O documento discute os desafios no diagnóstico de Abdome Agudo no idoso, apresentando as especificidades de condições como obstrução intestinal, doenças do trato biliar, pancreatite, úlcera péptica e doença diverticular nesta faixa etária. Destaca a importância de maior atenção ao diagnóstico nestes pacientes devido à apresentação clínica atípica e riscos aumentados de complicações e mortalidade.
2. Objetivos:
Mostrar a importância dessa condição clínica
nos pacientes dessa faixa etária
Mostrar as dificuldades no diagnóstico
Mostrar as especificidades epidemiológicas e na
apresentação clínica de algumas condições
específicas
Atentar os colegas para a necessidade de mais
estudos que envolvam esse segmento
populacional para melhor abordagen diagnóstica
3. Introdução:
A população está envelhecendo rapidamente
25% dos pacientes atendidos em unidades de
urgência nos EUA tem mais de 50 anos
Dor abdominal aguda é uma queixa comum
entre idosos
4. Introdução:
50% necessitam internação hospitalar
30% necessitam intervenção cirúrgica
Intervenção cirúrgica ocorre 2x mais que em pacientes
mais jovens
Tempo de internação 20% mais prolongado
Taxa de mortalidade geral de aproximadamente 10%
Taxa de mortalidade nas cirurgias abdominais de
urgência de 15-34%
5. Introdução:
Forma de apresentação diferente
A acurácia no diagnóstico é menor: aumento da
morbimortalidade
Formação médica deficiente em atendimento de
urgência de idosos
Pouca bibliografia
6. Desafios ao diagnóstico:
Alterações fisiológicas:
Função alterada de linfócitos T
Alteração de barreiras físicas à infecção com pele e
mucosas
Percepção alterada da dor
Apresentação mais tardia
7. Desafios ao diagnóstico:
Anamnese: Características da dor
Dificuldades em colher
Caráter
uma história adequada:
Localização: origem
embriológica
Hipoacusia
Início
Déficits de memória
Irradiação
Alterações agudas ou
Intensidade
crônicas do estado mental
Duração e progressão
Indiferença
Fatores associados
Fatores de melhora e piora
Comorbidades Episódios prévios
8. Desafios ao diagnóstico:
Medicações:
Podem mascarar ou estar associada à patologia:
Analgésicos comuns: diminuem a febre
AINEs: redução da febre, associação com úlcera péptica
Corticóides: alteração da contagem leucocitária, alteração da resposta
inflamatória, úlcera péptica
Betabloqueadores: mascarar a taquicardia reflexa
Anti-colinérgicos: retenção urinária e íleo
Opióides: mascaram a dor
Digoxina, colchicina e metformina: dor abdominal
Antibióticos: dor abdominal, náuseas e vômitos
9. Desafios ao diagnóstico:
Exame físico:
Aspecto geral
Sinais vitais:
PA: normal pode significar hipotensão em pacientes
previamente hipertensos
P: uso de betabloq., doença do nó sinusal
Fr: taquipnéia pode estar associada à dor ou acidose
metabólica
Temperatura: febre é menos comum, normotermia ou
hipotermia
11. Desafios ao diagnóstico:
Alterações laboratoriais:
Exames podem estar normais ou incompatíveis
Leucocitose pode estar ausente ( 25% dos pacientes com
apendicite podem não ter leucocitose)
Hiperamilasemia: pancreatite, isquemia intestinal
Hematúria: nefrolitíase, ITU, apendicite, diverticulite, AAA
roto
ECG: afastar IAM
12. Desafios ao diagnóstico:
Exames de imagem:
Rx de abdome
Screening
Sinais de obstrução
Pneumoperitonio
Calcificação aórtica
Colecistite enfisematosa
Ultrassom :
Escolha para trato biliar e patologia pélvica
Pode ser realizado à beira do leito
Limitações: obesidade, distenção gasosa, operador dependente
13. Desafios ao diagnóstico:
Exames de imagem:
Tomografia:
Estudo 2004: TC alterou o diagnóstico em 45% dos casos,
necessidade de internação em 25%, introdução de antbioticoterapia
em 20%, indicação cirúrgica em 12%. Aumentou o índice de
diagnóstico de certeza de 36% para 77%
Alta sensibilidade para perfuração intestinal, apendicite, AAA
Angiografia:
Suspeita de isquemia mesentérica
19. Obstrução intestinal:
Íleo biliar:
Cálculo maior que 2,5cm impactado no íleo terminal
Quadro clínico:
Obstrução de delgado
Pneumobilia
Cálculo biliar
50% tem história prévia de colelitíase
Mais comum em mulheres
Diagnóstico tardio
Mortalidade de 25%
21. Obstrução intestinal:
Intestino Grosso
Menos comum que obstrução de I. Delgado
Aumento proporcinal da incidência com a idade
Mortalidade de aproximadamente 40%
Causas:
Câncer coloretal
Diverticulite
Volvulo
22. Obstrução intestinal:
Intestino Grosso:
Quadro clínico:
Início mais incidioso
Clássico:
Dor abdominal
Vômitos fecalóides
Obstipação severa
1/5 apresentam diarréia
Apenas 50% queixam obstipação ou vômitos
Desidratação
Questinar sobre: perda de peso, alteração do hábito intestinal ou
calibre das fezes, fadiga
23. Obstrução intestinal:
Intestino Grosso:
Exame físico:
Semelhante à obstrução de Delgado
Distenção mais importante
26. Doenças do trato biliar
Principal causa de cirurgia abdominal de
urgência em pacientes idosos
A incidência de colelitíase aumenta com a idade:
Menor resposta à colecistoquinina
Diminuição da motilidade da vasícula
Aumento do diâmetro do ducto biliar comum
27. Doenças do trato biliar
Colecistite aguda:
Quadro clínico:
Estudo com 168 pacientes com mais de 65 anos:
5% dos pacientes não apresentaram dor
40% não apresentaram náuseas e vômitos
> 50% não tiveram febre
41% não tiveram alteração da contagem leucocitária
13% além de contagem leucocitária normal não apresentavam
alterações de enzimas hepáticas
28. Doenças do trato biliar
Colecistite aguda:
Como fazer diagnóstico diagnóstico?????
Alto índice de suspeição clínica
Uso mais liberal de exames de imagem
Escolha: USG de abdome
Lembrar que a idade também aumenta o risco de
colecistite acalculosa!!!!!!!!!!
29. Doenças do trato biliar
Complicações:
Ocorrem em mais de 50% dos idosos com
colecistite aguda:
Colangite ascendente
Perfuração de vesícula / peritonite biliar
Colecistite enfisematosa
Íleo biliar
Pancreatite biliar
Coledocolitíase
30. Doenças do trato biliar
Colangite ascendente:
Raramente ocorre antes dos 40 anos
Tríade de Charcot
Pêntade de Reynold – 14%
33. Pancreatite:
Aumento da incidência com a idade
Aumento da mortalidade: 20-25%, 40% após os
70 anos, comparado a 8-10% na população geral
Causa mais comum: biliar 65-75% dos casos
34. Pancreatite:
Quadro clínico
Dor apigástrica com irradiação para o dorso
Náuseas e vômitos
Desidratação
SIRS
10% podem se apresentar inicialmente apenas
com hipotensão e alteração do estado
mental!!!!!!!!!!!!!!!
35. Pancreatite:
Diagóstico:
Aumento da amilase (3-5X o valor de referência)
Cuidado com aumentos moderados podem significar
isquemia ou perfuração intestinal!!!
Aumento da lipase: mais específico
36. Pancreatite:
E a TC de abdome???
Maior risco de pancreatite
necrotizante
Atentar para sinais de
sepse
Não esperar
febre!!!!!!!!!!!
37. Doença Ulcerosa Péptica
Causa de dor abdominal em 16% dos pacientes
idosos
Fatores de risco:
Tabaco
AINEs
H. pylori
38. Doença Ulcerosa Péptica
Quadro clínico:
Maioria inespecífico, 30% assintomáticos (8% nos
mais jovens)
O primeiro sinal pode ser uma complicação como
perfuração
Outras complicações: sangramento, obstrução,
úlcera terebrante
39. Doença Ulcerosa Péptica
Perfuração:
Mortalidade de 30% na população geriátrica
comparada a 10% na população geral
Dor súbita em epigástrio
Rigidez abdominal pode estar ausente em até 80%
dos casos
RX de abdome:
presença de ar livre na cavidade peritonial
Normal em até 40% dos casos
41. Doença Diverticular
Incidência aumenta com a idade:
50% em pacientes com mais de 70 anos
80% em pacientes com mais 85 anos
Quadro clínico:
Doença diverticular dolorosa
Diverticulite
Sangamento
42. Doença Diverticular
Diverticulite:
Inflamação com ou sem perfuração de divertículos
Quadro clínico:
Dor em FIE, aguda e intensa
Náuseas e vômitos
Distensão
Massa palpável
Febre
Leucocitose
Piúria e hematúria
43. Doença Diverticular
Divertculite:
Complicações: aumentam muito a mortalidade
Abscesso
Obstrução intestinal
Perfuração
Fístula
Sepse
Diagnóstico:
Quadro clínico + TC
45. Apendicite:
Mais comuns em pacientes mais jovens
Terceira causa de indicação cirúrgica nessa faixa
etária
Mortalidade de 4-8% (<1% na população geral)
50% dos óbitos por apendicite ocorrem nesta
faixa etária
Diagnóstico inicial incorreto em 54% dos casos
46. Apendicite:
Quadro clínico:
Apresentação arrastada
1/5 se apresentam com mais de 3 dias de sintomas
5-10% com mais de uma semana
Menos de 1/3 apresentam quadro clínico típico
(febre, leucocitose,anorexia, dor em FID)
50% não apresentam febre
50% não apresentam DB
47. Apendicite:
Diagnóstico:
Alto grau de suspeição clínica
Avaliação precoce da equipe cirúrgica
Exames de imagem:
Uso de TC deve ser maior nesses pacientes
48. Catástrofes vasculares:
Ruptura de aneurisma de aorta abdominal (AAA) :
13ª causa de óbito nos EUA
Mortalidade extremamente alta (~70% em alguns estudos)
Quadro clínico:
Tríade clássica: 25-50% dos casos
Dor abdominal
Hipotensão
Massa pulsátil
65% não apresentam hipotensão ( tamponamento)
49. Catástrofes vasculares:
Ruptura de AAA:
Erro diagnóstico em 30-50%
Diagnóstico diferencial:
Cuidado com cólica nefrética que se inicia nesta
faixa etária!!!!!
Abdome agudo perfurativo
SCA (síncope)
50. Catástrofes vasculares:
Ruptura de AAA:
Diagnóstico:
Pacientes estáveis: TC
Pacientes instáveis: USG à beira do leito
Tratamento:
Cirúrgico: de urgência em pacientes estáveis
Idade avançada não é contra-indicação
A mortalidade não se altera com a idade: é igualmente fatal em
pacientes não submetidos à cirurgia
51. Catástrofes vasculares:
Isquemia Mesentérica:
Diagnóstico muito difícil
Elevada mortalidade
1% das causas de dor abdominal
Quatro entidades:
Embolia da artéria mesentérica superior (MAS)
Trombose da AMS
Trombose da veia mesentérica superior (VMS)
Isquemia não oclusiva
52. Catástrofes vasculares:
Isquemia mesentérica:
Embolia da AMS:
Fatores de risco:
fibrilação atrial- 50%
Doença valvar
Aneurisma de ventrículo
Trombo em ventrículo, pós IAM
Trombose da AMS:
Angina mesentérica
Perda de peso
Doença aterosclerótica conhecida
53. Catástrofes vasculares:
Isquemia mesentérica:
Trombose de VMS:
Apresentação mais arrastada
Associação com estados de hipergoagulabilidade
50% tem história familiar de TVP/ TEP
Isquemia não oclusiva:
Hipoperfunsão por:
SEPSE
Desidratação grave
ICC
54. Catástrofes vasculares:
Isquemia mesentérica:
Diagnóstico:
Sinais peritoniais: tardios (necrose transmural)
Dor abdominal desproporcional aos achados do exame
físico
Laboratório: inespecífico
Leucocitose
Acidose metabólica
Aumento de lactato
hiperamilasemia
55. Catástrofes vasculares:
Isquemia mesentérica:
Imagem:
RX
TC
Angiografia: padrão ouro
Uso precoce foi o único fator associado à redução da
mortalidade
Tratamento: cirúrgico
56. Causas extra-abdominais
IAM
Pneumonia
Causas endocrinológicas
Herpes zoster
Porfiria
Efeito de medicações
Patologias ginecológicas e genitourinárias
57. Conclusões:
Pela dificuldade no diagnóstico a abordagem inicial
desses pacientes deve ser sistematizada
Apresentação atípica e ausência de alterações ou
alterações incompatíveis em exames laboratoriais
devem ser esperadas
Diagnóstico diferenciais devem ser pensados
amplamente
Exames de imagem devem ser solicitados de forma
mais liberal
Equipe cirúrgica deve ser consultada precocemente