açúcar)
34,7 Kg
por ano
30%
das criânças
portuguesas têm
excesso de peso e
destas
10%
são obesas