SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 15
Baixar para ler offline
3DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
1. DEFINIÇÃO
Úlcera péptica é uma lesão que ocor-
re em decorrência da acidez da se-
creção gástrica e ultrapassa a cama-
da muscular da mucosa na parede do
estômago, podendo acometer tam-
bém o duodeno e o final do esôfago,
sendo este último mais raro. Indepen-
dentemente do local, a úlcera péptica
costuma ocorrer em áreas de mucosa
inflamada. Seu diâmetro deve ser su-
perior a 0,5cm - se for menor é cha-
mado de erosão.
As úlceras pépticas também sur-
gem em outros locais fora da região
gastroduodenal como: no epitélio de
Barrett, no reto, em áreas de mucosa
gástrica heterotópica e em pacientes
com hérnias de hiato (que podem de-
senvolver úlcera de Cameron, causa
de perda oculta de sangue e poste-
rior anemia ferropriva). Outra causa
é o excesso de ácido produzido por
um gastrinoma (tumor de pâncreas),
na síndrome de Zollinger-Ellison, que
gera úlcera em locais atípicos, como
íleo e jejuno.
CONCEITO! A úlcera gástrica é a pre-
sença de uma lesão com mais de 0,5cm
que ultrapasse a cada muscular da mu-
cosa no trato gastrointestinal e ocorre
em decorrência da exposição à acidez
do suco gástrico, portanto, esse é um
diagnóstico que não pode ser feito ape-
nas com base nos sintomas do paciente.
A lesão precisa ser visualizada!
2. EPIDEMIOLOGIA
É uma das doenças gastrointestinais
mais custosas e prevalentes. A inci-
dêncianosEUA,porano,éde500.000
casos - aproximadamente 1,8%, e a
incidência global é de cerca de 1 caso
por 1.000 pessoas/ano. Entretanto,
apesar dos números altos, sua inci-
dência vem diminuindo ao longo dos
anos, especialmente as eletivas, devi-
do à queda de colonização por H. pylo-
ri, principalmente em países desenvol-
vidos e, aumento na disponibilidade
de antissecretores gástricos potentes.
A admissão por complicações de úl-
cera péptica permanece a mesma e,
aproximadamente, 9.000 anualmente
falecem por causa da doença.
As taxas de internação por úlcera
gástrica são maiores que por úlceras
duodenais e possuem taxas altas de
internação por hemorragia na área da
lesão, graças ao aumento do uso de
anti-inflamatórios não esteroidais (AI-
NEs). As gástricas, também, são mais
prevalentes em idosos e, em maior
quantidade, em mulheres. O aumen-
to em mulheres é desconhecido, mas
provavelmente explicado pelo au-
mento do tabagismo neste grupo.
3. PATOGENIA
A mucosa gástrica possui mecanis-
mos de defesa:
•	 Muco, que é um revestimento e
funciona como barreira e é produ-
4DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
zido pelas células foveolares. Os
AINEs por inibirem a produção da
prostaglandina, resultam na redu-
ção dessa camada de muco prote-
tora da mucosa gástrica.
•	 Bicarbonato, um sal de pH básico
que neutraliza a acidez e se localiza
entre a mucosa e camada de muco;
•	 Camada hidrofóbica, que também
serve como barreira e repele o con-
tato da secreção gástrica com a
mucosa;
•	 Óxido Nítrico e prostaglandinas:
são importantes mediadores para
o aumento da vascularização da
mucosa e submucosa, estimulando
a regeneração da mucosa gástrica,
bem como a secreção de muco e
bicarbonato.
•	 Fluxo sanguíneo, que revitaliza o
epitélio.
Como contraponto, existem substân-
cias que agridem a mucosa, ao di-
minuir a produção de bicarbonato e
muco, tais como: sais biliares, AAS,
álcool, nicotina.
Logo, apesar de não ser uma regra,
a úlcera pode se formar por excesso
de ácido clorídrico na secreção gástri-
ca. Tratando-se do uso de AINEs, por
exemplo, ocorre desproteção da mu-
cosa como consequência a inibição
da formação das prostaglandinas.
Aproximadamente 75% das úlceras
gástricas e 90% das úlceras duode-
nais são causadas pelo H. pylori - que
é um organismo gram negativo que
reside no epitélio gástrico, especifica-
mente na camada mucosa, que propi-
cia proteção contra antibióticos e áci-
dos. Porém, boa parte dos pacientes
infectados com tal bactéria não chega
a apresentar alguma queixa específi-
ca ou a desenvolver doença ulcerosa.
Existem três possíveis mecanismos
responsáveis pela lesão ocasionada
pelo H. pylori:
1.	O H. pylori produz toxinas que le-
sam a mucosa - como urease, que
converte ureia em bicarbonato e
amônia; por ser uma potente pro-
dutora de urease tal processo au-
xilia, inclusive, no diagnóstico;
2.	Resposta imune na mucosa - in-
flamação local crônica e atração de
fatores quimiotáticos;
3.	A quantidade de gastrina aumenta
e gera aumento da secreção gás-
trica, por redução da produção da
somatostatina. Com isso, ocorre
aumento da produção de ácido
clorídrico no antro esofágico, me-
canismo responsável por muitos
casos de úlcera péptica duodenal.
O H. pylori possui apresentação crô-
nica e, caso o paciente seja infectado
pela bactéria, poderá permanecer com
ela por toda a vida, sendo raros os ca-
sos em que há remissão espontânea.
5DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
ATENÇÃO! Fique atento! A úlcera pép-
tica normalmente é o resultado do dese-
quilíbrio entre os mecanismo de defesa
da mucosa gástrica e da presença de
fatores nocivos a esta mesma mucosa,
dessa maneira, em muitos casos a úlce-
ra gástrica não é causada por produção
excessiva de ácido clorídrico. O risco de
desenvolvimento de úlcera péptica é re-
duzido consideravelmente nos pacien-
tes que eram acometidos pelo H Pylori
e recebem tratamento adequado, sendo
curados da infecção.
H. pylori
Resposta imune
Aumento de
gastrina
Produção de toxinas
que lesão a mucosa
Urease
Responsável por
boa parte dos casos
de úlcera duodenal
Produção de
somatostatina
Inflamação local
crômica
Aumento da
secreção gástrica
Atração de fatores
quimiotáticos
Patogenia
4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O quadro clínico típico dos pacien-
tes sintomáticos com úlcera péptica
é de dispepsia, dor ou desconforto
abdominal em queimação na região
epigástrica, que pode ser acompa-
nhado de plenitude gástrica, sacie-
dade precoce e náuseas. Em caso
de complicações sinais de quadro
abdominal obstrutivo e até mesmo
de choque hipovolêmico podem es-
tar presentes. No entanto, até 70%
dos pacientes com úlceras pépticas
são assintomáticos se apresentam
assintomáticos apesar da úlcera.
Acredita-se inclusive que a maioria
dos pacientes com úlceras pépticas
hemorrágicas não apresentam sin-
tomas como dispepsia antecedendo
o sangramento.
Dor abdominal: No caso da úlcera
duodenal a dor é bem localizada no
mesoepigástrio, em queimação, de
leve intensidade, apresenta melhora
após alimentação ou uso de antiácido
e piora durante estresse emocional.
Já na úlcera gástrica, o que desenca-
deia os sintomas é a alimentação e
é comum associação com náuseas e
perda ponderal. Pelo fato de a dor ser
tolerável, muitos pacientes procuram
atendimento médico apenas após a
doença evoluir ou complicar (dor em
dorso, por exemplo, é sinal de aco-
metimento pancreático, o que pode
ocorrer com a perfuração da parede
posterior do estômago); É importante
6DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
ter em mente que essas característi-
cas clínicas que diferenciam a úlcera
gástrica e úlcera gástrica são didáti-
cas, no entanto, as características da
dor não apresentam alta especifici-
dade com o local da dor.
Perfuração: É a complicação mais
comum da úlcera gástrica, sendo
mais rara em caso de úlcera duode-
nal. A úlcera penetra profundamen-
te e pode causar peritonite química,
com a exposição do peritônio às se-
creções gástricas. O quadro costuma
ser caracterizado por dor abdominal
de início súbito, muito intensa, rela-
cionada a febre, taquicardia e desi-
dratação. Ao exame do abdome, este
se apresenta rígido e doloroso, comu-
mente apresentando sinais de irrita-
ção peritoneal (sinal de Blumberg).
Vale ressaltar que esta complicação
é uma emergência e a presença de
ar livre no diafragma na radiografia
auxilia o diagnóstico.
Hemorragia: Uma característica da
anatomia vascular do duodeno é a
abundância do suprimento sanguí-
neo, por isso a hemorragia é a com-
plicação mais frequente das úlceras
pépticas. Caso ocorra hemorragia,
ela pode ser maciça, ou pode se
apresentar também como hematê-
mese ou melena. A maior parte das
úlceras não chega a causar hemor-
ragia maciça, no entanto o pacien-
te o paciente pode se apresentar já
com sinais de choque hipovolêmico,
descorado, com abdome doloroso à
palpação, taquicárdico, taquipneico e
hipotenso (em casos de choque hi-
povolêmico grave).
Figura 1: Imagem de uma úlcera péptica de aparência
benigna.
Obstrução mecânica: O que pode
levar a esse quadro é a inflamação
da parede do trato gastrointestinal,
principalmente na região do piloro e
no duodeno, normalmente causan-
do apenas um quadro de obstrução
parcial. A sintomatologia é de ano-
rexia, sensação de saciedade, náu-
sea, vômitos pós-prandiais e menor
velocidade para esvaziar o conteúdo
gástrico.
7DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
QUADRO
CLÍNICO
Inflamação da
parede do TGI
Quadro de
obstrução parcial
Hemorragia
Plenitude gástrica,
saciedade precoce,
náuseas, dispepsia
Perfuração
Anorexia, sensação de saciedade, náusea,
vômitos pós-prandiais e menor velocidade
para esvaziar o conteúdo gástrico
Hematêmese
ou melena
Mais comum nos casos
de úlcera gástrica
Dor abdominal de início
súbito e intensa
Dor/desconforto
abdominal abdominal
GástricasDuodenais
Associações
Rotura
Biópsia
Neoplasias
são raras
Dor
Síndrome de
Zollinger-Ellison
H. pylori
Melhora com alimentação
Epigástrica
Úlcera com hipertrofia de
glândula de Brunner
Sangramento de artéria
gastroduodenal
Pancreatite aguda
Associações
Úlceras na
curvatura
menor do antro
Diagnóstico
diferencial com
neoplasias
Dor
Refluxo biliar
AINE
Usualmente por H.pylori
Epigástrica
Piora com alimentação
Associada a
distensão gástrica
Risco de sangramento pela
artéria gástrica esquerda
8DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
5. DIAGNÓSTICO
Para diferenciar úlcera gástrica e duo-
denal, a anamnese e exame físico não
são muito eficazes, por isso é necessá-
ria a realização de exames complemen-
tares como a Endoscopia Digestiva Alta
(EDA) a qual é o padrão-ouro ou o exa-
me de radiografia contrastada com bá-
rio que é a segunda escolha pelo custo
menor, porém acurácia mais baixa.
Aendoscopiaéoexamemaisconfiável,
mas deve ser realizada apenas em pa-
cientes com sintomas persistentes ou
recorrentes. Nela é importante procurar
sinais de malignidade como tamanho
aumentado, massas associadas, nódu-
los e protrusão para dentro do lúmen.
É possível realizar biópsia (pelo menos
sete quando for necessário excluir ma-
lignidade) e tratar sangramentos no
trato gastrointestinal (TGI). Ao biop-
siar, deve-se fazer a retirada da lesão
na transição entre a úlcera e a mucosa
normal, uma vez que a região central
da úlcera frequentemente é composta
apenas por tecido necrótico.
Figura 2: Imagem de uma úlcera péptica hemorrágica.
Fonte: Anami, S., Minamiguchi, H., Shibata, N., et al.
(2018). Successful endovascular treatment of endos-
copically unmanageable hemorrhage from a duodenal
ulcer fed by a renal artery: A case report. World Journal
of Clinical Cases, 6(15), pp.1012-1017.
A endoscopia permite estabelecer a
localização anatômica da lesão, per-
mitindo a classificação das úlceras
gástricas em 4 tipos:
•	 Tipo I: Úlcera da pequena curvatura
gástrica–sítiomaiscomumdasúlceras
gástricas, não apresenta grande corre-
laçãocomapresençadehipercloridria.
•	 Tipo II: Úlcera do corpo gástrico as-
sociada à úlcera duodenal, muito
associada com a presença de H.
Pylori e produção excessiva de HCl.
•	 TipoIII:Úlcerapré-pilóricoca:também
associada à presença do H. Pylori.
•	 Tipo IV: úlcera da porção proximal
da pequena curvatura gástrica, em
região proximal à junção gastroe-
sofágica, é o tipo mais incomum da
úlcera gástrica e não é correlacio-
nada com a hipercloridria.
No que diz respeito à radiografia ba-
ritada, esta analisa a profundidade da
lesão, a localização e o tamanho de
forma eficaz.
Figura 3: Exame de imagem baritado. Úlcera fazendo
protusão na curvatura menor do estômago. FONTE:
Sabiston 18ed.
9DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
TIPO DE
ÚLCERA
Da pequena curvatura
gástrica
I II
III IV
Sem grande relação com
hipercloridria
Do corpo gástrico associada
à úlcera duodenal
Associação ao H. pylori
e hipercloridria
Associada a presença
do H. pylori
Pré-pilórica
Tipo mais comum, não
associada à hipercloridria
Porção proximal da
pequena curvatura
gástrica, proximal à
junção gastroesofágica
Os exames laboratoriais de rotinas
são: hemograma, bioquímica hepáti-
ca, creatinina sérica e cálcio. A radio-
grafia de tórax é realizada com intuito
de descartar perfuração, uma vez que
o pneumoperitônio pode ser obser-
vado através desse exame de rápida
aquisição e grande disponibilidade.
Os testes para H. pylori devem ser re-
alizados em todos os pacientes com
doença ulcerosa péptica. São dois ti-
pos: os não invasivos (sorologia e tes-
10DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
te respiratório da ureia com carbono
marcado) e os invasivos (teste rápido
da urease, histologia e cultura que re-
querem de endoscopia).
Não invasivos:
Sorologia: Pesquisa de resposta ao
IgG. O teste mais utilizado é o ELI-
SA. O diagnóstico por sorologia é o
mais indicado, possui especificidade
de 90%. Não deve ser utilizado para
controle de cura, pois os anticorpos
permanecem no organismo durante
anos.
Pesquisa do antígeno fecal: Quando
antígenos do H. pylori estão presen-
tes nas fezes é indicação de que a
doença está presente. Pode ser utili-
zado para controle de cura e possui
fácil acesso. Considerado por muitos
autores o teste com maior custo-efe-
tividade, apresentando sensibilidade
e especificidade acima dos 90%.
Para avaliação adequada da erradica-
ção do H. Pylori é recomendado que
o paciente aguarde após 4 semanas
da finalização do esquema de antibi-
óticos e interrompa os inibidores da
bomba de prótons (IBPs) nas 2 sema-
nas anteriores ao exame.
Teste respiratório da ureia com carbo-
no marcado: É baseado na capacida-
de que o H. pylori possui para hidroli-
sar a ureia. Pode ser utilizado carbono
C13 não radioativo, ou carbono C14
radioativo, sendo preferida a forma
não radioativa em crianças e grávi-
das, apesar da baixa taxa de radiação
do exame. É um teste barato e possui
especificidade de 95% e alta sensibi-
lidade (cerca de 90%).
ATENÇÃO! Fique atento! Em pacien-
tes que utilizam inibidores da bomba de
prótons, estão em uso de antibióticos ou
apresentam úlceras pépticas hemorrá-
gicas, há queda significativa da sensibi-
lidade do teste da urease! A especifici-
dade não é afetada por esses fatores.
Invasivos
Ensaio rápido da urease: Quando
utiliza-se de endoscopia, esse é o mé-
todo de escolha. A mucosa é biop-
siada durante esse procedimento,
também. Especificidade de 98% e o
exame deve ser feito 1 semana após a
suspensão de inibidores da bomba de
prótons, pois essa classe de fármaco
diminui a sensibilidade ao exame.
Histologia: O H. pylori é identifica-
do no tecido com maior sensibili-
dade quando se utiliza a coloração
Giemsa. Analisamos os sítios de co-
lonização típicos (região antral do e
corpo do estômago) e ou áreas que
parecem apresentar alterações como
gastrite atrófica. Quando a histologia
for utilizada para analisar se o trata-
mento está sendo eficaz, realiza-se
um maior número de biópsias e em
outros locais do estômago, visto que
com o tratamento, as bactérias po-
dem migrar para outras regiões.
11DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
Cultura: especificidade de 100%, po-
rém é um teste pouco utilizado pois
apresenta sensibilidade baixa devido
a dificuldade de cultivo do H. Pylori,
requerendo experiência do laborató-
rio. Não apresenta um custo acessível
e o resultado demora cerca de cinco
dias. Sua maior vantagem é a realiza-
ção do antibiograma para avaliar da
sensibilidade do H. pylori aos antibi-
óticos.
Caso a pesquisa de H. pylori seja ne-
gativa, o indicado é utilização de an-
tissecretores durante 4 semanas. E,
vale ressaltar que, além da investiga-
ção de H. pylori, é importante saber
se o paciente faz uso de AINE e, se
for o caso, suspender.
A EDA é indicada desde o início dos
sintomas em pacientes acima de 45
anos que apresentem sinais de alar-
me para possível malignidade como:
vômitos recorrentes, sangramento,
perda ponderal, massa abdominal e
história familiar de câncer gástrico.
6. TRATAMENTO
Clínico
1.	Evitar alimentos que exacerbam os
sintomas;
2.	Aspirina e AINEs devem ser sus-
pensos, se possível (o risco benefí-
cio deve ser sempre avaliado. Mui-
tas vezes é mais vantajoso que um
paciente que realizou angioplas-
tias realize o tratamento para úlce-
ra péptica sem retirada da aspirina
devido ao alto risco cardiovascular
destes pacientes, uma vez que a
interrupção da aspirina se correla-
ciona com obstrução dos stents;
3.	Evitar o tabagismo, pois diminui a
velocidade de cicatrização da le-
são;
4.	Evitar álcool, pois aumenta a pro-
babilidade de hemorragia digesti-
va;
5.	Evitar café, pois estimula a secre-
ção de ácido.
Farmacológico
Primeira linha:
Inibidores da Bomba de Prótons
(IBPs)
Esses fármacos ligam-se a bomba
de prótons e inibem os tipos de se-
creção de ácido que os secretagogos
produzem. A inibição é prolongada
(com seu efeito máximo ocorrendo
em seis horas e retorno da secreção
ácida normal após, no mínimo 1 se-
mana) por fornecer uma inibição ir-
reversível. São mais efetivos durante
o dia e necessitam de um ambiente
ácido para serem ativados - portanto
não é eficaz associar antiácidos com
IBPs pois o ambiente estomacal se
tornará alcalino. Uma complicação do
uso prolongado de IBP é colite pseu-
domembranosa.
12DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
Para pacientes com úlceras não asso-
ciadas ao H. Pylori, o tratamento deve
ser com IBPs (exemplo: omeprazol 20
a 40mg ao dia) de 4 semanas para
úlceras duodenais não complicadas
e 8 semanas para úlceras gástricas
ou úlceras duodenais complicadas. O
tratamento pode ser retomado caso o
paciente apresente recidiva do qua-
dro após interrupção do tratamento.
Os pacientes que apresentam úlceras
associadas ao uso de AINEs, como
aspirina, e não podem realizar a in-
terrupção do tratamento com aspirina
podem realizar uso prolongado das
IBPs devido ao alto risco de interrup-
ção da profilaxia de eventos cardio-
vasculares com a aspirina.
Em caso de úlcera não complicada
associada à presença de H. Pylori, os
IBPs podem ser iniciados (omeprazol
20mg/dia), uma semana antes de ini-
ciado o tratamento contra a infecção
pelo H. Pylori e mantido até o encer-
ramento do tratamento contra a infec-
ção bacteriana. Os IBPs não precisam
ser prolongados nesse caso, exceto
se houver recorrência dos sintomas .
Em caso de úlceras complicadas e
associadas à infecção por H. Pylori,
deve ser iniciado tratamento com IBP
por via venosa, em alta dose (exem-
plo: omeprazol 40mg, duas vezes ao
dia), sendo transicionado o tratamen-
to para via oral uma vez que esta seja
tolerada ao paciente, e posteriormen-
te reduzida a dose do IBP (omeprazol
40mg, uma vez ao dia). O tratamento
com IBPs deve ser mantido entre 4 e
12 semanas nesses casos.
Abaixo, os principais IBPs e suas doses:
Omeprazol 20mg
Pantoprazol 40mg
Lansoprazol 30mg
Dexlansoprazol 30mg
Antagonistas do Receptor H2
Por possuírem uma estrutura similar
à histamina, acabam por bloquear
os receptores H2 das células parie-
tais de forma competitiva, as quais
normalmente estimulam a produção
de suco gástrico. Esses medicamen-
tos possuem diversas apresentações
em relação a potência e efeitos co-
laterais e possuem melhor resposta
se administrado por via endovenosa,
de forma contínua, em comparação a
administração intermitente. Se o pa-
ciente possuir insuficiência renal, é
necessário ajustar a dose, pois esses
fármacos possuem os rins como sua
principal forma de excreção. Ensaios
clínicos randomizados mostraram
efetividade consideravelmente menor
dos ARH2 em comparação aos IBPs,
por isso, eles são utilizados como me-
dicamentos de segunda opção para o
tratamento da úlcera péptica. Abaixo,
os principais bloqueadores de H2 e
suas doses:
Cimetidina (menos potente) 800mg/dia
Ranitidina 300mg/dia
13DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
Famotidina (mais potente) 40mg/dia
Nizatidina 300mg/dia
Segunda linha:
Antiácidos
Esses agentes reagem com o ácido
clorídrico e forma sal e água, diminuin-
do a acidez e elevando o pH. Devem
ser ingeridos uma hora após a refeição,
devendo ser respeitado esse tempo,
pois se forem ingeridos antes os antiá-
cidos podem levar a um tamponamen-
to transitório e, se ingerido após podem
acarretar em um tamponamento pro-
longado. É a forma de tratamento mais
antiga, porém atualmente é utilizado
principalmente para abrandar os sinto-
mas. Os antiácidos mais comuns são:
•	 Hidróxido de alumínio	
É constipante. Se usado em quanti-
dade excessiva pode ocasionar perda
de fosfato e resultar em doença ós-
sea e anorexia.
•	 Hidróxido de magnésio	
É laxante.
•	 Bicarbonato de sódio	
Evitar o uso prolongado devido ao ris-
co de hipernatremia.
•	 Carbonato de cálcio	
Seu uso a longo prazo pode precipitar
uma síndrome chamada de ‘‘leite-ál-
cali’’ (hipercalcemia e hiperfosfatemia
nos rins) e pode evoluir para insufici-
ência renal.
Como os hidróxidos de alumínio e
magnésio possuem efeitos contrá-
rios, ambos são administrados con-
comitantemente.
•	 Sucralfato
Possui forte relação com a heparina,
mas não possui efeitos anticoagulan-
tes. É um sal de hidróxido de alumí-
nio e da sacarose sulfatada e, apesar
de do mecanismo de ação ainda não
ter sido completamente elucidado, es-
pecula-se que que o agente se liga à
proteína da úlcera e exerce uma pro-
teção contra os sais biliares e pepsina,
durando cerca de 6h. Também auxilia
na cicatriz da mucosa. Possui poucos
efeitos colaterais e a dose habitual é 1
comprimido mastigável de 1g - 4x/dia.
Tratamento do Helicobacter pylori
Os objetivos desse tratamento são:
alívio dos sintomas, cicatrização da
ferida, prevenção de adenocarcinoma
gástrico e evitar recidiva. Os medica-
mentos que atingem os dois primei-
ros objetivos são os antissecretores
(IBPs e antagonistas do receptor H2)
e, o último objetivo é alcançado com
a suspensão do uso de AINEs. Para o
tratamento de H. pylori existem algu-
mas indicações, as quais são:
1.	Paciente portador de úlcera pépti-
ca - reduz drasticamente as chan-
ces de recidiva;
2.	Usuário crônico de AINE;
14DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
3.	Portador de lesão neoplásica no
estômago;
4.	Portador de dispepsia;
5.	Paciente com úlcera em remissão
que são infectados pelo H. pylori
6.	Paciente H. pylori associado a Lin-
foma MALT
ATENÇÃO! Dessa forma, todo paciente
que apresenta ou já apresentou úlcera
péptica e está infectado com o H. Pylo-
ri tem indicação formal para tratamen-
to contra essa infecção. Pacientes com
dispepsia, mesmo que na ausência de
úlceras pépticas, também devem ser
tratados!
O tratamento consiste na combina-
ção de três fármacos, inicialmente, e
é realizado durante 7 a 14 dias com
administração de 2x/dia. A maioria
dos esquemas combina um IBP e an-
tibióticos - como metronidazol, clari-
tromicina e amoxicilina.
O esquema mais utilizado no Brasil é:
•	 Omeprazol 20 mg 12/12h; Clari-
tromicina 500mg 12/12. Amoxici-
lina 1g 12/12
Caso o tratamento falhe existem al-
ternativas:
Segunda linha (10 dias)	
•	 Omeprazol - 20mg, 12/12h; Levo-
floxacino - 500mg, 1x/dia;
•	 Amoxicilina - 1g, 12/12h (ou Fura-
zolidona 200mg, 12/12h).
Terceira linha (de 10 a 14 dias)	
•	 Omeprazol - 20mg, 12/12h;
•	 Sal de bismuto – 240mg, 12/12h;
Tratamento Cirúrgico
As quatro principais indicações para
tratamento cirúrgico são:
1.	Intratabilidade: Mais comum em
pacientes que não podem sus-
pender o AINE e não apresentam
resposta adequada apenas com
o uso de IBPs, que o H. pylori não
consegue ser erradicado ou que
não ocorreu cicatrização da úlcera
após 12 semanas;
2.	Hemorragia: é a complicação mais
comum das úlceras pépticas, e na
maioria das vezes o tratamento
através de ressuscitação volêmi-
ca, supressão da secreção gástrica
ácida e intervenção endoscópica é
bem sucedido. Em casos em que o
tratamento minimamente invasivo
não é bem sucedido, o tratamento
cirúrgico é indicado.
3.	Obstrução: é a complicação mais
incomum das úlceras pépticas, e o
tratamento cirúrgico só é indicado
se o tratamento medicamentoso e
endoscópico não for efetivo.
4.	 Perfuração:aperfuraçãonormalmen-
15DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
te causa um quadro de dor abdomi-
nal de início súbito, forte intensidade
e irritação peritoneal, apresentando
indicação de tratamento cirúrgico
para correção da perfuração.
O melhor procedimento cirúrgico atu-
almente é a vagotomia, que é dividida
em três níveis.
Vagotomia Troncular: secção dos
nervos vagos esquerdo e direito su-
periormente aos ramos celíacos e he-
páticos. É um procedimento rápido e
não complicado, sendo preferível em
paciente estáveis.
Vagotomia Superseletiva: foi criado
após se reconhecer que a Troncular
afeta o bombeamento no antro e pi-
loro. Nesse procedimento, os nervos
que suprem a porção que produz áci-
do no corpo e fundo são divididos -
assim, o antro fica com sua inervação
vagal preservada.
Figura 4: Hemigastrectomia. FONTE: Sabiston 18ed.
Vagotomia Troncular e Antrectomia:
essa combinação é eficaz na diminui-
ção da secreção gástrica e na recidiva.
Importante lembrar que, as úlceras
gástricas devem ter um controle de
cura através da endoscopia após 8 a
12 semanas após a primeira endos-
copia.
ATENÇÃO! Fique atento! Tratamentos
cirúrgicos eram uma das principais for-
mas de tratamento das úlceras pépticas
antes da invenção das drogas supresso-
ras da secreção de ácido gástrico. Hoje
em dia, com o sucesso do tratamento
clínico, as cirurgias como gastrectomias
e vagotomias para tratamento de úlce-
ras benignas se tornaram cada vez mais
raras.
16DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
Endoscopia digestiva alta com lesão compatível
TRATAMENTO
Ultrapassa a muscular da mucosa + diâmetro ≥ 0,5 cm
Infecção por H. pylori?
Teste rápido da
uréase positivo
Não Sim
Histopatológico confirma?
Não Sim
Cultura positiva
Sim
Tratamento para erradicação (7 dias)
Omeprazol + Claritromicina + Amoxicilina
Sintomáticos (antiácidos)
Evitar bebidas alcoólicas
Evitar alimentos que pioram o quadro
Inibidores de bomba de prótons
Omeprazol 20mg/dia
Pantoprazol 40mg/dia
Bloqueadores H2
Ranitidina 300mg/dia
Famotidina 800 mg/dia
Cirúrgico
Sem melhora após 8 semanas
Se hemorragia, perfuração ou obstrução
17DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA
Tratamento
Infecção por H. pylori?
Doença
ulcerosa
péptica
Quadro clínico
DiagnósticoPatogenia
Sintomáticos (antiácidos)
Evitar bebidas alcoólicas
Evitar alimentos que pioram o quadro
Tratamento para erradicação (7 dias)
Omeprazol + Claritromicina + Amoxicilina
Inibidores de bomba de prótons
Omeprazol 20mg/dia
Pantoprazol 40mg/dia
Bloqueadores H2
Ranitidina 300mg/dia
Famotidina 800 mg/dia
Cirúrgico
Sem melhora após 8 semanas
Se hemorragia, perfuração ou obstrução
Radiografia baritada
Histologia
Teste da urease
Teste respiratório
da ureia
Pesquisa do
antígeno fecal
Sorologia
EDA
Cultura
Dor/desconforto
abdominal
Úlcera duodenal
Aumento de gastrina
Resposta imune
H. pylori
Úlcera gástrica
Melhora após
alimentação
Desencadeada
pela alimentação

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (19)

Gastrite
GastriteGastrite
Gastrite
 
Aula esôfago
Aula esôfagoAula esôfago
Aula esôfago
 
673a3328acfe8687a418a502d71822ee
673a3328acfe8687a418a502d71822ee673a3328acfe8687a418a502d71822ee
673a3328acfe8687a418a502d71822ee
 
ÚLcera Péptica
ÚLcera PépticaÚLcera Péptica
ÚLcera Péptica
 
Slide apendicectomia.
Slide apendicectomia.Slide apendicectomia.
Slide apendicectomia.
 
Gastrite e ulcera
Gastrite e ulceraGastrite e ulcera
Gastrite e ulcera
 
Síndromes de vias biliares
Síndromes de vias biliaresSíndromes de vias biliares
Síndromes de vias biliares
 
Esstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
Esstudo de caso obstruçao intestinal- EnfermagemEsstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
Esstudo de caso obstruçao intestinal- Enfermagem
 
Obstrução intestinal
Obstrução intestinalObstrução intestinal
Obstrução intestinal
 
Aspectos Clínicos e Radiológicos da Obstrução Intestinal
Aspectos Clínicos e Radiológicos da Obstrução IntestinalAspectos Clínicos e Radiológicos da Obstrução Intestinal
Aspectos Clínicos e Radiológicos da Obstrução Intestinal
 
Pancreatite Aguda - Clínica Cirúrgica
Pancreatite Aguda - Clínica CirúrgicaPancreatite Aguda - Clínica Cirúrgica
Pancreatite Aguda - Clínica Cirúrgica
 
Obstrucao intestinal aula
Obstrucao intestinal aulaObstrucao intestinal aula
Obstrucao intestinal aula
 
Abdome agudo no idoso
Abdome agudo no idosoAbdome agudo no idoso
Abdome agudo no idoso
 
Abdome agudo
Abdome agudoAbdome agudo
Abdome agudo
 
Doença inflamatória e infecciosa do urotélio
Doença inflamatória e infecciosa do urotélioDoença inflamatória e infecciosa do urotélio
Doença inflamatória e infecciosa do urotélio
 
Pancreatite etílica
Pancreatite etílicaPancreatite etílica
Pancreatite etílica
 
Doenca inflamatória e infecciosa do urotelio
Doenca inflamatória e infecciosa do  urotelio  Doenca inflamatória e infecciosa do  urotelio
Doenca inflamatória e infecciosa do urotelio
 
Gastrite (1)
Gastrite (1)Gastrite (1)
Gastrite (1)
 
Abdome agudo
Abdome agudoAbdome agudo
Abdome agudo
 

Semelhante a Diagnóstico da úlcera péptica

Trabalho semiologia do abdome.
Trabalho semiologia do abdome.Trabalho semiologia do abdome.
Trabalho semiologia do abdome.Mariana Andrade
 
SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...
SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...
SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...ShesterDamaceno1
 
Síndromes Digestórias
Síndromes DigestóriasSíndromes Digestórias
Síndromes Digestóriasrdgomlk
 
Síndromes Digestórias - 2010
Síndromes Digestórias - 2010Síndromes Digestórias - 2010
Síndromes Digestórias - 2010rdgomlk
 
Doenças Intestinais
Doenças IntestinaisDoenças Intestinais
Doenças IntestinaisThamyNoronha
 
Doenças Intestinais
Doenças IntestinaisDoenças Intestinais
Doenças IntestinaisThamyNoronha
 
Thomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjd
Thomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjdThomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjd
Thomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjdClivyFache
 
Doenças gastrointestinal - parte I
Doenças gastrointestinal - parte IDoenças gastrointestinal - parte I
Doenças gastrointestinal - parte INEELLITON SANTOS
 
AULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptx
AULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptxAULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptx
AULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptxJoaoLucasSilva9
 
Hemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptxHemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptxBernabManuelTepa
 
Lesões Císticas do Pâncreas (2).pptx
Lesões Císticas do Pâncreas (2).pptxLesões Císticas do Pâncreas (2).pptx
Lesões Císticas do Pâncreas (2).pptxssuser44bcb8
 
AULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptx
AULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptxAULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptx
AULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptxRenata Dhirajlal
 
cmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdf
cmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdfcmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdf
cmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdfAntoniolucaslirasilv
 

Semelhante a Diagnóstico da úlcera péptica (20)

Plivsdv2010 100920224457-phpapp01
Plivsdv2010 100920224457-phpapp01Plivsdv2010 100920224457-phpapp01
Plivsdv2010 100920224457-phpapp01
 
Doenças do TGI
Doenças do TGIDoenças do TGI
Doenças do TGI
 
Trabalho semiologia do abdome.
Trabalho semiologia do abdome.Trabalho semiologia do abdome.
Trabalho semiologia do abdome.
 
SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...
SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...
SAÚDE+DO+IDOSO+AULA+Fisiopatologia+dos+aparelhos.+respiratorio++gastro+hemato...
 
Síndromes Digestórias
Síndromes DigestóriasSíndromes Digestórias
Síndromes Digestórias
 
Síndromes Digestórias - 2010
Síndromes Digestórias - 2010Síndromes Digestórias - 2010
Síndromes Digestórias - 2010
 
Doenças Intestinais
Doenças IntestinaisDoenças Intestinais
Doenças Intestinais
 
Doenças Intestinais
Doenças IntestinaisDoenças Intestinais
Doenças Intestinais
 
Doenças do trato intestinal
Doenças do trato intestinalDoenças do trato intestinal
Doenças do trato intestinal
 
Thomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjd
Thomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjdThomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjd
Thomas ABC. gagdjdhdhdjdjhdjdjdjjdjjdjejdjd
 
Afecções Do Sistema gastro.pdf
Afecções Do Sistema gastro.pdfAfecções Do Sistema gastro.pdf
Afecções Do Sistema gastro.pdf
 
Doenças gastrointestinal - parte I
Doenças gastrointestinal - parte IDoenças gastrointestinal - parte I
Doenças gastrointestinal - parte I
 
AULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptx
AULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptxAULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptx
AULA 06 - SISTEMA GASTROINESTINAL - Enfermagem médica.pptx
 
Hemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptxHemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptx
 
Lesões Císticas do Pâncreas (2).pptx
Lesões Císticas do Pâncreas (2).pptxLesões Císticas do Pâncreas (2).pptx
Lesões Císticas do Pâncreas (2).pptx
 
Tc vesícula biliar
Tc vesícula biliarTc vesícula biliar
Tc vesícula biliar
 
Slad de colicitisti vesicula
Slad de colicitisti vesiculaSlad de colicitisti vesicula
Slad de colicitisti vesicula
 
Colecistectomia
ColecistectomiaColecistectomia
Colecistectomia
 
AULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptx
AULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptxAULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptx
AULA - DOENCAS DO COLON RECTO E ANUS.pptx
 
cmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdf
cmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdfcmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdf
cmsfiles195551562860860ebook_complicacoes_pos-operatorias_emendadov2_1.pdf
 

Último

Aula 3- Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdf
Aula 3-  Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdfAula 3-  Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdf
Aula 3- Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdfGiza Carla Nitz
 
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxNR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxWilliamPratesMoreira
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxEmanuellaFreitasDiog
 
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdfAula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdfAula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdfGiza Carla Nitz
 
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptxpatrcialibreloto
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfzsasukehdowna
 
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdfAula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdf
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdfAula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdf
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdfAula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdfGiza Carla Nitz
 
AULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLA
AULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLAAULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLA
AULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLAgabriella462340
 
Aula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdf
Aula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdfAula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdf
Aula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdfAula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeLviaResende3
 
Aula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdf
Aula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdfAula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdf
Aula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdfAula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdfGiza Carla Nitz
 
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdfAula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdfGiza Carla Nitz
 
SC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdf
SC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdfSC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdf
SC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdfTHIALYMARIASILVADACU
 
Aula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdf
Aula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdfAula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdf
Aula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdfGiza Carla Nitz
 
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARdispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARBelinha Donatti
 

Último (20)

Aula 3- Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdf
Aula 3-  Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdfAula 3-  Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdf
Aula 3- Conhecendo o Instrumental Cirúrgico.pdf
 
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptxNR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
NR32 - Treinamento Perfurocortantes - 2023.pptx
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptxPRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
 
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdfAula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
Aula 3 - Epidemiologia - Conceito e História.pdf
 
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdfAula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
Aula 1 - Clínica Médica -Organização, Estrutura, Funcionamento.pdf
 
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
372589790-Aula-10-Fios-de-Sutura.aulafiospptx
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
 
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdfAula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo -  PARTE 2.pdf
Aula 7 - Tempos Cirurgicos - A Cirurgia Passo A Passo - PARTE 2.pdf
 
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdf
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdfAula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdf
Aula 6 - Sistema Circulatório cardiovascular - Anatomia humana.pdf
 
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdfAula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
Aula 7 - Sistema Linfático - Anatomia humana.pdf
 
AULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLA
AULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLAAULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLA
AULA NUTRIÇÃO EM ENFERMAGEM.2024 PROF GABRIELLA
 
Aula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdf
Aula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdfAula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdf
Aula 3 - Sistema Esquelético - Anatomia Humana.pdf
 
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdfAula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
Aula 4 - Sistema Articular- Anatomia Humana.pdf
 
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
 
Aula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdf
Aula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdfAula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdf
Aula 2 - Contrução do SUS - Linha do Tempo da Saúde no Brasil.pdf
 
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdfAula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
Aula 5- Biologia Celular - Célula Eucarionte Vegetal.pdf
 
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdfAula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
Aula 10 - Doenças Cardiovasculares - Infecciosas.pdf
 
SC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdf
SC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdfSC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdf
SC- Mortalidade infantil 2 aula .pptx.pdf
 
Aula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdf
Aula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdfAula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdf
Aula 4 - Centro Cirúrgico -Materiais.pdf
 
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALARdispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
dispneia NA sala emergência E URGENCIA HOSPITALAR
 

Diagnóstico da úlcera péptica

  • 1. 3DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA 1. DEFINIÇÃO Úlcera péptica é uma lesão que ocor- re em decorrência da acidez da se- creção gástrica e ultrapassa a cama- da muscular da mucosa na parede do estômago, podendo acometer tam- bém o duodeno e o final do esôfago, sendo este último mais raro. Indepen- dentemente do local, a úlcera péptica costuma ocorrer em áreas de mucosa inflamada. Seu diâmetro deve ser su- perior a 0,5cm - se for menor é cha- mado de erosão. As úlceras pépticas também sur- gem em outros locais fora da região gastroduodenal como: no epitélio de Barrett, no reto, em áreas de mucosa gástrica heterotópica e em pacientes com hérnias de hiato (que podem de- senvolver úlcera de Cameron, causa de perda oculta de sangue e poste- rior anemia ferropriva). Outra causa é o excesso de ácido produzido por um gastrinoma (tumor de pâncreas), na síndrome de Zollinger-Ellison, que gera úlcera em locais atípicos, como íleo e jejuno. CONCEITO! A úlcera gástrica é a pre- sença de uma lesão com mais de 0,5cm que ultrapasse a cada muscular da mu- cosa no trato gastrointestinal e ocorre em decorrência da exposição à acidez do suco gástrico, portanto, esse é um diagnóstico que não pode ser feito ape- nas com base nos sintomas do paciente. A lesão precisa ser visualizada! 2. EPIDEMIOLOGIA É uma das doenças gastrointestinais mais custosas e prevalentes. A inci- dêncianosEUA,porano,éde500.000 casos - aproximadamente 1,8%, e a incidência global é de cerca de 1 caso por 1.000 pessoas/ano. Entretanto, apesar dos números altos, sua inci- dência vem diminuindo ao longo dos anos, especialmente as eletivas, devi- do à queda de colonização por H. pylo- ri, principalmente em países desenvol- vidos e, aumento na disponibilidade de antissecretores gástricos potentes. A admissão por complicações de úl- cera péptica permanece a mesma e, aproximadamente, 9.000 anualmente falecem por causa da doença. As taxas de internação por úlcera gástrica são maiores que por úlceras duodenais e possuem taxas altas de internação por hemorragia na área da lesão, graças ao aumento do uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AI- NEs). As gástricas, também, são mais prevalentes em idosos e, em maior quantidade, em mulheres. O aumen- to em mulheres é desconhecido, mas provavelmente explicado pelo au- mento do tabagismo neste grupo. 3. PATOGENIA A mucosa gástrica possui mecanis- mos de defesa: • Muco, que é um revestimento e funciona como barreira e é produ-
  • 2. 4DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA zido pelas células foveolares. Os AINEs por inibirem a produção da prostaglandina, resultam na redu- ção dessa camada de muco prote- tora da mucosa gástrica. • Bicarbonato, um sal de pH básico que neutraliza a acidez e se localiza entre a mucosa e camada de muco; • Camada hidrofóbica, que também serve como barreira e repele o con- tato da secreção gástrica com a mucosa; • Óxido Nítrico e prostaglandinas: são importantes mediadores para o aumento da vascularização da mucosa e submucosa, estimulando a regeneração da mucosa gástrica, bem como a secreção de muco e bicarbonato. • Fluxo sanguíneo, que revitaliza o epitélio. Como contraponto, existem substân- cias que agridem a mucosa, ao di- minuir a produção de bicarbonato e muco, tais como: sais biliares, AAS, álcool, nicotina. Logo, apesar de não ser uma regra, a úlcera pode se formar por excesso de ácido clorídrico na secreção gástri- ca. Tratando-se do uso de AINEs, por exemplo, ocorre desproteção da mu- cosa como consequência a inibição da formação das prostaglandinas. Aproximadamente 75% das úlceras gástricas e 90% das úlceras duode- nais são causadas pelo H. pylori - que é um organismo gram negativo que reside no epitélio gástrico, especifica- mente na camada mucosa, que propi- cia proteção contra antibióticos e áci- dos. Porém, boa parte dos pacientes infectados com tal bactéria não chega a apresentar alguma queixa específi- ca ou a desenvolver doença ulcerosa. Existem três possíveis mecanismos responsáveis pela lesão ocasionada pelo H. pylori: 1. O H. pylori produz toxinas que le- sam a mucosa - como urease, que converte ureia em bicarbonato e amônia; por ser uma potente pro- dutora de urease tal processo au- xilia, inclusive, no diagnóstico; 2. Resposta imune na mucosa - in- flamação local crônica e atração de fatores quimiotáticos; 3. A quantidade de gastrina aumenta e gera aumento da secreção gás- trica, por redução da produção da somatostatina. Com isso, ocorre aumento da produção de ácido clorídrico no antro esofágico, me- canismo responsável por muitos casos de úlcera péptica duodenal. O H. pylori possui apresentação crô- nica e, caso o paciente seja infectado pela bactéria, poderá permanecer com ela por toda a vida, sendo raros os ca- sos em que há remissão espontânea.
  • 3. 5DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA ATENÇÃO! Fique atento! A úlcera pép- tica normalmente é o resultado do dese- quilíbrio entre os mecanismo de defesa da mucosa gástrica e da presença de fatores nocivos a esta mesma mucosa, dessa maneira, em muitos casos a úlce- ra gástrica não é causada por produção excessiva de ácido clorídrico. O risco de desenvolvimento de úlcera péptica é re- duzido consideravelmente nos pacien- tes que eram acometidos pelo H Pylori e recebem tratamento adequado, sendo curados da infecção. H. pylori Resposta imune Aumento de gastrina Produção de toxinas que lesão a mucosa Urease Responsável por boa parte dos casos de úlcera duodenal Produção de somatostatina Inflamação local crômica Aumento da secreção gástrica Atração de fatores quimiotáticos Patogenia 4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O quadro clínico típico dos pacien- tes sintomáticos com úlcera péptica é de dispepsia, dor ou desconforto abdominal em queimação na região epigástrica, que pode ser acompa- nhado de plenitude gástrica, sacie- dade precoce e náuseas. Em caso de complicações sinais de quadro abdominal obstrutivo e até mesmo de choque hipovolêmico podem es- tar presentes. No entanto, até 70% dos pacientes com úlceras pépticas são assintomáticos se apresentam assintomáticos apesar da úlcera. Acredita-se inclusive que a maioria dos pacientes com úlceras pépticas hemorrágicas não apresentam sin- tomas como dispepsia antecedendo o sangramento. Dor abdominal: No caso da úlcera duodenal a dor é bem localizada no mesoepigástrio, em queimação, de leve intensidade, apresenta melhora após alimentação ou uso de antiácido e piora durante estresse emocional. Já na úlcera gástrica, o que desenca- deia os sintomas é a alimentação e é comum associação com náuseas e perda ponderal. Pelo fato de a dor ser tolerável, muitos pacientes procuram atendimento médico apenas após a doença evoluir ou complicar (dor em dorso, por exemplo, é sinal de aco- metimento pancreático, o que pode ocorrer com a perfuração da parede posterior do estômago); É importante
  • 4. 6DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA ter em mente que essas característi- cas clínicas que diferenciam a úlcera gástrica e úlcera gástrica são didáti- cas, no entanto, as características da dor não apresentam alta especifici- dade com o local da dor. Perfuração: É a complicação mais comum da úlcera gástrica, sendo mais rara em caso de úlcera duode- nal. A úlcera penetra profundamen- te e pode causar peritonite química, com a exposição do peritônio às se- creções gástricas. O quadro costuma ser caracterizado por dor abdominal de início súbito, muito intensa, rela- cionada a febre, taquicardia e desi- dratação. Ao exame do abdome, este se apresenta rígido e doloroso, comu- mente apresentando sinais de irrita- ção peritoneal (sinal de Blumberg). Vale ressaltar que esta complicação é uma emergência e a presença de ar livre no diafragma na radiografia auxilia o diagnóstico. Hemorragia: Uma característica da anatomia vascular do duodeno é a abundância do suprimento sanguí- neo, por isso a hemorragia é a com- plicação mais frequente das úlceras pépticas. Caso ocorra hemorragia, ela pode ser maciça, ou pode se apresentar também como hematê- mese ou melena. A maior parte das úlceras não chega a causar hemor- ragia maciça, no entanto o pacien- te o paciente pode se apresentar já com sinais de choque hipovolêmico, descorado, com abdome doloroso à palpação, taquicárdico, taquipneico e hipotenso (em casos de choque hi- povolêmico grave). Figura 1: Imagem de uma úlcera péptica de aparência benigna. Obstrução mecânica: O que pode levar a esse quadro é a inflamação da parede do trato gastrointestinal, principalmente na região do piloro e no duodeno, normalmente causan- do apenas um quadro de obstrução parcial. A sintomatologia é de ano- rexia, sensação de saciedade, náu- sea, vômitos pós-prandiais e menor velocidade para esvaziar o conteúdo gástrico.
  • 5. 7DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA QUADRO CLÍNICO Inflamação da parede do TGI Quadro de obstrução parcial Hemorragia Plenitude gástrica, saciedade precoce, náuseas, dispepsia Perfuração Anorexia, sensação de saciedade, náusea, vômitos pós-prandiais e menor velocidade para esvaziar o conteúdo gástrico Hematêmese ou melena Mais comum nos casos de úlcera gástrica Dor abdominal de início súbito e intensa Dor/desconforto abdominal abdominal GástricasDuodenais Associações Rotura Biópsia Neoplasias são raras Dor Síndrome de Zollinger-Ellison H. pylori Melhora com alimentação Epigástrica Úlcera com hipertrofia de glândula de Brunner Sangramento de artéria gastroduodenal Pancreatite aguda Associações Úlceras na curvatura menor do antro Diagnóstico diferencial com neoplasias Dor Refluxo biliar AINE Usualmente por H.pylori Epigástrica Piora com alimentação Associada a distensão gástrica Risco de sangramento pela artéria gástrica esquerda
  • 6. 8DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA 5. DIAGNÓSTICO Para diferenciar úlcera gástrica e duo- denal, a anamnese e exame físico não são muito eficazes, por isso é necessá- ria a realização de exames complemen- tares como a Endoscopia Digestiva Alta (EDA) a qual é o padrão-ouro ou o exa- me de radiografia contrastada com bá- rio que é a segunda escolha pelo custo menor, porém acurácia mais baixa. Aendoscopiaéoexamemaisconfiável, mas deve ser realizada apenas em pa- cientes com sintomas persistentes ou recorrentes. Nela é importante procurar sinais de malignidade como tamanho aumentado, massas associadas, nódu- los e protrusão para dentro do lúmen. É possível realizar biópsia (pelo menos sete quando for necessário excluir ma- lignidade) e tratar sangramentos no trato gastrointestinal (TGI). Ao biop- siar, deve-se fazer a retirada da lesão na transição entre a úlcera e a mucosa normal, uma vez que a região central da úlcera frequentemente é composta apenas por tecido necrótico. Figura 2: Imagem de uma úlcera péptica hemorrágica. Fonte: Anami, S., Minamiguchi, H., Shibata, N., et al. (2018). Successful endovascular treatment of endos- copically unmanageable hemorrhage from a duodenal ulcer fed by a renal artery: A case report. World Journal of Clinical Cases, 6(15), pp.1012-1017. A endoscopia permite estabelecer a localização anatômica da lesão, per- mitindo a classificação das úlceras gástricas em 4 tipos: • Tipo I: Úlcera da pequena curvatura gástrica–sítiomaiscomumdasúlceras gástricas, não apresenta grande corre- laçãocomapresençadehipercloridria. • Tipo II: Úlcera do corpo gástrico as- sociada à úlcera duodenal, muito associada com a presença de H. Pylori e produção excessiva de HCl. • TipoIII:Úlcerapré-pilóricoca:também associada à presença do H. Pylori. • Tipo IV: úlcera da porção proximal da pequena curvatura gástrica, em região proximal à junção gastroe- sofágica, é o tipo mais incomum da úlcera gástrica e não é correlacio- nada com a hipercloridria. No que diz respeito à radiografia ba- ritada, esta analisa a profundidade da lesão, a localização e o tamanho de forma eficaz. Figura 3: Exame de imagem baritado. Úlcera fazendo protusão na curvatura menor do estômago. FONTE: Sabiston 18ed.
  • 7. 9DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA TIPO DE ÚLCERA Da pequena curvatura gástrica I II III IV Sem grande relação com hipercloridria Do corpo gástrico associada à úlcera duodenal Associação ao H. pylori e hipercloridria Associada a presença do H. pylori Pré-pilórica Tipo mais comum, não associada à hipercloridria Porção proximal da pequena curvatura gástrica, proximal à junção gastroesofágica Os exames laboratoriais de rotinas são: hemograma, bioquímica hepáti- ca, creatinina sérica e cálcio. A radio- grafia de tórax é realizada com intuito de descartar perfuração, uma vez que o pneumoperitônio pode ser obser- vado através desse exame de rápida aquisição e grande disponibilidade. Os testes para H. pylori devem ser re- alizados em todos os pacientes com doença ulcerosa péptica. São dois ti- pos: os não invasivos (sorologia e tes-
  • 8. 10DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA te respiratório da ureia com carbono marcado) e os invasivos (teste rápido da urease, histologia e cultura que re- querem de endoscopia). Não invasivos: Sorologia: Pesquisa de resposta ao IgG. O teste mais utilizado é o ELI- SA. O diagnóstico por sorologia é o mais indicado, possui especificidade de 90%. Não deve ser utilizado para controle de cura, pois os anticorpos permanecem no organismo durante anos. Pesquisa do antígeno fecal: Quando antígenos do H. pylori estão presen- tes nas fezes é indicação de que a doença está presente. Pode ser utili- zado para controle de cura e possui fácil acesso. Considerado por muitos autores o teste com maior custo-efe- tividade, apresentando sensibilidade e especificidade acima dos 90%. Para avaliação adequada da erradica- ção do H. Pylori é recomendado que o paciente aguarde após 4 semanas da finalização do esquema de antibi- óticos e interrompa os inibidores da bomba de prótons (IBPs) nas 2 sema- nas anteriores ao exame. Teste respiratório da ureia com carbo- no marcado: É baseado na capacida- de que o H. pylori possui para hidroli- sar a ureia. Pode ser utilizado carbono C13 não radioativo, ou carbono C14 radioativo, sendo preferida a forma não radioativa em crianças e grávi- das, apesar da baixa taxa de radiação do exame. É um teste barato e possui especificidade de 95% e alta sensibi- lidade (cerca de 90%). ATENÇÃO! Fique atento! Em pacien- tes que utilizam inibidores da bomba de prótons, estão em uso de antibióticos ou apresentam úlceras pépticas hemorrá- gicas, há queda significativa da sensibi- lidade do teste da urease! A especifici- dade não é afetada por esses fatores. Invasivos Ensaio rápido da urease: Quando utiliza-se de endoscopia, esse é o mé- todo de escolha. A mucosa é biop- siada durante esse procedimento, também. Especificidade de 98% e o exame deve ser feito 1 semana após a suspensão de inibidores da bomba de prótons, pois essa classe de fármaco diminui a sensibilidade ao exame. Histologia: O H. pylori é identifica- do no tecido com maior sensibili- dade quando se utiliza a coloração Giemsa. Analisamos os sítios de co- lonização típicos (região antral do e corpo do estômago) e ou áreas que parecem apresentar alterações como gastrite atrófica. Quando a histologia for utilizada para analisar se o trata- mento está sendo eficaz, realiza-se um maior número de biópsias e em outros locais do estômago, visto que com o tratamento, as bactérias po- dem migrar para outras regiões.
  • 9. 11DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA Cultura: especificidade de 100%, po- rém é um teste pouco utilizado pois apresenta sensibilidade baixa devido a dificuldade de cultivo do H. Pylori, requerendo experiência do laborató- rio. Não apresenta um custo acessível e o resultado demora cerca de cinco dias. Sua maior vantagem é a realiza- ção do antibiograma para avaliar da sensibilidade do H. pylori aos antibi- óticos. Caso a pesquisa de H. pylori seja ne- gativa, o indicado é utilização de an- tissecretores durante 4 semanas. E, vale ressaltar que, além da investiga- ção de H. pylori, é importante saber se o paciente faz uso de AINE e, se for o caso, suspender. A EDA é indicada desde o início dos sintomas em pacientes acima de 45 anos que apresentem sinais de alar- me para possível malignidade como: vômitos recorrentes, sangramento, perda ponderal, massa abdominal e história familiar de câncer gástrico. 6. TRATAMENTO Clínico 1. Evitar alimentos que exacerbam os sintomas; 2. Aspirina e AINEs devem ser sus- pensos, se possível (o risco benefí- cio deve ser sempre avaliado. Mui- tas vezes é mais vantajoso que um paciente que realizou angioplas- tias realize o tratamento para úlce- ra péptica sem retirada da aspirina devido ao alto risco cardiovascular destes pacientes, uma vez que a interrupção da aspirina se correla- ciona com obstrução dos stents; 3. Evitar o tabagismo, pois diminui a velocidade de cicatrização da le- são; 4. Evitar álcool, pois aumenta a pro- babilidade de hemorragia digesti- va; 5. Evitar café, pois estimula a secre- ção de ácido. Farmacológico Primeira linha: Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) Esses fármacos ligam-se a bomba de prótons e inibem os tipos de se- creção de ácido que os secretagogos produzem. A inibição é prolongada (com seu efeito máximo ocorrendo em seis horas e retorno da secreção ácida normal após, no mínimo 1 se- mana) por fornecer uma inibição ir- reversível. São mais efetivos durante o dia e necessitam de um ambiente ácido para serem ativados - portanto não é eficaz associar antiácidos com IBPs pois o ambiente estomacal se tornará alcalino. Uma complicação do uso prolongado de IBP é colite pseu- domembranosa.
  • 10. 12DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA Para pacientes com úlceras não asso- ciadas ao H. Pylori, o tratamento deve ser com IBPs (exemplo: omeprazol 20 a 40mg ao dia) de 4 semanas para úlceras duodenais não complicadas e 8 semanas para úlceras gástricas ou úlceras duodenais complicadas. O tratamento pode ser retomado caso o paciente apresente recidiva do qua- dro após interrupção do tratamento. Os pacientes que apresentam úlceras associadas ao uso de AINEs, como aspirina, e não podem realizar a in- terrupção do tratamento com aspirina podem realizar uso prolongado das IBPs devido ao alto risco de interrup- ção da profilaxia de eventos cardio- vasculares com a aspirina. Em caso de úlcera não complicada associada à presença de H. Pylori, os IBPs podem ser iniciados (omeprazol 20mg/dia), uma semana antes de ini- ciado o tratamento contra a infecção pelo H. Pylori e mantido até o encer- ramento do tratamento contra a infec- ção bacteriana. Os IBPs não precisam ser prolongados nesse caso, exceto se houver recorrência dos sintomas . Em caso de úlceras complicadas e associadas à infecção por H. Pylori, deve ser iniciado tratamento com IBP por via venosa, em alta dose (exem- plo: omeprazol 40mg, duas vezes ao dia), sendo transicionado o tratamen- to para via oral uma vez que esta seja tolerada ao paciente, e posteriormen- te reduzida a dose do IBP (omeprazol 40mg, uma vez ao dia). O tratamento com IBPs deve ser mantido entre 4 e 12 semanas nesses casos. Abaixo, os principais IBPs e suas doses: Omeprazol 20mg Pantoprazol 40mg Lansoprazol 30mg Dexlansoprazol 30mg Antagonistas do Receptor H2 Por possuírem uma estrutura similar à histamina, acabam por bloquear os receptores H2 das células parie- tais de forma competitiva, as quais normalmente estimulam a produção de suco gástrico. Esses medicamen- tos possuem diversas apresentações em relação a potência e efeitos co- laterais e possuem melhor resposta se administrado por via endovenosa, de forma contínua, em comparação a administração intermitente. Se o pa- ciente possuir insuficiência renal, é necessário ajustar a dose, pois esses fármacos possuem os rins como sua principal forma de excreção. Ensaios clínicos randomizados mostraram efetividade consideravelmente menor dos ARH2 em comparação aos IBPs, por isso, eles são utilizados como me- dicamentos de segunda opção para o tratamento da úlcera péptica. Abaixo, os principais bloqueadores de H2 e suas doses: Cimetidina (menos potente) 800mg/dia Ranitidina 300mg/dia
  • 11. 13DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA Famotidina (mais potente) 40mg/dia Nizatidina 300mg/dia Segunda linha: Antiácidos Esses agentes reagem com o ácido clorídrico e forma sal e água, diminuin- do a acidez e elevando o pH. Devem ser ingeridos uma hora após a refeição, devendo ser respeitado esse tempo, pois se forem ingeridos antes os antiá- cidos podem levar a um tamponamen- to transitório e, se ingerido após podem acarretar em um tamponamento pro- longado. É a forma de tratamento mais antiga, porém atualmente é utilizado principalmente para abrandar os sinto- mas. Os antiácidos mais comuns são: • Hidróxido de alumínio É constipante. Se usado em quanti- dade excessiva pode ocasionar perda de fosfato e resultar em doença ós- sea e anorexia. • Hidróxido de magnésio É laxante. • Bicarbonato de sódio Evitar o uso prolongado devido ao ris- co de hipernatremia. • Carbonato de cálcio Seu uso a longo prazo pode precipitar uma síndrome chamada de ‘‘leite-ál- cali’’ (hipercalcemia e hiperfosfatemia nos rins) e pode evoluir para insufici- ência renal. Como os hidróxidos de alumínio e magnésio possuem efeitos contrá- rios, ambos são administrados con- comitantemente. • Sucralfato Possui forte relação com a heparina, mas não possui efeitos anticoagulan- tes. É um sal de hidróxido de alumí- nio e da sacarose sulfatada e, apesar de do mecanismo de ação ainda não ter sido completamente elucidado, es- pecula-se que que o agente se liga à proteína da úlcera e exerce uma pro- teção contra os sais biliares e pepsina, durando cerca de 6h. Também auxilia na cicatriz da mucosa. Possui poucos efeitos colaterais e a dose habitual é 1 comprimido mastigável de 1g - 4x/dia. Tratamento do Helicobacter pylori Os objetivos desse tratamento são: alívio dos sintomas, cicatrização da ferida, prevenção de adenocarcinoma gástrico e evitar recidiva. Os medica- mentos que atingem os dois primei- ros objetivos são os antissecretores (IBPs e antagonistas do receptor H2) e, o último objetivo é alcançado com a suspensão do uso de AINEs. Para o tratamento de H. pylori existem algu- mas indicações, as quais são: 1. Paciente portador de úlcera pépti- ca - reduz drasticamente as chan- ces de recidiva; 2. Usuário crônico de AINE;
  • 12. 14DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA 3. Portador de lesão neoplásica no estômago; 4. Portador de dispepsia; 5. Paciente com úlcera em remissão que são infectados pelo H. pylori 6. Paciente H. pylori associado a Lin- foma MALT ATENÇÃO! Dessa forma, todo paciente que apresenta ou já apresentou úlcera péptica e está infectado com o H. Pylo- ri tem indicação formal para tratamen- to contra essa infecção. Pacientes com dispepsia, mesmo que na ausência de úlceras pépticas, também devem ser tratados! O tratamento consiste na combina- ção de três fármacos, inicialmente, e é realizado durante 7 a 14 dias com administração de 2x/dia. A maioria dos esquemas combina um IBP e an- tibióticos - como metronidazol, clari- tromicina e amoxicilina. O esquema mais utilizado no Brasil é: • Omeprazol 20 mg 12/12h; Clari- tromicina 500mg 12/12. Amoxici- lina 1g 12/12 Caso o tratamento falhe existem al- ternativas: Segunda linha (10 dias) • Omeprazol - 20mg, 12/12h; Levo- floxacino - 500mg, 1x/dia; • Amoxicilina - 1g, 12/12h (ou Fura- zolidona 200mg, 12/12h). Terceira linha (de 10 a 14 dias) • Omeprazol - 20mg, 12/12h; • Sal de bismuto – 240mg, 12/12h; Tratamento Cirúrgico As quatro principais indicações para tratamento cirúrgico são: 1. Intratabilidade: Mais comum em pacientes que não podem sus- pender o AINE e não apresentam resposta adequada apenas com o uso de IBPs, que o H. pylori não consegue ser erradicado ou que não ocorreu cicatrização da úlcera após 12 semanas; 2. Hemorragia: é a complicação mais comum das úlceras pépticas, e na maioria das vezes o tratamento através de ressuscitação volêmi- ca, supressão da secreção gástrica ácida e intervenção endoscópica é bem sucedido. Em casos em que o tratamento minimamente invasivo não é bem sucedido, o tratamento cirúrgico é indicado. 3. Obstrução: é a complicação mais incomum das úlceras pépticas, e o tratamento cirúrgico só é indicado se o tratamento medicamentoso e endoscópico não for efetivo. 4. Perfuração:aperfuraçãonormalmen-
  • 13. 15DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA te causa um quadro de dor abdomi- nal de início súbito, forte intensidade e irritação peritoneal, apresentando indicação de tratamento cirúrgico para correção da perfuração. O melhor procedimento cirúrgico atu- almente é a vagotomia, que é dividida em três níveis. Vagotomia Troncular: secção dos nervos vagos esquerdo e direito su- periormente aos ramos celíacos e he- páticos. É um procedimento rápido e não complicado, sendo preferível em paciente estáveis. Vagotomia Superseletiva: foi criado após se reconhecer que a Troncular afeta o bombeamento no antro e pi- loro. Nesse procedimento, os nervos que suprem a porção que produz áci- do no corpo e fundo são divididos - assim, o antro fica com sua inervação vagal preservada. Figura 4: Hemigastrectomia. FONTE: Sabiston 18ed. Vagotomia Troncular e Antrectomia: essa combinação é eficaz na diminui- ção da secreção gástrica e na recidiva. Importante lembrar que, as úlceras gástricas devem ter um controle de cura através da endoscopia após 8 a 12 semanas após a primeira endos- copia. ATENÇÃO! Fique atento! Tratamentos cirúrgicos eram uma das principais for- mas de tratamento das úlceras pépticas antes da invenção das drogas supresso- ras da secreção de ácido gástrico. Hoje em dia, com o sucesso do tratamento clínico, as cirurgias como gastrectomias e vagotomias para tratamento de úlce- ras benignas se tornaram cada vez mais raras.
  • 14. 16DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA Endoscopia digestiva alta com lesão compatível TRATAMENTO Ultrapassa a muscular da mucosa + diâmetro ≥ 0,5 cm Infecção por H. pylori? Teste rápido da uréase positivo Não Sim Histopatológico confirma? Não Sim Cultura positiva Sim Tratamento para erradicação (7 dias) Omeprazol + Claritromicina + Amoxicilina Sintomáticos (antiácidos) Evitar bebidas alcoólicas Evitar alimentos que pioram o quadro Inibidores de bomba de prótons Omeprazol 20mg/dia Pantoprazol 40mg/dia Bloqueadores H2 Ranitidina 300mg/dia Famotidina 800 mg/dia Cirúrgico Sem melhora após 8 semanas Se hemorragia, perfuração ou obstrução
  • 15. 17DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA Tratamento Infecção por H. pylori? Doença ulcerosa péptica Quadro clínico DiagnósticoPatogenia Sintomáticos (antiácidos) Evitar bebidas alcoólicas Evitar alimentos que pioram o quadro Tratamento para erradicação (7 dias) Omeprazol + Claritromicina + Amoxicilina Inibidores de bomba de prótons Omeprazol 20mg/dia Pantoprazol 40mg/dia Bloqueadores H2 Ranitidina 300mg/dia Famotidina 800 mg/dia Cirúrgico Sem melhora após 8 semanas Se hemorragia, perfuração ou obstrução Radiografia baritada Histologia Teste da urease Teste respiratório da ureia Pesquisa do antígeno fecal Sorologia EDA Cultura Dor/desconforto abdominal Úlcera duodenal Aumento de gastrina Resposta imune H. pylori Úlcera gástrica Melhora após alimentação Desencadeada pela alimentação