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Semiologia do abdome
Alunos: Bianca Berardo
João Filipe Novaes
Luís Daniel
Mariana andrade
Recife, 26 de agosto de 2016
1. Abdome agudo obstrutivo
Por definição, abdome agudo é uma condição clínica de múltiplas causas,
caracterizada por um quadro de dor abdominal súbita, associado, frequentemente, a outras
manifestações locais e gerais. Geralmente traduz uma situação crítica que, por apresentar
risco de vida, demanda diagnóstico rápido e uma intervenção terapêutica imediata. O
abdome agudo obstrutivo (AAO), por sua vez, é uma síndrome cuja causa é a presença
de um obstáculo mecânico ou funcional que acarrete a interrupção do fluxo do conteúdo
intestinal, isto é, da correta fisiologia peristáltica intestinal. O termo agudo caracteriza um
tempo de instalação súbito, geralmente definido por 1 a 72h.
A fisiopatologia do AAO pode ter diversas causas, sendo as principais a obstrução
intestinal mecânica simples (em decorrência do acúmulo de gases e líquido acima da área
obstruída e subsequente alteração da motilidade intestinal), a obstrução intestinal com
estrangulamento (em decorrência do comprometimento do suprimento sanguíneo
intestinal por compressão dos vasos mesentéricos, acarretando isquemia tissular com
subsequente necrose), obstrução em alça fechada (em decorrência da obstrução
simultânea em extremidades proximal e distal, progredindo para estrangulamento
intestinal) e, por fim, o íleo paralítico (geralmente relacionado a alterações
neuroendócrinas que acometam o íleo, superatividade do órgão ou oclusão vascular com
incapacidade de coordenação da motilidade intestinal).
A obtenção do diagnóstico tem seu sucesso, ainda hoje, graças a uma história clínica
detalhada. Os elementos semiotécnicos básicos para a obtenção do diagnóstico incluem a
história clínica do episódio atual, a história pregressa, o exame físico e os exames
subsidiários (laboratoriais e de imagens), adequadamente solicitados. É importante
salientar que os exames subsidiários funcionam como complemento para a confirmação
ou não da hipótese diagnóstica, sendo por si só insuficientes para o sucesso da obtenção
do diagnóstico.
O quadro clínico do AAO é semiologicamente caracterizado por alterações do estado
geral, com desidratação e hipotensão arterial, podendo ocorrer, em complicações, quadros
de febre. Os pacientes, de modo geral, apresentam-se psicologicamente ansiosos,
amedrontados e angustiados. O médico tem fundamental papel aqui, devendo tranquilizar
o paciente e transparecer confiança.
Não é exagero afirmar que a anamnese é o principal componente semiológico. Os
quadros de AAO revelam principalmente a dor abdominal do tipo cólica, de início brusco
e localização variável. É importante atentar ao caráter da dor, que quando evolui para
contínua, leva à suspeita de comprometimento vascular. Dores na região superior do
abdome indicam obstrução intestinal alta, enquanto dores na região periumbilical indicam
obstrução de intestino delgado e dores em hipogástrio indicam obstrução de intestino
grosso. São comuns náuseas e vômitos, sendo o conteúdo expelido de fundamental
importância, uma vez que, quando de aspecto biliar, pode indicar obstrução alta; quando
sem conteúdo entérico, pode estar associado a obstrução baixa.
Outro fundamental aspecto semiológico é a parada de evacuações e eliminação de
gases, apresentando-se como sintomas tardios que demonstram a completa obstrução
intestinal. Pode haver ainda discreta distensão abdominal, simétrica ou assimétrica.
A evolução do quadro ainda pode acarretar a instalação de desidratação ou, mais
raramente, desnutrição. Outras manifestações associadas incluem a icterícia e a colúria,
indicando afecção hepática ou de vias biliares; hemorragia digestiva, solução de
continuidade no tubo digestivo; vômitos de estase (contendo alimentos ingeridos muitas
horas antes); disúria e hematúria, cálculo urinário; manifestações sistêmicas de
arterioesclerose, isquemia mesentérica; dor relacionada ao sistema genital; evidências de
gravidez: prenhez tubária rota.
1.1 Exame físico
O exame físico deve ser voltado para a análise abdominal, dividida em inspeção,
ausculta, palpação e percussão. Como é sabido, a inspeção e ausculta devem preceder a
palpação, para evitar a indução de peristaltismo em decorrência das técnicas de palpação
e percussão.
Na inspeção abdominal, deve-se atentar à detecção de distensão, cicatrizes,
hérnias, equimoses e peristaltismo visível. A ausculta pode revelar ruídos hidroaéreos
aumentados em decorrência da hiperfunção intestinal, agudos e metálicos na vigência das
cólicas, evoluindo para diminuídos ou até ausentes em decorrência da ausência do
peristaltismo. A palpação superficial pode revelar hiperalgesia na área de projeção do
sítio anatômico acometido, podendo haver, além disso, reflexo com aumento da tensão e
até mesmo do tônus da musculatura local e identificação de abaulamentos. A manobra do
sinal de Blumberg pode ser positiva, indicando peritonite. O sinal de Murphy, provocado
pela colecistite aguda, também pode ser um achado. A percussão é importante para a
identificação da causa ou para o diagnóstico diferencial, sem muita repercussão no AAO
propriamente dito.
1.2 Exames complementares
Os exames laboratoriais de grande repercussão incluem hemograma completo e estudo
da coagulação, provas de função renal, dosagem sérica de eletrólitos para avaliar a
gravidade do quadro. Quanto aos exames de imagem, as recomendações atuais reafirmam
a importância da realização de radiografia simples do abdome. Mais incomum, pode ainda
haver solicitação de ultrassonografia e ressonância magnética.
2. Abdome na síndrome edematosa
Edema é um acúmulo anormal do volume do líquido do compartimento extracelular
intersticial ou nas cavidades corporais. Ele ocorre devido a um desequilíbrio da pressão
osmótica e hidrostática, sendo exemplos a diminuição da pressão oncótica das proteínas,
aumento da permeabilidade capilar, retenção de sódio, entre outros. Sendo que esses
distúrbios podem estar associados à diversas causas, como: insuficiência cardiovascular,
cirrose hepática, desnutrição proteica, síndromes nefrítica e nefrótica, fenômenos
angioneuróticos, toxemia gravídica, gravidez, além de ser consequência de momento pré-
menstrual nas mulheres e uso de certos medicamentos.
O edema pode ser generalizado ou localizado. Então, quando o enfoque é o edema
abdominal, geralmente esse é uma decorrência de uma cirrose hepática, no qual mostra-
se generalizado por toda a região, mas normalmente discreto. Tem como características
ser mole, inelástico e indolor; sendo comum a presença de ascite, quando é conhecido
como Síndrome ascético-edematoso.
Essa patologia se desencadeia como consequência de uma hipertensão portal
desenvolvida e de uma vasodilatação arterial esplênica. Essa vasodilatação vai produzir
uma hipovolemia efetiva, como também um aumento da permeabilidade capilar e da
produção de linfa nos órgãos esplânicos que superam a capacidade de drenagem do
conduto torácico. Vai ser a retenção de hidrosalina e a hiperprodução de linfa os
responsáveis pelo surgimento da ascite.
2.1 Exame físico
Primeiramente, deve-se questionar o tempo de aparecimento, fatores de risco para
doenças hepáticas, dor abdominal e suas complicações, além de perda de peso
significativa.
A percussão é o método mais eficaz para reconhecer a ascite no exame físico,
contudo para a pesquisa adequada é necessário antes se distinguir se a ascite é de grande,
médio ou pequeno volume.
 Ascite de grande volume: abdome globoso, aumento da resistência da parede
abdominal, cicatriz umbilical torna-se planja ou protrusa. É essencial a realização
da percussão por piparote. Assim, deve-se pedir ao paciente que fique em decúbito
dorsal e ele próprio ou um auxiliar coloca a borda cubital da mão sobre a linha
mediana do abdome, exercendo uma ligeira pressão. Já o examinador deve se
postar ao lado direito do paciente e repousa sua mão esquerda no flanco do outro
lado. Depois, se golpeia com o indicador a face lateral do hemiabdome direito.
Então, verifica-se se há choques das ondas líquidas desencadeadas pelo piparote.
 Ascite de médio volume: se o sinal de piparote for negativo, então, realizasse a
pesquisa de macicez móvel. Em sua primeira etapa, se percurte todo o abdome
com o paciente em decúbito dorsal, assim observando se há macicez nos flancos
e som timpânico na parte média do abdome. Depois, com o paciente em decúbito
lateral direito e percute todo o abdome; se houver ascite existirá timpanismo no
flanco esquerdo e macicez no flanco direito. Em seguida, executa-se a mesma
manobra do lado oposto e se houver ascite o resultado será exatamente o oposto,
com timpanismo no flanco direito e macicez no flanco esquerdo. A explicação
para tal é a mobilização do líquido existente na cavidade abdominal em
consequência da mudança de posição.
 Ascite de pequeno porte: nesse caso, o reconhecimento da ascite pode ser difícil,
deve-se realizar o teste do piparote na região do baixo frente estando o paciente
de pé e com a bexiga vazia. Contudo, indica-se a realização de ultrassonografia
abdominal para um diagnóstico mais fidedigno.
3. Abdome agudo inflamatório
O abdome agudo inflamatório é uma condição mórbida, com dor súbita de
evolução progressiva, seja de início por doença recente ou agudização de doença crônica,
cujo diagnóstico e conduta terapêutica, determinando necessidade de cirurgia, devem ser
rápidos.
Sobre sua Etiopatogenia, pode ser de agentes diversos (bacterianos, químicos,
físicos) ou secundária, consequente de apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite
aguda e diverticulite por doença diverticular dos colos.
Sua fisiopatologia consiste na chegada de agentes inflamatórios ou infecciosos ao
peritônio, levando à irritação. Em seguida, pode ocorrer o processo de íleo paralítico
localizado ou generalizado pelo acometimento da serosa visceral (inervado pelo sistema
nervoso autônomo, sendo mais percebida na linha média pelo suprimento sensorial
bilateral para a medula espinhal), sendo a dor oriunda do acometimento deste peritônio
mal localizada, oriunda da distensão e contratura das vísceras. Já o peritônio parietal pode
reagir com dor bem localizada, já que é somaticamente inervado, e contratura muscular
(localizada ou generalizada, de acordo com a evolução).
Topograficamente, a dor localizada no epigástrio seria consequente de vísceras do
intestino anterior, periumbilical do médio e hipogástrio do posterior.
Portando, no quadro clínico devem ser observados: história clínica do episódio
atual, modo de aparecimento e curso da dor, bem como sua localização inicial, mudança
de local e irradiação, intensidade e tipo e fatoras agravantes ou que aliviam. Como sinais
sistêmicos pode ser associada a náuseas, vômitos, mal-estar geral e febre, bem como
constipação ou diarréia (no caso de abscessos de localização pélvica).
2.1 Exame físico
Inspeção: abdome em tábua
Ausculta: redução ou abolição dos ruídos, condizente com peritonite
Palpação: além da hiperalgesia e contração da musculatura reflexa, são observados os
seguintes sinais
 Sinal de Murphy = caso seja positivo indica colecististe aguda
 Sinal de Blumberg = sugere-se apendicite aguda na compressão do ponto de
McBurney, mas também será positiva em todos os casos de irritação peritoneal.
 Sinal de defesa abdominal positivo
 Sinal de Rowsing = positivo sugere apendicite aguda
 Sinal de Giordano = positivo
Percussão: hiperssensibilidade similar à reação por rechaço.
Dentre os possíveis exames laboratoriais, recomendam-se hemograma e sumário
de urina, mas podem ser realizados exames do líquido ascítico e de imagem.
Bibliografia:
 http://revista.fmrp.usp.br/2008/VOL41N4/SIMP_1abdomen_agudo.pdf
 LOPEZ M, LAURENTYS-MEDEIROS J. Semiologia Médica: As Bases do
Diagnóstico Clínico. 5ªed.
 http://revista.fmrp.usp.br/2003/36n2e4/14abdomen%20_agudo.pdf
 http://production.latec.ufms.br/new_pmm/modulos/02/obstrutivo_n2401.html
 http://www.intramed.net/sitios/librovirtual1/pdf/librovirtual1_41.pdf
 PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2001.

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  • 1. Semiologia do abdome Alunos: Bianca Berardo João Filipe Novaes Luís Daniel Mariana andrade Recife, 26 de agosto de 2016
  • 2. 1. Abdome agudo obstrutivo Por definição, abdome agudo é uma condição clínica de múltiplas causas, caracterizada por um quadro de dor abdominal súbita, associado, frequentemente, a outras manifestações locais e gerais. Geralmente traduz uma situação crítica que, por apresentar risco de vida, demanda diagnóstico rápido e uma intervenção terapêutica imediata. O abdome agudo obstrutivo (AAO), por sua vez, é uma síndrome cuja causa é a presença de um obstáculo mecânico ou funcional que acarrete a interrupção do fluxo do conteúdo intestinal, isto é, da correta fisiologia peristáltica intestinal. O termo agudo caracteriza um tempo de instalação súbito, geralmente definido por 1 a 72h. A fisiopatologia do AAO pode ter diversas causas, sendo as principais a obstrução intestinal mecânica simples (em decorrência do acúmulo de gases e líquido acima da área obstruída e subsequente alteração da motilidade intestinal), a obstrução intestinal com estrangulamento (em decorrência do comprometimento do suprimento sanguíneo intestinal por compressão dos vasos mesentéricos, acarretando isquemia tissular com subsequente necrose), obstrução em alça fechada (em decorrência da obstrução simultânea em extremidades proximal e distal, progredindo para estrangulamento intestinal) e, por fim, o íleo paralítico (geralmente relacionado a alterações neuroendócrinas que acometam o íleo, superatividade do órgão ou oclusão vascular com incapacidade de coordenação da motilidade intestinal). A obtenção do diagnóstico tem seu sucesso, ainda hoje, graças a uma história clínica detalhada. Os elementos semiotécnicos básicos para a obtenção do diagnóstico incluem a história clínica do episódio atual, a história pregressa, o exame físico e os exames subsidiários (laboratoriais e de imagens), adequadamente solicitados. É importante salientar que os exames subsidiários funcionam como complemento para a confirmação ou não da hipótese diagnóstica, sendo por si só insuficientes para o sucesso da obtenção do diagnóstico. O quadro clínico do AAO é semiologicamente caracterizado por alterações do estado geral, com desidratação e hipotensão arterial, podendo ocorrer, em complicações, quadros de febre. Os pacientes, de modo geral, apresentam-se psicologicamente ansiosos, amedrontados e angustiados. O médico tem fundamental papel aqui, devendo tranquilizar o paciente e transparecer confiança.
  • 3. Não é exagero afirmar que a anamnese é o principal componente semiológico. Os quadros de AAO revelam principalmente a dor abdominal do tipo cólica, de início brusco e localização variável. É importante atentar ao caráter da dor, que quando evolui para contínua, leva à suspeita de comprometimento vascular. Dores na região superior do abdome indicam obstrução intestinal alta, enquanto dores na região periumbilical indicam obstrução de intestino delgado e dores em hipogástrio indicam obstrução de intestino grosso. São comuns náuseas e vômitos, sendo o conteúdo expelido de fundamental importância, uma vez que, quando de aspecto biliar, pode indicar obstrução alta; quando sem conteúdo entérico, pode estar associado a obstrução baixa. Outro fundamental aspecto semiológico é a parada de evacuações e eliminação de gases, apresentando-se como sintomas tardios que demonstram a completa obstrução intestinal. Pode haver ainda discreta distensão abdominal, simétrica ou assimétrica. A evolução do quadro ainda pode acarretar a instalação de desidratação ou, mais raramente, desnutrição. Outras manifestações associadas incluem a icterícia e a colúria, indicando afecção hepática ou de vias biliares; hemorragia digestiva, solução de continuidade no tubo digestivo; vômitos de estase (contendo alimentos ingeridos muitas horas antes); disúria e hematúria, cálculo urinário; manifestações sistêmicas de arterioesclerose, isquemia mesentérica; dor relacionada ao sistema genital; evidências de gravidez: prenhez tubária rota. 1.1 Exame físico O exame físico deve ser voltado para a análise abdominal, dividida em inspeção, ausculta, palpação e percussão. Como é sabido, a inspeção e ausculta devem preceder a palpação, para evitar a indução de peristaltismo em decorrência das técnicas de palpação e percussão. Na inspeção abdominal, deve-se atentar à detecção de distensão, cicatrizes, hérnias, equimoses e peristaltismo visível. A ausculta pode revelar ruídos hidroaéreos aumentados em decorrência da hiperfunção intestinal, agudos e metálicos na vigência das cólicas, evoluindo para diminuídos ou até ausentes em decorrência da ausência do peristaltismo. A palpação superficial pode revelar hiperalgesia na área de projeção do sítio anatômico acometido, podendo haver, além disso, reflexo com aumento da tensão e
  • 4. até mesmo do tônus da musculatura local e identificação de abaulamentos. A manobra do sinal de Blumberg pode ser positiva, indicando peritonite. O sinal de Murphy, provocado pela colecistite aguda, também pode ser um achado. A percussão é importante para a identificação da causa ou para o diagnóstico diferencial, sem muita repercussão no AAO propriamente dito. 1.2 Exames complementares Os exames laboratoriais de grande repercussão incluem hemograma completo e estudo da coagulação, provas de função renal, dosagem sérica de eletrólitos para avaliar a gravidade do quadro. Quanto aos exames de imagem, as recomendações atuais reafirmam a importância da realização de radiografia simples do abdome. Mais incomum, pode ainda haver solicitação de ultrassonografia e ressonância magnética. 2. Abdome na síndrome edematosa Edema é um acúmulo anormal do volume do líquido do compartimento extracelular intersticial ou nas cavidades corporais. Ele ocorre devido a um desequilíbrio da pressão osmótica e hidrostática, sendo exemplos a diminuição da pressão oncótica das proteínas, aumento da permeabilidade capilar, retenção de sódio, entre outros. Sendo que esses distúrbios podem estar associados à diversas causas, como: insuficiência cardiovascular, cirrose hepática, desnutrição proteica, síndromes nefrítica e nefrótica, fenômenos angioneuróticos, toxemia gravídica, gravidez, além de ser consequência de momento pré- menstrual nas mulheres e uso de certos medicamentos. O edema pode ser generalizado ou localizado. Então, quando o enfoque é o edema abdominal, geralmente esse é uma decorrência de uma cirrose hepática, no qual mostra- se generalizado por toda a região, mas normalmente discreto. Tem como características ser mole, inelástico e indolor; sendo comum a presença de ascite, quando é conhecido como Síndrome ascético-edematoso. Essa patologia se desencadeia como consequência de uma hipertensão portal desenvolvida e de uma vasodilatação arterial esplênica. Essa vasodilatação vai produzir uma hipovolemia efetiva, como também um aumento da permeabilidade capilar e da produção de linfa nos órgãos esplânicos que superam a capacidade de drenagem do
  • 5. conduto torácico. Vai ser a retenção de hidrosalina e a hiperprodução de linfa os responsáveis pelo surgimento da ascite. 2.1 Exame físico Primeiramente, deve-se questionar o tempo de aparecimento, fatores de risco para doenças hepáticas, dor abdominal e suas complicações, além de perda de peso significativa. A percussão é o método mais eficaz para reconhecer a ascite no exame físico, contudo para a pesquisa adequada é necessário antes se distinguir se a ascite é de grande, médio ou pequeno volume.  Ascite de grande volume: abdome globoso, aumento da resistência da parede abdominal, cicatriz umbilical torna-se planja ou protrusa. É essencial a realização da percussão por piparote. Assim, deve-se pedir ao paciente que fique em decúbito dorsal e ele próprio ou um auxiliar coloca a borda cubital da mão sobre a linha mediana do abdome, exercendo uma ligeira pressão. Já o examinador deve se postar ao lado direito do paciente e repousa sua mão esquerda no flanco do outro lado. Depois, se golpeia com o indicador a face lateral do hemiabdome direito. Então, verifica-se se há choques das ondas líquidas desencadeadas pelo piparote.  Ascite de médio volume: se o sinal de piparote for negativo, então, realizasse a pesquisa de macicez móvel. Em sua primeira etapa, se percurte todo o abdome com o paciente em decúbito dorsal, assim observando se há macicez nos flancos e som timpânico na parte média do abdome. Depois, com o paciente em decúbito lateral direito e percute todo o abdome; se houver ascite existirá timpanismo no flanco esquerdo e macicez no flanco direito. Em seguida, executa-se a mesma manobra do lado oposto e se houver ascite o resultado será exatamente o oposto, com timpanismo no flanco direito e macicez no flanco esquerdo. A explicação para tal é a mobilização do líquido existente na cavidade abdominal em consequência da mudança de posição.  Ascite de pequeno porte: nesse caso, o reconhecimento da ascite pode ser difícil, deve-se realizar o teste do piparote na região do baixo frente estando o paciente de pé e com a bexiga vazia. Contudo, indica-se a realização de ultrassonografia abdominal para um diagnóstico mais fidedigno.
  • 6. 3. Abdome agudo inflamatório O abdome agudo inflamatório é uma condição mórbida, com dor súbita de evolução progressiva, seja de início por doença recente ou agudização de doença crônica, cujo diagnóstico e conduta terapêutica, determinando necessidade de cirurgia, devem ser rápidos. Sobre sua Etiopatogenia, pode ser de agentes diversos (bacterianos, químicos, físicos) ou secundária, consequente de apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda e diverticulite por doença diverticular dos colos. Sua fisiopatologia consiste na chegada de agentes inflamatórios ou infecciosos ao peritônio, levando à irritação. Em seguida, pode ocorrer o processo de íleo paralítico localizado ou generalizado pelo acometimento da serosa visceral (inervado pelo sistema nervoso autônomo, sendo mais percebida na linha média pelo suprimento sensorial bilateral para a medula espinhal), sendo a dor oriunda do acometimento deste peritônio mal localizada, oriunda da distensão e contratura das vísceras. Já o peritônio parietal pode reagir com dor bem localizada, já que é somaticamente inervado, e contratura muscular (localizada ou generalizada, de acordo com a evolução). Topograficamente, a dor localizada no epigástrio seria consequente de vísceras do intestino anterior, periumbilical do médio e hipogástrio do posterior. Portando, no quadro clínico devem ser observados: história clínica do episódio atual, modo de aparecimento e curso da dor, bem como sua localização inicial, mudança de local e irradiação, intensidade e tipo e fatoras agravantes ou que aliviam. Como sinais sistêmicos pode ser associada a náuseas, vômitos, mal-estar geral e febre, bem como constipação ou diarréia (no caso de abscessos de localização pélvica). 2.1 Exame físico Inspeção: abdome em tábua Ausculta: redução ou abolição dos ruídos, condizente com peritonite Palpação: além da hiperalgesia e contração da musculatura reflexa, são observados os seguintes sinais  Sinal de Murphy = caso seja positivo indica colecististe aguda  Sinal de Blumberg = sugere-se apendicite aguda na compressão do ponto de
  • 7. McBurney, mas também será positiva em todos os casos de irritação peritoneal.  Sinal de defesa abdominal positivo  Sinal de Rowsing = positivo sugere apendicite aguda  Sinal de Giordano = positivo Percussão: hiperssensibilidade similar à reação por rechaço. Dentre os possíveis exames laboratoriais, recomendam-se hemograma e sumário de urina, mas podem ser realizados exames do líquido ascítico e de imagem.
  • 8. Bibliografia:  http://revista.fmrp.usp.br/2008/VOL41N4/SIMP_1abdomen_agudo.pdf  LOPEZ M, LAURENTYS-MEDEIROS J. Semiologia Médica: As Bases do Diagnóstico Clínico. 5ªed.  http://revista.fmrp.usp.br/2003/36n2e4/14abdomen%20_agudo.pdf  http://production.latec.ufms.br/new_pmm/modulos/02/obstrutivo_n2401.html  http://www.intramed.net/sitios/librovirtual1/pdf/librovirtual1_41.pdf  PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.