Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Revolta da Vacina 1904
1. Escola Estadual Dr. Elpídio de Almeida
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
PIBID - HISTÓRIA (CAMPUS I)
Uma rebelião em 1904
A Revolta da Vacina ocorreu no período da República Velha, em 1904,
no Rio de Janeiro, na época, ainda a capital do Brasil. Esse episódio da história
brasileira aconteceu no momento em que a cidade do Rio estava passando por
uma modernização nos padrões europeus do século XX. Aquela velha cidade
da colônia, tornou-se uma capital moderna. Entretanto, a reestruturação do
local, que hoje chamamos carinhosamente de “cidade maravilhosa”, provocou
a expulsão da população mais carente de suas habitações para “abrir alas”
para o progresso passar.
Derrubaram os cortiços, mas, em seus lugares, construíram edifícios
com belas fachadas. A elite se beneficiou desse novo espaço moderno,
enquanto os pobres foram cada vez mais marginalizados. A tensão social não
poderia ser tão explosiva.
Nessa modernização, onde a cidade é o principal palco para o cotidiano,
foi iniciado um planejamento de saneamento. Portanto, combater as doenças,
como peste bubônica, febre amarela e varíola, as quais se alastravam pelo
espaço urbano, era o foco do médico sanitarista, Oswaldo Cruz. Devido ao
autoritarismo com que foram implementadas as medidas saneadoras, houve
profundo descontentamento popular, tornando Cruz em uma figura impopular.
Entretanto, a reação mais brusca foi em 1904. Com o pedido do médico
sanitarista ao Congresso Nacional pela obrigatoriedade da vacinação contra a
varíola, a população reagiu à aprovação do decreto, em que toda a população,
inclusive, crianças com mais de seis meses de idade até os prédios,
considerados anti-higiênicos, deveriam ser destruídos.
Dessa maneira, como não houve uma preparação psicológica para a
população como seriam aplicadas as vacinas, ou informá-la sobre, muito pelo
contrário, políticos e a imprensa de oposição ao governo, aproveitavam-se da
situação, e faziam questão de afirmar que a obrigatoriedade atingia a liberdade,
e que a vacina, ao invés de curar, provocava a varíola.
As ruas e avenidas elegantes foram ambiente de barricadas, violentos
combates, de contestação. Os que participaram da revolta só foram detidos
pela ação da polícia, Exército, Marinha e Guarda Nacional. A obrigatoriedade
foi anulada em 16 de novembro. Da brutal repressão, resultaram
2. aproximadamente 30 mortos, 110 feridos, e as prisões continuaram
acontecendo, mesmo dias depois. Portanto, houve cerca de 900 detidos.
Alguns estudiosos, afirmam que essa situação foi usada para também
eliminar os que as autoridades e elites consideravam “indesejáveis”. Muitos
como mendigos, “malandros”, ou aqueles que pelo simples fato de serem de
cor negra ou parda, ou de condição social desfavorecida, visitaram as cadeias
policiais, sem sequer julgamento. Esses presos foram levados, grande parte,
para seringais na Amazônia. A maioria não sobrevivia, por causa das péssimas
condições da viagem.
No contexto do Brasil no século XX, a República, não fazia jus ao nome,
que vem do latim, e significa, "coisa pública". Não era um direito de todos
disfrutar das modernizações, dos avanços tecnológicos que a humanidade
havia conseguido até aquele instante, mas, apenas uma elite branca.
Referências Bibliográficas
CAMPOS, Flávio de; CLARO, Regina; DOLHNIKOFF, Miriam. Ritmos da
história, 9º ano. 3. ed. São Paulo: Escala Educacional, 2009. p. 82-83.
DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História para o ensino médio:
História geral do Brasil. São Paulo: Scipione, 2008. P. 429-430.
VAZ, Valéria. Ser Protagonista: História, 3º ano. 2. ed. São Paulo: Edições
SM, 2013.